quinta-feira, 31 de março de 2016

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.48


Nota da Autora: Certo, chegamos a outro episódio considerado como um dos preferidos, uma milestone em Castle. Kill Shot. Esse é talvez o episódio que mais me toca na quarta temporada depois de Always. É de um sofrimento, de uma tristeza e um ótimo modo de avaliar Beckett através da terapia, não? Eu tive que criar o terreno (comecei no capitulo anterior, vcs verão) para fazer algo que gostaria de ter visto na série (tudo bem, confesso que a versão de Marlowe funcionou). Também dividi em dois capítulos porque é muito angst em 42 minutos.  


Cap.48

Uma semana depois...

As coisas estavam indo bem no trabalho e na vida pessoal com sua parceria com benefícios. Não que se vissem tanto assim. Desde a última vez, Kate esteve no loft uma vez apenas e para uma pizza. Não dormiram juntos naquela noite, o que deixou a detetive satisfeita porque pode provar sua teoria para a terapeuta de que era possível curtir momentos agradáveis sem pensar em sexo e relacionamento. Dana sorria por dentro ao ouvir a história da detetive. Era sinal de que a sementinha estava plantada e germinando.
Castle ficou uns dois dias longe do distrito para se dedicar ao seu novo livro. Ainda estava montando a estrutura da história. Era engraçado como sentia falta de sua presença no distrito, ver aquela cadeira vazia a incomodava. Talvez por isso ao fim do dia ao chegar em seu apartamento, ela quase ligou para tentar fazer algo. Então lembrou-se do compromisso com o novo livro e do lance da individualidade. Encontraria algo para fazer. Primeiro, um banho. Depois, leria algo ou assistiria TV. Acabou escolhendo um programa de TV e as notícias. Não reparou quando adormeceu com a TV ligada.
No meio da madrugada, ela movia-se de um lado para outro na cama, agitada. A expressão facial demonstrava medo. De alguma forma, ela experimentava perigo. Ela reviveu a cena da morte de Montgomery seguida do seu próprio atentado. Porém, algo diferente acontecia. Sim, ela era baleada, Castle caia com ela tentando salva-la. Ele dizia as palavras poderosas, contudo ao invés de apagar depois disso, ela percebia que Castle estava ferido. Ele estava sangrando. Fora atingido pelo sniper. Deus! Ele sequer se dera conta disso.
- Castle, você está sangrando... Castle, por favor...
De repente, ele começava a sentir-se fraco, o sangue manchava o uniforme de Beckett. Então, ele mencionava as últimas palavras.
- Eu te amo, Kate... – morria em seus braços.
- Não...
Ela acordou assustada. O suor escorria pela pele. O coração palpitava. Suas mãos tremiam, não podia estar acontecendo de novo. Ela tentou respirar fundo, acalmar-se. Isso era inesperado. Por que agora? Estava tão bem, não? O corpo tremia. Enrolou-se nas cobertas mesmo sabendo que não era frio o que sentia. Por longos minutos ela permaneceu deitada e imóvel. Checou o relógio. Duas da manhã. Ainda levou um bom tempo até dormir outra vez.
Na manhã seguinte, ela não mencionou nada para Castle. Nem mesmo para Dana na terapia. Podia ter sido apenas um pesadelo, não? Talvez ela estivesse exagerando, não havia motivo para pânico. Infelizmente, na noite seguinte ela tornou a experimentar o mesmo sonho. Cada pedacinho dele. Quando o pesadelo se repetiu pela terceira vez, Kate decidiu se render a solução aplicada da última vez, aquela que relutara tanto em aceitar. Teria que dormir com Castle. Se os pesadelos não acontecessem, era um claro sinal de que seus ataques de pânico estavam de volta. Apenas precisava de um pretexto para ficar no loft.
Como Castle voltara a aparecer no distrito naquela manhã, após entregar-lhe seu café sentou-se em sua cadeira.
- Então, detetive, estive fora por dois dias. O que aconteceu por aqui de excitante?
- Não muito. Estamos finalizando um caso que surgiu ontem. Muito simples, previsível. Nada a altura do escritor ou de suas teorias. Crime passional. Vingança. Na verdade, os rapazes estão trazendo nosso suspeito para a delegacia. Se quiser me acompanhar no interrogatório, fique à vontade.
- É sempre interessante vê-la atuando e quem sabe eu não consiga extrair algo interessante para o meu livro desse simples interrogatório? É sempre um prazer acompanha-la.
- Falando em livro, você conseguiu evoluir na sua nova história? Foram dois dias imerso em ideias. Acabou?
- Não, consegui alguns plots interessantes, porém preciso de alguns ajustes. Definição de inimigos, haverá alguns problemas de relacionamento, está começando a tomar forma. Criei um perfil completamente novo para sua mãe, melhor dizendo, a mãe da Nikki. Sei que você não gosta de spoilers, mas se quiser ver e dar sua opinião, eu não me importaria. E você pode sugerir, não está de todo finalizado. Você não saberá quem é o vilão e nem como a história termina. Ainda não cheguei nessa parte.
- Pode ser construtivo. É essa a forma que você encontrou de pedir minha ajuda porque está preso em algum ponto da história que não consegue escrever? Quer ver se eu irei fazer alguma sugestão pertinente? – apesar de implicar, ela viu nisso a oportunidade perfeita para ir ao loft.
- Cedo demais? – ele perguntou envergonhado.
- Muito previsível e evidente. Porém, eu vou lhe fazer esse favor. Depois que ficharmos o cara, termino a papelada e nós iremos para o loft.
- Ótimo, mas vou logo depois que você prender o suspeito. Nada de relatório – ela revirou os olhos.
- Que seja, eu levo o jantar. Chinesa?
- Japonesa... sushi e sashimi, por favor.
- Tudo bem, Castle. Japonesa será. Aí vem os rapazes. Trouxeram nosso suspeito?
- Sim, está na sala de investigação 1 – Beckett levantou-se pegando a pasta do caso.
- Você vem, Castle?
- Claro!  
Como Beckett previra, o interrogatório fora muito rápido. Era interessante ver como as pessoas cometiam atos vis e diziam ser acidentes para depois chorar e apelar na justiça. Começara com uma brincadeira e terminara em morte. Muito tarde para arrependimentos ou lágrimas. Beckett mandou Esposito ficha-lo e passar as informações para a promotoria. Fim de mais um caso.
Voltou a sentar em sua mesa. Castle não fez o mesmo, porém antes de sair, ele entregou a ela uma caneca de café.
- Divirta-se com sua papelada. Estarei esperando-a para a consulta no loft. Não esqueça o jantar.
- Até mais, Castle.
Beckett ainda precisou de duas horas na delegacia para concluir tudo e enviar o relatório para a capitã. Satisfeita, despediu-se dos rapazes e rumou para o loft. Somente agora percebera que estava com fome. Chegou o relógio. Quase nove da noite. Pelo horário, seu plano de passar a noite com Castle podia funcionar.
Ao abrir a porta para ela, Castle se deparou com uma sacola enorme de comida.
- Espero que esteja com fome, porque eu estou morrendo...
- Já não era sem tempo, Beckett. Me dê isso, vou colocar na mesa da sala. Podemos comer e começar a conversar sobre o livro com as minhas anotações.
- Espera, você não vai me mostrar aqueles arquivos eletrônicos cheios de links que me lembram o quadro de evidências?
- Não ainda, detetive. Quero sua opinião em pequenas coisas, você tem que ganhar o direito de ter mais acesso.
- Não foi bem isso que você disse no distrito, ao meu ver, estava praticamente implorando por ajuda com seu plot... – ela sentara-se ao lado dele já se servindo de sushi. Castle também começara a comer – esse é mais um dos seus truques para ficar a sós comigo, Castle? – isso, desvie a atenção para que ele não perceba que quem quer estar ali é você, ela pensou.
- Como pode pensar isso de mim, detetive?
- Anos de convivência? Por que quis que eu viesse?
- Fui sincero, preciso de ajuda. Vou lhe mostrar – ele puxou um de seus blocos de anotações e começou a explicar o que pretendia para ela. Kate se deixou levar pela conversa e acabou se envolvendo bastante na discussão. O papo evoluiu e criou uma atmosfera interessante para os dois, ela sugeria, ele contestava e por vezes anotava alguns pontos levantados por ela. Não perceberam a hora passar. Quando ela pediu licença para ir ao banheiro foi que consultou o relógio reparando que eram meia-noite.
- Castle, já são meia-noite. Estou cansada. Já acabamos?
- Podemos parar por aqui, você ajudou bastante, Beckett. Você veio de carro ou metro? – mesmo estando com seu veículo estacionado no quarteirão vizinho, ela resolveu omitir essa informação. Poderia lucrar com isso.
- Metrô.
- Ah, então está tarde para voltar para casa. Melhor ficar por aqui.
- Castle, eu sou uma policial. Ando armada. Sei me defender.
- Ah, claro que sim. Nem pensaria o contrário, mas por que se dar ao trabalho de se arriscar quando pode apenas dividir a cama comigo?
- Você planejou isso? – ela perguntou querendo ver um pouco de culpa no rosto dele, ele não era bom em disfarçar – incrível! E eu achando que era apenas um pedido inocente de ajuda – ótimo! Faça ele sentir-se responsável, pensou, assim nunca saberá seu real motivo.
- Kate Beckett, como pode pensar tão mal de mim? Tudo bem, não irei considerar isso uma ofensa. Você fica?
- Tudo bem, mas vou logo avisando. Nada de sexo. Vou apenas dormir com você, literalmente.
- Justo. Vamos para o quarto? – satisfeita, ela o acompanhou. Kate tirou a roupa, tomou um banho rápido e vestiu uma camisa de Castle para dormir. Ela se aconchegou ao lado dele encostando seu corpo no peito largo e quente, sentiu a mão dele em seu estomago puxando-a mais para perto. Ela agarrou o edredom e cobriu-se.
- Está confortável, Beckett?
- Estou. E você trate de se comportar. Posso sentir sua alegria contra minhas pernas, Castle.
- Difícil evitar... – ele mordiscou a orelha dela. Um arrepio percorreu o corpo dela ao sentir a boca tão próxima.
- Tente... – ela também tentaria apenas fechar os olhos e dormir esperava que os pesadelos não a incomodassem quando estivesse na companhia dele. Era assim que deveria ser. A noite foi tranquila, porém nas primeiras horas de raio de sol, ela começava a agitar-se. O pesadelo tornava a assombra-la. Tudo exatamente igual. Assustada, ela chamou por ele. Castle acordou de imediato.
- O que aconteceu, Kate? – ela permaneceu calada organizando seus pensamentos. Não queria dizer a verdade para ele ainda. Nem sabia ao certo o que acontecia.
- Só um sonho agitado. Desculpe tê-lo acordado – ele ajeitou os cabelos dela com carinho.
- Era um pesadelo?
- Um sonho muito louco. Já passou – Kate escondeu as mãos tremulas por baixo do edredom para que ele não as visse - Volte a dormir, ainda temos umas duas horas – ele a puxou contra si. Inclinou-se para beija-la. Ao afastar-se, falou.
- Feche os olhos, durma. Estou bem aqui.
Dois dias depois, ela chegara para sua consulta com Dana. Não podia fugir do assunto dos pesadelos. Precisava entender o que acontecia com ela, temia a volta da PTSD. Após cumprimentar a amiga, conversaram amenidades, ela perguntou sobre a tal parceria com benefícios. Gostaria de saber como isso estava se desenvolvendo. Kate achou que era uma boa hora para responder e introduzir aquilo que a incomodava.
- Estamos bem. Disse para você que não era sempre sobre sexo, já estivemos juntos apenas para comer e conversar.
- Claro, garanto que é possível – com um tom sarcástico na voz – e durante essas pequenas reuniões você não quis agarra-lo?
- Dana, nem tudo na vida é sobre sexo.
- Falou como uma boa terapeuta, Kate – Dana sorria, ela estava se deixando levar pelo relacionamento.
- Tem um outro assunto que gostaria de discutir com você. Um pouco mais sério. Você se lembra dos pesadelos que tinha com as crises de trauma? As noites mal dormidas, os tremores nas mãos? – Kate suspirou fitando por um momento as mãos sobre as próprias pernas – e-eu acho que eles voltaram, Dana.
- Aqueles sonhos com Josh matando Castle?
- Não. É diferente agora, não há Josh. Sonho com o capitão Montgomery, sua morte, o sangue e depois com o meu atentado. O tiro, a queda com Castle sobre mim, as palavras dele. Só que dessa vez, eu não apago. Castle é atingido pelo sniper, está sangrando e morre em meus braços. Nesse momento, eu acordo. É horrível. Todos aqueles sintomas de volta. Por que isso está acontecendo comigo outra vez, Dana? Eu achei que estava curada. Até tentei a teoria que testamos antes, de eu dormir com Castle, não funcionou. Tive o pesadelo do mesmo jeito. Por que?
- Kate, você se lembra das nossas primeiras conversas na cabana quando disse que se não dedicasse um tempo para a terapia seria consumida pela PTSD? Você me escutou e conseguimos avançar. Mas o reflexo do trauma ainda está em você porque não consegue esquecer o que aconteceu. Não desistiu de procurar seu algoz e o assassino de sua mãe. Isso continua vivo em algum lugar do seu subconsciente até que decida esquecer por completo. Algo trouxe essa sensação de perigo de volta. Tende a ser mais forte que a anterior com Josh porque com o tiroteio você se feriu. Houve dano real.
- E como faço para parar? Por que não adianta dormir ao lado de Castle?
- Meu palpite é porque o perigo envolve a ambos. Algo engatilhou a PTSD novamente e estou inclinada a dizer que foi o lance do banco, no qual você realmente se viu muito próxima de perder Castle. A explosão, o medo. Seus sentimentos são muito fortes, Kate. Seu instinto de proteção para com Castle. Por isso sonha com a morte dele, porque te apavora. Ainda não sei porque associa ao seu próprio atentado. Teria alguma razão especifica?
- O livro... na outra noite quando pretendia testar a teoria de que dormir com ele ajuda a não ter pesadelos, eu e Castle estávamos discutindo seu livro. Ele fala sobre a mãe de Nikki, sua morte e apesar da história ser diferente...
- A conversa a fez pensar em sua mãe. Por isso o pensamento em Montgomery e no seu tiroteio. Chegamos a algum ponto.
- Como faço para parar, Dana? Eu não quero me sentir vulnerável ou fraca diante de pesadelos. Não quero sucumbir as crises de PTSD. Você tem que me ajudar.
- Não é um caminho fácil, Kate. Depende bem mais de você do que de mim. Posso receitar alguns tranquilizantes como fiz da outra vez, o mesmo remédio que lhe dei na cabana. Isso não é o suficiente.
- Você está dizendo que isso será algo constante na minha vida, que vai e volta?
- Não, a PTSD é bastante subjetiva. Ela cessa. Mas tudo depende da mente do paciente. Ele, no caso, você tem que lutar contra isso.
- E como faço isso?
- Não há receita de bolo, Kate. Porém no seu caso tenho que dizer que a única forma de lidar com as crises para livrar-se delas é aceitando que não pode fazer do caso da sua mãe o seu objetivo de vida. Aceitar que precisa entender que sua mãe não iria pensar menos de você porque não colocou seu assassino atrás das grades.
- Você está me dizendo para desistir do caso mais importante da minha vida? Você soa como o Castle há meses atrás.
- Sim, é verdade. Na minha opinião, ele tinha razão.
- Essa é a forma que você vai me ajudar? Concordando com Castle? Ótimo! Obrigada por nada.
- Hey! Estou lhe dizendo o que precisa fazer, lhe darei o remédio, mas sozinhas pílulas não fazem milagres, Kate. Quero que entenda: o trauma que sofreu deixou cicatrizes físicas e psicológicas. O mais cedo que você entender que precisa de tratamento, mais rápido os sintomas desaparecerão.
- Me dê as pílulas, Dana, quanto ao resto, não me sinto preparada para discutir – Dana entregou a receita do medicamento para a detetive. Não desejava que ela estivesse experimentando isso agora que sua vida estava entrando nos eixos, infelizmente, sabia que um dia ela teria que lidar com tudo. PTSD não é um diagnóstico fácil de tratar se o paciente se recusa a ajudar. Não importava, ela estaria ali sempre que a amiga precisasse.
- Kate, se cuida. E qualquer problema, pode me ligar, a qualquer hora. Mais uma coisa, acho que você deveria falar sobre esse assunto com Castle. Ele está próximo a você bem mais que eu. Como seu parceiro, merece saber.
Ela fitou a terapeuta calada. Porém, seu olhar dizia tudo. Não contaria para Castle.
- Ele não irá acha-la fraca ou covarde por isso, Kate - a detetive suspirou.
- Até a próxima, Dana – saiu do consultório.

