sexta-feira, 26 de setembro de 2014

[Castle Fic] There's Always Tomorrow - Cap.23


Nota da Autora: Conforme prometi no post anterior, tem uma surpresinha para vocês nesse capítulo. A maré de tranquilidade está começando a acabar... tem angst vindo por aí. Mas, uma coisa de cada vez. Enjoy!

Atenção! NC17...


Cap.23   

As primeiras pessoas que Beckett encontrou no salão foram Ryan e Esposito. Ao vê-la, Ryan cumprimentou-a com um sorriso e um abraço. Em seguida fez o mesmo com Castle.

- Então, a dupla dinâmica está de volta. Poxa Beckett, você faz falta por aqui. Estou feliz em poder trabalhar novamente juntos. Esse distrito não é o mesmo sem vocês.

- Só ela é importante? Eu não conto? – Castle respondeu magoado.

- Caso não tenha percebido, eu disse vocês. Claro que sinto falta de todo o seu nonsense, precisamos rir um pouco afinal – Karpovisky ao notar a presença de Beckett no salão, puxou uma salva de palmas e em um instante, todos os colegas vieram falar com ela, Kate sentiu um alívio grande no coração, uma sensação maravilhosa de estar voltando para casa. Esposito permanecia a uma certa distância de tudo. Será que ainda estava magoado com ela? A barulheira e as conversas empolgadas começaram a cessar no momento em que Gates saiu da sua sala ao encontro de Beckett. Rapidamente, os colegas detetives e policiais foram se dispersando para evitar serem chamados a atenção.

- Lieutenant Beckett, seja bem-vinda – a Capitã estendeu a mão para ela que a apertou sorrindo – Mr. Castle – cumprimentou-o com um gesto de reverência.

- Olá, Capitã Gates – ele respondeu.

- Sei que há muita curiosidade na sua volta e certamente haverão conversas paralelas, tudo bem, hoje é seu primeiro dia, nada mais natural. Poderá conversar bastante com seus colegas porém, gostaria de alguns minutos na minha sala primeiramente para que eu possa colocar as suas novas responsabilidades em perspectiva e entender algumas coisas que vi esses dias no noticiário.

- Claro, senhora. Podemos fazer isso agora mesmo – quando caminhava para a sala da superiora, Castle fazia cara de pânico, evidentemente Gates referia-se a entrevista dada por Kate a Nadine. Devidamente instaladas na sala da Capitã, Beckett foi quem primeiro falou.

- Senhora peço desculpas pelo barulho e o distúrbio causado com a minha chegada. Não tinha intenção de atrapalhar seu trabalho e sua manhã.

- Não se preocupe com isso, detetive. Oh, desculpe. Tenente. Preciso me acostumar a nova hierarquia. Sei que as pessoas tem curiosidade em saber um pouco mais da sua história com o FBI e sua volta a NYPD. Logo você deixará de ser novidade. Não foi por isso que a chamei aqui. É meu dever como sua Capitã e orientadora informar o que pretendo desenvolver na sua nova patente dentro do meu distrito. Conforme nossa conversa prévia, você continuará chefiando a equipe de detetives para resolver casos de homicídios. A equipe é de sua total responsabilidade, se eles erram, você erra. Beckett agora a porta de entrada do 12th é você, será uma espécie de filtro para que as coisas apenas cheguem ao meu conhecimento quando você tiver esgotado todas as possibilidades. Quero que encare isso como um teste de compromisso e autoridade. Ganhe respeito, faça com que as pessoas busquem em você alguém para pedir uma orientação, um conselho. Acredito que isso será fácil de conseguir. Sua boa reputação ajudará. Porém, terá que desenvolver outras atividades. Quero vê-la mais vezes no tribunal, mesmo que peçam a alguém para testemunhar, se estiver disponível quero que acompanhe. Auxilie a promotora Roberts. Será importante mostrar que estamos presentes e buscando por justiça além do ambiente da delegacia. Até aqui fui clara? Você tem alguma dúvida?

- Está claro, Capitã. Não chega a ser uma dúvida, é mais uma preocupação. Entre casos por investigar, relatórios e idas ao tribunal. Como ficaria a divisão do meu tempo? A senhora sabe que existem casos que tomam bastante tempo em investigação, são complicados. Tenho receio em não conseguir conciliar tudo.

- Tenente, sei como funciona a dinâmica do meu distrito. Claro que não irei força-la a ir a um tribunal se sei que está atolada em alguma investigação. Caso eu veja que um dos detetives pode assumir seu lugar, farei isso. Caso contrário, o assassinato sempre será prioridade. Mais uma coisa, quando houverem reuniões na Central de polícia, quero que me acompanhe. Devagar, irei inseri-la no contexto político da polícia. Sei o que pensa a respeito disso e assumi um compromisso com você de treina-la e guia-la pelos caminhos complicados e escorregadios dos bastidores. Tudo bem?

- Sim, eu agradeço a sua maneira de tratar a questão. Às vezes sou muito preto no branco. Preciso mudar isso.

- Mais uma coisa, mantenha o Mr. Castle na linha. Sua responsabilidade perante a esse distrito é bem maior a partir de agora, portanto mantenha-o sob rédeas curtas. Concordei com a presença dele aqui porque reconheço que é uma boa ajuda para nós mas ainda é um civil. Não é por isso que não seguirá as regras como os demais.

- Isso é fácil de fazer, senhora. Não precisa se preocupar.

- Se você diz que consegue... imagino que esse bambolê em seu dedo deve ser a razão disso – Beckett riu – por último e não menos importante, Beckett pode me explicar que entrevista foi aquela com Nadine um par de horas apenas da sua nomeação oficial para Lieutenant? – Beckett mordiscou os lábios pensando em uma maneira de argumentar o fato sem que a Capitã lhe xingasse e mandasse desistir das entrevistas com a repórter.

- Senhora, na verdade aquela entrevista tem a ver com uma escolha pessoal minha devido ao livro que escrevi de Castle. Fiz uma primeira entrevista para uma revista e teve uma boa repercussão. Nadine me procurou para propor algo diferente. Com o caso do Senador Denver, meu nome ficou em evidência algumas semanas por isso ela gostaria de fazer uma série de entrevistas comigo referente a trabalho. Como faço a análise do caso que estou investigando, como é o dia a dia na agência, queria uma entrevista exclusiva sobre o caso de fraude que virou notícia em todos os canais. Eu não podia dizer a ela que não trabalhava mais para o bureau, Nadine chegou a falar em contatar alguém grande lá dentro que permitisse seu trabalho ao meu lado. Não sabia o que fazer para detê-la no FBI daí tive a ideia de aceitar com o princípio básico de que eu a chamaria quando julgasse interessante e relevante, então quando a nomeação saiu, pensei que seria uma boa publicidade para o departamento de polícia. O prefeito pode apreciar. Desculpe, senhora foi um tiro no escuro. Ela quer fazer algumas entrevistas comigo, talvez fosse interessante fazer com a senhora. Caso o Comandante não esteja de acordo, eu falo com Nadine.

- O Comandante não manifestou nenhum parecer a mim, tenente. Temos que zelar pela privacidade de algumas coisas na estrutura da polícia da nossa cidade. Também não sei a opinião do prefeito.

- Na verdade, ele ligou lá para casa e me parabenizou pela volta e pela maneira que demonstrava o meu compromisso pela cidade. Agradeceu a propaganda gratuita sobre segurança que a entrevista acabou gerando.

- Ele ligou para você diretamente?

- Sim, por causa...

- De Castle. Já entendi. De qualquer forma, sugiro não fazer mais nenhuma entrevista com a repórter até que eu consulte o Comandante e o secretário de segurança. Concordo que parece uma boa iniciativa para divulgar nosso distrito e não seria mal participar disso também. Mas por enquanto nada de surpresas deixe Nadine avisada.

