sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

[Castle Fic] Kiss Me to Make It Better




Kiss me to make it better
Autora: Karen Jobim
Classificação: NC-17
Gênero: AU/Songfic
Advertências: Angst / Romance – pós Reckoning
Capítulos: Oneshot
Completa: [ x ] Sim [   ] Não
Resumo: Kate matara para salvar a própria vida. Isso ainda mexia com ela. castle sabia que a esposa precisava relaxar, Gates deu a sua detetive três dias de descanso, assim Castle decidiu leva-la aos Hamptons para desligar-se e restaurar as energias. Queria mima-la, cuidar de sua amada e fazê-la entender que estaria ali ao seu lado.

Nota da autora: Essa fic começa exatamente da última cena do episódio. Inspirada na música do Ed Sheeran, uma rápida oneshot para nos recuperarmos das maldades do 3XK. Songfics são difíceis de escrever porque geralmente a música deve estar no contexto da história. Não é bem o caso aqui, mas como é uma espécie de declaração de amor, bolei algo para encaixa-la. Espero que gostem.
Dedicada a Letícia (Leh) – que reflita a beleza da melodia dessa canção maravilhosa. Enjoy!

Sugiro ler com a música, eis a letra: 

Settle down with me
Cover me up
Cuddle me in

Lie down with me
And hold me in your arms

And your heart's against my chest, your lips pressed to my neck
I'm falling for your eyes, but they don't know me yet
And with a feeling I'll forget, I'm in love now

Kiss me like you wanna be loved
You wanna be loved
You wanna be loved
This feels like falling in love
Falling in love
We're falling in love

Settle down with me
And I'll be your safety
You'll be my lady

I was made to keep your body warm
But I'm cold as the wind blows so hold me in your arms

Oh no
My heart's against your chest, your lips pressed to my neck
I'm falling for your eyes, but they don't know me yet
And with this feeling I'll forget, I'm in love now

Kiss me like you wanna be loved
You wanna be loved
You wanna be loved
This feels like falling in love
Falling in love
We're falling in love

Yeah I've been feeling everything
From hate to love
From love to lust
From lust to truth
I guess that's how I know you
So I hold you close to help you give it up

So kiss me like you wanna be loved
You wanna be loved
You wanna be loved
This feels like falling in love
Falling in love
We're falling in love


Kiss Me to Make It Better


Loft dos Castles


Kate estava deitada depois de um banho relaxante para livrar-se de todas as marcas físicas do pesadelo que vivera. As lembranças psicológicas, porém seriam difíceis de apagar da mente. Tinha receio de fechar os olhos porque todas as vezes que o fazia, a imagem de Kelly Nieman voltava a sua cabeça. Ouviu os passos de Castle entrando no quarto.

- Eram minha mãe e Alexis. Disseram que voltarão logo após algumas compras – ele se deitou ao lado dela, Kate ainda estava de costas para ele, pensativa, abatida - Não sei como você conseguiu.

- O quê? – ela o fitou.

- Se manter firme nos dois meses em que sumi. Dois dias sem saber onde você estava e isso quase me matou.

- Você pensa no que aconteceu...quando estava longe? – ela perguntou.

- O tempo todo.

- Sempre que fecho meus olhos vejo o rosto dela.

- Vejo o dele também – Castle confessou - Desde aquela noite na ponte. Sabe como lido com isso?

- Não.

- Abro meus olhos e olho para você.

- Obrigada por ter ido me encontrar.

- Sempre – ela acariciou o peito dele com a ponta dos dedos acomodando-se e fechando os olhos. Talvez estivesse a salvo perto de Castle, afinal.

Mas Kate não conseguia dormir, por mais que tentasse. Ela permaneceu deitada sobre o peito dele, sentia a mão de Castle a abraçando até o momento que o sono o dominou relaxando os músculos. As horas se arrastaram durante a madrugada, virando-se para o lado, ela colocou as mãos sob o travesseiro fazendo uma retrospectiva dos últimos dias. Momentos de incerteza e terror. As luzes da manhã invadiram o quarto. Kate viu o momento que Castle acordara, porque ele esticou-se para beijar-lhe o rosto e constatar o que temia. 

- Você não dormiu… - ela assentiu – oh, Kate! Precisamos mudar isso, vou preparar um café. Sei que vai te fazer bem - se levantara da cama. Logo em seguida, ela o encontrou na cozinha. O cheiro de café inundara suas narinas fazendo o estomago reclamar. Castle preparara uma refeição reforçada. Ovos, frutas, bacon, pães e queijo. Sentados à mesa, Castle pretendia anunciar o que fariam. Tinha um plano para fazê-la relaxar e se recompor. Uns dias nos Hamptons, apenas os dois.

- Se você já terminou, arrume suas coisas. Nós vamos aos Hamptons. Ficar longe da cidade. Saímos em uma hora, tudo bem?

- Ok, é melhor mesmo.

Kate está calada. Passa a maior parte do tempo sem conversar. Vez ou outra, Castle procurava sua mão ou acaricia sua coxa recebendo em troca um singelo sorriso ou um selinho. Daria o tempo necessário a ela.

Na casa de praia, eles encontraram o almoço pronto. Após a refeição, ficaram sentados no sofá da casa. Ele a mantinha deitada contra seu peito, acariciando a pele fria dos braços. Ouvia alguns suspiros dela, como se tivesse lutando para não chorar. Sugeriu um passeio na praia. Mesmo sem disposição, ela o acompanhou. Sabia que ele estava fazendo o possível para anima-la, agrada-la. Na beira do mar, Kate fincou os pés na areia deixando as ondas dançarem sobre a planta do pé e seus dedos. Inclinou o corpo se apoiando no corpo de Castle, fechou os olhos. Ele a segurou acariciando-lhe os braços, era a primeira vez que a vira um pouco relaxada desde que tudo aconteceu.  

Ao retornar para a casa, enquanto Kate tomava banho, Castle ajeitava o jantar. Pretendia servir-lhe um vinho com macarronada depois dar a ela um calmante para fazê-la relaxar. Já estava a mais de vinte e quatro horas sem dormir. Quando apareceu na cozinha já de camisola, o cheiro do manjericão despertou sua fome.

- Está cheirando...

- Sim, amor. Espero que esteja bom. Aqui – ele serviu a taça e entregou a ela – beba um pouco. Seu corpo tem que descansar. Depois do jantar estive pensando, você ficaria com raiva de mim se lhe desse um calmante para dormir? Eu poderia omitir isso e apenas diluir na sua bebida. Não é certo. Você deve decidir junto comigo.  Nada de enganações ou segredos. O que me diz?

- Acho que você tem razão. Estou muito cansada – provou o vinho. Castle serviu a mesa para jantarem. Novamente, notara que a esposa permanecia calada – levando as taças para o quarto, Castle ligou a lareira. Eles ficaram bebendo, Castle tentou conversar.

- Amor, eu não gosto de te ver assim, calada, quase que isolada em sua própria ilha. Converse comigo, estou aqui para ajudar. Para o bem e para as coisas ruins. Não me importo de vê-la chorar, gritar, até bater em mim desde que não fique indiferente. Não me afaste dessa tempestade, o que quer que esteja sentindo, não me deixe fora disso. Quero conforta-la, acalenta-la, qualquer coisa para te ver melhor.

