Nota da Autora: Esse capitulo é pequeno mas repleto de angst. Sim, estamos chegando em um momento crítico da fic e vários obstáculos e surpresas estão por vir. Aguentem as emoções e não jurem minha morte, ainda. Quero acima de tudo que se divirtam. Enjoy!
Cap.13
-
Katherine...você não deveria... – disse Martha.
- Eu preciso,
essa é a melhor chance que tenho de saber o que aconteceu com ele e quem está
por trás disso – ela já pegara sua bolsa e dirigia-se a porta.
- E o bebê?
Você precisa ter cuidado – disse Alexis.
- Terei. É por
ele e por Castle que vou fazer isso. Justiça tem que ser feita – e saiu do loft
como um furacão rumo ao distrito.
Nem bem a
porta do elevador abriu no quarto andar, ela já se deparou com Gates a
esperando.
- Beckett....
- Onde está
ele? Já chegou? Cadê Ryan e Esposito?
- Kate...
venha até minha sala – o tom era calma mas energico – isso é uma ordem como sua
antiga capitã. Venha comigo – ela não teve outra alternativa senão acompanha-la.
Ao fechar a porta atrás de si, Gates indicou a cadeira para que ela sentasse
sabendo que não deveria contrariar a capitã. Estava muito nervosa, não conseguia
parar de mexer com as mãos – vamos direto ao ponto ok? Sei o quanto você está
querendo descobrir se o acidente de Castle foi intencional, sei que você está
sofrendo com o fato dele estar em coma e ter mudado significativamente sua vida
nesses últimos meses. Eu posso simpatizar com isso, Kate.
- Não foi
acidente, foi proposital. Por minha causa – Beckett respondeu.
- Por favor,
não me interrompa. Como ia dizendo, estou ciente e compartilho da sua dor mas
quero alerta-la, aqui você é uma convidada. Deixarei você observar e até
participar do interrogatório com meus detetives pois sei do seu conhecimento e
seu talento para investigação, porém que fique claro que não irei tolerar você
dando ordens ou interferindo no trabalho do meu distrito. Você não tem mais
esse direito. Ajude no que puder mas não tome essa investigação como sua.
Estamos entendidas?
- Sim senhora.
Compreendo.
- E Beckett,
não faça nenhuma loucura. Você não pode arriscar sua vida e do seu bebê nessa
caçada insana. Vingar Castle não necessariamente o fará acordar do coma,
lembre-se disso. Agora pode ir, sei que está quase quebrando seus dedos de
tanta ansiedade – Kate suspirou e levantou-se deixando a sala e Gates
pensativa. Admirava a força daquela mulher mas sua fortaleza e a sede por
justiça poderia significar também seu fim se não tomasse cuidado.
Esposito
estava na sala de interrogatório já com o motorista. Ryan aguardava por ela na
porta. Nem perguntou se ela iria apenas observar, apenas abriu a porta para que
se juntasse a eles. Ryan ficou de pé e deu a cadeira para Beckett. Esposito
começou as perguntas.
- Muito bem,
Malcon, podemos ser seus melhores amigos ou seus piores inimigos. Só depende de
você – ele colocou a foto da van na frente dele – reconhece esse veiculo? – o
cara permaneceu calado – deixa eu refrescar sua memória afinal fazem o que uns
cinco meses certo Beckett que o tal acidente aconteceu, um típico caso de “hit
and run” preste atenção na data, cara. – ele fez menção de olhar a foto e deu
de ombros – não foi o suficiente? Tudo bem, talvez isso refresque a sua
memória. Reconhece esse homem? – mostrou a foto de Castle – reconhece? Vou te
dar apenas mais uma chance. Eu te digo quem é ele. Rick Castle famoso escritor
de best-sellers mas esse não é o caso. Não me importa se ele é famoso, ele é
meu amigo, aliás é amigo muito querido desse distrito inteiro, não apenas isso.
Ele é marido dessa mulher e você sabe quem é ela? Agente Especial do FBI,
trabalha para o Procurador Geral e ainda por cima é minha amiga. Ainda não se
lembra do que aconteceu nesse dia?
