sábado, 27 de abril de 2013

[Castle Fic] Don't Give up on Chasing Rainbows - Cap.20


Nota da Autora: Seguinte, vcs já me conhecem e sou uma freak qto se trata de continuidade então eu fiz esse cap já pensando nos dois episódios a seguir e já aviso que vou seguir a ordem da ABC, porque talvez combine mais com o que estou pensando para a finalização da SF... ah! E dei uma parada nas NC's nesse cap porque I'm saving the best for last... 

Enjoy! 


Cap.20


Apartamento de Castle


Ele levantara naquela manhã já sonhando com um omelete com um resto de chateaubriand do delivery de ontem. Ele ia sair para jantar com Kate mas ela se atrapalhou com uma solicitação que Gates fez a ela e acabou ficando no distrito até mais tarde. Ele abriu a geladeira já com a frigideira fritando a manteiga. Franziu a testa e olhava intrigado.           

- Onde foi parar?

- Onde foi parar o que, querido? – perguntou Martha que acabara de chegar na cozinha.

- Minhas sobras do Le Cirque. Estavam bem aqui. Exatamente onde está esse buraco na geladeira. Ia usar aquele chateaubriand no meu mexido matinal.

- Eu não o comi.Eu não estaria tão bem se eu... beliscasse sobras – disse Martha.

- Não é a primeira vez que acontece. A comida tem sumido há um mês. Não só as sobras. A manteiga de amendoim, alcachofras, uma tigela de sopa...desapareceram!

- Talvez você comeu dormindo de novo.

De novo? Nunca comi dormindo...Comi?

-Olá. Estou indo para aula.

- O que achou daquele chateaubriand? Não foi uma maravilhosa redução de vinho branco?

- Qual chateaubriand?

- Certo. Foi a empregada. Sabia. Ela tem ganhado peso.

- Lamento, querido. Ela não vem há 3 dias.

- Talvez tenham Pequeninos vivendo sob o assoalho, que saem à noite para roubar comida – disse Alexis e saiu para a faculdade.

- Não é verdade. Seriam pequenos demais para abrir a geladeira. Não, mas tem algo acontecendo aqui. E irei descobrir o quê.

Nesse instante, o celular dele toca. Kate.

- Hey, Castle...está pronto para um novo caso?

- Se conseguir pelo menos tomar o café da manhã...

- Nossa! Bom dia pra você também!

- Desculpa, Kate...estou intrigado com um problema aqui, desculpe. E sim, vamos ao novo caso.

- Estou chegando aí em dez minutos e antes que você emburre, vou esperar você tomar o seu café.

Quando chegou ao apartamento dele, Kate o encontrou com uma caneca de café nas mãos não muito satisfeito.

- Hey, Zangado? Olha o que trouxe para você... – e ela colocou um saco na frente dele. Dentro, havia dois croissants e duas bearclaws – posso tomar café aqui?

Ele sorriu. Ela pegou uma caneca e sentou à mesa ao lado dele. Serviu-se de café e pegou uma bearclaw. Antes de começar a comer, ela se inclinou e beijou-lhe o rosto. Ele pegou a outra bearclaw e saborearam o café da manhã juntos.

- Mais calmo agora? Pode me contar o que te aborreceu no caminho. Menti que chegaria em quinze minutos, já passou meia hora. Vamos?

- Vamos, vou trocar de roupa. Vai subir? – ela fez que sim com a cabeça. Enquanto ele se arrumava, ela escovou os dentes e retocou o batom. Vendo que ele já estava pronto, se aproximou e envolveu seus braços no pescoço dele. Beijou-o vagarosamente.

- Agora sim, bom dia Castle...

- Bom dia...

- Vamos nessa ou Perlmutter vai reclamar mais do que o normal.

- Perlmutter? Sério? Porque? Cadê a Lanie...gosto tanto quando nossos casos são com ela...

- Lanie está ocupada com um outro caso. Pediram exclusivamente a presença dela.

- Podíamos fazer isso também, exigir exclusividade.

- Você fala assim porque ele implica com você e não dá asas às suas ideias malucas.

Eles entraram no carro e Beckett seguiu dirigindo para a cena do crime. No caminho, ela perguntou o que o chateara logo cedo. Ela o ouviu reclamar quase todo o trajeto até estacionar o carro e sem dizer nada. Caminhavam ao encontro dos demais quando Beckett deu sua opinião.  

- Algumas comidas sumiram, Castle. Qual é o problema?

- Não foi você, foi? Sei que odeia ir a mercado.

- Sério, Castle? Não vou à sua casa desde terça-feira.

- Certo. Talvez, meu apartamento tenha sido invadido por super ratos. O que quer que seja, vou me certificar de que não aconteça de novo.

Esposito se aproxima deles dando detalhes da vitima.

- Duas enfermeiras viram um cara despejá-la e fugir por volta das 4h.A unidade de trauma tentou salvá-la, mas não conseguiram.

- Se é o assassino, por que trazê-la aqui? – perguntou Castle.

- Talvez consciência pesada – Beckett sugeriu - As enfermeiras viram bem o motorista?

- Não, mas viram o carro dele. Um sedan azul.A segurança está pegando as filmagens para ver a placa.

- Faça uma sondagem nas redondezas. Precisamos de alguém que tenha visto o motorista.E onde está a vítima?

- Ainda na Traumatologia.Parece que está bastante ferida.

- Deixe-me alertá-los. Isso não é para os fracos de coração – disse Pealmutter antes de erguer o lençol.

- Pela primeira vez, concordo com você – disse Castle.

- O que fez isso com ela?

- Pode ser tudo, de um pé-de-cabra a um abridor de caixas.Mas parecem marcas de garras.Só não sei dizer qual tipo.

- Se fosse um animal, não haveria mordidas?

- Posso não encontrá-las até fazer um exame completo para determinar a causa da morte.

- Já que não temos a cena do crime, há alguma indicação de onde ela foi atacada?

- Não, mas posso dizer quando.Pela inflamação, diria que a vítima foi ferida de 5 a 6 horas antes de morrer.

- Vamos descobrir quem ela é, assim descobriremos como ela acabou assim.

No distrito, Ryan os deu a resposta.

- Ela é Anne Cardinal, 27 anos. Americana. Cresceu na reserva de Onondaga, Centro de Nova Iorque.

- Algum parente próximo?

- Não. Ela não tinha irmãos e seus pais já morreram. Ela morava no alojamento da Universidade Hudson, onde cursava o doutorado em Biologia Evolutiva.

- Mande a perícia ao apartamento. Fale com amigos e vizinhos e veja se alguém na vida dela dirige um sedan azul. E quem queria mutilar o rosto dela.

- Posso ter uma explicação para as feridas faciais.Trabalhava numa casa de repouso chamada "Haven House".

- Velhos malvados e sanguinários, esta é sua teoria?

- Não é uma casa para pessoas, Castle. É um santuário primata.Principalmente, gorilas, chimpanzés e macacos que se aposentaram dos cinemas.

- Sempre quis um macaco de estimação quando era criança – divagou Ryan - Super fã de "George, O Curioso".

- É. Espere até o George crescer – disse Castle - Um chimpanzé adulto pode pesar até 90 quilos.Destrói um rosto humano, mãos e sua privacidade.

- Vamos ao santuário primata. Se Anne foi atacada lá, talvez, alguém se livrou do corpo para encobrir. Liguem se conseguirem algo sobre o sedan.

- George nunca faria isso – falou Ryan.

No santuário primata, Beckett informou ao professor e responsável sobre a morte de Anne.

- É uma perda terrível.Anne era uma estudante brilhante e uma pessoa adorável.

- Devido às feridas, preciso perguntar, quanta interação Anne tinha com os primatas daqui?

- Muito pouca em termos de contato direto. Temos diretrizes de treinamento muito rigorosas para todos os funcionários.

- Ainda assim, precisarei que nossa equipe faça uma investigação completa das instalações.

- Claro. Tudo o que puder ajudar.Não acredito que nossos animais a atacaram. Nunca demonstraram comportamento agressivo contra ela ou qualquer outra pessoa.

Enquanto Beckett continuava a entrevista, Castle aproximou-se de um dos primatas. Tocou no vidro sorrindo para mexer com ele, mas o gorila não gostou nem um pouco de Castle. Ele viu o primata pegar uma boneca, arranca-lhe a cabeça e rosnou novamente para ele. Como se o ameaçasse.