- Eu sei, babe. Mas um assunto desse não merece a nossa atenção. Eu gostaria de esquecer. E vejo o quanto me ver assim te faz mal. Não quero que sofra, Cas. Acabou. Temos que pensar no futuro, na nossa vida. Estou sendo uma péssima companhia, uma péssima esposa. Por que essa imagem não sai da minha cabeça? – com as mãos na lateral da cabeça, ela estava à beira de lágrimas – estou aqui com você, a pessoa que eu amo, em um lugar aconchegante e me sinto sufocada, angustiada. Por que? – as lágrimas desciam rapidamente pelo rosto pálido.

- Está cansada, Kate. É melhor tomar o calmante agora. Precisa dormir, amor. Não pense mais nisso, eu não estou te cobrando nada.

- Tudo bem, você tem razão – Kate tomou o remédio. Castle a trouxe para perto, acalentando-a como se faz com um bebê indefeso, envolta em seus braços, podia sentir a respiração ofegar ainda por conta do choro reprimido. Meia hora depois, ela adormecera agarrada ao marido.


Por volta das três da manhã...


Kate corria por um labirinto, um emaranhado de corredores e portas. O olhar desesperado cobria cada canto por onde passava. Precisava acha-lo antes que fosse tarde demais. As mãos tremiam, os pulsos machucados pelas algemas que conseguira retirar, havia sangue preso e pequenos hematomas devido à força empregada para se livrar do objeto. Sabia que Castle estava em algum daqueles cubículos, preso e prestes a perder a própria vida. Por ela. Por ter vindo busca-la. A doutora sociopata queria seu rosto, sua identidade, sua vida e Castle. Ela estava sendo punida. Não podia ser tarde demais.

Ela corria limpando as lágrimas que teimavam em cair. Um barulho chamou sua atenção. Vozes. Eram distintas. Um homem e uma mulher. Estavam próximos. Kate reuniu toda a força que tinha e chutou a porta. A imagem de Castle totalmente amarrado e a médica louca bem a sua frente segurando um bisturi a paralizou. Sentiu  o corpo esmorecer. Como se toda a energia tivesse sido drenada, entorpecida.

- Kate… - Castle sussurrou. A Dr.Nieman se virou sorrindo.

- Olá, Kate. Fico feliz que tenha se juntado a nós. Não esperava você tão cedo, melhor assim. Creio que já perdemos muito tempo nesse pequeno jogo de gato e rato. Eu já tenho seu rosto, ficarei igual a você e terei o seu marido. Senhora Rick Castle. Eu gosto. É claro que você precisa sofrer um pouco, não? Ou talvez eu mude meu plano. E se eu o ferisse? Você gostaria disso? – ela rodava o bisturi entre os dedos – sabe, eu simplesmente amo as maravilhas que um bisturi pode fazer, quer ver?

De repente, a médica corta o rosto de Castle do olho direito até o queixo. Sangue jorrava em meio a um grito de dor capaz de fazer o coração dela parar. Quando virou-se para fita-la, ela era a própria Kate. Sem pensar duas vezes, um novo golpe foi deferido sobre o peito dele, e outro e mais outro. Kate ajoelhou-se gritando por ele.

- Castleeeee….nãooooooooooooooooo!

- Nãoooo…. – acordou gritando, suada. Tremia. Castle assustou-se – ela matou você, ela era eu, cortou seu rosto – as mãos de Kate alcançaram o rosto dele – o meu, ela matou. Castle... – desatou a chorar. Ele a abraçou forte aconchegando-a em seus braços. Castle estava segurando as lágrimas, queria fazer essa dor sumir para sempre.

- Shhhh…. Foi um pesadelo, estou bem aqui. Oh, Kate… eu não suporto de ver assim.

Mesmo com o calor do quarto, da lareira, um frio corria por sua espinha, dominava suas veias, reflexo do medo. Por esse motivo, Castle a apertava rente a pele, sentiu os dedos dela em seu queixo, a respiração quente em seu pescoço, os lábios roçando a pele. Simples gestos de que ela estava ali com ele, sua Kate.

O olhar gélido e apavorado que vira quando ela acordou assustada sumira. Aos poucos, ele podia constatar a volta do pequeno brilho no olhar, uma nesga de ternura surgia recompondo os olhos amendoados que o conquistaram um dia, verdadeiros e apaixonados.

- Castle…

- Oi, amor…

- Eu preciso de você. Preciso voltar a ser a mulher que você ama, que conhece e luta ao seu lado.

- Você é. Sempre sera. Essa mulher está aqui – ele tocou o coração dela – não foi a lugar algum. Basta você desligar isso aqui – ele apontou para a testa dela.

- É por isso. Eu te amo tanto. Foi por isso que lutei, que matei, porque não queria ver a dor em seus olhos, se eu morresse...

- Shhhh….isso não aconteceu. Você está aqui, nos meus braços. E sabe o que se passa na minha mente agora? Um misto de sentimentos. Ódio, por ver o quanto você foi afetada. Amor, para mostrar que estou aqui protegendo-a como antes não pude. Luxúria, por perceber o quanto você era desejada, apesar de soar terrivelmente cruel e errado se pensarmos em quem o fazia, ela nunca seria você, pertence somente a mim. Desejo somente você – ele parou para beijar-lhe os cabelos - A verdade é que eles tentaram nos destruir Kate, física e psicologicamente, mas eles são doentes, não conseguem entender que nenhuma maldade poderá ganhar de um sentimento tão forte e puro quanto o nosso amor. Eles nunca entenderão – ele beija-lhe a testa – porém, eu conheço você, sei quem é, o que exatamente guarda em seu coração. Deus! Como estou feliz de poder ser capaz de dizer isso mais uma vez, como eu te amo, Kate.

Ela se afastou um pouco do corpo dele. Fitou os belos olhos azuis. Beijou o pescoço dele, os lábios, abaixou o rosto beijou-lhe o coração deixando os lábios ali, sentindo as batidas. Voltou a ficar na mesma linha do rosto dele.

- Castle, eu quero você. Quero ser amada, por favor, me faça sentir esse amor. Lembre-me como é bom apaixonar-se todos os dias por você, acordar ao seu lado. Quero ser amada, desejada como somente você sabe fazer.

- Tudo que você quiser, apenas precisa demonstrar.

- Como fiz da primeira vez? – ele abriu o sorriso – como sempre desejei ser amada – ela sussurrava tocando os lábios com a ponta dos dedos, os olhos fixos na boca que tanto amava beijar. Ela encostou os lábios dela na boca de leve, puxou-o pelo pescoço, arrebatando-o consigo caindo sobre a cama em um beijo apaixonado, colando seu corpo ao dele. Os gemidos de antecipação entre as línguas. Sobre o estomago dele, jogou a camisola longe. A mesma urgência daquela noite chuvosa em Nova York, o mesmo desejo. Apaixonando-se agora e para todo o sempre. Arrancou a camisa de Castle deixando seus lábios provarem o sabor da pele.