Olhando sério
para o detetive a sua frente, Malcon pareceu não se abalar com as palavras de
ameaça de Esposito. Decidiu abrir a boca pela primeira vez e não foi para
contar o que devia.
- E o que
adianta você ser amigo de um ou de outro? Eu também tenho amigos poderosos.
Talvez mais que os seus, você nem imagina o quanto. Conheço meus direitos e se
não quiser falar, não sou obrigado. Vai me acusar de que? Tudo que você tem é
uma foto mas isso não quer dizer que fui eu quem cometi o acidente.
Beckett sabia
que ele tinha razão. Não tinham um caso e ele também não era o seu alvo
principal. Mesmo assim, ela voltou a pressiona-lo.
- Vamos parar
com a conversa fiada. Primeiro, eu sei que foi você quem atingiu meu marido,
não preciso de provas. Ao contrário do meu parceiro nervosinho, eu quero algo
mais que o seu traseiro mofando na cela de uma cadeia pública. Quero o nome, o
paradeiro e o contratante de Andrew Smith. Com essas informações posso livrar
algum tempo da sua pena com a promotoria por tentativa de homicídio. Você é
peixe pequeno, eu quero a baleia branca. É simples, me dê o nome de quem o
contratou e porque que torno sua vida mais fácil.
- Acha que não
conheço esse joguinho, gracinha? Bom policial, mau policial? Não sou nenhum
inocente. Pensou que eu ia ceder a um rostinho bonito? A esses olhos vivos e a
esses lábios deliciosos? Pense novamente! – ele se inclinou na mesa para se aproximar
de Beckett na intenção de toca-la – se bem que se você me deixar morder esses
lábios e provar seu gosto quem sabe, docinho? – Esposito já sabia que isso não
ia prestar. Sequer percebeu quando ela ergueu-se da cadeira e imobilizou um dos
braços dele puxando-o com força para trás, estando a ponto de desloca-lo.
- Nunca mais
me chame de docinho, não sou uma qualquer, entendido? Se você falar qualquer
outra besteira eu vou quebrar seu braço de verdade. Nesse momento, vou apenas
fazer isso – ela deu um puxão deslocando o ombro dele arrancando um grito
exagerado dele – entendeu ou quer que eu desenhe? Responda! – ela gritou.
- Entendi,
entendi.... – ela soltou o braço dele e voltou a sentar-se de frente
encarando-o.
- Agora onde
paramos? Ah, lembrei. Na parte onde você me conta o nome do seu contratante,
seu paradeiro, o motivo e o figurão que está por trás de tudo isso. Vamos lá,
Malcon. Não estou muito paciente hoje. Sabe como é, a culpa é dos hormônios.
Esposito e
Ryan ainda estavam um pouco surpresos com a reação de Beckett mas já tinha
decidido que a apoiariam no que precisasse. Aguardavam o cara se pronunciar.
Todo o esforço dela valeu de alguma coisa. Ele começou a contar o que sabia.
- Olha eu fui
contratado para fazer um serviço apenas isso. Grana fácil e boa sem riscos. O
tal Andrew me contactou porque já tinha feito um serviço parecido para um
conhecido dele. Garantiu que seria muito tranquilo. Tudo o que eu precisava
fazer era ficar na espreita até que uma ferrari vermelha parasse no sinal. Essa
era a minha deixa para avançar contra o carro e atingi-lo com o máximo de
velocidade possível. O objetivo era matar. Recebi vinte mil dolares antes e
receberia mais dez mil após a finalização. É claro que você já percebeu que não
ganhei a segunda parcela afinal seu marido está apenas semimorto – ele pode ver
o esforço que Beckett fazia mordiscando o lábio para não avançar nele, gostava
dela. Era durona – a negociação foi rápida, Andrew arranjou a van depois só
tive que deixa-la no local indicado por ele, a essa altura já foi destruida. Nem
adianta procurar no galpão.
- Mas você
dará o endereço para nós – Ryan colocou um pedaço de papel e uma caneta na
frente dele. escreveu contrariado e assim que terminou Ryan recolheu a
informação e saiu da sala disposto a chegar o lugar mesmo assim.
