sábado, 27 de julho de 2013

Dia do Escritor - Mensagem do NFF



Olhem a msg que recebi do NFF pelo dia do escritor que foi dia 25 de Julho!


Hey, você aí... :shake: 


(e não, não é marchinha de Carnaval ...) :hebe:


Saiba que hoje é um dia muito especial para você! :fatao:


E o Fandom Castle não esqueceu disso!!! :beckacusa: 


Como esquecer que hoje é o seu dia?!?!?! :dunno:


:ppp: Feliz dia do Escritor!!! :ppp:


Por todas as horas em que você se dedicou escrevendo seus textos. :drug: 

Pelo sono perdido com aquela ideia surtante. :idea:

Por aqueles minutos agoniantes em que relê o texto em busca de erros. :desperate:

E pela felicidade que sente ao receber um comentário divo! :happy1:


Que sua trajetória por esse mundo das letras seja tão excitante quanto as aventuras de Castle, e que você sempre tenha algo a te inspirar, ALWAYS!!! :luv:




Só tenho a agradecer a todos que prestigiam minhas histórias e que ficam me cobrando pra postar logo capítulos! Vcs não sabem o quanto me deixam feliz ao ver cada comentario ou puxão de orelha pelos angst das fics. É um prazer escrever sobre essa série maravilhosa e espero ainda continuar por muito tempo. 

Um bjo a todos os meus leitores, adoro vocês! De coração....

[Castle Fic] Searching for the Meaning Of "Us" - Cap.7


Nota da Autora: Desculpe a demora, leitoras... minha vida tá atribulada. Espero que vcs gostem do capitulo e não me matem por favor! Ah, se só mais um detalhe: Não odeiem a Kate, a situação dela é difícil sim. Apenas precisa de um tempo pra pensar. Ok? 


Cap.7

NY

Castle chega à big Apple e vai direto ao escritório da editora. Sua reunião estava marcada para a parte da tarde mas como ele pretendia livrar-se da reunião o quanto antes, resolveu forçar a sua antecipação. No caminho, passou em uma delicatessen comprou um sanduiche e um copo de café. Ao chegar na editora, ele logo perguntou por sua agente.

- Chegou cedo, Sr. Castle. Sua reunião está marcada para daqui a duas horas.

- Sem problemas. Vou fazer uma boquinha, você pode tentar agilizar a reunião para mim? É que estou cheio de compromissos hoje.

- Verei o que posso fazer – disse a secretaria sorrindo.

Ele entrou em uma salinha reservada e ligou o notebook. Entre uma mordida e outra relia a proposta que preparara para a editora e sua agente, ajeitando os últimos detalhes. Queria impressionar com o novo livro pois assim justificaria a continuidade da série Heat em um novo ambiente, o de Washington. Meia hora depois a secretária o chamou informando que a reunião aconteceria em quinze minutos. Estavam apenas esperando sua agente. Castle agradeceu e salvou as alterações que fizera. Satisfeito com o trabalho, ele levantou da cadeira e se dirigiu a sala de reuniões para a preparação.

Quando sua agente e a representante da editora entraram na sala, ele as cumprimentou e esperou as duas acomodarem-se. Quem primeiro se pronunciou foi sua ex-mulher.

- Então Rick, o que nos reserva essa reunião? Você parecia bem ansioso na videoconferência.

- Quero mostrar a vocês minha nova obra. Já possuo um primeiro draft do novo livro da série Heat que pretendo escrever e lançar após Deadly. Ainda sem título. A ideia é dar continuidade as aventuras de Nikki focando em dois pontos principais: a carreira e a vida pessoal. Ela foi promovida, agora é agente do FBI – enquanto contava a ideia de seu projeto, ele mostrava uma apresentação com a storyline e sua linha de raciocínio. Elas acompanhavam atentas e curiosas.

Ao terminar, Castle tomou um pouco de ar e esperou a reação delas. Também estava ansioso. Serviu-se de um copo d’água. Sua agente pegou o arquivo impresso e começou a folhea-lo, observando alguns detalhes. A editora logo se pronunciou.

- Eu adorei! É uma nova forma de ver Nikki, um degrau acima. Acho que seus leitores vão apreciar bastante. E você acredita que essa linha da história pessoal irá ser bem recebida?

- Claro que sim. Imagina que até agora a personagem principal vivia para o trabalho na cidade que ama, recebe uma proposta tentadora mas deve mudar de cidade. Até ali, ela namora o repórter Rook que não mostra a ela qual seria sua intenção nesse relacionamento então será bem interessante misturar preocupações de ambos com a situação em meio a um crime de âmbito nacional.

- Entendi, por mim está aprovado. Peço apenas que deixe esse rascunho aqui para eu ler com calma e colocar algumas opiniões – o sorriso de Castle não podia ser maior – também temos novidades. Você faz as honras, Paula?

- Hum, boas noticias?

- Na minha opinião, as melhores – ela projetou uma apresentação com vários números – o que você vê nesse slide é o resultado das vendas da série Heat até o mês passado. Frozen Heat superou a marca de Heat Rises e perde apenas para o romance de estreia que continua vendendo muito bem.

- Incrível! – disse Castle.

- Mas não para por aí. Por conta da excelente renda da série, decidi em conjunto com a editora propor um outro meio de arranjar mais fãs para Nikki, incluir um novo grupo nesse universo e claro, ganhar dinheiro. A ideia é transformar os seus romances em histórias em quadrinhos a exemplo do que aconteceu com Storm mas devo acreditar que a série Heat promete muito mais penetração que a anterior.

- Estou adorando a ideia. Vocês irão resumir a história?

- Não queremos algo muito reduzido justamente para que os fãs sintam vontade de ler os livros em seguida. Precisaremos da sua ajuda para avaliar o que seria fundamental para estar nos quadrinhos e o que pode ser descartado. Então, o que acha da proposta?

- Onde eu assino? – elas caíram na gargalhada – sério! Não poderia ser melhor. É claro que aceito a proposta e quero saber quais os próximos passos. Isso é tão empolgante!

- Bem, aqui está o contrato. Fique a vontade para lê-lo e então assinar. Pode nos devolver depois.

- No máximo amanhã já devolvo e quanto ao livro? Podemos ir adiante?

- Claro, tem minha aprovação. Vou preparar um contrato e envio para a Paula com as datas dos primeiros compromissos mas pelo jeito você não terá problemas de atrasar ou bloqueio. Mais alguma coisa Paula?

- Não, a preparação para a turnê de Deadly Heat vai muito bem, sob controle. Acho que devemos começar os novos projetos e deixar nosso escritor colocar a mão na massa, não?