- Dr. Devlin, quão bem conhecia Anne Cardinal?

- Eu era o orientador dela na Universidade Hudson. Quando descobri que ela tinha tempo livre, ofereci-lhe um emprego aqui.

- E que tipo de trabalho ela fazia?

- Tenho bolsa para estudantes de comportamentos dos primatas.Contrato estudantes da Hudson, como ela e o Franco para ajudar a cuidar dos animais.

- Nenhum deles tem impulsos homicidas, nem mesmo o Moonshine aqui? – perguntou Castle intrigado.

- Especialmente Moonshine. Esteve ao redor de pessoas a vida inteira. E é muito sociável.

- Quando foi a última vez que viram Anne?

- Trabalhamos juntos ontem. Ela parecia totalmente bem.Mas saiu cedo. Ela não é disso.Disse que tinha algo importante para fazer.

- Ela disse o que era?

- Talvez tenha algo a ver com a discussão que teve.

- Qual discussão?

- Eu a vi no estacionamento, na hora do almoço, falando com um homem. Eu nunca o vi antes, mas ele parecia zangado com ela.

- Acha que consegue descrevê-lo para um desenhista?

- Definitivamente, posso.

Beckett arranjou o meio para que o professor colaborasse com o retrato falado. Voltaram para o distrito e Castle ainda estava intrigado com o gorila.

- Sei quem é o assassino. Viu como o gorila olhou para mim?

- Acho que foi cobiça, Castle. Você é... bonitão – ela brincou com ele. castle começou a divagar.

- Cobiça de sangue, talvez.Não deixe Moonshine te enganar.Aposto que ele e os amigos "aposentados" são, na verdade, macacos muito inteligentes,conspirando para dominar Nova Iorque. Vão reunir todos os povos, colocar-nos em um santuário. Provavelmente, Anne chegou até eles... e eles a mataram.

- Se esse conluio de macaco queria mesmo tirar Anne da jogada, por que eles a deixaram no hospital?

- Obviamente, eles estavam em conflito.É muito complicada a relação entre o homem e o primata.Você não viu Planeta dos Macacos: A Origem? Conto de advertência.

- Lamento estourar sua bolha, mas a perícia não achou a cena na Haven House. Anne não foi atacada lá.

- Então onde foi o ataque? E com o quê?

- Então – Espósito se aproximou - uma testemunha viu um sedan azul tirar o retrovisor a um quarteirão do hospital, na nossa linha do tempo. Eles têm a placa. O dono do carro era Eddie Maslon.

- Como está ligado a Anne?

- Não sei bem,mas Eddie sabe como machucar pessoas.Cumpriu 8 anos em Sing Sing por assassinato duplo. E ele tinha uma forma de estragar o rosto de Anne. Registros mostram que ele tem um pitbull chamado Fodão.

- Um assassino condenado com um cão de ataque? Certo. Busque-o.

-Agora mesmo.

- Droga. Eu preferia Moonshine nessa.

Na sala de interrogatório, Beckett questionava o cara.

- Eu nunca a vi antes.

- Você a deixou do lado de fora do PS ontem à noite, exceto que ela parecia mais...assim. Seu cachorro fez isso com ela? Eddie, saiu da prisão há 3 meses. É melhor começar a falar se não quiser voltar.

- Não fiz nada. Eu não toquei nela. Nem Fodão. O que quer que fez isso com ela, não foi um cachorro.

- E como ela acabou no seu carro?

- Estava saindo do bar ontem e fiz uma curva errada por um beco. E a vi deitada lá. Estava toda bagunçada. Não iria deixá-la lá para morrer.

- Então é um bom samaritano agora?

- Se eu quisesse matá-la,por que a levaria ao hospital?

- Se quisesse salvá-la,por que a largaria do lado de fora?

- Porque, com minha ficha,sabia que seria culpado,que é exatamente o que está acontecendo agora.

- Pois é.

- Sem boa ação, não é?

- Certo, tudo bem. Por que não me diz onde supostamente a achou?

E Eddie falou qual o beco que a encontrou. Castle e ela fora até o local. Agachada em uma parta da rua, ela viu marcas de sangue.

- É sangue.Talvez Eddie estivesse dizendo a verdade.

- Beckett.Precisa ver isto – Castle estava no outro canto do beco observando intrigado a marca enorme no chão. Ela se aproximou e pode ver que não era apenas uma marca e sim uma possível pegada gigante. Ela não aguentou e quase deixou escapar um palavrão.

-Que po...

-Pegadas.Pegadas gigantes...Feitas por um tipo de fera.Marcas de garras ferozes...feridas selvagens,o sangue dela,estas pegadas...Tudo aponta para uma coisa.Ela foi assassinada pelo Pé-Grande. Sério, Beckett,tem ideia do que isso significa?Estamos prestes a ser as primeiras pessoas no país,não, no mundo, a resolver um assassinato do Pé-Grande.

- Engraçado, Castle,mas não existe Pé-Grande.

- Diga isso às pessoas que o têm visto há 400 anos.

Nesse instante, pealmutter se aproximou.

- Então, analisei o sangue. Corresponde ao da vítima.

-Esqueça o sangue. Qual a sua opinião sobre isto? – perguntou Castle.

- Profissionalmente, não posso especular, sr. Castle.Mas, pessoalmente,posso dizer que quem acredita em Pé-Grande é um otário.

- Essa é uma afirmação comum entre os desinformados – e olhou para Beckett a incluindo nesse rol.

- Certo, amigão,digamos que existe o Pé-Grande. Como um gigante peludo homem-macaco anda pela cidade sem ser visto? – ela perguntou.

-Fácil. Siga as grandes pegadas.

-O quê?

-Túneis de acesso ao metrô. Desde o furacão Sandy, vários ainda estão fechados.Pé-Grande tem os usado para se locomover.

- Castle, isso é ridículo – e saiu andando.

- Como pode dizer...Olhe para estas pegadas – ele estava indignado com o descaso dela.

- Estas são as pegadas nas quais estou interessada – Beckett spontou para a área demarcada pelo CSU - Estão perto de onde estava o corpo, a perícia disse que foram feitas nas últimas 24h.

-Pode ser de Eddie Maslon?

-Tamanho 44? Ele é pequeno para um pé tão grande. Não. Estas marcas de botas são a nossa melhor pista. Estas pegadas,não as marcas dos pés gigantes de palhaço.

- É, vamos para a cena do crime e ignorar a evidência – disse Castle frustrado

De volta ao distrito, Castle ainda insistia na possibilidade do Pé Grande estar envolvido.

- Está dizendo que fingiram ser o Pé-Grande? – ele perguntou.

- O que estou dizendo, Castle, é que alguém, um humano,deixou as pegadas de Pé-Grande naquele beco. E armou a cena do crime para parecer que o Pé-Grande era o assassino.

- Por que culpar o Pé-Grande? Criatura que poucos acreditam que exista, que dirá pensar ser suspeito de crime.

- Falando em suspeitos,o chefe de Anne forneceu o retrato falado do cara que discutiu com ela no dia de sua morte – Esposito entregou a ela que aproveitou para implicar com ele.

- Dê uma olhada, Castle. Uma pessoa suspeita.Ênfase na palavra "pessoa" – ela voltou-se para Esposito -  Fale com amigos e parentes de Anne e veja se alguém o reconhece.

- Eu ainda não descartaria o Pé-Grande – disse Ryan - Acontece que houve vários relatos de aparições do Pé-Grande na cidade nos últimos meses.

- É isso mesmo?

- Detetive Ryan, por favor, conte-nos sobre esse novo e extraordinário achado.

- Como esta mulher no Brooklyn. Ela diz que o Pé-Grande tentou invadir seu apartamento no 2º andar.

- Senhores, odeio acabar com a festa de vocês – disse Espo.

- Odeia mesmo? – meio que sacanegou Castle.

-Não. Mas aqui está a razão dos relatos terem disparado.Há dois meses, um programa de TV, "Missão: Monstro", ofereceu uma recompensa de US$ 1 milhão pela captura do Pé-Grande ou prova de que ele exista.

- Viu, Castle? – ela insisiu - Todas as evidências que você diz serem provas da existência do Pé-Grande são só pessoas tentando arranjar dinheiro.

- Então, está dizendo que é só coincidência que Anne lidava com primatas e foi misteriosamente morta onde acharam as pegadas?

- Não, não é coincidência. Só uma armação.