Uma semana depois...

Kate Beckett começara a tomar a medicação. Os pesadelos não cessaram. Após sua última conversa com Dana, ela ficara ainda mais confusa. Se o que a terapeuta falava era verdade, não sabia se estava preparada para aceitar essa mudança em sua vida. Ao pensar em si mesma, Kate não conseguia definir-se sem a memória da mãe e do assassinato. Esse foi seu esteio de vida por longos anos. Também não conseguia visualizar o que viria em seguida. Como se livrar do passado? Era confuso. Era como se Dana estivesse pedindo para ela se reinventar.
Por mais absurdo que parecesse para a sempre racional Beckett, dessa vez, ela estava avaliando as colocações da terapeuta com cuidado. Passava mais tempo perdida em pensamentos que antes, como se quisesse considerar a opção. Não contara sobre suas crises e os pesadelos para Castle. Em seu modo de pensar, revelar o que se passava com ela apenas serviria para despertar nele uma preocupação desnecessária com seu bem-estar e possivelmente acabariam discutindo já que no passado ele já pedira para que esquecesse o caso da mãe.
Ela era forte, uma policial treinada. Podia lidar com a PTSD. Seria do seu jeito. Decidida, Beckett sentiu-se segura para continuar encarando os desafios e o trabalho. Até que um caso em particular apareceu, forçando-a a reavaliar a importância do trauma em sua vida.
Naquela manhã quando caminhava ao lado de Castle, ela sentia-se bem. Tomara a sua pílula logo cedo e embora não visse um resultado expressivo, ela se enganava dizendo a si mesma que estava evoluindo. Ao se deparar com a mulher atingida na calçada, agachou-se para estuda-la melhor. Um único tiro no peito. Sim, uma bala precisa e estava morta. Instintivamente, Beckett levou a mão ao peito, no mesmo lugar onde ficava a sua cicatriz.
Enquanto os rapazes discutiam com Lanie e Castle as informações do caso, ela começava a sentir-se extremamente sensível a tudo a sua volta. Os sons, as cores, os movimentos, tudo era amplificado em seus sentidos. Beckett fechou os olhos procurando se acalmar. Podia ouvir as batidas de seu coração aceleradas. Calma, ela dizia para si mesma. Não é hora de ter uma crise. Você precisa fazer seu trabalho. Respirou profundamente e encarou Lanie para ouvir detalhes da causa da morte.
De volta ao distrito, ela sentia-se melhor. O que parecia ser um caso isolado, acabou se transformando no pior pesadelo de um detetive. Um assassinato em série.
Lanie chamou-a no necrotério para explicar o que achara. A vítima levara um tiro de uma arma especial, um rifle, enquanto conversavam sobre como o crime ocorrera, Beckett notou que os amigos estavam evitando usar a palavra sniper por conta do que acontecera com ela meses atrás. O sniper era bom, Esposito confirmou devido a trajetória da bala e a distância.
Naquele dia em casa, Beckett se olhava no espelho. Trajava calça e sutiã. Observava a silhueta de seu corpo e as marcas deixadas pelo seu atentado. Tocando e olhando sua cicatriz no peito, a mente trazia de volta os acontecimentos daquele dia. Estava bem acordada relembrando cada momento de angustia. Respirou fundo, não podia sucumbir. Em algum lugar de Manhattan, uma segunda vítima teve o mesmo destino. Ao confrontar as primeiras informações, Esposito confirma que se trata do mesmo cara.
Novamente, estar na cena do crime aberta em meio a prédios mexeu com os sentidos dela. De repente, ela observava a área de maneira ansiosa, nervosa, como quem procura um próximo ataque. Eles notam que ela parece diferente, mas Beckett disfarça dizendo que está apenas procurando entender porque essas vítimas.  Descobriram que eram vítimas aleatórias que nada tinham em comum até agora. Porém, o local do tiro fora bem estudado antes.
Por mais que se esforçasse, Beckett estava sendo afetada pelo caso. Não conseguia separar seu próprio atentado e a crise de pânico enquanto trabalhava. Seu objetivo era não parecer nervosa ou ansiosa com a situação para que Castle não percebesse e começasse a fazer perguntas. Bastou uma sirene da polícia e seu deslize, sim chamava a pequena crise assim, aconteceu.
Um carro da polícia encostou na calçada disparando a sirene. Assustada com o barulho, Kate, de olhos arregalados e visivelmente perturbada, escondeu-se atrás de uma lixeira. Todos ficaram olhando-a sem entender o que se passava. Mas Castle tinha uma ideia do que fosse.
Ao voltarem para o distrito, Gates reunira todo o seu pessoal para discutir sobre o caso, pedir sua máxima atenção para pegar o suposto atirador. Enquanto a capitã tentava colocar seu distrito a par do caso, Beckett tentava lidar com a crise que acabara de sofrer. Não podia fraquejar. Olhava para todos no salão. Porém, apenas Castle parecia saber o que realmente ela estava pensando. Seu olhar era direto para ela. Ele se aproximou.
- Foi apenas um reflexo. Poderia ter acontecido com qualquer um.
- Eu não sou qualquer um.
- Só falei.
- Não fale – ela respondeu um pouco mais alto que o normal.
Gates lhe fez perguntas sobre a conexão das vítimas. Ela respondeu que ainda não tinha nada. A capitã continuou falando, Beckett desligou-se, tudo ao seu redor parecia tão distante, tão estranho. Sentiu as mãos tremerem, a garganta fechar como se sufocasse. Ela precisava sair dali. Precisava ver Dana. Ryan tentou chamar sua atenção falando de um vídeo de segurança, ela não se importou e deixou o distrito. Agora Castle estava realmente preocupado.
No consultório da terapeuta, ela desabafava.
- Não. Você não entende. Preciso estar bem.
- O que não é sempre uma escolha, Kate. Já falei antes, o que você descreve como insônia, tremores, hipersensibilidade e claro os pesadelos, são sintomas clássicos de PTSD.
- Eu não tenho PTSD, não mais. Trabalhamos nisso, Dana!
- Você levou um tiro de um sniper. Acho justo dizer que esse caso te trará problemas. Problemas que você ainda não lidou.
- Tudo bem. Lidarei com eles. Agora eu preciso descobrir como acabar com isso.
- Não vai acabar, não sem tempo e tratamento. O trauma psicológico é tão real quanto o trauma físico.
- Pessoas estão morrendo. Eu não tenho tempo para choramingar sobre algumas cicatrizes.
- Ok, então qual é a alternativa? Andar por aí sentindo que há um alvo nas suas costas, pensando que cada brilho de janela é a mira de um sniper?
- Deve haver algum comprimido. Uma medicação mais forte que eu possa usar. Ou aumentar a dosagem para me acalmar. Ajudar a aliviar a pressão.
- Medicação pode ajudar, mas não imediatamente.
- Então o que?
- Para começar, acho que você deveria considerar afastar-se do caso.
- Não acha que posso lidar com isso?
- Estou dizendo que você não precisa. Não é a única policial na cidade, Kate – ela passou as mãos no rosto, nervosa, sentindo-se encurralada. Não podia ceder. Dana estava errada.
- Também acho que devia conversar com Castle sobre isso. Ele pode ajudar. Aposto que não contou a ele.
- E lá vem você de novo com essa conversa. Quer saber? Você não vai me ajudar em nada. Eu me viro. Eu estou bem. Obrigada – ela se levantou encaminhando-se para a porta. Dana a deixaria ir. Estava de cabeça quente e nada que falasse naquele momento ajudaria. Beckett não iria ouvi-la.
No distrito, Castle remoía o tratamento que recebera de Beckett, sabia que ela não estava bem.
- Quão preocupado devo ficar com Beckett? Ela nunca me cortou assim antes. Falo sério.
- Não é fácil quando se toma uma bala no peito.
- Pelo menos ela não se lembra – disse Castle.
- Ou ela não quer se lembrar. Coisas assim é melhor manter numa caixa, esse caso pode ter aberto a caixa – as palavras de Espo deixaram Castle pensativo. Será que ela não queria se lembrar? Como poderia ajuda-la? Sabia que ela não ia querer conversar sobre o assunto.
- Por enquanto, só dê espaço a ela e não tome como pessoal – Castle decidiu ouvir os conselhos de Esposito.         
Esposito recebe uma ligação avisando que a unidade de peritos encontrou o lugar de onde o sniper atirou na segunda vítima. Castle seguiu com ele para o local. Confirmaram a visão da cena do crime, porem para Espo estava errado não havia uma visão mais clara. De repente, Castle nota algo próximo a janela. Um boneco de papel. Finalmente sentindo melhor o lugar, o detetive simulou o tiro e acabou encontrando a capsula da bala.
Kate voltava para o 12th. No elevador, respirava com dificuldade, a mão tremia. Ela detestava essa situação. Não tinha sequer controle sobre o seu corpo. Sofria calafrios, espasmos involuntários provocados por barulhos, dificuldade para enxergar e pensar claramente. Era uma espécie de transe. Respirou fundo. Assim que a porta abriu, esbarrou em vários policiais agitados. A visão do local era turva. Ela não estava bem. Assim que recuperou a visão deu de cara com Castle falando que havia ligado. A capsula encontrada tinha uma digital, identificaram o sniper. Eles deram a entender que gostariam que ela se juntasse a operação para pega-lo, mas Castle percebeu a hesitação e recuou, sugerindo que eles ficassem se preparando para o interrogatório. Beckett sequer argumentou.
Infelizmente, o interrogatório não correu como esperavam e o cara tinha um álibi sólido. Isso deixou Beckett ainda mais preocupada. Espo disse ser possível, poderia ser um reload. Sugeriu que tentasse, ela aceitou não muito feliz com a ideia. Tinha a sensação de ter falhado. Retornou para a sua mesa. Sentada, ela fitava o quadro de evidências. Mais uma vez, a mente trouxe de volta as imagens de seu próprio atentado. Reviveu a cena. Castle chamava por ela. Uma, duas, três vezes. Por fim, ela saiu do transe.
- Café? – pela primeira vez, ela recusou.
- Não, obrigada – ele insistiu.
- É descafeinado – colocando sobre a mesa. Antes mesmo dele falar qualquer coisa, ela rebateu o velho jargão.
- Eu estou bem.
- Certo, eu não...
- Castle, eu estou bem. O que há na pasta?