- Exato – elas se levantaram – Rick, foi um prazer. Espero noticias suas.

- Tchau, Rick – Paula beijou-o na face – pode mandar o contrato para o meu escritório.

- Damas, tenham um bom dia. Sorrindo, ele deixou a sala. Não podia conter sua excitação. Duas noticias perfeitas em um mesmo dia. Ele decidiu passar em casa e deixar suas coisas antes de fazer uma parada no 12th, queria rever os amigos.


12th Distrito


O elevador se abriu e Castle viu o lugar onde passou os últimos cinco anos caçando assassinos ao lado dos melhores detetives de New York. Muitas confusões foram alvo de risadas e encrencas ali. Caminhando pelos corredores, ele foi ao encontro de seus amigos. Sentia falta da dupla. Percebeu que Gates não estava em sua sala. Não sabia ao certo se gostaria de encontra-la. Avistou Ryan de costas com o telefone ao ouvido. Ficou atrás dele esperando a ligação dele terminar. Assim que colocou o fone no gancho, Castle se inclinou e sussurrou na altura do ouvido “Bu!”. Ryan prendeu a respiração e ao olhar para trás assustou-se ao vê-lo e em resposta esmurrou-lhe no braço.

- Ouch! Que recepção! É assim que você trata um amigo?

- Castle! Isso lá é jeito de abordar alguém? Vem cá, me dá um abraço – e Ryan estendeu os braços para cumprimentar o amigo, nesse momento Esposito chega no salão – como você está bro?

- Estou bem, estamos bem. Ei Espo!

- Quem é vivo sempre aparece! Está perdido em New York ou a Beckett te expulsou de casa? – ele apertou a mão do amigo e deu um abraço nele.

- Até parece. Ela está trabalhando e eu também. Vim aqui resolver uns assuntos com minha editora, estou cheio de novidades. Mas e vocês, algum caso interessante?

- Não, fechamos um caso ontem. Hoje temos apenas aquilo que você mais detesta: papelada.

- Eca! Mas isso é um bom sinal. Quero fazer um convite: que tal me encontrarem hoje no The Old Haunt para uma rodada de drinks e jogar conversa fora? E pode chamar Lanie e Jenny. Sinto falta de vocês. Então, está combinado?

Nesse instante, Gates apareceu no salão.

- Ah, Mr.Castle! A que devo a sua visita? Foi expulso de Washington ou irritou algum agente federal? – Castle olhou-a surpreso – o que? Você acha que eu não sei que está morando em DC com Beckett? Por favor! Como ela está?

- Er... está bem. Muito bem.

- Era o que esperava. Tenho trabalho a fazer, não demore muito. Nada de se meter em assuntos do meu distrito, suas regalias acabaram. Fui clara?

- Como cristal.

- Ótimo! Ryan, Esposito não tem relatórios para entregar? Quero-os na minha mesa até amanhã cedo. Passar bem, Mr.Castle e dê lembranças a Beckett. Ela virou-se de costas e afastou-se deles rindo. Adorava implicar com o escritor.

- Quem contou a ela? – Castle perguntou sussurrando e viu Espo apontar para Ryan – fofoqueiro! – Castle acusou-o.

- Relaxa, tudo sob controle. Quer um café?

- Aceito, desde que prometam vir ao Old Haunt por volta das sete. Combinado?

- Conte conosco – disse Espo.

Mais tarde conforme acordaram, Castle os recebeu no seu bar,The Old Haunt, em uma área reservada. Lanie estava linda e sexy como sempre e Jenny apesar de não ter a barriga ainda tão destacada, exibia uma aura bela, digna de alguém grávida. Tinha um brilho especial.

- Hey, Jenny... você está linda. A gravidez fez bem a você. E Lanie, ainda provocando Esposito? Ele beijou suas amigas e puxou a cadeira para que elas se sentassem como um perfeito cavalheiro. Os rapazes sentaram-se ao lado de seus respectivos pares – então, o que querem beber? Não façam cerimônias. Whisky, vinho, champagne?

- Quero whisky – disse Ryan.

- Espumante para mim e o Javi vai de cerveja? – Lanie olhou para ele.

- Ouviu a moça.

- Jenny, vou pedir para preparar um excelente suco de cramberry e morango para você.

 Ele chamou o garçom pediu as bebidas e também uns tira-gostos. No primeiro momento, brindaram e contaram como andava a vida em New York. Trocaram alfinetas e algumas palavras e lembranças dos bons tempos em que trabalhavam todos juntos. Lanie foi quem perguntou o que todos queriam saber.

- E como vai a vida em DC? Mais precisamente a vida a dois, Castle?

- Não posso dizer que tudo está a mil maravilhas. Tudo é novo para nós dois. Quando estávamos aqui, eu dormia no apartamento dela e ela no meu porém não convivíamos realmente como um casal, há uma certa adaptação. Além disso, Kate está começando novamente. Fazendo seu nome no FBI, ali ela não é a detetive extraordinária que todos conhecemos. Ela precisa provar seu valor aquelas pessoas. Ela trabalha demais. Chega tarde em casa, vocês a conhecem tanto quanto eu, determinada e focada, dá tudo de si e ás vezes eu fico de escanteio. Enfim, nem sempre é um mar de rosas, Lanie mas temos que nos adaptar. Só gostaria que ela não me deixasse tão sozinho. Trabalha até no domingo!

- E mesmo assim você fala dela com orgulho. Seus olhos brilham ao falar dela. Fico feliz de ver a felicidade de vocês – disse Lanie – Kate é uma garota de sorte, Castle – ela acariciou a mão do amigo e ergueu a taça – um brinde ao nosso casal preferido Castle e Kate!

- Saúde! – os demais repetiram o gesto dela e os copos se encontraram.

- E o que o traz a New York? Saudades da filhota? – perguntou Jenny.

- Isso também! Alexis passou semanas fora e tenho saudades da minha menina mas vim a trabalho. Tenho novidades, pessoal!

- Conta logo! Não vejo a hora de ler o Deadly Heat! É sobre ele não? – perguntou Ryan.

- Nem tanto. Mas o Deadly Heat já está em produção, seu lançamento é daqui a aproximadamente três meses.

- Tudo isso? Você bem que poderia descolar um exemplar pra um amigo – jogou Ryan.

- Calma, ah estou tão empolgado! Há algumas semanas atrás, quando estava ajudando Kate na investigação de um caso, eu tive uma ideia para um novo livro. A princípio achei que a historia não agradaria a Kate mas quando expliquei, ela apoiou totalmente então eu deslanchei escrevendo. Vim para cá a fim de mostrar a nova proposta de livro a minha editora.