- Tudo bem, senhora. Se me permite opinar, não é segredo para ninguém que não sou adepta a exposição de imagem e câmeras. A Capitã inclusive presenciou meu desconforto quando quiseram filmar nossa atividade no distrito a algum tempo. Dessa vez, porém é um pouco diferente. Posso gerenciar Nadine. Não deixarei que ela nos exponha ao ridículo. Acredito que podemos fazer que isso se volte a nosso favor.

- Bem, posso considerar isso como sua primeira tarefa de filtro e exposição. Não faça nada até eu checar com o Comandante seu parecer. Está dispensada. Hoje não irei exigir muito de você, anote em sua agenda Beckett. Todas as manhãs teremos uma reunião apenas eu e você para discutirmos os maiores casos do distrito, repassar tarefas relevantes a você e será um momento para trocarmos experiências. Sempre às oito da manhã. Está dispensada.

- Claro,senhora. Obrigada.

Beckett saiu da sala de Gates e dirigiu-se logo a minicopa. Tinha certeza que Castle deveria estar por lá roendo todas as unhas de curiosidade por saber o que a capitã queria com ela. Encontrou-o tomando café. Serviu-se de água além de pegar um iogurte na geladeira. Sentou-se ao lado dele que já demonstrava estar morrendo de ansiedade para saber como fora a conversa.

- Você vai falar ou vai me deixar nessa agonia aqui?

- Não sei, gosto de ver você agoniado, torturar é sempre bom. Funciona tão bem com você – disse com um sorriso maroto.

- Não faz isso, Kate. O que Gates queria?

- Conversar sobre a minha atividade, o que ela pretende me dar de atribuições. Terei novas responsabilidades além de investigar assassinatos.

- Só isso? Ela não comentou nada sobre a entrevista?

- Sobre isso... bem teremos que avisar Nadine que as entrevistas estão... – Castle a interrompeu.

- Canceladas? Ah, não Kate. Ela vai ficar uma fera! Como vamos resolver o outro assunto se falharmos com ela?

- Suspensas, até que Gates converse com o secretário de segurança e o Comandante. Acho que não teremos muito o que nos preocupar, eu consegui mostrar a Capitã que há benefícios nisso. Terei que conversar com Nadine para informa-la do ocorrido e que possivelmente deverá incluir uma entrevista com a Capitã entre aquelas que fará comigo.

- Olha só! Nada mal para quem não gosta de política,hum? Começou bem, Lieutenant Beckett – bateu a caneca contra o copo dela para simular um brinde.

Esposito entrou na minicopa e serviu-se de café. Ao vê-lo, Beckett resolveu conversar com o amigo.

- Como vão as coisas por aqui, Espo?

- Corridas como sempre. Casos e mais casos.

- Que bom, de certa forma posso ajudar vocês agora.

- Não vai ser chefe? Não precisará investigar apenas mandar e ver se estamos fazendo tudo certo.

- Qual é o problema, Esposito? Já não expliquei que não podia falar nada sobre a mudança para vocês. Por que é tão difícil de entender? Poxa! Pensei que ia ficar feliz com a minha volta.

- Você não pensou duas vezes antes de contar para aquela repórter. E você não gosta de publicidade, foi idéia do Castle?  

- Foi depois da divulgação. Era melhor fazer isso do que ter um monte de gente especulando ou milhares de repórteres azucrinando minha família. E não foi ideia do Castle, mas se ele me sugerisse talvez tivesse aceito da mesma forma. Por acaso não expliquei tudo para vocês?

- Eu já entendi Beckett. Mas é que pensei que confiasse na gente.

- E confio! Você e Ryan são meus amigos, coloco minha vida nas suas mãos. Por que você não se coloca na minha posição? Depois de tudo o que passei, com um bebê novo e tendo que me manter calada sobre uma mudança como essa na minha vida? Pensei que tivesse a compreensão de vocês. Especialmente a sua depois de tantos anos – Castle acariciava as costas dela procurando conforta-la. Estava chateado com a cena mas não se meteria na discussão a menos que Esposito fizesse algo que desaprovasse contra Kate. Ele sabia que ela preferiria resolver seus problemas sozinha.

O silêncio instalou-se entre os dois. Beckett estava disposta a continuar brigando se Esposito insistisse naquela besteira até fazê-lo entender que não quis enganar ninguém. Erguendo as mãos, o amigo rendeu-se.

- Tudo bem, eu exagerei. Desculpe. Ainda me soa estranho você fora do FBI e trabalhando aqui. Pensei que ia ficar como aquele seu ex-namorado, subindo de cargo e mudando de cidades, chefiando grandes equipes em situações de risco. Tem condições de fazer isso e de repente, a vejo novamente aqui. Tenente da NYPD. Nada contra você está de volta, pelo contrário, sentimos sua falta nesse lugar.

- Também pensei nisso, acreditei que pudesse estar a frente de grandes missões mas o FBI não é tão atraente como se imagina, pensam diferente, priorizam diferente. Tive que pensar no meu filho, na minha vida. Escolhi o melhor para mim, Espo. Você deveria ficar feliz com isso, eu estou – Espo sorriu e a abraçou a amiga.

- Desculpe novamente. Acho que ainda estou me adaptando a essa nova Beckett. Tenho que encerrar um caso que estou trabalhando, nos falamos depois – já na porta ele virou-se – seja bem-vinda, Beckett. Você também, bro.

- Obrigada. Castle, por que você não se meteu na discussão?

- Porque conheço minha mulher suficiente para saber quando intervir. Sei da sua amizade de longa data com Esposito. Se havia diferenças, cabia somente aos dois resolverem. Você é independente, não precisa de mim para resolver essas desavenças ou mal entendidos. Quando se trata de salvar sua vida, aí é outra história. Você depende de mim.

- Ah, Castle...você estava indo tão bem... – eles riram juntos e terminaram as bebidas.

- Sabe o que está faltando para Espo? Uma namorada, a sensação de família por perto. Por isso ele tem alguma dificuldade em entender certas coisas. Quer dizer, nós somos uma família, Ryan e Jenny também. Até a Capitã tem familia.

- Isso é algo verdadeiro mas não podemos força-lo a nada. Espo tem que descobrir o que precisa por ele mesmo. Eu tiro por mim, até um tempo atrás sequer pensava em casar, ter filhos. Nem por sair me interessava e olha como estou hoje...

- É porque você precisava me conhecer...

- Sei sei... não é hora para se gabar, Castle. Preciso ligar para Nadine.

Do celular ela contatou a repórter. Explicou o que conversou com a sua superior adiantando que não via problema quanto continuar as entrevistas porém, deveria obedecer a hierarquia e aguardar o parecer do Comandante. Comentou que sugeriu uma entrevista com a Capitã e a mesma se mostrou favorável à idéia. Pediu que aguardasse seu novo contato. Nadine compreendeu a estratégia de Kate e concordou.

Duas semanas se passaram até que Beckett entrasse na sua nova rotina. Entre reuniões com a sua superiora, idas ao tribunal e pequenos casos, ela coordenava as equipes sem maiores problemas e nem precisar de grandes esforços para desvendar nada. Tanto que Castle acabava indo em dias alternados para o distrito ficando em casa para escrever além de aproveitar para ficar com Alex.

Durante a reunião dessa manhã, Gates trouxe novidades. O Comandante recebeu-a no início da semana para dar o parecer sobre as entrevistas sugeridas por Beckett para promover a NYPD em especial a homicídios.

- E qual foi o resultado, senhora?