- O relatório da perícia sobre o boneco de papel. Foi cortado precisamente, provavelmente de um livro de pintura. Se olhar de perto, pode perceber pinceladas. Acho que ele as deixou de propósito.
- Mas por que? – ela se perguntava. Esposito se juntou a eles avisando que não conseguira uma identificação do cara do vídeo. Nesse instante, o celular da Beckett toca. Ryan encontrara o local de onde o sniper atirou na primeira vítima. Havia outro boneco de papel no local e o zelador reconheceu o homem, não sabia quem era. Espo também confirmou o local casando com a trajetória da bala.
- Esse é diferente do outro. Deve ser de uma outra pintura. Eles têm que significar alguma coisa – disse Castle.
- Não, ele está zombando de nós e nos fazendo de idiotas – sim, ela definitivamente não estava bem para aquela investigação deixando seus amigos preocupados. Espo encontrou um pedaço de algodão que poderia conter DNA. Ele e Ryan foram direto para o laboratório. Castle observava Beckett olhar pela janela e falar sobre a vítima antes e depois do tiro. Relutante, ele disse a única coisa que veio a sua mente.
- Kate, nós vamos pegar esse cara.
- Certo, como fizemos com o cara que atirou em mim – disse sarcástica.
Eles deixaram o local indo cada um para sua casa. Castle não conseguia parar de pensar nela. Kate não estava bem, sofria com o caso, na sua opinião, ela estava tendo pequenas crimes como antes, reflexos do trauma talvez? Não sabia exatamente como ajudar. Tinha medo de ficar tocando no assunto e deixa-la irritada ou mesmo se ficasse telefonando para checar como ela estava também poderia não obter resposta e acabarem brigando. Não queria isso. Não podia arriscar a relação que aos poucos voltavam a construir.
Porém sua teimosia não o permitia ficar alheio a tudo. Assim que chegou em casa, ligou para ela. Caiu na caixa de mensagem. Ele sentou-se em seu escritório e começou a avaliar os bonecos de papel, havia uma história por trás deles, cabia a ele encontrá-la. Por mais que tentasse, ele não conseguia concentrar-se. Tentou ligar novamente, usaria o pretexto dos bonecos embora sabendo que a mente dela não estava totalmente no caso, era uma maneira de mantê-la sã. Novamente, ele fez três ligações. Todas sem respostas. Meia hora depois, tentou outra vez. Foram um total de dez ligações. Então, algo estranho ocorreu.
Beckett retornara o telefonema exceto que ao atender, ele não ouvia sua voz, apenas a respiração ofegante. Não podia ficar parado. Ele saiu correndo do loft rumo ao apartamento dela. Algo estava acontecendo.
XXXXXXX
Beckett mal conseguiu chegar em casa. As mãos tremiam novamente e a vista estava turva. Tentando se acalmar, ela apoiou as mãos na mesa da cozinha, respirava fundo. Cinco minutos depois, julgou estar melhor. Tomou um banho, vestiu sua calça do pijama e uma camisa velha da NYPD e sentou-se no sofá da sala para procurar alguma maneira desviar seus pensamentos do caso e das suas próprias memorias. Pegou um livro. A medida que lia, começava a sentir-se mais segura. Então, os barulhos de sirene na rua serviram de gatilho para reiniciar uma nova crise. A memória voltara. O barulho, as vozes, a lembrança a transportavam para aquele dia.
Ela ergueu-se do sofá até o local da sala onde mantinha um pequeno bar. Serviu-se de uma dose de Bourbon. Tomou-a de uma vez. Depois outra, mais outra, foram quatro copos seguidos. A cena repetia-se em sua mente e cada vez que acontecia ela parecia mais assustada. Pegou sua arma, andava pela casa fazendo gestos para mirar em ninguém. Sua voz balbuciava frases como “Por que eu, porque...” várias vezes. Voltou ao Bourbon, novo copo até esvaziar a garrafa. Uma nova sirene. O celular estava bem ao seu lado, com o susto tocou nele sem saber que acabara de ligar para Castle.
Ela caiu no chão para se proteger, empurrou a mesinha fazendo o copo e a garrafa vazia espatifarem-se no chão, a arma escapuliu das mãos e com o movimento de pânico para alcança-la, ela acabou se cortando no vidro. O braço sangrava, mas ela não se importava. Na cabeça de Beckett, ela precisava se proteger, se manter alerta.
Kate sequer reparara o barulho da fechadura. Ao chegar em seu apartamento, Castle pretendia bater na porta. Porém, ao ouvir o barulho abafado, gemidos ofegantes e um grito que parecia de alguém lutando, ele não precisou pensar muito. Lembrou-se da cópia da chave que ela mantinha no vaso. Corria contra o tempo com medo que ela estivesse em perigo.
Estava, contudo em um outro nível de perigo. Castle quase não acreditou na imagem que via. Kate Beckett em um canto da sala, descabelada, de arma em punho, apavorada. Vidro estilhaçado pelo chão da sala e o sangue, ela sequer notara que estava sangrando. O coração de Castle acelerou diante da cena.
Precisava ajuda-la.
Quando tentou aproximar-se dela, Kate apontou a arma em sua direção.
- Hey... sou eu. Está tudo bem. Você não precisa dessa arma, Kate. Deixa eu te ajudar – ele percebeu os olhos desnorteados. Ela piscava várias vezes. Estava querendo enxergar o que estava a sua frente. A vista turva pela crise e pelo excesso da bebida tornava tudo mais difícil – me dê a arma, Kate, por favor... você está sangrando... – ela encarou-o intrigada. Não sabia do que ele estava falando – seu braço, olhe.
Kate sem tirar a arma da direção dele, desviou o olhar e viu o sangue escorrendo. Aquilo a deixou mais apavorada e em um movimento brusco, ela largou a arma encolhendo-se contra a parede. Castle foi até onde ela estava erguendo-a do chão. Estando cara a cara com ele, Kate por fim, se deixou relaxar. Tremendo e chorando copiosamente.
Ele a carregou nos braços até o banheiro. Colocou-a sentada no vaso e devagar tirou a roupa que usava. Prendeu-lhe os cabelos. Pegou a caixa de primeiros socorros e com toda a delicadeza limpou a área do corte certificando-se de que não havia nenhum pedaço de vidro dentro da pele. Quando o álcool entrou em contato com o corte, ela gemeu querendo tirar o braço. Ele a impediu. O processo de limpeza e cuidado foi longo e carinhoso. Precisava ser gentil com ela nesse momento.
Ao terminar, ele não colocou o curativo ainda. Castle a fez entrar debaixo do chuveiro para um banho rápido. Lavar o corpo e certificar-se de que não havia resquício de sangue, bebida ou qualquer sujeira que pudesse gerar uma infecção. Ela também precisava se refrescar. Sua intenção era coloca-la para dormir. A bebida fizera efeito deixando-a zonza.
Após sair do chuveiro, Castle a ajudou a vestir-se e terminou o curativo. Durante todo o processo, ela permaneceu calada. Absorvendo pequenos fragmentos do que acontecia com eles. Não entendia ao certo porque Castle estava ali, como chegara ali. Pelo menos ele não estava ferido. Não levara um tiro como em seu pesadelo. Ela levara. Um sniper. Não, ele podia matá-la. Começou a agitar-se novamente. Castle percebeu. Viu quando ela levou a mão ao peito. Instintivamente a abraçou.
- Shhh, tudo bem. Está tudo bem. Ninguém lhe fará mal – ele acariciava os cabelos dela. Sentiu sua respiração ficar mais calma.  
- Deite-se, Kate. Vou fazer um chá para que tome antes de dormir. Também vou lhe dar um analgésico para amenizar a dor. Você vai estar com uma certa ressaca amanhã. Eu já volto – ele a viu se encolher na cama abraçando os joelhos. Ele não demorou, em cinco minutos retornava com uma caneca de chá de camomila e dois comprimidos. Kate os tomou com o chá. Ele a viu pegar outro comprimido na cabeceira da cama e também o engoliu. Resolveu não questionar o que ela fizera.
Retirando a caneca das mãos dela, ele suspirou. Ela parecia tão diferente, tão indefesa. Claro que ele sabia que detestaria saber que ele estava pensando isso dela. Castle afagou-lhe os cabelos. Sorriu cansado e preocupado.
- Deite-se, Kate. Feche os olhos e procure dormir. Prometo que não saio daqui enquanto não tiver a certeza de que está dormindo e bem. Não tenha medo, estou aqui – ela deitou-se e procurou pela mão dele enroscando-a na sua. Ela não dissera uma palavra, contudo seu olhar para ele fora suficiente. Ela estava aliviada por Castle estar ali. Finalmente fechou os olhos.
Castle permaneceu sentado ao lado dela. Queria velar seu sono, torcia para que ela conseguisse esquecer o que lhe atormentava e dormisse realmente. Sua vontade era passar a noite ali, faria isso. Porém, não estaria lá quando Beckett acordasse porque no fundo, ele sabia que ela não queria que ele a visse assim. Como alguém fraco, vulnerável. Se permanecesse ali, ela teria que lidar com o embaraço da situação vivida na noite anterior. Isso seria ruim para eles, para a relação deles. Conhecia sua parceira o suficiente para saber quando chegara ao limite.
Ele sentiu o aperto de mão afrouxar. Ótimo. Sinal de que ela entrara na fase do sono pesado. Suspirou aliviado.
Castle passou a noite toda ao lado da detetive. Não pregara o olho. Pelo menos, a mistura da bebida e dos comprimidos ajudaram-na a relaxar. Ela não teve pesadelos durante aquela noite. Por volta das cinco da manhã, ele levantou-se da cadeira desconfortável e seguiu para a sala. Juntou todos os cacos de vidro para a segurança dela. Limpou tudo. Antes de ir embora, checou como ela estava. Continuava dormindo. Relutante, ele fechou a porta do apartamento devolvendo a chave para o seu devido lugar. Exausto, voltou ao loft.
Ele tinha uma missão. Desvendar os bonecos de papel e descobrir o motivo do sniper estar matando aquelas pessoas. Foi direto para seu escritório. Checou o relógio, ainda não eram sete horas da manhã. Olhava para os bonecos sem qualquer pista ou ideia. Esfregou os olhos. Foi até a cozinha e preparou um café bem forte. Não pretendia dormir. Pela sanidade de Beckett, necessitava resolver esse caso. Voltou para o escritório.
Havia outra coisa que precisava fazer. Kate não admitia que ele a questionasse ou ajudasse. Então, ele faria diferente. Pediria ajuda.