- O que Andrew
alegou sobre o serviço? Por que queria que você matasse Castle? – perguntou
Beckett.
- Ele não
entrou em detalhes, para ele eu era apenas um empregado temporário. Apenas
disse que eu não poderia falhar pois precisava ficar de boa com o patrão. Agora
que você perguntou lembro que ele comentou algo sobre um pessoal do FBI estar
atrapalhando negócios importantes. Era você, doci... - ele recordou o aviso
dela – agente? Há! Aposto que sim.
- Tudo bem,
Malcon. As coisas começaram a melhorar para seu lado. Quando e como ele entrou
em contato?
- Conseguiu o
meu número com esse parceiro em Washington.
- Como falava
com ele tinha um número de celular? – perguntou Beckett.
- Tinha. Ele
ligava ou enviava mensagem, mas tenho certeza que se você rastrear não vai
encontrar nada.
- Não
perguntei sua opinião. Vamos checar. Esposito você confiscou o telefone dele?
- Sim, está em
nossa posse.
- Vocês não
podem fazer isso! Precisam de um mandado. É invasão de privacidade!
- Está se
esquecendo da parte em que você é um criminoso? Até agora não vi você dizer
nada que possa me ajudar a te livrar de um tempo na cadeia. Para todos os
efeitos, você é o responsável pelo acidente que deixou Castle em coma portanto
não tem o direito de decidir se posso ou não investigar seu telefone, sua casa,
sua vida inteira – ele lançou um olhar de ódio para Beckett que não se abalou,
cruzando os braços ela perguntou - Quem é o patrão de Andrew?
- Então...
isso eu não sei.
- Poxa... tão
perto de conseguir minha ajuda. Vou te dar mais uma chance – Beckett se
levantou e quando fez menção de se aproximar, viu Malcon se encolher protegendo
o braço com medo que ela cumprisse com a sua palavra – quem é o homem ou a
organização por trás de Andrew?
- Eu juro, não
sei! – ele lutava contra a dor do braço deslocado - Nem onde Andrew mora, nós
nos encontravamos em lugar público. Somente sei seu nome. A única coisa que sei
é que ele trabalha para alguém poderoso. Nada de detalhes,juro.
- E você não
conhece ninguém que tenha contato com ele? Algum golpista e vigarista como
você? Aquele conhecido que você comentou, de onde conhece Andrew?
- Acho que de
Chicago. De uma época passada. Já morei lá.
- E aprontou
também pela sua ficha, esse conhecido tem nome? – perguntou Esposito – responda
a pergunta.
- S-sim. Só
conheço o sobrenome. Era como todos o chamavam. Chang. O nome dele é Chang. Mas
tinham outros também, Chang era o chefão.
Beckett fechou
os olhos e engoliu em seco. Não pode ser.
- E onde
encontro esse Chang? – perguntou Esposito.
- Não
encontra. Ele está morto.
- Chang –
disse Beckett quase em um suspiro – Michael Chang, um chinês?
- Não sei o
primeiro nome dele, era chinês mesmo – Beckett se levantou da cadeira e saiu da
sala de supetão. Esposito olhou para Malcon também não entendendo o que
acontecera. Fora da sala, ela pegou o celular e mandou uma mensagem para
McQuinn “preciso falar com você – urgente!”. Menos de trinta segundos ele
responde “manda!”. Beckett discou o número dele.
- McQuinn.
- Preciso que
você me envie uma foto agora.
- Ow! Calma.
Tudo bem com você Beckett?
- Eu diria que
está para ficar. Desculpe, McQuinn é que estou no meio de um interrogatório e
parece que finalmente estou chegando a algum ponto. Preciso de uma foto de
Michael Chang, o chinês morto do caso da máfia. Pode enviar agora para o meu
celular? É urgente.
- Interrogatório?
Mas você não está de licença?
- Não vem ao
caso. Tudo o que eu preciso é uma foto. Pode envia-la?
- Claro.
Segure na linha – em cerca de um minuto, ele já havia enviado a foto para o
email dela e por sms – checa se você recebeu. Não sei se está conseguindo abrir
seu email por isso mandei uma mensagem.