- Se é armação, então diga por que achei isto. Eu vasculhei o registro telefônico dela. O último telefonema que ela fez foi para Darrell Meeks – falou Ryan.

-Darrell Meeks? – exclamou Castle.

-Quem é Darrell Meeks? – Espo e Beckett perguntaram juntos.

-Quem é Darrell Meeks? – Castle e Ryan falaram indignados.

- Só o mais reconhecido criptozoologista.Um cientista que pesquisa criaturas desconhecidas.

- Como unicórnios e centauros? – zombou Beckett.

- Fadas e leprechauns? – completou Esposito.

- Dr. Meeks também é a maior autoridade em Pé-Grande. E eis que ela ligou para ele no mesmo dia em que morreu. Ainda acham que o Pé-Grande não tem a ver?

Beckett checou o celular.

- Perlmutter tem algo para nós.Por que não vão até lá? Castle e eu falaremos com a maior autoridade em Pé-Grande.

Ao chegarem no necrotério, Perlmutter ficou desapontado. 

- O time B.

- Quem é você para falar de time B.

- Queria ver a cara de desânimo do Castle quando souber que a causa da morte não foi nada mais exótico do que um trauma no crânio.Parece que ela foi agredida na cabeça com um taco ou cano.

- Poderia ter dito pelo telefone.

- Mas também fiz duas intrigantes descobertas.

- Sobre os ferimentos no rosto? – disse Ryan.

- O que causou ainda é desconhecido. Mas algo bem mais...

-Seriam marcas de garras – completou Ryan agoniado - Pé-Grande tem garras.

-Wolverine também. Ele é real? – retrucou Espo.

-Terminaram? Achei este vidro encravado no ferimento da cabeça.Tem um revestimento antirreflexo,como em lentes prescritas.

- Mas ela não usava óculos. Então, de onde veio?

- O que posso dizer é que foi,praticamente,martelado no crânio dela pelo que a atingiu. Mandaremos para análise.

-Sim, mas...mande isto também.Achei no estômago dela – e estendeu um saquinho com pingente.

- Um pingente? No estômago dela?

- Parece que ela o engoliu 5h a 6h antes de morrer.Mesma hora em que foi atacada.

- Por que engoliria isto?

- Talvez soubesse que ia morrer e tentou mandar uma mensagem – falou Ryan.

- Ou evitar que o assassino o pegasse – disse Espo.

Na casa do perquisador, Castle admirava um quador enorme com a foto de um pé grande.

- Você tirou esta foto?

- Sim, foi em uma expedição que liderei no oeste do Canadá.Foi o mais perto que cheguei em 23 anos.

- Dr. Meeks, você foi a última pessoa a falar com Anne.Por que ela ligou para você?

- Para perguntar se eu achava que o Pé-Grande iria aventurar-se em uma área urbana.

- E o que disse a ela?

- Devido ao desenvolvimento urbano e a invasão sobre a natureza, logo seria inevitável. E suspeito de que ela tinha evidências da presença do Pé-Grande aqui na cidade – Castle apontou o dedo para Beckett como se dissesse “Eu te disse”.

- Não entendo por que ela falaria com você sobre algo assim – insistiu Beckett determinada em manter a logica na investigação.

- Anne estava estudando Biologia Evolutiva. Ela era aluna de honra na Universidade.Mas, na verdade, era uma expert em Pé-Grande muito respeitada. Ela até me deu esse raríssimo dedo de Ieti.

Enquanto o Dr se explicava, Castle remexia nas coisas dele inclusive tinha em suas mãos o tal dedo de Ieti. Admirava-o impressionado. Segurando o objeto na mão foi ele quem perguntou.

- Está dizendo que Anne era caçadora de Pé-Grande?

- Não, não, não.Caçadora, não – o especialista tirou o dedo das mãos de Castle e o guardou quando explicava -  Anne era nativo-americana e, na cultura de sua tribo, um Pé-Grande era considerado um protetor benevolente. Quando criança, ela viu um Pé-Grande e, após isso, dedicou a vida a estudá-los.

- Com licença.

- Então, o Pé-Grande...ou Pés Grande, são violentos ou agressivos? – perguntou Castle.

- Sim, podem ser. Qual a natureza dos ferimentos? Ela foi atacada por um Pé-Grande?

-Claro que não – respondeu Beckett.

-Sim – disse Castle.

- Em nome da Ciência, permitam-me examinar onde ela morreu?

- Não. Pelo que você saiba,ela tinha problemas com alguém,além do Pé-Grande?

- Ela estava sob grande pressão.

- Pressão de quem?

- Um programa de TV ofereceu US$ 1 milhão,o que desencadeou uma onda de idiotas em busca do Pé-Grande – uma mulher que se aproximava respondeu.

- Sim, e...Minha esposa, Garland. Ela é a cética.

- Acredite, eu te entendo. Prazer.

- Em todo caso, acho que seguiram a Anne quando descobriram sua especialidade, para ver ser ela os levaria ao verdadeiro Pé-Grande.

- No dia em que morreu,Anne discutiu com este homem. Você o reconhece?

- É claro. E como. Este homem é o pior inimigo da comunidade do Pé-Grande.

De volta ao distrito, Beckett informou aos rapazes para procurarem pelo homem que o doutor a indicara. Chase Diggins, aventureiro e grande caçador australiano. Uma mistura de Indiana Jones com Crocodilo Dundee e Ted Nugent, foi a descrição de Ryan. Determinado em capturar um Pé-Grande. Cansada de ver especulações sobre mito felizmente Charles tinha algo que podia fazer dele um suspeito – um gancho. Ordenou para que os rapazes o encontrassem e trazerem ao distrito.

- Uma pena a Anne.Ela era uma ótima rastreadora.Na verdade, foi por isso que vim à cidade. Diziam que ela sabia o paradeiro de um verdadeiro Pé-Grande e pensei que podia me levar até ele.

- Você veio a Nova Iorque para caçar o Pé-Grande? – perguntou Beckett não acreditando.

- Está vendo isto, detetive?Nepal, 2008,nos penhascos do Himalaia...um Pé-Grande surgiu do nada e arrancou meu braço.Então, caçarei cada um daqueles desgraçados até ter minha vingança.

- Como ele era? – quis saber Castle.

- 225 quilos de pele e morte,parceiro.Os olhos como de um cão raivoso,mas esperto.Enfim,diziam que ela encontrou um.Todos sabiam,mas Anne não contava.

- Por isso você foi vê-la?

- Quem te falou isso?

- Testemunhas viram você e Anne discutindo do lado de fora do trabalho dela ontem.

- Apenas uma conversa educada entre colegas.

- Sério?Porque, naquela mesma noite,ela foi morta.

- Está atrás da pessoa errada,detetive.Estava no tiro ao alvo com meus amigos ontem à noite,mantendo a mira afiada.Podem conferir.

- Engraçado, pois achamos uma pegada de bota no beco,perto do sangue de Anne, com a mesma sola das botas que está usando agora.

- Certo, eu estive no beco,mas não ontem, anteontem.

- O que estava fazendo lá?

- Achei que ela estava seguindo a besta, então eu a segui.Eu a segui até o beco e...foi quando peguei aquela vadia esperta no ato.

- Ato de quê?

- Fazendo pegadas falsas do Pé-Grande no chão,usando o molde de um pé gigante. Falsificando a evidência.

-Espere aí.Anne era uma pesquisadora respeitada. Por que falsificaria evidências do Pé-Grande?

- Como contei, ela tinha o achado, e estava tentando nos enganar.Mas estava na cola dela, eu a confrontei no trabalho. Ofereci o que ela quisesse, mas me mandou dar o fora.

- Sabe o que eu acho? – Beckett acusou - Você forjou aquela cena.Pois, na sua mente doentia,faz sentido uma perita no Pé-Grande ser morta por um – e mostrou a foto de Anne.

- Eu sabia.Ela o encontrou.Aquela vaca achou meu Pé-Grande.

- Ou ele é louco ou está mentindo – Beckett estava um pouco frustrada.

- Eu diria louco, pois parece estar contando a verdade. Não há DNA da Anne no gancho dele.E o álibi dele confere.Não foi ele – disse Espo.

- Então parece que esse cara volta a ser nosso principal suspeito – e Castle coloca a foto do Pé Grande no quadro.

- Castle, dá para tirar isso?

- Pode deixar – mas não o fez.