Só havia uma pessoa que Beckett poderia ouvir diante de tudo o que acontecia. Ele ligaria para Dana.

Continua... 

segunda-feira, 28 de março de 2016

[Stanathan] Kiss and Don´t Tell - Cap.68


Nota da Autora: Promessa é dívida. Sei que vocês estão chateadas comigo pela situação que criei e como de angst já basta a vida, teremos uma dose para o dia de hoje. Porém, temos outras coisinhas também...pediram no 69....só que eu também sou boba por esses dois....espero que não precisem de lencinhos....enjoy! 


Atenção....NC17!


Cap.68


A manhã não iniciara de maneira agradável para Nathan. Ele acordara com muita dor de cabeça. Esquecera completamente do que acontecera depois que chegara em casa. Não, ele lembrava-se dela. Stana voltara para casa. E o chamara de Nate, o que era um ótimo começo. Mas, conversaram? Não conseguia dizer. Olhando para o lado da cama, não havia sinal dela, porém ouviu o barulho do chuveiro. Sorriu. Se não tivesse tão ruim, arriscaria juntar-se a ela.

Hum, certamente não seria uma boa escolha. Ainda teriam que conversar. Ela lhe devia um pedido de desculpas. Ao entrar no banheiro, ela estava enrolada na toalha secando o cabelo com outra.

- Bom dia...

- Hey... como você está?

- Com a cabeça explodindo. Não me lembro de nada direito sobre ontem, nós... nós discutimos? – olhando para ele com carinho, ela decidiu não voltar a falar de ontem. Do começo errado que tiveram.

- Não, você bebeu muito. Mal conseguiu chegar na cama. Vou preparar um café e separar um analgésico para você. Estarei na cozinha – ela passou por Nathan sem tentar qualquer aproximação. Ele pensou em toca-la, mas mudou de ideia em seguida.

Stana preparava o café pensando em que momento ela deveria conversar sobre toda a bobagem que acabaram criando nesses últimos dias. Talvez a noite, tinham compromissos e seria uma longa conversa. Queria poder dizer que seria fácil, mesmo pedindo desculpas, não esperava um diálogo de cinco minutos. Ela reconhecia que tinham que ceder, cada um ao seu modo.

Detestava brigar com ele, ainda mais por um motivo um tanto quanto fútil. Os dias que passara longe somente serviram para deixa-la chateada e irritada. Não conseguia funcionar sem ele por perto. O problema era que a teimosia também era tão grande quanto o ego dos dois. Não poderiam conversar se fosse começar se ofendendo a exemplo do que acontecera ontem.

Não, ela queria uma conversa pacífica.

Ele surgiu na cozinha pegando logo a caneca de café. Vestia uma camisa vermelha. Stana adorava vê-lo usando essa cor, apesar de azul ser sua preferida. Não conseguia para de encara-lo, Nathan percebeu. Havia um brilho diferente no seu olhar. Era um bom sinal.

- A que horas é a sua primeira cena?

- As nove. Ficarei até depois de meia-noite filmando. Você ainda está com a externa?