- Chegou,
estou abrindo. Aguarde – Beckett viu o arquivo carregar na tela de seu iphone.
Era tudo que precisava por hora – recebido. Obrigada, você ajudou muito. Se
precisar de algo mais volto a te ligar. E nem preciso dizer que essa conversa
nunca aconteceu, certo?
- Claro,
Beckett. Estou às ordens.
Ela desligou e
retornou a sala onde Malcon esperava impaciente. Nada de floreios ou perda de
tempo, Beckett foi direto ao ponto.
- Por acaso esse
é o seu conhecido? Esse é o Chang?
O silêncio
pairou no ar. Malcon tinha os olhos fixos na foto ela esperava uma resposta
afirmativa já que notara uma mudança mínima no semblante dele que para tantos
poderia ser imperceptivel, mas não pra Kate Beckett. Ele sabia quem era o cara.
- Então
Malcon, vai responder?
- Você ouviu
minha parceira, responda.
Ele desviou os
olhos da foto e fixou-o em Beckett. Havia um tom desafiador neles porém ele
sabia que ao mentir poderia estar assinando sua sentença final. Que se dane,
ele já perdera dez mil dolares, deixaria que a policia lidasse com o mandante.
- Responda! –
Beckett bateu na mesa assustando-o.
- De que
adianta, ele está morto.
- Não quero
saber qual o estado dele atual, quero a confirmação da infomação o que vou
fazer com ela não é da sua conta. Você conhece esse homem? O nome dele é
Michael Chang, Malcon?
- Sim – cedeu
por fim - esse é Chang.
- Você já
trabalhou para ele no passado?
- Sim. Em
Chicago.
Beckett
finalmente deixou-se relaxar na cadeira. Recolheu o celular.
- Para
finalizar. Quem é o chefe de Andrew?
- Eu já disse
que não sei. Ele é um figurão de Washington mas não sei quem é. Juro – Beckett não
precisava ouvir mais nada. Já imaginava a quem ele se referia.
- Esposito vou
imprimir essa foto para anexar ao depoimento do acusado. Não tenho mais
perguntas por hora.
- Ok. Diante
do que ele nos contou, vai ter que passar a noite no xilindró não Beckett?
- Concordo,
quem sabe isso não ajude a refrescar sua memória. Pelo que me contou, vamos ter
que ficha-lo e prende-lo afinal ele estava dirigindo a van que atropelou meu
marido.
- Mas...mas
você prometeu!
- Não eu disse
que queria respostas e você me deu apenas metade delas. Pode leva-lo, Esposito.
Beckett observou
a saída dele da sala. Ela recostou-se no vidro respirando fundo. As suas suspeitas
estavam se confirmando. Antes desse interrogatório estavam em um beco sem
saída, agora ela conseguia ver uma pequena fresta no muro, pensou. Tinha que encontrar
a ligação entre Chang e Andrew. A raiva ainda estava dentro dela e percebeu que
o bebê estava quieto. Isso não devia fazer bem a ele. Precisava se acalmar, mas
como se não conseguia sair desse circulo vicioso? Esfregando as mãos no rosto e
nos cabelos, deixou a sala e se dirigiu até a area da copa. Serviu-se de um
chá. Tomara o primeiro gole quando Ryan entrou para pegar café.
- Hey, não
sabia que você estava aqui. Mandei uma equipe do CSU para averiguar o endereço
que Malcon nos deu. Mesmo ele dizendo que não encontraremos nada, vale uma
olhada. Nada é o que nós temos agora. Ele disse mais alguma coisa? – ela
balançou a cabeça negando – olha, Kate... – Ryan pegou na mão dela – sei que
você está tensa e chateada, quer ver Castle acordar assim como todos nós mas
você não precisa exagerar, o que eu vi ali naquela sala me assustou. Eu pensei
que você ia quebrar mesmo o braço dele. lembrei de quando você jogou aquele
cara contra o vidro nessa mesma sala. Não faça isso, não deixe essa história,
esse caso te dominar. Não se deixe envolver como o fez com o assassinato da sua
mãe. Você não está mais sozinha. Apenas um conselho de amigo.