- Espera um momento, você ajuda a Beckett nos casos federais? – Esposito questionou.

- Javi, esse não é o verdadeiro assunto que Castle está mencionando...

- Obrigado, Lanie mas vou responder ao tom de deboche de Esposito. Sim, em alguns casos ela pede minha ajuda afinal sempre tive um bom faro para investigação e ela sabe disso. Apesar que faz um tempinho que ela não pede minha interferência... – e de repente ele ficou pensativo mexendo o copo de whisky. Lanie reparou e deu uma cotovelada em Javi fazendo-o gemer.

- Mas afinal, a editora aceitou o livro? – Lanie quis trazê-lo de volta a conversa – estou curiosa!

- Ah,sim – sorriu para ela – a editora adorou e não é somente isso. As vendas dos livros da série Heat estão estourando, Frozen foi um sucesso. Por conta disso, veio a melhor notícia de todas: a editora quer lançar a série em quadrinhos! Já imaginaram Nikki em quadrinhos? Com curvas e cores? Vai ser um arraso!

- Wow! Isso é maravilhoso, Castle. Parabéns! – cumprimentou Lanie. Ryan e Jenny sorriram e parabenizaram o amigo também. Espo sorrindo ergueu o copo para ele mas não podia deixar de implicar.

- Imagino o que Beckett vai pensar, ser alvo das fantasias de milhares de nerds... nem quero estar ao seu lado quando contar a ela.

- Tenho certeza que ela vai adorar. Se sentirá lisonjeada por integrar o universo das histórias em quadrinhos e Nikki não será alvo e sim objeto de desejo de muitos rapazes e inspiração para moças. Não vejo a hora de contar a ela.

Eles podiam ver a empolgação dele, o sorriso de moleque. Parecia feliz.

- Não ligue pro Esposito, isso se chama dor de cotovelo – disse Ryan – vamos brindar novamente ao sucesso de Nikki Heat! E ergueram os copos rindo e gritando. Permaneceram ainda por umas boas horas no bar. Por volta de uma da manhã, Castle se despediu dos amigos e resolveu ir para casa. Antes de deixa-lo, Lanie se aproximou e beijou-o no rosto.

- Sabe Castle, estou muito feliz em ver que as coisas entre você e Kate estão indo bem. Morando juntos em DC, projetos novos. Ela fazendo o que gosta e tendo você a seu lado. Incrível como as coisas mudam, quem diria que você um playboy mulherengo ia se tornar um homem tão especial? Kate tirou a sorte grande mesmo. Quando você volta para Washington?

- Depois de amanhã. Tenho alguns acertos a fazer aqui e preciso passar um tempo com Alexis. Ainda quero passar naquela confeitaria próxima ao apartamento de Kate, vou levar a torta favorita dela de New York, uma delicia de frutas vermelhas. Ela vai adorar!

- Ah, vai sim. Como eu disse, ela merece você. Sortuda! – Lanie dá outro beijo nele e sorri – boa noite, Castle. Se a gente não se ver mais, boa viagem!

- Obrigado, Lanie. Até a próxima pessoal.

No dia seguinte, Castle passou no escritório da sua agente para deixar o contrato assinado dos quadrinhos e já aproveitou para assinar o seu contrato de exclusividade para mais um livro da série Heat. Depois, ele saiu com Alexis para almoçar e ouvir as novidades da viagem aventureira que fez durante o recesso da faculdade. Em seguida, eles decidiram pegar um cinema juntos como nos velhos tempos e saindo de lá, seguiram para o Central Park. Após um cachorro quente, eles voltaram para casa. Alexis voltaria a faculdade na manhã seguinte e Castle pegaria o avião de volta a Washington. Tomaram café juntos pela manhã e logo se despediu dela. Antes de ir ao aeroporto, Castle tinha que passar na delicatessen próxima ao antigo apartamento de Kate para comprar a torta preferida dela. Porém, já estava atrasado. Resolveu recorrer aos amigos, discou o numero de Lanie.

- Hey, Lanie! Preciso de um favor.

- Oi Castle, você não deveria estar a caminho do aeroporto?

- Deveria. Tenho exatamente uma hora e meia para comprar a torta de Kate e chegar no La Guardia. Por favor, preciso de você. Me dá uma carona?

- Castle estou no meio de um caso...

- Lanie... por favor... é pra sua melhor amiga.

- Você sabe onde eu estou pegue um taxi para cá e eu te levo pra comprar o mimo da sua noiva e te deixo no aeroporto. Corre!

- Obrigado, Lanie. Você é show.

E a amiga cumpriu o prometido, levou-o ao local onde Castle comprou a torta e pisou fundo para chegarem a tempo do embarque dele para Washington. Nada que uma sirene não resolva, pensou Lanie. Ainda teve tempo de se despedir com calma e enviar suas recomendações à amiga.

- Sabe Castle, fico feliz de ver a dedicação a Kate vinda de você. São mimos, cuidados, não é de hoje mas sempre está melhorando. É lindo ver o jeito que você fala dela, se preocupa. Minha amiga é uma sortuda, tirando alguns pequenos defeitos você é quase um príncipe encantado.

- Quase? Sou um exemplo de namorado. Um cavalheiro. Você bem que podia ligar pra ela e lembra-la disso. Às vezes sinto que estou sendo trocado pelo trabalho, como se nossa relação e eu mesmo estivesse em segundo plano.

- Ah, Castle. Nem deve ser assim. Ela também está sob pressão.

- Sei disso e acredite tenho dado todo o apoio, porém é bom ser prioridade de vez em quando não?

- É sim. Você a ama muito não?

- Sim, como nunca amei ninguém mas não basta apenas o sentimento, é preciso sentir-se especial, viver a vida a dois, de casal.

- Você está certo. Viver em casal é bem diferente de namorar.

- Tá na minha hora, foi um prazer Lanie. Obrigado por tudo.

- Por nada e veja se aparece com a minha amiga por aqui.

- Ou você vai nos visitar em Washington – trocando um abraço e um beijo eles se despediram e Castle entrou na área de embarque.


XXXXXXX


Assim que o avião pisou em Washington, Castle desceu já pensando na forma que escolheria para contar as novidades a Kate. Faria um jantar especial. Assim que entrou no taxi, ele ligou para ela.

- Hey... já estou de volta.

- Nossa! Foi bem rápido mesmo.

- Sim e estou cheio de novidades para te contar. A viagem foi excelente e vou preparar um jantar especial hoje à noite para você. Nem imagina o que tenho a dizer. Pode me dar a honra de sua presença?