- O laboratório também identificou os cacos de vidro na ferida no rosto da vítima. São de uma lente de câmera.

- Não havia nenhuma na cena do crime.

- Talvez o assassino a levou.

- O que explicaria porque há tão poucas fotos do Pé-Grande.

-Digo, nosso assassino humano. Certo. Vasculhemos de novo o beco para achar a câmera.

- Investiguei o pingente que Anne engoliu e achei algo estranho.

- O quê?

- Falei com seus vizinhos e amigos. O pingente não era da Anne.Pertence a Justine Bolton, colega de quarto dela na Universidade de Hudson.

- Ela sabe por que Anne estava com ele?

- Adoraria perguntar,mas há um problema. Justine foi morta há um ano – informou Ryan.

- E um ano depois seu colar é achado no estômago de sua amiga assassinada? –perguntou Castle

- Não pode ser coincidência.O que sabemos sobre o assassinato de Justine?

- Pedi os arquivos do caso.Devem estar aqui pela manhã.

Quando Ryan se afastou, ela inclinou a cabeça um pouco para trás e virava o pescoço de um lado a outro, estava cansada. Ela começou a arrumar as suas coisas e Castle percebeu que o dia havia acabado. Ela se aproximou dele após pegar o casaco e sussurrou.

- Vamos descansar na sua casa, Castle... amanhã é outro dia.

Ele a seguiu. Como notara que ela estava cansada, sugeriu no meio do caminho passarem em um restaurante para pegar comida. Kate se contentou apenas com uma salada enquanto Castle pegou uma massa. Assim que chegaram no apartamento, ela arrumou a mesa rapidamente e sentaram-se. Jantaram praticamente em silencio pois as vezes que Castle tentou trazer a tal historia do pé-grande, ela cortava. Ao terminarem, ele disse que ia tomar um banho para dormir e Kate ia ajeitar algumas coisas na cozinha e já iria em seguida fazer o mesmo.

Kate após um banho e vestiu um short de algodão e uma camisa para dormir. Ao chegar próximo a cama reparou que Castle estava entretido com um livro sobre pé-grande nas mãos. Ela revirou os olhos antes de se juntar a ele. ajeitando-se no colchão ao lado dele, ela resolveu entender o porque disso.   

- Castle, não importa quanta pesquisa você faça,não vai me convencer que o Pé-Grande existe.

- Só segui as evidências e pegadas anormalmente grandes.

- Existe algo em que você não acredita? – perguntou algo que sempre quisera saber.

- Claro que há.Tem o ... – ele parou e pensou por uns instantes – Certo – não tinha nada realmente que ele lembra-se não acreditar, fez a mesma pergunta a ela - E você? Se não Pé-Grande,zumbis ou fantasmas,no que acredita?

- Acredito na magia do cotidiano da vida.Coisas que posso ver e tocar.Como... – e o sorriso aparecera - os galhos verdes que surgem na neve em fevereiro ou os arranha-céus,ou... o jeito que me sinto quando ouço Coltrane – ela fechou os olhos e o sorriso ficara ainda mais bonito.

- Eu admiro o cotidiano, mas por que não viver no possível? O mundo não tem mais tantos mistérios.Não há novos continentes para explorar.Não há mais a África profunda e escura.Tudo é mapeado por satélites e sondas.Ainda assim,pessoas chegam ao desconhecido.É o que nos faz crescer.Coltrane não teria o saxofone se Antoine Sax não tivesse o imaginado.Não é isso que nos separa do Moonshine? – era incrível como ele acabava dizendo algo que fazia sentido e deixava-a sem argumentos para expor e talvez era por isso que eles se entendiam, por isso que ela não conseguia explicar o quanto gostava de estar ao lado dele. Assim, ela apenas resolveu ocupar a mente de ambos com algo muito melhor que o pé grande.

- Sabe, existe um...- ela tirou o livro das mãos dele e inclinou-se na direção dele - inexplicável...e misterioso fenômeno que eu acredito. Nós – e beijou-o já imaginando qual seria o próximo passo quando ouviram um estouro.

- O que foi isso?

- Algo ativou minha armadilha – ele saiu rapidamente da cama.

-Pôs uma armadilha? – ela levantou-se para segui-lo.

- Peguei vocês, super ratos.

- O quê?

-Ninguém rouba de mim – com uma raquete nas mãos seguido de Kate com um pequeno troféu para proteção, Castle chegou a cozinha e deu de cara com a filha - Alexis? O que faz aqui?

E Alexis de olhos arregalados e com o rosto todo azul, olhava atônita para o pai e para Kate. Envergonhada, a única reação que tinha era resmungar. Depressa sem dizer nada a eles, ela saiu correndo pela porta. Castle que também estava surpreso com a descoberta,demorou ainda alguns segundos olhando para Kate antes de tentar correr atrás da filha o que foi em vão. Kate não se admirava de ver esse tipos de atitudes de Castle e sua paranoia com coisas as vezes de pouca importância. Agora ela sabia que ele ia ficar remoendo o que acontecera talvez consumido pela curiosidade ou pelo remorso e a menina certamente iria dar um gelo nele por aquilo.

Sem sucesso ao tentar alcança-la, Castle ligou varias vezes para o celular dela, mandou sms, whatsapp e claro não obteve resposta. Kate tomou o celular das mãos dele e puxou-o de volta para cama.

- Vamos dormir, Castle.

- Mas eu tenho que falar com Alexis!

- Não! – ela botou a mão na cintura e encarou-o séria - porque depois do que você fez ela não vai querer falar com você. Castle porque fez aquilo? Poxa, ela é sua filha! Se você comigo, há! Eu não ia querer vê-lo na minha frente pelo menos por uma semana e você ia sofrer pra eu te perdoar.

- Nossa, Kate! Deixa de ser vingativa, eu não sabia que era ela, acredite estou surpreso por isso.

- Dê um tempo a ela, pra vergonha passar. Não sufoque ou tudo vai ser pior. Acredite em mim.

- Ok, vou seguir seu conselho – ele se aconchegou mais próximo dela na cama – e onde estávamos mesmo? ah, você dizia que acreditava algo mágico, hum o que era mesmo?

- Hum...sabe não me recordo... – ela se fazia de desentendida olhando para o teto – falei em mágica?

- Na verdade foi sobre um fenômeno inexplicável... – e ele sorriu puxando-a para perto dele,ela o beijou sorrindo. Ele deslizou os lábios até o ombro dela exposto pela blusa e beijou-o subindo até o pescoço e voltando novamente a região de pele exposta para então erguer a blusa dela. os lábios foram diretamente ao centro dos seios. Ele a empurrou no colchão e começou a distribuir carinhos. Passo a passo rumo ao prazer.

No dia seguinte, eles acordaram cedo e tomaram um rápido café. Castle tornou a tentar falar com Alexis e novamente se deu mal. Assim que a porta do elevador se abriu, os dois caminhavam pelo corredor do distrito.  Frustrado, olhava o celular e resmungou.  

- Ela ainda não está me atendendo.

- Pode culpá-la, Castle? Praticamente, você a transformou em um Smurf.

- Na'vi seria uma referência mais moderna. O fato é que ela mentiu para mim. Olhou-me nos olhos e culpou os Pequeninos.

- Estou certa de que há uma boa razão.

- Para quê? Não ter comida? Eu dou a ela uma boa mesada.E, se não for suficiente, ela pode pedir mais.

- Como eu disse, Castle, há muito mistério no cotidiano. O arquivo sobre o assassinato de Justine Bolton já chegou? – perguntou a Ryan.

- Ela foi atacada no apartamento que dividia com Anne Cardinal. Pelo jeito que foi sufocada e lesionada,parece ter sido crime passional.

- Há algum suspeito? – perguntou Beckett.

- Infelizmente, ele fugiu e não é visto desde a morte.

- Há chance dele ter pelos longos e medir 2,5m?

- Não. Desculpe, Castle. É o namorado dela, Kurt Wilson.Foi ele que, supostamente,encontrou o corpo. Era um jogador de futebol com histórico de agressões dentro e fora do campo. Parece que Justine queria se livrar dele. No dia que ela morreu,falou com o reitor e disse que estava largando a faculdade. Mesmo sendo a melhor da turma. Quando a polícia percebeu que as pistas levavam a Kurt,ele havia sumido.

-Como Anne entra nisto?