- Aprovado. Ele não só gostou da idéia como mandou lhe dar os parabéns pela iniciativa. Disse que você já está mostrando que tem muito potencial para deslanchar nessa patente de tenente. Sendo assim, como você prefere trabalhar com a repórter? Deixo aos seus cuidados pois sei que irá preservar tudo aquilo que não puder ser exposto ou divulgado. Sua discrição deve permanecer antes de tudo.

- Claro, senhora. Não se preocupe quanto a isso. Minha sugestão anterior a Nadine teria sido pegar um caso interessante e mostrar o desenrolar da investigação, como analisamos e escolhemos os suspeitos a serem interrogados até chegar no culpado. Para isso, tenho que escolher um homicídio. A entrevista será gravada. Posso sugerir que ao final do caso, ela grave com a senhora.

- Parece o melhor a fazer. Hoje não vou tomar muito seu tempo, apenas gostaria de acrescentar que vem exercendo um bom trabalho de liderança sobre seus colegas, tenente. Isso me agrada bastante. Continue assim. Dispensada.

Kate apenas sorriu para a Capitã e deixou a sala. Ainda não tinha um caso em mente para a repórter porém, tinha certeza de que ela adoraria receber a notícia de que o caminho estava liberado para seu suposto experimento. Ligou em seguida.

Três dias depois, finalmente aparecera um caso interessante de assassinato. Castle não estava no distrito então assim que recebeu a chamada, ligou para que a encontrasse na cena do crime. A vítima era um design de uma grande corporação e tudo indicava ser um crime envolvendo espionagem industrial. O notebook da empresa fora levado e algumas pastas de trabalho também. Segundo Lanie levou dois tiros de 38 no peito disparados por uma arma com silenciador. Havia sinais de luta na sala do apartamento e marcas no corpo que demonstravam a tentativa de se defender de seu agressor. Thomas Finn era solteiro e um executivo respeitável na Design Co. Especialista em publicidade e propaganda. Morava sozinho como um verdadeiro bachelor. Tinha uma irmã mais velha e a mãe que morava em Connecticut. Saindo da cena do crime, ela contatou Nadine. Perguntou se a repórter estava disponível para observar uma investigação porém não podia garantir que esse seria um caso relevante, seu instinto dizia isso. Claro que a jornalista topou na hora e ficou de encontra-la no distrito.

Beckett voltou ao 12th para aguardar a irmã e a mãe da vítima que já havia sido informada por Esposito. Enquanto esperava a resposta dos peritos e de Lanie sobre alguma pista a mais, Beckett começou uma pesquisa sobre a companhia onde Finn trabalhava.

Nadine Furst chegou após vinte minutos do telefonema de Beckett. Elegantemente vestida, chamou a atenção logo que entrou no distrito. Beckett foi ao seu encontro para recebe-la e apresenta-la a Capitã.

- Olá, Nadine! Você foi rápida.

- Ah, quando Kate Beckett chama só pode significar uma coisa boa. Olá, Castle.

- Oi, Nadine.

- Então, podemos começar? Qual o primeiro passo?

- Primeiro nós vamos falar com a minha Capitã. Depois, vamos ao trabalho. Castle, você pode ver se Ryan conseguiu mais informações sobre as últimas movimentações da nossa vítima, veja se ele já tem os videos de segurança – em seguida ela bateu à porta da sala de Gates pedindo permissão para entrar.

- Senhora, com licença. Quero lhe aprensetar a jornalista Nadine Furst. Capitã Victoria Gates.

- É um prazer conhece-la, capitã. Especialmente por ter alguém como Kate em sua equipe. Ela me contou que a senhora a apoiou muito na decisão que tomou.

- Fiz meu papel como superiora e também como mulher. Apoiei-a da mesma maneira que o fiz quando a oportunidade do FBI surgiu. Já ouvi falar muito de você mas até a tenente mencionar sobre as entrevistas ainda não tinha tido a curiosidade de entender o seu trabalho. Devo dizer que fiquei satisfeita e bem impressionada. Espero que possa escrever boas reportagens sobre a NYPD.

- Essa é a minha intenção, Capitã. Inclusive gostaria de conversar com a senhora se possível.

- Claro, por hora a deixarei nas mãos de Beckett. Quando precisar, pode me procurar. Seja bem-vinda ao nosso distrito.

- Obrigada – assim que deixaram a sala da capitã, Nadine comentou – você está me saindo uma excelente negociadora e lidando muito bem com a parte política da coisa. Isso só me dá mais idéias. Já pensou em entrar para a política, Kate? – pela careta que fez, Nadine soltou uma gargalhada – mais uma aversa ao poder do estado. Com o tempo, talvez você mude de idéia. O que vamos fazer agora?

- Ao contrário do que você pensa, uma investigação de assassinato pode ser bem entediante, nada daquele frisson que se vê em filmes ou séries estilo CSI. Às vezes o motivo que leva uma pessoa tirar a vida da outra é tão banal que nos deixa chateados. Muitas vezes você se questiona qual o valor de uma vida.

- Espera! Deixe eu anotar essa frase – ela pegou o ipad e digitava ferozmente – droga! Devia ter ligado logo meu gravador.

- Nossa! Você me fez lembrar de alguém alguns anos atrás... – Beckett sorria olhando na direção de Castle – posso continuar? – recebeu o sinal de positivo com o polegar, certamente o gravador já estava ligado – o que iremos fazer agora é avaliar o resultado das filmagens do prédio e começar a contatar as pessoas na empresa que ele trabalhava. Antes tenho que fazer a parte mais difícil de todo esse trabalho. Dizer para alguém que seu filho está morto. Não importa quantas vezes faça isso, sempre mexe com você. Sempre é complicado, doloroso. Promete entrar e ficar calada?

- Tudo bem.

Beckett entrou na saleta de espera e cumprimentou a mãe da vitima e a irmã.

- Senhora Finn, sou a Lieutenant Kate Beckett. Infelizmente não tenho boas notícias – enquanto conversava com os parentes da vítima, Beckett buscava descobrir mais sobre hábitos, amizades, inimigos. Soube que Tom estava diante de um grande projeto na empresa, liderava uma equipe de dez pessoas e estava muito estressado. Nada estranho até a irmã revelar que havia duas pessoas na equipe que pressionavam o irmão. Um deles era para liderar o projeto mas foi vetado pela diretoria e outro era amigo de um gerente e Tom desconfiava que ele estava passando informações sobre seu trabalho ao conhecido procurando queimar a reputação dele. A irmã sabia disso porque conversara com ele a uma semana. Thomas viera pedir conselhos a ela porque trabalhava com recursos humanos.

Satisfeita com a conversa, Beckett agradeceu e reforçou seus pêsames as duas. Ao sair da sala, Nadine voltou a falar.

- Tá na cara que esse projeto de Thomas era muito importante. A possibilidade do culpado ser um dos membros da equipe é muito grande.

- Sim, esse será nosso próximo passo. Visitar a empresa e falar com os colegas deTthomas, mas antes preciso de mais informações. Vou lhe apresentar nosso quadro de evidência. Nada hitech. Aqui resolvemos assassinatos no método antigo, usando quadro branco – ao ver Castle em sua cadeira cativa examinando uns papéis perguntou - Castle, o que temos?

- Algumas tomadas da câmera de segurança, nada anormal. Ele chegou em casa por volta das oito da noite, não saiu mais. No elevador não há indicação de nada anormal. Outros possíveis moradores, entregador de comida, melhor procurar em outro lugar.

- Sim, na empresa que trabalhava. Nadine, esse é o nosso quadro – Beckett começou a explicar a dinâmica e o funcionamento do quadro para a investigação. Conversaram os três por quase uma hora antes de elencarem seus próximos passos e deixarem o lugar rumo a empresa onde Thomas Finn trabalhava.