- Obrigada,
Ryan. Vou tentar me lembrar disso. Eu vou para casa. Se tiver novidades me
avise, por favor.
- Eu aviso.
Ela deixou o
distrito cabisbaixa. Antes de seguir para seu apartamento, ela resolveu passar
no parque. Por cerca de meia hora, ela sentou-se naquele balanço esperando que
um pouco daquela raiva passasse. Ela acariciava a barriga e fechou os olhos
vendo um filme passar em sua mente. Cenas dela e de Castle. Suas confusões e
piadas. Adorava quando implicava com ele, Castle sempre caia nas suas
brincadeiras. Era tão facilmente manipulável às vezes! Suspirou e para sua
alegria sentiu o bebê mexer novamente. Como uma recompensa, ela começou a
conversar com o bebê.
- Bebê eu não
sei se você será um menino ou uma menina mas isso realmente não importa. Quero
que você puxe ao seu pai. O jeito brincalhão, irresponsável. Tão carinhoso,
cheio de amor para dar. Penso que se o pior acontecer, pelo menos terei um mini
Castle perto de mim – ela sacudiu a cabeça como se o gesto afastasse o
pensamento ruim – não, bebê. Seu pai vai te ensinar o que puder, as piadas e a
irritar a mamãe. Eu vou garantir isso. Hora de ir buscar justiça.
Ela se
levantou e decidida foi para sua casa. A confirmação do suposto envolvimento de
Chang no aciddente de Castle apenas serviu para atiçar o senso de detetive de
Kate novamente. Ela nunca se enganara sobre conhecer aquele homem da filmagem,
precisava somente encontrar a conexão. A primeira ação ao chegar em casa foi
ligar o notebook de Castle. As respostas que procurava estava ali em algum
lugar. Assim que a tela apareceu, ela clicou no diretório onde Castle mantinha
as informações sobre o caso da máfia. Ao abrir o arquivo, tudo pareceu voltar a
sua mente. Vendo a foto de Chang e os links construidos por Castle, ela
relembrou vividamente a sua morte e Kate foi atingida como se de uma hora para
outra sua mente clareasse. O armazem em Bethesda. Era de onde conhecia aquele
homem.
Rapidamente,
ela remexeu nas pastas do caso e encontrou seu relatório sobre a invasão do
armazém e detalhes do tiroteio. Naquele dia, Kate não esperava encontrar
ninguém. Buscava pistas porém por sua segurança e de Castle fora obrigada a
usar sua arma o que culminou na morte de Chang, antes um bandido que um
inocente. Andrew era o outro homem que ela rendera no local. Verificando a
papelada do caso, ela percebeu que não possuia o depoimento dele consigo.
Ela entrou na
pagina do FBI mas sua senha estava bloqueada por estar de licença. Teria que
apelar para McQuinn novamente. Queria estar com esse depoimento na mão para ver
o que não só a cara desse bandido como entender sua personalidade. Discou o
número dele. Ao terceiro toque, ele atendeu.
- Olá.
McQuinn. Tudo bem?
- Oi, Beckett.
Você usou bem a foto que enviei? Conseguiu um bom resultado?
- Com certeza
exatamente por isso estou te ligando. Finalmente lembrei de onde conhecia
Andrew realmente. Do armazém em Bethesda. Preciso que você me envie o
depoimento completo dele com foto. Quero a ficha também. Ele armou para Castle
e tenho certeza que foi a mando do senador.
- Beckett
eu.... eu preciso te contar algo importante. Tive muita dúvida se essa
informação poderia comprometer seu julgamento mas você é uma excelente
detetive, chegaria a essa conclusão facilmente. Não me sinto confortável em lhe
dizer isso, provavelmente você irá mudar sua opinião sobre a minha pessoa,
saiba que meu objetivo foi poupá-la afinal você já tinha muito com o que lidar
ao mesmo tempo.
- Onde você
quer chegar McQuinn? O que você escondeu de mim?
- Andrew Chong Smith matou Damien. Ele é o
assassino dele e tudo leva a crer que foi a mando do senador para não ferrar o
esquema. Chang foi um disfarce. Tem mais, eu encontrei uma folha de pagamento
ilegal do senador Denver. Você pode chama-la de um caixa dois de pessoal.