- Beije-me, Kate. Beije-me como quem quer ser amada. Como demonstrou amar-me naquela primeira vez.

Ela aproximou-se do rosto dele. Passou o polegar em seus lábios. Beijou-lhe a testa, o nariz e finalmente os lábios. Castle a tomou nos braços colocando-se sobre o corpo esbelto da amada. O toque das mãos percorria a pele alva. Acariciou os cabelos olhando-a com ternura. Kate o puxou convidando a aprofundar o beijo. Erguia as pernas enroscando-as na cintura de Castle.

O beijo começara suave, aos poucos retomara a impulsividade, deixando o desejo tomar conta de seus atos. Castle provava seu pescoço, seu colo, beijou-lhe o mamilo e sugou-lhe os seios, repetidas vezes. Queria mais, muito mais. Ela também. Sempre mais, porque a conhecia. Ouviu seu nome sendo sussurrado, ela o chamava. A boca chegou ao lugar mais ansiado. Sentia o corpo dela responder aos lábios que a tomavam, sua intimidade clamava por ele. Alguns minutos depois, ela agarrava-lhe os cabelos enquanto a explosão do orgasmo se espalhava da cabeça aos pés. Se era possível amar demais, desejar demais e precisar demais, ele aprendera com Kate.

Castle voltou a fita-la. Havia um belo sorriso em seu rosto. Sincero, apaixonante. Os olhos expressavam o desejo que sentia por ele. Mordiscou-lhe o queixo, depois o lábio inferior.

-Dentro de mim, Cas…. Me ame, agora. Faça-me sua….

Ele mergulhou nela de uma só vez. Os cinco sentidos entraram na dança ritmada dos quadris. Cheiro, gosto, toque, gemidos e a contemplação da visão turva dominada pelo prazer. Pele contra pele, coração contra coração. Com uma última estocada, ele a levou consigo deixando-a agarrar-se em seu corpo fincando as unhas em seus ombros. Os lábios murmuravam algo inteligível pressionados contra o pescoço. Não importava. Agora estavam juntos novamente.

Corpo, alma e coração.

Castle virou-se para o lado trazendo-a contra seu peito. Ela fechara os olhos.

- Eu podia ficar aqui, segura em seus braços sentindo as batidas do seu coração, calmamente me perdendo em seus olhos azuis misteriosos e tão ternos – ela olhava para o homem a sua frente, a expressão de seu rosto era serena, a tempestade e a dor haviam passado, desaparecido – beijando-o quantas vezes quisesse, sendo sua, completamente. Apaixonando-me a cada toque, a cada beijo.  

- Nós podemos, Kate. Pelo menos por agora, nós temos esse espaço somente para nós dois. Nada nem ninguém para tirar-nos essa paz. Você pode fazer o que quiser, amor.

Ela remexeu-se subindo um pouco mais em seu corpo. Seu olhar fixo no dele.

- Mesmo? Então, acho que vou passar o resto do dia beijando-o enroscada no calor do seu corpo.

- Isso me parece uma excelente ideia, então, me beije... – ela aproximou-se quase encostando os lábios, mas mordiscou a boca em meio a um sorriso.

- Eu te amo, Castle – e finalmente o beijou.     


THE END

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

[Castle Fic] Summer Kiss




Summer Kiss
Autora: Karen Jobim
Classificação: PG-13/NC-17
Gênero: AU/Songfic
Advertências: Romance
Capítulos: Oneshot
Completa: [ x ] Sim [   ] Não
Resumo: Vamos voltar alguns anos no tempo da vida de Castle e Beckett. Ele ainda não é um escritor de Best-sellers e ela não é a nossa detetive. O ano é 1995, verão americano em plena Nova York. Um encontro casual. Uma história inocente. Um começo de uma relação duradoura?

Nota da autora: Inspirada na música do Sixpence non the Richer, considerando o ritmo não exatamente a letra, nasceu essa fic. Escolhi a adolescência porque essa música me remete a Dawson’s Creek, então... Vamos imaginar Castle e Beckett em seus anos de juventude. Para efeito de história, considerei a diferença de idade entre eles de apenas quatro anos. Antes que me perguntem não esperem algo muito sexy. Espero que gostem!

A música é de 1998, porém como trata-se de apenas um ano antes da morte de Johanna, considerem o ano de 1995.
Dedicada a Ed Marrie – Ma Cherrie, espero que esteja como queria. Enjoy!







Summer Kiss

Agosto de 1995 – Coney Island


Verão. A estação da alegria, das férias tão aguardada por milhares de adolescente e jovens universitários.

A curtição, paquera e a descoberta de muitos primeiros amores aconteciam nessa época do ano. Nova York tinha um dos palcos voltados para essa atmosfera. Coney Island era o destino preferido dos estudantes novaiorquinos com pouca grana além dos moradores de estados vizinhos. Todo bom novaiorquino adorava curtir o verão naquele pedacinho da cidade. Havia sempre festas, luaus, a praia e o velho parque de diversões.

Kate Beckett era uma dessas pessoas. Fizera um acordo com os pais para viajar no ano seguinte para a Europa em regime de intercâmbio, dessa forma, restava curtir a sua cidade natal ao máximo durante as férias. Combinara com uma turma de amigos para passar aquele sábado ensolarado em Coney. Aos dezesseis anos, ela era a menina mais bonita da turma. O problema era que vivia recebendo cantadas dos garotos de sua idade e dos seniors, mas para ela eram muito sem graça. Despachada e inteligente, era decidida. Seu pai quase morreu há alguns meses atrás ao ser apresentada ao namorado motoqueiro e roqueiro. O relacionamento já acabara para alegria do velho Jim. Tinha sua vida planejada. Estar na praia era apenas para passar o tempo, porém algo diferente aconteceria naquele sábado.

Chegara à praia por volta das nove da manhã acompanhada por duas amigas. Como sempre fazia, tirava a sandália para sentir a areia penetrar nos pés. Molhava-os no mar e caminhava um bom tempo pela extensão da praia. Os seus amigos deveria aparecer umas dez horas, sempre se atrasavam. Alice havia comentado que Chris queria ficar com Kate a qualquer custo, ela já não gostara da noticia. Chris era o quarterback da escola, famoso entre as patricinhas. Já tinha convidado-a para sair e Kate o recusara. Era muito cabeça de vento, mal sabia conversar. Ela teria que atura-lo e repetir a rejeição novamente. De repente, o prelúdio de seu dia começava a indicar algo muito chato. Felizmente, sua previsão estava errada.

Assim que Chris chegou, foi logo se aproximando dela. Os demais amigos queriam jogar vôlei na praia, tentavam de toda maneira convencer o amigo a se juntar a eles, porém Chris só pensava em ficar com Kate. Direta, ela cortou o barato do rapaz, acabando por gerar um clima nada amigável para os demais.

- Vamos, Kate. Uma volta na praia, pegamos o barco de Jeff, só nós dois.

- Chris, eu já disse não – ela percebeu o garoto se aproximando cada vez mais dela.

- Vai ser bom, você vai gostar e quando provar não vai querer largar... – ele a agarrou a força, Kate sentiu os lábios desajeitados querendo enfiar a língua em sua boca. Irritou-se. Ela o empurrou com toda a força que tinha usando o joelho para atingir o membro dele. Chris gemeu de dor.