A Design Co. era uma empresa grande e muito bem decorada. Em estilo moderno, misturava cores e praticidade sem deixar de mostrar seu lado de ostentação. Era uma empresa saudável aparentemente. Vários monitores com propaganda, banners e quadros decoravam o corredor largo que terminava em uma recepção de primeira linha. No balcão uma recepcionista com um tablet nas mãos e um headset no ouvido atendia a ligações, ao avistar Beckett e seus acompanhantes, colocou um sorriso no rosto.

- Boa tarde, sejam bem-vindos a Design Co.

- Boa tarde. Gostaria de falar com Steve Mann.

- O Sr. Mann está com a agenda lotada o dia todo. Nesse momento está em uma foneconferência com um cliente muito importante. Por acaso marcou hora? – Beckett puxou o distintivo e mostrou a mulher.

- Lieutenant Beckett. NYPD. Imagino que ele consiga me encaixar na sua agenda, afinal trata-se de um homicídio algo que certamente não pega bem em uma empresa de publicidade e propaganda, não acha?

- Um momento, tenente – a atendente pegou o telefone e contatou alguém. Beckett ouviu Nadine cochichar para Castle.

- Ela é boa!

- Você ainda não viu nada, espere um interrogatório – Beckett sorriu diante do comentário. A atendente largou o headset dirigindo-se a tenente.

- Ele está terminando a conferência, disse que atende a senhora em quinze minutos. Gostaria de um cappuccino? Água , suco, refrigerante? Posso providenciar – antes que ela pudesse responder educadamente que não, Nadine e Castle já se anteciparam.

- Cappuccino por favor.

- Pra mim sem açucar, como vai querer o seu Beckett? – ela revirou os olhos diante da cena. Uma espécie de dejavu duplo se materializava a sua frente.

- Tudo bem, um sem açucar para mim também.

- Já trago em um minuto – assim que a recepcionista virou as costas, Beckett fitou os dois.

- Outro Rick Castle na minha vida é demais. Se me dissessem que ia passar por isso de novo, certamente riria na cara do sujeito.

- É Kate, você gostou tanto que acabou casando com ele. Só que dessa vez nem pense em me levar para a cama como fez com Castle. Meu negócio é outro.

- Wow! Continuem! Essa conversa está bem interessante – o olhar fuminante encontrou o dele – ou melhor não – completou rapidamente.

Tomaram o café e alguns minutos depois, foram direcionados para o escritório de Mann. Beckett comunicou o fato como ocorreu e pediu para que o chefe relatasse a relação com o empregado e também sua performance no trabalho. Perguntou sobre potenciais inimigos, clima de trabalho entre outras coisas. Colheu informações suficientes para continuar a investigação.  Após conversar com o chefe da vítima, por apenas quinze minutos Beckett soube que a lista de suspeitos era maior do que imaginava, era um ambiente onde a competição corria como o sangue nas veias. Seria uma longa tarde de entrevistas.

A investigação transcorreu bem. Tinham agora três suspeitos em potencial. Todos garantindo para a tenente que tinham álibis. Retornaram para o distrito e Beckett mandou Espo verificar se os álibis eram válidos. Voltou para sua mesa e acrescentou algumas informações no quadro. Estava sentada de frente para Nadine discutindo sobre o caso quando Ryan se aproximou com novidades sobre a situação financeira de Thomas. Estava bem encrencado e devendo muita grana. Para completar, Esposito confirmou todos os álibis. A lista de suspeitos se resumiu a nada.

- Voltamos a estaca zero. O que pode ser frustrante especialmente para você que imaginava um caso bem movimentado. Desculpe Nadine, como eu disse, às vezes o trabalho policial é bem chato e sem emoção. Meu papel aqui é assegurar que a vítima deve sua justiça. Vamos ao necrotério – disse ao ver uma mensagem no celular – Lanie tem algo para nós depois voltaremos a cena do crime para ver se encontramos algo que podemos ter deixado passar. Ryan, como está o mandado para pedir a quebra da confidencialidade do email corporativo? Talvez descobriremos algum chantagista.

- Falei com o assistente do juiz. Ele tem audiências até às 18h. Depois ela garantiu que assina.

- Ótimo. Mande pro meu celular quando tiver.

Foram ao necrotério, a cena do crime e encontraram uma nova linha de investigação. Conseguiram o mandado e pressionaram a empresa pelos dados de Thomas. Com uma certa insistência conseguiram trazer os dados para o distrito onde trabalharam até nove da noite quando Castle encontrou algo bem interessante em um email. Pela hora, Beckett achou por bem encerrar. Queria ir para casa. Precisava amadurecer a teoria que se formava em sua mente.

No dia seguinte, após checar algumas informações a partir do email, ela expos sua teoria e teve a aprovação de Castle. Faltava apenas uma ligação que servisse de evidência para ela levar a pessoa a interrogatório. Ryan resolveu esse problema ao verificar algumas transferências financeiras. Convocado para interrogatório, o esposo da irmã que trabalhava em um cliente da empresa foi pressionado por uma Beckett sagaz. Nadine estava adorando tudo aquilo. Com uma última ameaça de anos de cadeia, Beckett recebe de bandeja uma informação que faz o caso dar uma reviravolta. A constatação do fato fez Nadine vibrar.

- Não acredito! Eu nunca iria pensar isso.

- Para você ver como em cinco segundos tudo pode mudar. Viu como é difícil largar o trabalho na polícia? Não é à toa que estou aqui até hoje. Ela é o máximo, não? Não tem para ninguém na sala de interrogatório. Beckett brilha – Nadine notou o olhar de orgulho e o semblante de felicidade dele ao falar da tenente.

- É, você realmente é louco por ela.

- Você não faz ideia do quanto...

Beckett saiu da sala e convocou sua próxima interrogada. Em cinco minutos, eles viram Beckett colocor toda a história da irmã de Thomas pelo ralo. Esposito leou-a para ser fichada e encaminha-la para cadeia. Quando saiu da sala de interrogatório, seguiu para sua mesa e começou a anotar alguns pontos do caso na pasta para então desfazer o quadro de evidências. Sorrindo, comentou com Nadine.

- Agora vem a parte tediosa do trabalho. Fazer relatório, juntar as provas, preparar o caso para a promotoria. Papelada pura como diz o Castle. Aliás, ele é o primeiro a fugir daqui nesse momento.

- Qual a graça em preencher papel? O bom mesmo é a história.

- E que história, jamais desconfiaria da irmã. E por dinheiro? Cadê os laços de sangue nessa hora?

- Você ficaria chocada por saber em quantos casos sangue não vale nada. Dinheiro um dos motivos mais antigos do mundo para matar alguém. O cunhado chantagiou Thomas com informações sigilosas sobre o gerenciamento das suas contas de clientes, o irmão pede dinheiro emprestado da irmã que ainda deve o agiota de quem pediu uma parte da grana para ajudar o irmão. Esperto, Thomas leva o caso como fraude para o chefe do cunhado ameaçando o seu emprego e não paga pela chantagem, na verdade usa o dinheiro para sua reserva colocando numa conta no exterior, por isso sua conta pessoal não denunciava nada até mostrava que estava em dificuldades. Sem saída, o cunhado conta pra mulher que será demitido por conta do irmão dela. Arrependida e com muito raiva por saber que deu dinheiro ao irmão para alimentar uma chantagem em família, mata Thomas num acesso de raiva.

- Parece drama mexicano – diz Castle.

- Espero que tenha servido para ajuda-la em seu projeto, Nadine.

- Tá brincando? Adorei passar esses dias entre vocês conhecendo esse outro lado da polícia. Vou preparar minha reportagem. Posso tirar uma foto do seu quadro de evidências? Prometo que escondo rostos e nomes.  