-Como colega de quarto,parece que não encarou bem a morte de Justine.Quando falei com o detetive, ele me contou que ela foi até lá meses atrás e pediu os arquivos do caso.Ele recusou,já que é um caso aberto.Mas significa...

- Que ela estava procurando pelo assassino – afirmou Beckett.

- Foi quando ela deu um tempo na faculdade – lembrou Castle.

- Talvez Anne não estivesse procurando o Pé-Grande. Ela estava procurando Kurt Wilson – disse Beckett.

- Talvez o tenha encontrado – concordou Ryan.

- A câmera não foi encontrada,mas o exame voltou com um número serial da lente. Foi feita para um modelo específico,uma câmera de vídeo com Wi-Fi, feita para ser ligada a uma conta cloud – disse Esposito - Eu chequei.Anne tem uma conta.

- Podemos acessar? – Beckett perguntou e foi exatamente o que fizeram. Na sala de frente para o monitor, eles observaram o vídeo.

- Testando.1, 2, 3. Certo, bom.

- Olhe o selo temporal.

- 0h20.Da noite que ela morreu.

-Meu Deus – Anne exclamava

-Mas isto não é um beco. Onde ela está?

-Ele está atrás de mim.Por favor, não! E ela foi atacada.

De volta para o quadro de evidências, Beckett afirmou.

- O ataque aconteceu na floresta,não no beco.Precisamos descobrir onde é essa floresta.

- Os técnicos estão tirando os dados geográficos para tentarmos ver as exatas coordenadas.

- Se ela foi morta na floresta,por que movê-la para o beco? – perguntou Ryan.

- O assassino queria nos tirar da pista. Se Anne estava procurando por Kurt,a última coisa que ele faria seria deixá-la no mesmo lugar do seu esconderijo.

- A não ser que ela estivesse procurando por outra coisa – disse Castle.

- Algo com pelos? – provocou Espo.

- O que realmente vemos no vídeo? Ele está escuro,aproximando-se, poderoso, segurando uma arma primitiva.

- Castle, é uma pessoa.

- Tudo que vejo é a silhueta grosseira de um humanoide.Se Darrell Meeks e o australiano de um braço estiverem certos e Annie soubesse onde Pé-Grande estava,poderia ser ele no vídeo – insistiu Castle.

- Então o quê? Ele a carregou para a cidade,vindo de uma floresta distante e a largou em um beco?

- Você mesma disse. Kurt Wilson não deixaria o corpo de Anne onde ele estava escondido. Por que o Pé-Grande deixaria?

- Certo – ela desistira de argumentar - Por que vocês não mostram a foto de Wilson para a família e amigos de Anne e vejam se alguém o viu por aí? Castle e eu iremos à TI para ver se eles sabem o local desta floresta.

Ryan e Esposito encontraram sua própria pista ao interrogar as pessoas que trabalhavam com Annie. Enquanto isso, Castle e Beckett ouviram atentos as explicações da técnica de TI que analisou o vídeo da Annie. Identificou uma área de 10 mil acres chamado Branch Cross. Ela sabia que se movia em direção sudeste como mostrava na tela grande.

- Nossa. Ela é boa.

- Você poderia aumentar o volume do vídeo? Vocês ouviram ao fundo? Você pode isolar isso?

- Parece água. Há algum córrego ou rio próximos? -perguntou Castle.

- Bem aqui. Devia estar perto deste riacho.

- Que nos leva a uma área de 2Km². A boa notícia é que temos a cena do crime. A má notícia, é uma área em 2Km² em um local remoto e sem acesso por estrada. Está a fim de uma caminhada? – perguntou Beckett a ele sabendo que isso era o que ele mais esperava nesse caso, a oportunidade de fingir caçar um pé grande.

- Eu estou bem equipado para uma caminhada.

Já nas florestas, com roupa e possível equipamento apropriado ou pelo menos era o que dizia Castle, eles caminhavam mata a dentro.

- O que você está fazendo? – ela perguntou vendo a doidice de Castle.

- Batendo na madeira e vocalizando.É como o Pé-Grande se comunica à distância. E como os caçadores reais de Pé-Grande os atraí.

- Mas a policia de verdade não faz isso para que o fugitivo humano não saiba que estamos chegando.

- Confie em mim. Se Kurt Wilson se esconde aqui há um ano,não vamos encontrá-lo.

- Certo, estamos perto – ela checava pelo celular - O GPS mostra que este foi o local do ataque. Só precisamos encontrar alguns pontos de referência. Ocorreu diante desta árvore.Só precisamos encontrá-la e acharemos a nossa cena do crime – ela caminhou mais um pouco a dentro na mata e ouviu Castle batendo os galhos novamente - Castle, Castle, por favor. Sem mais contatos Wookiee.

- Não é Wookiee.Não fiz Wookiee. Não faço Wookiee. Alexis faz um belo rosnado Wookiee.

- Seja o que for, você pode parar? – ela pediu continuando a caminhada.

- Está com medo de dar certo?

- Não, estou com medo de matá-lo, então terei duas cenas de crime – o que demonstrava estar perto de acontecer porque ela já estava perdendo a paciência.

- Sabia que várias pessoas altamente respeitadas creem no Pé-Grande? Teddy Roosevelt citou-o em seus diários. Jane Goodall declarou que era aberta à possibilidade. Agora, enquanto falamos,professores em Oxford estudam o DNA do Pé-Grande – ela revirava os olhos a cada palavra mas ele não tinha terminado - Então, isso é possível. Você apenas precisa estar aberta a isso... Porque, a qualquer momento, a vida pode te surpreender.

E os surpreendeu. Ao dar o próximo passo, Beckett e Castle caíram em uma armadilha alguns metros do solo. Um buraco relativamente grande e profundo. Estatalados no chão, tentavam se mover.

- Isso não é bom para o meu joelho.Você está bem?

- Estou. Onde estamos?

- Algum tipo de armadilha.

- Temos que sair daqui. Castle... – já de pé, ela perguntou - você tem algo em seu colete que pode nos ajudar?

- Sim, eu tenho um kit de ferramentas,um ventilador de mão solar, óculos Camo com bússola, kit para mordida de cobra...

- Portanto, nada?

- Não nada. Eu posso fazer fogo.

- Ótimo.Quer saber, Castle? – ela ainda tinha uma chance e porque não? - Eu posso sair se você me levantar – se segurou no galho e tentou se erguer pela parede da armadilha mas o galho soltou, não ia ser tão simples.

- E como eu vou sair?

- Eu tenho uma corda no carro. Eu vou até lá buscá-la.

- Você vai me deixar aqui sozinho? – era medo que ela detectara nele? - Certo. Apenas espere um segundo. Façamos uma pausa e pensemos sobre isso. O que é este buraco faz aqui, em primeiro lugar? Alguém, ou algo...precisou construí-lo.

- "Algo", Castle? Você acha que o Pé-Grande veio aqui com uma pá?

- Está certa.Acho que Pé-Grande não fez isso.

- Sim, algum caçador provavelmente o cavou.

- Caçador de quê? Olha o tamanho desta coisa – disse Castle.

- Talvez o nosso fugitivo o cavou no caso de alguém vir aqui.

- Gosto mais da ideia de que o Pé-Grande o construiu. Decidida a sair daquele buraco, ela falou.

- Vamos, Castle. Agache, daremos uma de líder de torcida.

- Você não deveria estar de minissaia para isso? É a regra – ela sorriu, começou a escalar pelos ombros dele e sofria para se manter segura 

- Este buraco é bem grosseiro. Alguns primatas são conhecidos por...fazer e...- ele não parava de falar e ela tinha dificuldades em se equilibrar nele - usar ferramentas para aprisionar presas.

- Minha nossa, Castle! Fique parado. Segure-me – ela procurava por algo em que se firmar para elevar seu corpo para fora do buraco e Castle firmava seus pés sobre os próprios ombros. Achando sustentação, ela falou.

- Agora – Beckett impulsinou o corpo e Castle a empurrou pelas pernas, com uma certa força ela consegui sair ficando estirada no chão buscando por ar. Levantou-se e continuou a ouvir o que Castle falava ainda ofegando um pouco.

- Só estou dizendo que não quero acabar como jantar de Pé-Grande.

-  Quer saber, Castle? Há uma certa justiça poética aqui.

-  Como?

-  Pense só – e ela provocou - Você montou uma armadilha para a Alexis, agora alguém, ou algo,montou uma para você.