- Sim, amanhã filmamos juntos. Tenho que ir – ele colocou a caneca no balcão, fitou-a não com um semblante sério, com uma certa cautela – Stana, nós realmente precisamos conversar.

- Eu sei..., mas hoje não vejo como.

- Amanhã. Depois do trabalho. Não quero adiar mais – ela suspirou.

- Certo. Não adiaremos.

XXXXXX

O dia parecia ter demorado anos para passar. A ansiedade de Stana estava a mil. Não a agradava a forma como estavam convivendo. Impessoal, estranhos, pareciam dois desconhecidos. Nada de brincadeiras, sorrisos, palavras e momentos descontraídos. Eles agiam como colegas de trabalho que estavam ali para entregar as cenas que lhe eram exigidas. Era algo frio e embaraçoso em seu ponto de vista. Em casa, não fora muito diferente. Ela chegou, ele já estava deitado. Apenas disse oi. Nada de beijos de boa noite, aperto de mão. Indiferente era a palavra correta para descrever o comportamento de Nathan. Havia um muro entre eles. Ou seria em sua imaginação? Não importava, para Stana, tinha que derrubar o muro.

No meio da tarde, ela recebe uma ligação de Gigi.

- Hey, sis! Como você está?

- Bem...

- Não foi muito convincente. Não se acertou com o seu marido?

- Ainda não. Hoje à noite. Ele estava bêbado, Gigi.

- Oh, vocês realmente ficaram mal. Isso é bom, mostra que se importam um com outro e não gostam de estar separados e miseráveis. Vai ficar tudo bem, Stana.

- Sim, vai ficar. Filmamos juntos hoje – Gigi quase pode ver o sorriso da irmã pela ligação apenas pelo tom da voz – foi estranho, porém eu compreendo. Está tudo assim entre nós, sabe?

- Tenho que dizer outra coisa para você. Mamãe me ligou. Vai chegar no primeiro dia de março, não perdeu tempo. Isso quer dizer que você tem que se mudar na segunda, ou melhor ainda, no domingo. Ainda não sei como sobreviveremos Stana. Não podemos dar bandeira.

- Nem eu sei, Gigi. O que me lembra que tenho que preparar Anne também. Preciso ir, sis, estão me chamando para gravar.

- Boa sorte hoje à noite. E me diga se estiver tudo bem. Eu e Jeff merecemos saber.

Ela concordou e desligou. Caminhou para o set do loft. Nathan já estava lá conversando com Erick e Rob além de alguns dos operadores de câmeras. O assunto era Deadpool. Stana sentiu um embrulho no estomago. Eles riam e falavam bastante. Nathan também, porém ao vê-la chegar, simplesmente calou-se talvez com medo de fazê-la repensar sobre a má experiência. Erick virou-se para Stana comentando.

- Hey, Stana. Você esteve na première de Deadpool. Gostou do filme? Qual a sua cena favorita?

- Sim, gostei muito do filme. Não ria assim há muito tempo. Cena preferida? – ela mordeu os lábios, procurou por Nathan - Definitivamente a dos feriados – ela olhava diretamente para o marido – aquela que eles estão na cama? Ótimo dialogo! Bem bolado.

- Mesmo? Gostou da cena de pegação. Parece até o Castle falando – disse Erick – mas é ótima mesmo!

- Concordo com a Stana, como escritor diria que foi uma bela sacada com o jogo de palavras – Rob comentou. Nathan olhava-a intrigado. Ele pensara que ela jamais mencionaria uma cena de Morena. Seria uma pegadinha para ver como ele reagiria?

- Você realmente gostou dessa cena, Stana? De verdade?

- Sim, é provocante, inteligente. Independente dos atores envolvidos – agora fazia mais sentido, Nathan pensou.

- Acho que alguém gostaria de ouvir aquelas frases. Está querendo insinuar algo com Castle e Beckett, Stana? – perguntou Rob.

- Seria muito bom, mas é o tipo de coisa que não podemos fazer, envolve muita discussão com direitos. Enfim, é uma ótima cena. Beckett certamente gostaria de ter uma experiência assim. Castle não ia se recusar. Fã de HQ como é, toparia na hora.

- Bom saber, porque também gostei muito da cena – disse Nathan.

- Tudo pronto, pessoal – disse o diretor – vamos filmar?

Eles se concentraram em rodar as cenas. Nathan estava mais confiante após a conversa por ver que ela estava mais calma com relação a tudo o que acontecera. Ao final do dia, eles se despediram dos escritores e seguiram para casa. Ele passou no restaurante tailandês preferido de Stana. Queria estar preparado. Não esperava uma discussão leve ou simples. De uma coisa ele tinha certeza, iria acabar com esse mal-entendido com a esposa, não aguentava ficar tanto tempo longe dela.

Stana chegara primeiro que ele em casa. Estava sentada no sofá, falava ao telefone com o irmão. Devia ter falado com a mãe, pois ele ouvira o nome de Rada ser mencionado. Deixou a comida sobre a mesa, serviu-se de água e veio sentar-se na frente dela. Ao vê-la desligar o celular, perguntou.

- Você já jantou?

- Não.

- Trouxe tailandesa se quiser comer.

- Não acho que consiga colocar nada no estomago antes de conversar com você – ela mordiscou os lábios, estendeu a mão para pegar a dele fitando-o séria – não sei exatamente por onde começar – ela remexia-se desconfortável no sofá. Não havia um modo fácil, apenas precisava falar.  

- Ambos erramos.

- É assim que você quer começar? Dividindo a culpa? – ele já a olhava na defensiva. Puxou a mão, perdendo o contato do toque.

- Sim, porque é o correto. Recordo-me bem de suas palavras ao me comparar a.... droga! Não era assim que eu planejava começar. Não quero agredi-lo. Apenas ouça o que tenho a dizer.

- Tudo bem, não vou interrompê-la.

- Eu me deixei levar pelo exagero do ciúme, cedi a provocações mesquinhas. Em poucas horas, eu fiquei completamente cega e esqueci tudo o que vivemos até aqui. Todos os sacrifícios que fizemos, os momentos inesquecíveis. Por algumas horas, eu esqueci, eu bloqueie todo o amor que eu sinto por você, fiz o sentimento desaparecer para dar lugar ao monstro do ciúme. Eu me rendo ao meu egoísmo, ao meu irracional. Você é tão importante para mim, Nathan... tem noção do quanto?

Ela cobriu o rosto com as duas mãos, ele podia dizer que ela estava nervosa. Ela esfregou o rosto, os olhos estavam vermelhos, o rosto molhado por lágrimas. 

- Eu fui teimosa. Não quis enxergar o que estava na minha frente. Fiz tempestade em copo d´água, Nate. Sabe por que? Por que quando o assunto é você, eu sou irracional. Não adianta me pedir razão. Eu não penso claramente. O fato de ser Morena, agrava a situação, contudo, não é apenas ela, são todas. Qualquer uma que demonstre o mínimo de interesse em você. Porque você as atrai. Banca o irresistível, sem perceber. Eu mesma fui vítima milhares de vezes antes de estarmos juntos. Eu estraguei o filme, o dia dos namorados, perdemos tempo nos agredindo com palavras desnecessárias. Eu sinto muito, a ideia de dividir você com mais alguém me apavora. Eu te amo tanto que perco a razão. Foi injusto com você. Reconheço isso agora.

- Stana, eu não sei porque você se deixou levar tanto pelo ciúme. Eu nunca dei motivo para você duvidar de mim. E a sua suposta rival? Às vezes acho que você esquece de quanto é extraordinária, por dentro e por fora. Não vou dizer que não fiquei chateado. A irritação foi terrível, o risco, a birra de alguém que você ama, o egoísmo, porém nada superou a decepção que senti ao vê-la longe de mim, se afastar. Cinco péssimos dias. Foi demais! Odeio ficar sem você, a solidão é deprimente. Não sei se consigo imaginar estar separado, Stana. Você testou meus limites, minha paciência. Isso foi injusto. Doeu ser acusado em vão – ele desviou o olhar dela - Talvez se fosse outra pessoa, eu mesmo mandaria você sair por aquela porta. Porém, é você. Não conseguiria... você é minha esposa.

Ele suspirou vendo-a engolir em seco.

- Está dizendo que não me manda embora pela obrigação do casamento?

- Não, Deus! – ele passou a mão no rosto, olhou sério para ela, o rosto vermelho - Pare de procurar ver coisas que não existem. Não distorça minhas palavras. Não tem nada a ver com obrigação, você é minha esposa, a mulher que eu amo. É tão difícil entender isso?

- Não... – a palavra foi quase um sussurro em meio a vergonha que tomava conta dela. Na cabeça de Stana, ela só poderia fazer uma coisa agora - Pode me perdoar?

- Espero que não tenhamos que viver isso novamente. Somos dois teimosos apaixonados. Irei pedir uma última vez. Não fuja de mim, se tivermos um problema aceite e vamos conversar. Se acha que fiz algo errado, diga na minha cara, sem rodeios. Prefiro brigar e nos acertamos do que fazer joguinhos, agir como estranhos dentro de nossa própria casa. Estamos casados por isso, para compartilhar problemas, na alegria e na tristeza. A frase não é dita da boca para fora. Não se esqueça disso.

- Você não respondeu minha pergunta. É capaz de me perdoar? Eu fui orgulhosa, eu sei. Estou aqui engolindo meu orgulho só por você. Eu o magoei, Nathan.

- Stana... – ele pegou a mão dela na sua, os olhos azuis a fitavam intensamente – eu também errei. Falei o que não devia. Você me forçou a isso no calor da discussão e fiquei remoendo, me sentindo péssimo por ter agido do jeito que agi com você. Eu me envergonho disso porque um de nós deveria ter mantido a cabeça fria, ter sido a voz da razão, em vez disso, estouramos um com o outro numa tentativa frustrada de se impor e mostrar quem era o dono da verdade. Eu também sinto muito.

Ele ergueu-se da mesa sentando-se ao lado dela no sofá. Ela ainda estava aflita com a situação.  

- Não há o que perdoar porque não destruímos a nossa relação. Erramos e brigamos por causa do que sentimos. Nosso amor. Sim, ele pode nos cegar e por isso nos submete a situações como essas. Na nossa história discutir relação por ciúmes, depois de tudo o que já fizemos para estarmos aqui? É tão banal, porque a briga foi banal. Prometa. Quando tivermos um problema, resolveremos juntos.