- Você está louca? Por que... ui... fez...isso?

- Se você não entende por bem... me deixe em paz!

- Você não gosta de homem, é isso? Bem, que desconfiei que era lésbica.

- Vai à merda, Chris! – Kate saiu bufando caminhando pela praia. Bando de idiotas! Ela não via a hora de viajar para a Europa e entrar na faculdade. Ensino médio era uma desgraça. Por que esses garotos eram tão sem noção? Só pensavam em agarrar o máximo de meninas para competir entre si quem era o mais garanhão. Droga! Arrependera-se de ter concordado com esse passeio. Ela iria para bem longe deles, talvez tomar um sorvete na lanchonete do parque de diversões. Bem que queria dar uma volta na montanha-russa.

Estava se aproximando da lanchonete quando viu um rapaz sentado sobre uma toalha na areia com um caderno e caneta nas mãos. Escrevia incansavelmente. Algo que chamara sua atenção em plena praia lotada. Observou de longe outros dois rapazes com uma bola na mão conversarem com ele, pareciam insistir em fazê-lo largar o caderno e jogar. Um deles, bateu com a bola na cabeça dele. Viu que se irritara e gritara para os colegas irem embora. Nerd! Gritaram para ele. Kate sorriu, outra vítima de bullying, pensou. Então, o rapaz ergueu a cabeça e Kate prendeu a respiração ao fita-lo.

Ele era deslumbrante. Tinha olhos azuis bem profundos, os cabelos castanhos bem arrumados e um rosto másculo com um toque angelical. Lindo. Não lembrava os idiotas com quem estudava e o fato de estar escrevendo chamou sua atenção. Nerd, ela também era assim e a curiosidade somente aumentava ao vê-lo retornar os olhos para o papel. Podia ser nerd, mas a camiseta regata mostrava um bíceps muito bem delineado. A curiosidade foi maior que o medo de ser indiscreta. Porém, quando estava se aproximando, um de seus amigos jogou a bola na direção dele. A mesma quicou levantando areia atingindo-a assim que passava pela frente dele.

- Hey! – ele gritou – prestem atenção às pessoas! – a bola suja de areia molhada marcara a blusa branca que Kate usara. Ele ainda não tinha olhado para a moça, estava apenas preocupado em ralhar com os colegas e ter certeza que ela estaria bem. Então, ao erguer os olhos, ele a fitou pela primeira vez. Linda. Os olhos amendoados combinavam com os cabelos castanhos claros, esbelta e de pele clara, era um colírio para os que admiram a beleza. O short curto evidenciava as longas pernas e completando a imagem, um sorriso discreto – você está bem? – Kate limpou a camisa tirando o excesso de areia e abriu o sorriso fazendo o coração do rapaz disparar.

- Sim, tirando a blusa que precisará de uma boa lavagem, foi apenas um acidente de percurso. Não posso reclamar, afinal estamos numa praia – ele viu o olhar voltado para o caderno que segurava, denotando curiosidade. Ele se levantou. Kate percebeu que era alto, talvez 1,85 mais ou menos.

- Peço desculpas por isso. Eles queriam me acertar. Estão chateados porque vim à praia e não quero jogar. Estavam me provocando.

- Vi que está escrevendo, certamente não é uma atividade muito praiana.

- Eu discordo. O mar, a paisagem, os sons das ondas, são ótimos companheiros de inspiração. Posso te pagar um suco, um refrigerante? É o mínimo que posso fazer para compensar o estrago na sua blusa. Podemos ir até a lanchonete próxima ao parque.

- Eu estava a caminho de lá mesmo – sorriu e fez um sinal com a cabeça para que ele se juntasse a ela na caminhada – então, escrever na praia. De onde vem isso?

- Faz parte da minha formação. Serei escritor. Há sempre uma história a ser contada, cenas para observar e todo o lugar nos permite escrever.

- Escritor, é? Tem um gênero preferido?

-Mistérios e thrillers policiais.

- Seus pais não consideram uma profissão um pouco inusitada? – Kate perguntou curiosa. Seu pai certamente o consideraria um morto de fome.

- Não conheci meu pai. Minha mãe é atriz, aprecia qualquer tipo de arte – ele indicou uma mesa para sentarem. Um de frente para o outro. Uma garçonete se aproximou dele entregando o menu – então, o que vai querer... eu não sei o seu nome.

- Katherine Beckett, pode me chamar de Kate – ela estendeu a mão que o rapaz segurou gentilmente levando-a aos lábios.

- Muito prazer em conhecê-la, Kate. Sou Richard Rogers. Pode me chamar de Rick.

- Rick Rogers, Roger Moore… lembra mistério, mas acredito que falta algo para chamar a atenção, algo impactante talvez. De onde vem a vontade de escrever Rick?

- Sou filho único, criado no mundo das artes e meus grandes companheiros sempre foram os livros. A vontade e habilidade acabaram se desenvolvendo naturalmente. Claro que preciso de dinheiro para me sustentar daí a necessidade de fazer faculdade de letras e literatura inglesa. Columbia é um bom lugar para isso, fora que não preciso deixar minha amada Nova York e minha mãe pode atuar em suas peças.

- Você já está na faculdade?

- Sim, indo para o terceiro ano. Tenho vinte anos, Kate. Já falei demais, e quanto a você? O que a trás a Coney Island, o que pensa do futuro?

- Vou lhe contar, mas antes estou desejando um milkshake de morango.

- Tudo bem – ele fez sinal para a garçonete – pode trazer um milkshake de morango e um de chocolate? Obrigado. Sua vez, Kate.

- Tenho dezesseis anos, moro em Nova York e pretendo cursar Direito. Serei advogada como meus pais. Porém, espero alcançar o supremo tribunal, ser a primeira mulher presidente daquele órgão. Penso em Stanford, mas a ideia de deixar minha Nova York não parece boa, talvez faça a NYU mesmo.

- Bem decidida. E amante da cidade como eu. Aposto que irá conseguir o que quer. Você me parece bem inteligente, sabe expressar-se e ainda é muito bonita. Tem um futuro brilhante pela frente, Kate.

- Como você sabe? É escritor, não vidente.

-Exatamente, por ser escritor observo as pessoas. Você tem um olhar determinado, de lutadora. Não desistirá de seus sonhos a menos que a vida te mostre um outro caminho. Aposto que será bem sucedida em tudo o que fizer.

- Hum, não posso falar com tanta certeza assim de você. Precisaria conhecer seus trabalhos. Posso ler o que escrevia?

- Claro – estendeu o caderno para ela. Folheando as paginas, Kate encontrou uma série de anotações, como um emaranhado de ideias divididos em capítulos. Em seguida, viu o texto. Umas quatro paginas do caderno. Leu-as atentamente. Tinha um bom uso de palavras, a escrita era simples e boa de ler, talvez prendesse o leitor.

- Por que Storm? – ela perguntou.

- Não sei, na verdade ainda não decidi o nome do personagem. Quero algo forte, nada como Smith ou Roberts. Tem que ser algo de impacto como Bond. O que achou?