-  Prometa que voltará. Ela puxou do casaco um chocolate.

- Caso eu não consiga.

- Que gracinha. Mas, sério, volte logo – sim, o medo dele já se sobressaia - Kate? – mas ela não estava mais ali.

Esposito chamou Ryan pois receberam um aviso sobre o paradeiro de Kurt. Eles foram até o endereço indicado e o prenderam. Porém, ao coloca-lo na sala de interrogatório, ele não falara nada. Tentaram varias vezes sem sucesso então Ryan saiu da sala e ligou para Beckett. 

- Nós o pegamos e ele não está falando. O que quer que façamos?

- Procure o sangue da Anne em suas roupas.

- Como está a busca da cena do crime?

- Tivemos um contratempo,mas, quando a encontrarmos, espero encontrarmos provas que nos levem a Kurt Wilson e não precisaremos que ele fale – ela pegou a corda na mala do carro e estava pronta para voltar e resgatar Castle. Ele estava forçando uma das paredes da armadilha com uma colher fazendo um buraco suficientemente grande para que ele pudesse colocar o pé e se apoiar para escalar o lugar.

- Garfolher.Todos riram de você – seguro de que funcionaria ele testou e claro o buraco se desfez – Porcaria – ele ouviu passos e pressumiu que Beckett estava chegando - Beckett? Graças a Deus está de volta. Por que demorou tanto? – ele ouviu o mesmo som com madeira que ele fizera antes, certo ela está me testando, pensou - Está bem, agora, tire-me daqui. Beckett? Ka... te – e ao olhar para cima, Castle deu de cara com o Pé Grande. O desespero tomou conta dele e começou a gritar.

 - Socorro! Socorro! – ela vinha caminhando tranquila próximo ao buraco quando ouviu a voz de Castle e correu com medo que algo tivesse acontecido com ele. agora o tom de voz dele era quase um sussurro.

- Socorro. Por favor, não me coma – nesse instante ela avistou o tal Pé Grande. Sem pensar duas vezes, puxou a arma e falou.

- Polícia. Vire-se. Levante as mãos.

- Beckett, o que está fazendo? Está louca? Ele não a entende!

- Agora! – ela gritou. O tal Pé Grande se desequilibrou e caiu no buraco onde Castle estava fazendo-o grudar na parede e gritar para ela.

- Atire nele! Atire! O que está esperando? – ouviu a figura resmungar algo e percebeu que tentava falar - Ele está falando.

A figura se levantou e tirou a mascara. Era Meeks - Não atire! Não atire! Por favor, não atire.

- Não atire nele – afirmou Castle. Beckett guardou a arma, pegou a corda e começou o resgate aos dois. quando já estavam todos fora da armadilha, Castle exclamou.  

- Isto é uma grande decepção.

- Isso é um grande mal entendido – disse Meeks.

- É mesmo? Pois estas garras poderiam facilmente ter causado os ferimentos na Anne.

- O quê? Eu nunca machuquei Anne.

- Quer que acreditemos nisso, com você nessa fantasia, na mesma região onde ela foi atacada? – disse Beckett.

- Espere. Ela foi atacada aqui? Pensei que tivesse sido na cidade.

- Não – afimou Beckett.

- Certo. Certo. Isso parece ruim.Deixe-me tentar explicar, certo? Eu sabia que Anne vinha aqui sozinha e... admito que a segui.

-Por quê?

- Porque achei que ela havia encontrado o Pé-Grande!

- Talvez só tenha encontrado um idiota vestido como um que então a matou.

- Não! Não machuquei Anne.

- Certo, você apenas a seguiu?

- Olhe, eu só...Eu só queria...Apenas uma vez, ver esse ser raro – Beckett passou a mão no rosto, não acreditava que estava ouvindo isso 

- Por isso construí esta armadilha e estou neste traje, banhado em almíscar de veado – ela fez uma careta.

- É esse o cheiro? – Castle perguntou intrigado.

- É atrativo para eles. E estava funcionado. Há cerca de uma hora, ouvi vocalizações e batidas na madeira. Estes são sinais clássicos de chamado de acasalamento de Pés-Grande – Beckett olhou pro Castle como quem diz “sério? Olha o que você fez!” e ele apenas ergueu o dedo tentando explicar mas Meeks não calava a matraca - Também achei sobras de comida, sem falar na ferramenta que ele usa para atacar suas presas. E havia sangue nela.

- Espere. Viu uma clava ensanguentado? – perguntou Beckett.

- Vi.

- Mostre-nos onde o encontrou.

De volta ao distrito, foi a vez de Beckett interrogar Kurt. Agora ela tinha evidencia para arrancar algo dele. Colocou a clava sobre a mesa.

- Reconhece isso? É o sangue de Anne Cardinal. Estamos procurando-o em suas roupas e também a terra que te colocará na floresta.

- Você é igual aos outros tiras. Prefere criar o caso que ver a verdade.

- E qual é a verdade, Kurt? – perguntou Castle.

- Eu estava vivendo na floresta, mas Anne não queria me caçar,ela foi até lá me ajudar,levar-me comida e suprimentos.

- Por que Anne ajudaria o homem que matou sua colega? – Beckett ainda não estava convencida.

- Há alguns meses, saí de meu esconderijo para encontrar a Anne. Alguns meses atrás, deixei de me esconder e a procurei.Eu disse a ela que era inocente, que não matei Justine,e implorei que ela desse uma olhada no caso.E ela concordou, pois acreditou em mim.

- Sou um pouco mais cética.

- Posso garantir isso – disse Castle.

- Você tem histórico de violência, Kurt. Está claro que Justine abandonou o curso e tentou terminar com você,então a matou.

- Ela não largou a faculdade para se afastar de mim.Estávamos apaixonados. Quando ela me disse que deixaria a Hudson,eu decidi sair também.Planejávamos nos transferir para outra universidade.Até visitamos a Binghamton na semana anterior.Creio que eles tenham algum registro disso.

- Se você não foi a razão de ela deixar a Hudson, o que foi? – Castle questionou.

- Ela nunca me disse.Só falou que as coisas não estavam dando certo. Passei muito tempo pensando nisso e, a única coisa que faz sentido,é haver alguém lá de quem ela estava com medo.

-Quem? – ele insistiu.

-Um colega, professor, sei lá.Acho que Anne descobriu.Semana passada,quando fui vê-la no trabalho,ela disse estar perto de obter respostas.E então fico sabendo que ela está morta.Acho que o assassino dela também matou Justine.Por isso invadi o apartamento dela. Eu estava procurando alguma pista, respostas...qualquer coisa.

- Tem alguma ideia de quem possa ser o assassino?

- A pessoa convenceu Justine a abrir a porta,foi um conhecido. Só pode ser esse o motivo de roubarem o colar dela. Não era de valor – então Castle arregalou os olhos para Beckett.

- Não estaria falando de um lápis-lazúli, não é? – falou Castle.

- Justine nunca o tirava.Quando a encontrei, o colar havia sumido. Quem quer que o tenha pego,também a matou.

- Kurt, este era o colar? – ela mostrou a foto da evidência. Ele confirmou - Por isso Anne estava com ele.

- O colar é uma evidência. Ela achou o assassino. Alguém com quem ela passou algum tempo, de quem ela se aproximou.

E com a troca de olhares, ambos já sabiam quem poderia ser a pessoa. Voltaram ao local de trabalho de Anne.

- Professor Devlin?

- Posso te ajudar, detetive?

- Na verdade, pode. O que pode nos dizer sobre Justine Bolton?

- É uma aluna da Hudson que morreu tragicamente.

- Você a conhecia. Ela fez sua matéria de Introdução à Antropologia no primeiro ano – disse Castle.

- Sim, o que tornou a perda algo pessoal. Não vejo o que isso...

- Estava ciente que,após fazer essa aula, ela disse ao conselheiro que estava com medo, pois alguém no campus, ela não disse quem... estava obcecado com ela.

- Sem dúvida, ela estava falando do namorado, o jovem que a matou.

- Essa reunião com o conselheiro foi antes de conhecer o namorado – afirmou Castle.

- Mas, você, ela já tinha conhecido – disse Beckett - Sua carreira é um pouco peculiar, professor. Você ensinou em 4 instituições em 6 anos. Fiz algumas perguntas e descobri denúncias de perseguição, assédio sexual e coisa pior.

- Tudo falso.Deixe-me ressaltar, nenhuma ação foi tomada contra mim.