- Vai em frente.

- Ah! Você pode ficar perto do quadro? Como se estivesse explicando ou analisando – Beckett fez o que ela pediu – ótimo! A reportagem deve ir ao ar em duas partes para prender a atenção do telespectador no jornal das 9h. Quero fazer umas perguntas para você ainda sobre o caso para que consiga montar algo bem real sem revelar detalhes que comprometam os envolvidos. Você acha que Gates me receberia amanhã para uma entrevista?

- Vamos descobrir agora. Castle prometo que será rápido. Irei fechar o relatório em casa. Estou preocupada com Alex, a babá me mandou uma mensagem dizendo que ele estava enjoado e febril. Ela nem foi embora, está esperando por nós.

- Ok, vou ligar para ver se precisamos de alguma coisa.

Beckett encaminhou-se para a sala de Gates. Com a permissão da Capitã, elas entraram na sala e Beckett relatou a conclusão do caso. Comentou sobre os relatórios para a promotoria e garantiu que estariam na mesa da Capitã logo pela manhã. Passou a palavra para Nadine que já começou seu discurso agradecendo a Gates pela oportunidade de fazer esse trabalho. Ficou impressionada em como a equipe trabalha bem dentro dos recursos disponíveis. Certamente, irá cativar telespectadores.

- Gostaria de saber da senhora se posso entrevista-la amanhã para concluir essa primeira reportagem. Tem algum horário na agenda? Assim falo com a senhora e termino com Beckett. Tentarei programar a reportagem para a próxima semana e a dividirei em duas partes para atiçar a audiência.

- Claro. Posso recebe-la às 8 da manhã.

- Combinado. Elas se cumprimentaram apertando as mãos e deixaram a sala. Castle já esperava por Beckett com o casaco dela em mãos e toda a papelada do caso. Estava num pé e noutro para ir logo para casa. Nadine os acompanhou até a rua, agradeceu mais uma vez aos dois. 

- Vou confidenciar algo a vocês. Eu acredito que essa reportagem irá fazer muito sucesso. Isso acontecendo, terei crédito para fazer outras entrevistas e visitas ao 12th distrito. Fiquei muito admirada de ver como tudo acontece, Castle tem razão, quando se experimenta uma vez, você precisa de mais. Vejo vocês amanhã.

Em casa, Kate lavou o rosto e as mãos assim que entrou correndo até o quarto do filho. A babá estava com ele nos braços tentando fazê-lo dormir. Falou baixinho.

- Dei o antitérmico para Alex. A febre começou a ceder. O problema é que não comeu nada nas últimas quatro horas. Talvez só aceite o peito. Pode ir se limpar sem pressa, eu continuo cuidando dele.

- Tudo bem – em cinco minutos, Kate tirou a blusa lavou a região do colo com agua, depois passou o algodão com oleo apropriado de limpeza. Sentou-se na poltrona onde costumava amamentar e recebeu o filho nos braços. Castle a observava com uma certa distância, afinal o momento era somente dela. Com calma, Kate acariciou os finos cabelos do filho passando o polegar de leve pelo rostinho dele, ele estava choramingando no colo da babá mas assim que se acomodou nos braços da mãe foi se acalmando. Ela começou a conversar com ele.

- Alex, estava com saudades da mamãe? Queria o colinho não? Também estava com saudades. Não pode ficar sem comer, bebê. Aqui, tome o leitinho gostoso... tome Alex... – a boquinha do filho sentiu a pele macia e quente da mãe já tão conhecida por suas mãozinhas e lábios, movendo um pouco a cabeça ajudado por Kate conseguiu abocanhar o seio e no segundo seguinte estava sugando o leite. Castle viu Kate suspirar aliviada. Resolveu deixa-la sozinha com o filho. Desceu para preparar uma refeição para ambos. Esperava que Alex dormisse em seguida.

Quarenta minutos depois, Castle retorna ao quarto do bebê e a encontra debruçada no berço admirando o filho dormindo. Ele se aproxima colocando a mão sobre as costas dela em um movimento para cima e para baixo como quem acaricia e dá conforto ao outro. Sorriu para ele.

- Finalmente dormiu. A febre cedeu totalmente. Está com 35,5 graus. Será que ele está doente?

- Talvez não, às vezes é apenas uma reação a alguma mudança. Ou só estava com saudade do carinho e do leite da mãe. Crianças tem dessas coisas, especialmente bebês. Por via das dúvidas, podemos leva-lo a pediatra se você se sentir mais confortável com isso. faremos assim, observamos durante a noite inclusive suas fezes e a fome, caso a febre reapareça ou se ele ficar muito quieto, marcamos a consulta.

- Tudo bem. Eu passo a noite aqui com ele.

- De jeito nenhum. Você irá me acompanhar até a sala para jantarmos como um casal normal, conversarmos e depois você pode ficar um pouco no quarto dele mas dormirá ao meu lado na nossa cama. Bebês precisam se adaptar a rotina dos pais, não o contrário. Você não leu sobre isso naquele livro de gravidez?

- É mas...

- Nada de mas, vamos jantar. Saiu guiando-a com os braços envoltos na cintura. Beijava-lhe o ombro. A mesa já estava posta. Kate sentou-se em seu lugar esperando Castle trazer a comida. Uma salada maravilhosa com folhas e molho Ceasar e frango ao molho de mostarda e mel.

- Está cheirando... será que isso faz mal para o Alex, muda o gosto do leite?

- Não está forte. Coma assim mesmo. Quer um suco de laranja? – ele a serviu com esmero para depois sentar e comer ao lado dela – sabe Kate, gostei muito do trabalho de Nadine nesse caso. Aliás estava pensando em colocar alguns elementos dele no nosso livro. Fiquei surpreso de Gates ter concordado tão facilmente com a proposta de uma jornalista. Achei que ela ia passar o maior sermão em você.

- Gates não é tão diferente de Montgomery nesse aspecto. Sabe que esse tipo de iniciativa de Nadine ajuda a promover o trabalho da polícia e ganha pontos com o público e o prefeito. Não foi exatamente por isso que você começou a me seguir para fazer pesquisa?

- Olhando por esse lado...

- Nadine é muito boa no que faz, além de esperta. Se ela conseguir uma boa audiência com essa reportagem, certamente dará um passo grande em sua carreira e virá buscar mais. Ainda penso em como podemos utiliza-la mais a frente quando voltarmos a mexer no caso Bracken.

- Falando nisso, quando você pretende retomar esse assunto?

- Não agora, temos que dar um tempo relativamente longo para que não haja desconfiança do lado dele. Mas, não quero falar sobre isso. Quero fazer uma proposta para você. O que acha de sábado pedirmos para Amy ficar com Alex durante à noite, dormir por aqui? Podemos sair para jantar e depois seguir para o meu apartamento. Nós precisamos de um tempo sozinhos. Eu preciso disso. Muito.

- Ah, Kate... isso é música para meus ouvidos. Posso falar com Alexis também. Ela pode dar uma mãozinha para Amy.

- Tudo bem porém não force a sua filha a isso. Vou conversar com Amy amanhã – ela se levantou da mesa – preciso redigir o relatório do caso para a Capitã. Vou ficar no quarto de Alex. Você arruma a cozinha?

- Claro, não percebeu que sou seu escravo doméstico? – brincou.

- Ultimamente estou precisando de um escravo sexual.

- Terei prazer em representar esse papel, Kate – ela gargalhou e seguiu para o quarto do filho. Por volta de uma da manhã, Castle foi procura-la. Estava com o notebook apoiado na poltrona que usa para amamentar, mantendo-se sentada com vários documentos espalhados no chão. Agachou-se perto dela e tocou-lhe os ombros já massageando-os.