- Tem potencial. Daqui a alguns anos veremos se eu estava certa. Eles continuaram conversando sobre vários assuntos. Descobriram que tinham bastante em comum, especialmente o amor pelas artes e cultura de outros países. Descobriu que a moça estudava Frances e tinha pretensão de passar um período na Europa antes da faculdade. Estava encantado com Kate. Ela não era nada parecida com as garotas da sua idade como Rick recordava-se de sua época de escola.

- Que tal continuarmos a conversa fazendo uma caminhada à beira do mar? Um pouco de sol e iodo fará muito bem a nós.

- Tudo bem, desde que me prometa que não ficará me analisando e escrevendo tudo sobre o que falo ou sobre mim. Ah, será que pode passar um pouco de protetor solar nas minhas costas? Tenho pele clara e sensível, se vamos caminhar terei que tirar essa camisa.

- Será um prazer – ela tirou da bolsa o protetor, a camisa semiaberta que usava amarrada à cintura, mostrando as curvas e os seios no top do biquíni. Calmamente, Rick aplicou a loção enquanto ela protegia o rosto do sol, o toque das mãos dele era bem suave e gostoso – importa se passar um pouco nos meus braços?

- Claro que não, vá em frente – devidamente protegidos, eles partiram para a praia. A caminhada proporcionou-lhes troca de opiniões, conhecimento, risos e algumas gargalhadas. Ele era bem divertido, tão diferente de outros garotos. Se bem que não havia comparação, era universitário. Ao consultar o relógio percebera já ser duas da tarde. Ela prometera voltar para casa às três para ajudar a mãe com as compras. Não queria que esse passeio acabasse. Felizmente, Rick pensava como ela.

- Kate, eu sei que isso é meio repentino, ainda mais considerando nossa diferença de idade. Será que você aceitaria sair comigo hoje à noite? Gosta de parque de diversões? Podiamos aproveitar a noite, comer algo, conversar mais. Soube que terá um pequeno luau na praia com banda e tudo. Na segunda-feira, já volto para a minha rotina e não vejo melhor maneira de encerrar o verão que em sua companhia. Não me ache presunçoso por isso.

- Eu adoraria. E para sua informação, adoro parque de diversões. Que horas?

- Às seis na estação do metro de Coney Island está bom para você?

- Perfeito! – ela abriu um sorriso – encontro você no horário combinado. Tenho que encontrar minha mãe. Mal posso esperar para andar de montanha-russa com você, Rick.

- Algo que deveria saber sobre seu gosto culinário? Frutos do mar, carnes, comida chinesa ou alguma alergia que eu deva saber?

- Nada de alergias, apenas me surpreenda – ele se aproximou dela, beijando-lhe o rosto – te vejo mais tarde – dizendo isso, Kate virou as costas para ele caminhando em direção a estação do metro. A viagem de volta para casa, a fez pensar nas diferenças entre as pessoas de sua idade e os jovens universitários. Mundos diferentes. Ela se agradava muito mais das possibilidades do futuro, bailes de formatura, cheerleaders e um bando de patricinhas não faziam seu estilo. Rick era um rapaz fascinante e muito charmoso. Estava ansiosa com a noite de logo mais.

Saiu com a mãe para as compras. Johanna conhecia muito bem a filha, sabia que algo se passava naquela cabecinha. Voltara da praia sozinha e não se mostrava de muita conversa. Começou a fazer perguntas até arrancar dela o assunto que dominava seus pensamentos, um rapaz. Rick. Kate explicou para a mãe seu encanto com as conversas, a visão do mundo e seu lado engraçado. Sua estratégia era fazer Johanna se encantar pelo rapaz a ponto de apoia-la no encontro à noite.

- Ele lhe convidou para sair? Um encontro com um universitário? Kate, eu sei que você é uma garota diferente, centrada, mas um rapaz como ele pode ser, eu não sei, não quero que você se iluda com alguém como ele e de repente...  

- Mãe, relaxa! É só um encontro, um parque de diversões. Irei curtir umas horas ao lado dele, você acha que um cara como Rick iria realmente querer algo com uma adolescente? Ele volta para a universidade na segunda, nem vai se lembrar que eu existo depois. Além do mais, não estou querendo relacionamento, quero focar em trabalhar e estudar para fazer meu intercâmbio. Prioridades, dona Johanna, prioridades.

- Ah, Katie… você é meu orgulho – abraçou e beijou a filha – vá, se divertir. Pelo que falou, ele deve ser mesmo um charme.


Estação Coney Island – seis da tarde


Kate saltou do trem com cinco minutos de antecedência. Trajava um vestido floral bem leve típico do verão e sandálias rasteiras. Ao subir as escadas para o nível principal do metro, ela o avistou escorado numa coluna. Rick estava de calça jeans e camisa polo azul, combinando com seus olhos.

- Olá! Você é bem pontual – inclinou-se para cumprimenta-la com um beijo no rosto – está linda. Pronta para se divertir? Quero explorar bastante aquele parque hoje. Moro em Nova York desde que nasci, porém nunca tinha vindo a Coney. Uma vergonha para um novaiorquino, não?

- Nem tanto. Eu nunca fui a Staten Island, estamos quites.  Vamos?

No parque, eles aproveitaram cada um dos brinquedos. Roda gigante, montanha-russa, trem fantasma e vários jogos de azar. Em menos de duas horas, Kate não se recordara de ter rido tanto com alguém. No estande de tiro ao alvo, Rick não sossegou até conseguir acertar o alvo e ganhar um prêmio para ela. Vinte e cinco dólares depois, ele festejou. Entregou a ela um pequeno ursinho de pelúcia com a camisa branca que dizia “I S2 NY”.

- É lindo, Rick. Não precisava gastar tanto por mim.

- Que isso! Eu quis. Falando nisso, está com fome? Podemos ir jantar agora se quiser, o luau deve começar por volta das nove. Que horas deverá estar em casa?

- Como Cinderella, não posso ultrapassar a meia-noite.

- Ah, o título de princesa combina com você – ele a guiou até o restaurante escolhido por ele. Típico da cozinha americana. Sentaram-se à mesa, mantendo a conversa enquanto olhavam os cardápios. Rick foi bem direto – resolvi trazê-la aqui porque que se tem algo que qualquer novaiorquino que se preze ama é um belo steak, NY style.

- Sim, acertou em cheio. De preferência se for acompanhado de uma porção generosa de batatas fritas com bastante cheddar e bacon.

- Meu tipo de garota! – exclamou Rick fazendo o pedido. Quando estavam devorando as batatas, Kate percebeu que ele bebia coca-cola. Isso chamou sua atenção.

- Por que não está bebendo uma cerveja, Rick? Tenho certeza que gosta.

- Gosto sim, mas não seria justo. Não beberei em respeito a você – ela sorriu, acabara de ganhar um ponto especial. O steak chegou e em meio a conversas adoráveis e divertidas, eles jantaram. Rick contara algumas de suas confusões arrancando gargalhadas dela. Ao ser perguntada quanto a sobremesa, Kate optou por um sorvete a caminho da praia.