- Claro que sim. Estarei lá. Você me deixou curiosa, Rick Castle.

- Ótimo. Estou indo pra casa. Te vejo mais tarde. Um beijo.

- Outro – e desligou.

Castle chegou ao apartamento, deixou as malas no quarto guardou a torta na geladeira e preparou para colocar a mão na massa. Rapidamente pensou no cardápio, checou os ingredientes na geladeira e se pos a trabalhar. Não viu a hora passar porém por volta das sete da noite concluíra seu trabalho. Colocou a mesa e foi tomar um banho para espera-la.

Quando Kate chegou, encontrou a mesa de centro arrumada, velas, copos, pratos e guardanapos. Tudo preparado com muito esmero. Sorriu. Ao vê-lo surgir na porta do quarto, brincou.

- Devem ser ótimas noticias mesmo.

- Plagiando você: você não tem ideia!

- Vou lavar as mãos e o rosto então podemos jantar. Estou morrendo de fome.

- Hey, não está esquecendo nada? – ela olhou para ele sem entender até sentir os braços dele a envolverem pela cintura, beijou-o carinhosamente.

- Ah, era isso? – e deu mais um selinho nele.

- Vou servir um vinho para nós.

Kate retornou à sala e sentaram-se para apreciar o jantar. Eles brindaram a volta de Castle que perguntou como andavam as coisas. Ela se ateve a contar que estava assoberbada de trabalho. Muito acontecia no bureau.

- E afinal? Que novidades são essas que você quer me contar? Parecia bem animado ao telefone.

- Porque são mesmo excelentes. A reunião com a editora foi ótima. Elas adoraram a proposta do livro com Nikki como agente federal. Fora a ideia sobre o relacionamento com Rook. Já assinei contrato.

Kate encheu a boca com mais uma garfada da comida.

- Isso está muito bom, Castle. Você caprichou. Mas essa é a grande novidade? Quer dizer, nós dois já sabíamos que o novo livro poderia ser aceito facilmente. É uma boa história. De certa forma não é bem uma novidade...

- Não, essa não é a melhor notícia. Paula me apresentou os últimos números de vendas da série Heat. Claro que imaginava estarmos indo bem mas aqueles números, ah a arrecadação das vendas dos meus livros superou...

Nesse instante, o celular dela tocou. Kate atendeu prontamente cortando-o. Atenta, ouvia a pessoa do outro lado da linha. Ele percebe o semblante ela mudar, a postura tão relaxada de minutos atrás foi substituída pela pose profissional e séria que ela usava quando o assunto era profissional. Isso não era um bom sinal.

- Certo, entendi. Estarei lá em vinte minutos. Não façam nada antes de eu chegar – desligou o celular e fitou-o – encontraram o nosso suspeito numa quitinete na periferia de Washington através da conexão que investigávamos hoje à tarde, estão saindo para efetuar a prisão dele nesse momento – enfiou mais um garfo na boca, bebeu um gole da água para disfarçar a bebida e levantou-se da mesa – tenho que ir. Devo estar lá para guia-los na captura dele.

- Mas Kate você sequer acabou de comer, mal engoliu e eu não terminei de contar as novidades. Ainda tem a sobremesa, será que não pode terminar de jantar?

- Castle, posso ouvir suas notícias depois, guarde a sobremesa para quando eu voltar. O jantar estava delicioso.

- Se estava tão bom, podia ao menos terminar. Não precisava participar da prisão do suspeito apenas interroga-lo como fazia na maioria das vezes.

- Eu tenho que estar lá! Aqui não é como no 12th. Estou chefiando a investigação, não posso deixar agentes irem a campo sem guia – ela retrucou. Ele se irritou.

- Claro, ótimo! Prioridades, entendi – fechou a cara.

- Castle é um assassino, suas aventuras editoriais podem esperar. Tenho que ir. Conversamos mais tarde.

Ela saiu pela porta e Castle desabou no sofá. Aquilo o feriu como nunca imaginara ser possível. Kate acabara de dizer que o seu trabalho que tanto amava não era importante. Claro que ele entendia o significado de pegar um assassino mas podia ter ficado com ele mais um pouco.

Triste, Castle teve que enfrentar a dura realidade. Nesses três meses, eles tiveram excelentes momentos porém também percebera que nos momentos necessários, apenas ele cedera. Fora ele quem adequou-se aos horários, se preocupou com o bem-estar dela, mudou de cidade e fez tudo para agrada-la. No único momento que precisava e queria sua atenção, desejava compartilhar suas conquistas que no fundo também eram dela, deliciar-se com um momento a dois, Kate o deixara sozinho com um jantar especial que preparara com tanto zelo e carinho. Ele havia trazido sua torta preferida diretamente de New York como uma surpresa. Suspirou. Com raiva, jogou a torta inteira no lixo. Recolheu a comida na geladeira e foi se deitar arrasado.


FBI HQ - Tempo presente


Beckett estava de frente para Josh. Mantinha o silêncio apenas desafiando-o com o olhar. Ela precisava primeiramente conquista-lo através da ligação com Sasha para então cavar sobre o sequestro e o possível motivo.

- Você deve estar preocupado com Sasha não? Sabe que está aqui por causa dela. A mãe de Sasha me contou que você não aceitou muito bem o fim do namoro. Por que? Ainda gosta dela? – ele permaneceu calado – vamos lá, Josh. Abra seu coração, estou disposta a ajudar você. Qual foi o motivo da separação?  - o rapaz suspirou e acabou falando.

- Sasha estava estranha. Desde que conseguiu aquele maldito estágio na equipe de pesquisa, me deixou de lado. Quase não ficávamos juntos. Ela alegou que era uma questão de prioridades. Sasha disse que precisava se dedicar ao programa e por isso não teria tempo para namorar.

Ao falar de prioridades, Beckett engoliu em seco sentindo um aperto no coração. Balançou a cabeça afastando o pensamento para longe a fim de focar no que era importante naquele momento.

- Interessante. Fui informada pelos pais de Sasha e pela melhor amiga dela que você após trocar de curso para Ciências Políticas apenas se preocupava em fazer contatos com pessoas poderosas e pressionava Sasha sobre a relação com o pai dela. Soube inclusive que você a questionou sobre uma licitação que seu pai perdeu com uma das empresas.