- Eu prometo – ela estava perdida naqueles olhos azuis.

- Eu escolhi você. Só você – ao ouvir aquela frase, tão sincera, tão simples e perfeita, ela encostou a cabeça no ombro dele. Alívio. Fora tomada por um excesso de vergonha. Como ela poderia ter ferido esse homem maravilhoso?  

- Eu sinto muito por ter estragado o dia dos namorados. Se serve de consolo, eu me atolei de sorvete e reclamei de você. Não foi fácil vê-lo fazendo o sinal na tv – ele repetiu o gesto fazendo-a sorrir - Deveria agradecer a Gigi. Ela foi a verdadeira responsável por eu estar aqui. Ela é bem direta e bruta quando dá sermão.

- Sei que Gigi tem sua parcela de ajuda nessa história, mas você voltou porque seu coração pediu. E se não voltasse naquele dia, eu iria te buscar.

- Bêbado? – ela ergueu a sobrancelha.

- Não, no dia seguinte. Você não ouviria o que um bêbado teria a dizer, Stana. E não podia arriscar nosso segredo – ela sorriu, acariciou o rosto dele com as mãos. De repente, seu olhar mudou.

- Eu quero você.... aqui, agora... – ele podia ver o desejo nos olhos amendoados a sua frente.

- Não aqui... – ele a puxou pela mão rumo as escadas. No meio do caminho, porém ela não resistiu. Empurrou-o contra a parede beijando-o apaixonadamente. Ela desabotoava a camisa vermelha, jogou-a no chão. Tirou a própria blusa e já partiu para abraça-lo, precisava toca-lo. Sentando-se no meio da escada, ela puxou-o contra seu corpo. Nathan ajoelhou-se, abriu as calças e colocou o peso de seu corpo sobre o dela. Ela deslizou as mãos pelas costas dele enquanto ele devorava-lhe o pescoço. Queria apertar o bumbum, baixou o boxer que usava e beliscou com vontade as bochechas da bunda de Nathan. Pode sentir o membro rijo contra sua coxa. Deus! Ela era louca por ele.

Empurrando-o, ela trocou de posição ficando sobre o corpo de Nathan. As mãos exploravam o peito dele, os lábios tornaram a colidir com os dele em um beijo ardente. As unhas arranhavam seu peito, não conseguia parar de toca-lo, alcançou o membro segurando-o nas mãos. Nathan a puxava pela nuca aprofundando o beijo. Deixou uma das mãos abrir o fecho do sutiã, libertando os seios.

Stana acariciava o membro dele fazendo-o soltar pequenos gemidos. Ele sequer importava-se com o incomodo dos degraus marcando e machucando suas costas. O prazer era muito maior. Ela o estimulava movimentando suas mãos para cima e para baixo. Então, apoiou-se em seus ombros deixando-se deslizar sobre o membro sentindo-a preencher por completo.

Jogou a cabeça para trás e esperou o encaixe perfeito. Nathan ajeitou-se na escada para ficar frente a frente com ela. As mãos antes na cintura subiram para tocar os seios, aperta-los e voltar para agarra-la na cintura começando o movimento da busca do orgasmo. A língua dele lambeu um dos mamilos antes de abocanha-lo, os dentes rocavam na pele alva deixando marcas vermelhas. Stana gemeu.

Ele aprofundava o corpo dentro dela. Não conseguia parar de mover-se, forte, rápido. Mesmo com dificuldade, queria possui-la completamente. Sentiu o corpo de Stana tremer em seus braços, ela estava prestes a experimentar o primeiro orgasmo. Precisava de uma melhor posição. Colocando-a contra os degraus, sem quebrar os movimentos, ele conseguiu apoiar-se para ergue-la consigo. Esmagando-a contra a parede. Stana envolveu suas pernas na cintura dele.

Com movimentos rápidos e precisos ele a fez gozar em pouco tempo. Porém, não queria parar, ele também queria sentir o mesmo prazer. Tornou a beija-la puxando-lhe os cabelos. Ofegava e gemia extremamente excitada com o ato.

- Forte...Nathan... de novo...

Ele não parava, obedecia cada pedido. Estava quase no seu limite, mas precisava faze-la gozar novamente.

- Goze, Stana... entregue-se... – apertou-lhe os seios e estocou-a de uma vez. Ela soltou um grito e agarrou-se em seus ombros deixando o orgasmo a tomar. Ele não esperou mais e gozou com ela. Quando todo o êxtase começou a diminuir, eles deslizaram pela parede buscando um apoio. Rendição. Cansados, suados, os corações ainda batiam acelerados. Ela foi a primeira a mover-se. Buscou o rosto de Nathan, segurou seu queixo para força-lo a olhar para ela. Beijou-lhe os lábios.

- Melhor sexo de reconciliação... – ele riu fracamente.

- Não sei se tenho mais idade para essas loucuras, Staninha – ela tornou a escorar-se na parede – teremos que nos levantar daqui em algum momento.

- Sim, eu sei. Não agora.... – ela ficou calada por alguns segundos – eu acho que tem energia suficiente para mim, babe – uma das mãos apertou as bolas dele.

- Oh! Está pensando em um bis? Amo esse seu fogo, amor. Não sei se consigo...

- Consegue, eu posso provar – ela se levantou devagar. Estendeu a mão para que ele a acompanhasse. Ele ergueu-se do chão entrelaçando os dedos nos dela. Subiram as escadas para o quarto. Ela o guiou até a cama fazendo-o sentar escorado nas costas da cama. Engatinhou até onde ele estava se colocando no meio das pernas dele. De joelhos, começou a tocar seu membro para excita-lo novamente. Suas bocas trocaram um beijo intenso e apaixonado. Em pouco tempo, ele já estava pronto para ela. Sorriu.

- Eu não resisto a você, Staninha... – foi a vez dele a empurrar contra o colchão abrindo as pernas dela. Beijou uma e outra. Fazia uma trilha de beijinhos, usando a língua para provar e comprovar a umidade em seu centro. Rindo, ele falou – posso visita-la entre os feriados? – ela gargalhou.

- Quando quiser, Nate. Sempre que quiser... – e sentiu a boca de Nathan a tomando. Como instinto agarrou os lençóis e arqueou o corpo gemendo. Era uma viagem sem volta. Era dele. Somente dele. Não demorou para gozar outra vez e quando ele a estava possuindo, ela deixou escapar algumas palavras.

- Deus! Louco....amo você...

Após aconchegar-se em seu peito, cansada pela experiência intensa, Stana percebeu que estava com fome. Lembrou-se que ele trouxera algo para jantarem. Ela cheirou a pele dele, beijando-lhe o peito. Apoiando o queixo em seu ombro para fita-lo, chamou por ele.

- Nate? Está acordado? – ele resmungou algo que ela não conseguira entender – está com fome? Eu quero comer.

- Foi esse exercício todo que te deixou faminta, Staninha? – era bom ouvi-lo chamando-a assim outra vez.

- De certa forma, mas eu não jantei. Vou esquentar o que trouxe. Você quer também?

- Vai trazer aqui na cama?

- Posso pensar no seu caso, folgado...

- Acho que é o mínimo que eu mereço depois de toda essa demonstração de amor... – ela inclinou-se para beija-lo.

- Eu volto logo – em quinze minutos ela entrava no quarto com uma bandeja. Um único prato para os dois, um hashi e duas garrafas de cerveja. Sentou-se de frente para Nathan na cama começando a comer, revezava o hashi na sua boca e na dele – você trouxe meu prato preferido. Queria me convencer pelo estomago a fazer as pazes?

- Trouxe para agrada-la, mas acredito que há outras formas bem mais interessantes de lhe convencer...

- Como sexo?

- Até onde me recordo, foi você quem me atacou. Eu ia apelar para a sedução e as palavras.

- Você fez isso com aquele seu discurso sobre resolver problemas, dizendo quanto eu sou maravilhosa, que sente minha falta, não se preocupa com ciúmes...

- Eu não disse que não me preocupo com ciúmes, disse que você reagir de maneira ridícula se rendendo a ele estava errado. Eu tenho ciúmes de você, Stana. Seria louco se não tivesse. E quer saber? Me agrada demais o fato de saber que você enlouquece de ciúmes por mim, somente da próxima vez, não considere a situação como o fim do mundo e não fuja de mim.

- Você realmente precisa de mim, não? Precisa muito... quase uma dependência talvez? Gosto disso... em outras palavras, posso fazer de você meu escravo.

- Se está falando sexualmente, ficarei grato por prestar o serviço a qualquer hora. Mas que tal irmos para a parte onde você admite que estava louca para ficar comigo novamente? Que também estava miserável e triste por estar longe de mim? Sabe que posso facilmente pegar o telefone e perguntar para Gigi. E ela irá confirmar.

- Hey! Pare de ficar usando minha irmã contra mim! Só porque ela está namorando o seu irmão, isso não lhe dá direito de querer abusar de sua condição de cunhado.

- Você esqueceu de mencionar o fato de que ela concorda comigo. Então, assume logo – ela revirou os olhos e mostrou a língua para ele.

- Oh, sou Nathan Fillion, sou o máximo – ela falava imitando-o - as mulheres se derretem e brigam por mim, tenho uma bunda linda... só não ganha do meu ego em tamanho... – ele gargalhou.

- Tai algo que eu certamente não diria sobre mim, mas mesmo assim, obrigado pelo elogio.

- Eu não sei como sobrevivi cinco dias longe de você. Sou dependente sim, também preciso de você, babe – ela inclinou-se para beija-lo, porém foi impedida pela bandeja entre eles. Levantou-se tirando o objeto da cama. Voltou engatinhando sobre o colchão até onde ele estava. Seus lábios se encontraram e rapidamente ele a puxou para si. Intensificando o beijo, jogou-a de costas na cama. Deixou as mãos trabalharem desfazendo o nó do roupão que usava para revelar o corpo nu a sua frente. A boca mudou de rumo sugando um dos seios. Ela gemeu. Começava uma nova rodada de sexo de reconciliação. 