A banda já estava a postos no palco montado na praia. Havia fogueiras em vários pontos da areia e não tinha tanta gente como Kate imaginara. A lua cheia brilhava imponente no céu límpido envolta por muitas estrelas. Parecia encomendada para eles. Sim, Kate estava entrando no clima romântico. Já passara pela sua cabeça se Rick tentaria algo nessa direção. Quando os primeiros acordes da música surgiram, Kate involuntariamente balançava o corpo. O olhar desviava sorrateiramente para observa-lo. Rick sabia que deveria dar o próximo passo. Quando uma nova canção começou, sugestivamente fora impossível resistir. Ele virou-se para fita-la, fez um carinho no rosto dela mantendo uma das mãos ali, sentindo a pele macia com o polegar. Aproximou os lábios.  


Kiss me out of the bearded barley
Nightly, beside the green, green grass
Swing, swing, swing the spinning step
You wear those shoes and I will wear that dress.


O primeiro toque foi sutil, delicado. A outra mão puxou-a pela cintura diminuindo a distância entre os corpos e aprofundando o beijo quando Kate separou seus lábios convidando-o a recebê-lo com mais vontade. As línguas se exploravam, testando, provando curtindo o momento. Ele beijava muito bem. A proximidade do toque foi experimentada pelas mãos nos corpos, conhecendo-se. O beijo evoluiu para um amasso mais quente, o que levou Rick a parar abruptamente quando acabou apertando o seio dela.

- Desculpe, eu exagerei.

-Não, tudo bem. Eu gostei, Rick – puxando-o pela mão, Kate o levou até uma das fogueiras, tendo seus braços envolvendo a cintura dela, o guiou até um dos seios, indicando que queria aquilo. Rick não conseguia parar de beija-la. Lábios, pescoço, orelhas. Adorou o gosto e o cheiro da pele de Kate.


Oh, kiss me beneath the milky twilight
Lead me out on the moonlit floor
Lift your open hand
Strike up the band and make the fireflies dance
Silver moon's sparkling
So kiss me


Era uma delicia beija-la.

A bela noite cooperava para o momento relaxante e romântico. Kate arrastou Rick até uma máquina de fotos instantâneas, tiraram vários takes fazendo caretas, zoando e beijando-se. Uma copia para cada um.

De mãos dadas, eles caminharam até a estação do metro, seguiriam em trens opostos.

- Eu gostei muito do nosso encontro. Você é uma excelente companhia, Kate.

- Você também – ele relutou um pouco antes de voltar a falar.

- Olhe, Kate. Eu poderia pedir seu telefone, dar o meu e criar falsas esperanças. Você não merece isso. A verdade é que uma vez de volta à universidade, sei que não terei tempo para prometer nada, especialmente um relacionamento. Você está focada em seus objetivos, eu também. Eu adorei te conhecer.

- Tudo bem, melhor assim. Um flerte de verão. Foi um prazer conhecê-lo, Rick. Espero que consiga realizar seus sonhos.

- Você também, Kate. Sei que será uma grande mulher. Quem sabe um dia nos encontramos pelas ruas de Nova York? Seria uma feliz coincidência, não?

- Ah, Rick! Coincidências não existem. Você será famoso e sequer se lembrará de mim, uma simples adolescente que conheceu no verão de 95 – sorriu – um beijo de despedida? – Rick abraçou-a sorvendo seus lábios. Ao se distanciar dela, ele virou-se sorrindo.

- Kate, ao contrário do que pensa, você é uma mulher difícil de se esquecer – desceu a plataforma deixando a moça com um suspiro e um sorriso nos lábios. 


Sete anos depois…


Kate Beckett caminhava pela quinta avenida. Acabara de sair do consultório de sua terapeuta. Sua terceira sessão. Depois de três anos obcecada com o assassinato da mãe, Kate resolveu que era hora de tomar as rédeas da sua vida. Precisava trabalhar, seguir adiante. Terminara um relacionamento promissor há quase um ano por causa da sua loucura. Há três meses, descobrira os livros de um escritor de mistério muito interessante. Lera quatro títulos rapidamente, mesmo trabalhando na polícia, casos assim a fascinavam. Virara fã.

Pelo jornal descobrira que o autor, Richard Castle, estava fazendo um lançamento esta tarde numa livraria próxima de onde estava, por que não tentar um autógrafo? A livraria estava cheia. Pegando um exemplar do livro, dirigiu-se ao caixa. Pagou e aproveitou para ficar na fila. Lia a orelha do livro, tentando se transportar para o mundo de Storm. Gathering Storm. O que havia de tão familiar nesse nome? Ela passara mais de uma hora esperando por sua vez de ter o exemplar autografado. Estava curiosa e ansiosa por conhecer seu autor favorito naquele dia, por tudo o que representava para sua vida.

Era sua fuga, seu refugio para retomar a vida normal na polícia. Foram suas histórias que lhe tiraram do buraco negro em que se metera por depressão e decepção diante do caso sem solução da mãe. Finalmente, chegara sua vez. Entregando o livro a ele, percebeu que não erguera os olhos para fita-la, apenas perguntou.

- A quem devo dedicar?

- Kate, pode dedicar a Kate – ele ergueu a cabeça sorrindo. Ao deparar-se com o rosto dela, ficou boquiaberto. Não era possível. Era ela.

- É você… olá, Kate – vendo que ela parecia não o reconhecer, insistiu – não se lembra de mim?

- É a primeira vez que venho a um desses eventos de autógrafos, apesar de ser sua fã – sorriu – não o conheço pessoalmente, até agora.

- Não mesmo? Rick? Coney Island? Verão de 95 – então a ficha caiu. Agora quem estava surpresa era Kate. Quais as chances?

-Não, não pode ser. Rick? Aquele Rick? Seu nome era…

- Rogers, o sobrenome da minha mãe. Eu acabei trocando por questões de marketing. Uma vez uma certa garota de dezesseis anos me disse que precisava de algo impactante. Sou Rick Castle, agora.

- Você ainda se lembra disso? Lembra de mim? – Kate estava feliz com o encontro.

- Como eu disse uma vez, você é uma mulher difícil de se esquecer, Kate. E continua linda – ele autografou o livro, devolveu-o para ela – se importa de esperar até a sessão acabar? Eu adoraria te pagar um café e descobrir o que anda rolando na vida dessa advogada bem sucedida – o sorriso desfez-se ao comentário, relutante, Castle insistiu – por favor, pelos velhos tempos.

- Tudo bem, vou espera-lo para um café.

Meia hora depois, Castle a encontrou sentada em uma das mesas da Starbucks com uma garrafa d’água já quase vazia. Ela folheava o livro. Adorara o que ele escrevera. “Para Kate, uma mulher especial no verão de 95. Um beijo. Rick Castle (aka Rogers)”.

- Oi! Demorei muito? – ele perguntou inclinando-se para dar um beijo no rosto dela – estou desejando um café, o que vai querer? Cappuccino, expresso, latte?

- Grande skin latte sugarfree vanilla.