- Olha, eu gostava demais de Sasha e não queria terminar mas precisava também cuidar da minha carreira como ela estava fazendo. Precisava me preparar para gerir as empresas do meu pai, provar a ele que sou capaz. É meu dever como filho, mostrar para ele que sou capaz. Quero que tenha orgulho de mim. O curso de Ciências Políticas podia me abrir portas, dar poder. Fazer negócios com o governo é a especialidade do meu pai. Queria entrar nesse negócio. Ele ficou feliz quando passei a me interessar pela empresa, me ofereci para cuidar da companhia que participou da licitação. Quando a vi perder, também vi a chance de ver meu pai orgulhoso de mim, sumir. Foi por isso que pedi a Sasha para falar com o pai dela, queria entender porque ele reprovara a empresa. Meu pai é o melhor. Estava na cara que tinha esquema ali. Meu pai é um homem poderoso, agente. Não perderia assim tão fácil. Fiquei com muita raiva. Eu ia ter minha primeira empresa! Dez milhões de dólares!

- Engraçado você mencionar a empresa como sua e os dez milhões. É a mesma quantia do resgate de Sasha. O lance da raiva mexeu muito com você não Josh? A ponto de quebrar num impulso decidir sequestrar sua ex-namorada para faturar a bolada e vingar-se do seu sogro, o cara responsável por seu suposto fracasso. O que a Sasha fez para você? Ela nada tinha a ver com as negociações da empresa do seu pai. Você precisa da aceitação do seu pai e por isso usou uma inocente para buscar outra forma de melhorar sua imagem junto ao seu pai. O que você alegaria para justificar de onde vinha o dinheiro?

- Do que você está falando?

- Do sequestro de Sasha que você armou com a ajuda de outra pessoa – ela mostrou um print do chat com Amil e outras pessoas - reconhece isso? Achamos o seu parceiro. Amil Jarrah. Foi a expertise dele que você usou para levar Sasha e mantê-la em cativeiro não?

- Não sei quem é Amil! E não pode me acusar de nada disso.

Beckett enviou uma mensagem para Jordan trazer Amil para passear no salão a ponto de Josh o avistar através do vidro. Enquanto não acontecia, ela continuou instigando montando seu próprio caso.

- Negação, postura interessante para afirmar em um interrogatório. É uma pena que seu parceiro não haja da mesma maneira. Amil não parece ser tão forte quanto você talvez ele não seja o que você esperava de alguém com alguns dotes especiais para o terrorismo ou então não estava tão motivado a ser igual aos seus ancestrais. Se deixou levar por você mas deve ter se arrependido no meio do caminho. Porque a pena para sequestro é de dois dígitos. Quinze, vinte anos fáceis especialmente se a vitima em questão estiver morta porque qualifica homicídio culposo. Amil é mulçumano, esses anos de cadeia significariam muito mais para seu acerto com seu Deus. Você não pensou nisso certo? Não pensou em ter um elo fraco no seu plano – Beckett percebeu quando o olhar dele desviou dela para o vidro, o viu engolir seco, finalmente mexera com ele, conseguira o que queria. Uma deixa.

- O que foi Josh? Parece que viu um fantasma. Entendo a sua necessidade de aceitação junto ao seu pai, o que não entendo é porque sacrificar alguém que você diz gostar, até amar? Por que envolver Sasha nisso? O que você fez por vingança ao pai dela apenas fará seu pai despreza-lo mais. Não seria melhor batalhar e provar para ele que você é inteligente e capaz, deixa-lo orgulhoso? Um crime passional em dois aspectos e vinte anos de cadeia. Aposto que seu pai não ficará nada satisfeito quando souber o que fez.

A expressão corporal dele mudou. Estava acuado, com medo. Ela pressionou.

- Josh para o seu bem e o de Sasha, acabe com isso. Me diga onde ela está. Se cooperar posso trabalhar com o promotor para reduzir sua pena. Vamos lá! Quero ajuda-lo.

- Você não sabe o que diz, não conhece meu pai.

- Ai você se engana. Seu pai é um homem poderoso que julga que o dinheiro resolve tudo. Aposto que sempre te deu tudo. Os melhores brinquedos, melhores colégios, viagens. Tudo que qualquer criança deseja menos o mais importante: amor, carinho. E olha no que isso resultou?

- Ah, você acha que sabe tudo só porque é do FBI. Você não sabe de nada!

- Talvez. Porém sei que você fez besteira, sequestrou Sasha e está com os dez milhões de dólares para tentar recompensar o que perdeu com o seu pai. Saberia muito mais se você me contasse. Como não quer fazer isso, terei que apertar Amil e claro, achar as provas e ligar os pontos porque acredite, Josh você os deixou pelo meio do caminho. Eu farei isso e salvarei Sasha. Terei prazer em mostrar ao seu pai o ser humano que você é.

Ela se levantou e abriu a porta chamando o colega.

- Pode levar o Josh para casa. Ele precisa refletir sobre a nossa conversa – virando-se para o rapaz, Beckett sorriu – ainda não terminamos, Josh. Nos veremos em breve.

Ela saiu da sala com um sorriso no rosto. Sabia que estava no caminho certo. Achara o seu rabo do elefante. Agora precisava de um mandato para apreender o notebook e qualquer objeto que pudesse liga-lo ao sequestro, assim poderia quebra-lo. Precisava trabalhar com um dos juízes de Washington. Beckett vinha pensando em silêncio na estratégia que usaria para convencer e garantir o mandato quando se deparou com Stack a esperando na sua mesa.

- Agente Beckett, quero vê-la na minha sala. Agora.

Ela percebeu que ele estava com cara de poucos amigos. Seguiu o seu superior imediato e fechou a porta atrás de si. Não sabia se deveria sentar-se. Optou por ficar de pé. Stack a fitou com o semblante sério.

- O que você está pensando Agente Beckett? Quem lhe deu autoridade para simplesmente achar que pode seguir outra linha de investigação apenas porque tem um palpite? Envolver pessoas poderosas sem qualquer indicio de provas ou preparação para aborda-los.

- Senhor, não é apenas um palpite na verdade, tenho motivos para crer que Josh arquitetou o sequestro. Esse crime é de vingança sim, porém com um fundo passional que envolve a relação pai e filho além da raiva por supor ter sido sabotado pelo Sr. Wilson, por isso descontou em Sasha como vingança por ter perdido a chance de orgulhar o pai.

- O pai desse rapaz é um dos homens mais poderosos do país! Você não pode achar que isso aqui é o seu 12th distrito de polícia. Não pode abordar um homem como ele sem provas! – ele estava irritado, elevara a voz e seu rosto estava vermelho, Beckett engoliu em seco – você não pode fugir de uma linha de investigação por vontade própria. Aqui trabalhamos juntos, focados em um objetivo. Considere isso uma advertência.