- Justine havia marcado um encontro com o reitor, no dia em que foi morta, para explicar sua saída.

- Não poderia deixá-la ir à reunião – completou Castle - Se ela fosse,seu passado sujo seria exposto.Você estaria acabado.Então, você a matou. Sendo o predador que é, levou uma lembrancinha. O colar dela.

- Com todos visando Kurt Wilson,nem suspeitaram de você. Até Anne aparecer.

- Não sei do que estão falando. Mas Beckett continuou.

- Anne achou o colar. Ela sabia que foi você. Quando ela foi à floresta,você a seguiu.

- Que floresta? Não fui à floresta alguma.

- Vimos os registros. Seu celular se conectou à mesma torre que o de Anne perto da hora do ataque a ela. Isso te coloca na cena do crime. 
E achamos uma clava com sangue de Anne e DNA de mais alguém e, por seu olhar agora, aposto que é seu.

E após o teste, ela comprovou isso e o prendeu.

- Então, Castle, está desapontado por não haver Pé-Grande?

- Não tenho tanta certeza de que não há. Ele pode estar por aí e, se estiver, espero vê-lo um dia. De preferência, a uma distância segura – eles encontraram Kurt.

- Obrigado por terminarem o que Anne começou.Graças a vocês, o assassino de Justine pagará pelo que fez e sou um homem livre.

- O que fará agora? – quis saber Castle.

- Continuarei o trabalho de Anne.

- Pesquisará o Pé-Grande? Por quê? – a resposta chamou sua atenção.

- Quando ela sugeriu eu me esconder na mata, disse que eu teria companhia lá. Ela estava certa – e Kurt saiu sorrindo. Castle olhou para Beckett perguntando.

- Ouviu isso? – ela respondeu com um simples “hum hum” - Buscarei minha vestimenta.

E Beckett revirou os olhos para isso. Voltou para sua mesa. Castle após seguir o rapaz e fazer várias perguntas, lembrou-se do que passara na floresta e percebeu que não estava preparado para ser caçador de pé grande, não, ele queria acreditar na existência dele mas preferia manter-se vivo.

Quando voltou ao salão, encontrou Beckett reunindo as informações, retirando-as do quadro a fim de preparar o relatório para a promotoria e concluir mais um caso. Ao vê-lo de pé a seu lado, sentou-se na sua mesa e perguntou com vontade de provoca-lo.

- Desistiu da caçada Castle? Pensei que estava determinado em provar para mim que o pé grande existe.

- Você terá sua prova em algum momento, não desisti. Apenas acho que essa é uma aventura para experts. Falando em experts – ele sentou-se na cadeira ao lado – você está ficando mal acostumada com esse lance de subir nas minhas costas não? Pelas minhas contas são o que, três vezes? Infelizmente nenhuma das vezes você estava usando saia para tornar a coisa mais interessante, sinto que saio no prejuízo...

- Engraçado você mencionar isso porque eu gostei das experiências na verdade estava pensando sobre o que sugeri, sobre fazermos como as cheerleaders? Talvez pudéssemos experimentar algo assim, eu subindo em seus ombros... – ela inclinou-se na mesa e falava quase sussurrando - de saia... – o olhar penetrante - tenho vontade, só estou mencionando...

Ele olha para ela boquiaberto, ainda não acreditando no que ouvira. Kate mantinha o semblante sério tentando segurar o riso.

- Não, você não está falando sério, está brincando, curtindo com a minha cara.

- Estou? – pelo olhar malicioso, ele soube que não. Aquilo o fez prender a respiração e sentiu uma pontada na virilha.

- Apenas me avise quando você quer fazer isso...mal posso esperar.

- Um dia, Castle...quem sabe um dia... – ela voltara sua atenção aos papéis mordendo os lábios para prender o riso, adorava provoca-lo, sabia que isso o deixava ansioso e cheio de ideias.

- Você vai demorar ainda? Estava pensando em irmos comer algo...

- Ainda vou ficar mais um pouco, talvez uma hora porque preciso adiantar esse relatório. Se quiser me esperar e já sei que é tedioso fazer papelada mas faz parte do meu trabalho.

Nesse instante, ele recebe um whatsapp de Alexis. Ele le a mensagem “Estou indo para casa, existem outras armadilhas para eu me preocupar?”. Ele mostrou a tela do celular para Kate. Ela sorriu.

- Vai pra casa, Castle. Eu vou demorar por aqui. Vá fazer as pazes com sua filha, peça desculpas! Você verá que Alexis tem um motivo importante para tudo isso. Eu vou pro meu apartamento depois, ainda quero passar na lavanderia para pegar umas roupas. Devia ter feito isso ontem – ela sorria.

Ele retribuiu o sorriso e estendeu a mão para ela. Quando Kate a segurou, Castle acariciou a pele dela fazendo pequenos círculos com o polegar.

- Boa noite, Kate.

- Tomorrow? – ela perguntou.

- Hey, essa frase é minha... – eles sorriram – sim, até amanhã.


Apartamento de Castle


Ele se preparava para enfrentar a filha, não que Alexis fosse de fazer escândalos isso não era do feitio dela. na verdade, ele estava preocupado com a razão dela ter escondido dele que estava levando comida além de ter colaborado com a sua paranoia mentindo. Ele a viu no sofá. Aproximou-se e viu que o azul sumira quase que por completo do rosto dela, quase.

- Você ainda está com um pouquinho... na... – ele sentou ao lado dela - Lamento por aquilo.

- Sabe quão humilhante aquilo foi?

- Eu juro que não sabia que era você. Alexis, por que está roubando comida?

- Porque fiquei sem dinheiro.

- Como gastou todo o dinheiro? A não ser... Você está com problemas?

- Eu não gastei, eu dei. Investi, na verdade.

- Investiu no quê?

- Um amigo, Jonah, trabalha com financiamento coletivo para plantar bambu no topo de arranha-céus para ajudar a limpar o ar.

- Por que não falou comigo?

- Não queria o sermão.

- Que sermão? – exclamou Castle.

- Que pessoas como nós devem ter cuidado com dinheiro,alguém pode querer se aproveitar.

- Esse sermão – disse Castle pensando que não era mesmo do perfil dele lembrar de certas coisas sobre ser pai..

- Pai, você acredita em coisas inacreditáveis,como o Pé-Grande,eu não te julgo.Eu acredito nas pessoas e no que podem fazer.Creio em Jonah e na visão dele e quis ajudá-lo.Acho que ele faria diferença no mundo.Tudo bem, pode ter sido estúpido ter dado todo meu dinheiro,mas não sou a primeira a fazer algo idiota pelo que acredita.

- Não, não é – ele tinha que concordar que ele já fizera pior - De fato,é um traço de família.Mas...você me deve um chateaubriand, então...vamos ao Le Cirque.E ligue para esse Jonah,peça para nos encontrar. Gostaria de ouvir sobre como mudará o mundo.

- Sério?

- Acredito nas pessoas também.E nos Pequeninos. E no Pé-Grande.

Ela riu dele. Seu pai realmente era muito diferente dos outros. Às vezes, ela tinha a sensação de que ela era mais responsável que ele quando deveria ser o contrario. Assim que entraram no taxi, ele virou-se para ela e falou.

- Alexis pensando bem você é mais do lado cético do mundo, você e Kate são duas Scullys na minha vida. Sinto-me em desvantagem.

- Pai, você vale por dez Mulders, acho ótimo que Kate seja do meu time para te manter com os pés no chão, além disso, ela tem uma arma.

- Há ha! Muito engraçado... estou é perdido com vocês – e Alexis o abraçou rindo.

Kate terminou o que precisava no distrito quase uma hora depois da saída de Castle. Ela espreguiçou-se por um momento, vestiu o casaco e saiu. Caminhava pela rua na direção do seu carro. Ainda era a hora do rush em New York e o trânsito estava meio caótico. Ela iria enfrentar a mesma maratona. Entrou. Ligou o carro e começou a andar pelas avenidas da cidade que não dorme. A lentidão do movimento proporcionou a ela um momento de observação. Ao seu redor, a vida que segue, o ritmo frenético novaiorquino dos executivos e suas pastas correndo até o metro,loucos para chegar em casa ou a algum restaurante onde teriam uma importante reunião de negócios entrava em contraste com o casal de namorados que caminhava nas imediações do Central Park de mãos dadas tranquilamente.