- Amor, vem pra cama. Termine esse relatório amanhã.

- Prometi a Gates entrega-lo logo cedo. Não posso falhar, estou quase acabando.

- Kate, olha o estado da sua vista. Seus olhos estão vermelhos. Use Nadine para entreter a capitã enquanto você termina. Ela é boa de papo, vai segurar Gates direitinho.

- E se Nadine falar do caso? Ela vai querer ter o relatório na mão para comentar algum fato.

- Apenas combine com Nadine antes. Vamos – levantou-se e puxou-a pelas mãos – se continuar aqui vai acabar não conseguindo trabalhar. Relutante, ela salvou o material, arrumou os documentos na pasta e seguiu com ele para o quarto. Tinha razão, mal deitou na cama, apagou de tanto cansaço.

No dia seguinte às oito em ponto, Nadine estava no distrito. Antes de começar a fazer qualquer coisa, Kate a arrastou para a minicopa servindo um café e explicando o que precisava dela. Combinaram que ia puxar conversa sobre a Capitã, sua vida dentro e fora da polícia, falar e fazer Gates falar até que Beckett pudesse terminar seu relatório, chegara cedo ao distrito e adiantara muita coisa mas ainda precisava de meia hora para finalizar. Nadine concordou com a estratégia dizendo a Beckett para não se preocupar, ela era boa em enrolar pessoas.

Beckett correu para sua mesa enquanto Nadine ainda rodou pelo salão ganhando tempo antes de entrar na sala de Gates. Fez exatamente o que a tenente esperava que fizesse. Envolveu-a em uma conversa tão longa que só começaram a falar da entrevista no momento que Beckett pedira permissão para entregar o relatório. Meia hora depois, Nadine fazia sinal para seu operador de câmera parar de gravar. Satisfeita, agradeceu a capitã e foi procurar por Beckett. Encontrou-a ao telefone com a promotoria. Assim que pode, esconderam-se em uma das salas de interrogatório do distrito e gravaram a entrevista de poucas perguntas com um resumo do passo a passo da investigação mostrada.

- Ficou perfeito – disse Nadine ao final – isso vai fazer a audiência explodir, tenho certeza. Prepare-se para virar uma celebridade de fato, Kate.

- Nadine, você sabe muito bem que esse não foi nem será meu objetivo. Então, peço a você que leve isso em consideração. Minha reputação e minha profissão não se baseia na mídia e sim na quantidade de casos que resolvi, nos números de vítimas que lidei e nos criminosos que coloquei atrás das grades. Não estou aqui para fazer publicidade e sim justiça.

- E a faz muito bem, talvez mais do que imagina. Não se preocupe, Kate. Nada de exposição exagerada. Pode acreditar em mim e sem apelo, prometo. Cadê sua sombra? Não vi Castle por aqui.

- Eu saí muito cedo de casa. Ele está com Alex e escrevendo.

- Tudo bem com o pequeno?

- Sim, tudo bem. Coisas de bebê.

- Tenho muito a fazer ainda. Espero te ver logo. Mantenho contato. Obrigada, tenente.

- Até mais, Nadine.

Quando a reportagem foi ao ar na semana seguinte, Kate estava atolada com alguns processos no tribunal e um caso em aberto para investigar. O volume de trabalho estava tão intenso que não conseguira reservar uma noite para curtir a sós com Castle. Amy estava enrolada na faculdade e não pode ficar naquela semana. Combinaram para sábado e Kate esperava ansiosa por isso.

A repercussão da reportagem no jornal das 9 lhe rendeu vários parabéns e como Nadine previra, despertou a curiosidade do público em relação ao trabalho da polícia. A própria capitã a elogiou algumas vezes naquela semana. Parte pela entrevista, parte pelo ótimo trabalho que Beckett vinha fazendo junto a promotoria. A sexta passou muito rápido para a turma do distrito, parecia que todos os problemas de Manhattan resolveram acontecer naquele dia. Efetuaram duas prisões, Ryan corria atrás de um novo suspeito para o caso que investigavam juntos e Beckett tinha que lidar com vários relatórios atrasados. Depois de um difícil interrogatório, ela conseguiu arrancar uma confissão de mais um suspeito. Quando o relógio indicou seis horas, ela estava exausta. Decidiu que não ficaria nem um minuto a mais ali. Castle, claro, adorou a ideia.

Em casa, após um banho demorado, Kate finalmente começava a relaxar. Castle estava com Alex no escritório mostrando seu helicóptero e entretendo o filho. Foi a vez dela preparar algo para eles comerem. Ao observar a geladeira, desistiu. Não estava com um pingo de inspiração para cozinhar. Pegou o telefone e pediu o jantsr do Le Cirque. Foi se juntar aos seus dois amores na sala. Assim que Alex viu a mãe, jogou-se no colo dela esquecendo as bobagens que o pai fazia para diverti-lo.

- É impressionante! Parece que você tem um ímã com esse garoto. Não pode a ver que sai se jogando em sua direção.

- Ciúmes, Castle? – brincou.

- Não, mas bem que poderia. Você dá mais atenção a ele que a mim – falou choroso. Kate acariciou o braço dele e beijou-lhe o rosto.

- Ah, esses meus homens... amanhã será sua vez. Nada de interrupções, babe. Prometo. Vou dar de mamar pra Alex, você fica atento à porta? Pedi nosso jantar do Le Cirque.

- Mas nós íamos jantar lá amanhã...

- Continuaremos jantando, isso se tivermos forças.

- Ui! Não fala isso, Kate... já não me aguento mais.

- Só mais um pouquinho.

Kate amamentou Alex, colocou-o para dormir e foi jantar com Castle. Ao irem para o quarto, ela se colocou sobre o corpo dele na cama deixando uma trilha de beijos ao longo do rosto, pescoço e torax. Esse simples gesto foi suficiente para atiçar a ambos. Kate já sentia-se molhada ao pressionar sua pele a dele, mesmo que estivessem vestidos. Pode perceber o membro já alerta querendo partir para a ação. Os doces beijos se transformaram em algo intenso, rápido. Ela usava os dentes para deixar pequenas marcas na pele dele. Castle a empurrou na cama afastando as pernas dela para acariciala sobre a calcinha que vestia. Ela gemeu ao toque. A vontade de tê-lo era tão grande que bastou alguns minutos de carícia para que seu corpo tremesse diante da sensação do orgasmo se formando. Castle tirou a camiseta que vestia fazendo o mesmo com a dela. Os seios bem formados tinham os mamilos rijos. Ao coloca-lo na boca, Kate arqueou o corpo e fechou os olhos gemendo. Gozara no mesmo instante.

Ele alternava entre o seio e os lábios. Recuperada do primeiro impacto, ela puxou-o contra si devorando-lhe a boca. Tudo era urgente. Intenso. Uma necessidade básica que precisava ser saciada. Como a comida, o ar. Precisava senti-lo dentro de si. As mãos ágeis de Castle tiraram a lingerie preta jogando-a no chão. Aproveitou um descuido dele para mudar de posição. Kate devorava os lábios seguindo para o pescoço, ombros e peito. As unhas e os dentes deixavam uma trilha vermelha sobre a pele de Castle. A maneira de vê-la tomando a frente, procurando dominar a situação, apenas o excitava ainda mais. Esse momento era dela, nã a forçaria a nada que não quisesse. Apesar de estar louco de tesão, era o desejo de Kate, sua vontade que deveria ser atendida. Limites eram um troço complicado mas deveria ser obedecido. Tudo ao tempo dela.