- Mas Agente Stack, com todo o respeito, a forma como estão investigando o caso está errada, a abordagem é errada. Esse é um crime passional e não político.

- Basta, agente! – ele bateu na mesa – vá pra casa. Você está suspensa desse caso até que aceite a linha de investigação traçada pelo bureau. Quando se convencer disso, pode voltar a se juntar ao time.

Beckett prendeu a respiração, não podia acreditar no que estava acontecendo. Era isso mesmo? Acabava de ser afastada do caso porque discordava do modo como eles estavam tratando o assunto? Por dizer que estavam errados? Ela saiu da sala dele respirando fundo. Sentiu as mãos tremerem tamanha era a raiva que a dominava. Tudo que ela queria era encontrar Sasha viva, salva-la. E o que o resto deles procurava? Mostrar serviço para o presidente? E com a família da vitima, ninguém se importava?

Frustrada, ela esbarrou em Jordan no caminho para sua mesa onde pretendia pegar sua bolsa e suas informações e sumir dali.

- Ótima ideia a de colocar Josh de frente com Amil, ele tremeu nas bases. E Amil também não ficou nem um pouco seguro. Acho que você tem razão, Josh sabe mais do que está revelando. E...

- Jordan, agora não – ela passou por ele como um furacão.

- O que eu fiz?

- Nada, estou fora. Boa sorte em explicar a um pai que a filha morrerá porque as pessoas não saber ler nas entrelinhas e enxergar a verdadeira história por trás dos fatos.

Beckett saiu pisando forte, ao cruzar as portas do prédio, ela não se incomodou com o frio cortante que atingiu o seu rosto. A raiva a fazia bufar. O sangue e a adrenalina corriam nas suas veias. Precisava de provas, evidências e não ia desistir. Tinha um palpite, uma intuição. O sequestro de Sasha era um crime passional. Sem apoio e frustrada por ter sido repreendida pela primeira vez no FBI, sentia-se incompetente, meio perdida. Deveria se acalmar. Passou a mão nos cabelos e respirou fundo. Seguiu para o único lugar onde podia buscar um refugio e pensar em Washington, seu lugar preferido que talvez a guiasse em direção às respostas que procurava. Desceu as escadas e tomou o metro rumo a Borders.


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Quando Kate voltou de madrugada encontrou-o dormindo. Vai até a geladeira e procura por algo doce, não encontrando ela pega uma banana. Ao jogar a casca na lixeira, ela vê uma embalagem familiar e reconhece o logo da sua delicatessen favorita de New York, percebe que é uma torta. Ele trouxera para ela. Suspirou. Sabia que ele ficara chateado mas o que ela poderia fazer? Era o seu trabalho! Daria um jeito de fazê-lo esquecer a possível raiva. Quando deitou-se ao lado dele na cama, ela afagou-lhe as costas e beijou sobre o tecido da camisa, deixou a mão escorregar pelo estomago dele numa tentativa de abraço. Castle abriu os olhos e permanecendo em silêncio engoliu em seco. Será que ela pensava estar tudo bem? Durante aquela noite, solitário ele remoia a situação. Cada vez mais ele parecia chegar a mesma conclusão. Por mais que isso lhe doesse e estivesse prestes a partir seu coração, ele estava criando coragem para confronta-la, a conversa entre eles não poderia ser adiada por muito tempo e tinha consciência de que seria talvez a mais difícil da vida de ambos.

No dia seguinte, Castle ainda estava magoado. Não esquecera a desfeita de Kate. Ela acordou cedo e preparou o café para eles. Calados, eles degustavam da refeição ainda incertos de como dar o próximo passo. Kate resolve ceder e usar uma pergunta casual para iniciar o tom de conversa entre os dois.

- Você quer mais café?

- Sim, obrigado – ela o serviu.

- Que tal aproveitar esse momento para terminar de contar sobre sua viagem a New York?

- Se estiver realmente interessada… - o comentário foi frio mas ela não contestou, realmente mereceu.

- Claro que gostaria de ouvir. Você foi ao distrito?

- Melhor, visitei-os e também nos encontramos no The Old Haunt.

- Ah, que bom! Então você escreverá mais um livro de Nikki Heat? A editora aprovou a história?

- Sim, a série Heat é um sucesso. Meus livros vem arrecadando muito dinheiro, mais do que esperado até pela minha agente. Frozen superou a meta e ultrapassou Heat Rises em vendas. Por causa disso, elas me apresentaram um novo projeto a ser realizado.

- O seu novo livro, certo? Ótimas notícias, Castle. Você merece.

- Não, é além do novo livro. Elas querem transformar as aventuras de Nikki em uma série de quadrinhos. Melhor que a de Storm, querem quadrinhos mais densos mantendo praticamente a história original – seu rosto se iluminou ao comentar sobre o trabalho, a empolgação da noite voltara a contagia-lo - A intenção é atingir uma nova faixa etária de leitores, os que ainda evitam um livro. Terei completa participação em todas as aprovações e revisarei o texto proposto. Você será eternizada como heroina de quadrinhos, Kate.

- Nossa! Eu não sei se estou preparada para me tornar objeto de fantasia de um bando de adolescentes nerds... isso é diferente... – olhou para ele e abriu um sorriso – acho que você terá que me dividir com outros, Castle.

- Apenas em pensamento, fruto de imaginação mas eles não conhecerão a realidade. Essa é apenas minha – piscou para ela, mesmo magoado ele não conseguia deixar de demonstrar o que sentia por ela.

- Essa viagem foi realmente providencial, muitas novidades boas. E como estão todos no distrito?

- Estão bem, tem mantido o ritmo de trabalho e claro que sentem nossa falta. Estavam curiosos para saber de você. Claro que acabei encontrando com a Gates. Ela ainda não gosta de mim e sinceramente não preciso mais me importar com isso. Ela mandou lembranças a você. Jenny está linda, cada dia mais grávida. Perguntaram porque você não foi comigo. Queriam te ver e perguntaram quando você irá visita-los. Ainda acho que você deveria ir comigo nem que fosse para passar um fim de semana em New York. Curtir os amigos, dividir com eles nossas novas experiências. Matar as saudades da nossa cidade.

Ela devia imaginar que ele traria esse assunto à tona. Por mais que as noticias atiçassem sua saudade da cidade e dos amigos, não podia ceder. Ela desconversou.

- Você sabe que não posso fazer isso agora. Minhas obrigações mudaram. Trabalhar para a federal não é a mesma coisa que para a NYPD. Os riscos e as responsabilidades são maiores. Não posso me ausentar.