A pouco tempo atrás, ela também estava preocupada com Castle sozinho em Paris, depois sua preocupação mudou para proporcionar a ele uma festa de aniversário digna depois do acidente na estação de esqui. Momentos tão diferentes e igualmente importantes envolvendo ela e Castle. Já se passaram mais de quatro anos trabalhando juntos e sempre havia algo a explorar, a descobrir. Ao contrário do que Meredith afirmara, Castle não sabia tudo sobre ela, talvez por isso viviam um dia de cada vez.

Finalmente ela estaciona em frente à lavanderia. Desceu do carro e cumprimentou a dona. Ela já frequentava esse lugar a algum tempo e sabiam que ela era detetive. Kate entregou seu ticket, pagou e saiu com três peças em cabides e uma sacola com outra muda de roupas.

Em casa, ela livrou-se dos sapatos altos e jogou a bolsa sobre o sofá. Seguiu até o quarto com as roupas e colocou os cabides pendurados em um cabideiro e a sacola sobre a cama. Foi ao banheiro e lavou o rosto. Prendeu o cabelo num coque, livrou-se das roupas e tomou um banho rápido para refrescar o corpo e tirar um pouco do cansaço dos ombros. Vestindo um short e camiseta de seda, ela voltou ao quarto para arrumar as roupas. Nos cabides, tinham dois casacos e no terceiro estava o vestido preto que usara no aniversário de Castle. Ao tira-lo da proteção plástica e tocar o tecido, Kate não pode evitar o sorriso. Lembrou-se da cara de surpresa de Castle ao descobrir que tudo era encenação, da admiração por todo o trabalho que ela tivera para enganá-lo e claro o melhor da festa, o momento a dois que eles usufruíram logo que ele se livrara do gesso na perna. Fora uma noite e tanto. Cuidadosamente, ela colocou a peça no guarda-roupa. Também guardou os casacos.

Kate sentou-se na cama e resolveu abrir a muda de roupa. Pelos seus cálculos deveriam ter cerca de vinte peças ali. Metodicamente, ela desfazia a pilha de roupa e se deparou com duas camisas de Castle e um pijama no meio das suas roupas. Agora era comum se deparar com coisas dele em seu apartamento especialmente depois que ela dera uma gaveta a ele. Guardou primeiramente sua roupa, em seguida pegou as de Castle e se dirigiu ao local da gaveta dele.

Ao abri-la, encontrou camisetas, um par de meias e boxers. No canto, também havia um vidro de perfume. Visando não amassar as camisas de botão que precisava guardar, ela retirou os demais itens da gaveta e colocou sobre o armário. Começou a arrumar as camisas, seguidas das camisetas e meia. Ao pegar os boxers para dobra-los de forma a ocupar menos espaço, viu um post it amarelo cair do meio da peça direto na gaveta. Intrigada, ela o pegou e viu que tinha um recadinho nele.


“Hey, Kate...just in case I’m not with you today…good night and remember: I love you….

Yours, Rick Castle

PS. : Call me anytime you miss me. ”


Ela não esperava encontrar esse bilhete ali. Era um gesto tão simples porém tão significativo que Kate percebeu a falta de ar quando já não podia mais segurar. Ela havia prendido a respiração enquanto lia o recado. Colocou o pedaço de papel sobre o armário e terminou de arrumar a gaveta. Após fecha-la, Kate tornou a pegar o papel e o trouxe com ela para a cama. Enfiou-o dentro do seu livro de cabiceira e vou até a sala buscar o celular. Ao deitar, ela acomodou os travesseiros de maneira a suprir a ausência dele. Acostumara-se a dormir agarrada ou envolvida por ele, mesmo que às vezes fosse apenas a presença do corpo dele ao seu lado. Envolvendo um dos travesseiros com as pernas, Kate pegou o livro e retirou de dentro dele o bilhete. Relera pelo menos três vezes sem conter o sorriso estampado no rosto. Era exatamente essas coisas inesperadas que faziam seu dia valer a pena. Checou o relógio.9:45pm. Ele provavelmente ainda não estava deitado. Ligou. Ao quarto toque, ele atendeu.

- Hey, Kate...

- Está deitado?

- Não, cheguei a pouco do jantar com Alexis. Ainda vou me arrumar pra dormir. Já está em casa?

- Estou, como foi com ela? Pediu desculpas?

- Sim, já está tudo bem novamente. Mudando de assunto, você ligou por uma razão ou só pra saber de Alexis? – percebendo que ela ficara em silêncio por alguns segundos, ele provocou - Kate Beckett,você está com saudades?

- Você disse que eu poderia ligar...

- Eu disse?

- No bilhete da gaveta... você disse.

- Ah, você o encontrou... é verdade, eu disse. Sempre que quiser.

- Acho que você me deixou mal acostumada sabia? Sinto sua falta na hora de dormir. Os travesseiros não fazem o mesmo efeito. Aí, encontro esse bilhete ao arrumar suas camisas na gaveta...obrigada pela pequena surpresa.

- É um prazer...

- Vai dormir, Castle... eu vou tentar também. Boa noite, sonhe comigo.

- Boa noite,Kate.

Ela desligou o celular e resolver ler um pouco para facilitar o sono. Eram onze da noite quando ela colocou o livro de volta a mesinha de cabeceira. Nada de sono. Levantou-se e foi até a cozinha tomar um copo de leite para ver se ajudava. Sentou-se no sofá agarrada a uma almofada. Sentiu o cheiro do perfume dele ali. Agora era cada vez mais comum perceber sua presença ali, seja nas roupas deixadas, nos lençóis da cama, na geladeira com alguma comida e até no seu estoque de café que acabava mais rápido do que antes por ele estar por perto. Gostava disso. Gostava de saber que perambular pelo apartamento um do outro era permitido, mexer na cozinha, tudo isso dava um ar mais doméstico e natural a relação deles, isso a agradava porém a fazia pensar se de repente a rotina não poderia afetar o que acontecia entre eles ou principalmente qual seria o próximo passo.

Batidas na porta chamaram sua atenção. Checou o celular. 11:40pm. Não reparou que tinha uma mensagem de Castle via whatsapp. O barulho se repetiu mais alto. Será que poderia ser alguém estranho, algum perigo? Ela se levantou do sofá e foi até a sua estante quando novamente as batidas se repetiram. Ela pegou a arma que mantinha escondida na sala e colocou-a na parte de trás do short. Ao abrir a porta, viu Castle parado ali. O alívio percorreu sua espinha, afastou-se e ele entrou fechando a porta atrás de si.

- Castle, o que faz aqui?

Ele a olhava intensamente. Aquelas pernas expostas, a camisetinha cobrindo pouquíssima pele. Ele tirou o casaco e por baixo dele vestia o pijama. Ela franziu o cenho sem entender. Mas não houve tempo para perguntar a ele o que tudo aquilo significava. Castle a tomou nos braços e beijou-a com vontade. Kate não teve tempo de pensar. Apenas o fato de ter a língua dele na sua boca, afastou qualquer pensamento de outrora. Ela deixou as mãos deslizar pelas costas dele e quando finalmente as bocas se separaram, ela suspirou.

- Isso é definitivamente uma surpresa...

- Uma boa surpresa acredito... não acordei você?

- Não conseguia dormir. E sim, definitivamente uma ótima surpresa. Gostaria muito de dormir com você hoje.

- Porque Kate? Tem algo errado?

- Não...só senti sua falta especialmente depois do bilhete que achei. Me acostumei a ter você a meu lado, a dormir com você.  

- Acho que sofro do mesmo mal...

- Estou vendo, pijamas Castle?

- Eu já estava deitado e me remexia na cama sem conseguir dormir, então pensei porque não? Por isso mandei a mensagem. Como não recebi resposta imaginei que estava dormindo, quase desisti e voltei no meio do caminho.

- Que bom que não desistiu – de mãos dadas com ele, ela o levou para o quarto – como está Alexis?

- Ótima, no fim Alexis sofre do mesmo problema que o pai, é uma sonhadora. Deve ser genético mas ao contrario de mim, ela é mais realista, na verdade me lembrou em muito você – eles acomodaram-se na cama – mas depois eu te conto sobre isso, agora vem aqui – puxou-a para junto de si e Kate aninhou a cabeça no peito dele – hora de dormir. Boa noite, Kate.

- Boa noite, Castle – e com um sorriso nos lábios, ela fechou os olhos.




Continua...