Kate tornou a beijar-lhe a boca. A lingua roçava entre seus dentes buscando pelo seu par, ávida para saborear cada pedacinho existente. Seguiu quase sem fôlego pelo pescoço até o peito mordiscando a pele de leve, sugando o mamilo e arrancando gemidos dele. Ouviu Castle chamar seu nome ao sentir as mãos ao redor de seu membro, acariciando, massageando. Então, já não suportanto a excitação de tê-lo dentro de si, ela acomodou-se no membro dele sentindo o corpo se revigorar à medida que a sensação de preenchimento e plenitude a tomava. Em princípio, sentiu uma pequena dor e ardência pelo contato tão esperado que parecia tão longe do seu alcance. Os gemidos de prazer foram involuntários.

Permaneceu um certo tempo parada apenas proporcionando ao seu corpo desfrutar e recordar do quanto era bom ficar assim. Castle colocou as mãos na cintura dela para vagarosamente começar a se movimentar dentro dela. De olhos fechados, Kate impunha ritmo à dança deixando seu corpo receber novamente o prazer esquecido. As unhas cravaram nas costas dele quando levantou o corpo da cama para projetar-se melhor dentro dela. As bocas tornaram a se encontrar, Kate segurava-se nele enquanto Castle devorava seu pescoço,explorava seu corpo com as mãos e emaranhava seus cabelos agora na altura dos ombros.

O corpo dela passou a tremer em consequência da onda gigante que a inundava. Os pelos eriçados, a pele vermelha, o coração descontrolado. Kate se deixou tomar de uma vez, agarrando-se ao corpo de Castle. Ainda sentia as estocadas rápidas e precisas. Agora, ele mordiscava o lóbulo de sua orelha e buscava pelos lábios, sedento por se perder neles. Mais uma vez, colocou-se por cima dela continuando o movimento intenso, estava prestes a ceder ao orgasmo quando Kate recebeu uma nova injeção de prazer. Isso o impulsionou e Castle deixou-se levar juntamente com ela.

Por mais exausta que estivesse, ela procurou mante-lo sobre seu corpo em busca de mais. As mãos desciam pelas costas dele rumo ao bumbum. Cravou as unhas lá e sussurrando seu nome pedia por mais. Ele apertou os seios dela em resposta provocando novos gemidos. Dessa vez, sentiu um pouco de dor mas não disse, queria continuar sentindo prazer. De repente, ele saiu de dentro dela deixando um vazio estranho. O efeito incomodo durou apenas alguns segundos quando ele enviou os dedos no centro dela já massageando o clitóris querendo vê-la gozar novamente. Em poucos minutos, a explosão tornou a acontecer. Dessa vez, ele a provou. Kate agarrava os lençóis enquanto contorcia seu corpo e gemia. A lingua de Castle fazia maravilhas levando-a à beira da loucura. Foi uma sucessão de orgasmos múltiplos.

Satisfeito, Castle parou para admira-la. Os olhos amendoados estavam serenos, as pupilas dilatadas. O peito arfando por ar. Tornou a inclinar-se sobre ela buscando os lábios. Tomou-a em um beijo lento e sensual. Penetrou-a. Kate enroscou suas pernas ao longo do corpo dele movendo-se em sincronia até alcançarem o ápice do prazer.

Ficaram por alguns minutos calados, Kate ainda sentia o coração palpitando quando Castle a aconchegou em seu peito. A respiração dela ia se acalmando aos poucos. Beijando o topo da cabeça dela, falou.

- Como você está se sentindo? Tudo bem? – Kate suspirou beijou o peito dele e fitou-o.

- Sim, um pouco dolorida mas é normal. Uma ardência gostosa. Às vezes esqueço o quanto uma boa noite de sexo é revigorante. Passamos muito tempo sem isso.

- E parece que já estragamos a nossa programação de amanhã. Fomos com muita sede ao pote.

- Por que estragamos, Castle? Não tem energia para outra rodada amanhã? Será que vou ter que marcar na minha agenda quando faremos sexo na semana? – implicou.

- Não é nada disso. Deixe de ser implicante. Foi apenas uma força de expressão. Certamente, amanhã repetiremos a dose.

- Disso eu não tenho dúvida – devagar se levantou para ir ao banheiro, ele observava a esposa caminhar completamente nua a sua frente. Uma visão deslumbrante.

No sábado, eles mantiveram o compromisso. Deixaram Alex aos cuidados de Amy e Alexis. Saíram para jantar e na volta pararam no antigo apartamento de Kate. Novamente, o fogo da paixão os dominou. Fizeram amor por várias vezes, tanto que ela sequer sabia dizer quantos orgasmos tivera. Adormeceram nos braços um do outro apenas para acordarem e começarem tudo novamente. Pela manhã, Castle preparou um belo café para dois, reforçado. Kate estava faminta. Terminada a refeição, ela o convidou para um banho. Colocou sais na banheira, despiu o roupão entrando na água morna. Castle a seguiu sem qualquer objeção. Esfregava as costas dele e ao final acabaram fazendo amor mais uma vez. Até o caminho de volta para casa, Kate não conseguia para de beija-lo. Estava muito feliz. Era impossível não se tocarem ou se agarrarem. Sentia-se extremamente bem consigo e relaxada, antes de ver o filho ela o manteve no quarto de frente para si. Acariciando o rosto dele, sorriu.

- Obrigada por essa duas noites maravilhosas. Já te disse que te amo hoje? Eu amo você, Cas.

- Eu sei – disse sorrindo segurando o queixo dela para beijar-lhe suavemente os lábios.

Na semana seguinte, Beckett estava trabalhando de frente para o quadro branco em mais um caso. Castle sentava ao seu lado observando o modo da tenente raciocinar, ele mesmo buscava encontrar um motivo e desvendar a história por trás do assassinato quando Gates apareceu ao seu lado. 

- Tenente Beckett, pode vir até a minha sala?

- Claro, senhora. Castle ergueu as sobrancelhas como quem pergunta se fizeram algo errado. Ela dá de ombros. Ao fechar a porta atrás de si, Gates ordenou que sentasse. De frente para Beckett, a Capitã começou a falar.

- Recebi nos últimos dias alguns telefonemas interessantes que gostaria de compartilhar com você. Não relatarei todos na íntegra, apenas o que achei relevante. O primeiro foi o do Comandante. Ficou muito satisfeito com a reportagem de Nadine sobre a NYPD, achou que a repórter demonstrou coerência respeitando identidades, procedimentos e principalmente auxiliando o entendimento do telespectador por manter as suas explicações. Elogiou muito a forma como você se portou, pediu para que ue lhe dissesse isso. Por ele você pode fazer reportagens assim de tempos em tempos, tem sua aprovação. Nem preciso dizer que também me elogiou por tabela aliás, ele tem toda a razão. Você me surpreendeu tenente. Acredito que possamos investir um pouco mais na sua imagem quando precisarmos lidar com a mídia.

- Obrigada, também concordo que Nadine soube montar uma base importante de informações que destacaram o nosso trabalho.

- Quanto ao outro ponto relevante, ontem você estava nas ruas resolvendo o caso quando a promotora esteve aqui comigo. Nós revisamos alguns casos que devem ser julgados na próxima semana no tribunal. Ela comentou sobre um processo que deverá defender na sexta. Não foi algo que saiu desse distrito, é um caso de latrocínio. Quando estava montando a sua acusação para o julgamento, considerou difícil usar alguns elementos descritos na pasta como defensáveis para uma condenação. Pediu que a emprestasse para ajudá-la a trabalhar nesses argumentos. Pode encontra-la em seu gabinete terça e se precisar na quarta à tarde já que pela manhã estará no tribunal em seção. Informei que você iria, não vejo nenhum motivo para não ir, certo?