- Mas podíamos ir apenas um final de semana.

- Não Castle, não funciona assim. Independente de fim de semana, posso trabalhar e você sabe bem disso. Uma viagem não está em meus planos nesse momento. Há muito em jogo.

- Claro, entendo – a voz soou sarcástica – prioridade zero trabalho, depois mais trabalho e trabalho. Está bem definido para mim. Preciso escrever, tenho algumas coisas a acertar com a minha agente – ele se levantou da mesa decidindo calar-se para não irritar-se ainda mais com tudo aquilo, não queria ser grosso com ela ou mesmo agir pela raiva. No fundo, escrever era uma forma de aliviar a tensão e esfriar a cabeça. Kate saiu para trabalhar.

Mais tarde, ao sair do bureau ela decide ir ao mercado e no caminho recebe um telefonema de Lanie. Antes da amiga perguntar como ela está, Lanie se encarrega de comentar sobre a viagem de Castle.

- Lanie, que surpresa boa...

- Oi, Kate. Estava com saudades de você. Surpresa mesmo foi encontrar Castle em New York e sem você. Acredita que eu percebi o quanto sentia falta desse cara? Afinal apesar das loucuras dele e as teorias algumas vezes sem sentido, ele ajudou-nos em muitos casos da NYPD. Ok, não é só trabalho, ele é divertido e brincalhão. Fomos ao Old Haunt bater papo e Kate, como ele estava empolgado. Falava com orgulho de mais um livro de Nikki, com os desenhos para os quadrinhos, uma alegria só! Melhor mesmo era o jeito como ele falava de você. Orgulhoso de seu trabalho, falou das horas que você se dedica ao bureau e que sabia o quanto você podia se destacar nisso tudo. Confesso que fiquei com inveja. O olhar apaixonado estava presente não tinha quem não visse. Não foi à toa que ele me deixou doida para leva-lo a delicatessen e comprar a tal da torta para leva-la para você. Uma agonia.   

As palavras de Lanie mexeram com ela. Torta? Ah sim... a torta. Sentia-se culpada pelo que a amiga lhe contara. Não agira corretamente com ele e agora podia entender a raiva de Castle. Em seguida, a amiga perguntou como ela estava e ficaram conversando por uns vinte minutos. Kate falara da vida no FBI e das dificuldades lá e na vida a dois. Estavam se adaptando a tudo. Ao desligar, ela se ateve as compras porém não pode deixar de pensar sobre as palavras de Lanie. Quando os dois decidiram que tentariam a vida em Washington para dar a Kate a chance de trabalhar no FBI, combinaram que não importava o que acontecesse, eles como casal sempre seriam prioridade. Infelizmente, não era o que vinha acontecendo.

Kate reconhecia não estar cumprindo com sua parte do acordo ao contrario dele que fazia tudo para agrada-la. O remorso a atingiu. Mas como ela poderia deixar de atender um chamado ou vir para casa mais cedo com um caso sob sua responsabilidade? Castle tinha que entender. Ela voltou para casa e o encontrou na cama com o notebook no colo.

- Hey, pode falar um minuto? – ele desviou os olhos da tela para encontrar os de Kate.

- Diga.

- Olha, Castle me desculpe. Eu agi mal com você, sei que preparou algo diferente e queria minha atenção. Fui movida pelo dever e esqueci de todo o resto. Obrigações devem ser cumpridas isso é um fato que não podemos ignorar. Consegue entender isso?

Castle resolveu cortar a conversa antes mesmo dela se desenvolver.

- Kate eu não posso conversar sobre isso agora. Caso contrário, eu posso dizer algo de que me arrependa depois.

- Tudo bem, eu acho que entendo - e realmente dizia a verdade. Sabia que ele falava sério como na vez que discutiram sobre a entrevista de emprego. Assim, concentrou-se nas atividades domésticas enquanto ele permanecia escrevendo. Jantaram cedo vendo o jornal na tv. Um pouco mais tarde, por volta de nove horas, Kate recebeu uma ligação e foi chamada ao bureau. Despediu-se dele desejando boa noite e Castle respondeu desejando-a boa sorte. Um novo caso a esperava, o que poderia dar a eles um tempo para pensar. No bureau recebeu maiores informações. A investigação que ela iniciara agora lembrava o caso de Alexis não pelo sequestro em si mas pela ligação internacional entre os mesmos países: Estados Unidos e França. Talvez pudesse conversar com ele, pedir uma orientação. Ela lembrou que até hoje eles não haviam conversado sobre isso e sobre o que acontecera em Paris.

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Castle ainda remoia a situação como um todo, a verdade era que precisava confronta-la sobre como estavam vivendo. Ele se enganara acreditando que a viagem a New York faria bem para a relação deles. No fim, ela serviu para mostrar a ele que as coisas não estavam fluindo da forma que imaginaram. O que prometeram um ao outro sobre cuidar do relacionamento e focar em "nós" não surtira efeito. Apesar das promessas, as palavras de Kate não correspondiam as suas ações. Claramente, mesmo tentando manter a prioridade na relação, era visível que o foco de Kate estava no trabalho mas ele estava cansado de ser o único a fazer concessões.

Quando Kate chega em casa, ele estava dormindo.

Pela manhã ele levantou primeiro. Preparou um café e comia tranquilo. Nem a vira chegar, provavelmente fora durante a madrugada. Lavou a louça e resolveu tomar um banho. Ao sair do banheiro já encontrou Kate sentada no chão da sala, o tablet e vários papeis espalhados na mesa. Ao vê-lo, sorriu.

- Bom dia. Estou analisando um caso interessante parecido com o de Alexis, envolvimento de polícias federais. Estou em contato com a polícia francesa. Lembrei disso e acho que você pode me ajudar com a sua experiência internacional que aliás não me contou como resolveu tudo por lá e voltou com sua filha sã e salva. Sente aqui e me ajude - Kate sorveu um pouco do café da caneca que estava ao seu lado. Ela estava realmente pedindo para ele avaliar o caso com ela?

- Kate, está falando sério? Quer que eu simplesmente sente ao seu lado e conte sobre Paris assim, sem mais nem menos?

- Castle qual o problema de me contar? De me ajudar?

- O problema é que não estamos nada bem. Esse não é o tipo de conversa que temos de uma hora pra outra ainda mais depois dos últimos acontecimentos. Não é tão simples assim.

- Como não? Você fez algo ilícito? Tem algum segredo pra esconder de mim? Pelo que me lembre você mesmo pediu que não existissem segredos entre nós e agora? Cadê a confiança no outro?