Na manhã seguinte, ambos tiveram problemas para acordar no horário. Não ouviram o alarme do celular tocar. Stana foi quem, espreguiçando-se enquanto procurava por Nathan achou a claridade forte ao abrir os olhos. Virou-se para checar o celular na cabeceira.

- Oh, meu Deus! – sentou-se na cama assustada – estou atrasada! São oito horas da manhã. Nathan! – ela o sacudia – acorda...hey... acorda! Estamos atrasados – ele abriu os olhos lentamente e deparou-se com a esposa pulando da cama correndo para o banheiro.

- Que horas são?

- Oito!

- Ah, tudo bem, eu só entro as nove.

- Eu não! Devia estar lá desde as seis da manhã. O que vou dizer a Alexi? Estão todos esperando por mim – ela entrava no chuveiro, ele levantou-se já se animando para acompanha-la. Ao perceber o que ele tinha em mente, ela o cortou – nem pense nisso! Hoje não é dia para gracinhas.

- Eu só queria tomar banho – falou com a cara de inocente.

- Só se eu não conhecesse você, Nate. Pode cortar algumas frutas para mim e separar um iogurte? Vou comer no caminho.

- O que eu não faço por você, Staninha...

Quinze minutos depois, ela descia as escadas completamente pronta. Pegou a sacola com o café que ele preparava para ela, deu um beijo rápido em seus lábios e quando estava na porta de casa, ele falou.

- Coloquei uma garrafa com café para você na sacola e enviei uma mensagem do seu celular para Alexi. Disse que estava indisposta porque comeu algo que lhe fez mal, porém estava a caminho. Vai chegar antes das nove.

- Você fez isso? Como desbloqueou meu telefone? – ela parecia surpresa. Ele anuiu com a cabeça sorrindo.

- É fácil, é a data do nosso casamento 111014.

 - Você é o melhor marido que alguém pode ter.

- Não, você está errada. Eu sou seu marido, de mais ninguém. Vejo você mais tarde – ela jogou-lhe um outro beijo no ar e saiu.    

Quando Stana chegou ao set pedia mil desculpas a todos, mas Alexi já havia orientado o pessoal sobre o que acontecera e eles estavam preocupados com a atriz. Tranquilizando-os, ela seguiu para a maquiagem. Não queria atrasa-los mais. Felizmente, tudo se resolveu e ela concordou em ficar um tempo mais naquele dia para gravar. Também aproveitou para discutir com Alexi seu cronograma de gravações para a próxima semana já que estavam filmando ainda o 815. Um daqueles com cenas de ação que exigia bastante dela.

Não cruzara com Nathan no set porque estavam filmando diferentes momentos. Ele estava fazendo ajustes finos em suas cenas do 814. Também checou se havia qualquer comentário sobre sua aparição de aliança nos tabloides. Desde a briga com ele, Stana não se preocupara com a repórter, só pensava no ciúme. Aproveitou para sondar com suas assistentes e o pessoal de câmera se eles leram muito sobre a noite da première, os tópicos mais falados e descobrir que a repórter deve ter acreditado na história dos dois.

A caminho de casa, ela checou o celular. Havia três mensagens de Gigi e uma ligação perdida. Sabia exatamente o motivo. Eram quase meia-noite. A irmã provavelmente não estava dormindo. Retornou a ligação.

- Finalmente, hein Stana? Se eu tivesse morrendo você sequer saberia.

- Oi para você também, Gigi. Estava trabalhando até agora.

- Eu estou em cólicas! O que aconteceu? Como foi a conversa? Se acertaram? Pergunta idiota! É claro que sim, posso perceber no seu tom de voz.

- Sim, conversamos. Eu desabafei, pedi desculpas e depois ele me disse o que o chateou, mas Nathan realmente é perfeito. Ele sempre sabe o que dizer, o que pedir, não é à toa que gosto de estar com ele.

- Ótimo. E o sexo? Imagino que foi excelente porque cinco dias sem estarem juntos, toda a tensão que passaram, sexo de reconciliação é o melhor que existe! Diz ai, que loucura ele fez, te jogou contra a parede?

- Gigi! Não vou ficar contando detalhes da minha intimidade, da minha vida sexual com meu marido. Posso ter um pouco de privacidade?

- É claro que não! Meu Deus! Foi você que o agarrou, não? Por isso esse papo de intimidade blablabla... você não presta, sis. Aposto que o negócio pegou fogo... por favor, não poupe sua maninha dos detalhes, quero saber.

- Gigi, não vou contar para você pelo telefone. Vou pensar sobre isso. Talvez quando estivermos morando juntas novamente eu possa contar algumas coisas.

- Ah, sério? Isso não se faz, Stana. Vou ter que esperar até Dona Rada chegar? Isso é tortura! – Stana riu do jeito da irmã.

- É o que tenho. Preciso desligar, já cheguei em casa e estou precisando mesmo descansar. A gente se fala. Um beijo, Gigi.

- Descansar, você vai é transar que eu sei! Você não merece beijo, sua malvada! Manda um beijo para o Nathan porque ele é um amorzinho comigo.

- Esse tipo de chantagem não vai funcionar... sua boba! Boa noite.

- Boa noite, sis – Stana ainda ria da reação da irmã quando entrou em casa.

As coisas retornaram aos eixos após as pazes. Claro que seus horários continuavam loucos e as vezes mal se viam. Foi o que aconteceu na segunda, ele sabia que Stana iria trabalhar até a madrugada enquanto ele ficaria livre por volta das seis da tarde. Por esse motivo, resolveu chamar os rapazes para um pequeno happy hour na sua casa. A ideia era aproveitar um tempo juntos e promover a série. Nathan sugeriu um live tweeting com Seamus e Jon no horário da costa leste que não ficaria pesado para eles já que teriam que trabalhar cedo no outro dia.

Stana viu a movimentação e não ligou até o momento que ambos confirmaram e sua ficha caiu. Isso ia acontecer essa noite na sua casa. E se percebessem alguma coisa? De repente, não lhe pareceu uma boa ideia. Ela esbarrou com Nathan na mini copa.

- Está certo essa história de live tweeting? Não acha que está arriscando muito?

- Arriscando? Acho que é ótimo para a série e para os fãs. Vai ser bom ter a companhia dos rapazes.

- Estou falando de nós. E se eles perceberem algo estranho, encontrarem roupas ou objetos meus?

- Só vamos usar a sala de vídeo. Até a cozinha eu vou evitar, já deixarei tudo a mão lá. Não se preocupe. Eles não vão identificar nada ligado a você.

- E as fotos? Você tem fotos nossas naquela sala.

- Eu as removi no dia dos namorados quando recebi a turma de OLTL.

- Sério? Você não me disse isso.

- Foi por precaução, nada relacionado com a nossa briga. Concentre-se em gravar. Sei como entreter esses dois – ela suspirou. Tinha que confiar nele. De certa forma, era uma maneira de despistar qualquer rumor ou desconfiança de que ele tinha alguém isso poderia vir a ser usado a seu favor quando sua mãe viesse fazer a famosa visita ao estúdio.

Nathan tinha razão. Passara três horas com os rapazes, bebendo, comendo e claro, fazendo a alegria dos fãs de Castle no twitter. Além de conversarem bastante e responderem perguntas, eles postaram fotos, fizeram elogios e criaram uma verdadeira festa. Tão boa que ele já pensava em repetir a dose na próxima segunda.

Quando Stana chegou em casa pouco mais da meia-noite, já não encontrou ninguém. Todos tinham compromisso cedo no estúdio, saíram por volta das onze da noite. Não vendo movimentação, foi direto para o quarto. Ele estava no banheiro, acabara de tomar um banho. Estava colocando o pijama.

- Hey... – ela disse abraçando-o pela cintura – noite divertida?

- Bastante. Seamus e Jon são ótimas companhias. E você? Está cansada? Vai gravar amanhã cedo?

- Sim, entro as sete da manhã. Outro dia corrido. Preciso de banho e cama. Que pena que você já tomou o seu, adoraria a companhia.

- Se quiser, eu tiro a roupa e lhe acompanho. Não será nenhum sacrifício, Staninha.

- Por mais que eu adore esse seu jeito de me mimar, eu nem sei se conseguiria fazer alguma coisa. Tive muitas cenas físicas hoje. Apenas me espere na cama – ela se inclinou na direção dele para beija-lo. Sentiu a mão de Nathan deslizando por baixo de sua blusa. Gemeu – Nate... não faz isso... não podemos perder a hora de novo. Se você começar a me provocar, mesmo sem forças, posso não resistir.

- Isso soa como um convite, amor – e antes que ela respondesse, ele já se livrara de todas as roupas ficando nu empurrando-a para o chuveiro.

Uma hora depois, eles finalmente conseguiram sair do banho. Ele catou as roupas que vestira antes e foi para o quarto esperar por ela. Stana mal teve forças para botar a camiseta e se enfiar debaixo do edredom colada no corpo dele. Adormeceu quase que instantaneamente.

Mais dois dias pesados de gravação para Stana. Felizmente recebera a notícia de que ia ter meio dia de folga na quinta. Estava se servindo de café quando Nathan se aproximou atrás da bebida também. Outro pretexto para ficar perto da esposa e para lhe dar um recadinho.

- Hora do café, não? Estou precisando. Quando chega essa hora da tarde meus olhos começam a arder. Cansaço, sono acumulado. Imagino você que tem filmado pela madrugada – a conversa era para não levantar suspeitas porque Jon e um dos diretores estavam por ali tomando café também.

- Sim, estou me virando como posso. Chego tarde em casa e demoro a dormir devido a adrenalina, sabe? Acabo ficando sonolenta no dia seguinte.

- Ah, claro! Muita adrenalina... – havia um duplo sentido nessas palavras, felizmente os rapazes os deixaram sozinhos – Jeff me ligou. Ele está nos convidando para jantar na casa dele amanhã à noite, por volta das sete. Não confirmei ainda porque não sei seu cronograma de gravações. Teve alguma mudança?

- Sim, amanhã trabalho apenas cinco horas. Das onze as quatro. Ele disse qual o motivo do jantar?

- Quer retribuir a gentileza que fizemos para ele e Gigi. Disse que faz parte do desempate entre vocês dois – ela riu.

- Tudo bem. Pode confirmar. Talvez seja a nossa última reunião antes da mamãe chegar.