- Ótimo, vou de macchiato. Quer um brownie para acompanhar? Você quer – não deixando Kate se manifestar. Ela riu. Continuava a mesma pessoa alegre que ela conhecera anos atrás. Não demorara tanto, entregara seu café a ela, sentando-se na cadeira de frente para a bela mulher. Os cabelos estavam mais curtos, presos a um rabo de cavalo. O rosto continuava lindo, mas os olhos amendoados exibiam uma certa tristeza, reparara também nas olheiras. Cansaço, talvez? Não, algo no semblante dela não lembrava o daquela moça de Coney Island – então, como vai a vida, Kate? Está perto da suprema corte?

- Você conseguiu – ela desconversou – se tornou um escritor famoso. Era por isso que achei o nome Storm familiar. Li todos os seus livros publicados sem saber que era você. Nossa! Como as coisas acontecem estranhamente nas nossas vidas…

- Eu diria que é um belo encontro. Os anos fizeram bem a você, Kate. Aposto que está casada... hum, sem aliança. O que há de errado com os homens de Nova York? – Kate sorriu tomando um gole do seu café – então, você não me contou o que aconteceu durante esses anos.

- Muita coisa mudou. Eu não sou advogada. Trabalho com outro tipo de justiça. Sou policial, detetive da NYPD na verdade, fui promovida ano passado.

- De advogada a detetive. É uma mudança e tanto. O que aconteceu? Uma mulher inteligente e bem educada como você não decide entrar para a polícia por livre e espontânea vontade, não quando se tem sua vida toda planejada, seus sonhos, seus objetivos, a menos que... o que houve, Kate?

- Mudei de ideia.

- Não, a Kate que conheci não desistiria dos seus sonhos assim. Você é determinada. Queria conhecer o mundo, morar na Europa, falar francês.

- Eu fiz isso.

- Então, aconteceu depois que você voltou.

- Por que insiste? Por que eu apenas não posso ter mudado de opinião, Rick?

- Por que há sempre uma história, uma cadeia de eventos que nos desafia e nos coloca em meio a obstáculos. Se você mudou, foi por um motivo muito forte – ela suspirou – acertei, não?

- Foi a minha mãe, ela foi assassinada. O culpado não foi pego até hoje. Eu entrei para a academia querendo fazer justiça a ela e a tantos outros. Eu fiquei obcecada com a ideia de colocar o assassino na cadeia. Perdi alguns anos da minha vida, minha sanidade e por pouco não perdi meu emprego. Estou me recuperando, tentando seguir em frente. Você tem me ajudado nisso, com seus livros. Eu nem sabia que era você.

- Eu sinto muito, Kate. Eu não consigo imaginar sua dor. Eu não conheci meu pai, então é mais fácil conviver com a ausência. Mas você teve sua mãe a seu lado, trocou ideias, recebeu carinho – percebeu que os olhos dela encheram-se de lágrimas – desculpe, por favor, não chore. Não foi minha intenção.

- Obrigada, Rick. Significa muito para mim você entender o que posso estar vivendo – ela estendeu a mão para acaricia-lo em gratidão – foi uma surpresa boa reencontrar você.

- Sim, também acho. Você uma detetive, isso deve ser maravilhoso. As cenas dos crimes, as testemunhas, o interrogatório. Adoraria ver você em ação.

- Crimes da vida real não se comparam com seus livros, Rick. A maldade humana me assusta. É um trabalho estressante, tenso, difícil. Encarar familias desfeitas, o ódio das pessoas. Chega de falar de coisas ruins. Conte-me o que anda aprontando nessa sua vida louca de celebridade.

- Eu tenho ótimas histórias, porém somente aceito conta-las se você jantar comigo. Pelos velhos tempos? Tem um restaurante maravilhoso chamado Le Cirque, conhece? O filé é de morrer! Topa?

- Tudo bem, não é todo dia que eu recebo um convite para jantar de um autor de best-sellers. O criador de Derrick Storm – ele saiu acompanhado dela, entrou no seu carro uma bela BMW rumo ao restaurante. Em uma mesa distante da muvuca do restaurante, eles conversaram regados a um vinho tinto delicioso. Rick contava suas peripécias na época da faculdade e depois de se formar. Ela ria demais das loucuras.

- Você roubou um cavalo da polícia? Que louco!

- Não roubei, peguei emprestado. Não me pergunte porque andei nele nu.

- Meu Deus, Rick. Quando o conheci, você parecia um rapaz tão centrado, tão quieto. Eu nunca imaginaria isso, não com a imagem que tinha ao lhe conhecer. E por onde anda a Sra. Castle? – ele mostrou a não existência de aliança em seu dedo.

- Pensei tê-la encontrado, mas me enganei. Ela não queria as mesmas coisas que eu, sequer a pedi em casamento.

- De coração partido, é um pouco meigo. Nada de namorada?

- Solteiro e desempedido. Kate, você já se perguntou quais as chances de nos reencontrarmos após tantos anos? Não é coincidência. Foi inesperado. Como nosso primeiro encontro. Rápido e inesquecível. Eu ainda tenho aquelas fotos, as guardei dentro do primeiro exemplar do meu primeiro best-seller. Você acreditou em mim, Kate.

- Apesar de ter apenas dezesseis anos, eu vi que tinha talento – ele tomou as mãos delas nas suas, roçando as pontas dos dedos de leve na pele – acho que tinha razão. Também tenho o ursinho.

- Eu senti saudade da menina de olhos amendoados, não sabia disso até ver você na minha frente hoje. Quer dar um passeio no Central Park? Uma caminhada para conversarmos mais?

- O Central Park é um lugar perigoso à noite – ela disse sorrindo.

- Que sorte a minha de estar acompanhada de uma detetive da NYPD – ambos riram. Castle pagou a conta e deixaram o restaurante. Com o carro estacionado ao redor do parque, eles caminhavam pela trilha interna conversando. Novamente, o momento se repetiu. As histórias, as brincadeiras, as risadas, era como uma sensação de déjà vu, exceto pelo clima frio do inverno. Sem perceberem, estavam de mãos dadas, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ao final da trilha, perto de onde atravessariam para pegar o carro, Castle a parou.

A forma que olhava para ela sugeria desejo e ternura, ela percebeu nos belos olhos azuis. Kate sentiu um arrepio percorrer-lhe a pele. Ele continuava lindo e charmoso. Ela tinha vontade de beija-lo, a curiosidade de saber mais como era o homem Rick a intrigava.

- Kate, você se lembra daquela noite? Pensa nela?

- Pensei por uns dois meses, talvez três. Não vou mentir para você. Depois, passou. Achei que nunca mais o veria. Por que?

- Eu pensei durante muito tempo. Seu rosto ficou preso a minha mente por muito tempo. Não esqueci, realmente. Aconteceram outras coisas. Porém, semana passada eu voltei a pensar em você. Isso não é estranho? Aquela música, eu não esqueci – ele puxou o celular, deu alguns comandos. A melodia voltou a tocar.


Kiss me out of the bearded barley
Nightly, beside the green, green grass
Swing, swing, swing the spinning step
You wear those shoes and I will wear that dress.