- Segredo? Não acredito. Eu não fiz nada ilícito e esse assunto, é complicado. Não pode ser jogado como uma conversa onde se pergunta como está o tempo. Nem sei por que trazer esse assunto nesse instante. Creio que temos algo mais importante para falar.

- O que pode ser mais importante do que confiança? - diante da pergunta, não podia adiar o momento. Castle senta-se no sofá próximo a ela, respira fundo e se prepara para ser sincero e confronta-la.

- Nós precisamos conversar, Kate.

Ela pousou a caneca na mesa, virou-se para fita-lo e o que viu em seu olhar antecipou que estavam diante de um momento extremamente sério. Por um segundo pensou em impedi-lo movida pelo súbito medo que a atingiu em um curto espaço de tempo. Por fim, acreditou que ouvi-lo seria o melhor a fazer.

- Tudo bem, pode falar.

Castle passou a mão no rosto visivelmente nervoso antes de começar a falar.

- Kate, eu pensei e repensei antes de termos essa conversa. Se houvesse uma outra forma de tratar o assunto, eu o faria porém não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo. Você precisa se estabelecer em D.C., criar sua carreira na federal, não a culpo por isso. O problema é que isso não está fazendo bem para nós dois, nossa relação. Não podemos continuar desse jeito brigando, nos desentendendo para depois juntarmos os pedaços. Só temos um ao outro e não podemos estar sob o mesmo teto de cara fechada ou sem nos comunicar. Eu sempre fui compreensivo, cedi o quanto pude mas você tem que concordar comigo que sacrificou a relação ao priorizar seu trabalho, não cumpriu sua parte do acordo.

Ele percebeu que ela suspirou e fechou os olhos por uns segundos, talvez soubesse que o inevitável estava por vir. Ao abrir os olhos novamente, ela lutava contra a emoção.

- Quero que você saiba que não é por falta de amor, longe disso. E por ama-la tanto que estou tomando essa decisão. Kate, precisamos de um tempo. Um tempo para nós e como sei não ser possível agora, estou pedindo um tempo de nós.

Não muito certa do que ouvira, Kate interpretou da maneira que gostaria de resolver a situação tão incômoda entre eles.

- Você tem razão, precisamos de um tempo. Vamos, eu - ela fechou a pasta do caso que analisava - eu não vou trabalhar hoje, peço pra Jordan tocar o caso. Podemos sair, almoçar juntos, ir ao Washington Mall ou até mesmo ao Smithsonian que você tanto gosta, acharemos tempo, o dia será nosso.

- Acho que você não me entendeu, não precisamos de uma tarde. Não é suficiente. Temos que aceitar que nesse momento precisamos de um tempo de verdade. Nos separar. Voltarei para New York e você poderá se dedicar totalmente a sua carreira no FBI. Será melhor para todos,pessoalmente, profissionalmente e sobretudo para nossos sentimentos.

Então, o que ela temia e evitava compreender a atingiu como um raio. O misto de sensações e emoções tomou conta dela de forma tão intensa que a pior delas a dominou. Mordeu os lábios com força para segurar as lágrimas que ardiam em seus olhos, sufocando-lhe a garganta. Castle virou-se rumo ao quarto para arrumar suas coisas. Se olhasse para ela nesse instante, toda a sua coragem desapareceria. Isso não podia acontecer, por mais que doesse, essa era a decisão correta para eles.

Quando retornou a sala segurando sua mala, ele caminhou até ela ficando a sua frente estendeu a mão para toca-la. Ao ver a cena, ela se esquivou e explodiu.

- É assim? Simplesmente arruma as malas e vai embora? Vai desistir tão fácil? Onde está o cara que falou que iria ficar sempre ao meu lado?

- Fácil? Desistindo fácil? É isso que você pensa depois de tudo? De todas as minhas concessões, das vezes que estive aqui cuidando de você? Cedendo, entendendo, eu sempre estive aqui você foi quem não notou. E Kate, não estou te abandonando. Apenas estou sugerindo um tempo porque você precisa.

Infelizmente, a raiva e a irritação foram mais fortes por isso as próximas palavras de Kate misturaram-se as lágrimas e selaram um momento decisivo para os dois.

- Castle se você sair por essa porta, acabou. Não tem mais relacionamento, nem noivado. Darei um ponto final em tudo - o rosto molhado pelas lágrimas, o coração disparado no peito. Castle olhou para ela sério.

- Essa é a sua última palavra? É o que você realmente quer?

- Sim, estou falando sério. A escolha é sua, a porta ou o nosso relacionamento.

- Nosso... - ele sorriu triste - certo. Se a sua teimosia a cega, Kate, eu sinto muito. Voltarei para New York. Desejo que você seja reconhecida como deve no FBI. De coração.

- Obrigada - ela tirou o anel, estendeu a ele - tome. Leve com você.

Castle arrasado voltou a segurar as malas e se encaminhar para a porta.

- Não Kate, fique com ele. Um dia quando você entender o que "nós" realmente significa, você pode precisar desse anel, no fundo ele sempre foi um presente especial. I love you, Kate.

E fechou a porta atrás de si deixando para trás seus sonhos, sua musa, seu amor. Tudo por ela. Tudo para fazê-la entender que ela sempre fora sua prioridade. Esperava sinceramente que a ausência dele a fizesse perceber isso. Do outro lado da porta, Kate estava sentada no chão, perdida em um vale de lágrimas.


Tempo Presente


Caminhando relutante em direção à livraria, Kate pensava em como sua vida mudara em três meses. Profissionalmente deslanchara mesmo com uma certa discordância dos métodos do FBI,até hoje pelo menos. Depois daquela discussão já não tinha tanta certeza. Pessoalmente, a sua vida se tornara um abismo. Ela sabia que sofreria mas não imaginara o quanto. Castle se fora e deixara um vazio que não conseguia superar. Tinha culpa nisso, afinal fora ela quem instigou a briga tocando em um assunto delicado e além do mais, dera a ele o ultimato. Um dos momentos mais tristes e do qual ela se arrependia amargamente.


Ao entrar na livraria, ela se deparou com um banner enorme de Deadly Heat exibindo a silhueta de seu alter ego. Havia se esquecido completamente da noite de lançamento do livro. Um arrepio percorreu sua espinha. Estaria pronta para encara-lo? Como ele a receberia? Suspirando, Kate resolveu considerar isso como algo significativo diante do momento que vivia. Afinal, não queria alguém capaz de entende-la? Parecia que o destino não pretendia procurar por outra pessoa. A chance de olhar para Castle não era uma simples coincidência. Não, Kate Beckett não acreditava em coincidências.  


Continua....