- Nem me lembre disso, duas semanas longe de você. Será o inferno!

- Dessa vez não estaremos brigados, isso já é uma boa coisa. Esquece, péssima colocação. Desculpe.

- Tudo bem, você tem razão. Vai ser um pouco mais fácil porque tenho a certeza que você voltará para casa. Vejo você mais tarde.

Na quinta-feira, Gigi chega na casa de Jeff carregando duas sacolas de compras. Estavam pesadas. Colocou-as sobre a mesa e respirou aliviada.

- Jeff! Cadê você? Jeff! Caramba, tem certeza que precisa de tudo isso? É um jantar para quatro pessoas e não o batalhão do exército.

- Estou aqui na cozinha – ele reaparece na sala com um pano de prato no ombro e um avental na cintura – e não é tanta coisa assim. Deixa de ser exagerada, amor, são apenas diferentes opções de entrada. Para saborearmos as bebidas. O jantar será prato único. Fiz lasanha. Nathan ama minha lasanha.

- Hum, qual o segredo da sua lasanha?

- Bacon. Por isso ele adora, Nathan é tarado por bacon.

- Então você vai preparar um monte de patês, queijos e frios para servir com pão e depois lasanha? Wow, Stana vai te odiar, nada saudável. Muito carboidrato.

- Primeiro, não é pão é foccaccia. Segundo, minha cara Kristina, eu sei que sua irmã é uma pessoa saudável exatamente por esse motivo eu pedi para você trazer o salsão, as cenouras e as azeitonas. Se ela não quiser comer os frios, pode comer as verduras e quanto a sobremesa, abacaxi para ajudar na digestão mesmo que eu saiba que meu irmão irá atacar o sorvete.

- Pare de me chamar de Kristina. Não foi por isso que lhe disse meu nome verdadeiro. Somente minha mãe me chama assim e ela tem que estar com muita raiva de mim. Gosto de Gigi.

- Tudo bem, Gigi. Prometo que não faço mais isso, a menos que você me dê motivos sérios.

- Fique despreocupado. Não terá que se sua deixa – ela se aproximou dele abraçando-o pela cintura.

- Que pena! Eu esperava ver você fazendo uma cena por causa de ciúmes algum dia... talvez uma briga, sabe, defendendo seu homem... seria no mínimo excitante – ele a olhava intensamente.

- Você é muito bobo... homens e suas fantasias... quem sabe um dia, desde que não seja você que me dê motivos...– ela acariciou o peito dele, as mãos dividiam-se entre as caricias no tórax e no avental amarrado na cintura, beijou o rosto dele deixando os dentes rocarem a barba rala - você fica sexy nesse avental... podíamos aproveitar a oportunidade e testar seus dotes culinários relacionados com outra área...

- Por mais tentador que seja – ele beijou-lhe o pescoço várias vezes – temos um jantar para preparar – mordiscou o queixo dela – já são quatro horas... eles chegarão as sete.

- Correção, Jeff – ela beijou-lhe os lábios outra vez – você tem um jantar para preparar. Não me envolvo com a cozinha, esqueceu? – ela o empurrou.

- Nossa! Você é muito mandona. Achei que era apenas sua irmã.

- Nah... é de família. Vou tomar um banho. Avise quando eu puder descer para receber meus convidados e apreciar os antepastos.

- Folgada! Não sou seu empregado... – ele disse segurando o riso.

- Não, mas gostaria de ser meu escravo sexual? – ele revirou os olhos.

- Pare de colocar ideias na minha cabeça, Gigi! – ela sumiu gargalhando. Jeff sacudiu a cabeça para tirar a imagem de uma Gigi dominadora de sua cabeça e cuidar do jantar – onde fui me meter? Tudo culpa sua, Nate! – ele resmungou.

Mais tarde, a campainha toca avisando a chegada dos convidados. Stana sorria segurando uma garrafa de vinho nas mãos. Nathan estava ao seu lado. Tinha uma caixa nas mãos. Gigi olha para o cunhado intrigada.

- Boa noite, casal Fillion. Sejam bem-vindos a essa humilde casa – fez sinal para entrarem - Posso saber o que você tem nas mãos, Nathan?

- Apenas um presente de casa nova. Afinal, Jeff acabou de mudar-se para LA, essa é a nossa primeira visita, nada mais justo. Onde ele está?

- Na cozinha. Deve estar preparando os antepastos para servir com a bebida – ela pegou a garrafa da mão da irmã – obrigada, sis. Vamos já experimentar essa belezinha. Já, já ele aparece.

- E você não vai ajuda-lo, Gigi? – perguntou Nathan.

- Há! Você não conhece minha irmã. Ela e a cozinha são inimigas declaradas. Você escolheu a Katic certa, Nate – ele riu.

- Ainda bem que Jeff sempre gostou de cozinhar. Senão sentiria pena dele.

- Hey! – ela deu um murro no braço do cunhado – posso oferecer coisas muito melhores que cozinhar, duvido que seu irmão discorde. Eu sou bem criativa...

- Gigi... – Stana repreendeu-a.

- Ah, qual é sis? Somos todos adultos. Falando nisso, como vai a vida de casada depois que fizeram as pazes? Não destruíram a casa, certo? Sexo de reconciliação é muito bom!

- Gigi! – Stana ralhou com ela já vermelha.

- Ela tem razão, sabe? – Jeff apareceu na sala dando um beijo na cunhada e um abraço no irmão – sexo de reconciliação é ótimo. Sejam bem-vindos. Vão de vinho mesmo? Tenho whisky, mas vinho combina mais com a nossa noite.

- Pensei que ia concordar com a outra parte do discurso. Sobre ela oferecer mais do que comida.

- Concordo 100%. E não me importo.

- Eu disse, ele gosta assim – respondeu Gigi fazendo todos rirem – Nathan trouxe um presente para você.

- Oh, quase esqueci. Aqui, bro – ele entregou a caixa. Jeff abriu se deparando com um conjunto incrível de taças e copos para todos os tipos de bebidas. Stana se aproximou, pegou algumas taças e comentou seguindo para a cozinha.

- Deixe-me ajudar com o vinho.

- Não, você é minha convidada – Jeff saiu atrás dela.

- Agora que estamos sozinhos, posso te perguntar. Está tudo bem, vocês discutiram muito? Não tive tempo de entrar em detalhes com minha irmã, ela anda trabalhando muito.

- Teve que fazer isso devido a visita da sua mãe. Estamos bem, Gigi. E se você não sabe, eu sou realmente muito pacifico em relacionamentos. Tudo que quero é ficar bem com quem eu amo. Acabamos por descobrir que não toleramos ficar longe um do outro, é uma tortura. Nem quero pensar nesses dias que ela estiver morando com você.

- Não precisa dizer isso para mim, eu vi o sofrimento da minha irmã. Vocês pertencem um ao outro. Satisfaça minha curiosidade, foi épico? O sexo? – Nathan balançava a cabeça – vamos, cunhado, sei que minha irmã é uma tigresa na cama. Só me dê um sim ou não.

- Gigi... – ele riu – se ela sonha... sim, foi épico e não foi na cama, pelo menos não a primeira vez.

- Deus! Fiquei mais curiosa, mas obrigada por contar.

- Contar o que? – Stana apareceu com a bandeja de antepastos e frios enquanto Jeff trazia as bebidas.

- Nathan estava me contando sobre o motivo porque você não parece ter tempo para falar comigo. Anda trabalhando demais e a culpa é da mamãe aparentemente.

- Tivemos que reavaliar o cronograma de gravações e não apenas isso, tenho um episódio focado na Kate. Você pensou que eu estava te evitando?

- De certa forma, tudo bem, sis. Sei que você não quer me contar da sua intimidade. Isso não quer dizer que não vou continuar tentando – Stana revirou os olhos. Precisava fazer Gigi esquecer isso. Queria uma noite agradável, não embaraçosa.

- Que tal mudarmos de assunto? Conte para nós, Jeff. O que está achando da vida em LA? – Jeff sorriu. Compreendia exatamente o que a cunhada estava tentando evitar, então respondera a sua pergunta iniciando uma conversa animada sobre a cidade. Em minutos, todos estavam engajados, bebendo e rindo. Um jantar familiar e ao mesmo tempo um encontro duplo entre dois casais apaixonados. Não era todo dia que se via isso acontecer. 

Meia hora depois, Jeff os convidou para sentarem-se a mesa explicando o porquê da escolha do prato único já se desculpando pelo cardápio. Stana sorriu para o marido e para o cunhado.

- Você vai achar estranho, Jeff. Mas eu estava desejando uma comida com muito carboidrato. Minhas cenas têm sugado minha energia. E se tem bacon, quem sou eu para recusar? Mal posso esperar para provar.

- Terei o maior prazer em servi-la – Jeff pegou o prato e colocou uma porção generosa da massa – se quiser mais queijo, aqui está o vidro. É pecorino. Quer que eu lhe sirva também, amor? – vendo o jeito ansioso que Gigi olhava para ele. Não esperou resposta, pegou seu prato e fez o mesmo – Nate, você é de casa.

- Jeff! Isso está muito bom! Como aprenderam a cozinhar assim? Você e seu irmão sabem conquistar suas mulheres pelo estomago...

- Estamos longe de sermos experts ou masterchef´s aprendemos o básico, não Nathan? E você acertou em cheio o real motivo. Impressionar garotas. Nós costumávamos deixar a cozinha da mamãe um verdadeiro desastre, porém ela sempre nos perdoava porque acabávamos fazendo algo gostoso. Na verdade, ela se orgulhava de ver que os seus meninos tentavam ser independentes. Se ela soubesse a razão.


- Ela sabe, Jeff. Pode acreditar. Lembra quando quase provocamos um incêndio naquele meu apartamento em Nova York? Todo o lugar cheirava a queimado por uma semana! Mesmo assim, olhe para nós, estamos aqui em Los Angeles na companhia de belas mulheres que adoram nossa culinária. Conseguimos não, bro? Um brinde a isso! – eles ergueram as taças rindo. Sim, estava sendo uma excelente noite. Nathan torcia para estar longe de terminar.  Quanto mais tempo passasse ao lado de Stana, melhor.  


Continua...