- Se o caso que estou trabalhando for resolvido antes e não aparecer nada urgente, posso ir. Mas Capitã, por que a promotora precisa da minha ajuda? Meus conhecimentos de leis não são bons e nem sei como ajudaria a... – Gates a interrompeu.

- Beckett não se trata de conhecimento jurídico, estamos falando de experiência em homicídios. Falta algo na investigação realizada que a impede de trabalhar corretamente para colocar o culpado em seu devido lugar. Quanto ao lado do direito, você pode se considerar uma leiga. Essa não é a opinião da promotora Roberts. Teceu comentários bem positivos referente ao seu raciocínio lógico e objetividade. Não se subestime, tenente. E quanto ao caso, se não concluí-lo pode trabalhar em paralelo ou deixar os rapazes tocarem a investigação. Sabe que pode fazer isso.

- Tudo bem. Ajudarei a promotora.

- Ótimo. Pode ir – ela se levantou e quando estava de saída já com a porta aberta, a capitã completou – sabe Beckett, não estava enganada ao seu respeito. Você realmente fez a melhor escolha voltando para a NYPD. Tenho algumas ideias em mente mas por hora foque no que precisa ser feito. Teremos mais oportunidades de conversar.                

Quando voltou a sua mesa, Castle curioso foi logo perguntando.

- Então, o que ela queria?

- Nada demais, passar um novo trabalho. A promotora está pedindo minha ajuda na argumentação de um caso. Ossos do ofício.

- Ah, tudo bem. Faz parte da sua nova obrigação como Lieutenant. Nossa, como adoro dizer Lieutenant. Lieutenant Beckett. Soa quase como James Bond. É sexy – ela riu da forma como ele falava.

- Tudo bem, Castle. Podemos voltar a trabalhar? – encerraram o caso dois dias depois. Era sexta-feira e Beckett estava as voltas com dois relatórios para concluir. Claro que estava sozinha, nessas horas Castle simplesmente desaparecia. Estava concentrada relendo o parágrafo que escrevera quando Gates aproximou-se da sua mesa com uma pasta.

- Tenente, essa é a pasta do caso que conversamos. Acho interessante que esteja a par antes de se encontrar com a promotoria.

- Tudo bem, estou com muita coisa para analisar e fechar dois casos. Não se preocupe, lerei no fim de semana.

Nesse instante, elas ouvem um burburinho no salão. Vozes elevadas e risadas. Entreolharam-se estranhando. Simplesmente era Castle que aparecera no salão com Alex em seu colo e a bolsa do bebê no ombro. Exibia o filho com orgulho. A Capitã tornou a olhar para Beckett com ares de interrogação. Ele se aproximou da mesa de Beckett.

- Olha quem veio visitar a mamãe no trabalho? E ainda a caráter – Alex vestia o body da NYPD igual a camisa que Kate tinha, usava tenis azul marinho para combinar e um gorro também com o logo da polícia. Quando Gates olhou para o bebê, não pode evitar o sorriso – diga oi para a Capitã Gates, Alex. Sorria para ela – Gates não resistiu ao bebê. Começou a brincar com ele e o pegou no colo.

- Você está muito lindo! Parabéns, tenente. Para você também Sr.Castle. Sou muito bonito, não Alex? – a mão do bebê foi direto ao seio da capitã apertando-o – pelo jeito, puxou o comportamento do pai – Castle olhou sem graça para ela. Mas Gates não se importou, estava adorando a chance de ter um bebê no colo novamente.

- O que faz aqui, Castle? Pensei que você ia escrever hoje.

- Sim, escrevi. Mas temos consulta na pediatra, esqueceu?

- Não, a consulta é sexta-feira.

- É, exatamente. Hoje, sexta-feira – Beckett consultou a agenda de seu telefone ainda sem acreditar que esquecera a consulta. Confirmando o fato, teve que admitir a confusão.

- Nossa! Eu achei que era na próxima sexta. Estou atolada de trabalho, redigi metade do relatório de um dos casos e...

- Relaxe, Beckett. Pode levar esse príncipe na médica. Pode terminar os relatórios na segunda. Apenas me prometa que dará atenção ao caso que lhe entreguei.  

- Sem problema. Pode ficar tranquila – ela vestiu o casaco entregando a bolsa e a pasta a Castle para pegar o filho dos braços da superiora – não é meu amor? A mamãe vai ler tudinho. Que saudades de você, gostoso – o sorriso do filho foi arreganhado jogando-se no colo da mãe, isso fez Beckett abrir um sorriso também e enche-lo de beijos sem cerimônia – vamos com a mamãe passear? Vamos? Dê tchau para a Capitã Gates – mas o menino olhava fascinado para Kate, uma das mãozinhas enroladas no cabelo da mãe, outra tocando-lhe o rosto.

- Obrigada, Capitã. Um ótimo fim de semana.

- Igualmente, tenente.

Eles tinham acabado de sentar para jantar. Alex demorara para dormir após mamar, estava aceso, a fim de brincadeira. Às vezes, Kate se surpreendia ao pensar que já se passaram sete meses desde que o filho nascera. Optaram por uma massa ao alho e óleo feita por Castle com um molho simples de azeite, tomates cerejas e manjericão. Mal começaram a degustar a comida, o celular de Kate tocou. Era Nadine. O que ela queria a essa hora?

- Olá, Nadine.

- Oi, Kate. Desculpe ligar assim tão tarde mas não consegui falar com você à tarde. Seu celular dava fora de área.

- Fui levar o Alex a pediatra, acabei ficando sem bateria. Pode falar, sem problemas.

- Eu gostaria de marcar um almoço com você. Seria melhor conversar pessoalmente. Você acha que conseguiria me encontrar amanhã? Sei que é sábado, você provavelmente está de folga para curtir sua família mas pode unir as duas coisas. Castle pode ir, o que quero conversar diz respeito aos dois no meu ponto de vista, também sei que você não tem segredos com o seu marido. Não se preocupe com Alex, leve-o. Será um almoço entre amigos. Pensei em nos encontrarmos no Katz na Hudson, sabe onde fica?

- Sei sim, mas qual o motivo da conversa que não pode esperar até segunda? Você pode ir ao distrito.

- Prefiro um ambiente neutro. O que tenho para lhe contar é um pouco delicado e não caberia bem no ambiente onde há muitos policiais. Tudo bem para você? – Kate já estava achando tudo muito estranho mas o último comentário a deixou intrigada.

- Ok, meio-dia?

- Melhor uma da tarde. Aguardo vocês - quando Kate desligou, Castle pode ver o olhar enigmático no rosto dela.

- O que Nadine queria?

- Ela quer nos encontrar amanhã. Almoço. Diz que tem um assunto delicado para contar que vai interessar a nós dois. Não adiantou nada e recusou minha oferta de falar no distrito. Que assunto Nadine poderia ter tão sigiloso que não pode ser dito em uma área cheia de policiais?

- Mais importante, por que quer falar com nós dois? Será que está enrascada e quer nossa ajuda?

- Não, ela deixou claro que o assunto interessa a nós. Eu não sei, Castle.

- Então, só nos resta descobrir. Vamos esperar o almoço. O que quer que Nadine tenha para nos dizer, não é motivo para estragar nossa noite de sexta, nem perder nosso sono. Deixemos para pensar nisso amanhã.

- Amanhã. Hoje ainda tenho que trabalhar no caso da promotoria.

- Trabalhar? Pensei que íamos aproveitar a noite para... você sabe...

- Jura? Mas isso nem me passou pela cabeça... – disse implicando com cara de cínica – hum... quem sabe mais tarde? Talvez eu precise de uma boa massagem se você me entende, Cas.


- Pode pedir tudo o que quiser.


Continua....