Ele não esperou por um sinal dela, simplesmente envolveu-a em seus braços e a beijou. As mãos acariciavam os cabelos, as costas trazendo o corpo dela para junto do seu. Kate entregara-se ao beijo como fizera anos atrás. Com os braços ao redor do pescoço dele, deixava seus dedos entrarem pelos seus cabelos obrigando-a a empurrar-se contra si. A intensidade aumentou, um calor começou a tomar sua pele, sentiu o desejo aflorando nas partes mais intimas de seu corpo.         

                   
Oh, kiss me beneath the milky twilight
Lead me out on the moonlit floor
Lift your open hand
Strike up the band and make the fireflies dance
Silver moon's sparkling
So kiss me


Kate deixou as mãos deslizarem pelo peito dele, os lábios de Rick devoravam seu pescoço e uma das mãos apertara seu seio fazendo-a gemer, jogando a cabeça para trás ansiando por mais. Usando os dentes, ele a provocava sugando sua garganta.

- Kate… - os olhos se encontraram, as pupilas dele estavam dilatadas, já sentia a pressão na calça. Excitado apenas em recordar como ela era linda, sexy e descobrira agora, extremamente sensual – o que estamos fazendo ainda aqui? Vamos para o meu apartamento... você quer, eu quero.

-Vamos sair daqui. - Castle nunca dirigira tão rápido. Ao abrir a porta do loft, foi puxando-a pela mão, levando-a ao seu quarto em meio a beijos. Tirara seu casaco, desvendando o corpo esbelto por baixo dele. Kate trajava uma calça jeans e uma blusa vermelha com decote canoa revelando a estrutura dos ombros e colo, extremamente sensual. Ela desabotoara a camisa que ele vestia, jogara a peça no chão, querendo sentir o quanto antes o calor da pele dele. Castle puxou a blusa de Kate sobre sua cabeça revelando um sutiã sem alça. Desfez o botão da calça jeans ajudado por Kate para livrar-se da peça ficando apenas com a calcinha.

Ele afastou-se para contempla-la. Linda, absolutamente linda. Aproximou-se novamente para beija-la. Com destreza, abriu o fecho do sutiã libertando os seios, inclinou o corpo dela para deita-la no colchão. Ajoelhado sobre a cama, começou a explorar o corpo dela. Cada centímetro, cada pedacinho de pele usando os lábios, a língua, os dedos. Apertava seus mamilos, puxava-os e provava-os sugando os seios com a boca. Kate contorcia o corpo ao toque delicioso que experimentava.

A umidade de seu centro crescia a cada movimento dele, estava excitada. Quando sentiu a calcinha sendo removida de seu corpo, ela gemeu em antecipação, sabia qual seria seu próximo movimento. E acertou. Os lábios de Castle beijaram sua intimidade para então prova-la com vontade. Não resistindo às carícias, ela se entregou ao tremor que dominava seu corpo, um orgasmo forte a tomou. Vendo-a contorcer-se ao seu toque, ele não parou de provoca-la. Kate mexia-se e arqueava o corpo. Sentindo que o efeito começava a diminuir, ele levantou desfazendo-se da sua calça e boxer ficando nua sobre o corpo dela.

Recuperada, Kate o empurrou para ficar de costas para o colchão. Sentada nas pernas dele, ela o beijou intensamente. Castle soltou os cabelos dela. Quebrando o beijo, foi a vez de Kate explorar o corpo dele completamente. A boca descia mordiscando a pele do peito, as unhas cravavam em suas laterais, esse jogo de sedução era muito excitante para ele. O membro já ereto e pronto para recebê-la. Arrumando a melhor posição, Kate deixou-se deslizar acomodando-se nele. A sensação era deliciosa. Rick passava as mãos pela lateral do corpo dela até alcançar os seios, acariciando-os.

Os movimentos de ambos eram sincronizados. A dança já praticada por Kate tantas outras vezes, agora parecia singular, única. Não conseguia descrever o que sentia naquele momento. Fechou os olhos para se entregar completamente. Estava tão absorta no momento que tomou um susto ao sentir-se de volta a cama. Rick a contemplava estocando-a com rapidez fazendo o corpo de Kate reagir tremendo enquanto uma nova onda de prazer a cobria. Estava de olhos fechados experimentando o momento.

- Abra os olhos, Kate. Olhe para mim – ela obedeceu encontrando o sorriso cativante dele – você consegue ficar ainda mais linda assim... – ele roubou um novo beijo. Já estava em seu limite e não aguentando mais, após algumas investidas dentro dela, ele sentiu Kate contorcendo a parede vaginal contra o seu membro, isso o fez gozar. Ele se entregou a ela.

Deitando-se a seu lado, Rick permaneceu calado ainda sentindo os espasmos no corpo. Kate aproximou-se dele colocando o corpo sobre a pele suada dele. Beijou-lhe o peito sentindo o coração descompassado começando a controlar-se, ela fazia pequenos círculos com a ponta dos dedos na pele dele. Estava feliz como não se sentia a muito tempo. Erguendo a cabeça, Kate apoiou o queixo sobre a própria mão.

- Hey…

- Hey… - ele respondeu – tudo bem?

- Tudo ótimo – sorriu, ele a envolveu em seus braços – Rick, eu sei que isso vai soar um pouco estranho, mas esse nosso encontro, parece algo que deveria acontecer.

- Você diz predestinado? Para alguém que não acredita em coincidências, isso é um pouco extremo para você, não? Falar de destino?

- Não disse isso. É que na minha lógica tem algo acontecendo aqui. Parece que eu sentia saudades de você, como isso é possível se não nos víamos há anos e sequer dormimos juntos? Como poderia sentir saudades de algo que nunca tive?

- Mistérios do coração que a lógica e a razão não conseguem compreender. Kate, isso não foi uma coisa de momento, uma única noite, certo? Esse encontro não foi por acaso.

- O que quer dizer com isso, Rick?

- Que esse é o inicio de uma bela parceria. Eu gosto de você, quero fazer parte da sua vida, um relacionamento adiado por sete anos. Para mim, nada mudou. É como se o tempo estivesse congelado desde aquele instante, esperando por um novo encontro O que me diz? Podemos tentar?

- Como sabe que eu não mudei? O que te faz pensar que ainda sou em essência aquela adolescente que você conheceu brevemente, por algumas horas?

- O seu olhar. Quando sentei a sua frente no café, percebi a mudança no seu semblante. Tinha um olhar triste. Entendi o porque ao saber da sua mãe. Mas agora, ao olhar nesse instante para você, vejo que sua vivacidade ainda está ai. Ela foi reaparecendo ao longo da noite, aos poucos, à medida que nos aproximávamos. Eu vejo a mesma Kate que conheci na praia de Coney Island, a bela moça que beijei ao som de uma música desconhecida. É você.

- Rick, posso confessar uma coisa? – ele assentiu encorajando-a – eu não me sentia tão bem há muito tempo.

- Então, isso é um sim?

- Só se você provar que é merecedor. Como diz a música, Kiss me... – ele a puxou para si sorvendo os lábios deliciosos com paixão. Uma bela história de amor estava apenas começando.


Oh, kiss me beneath the milky twilight
Lead me out on the moonlit floor
Lift your open hand
Strike up the band and make the fireflies dance
Silver moon's sparkling
So kiss me
                  
THE END