Andrew está nessa lista.
- Desgraçado!
- Beckett,
desculpa eu não devia...
- Não estou
chamando você de desgraçado. É esse senador! Acha que está acima do bem e do
mal. Por causa dele, meu bebê pode nascer sem pai. É a minha família que está
em jogo. Minha vida. Tem algum outro assunto que você queira dividir comigo? A
hora é agora.
- Nada que
você já não saiba. A operação de importação e a distribuição de drogas
continuam ativa. Estou no encalço de uma outra conta que surgiu, no exterior.
Tudo indica que está no nome de algum laranja. Se descobrir eu te aviso. Estou
enviando as informações que você solicitou. E Beckett, por favor, não faça
nenhuma besteira.
- Obrigada,
McQuinn.
Cinco minutos
depois, Kate abria o email e se debruçava na análise do depoimento de Andrew. A
cada palavra, ela recordou a cena na sede do FBI onde ocorrera o
interrogatório. As imagens antes esquecidas no subconsciente, estavam vivas a
partir dali. Ao mesmo tempo, ela sentia a raiva a dominar. Queria muito justiça
e estava disposta a arriscar tudo para vingar o amor da sua vida.
A imagem de
Castle inerte naquela cama lhe veio a mente. Por instinto, ela apertou as mãos
cerrando os punhos procurando em vão controlar a raiva que tomava seu corpo,
corria em suas veias e bombeava rapidamente o sangue em seu coração. Naquele
momento a razão e a mente analítica abandonaram a perspicaz detetive e Kate não
pensou ao dar o proximo passo. Ela usou o coração. Fechou o notebook, reuniu
todos os papéis e informações que tinha numa pasta e saiu levando consigo além
do material apenas um casaco.
Dirigiu até o
hospital e foi até o quarto dele. Ao lado da cama, Kate acariciou o rosto dele
e levou a mão até seus lábios. Beijou-a mantendo o contato com a pele do seu
próprio rosto.
- Castle não
sei se pode me ouvir mas o que importa é a intenção. Hoje eu descobri algo que
muda completamente a história do seu acidente. Eu suspeitava de alguma armação,
finalmente constatei isso. Cas, o motivo de você está aqui preso a essa cama,
dependendo dos outros nesse hospital sou eu. Eles te usaram para me atingir,
babe. Você deveria estar... m-morto. Fiz uma promessa a você quando me casei,
até que a morte nos separe estaria ao seu lado. Se você pudesse falar, sei que
faria o impossível para me impedir de fazer o que estou a ponto de fazer. Provavelmente
diria algo semelhante ao que me disse quando decidir perseguir o algoz de minha
mãe. Se isso acontecesse, talvez eu o ouvisse porque você estaria acordado e ao
meu lado. Isso não é uma opção agora. Eu já perdi uma pessoa amada para a
justiça não efetuada, não irei perder outra. Estou indo hoje para Washington
buscar justiça que para muitos soará como vingança. Não importa o nome dado,
será tudo por você. Eu voltarei. É uma promessa porque sei que você irá acordar
por mim e pelo nosso bebê.
Ela
inclinou-se para beijar-lhe os lábios. Ao fazê-lo, roçou seu nariz ao dele e
sussurrou.
- I love you,
Rick.
Deixou o
hospital.
Kate dirigiu
por duas horas initerruptas. Parou em uma área de conveniência da estrada para
ir ao banheiro e comer qualquer coisa. Ainda dirigiria por mais duas horas.
Sentada olhando o fluxo de carros e caminhões pelo vidro da janela da
lanchonete, Kate suspirou e instintivamente olhava para as mãos. Ela trazia a
aliança de casamento em sua mão esquerda. Em seu dedo anelar direito, o anel de
compromisso que ganhara dele. Brincou por um tempo com o solitário até decidir
tira-lo do dedo. Retirou o cordão que sempre estava em seu pescoço e colocou a
joia junto ao antigo solitário da mãe. Um toque de celular a assusta. Era da
casa de Castle. Por um momento pensou em não atender pois se fosse Alexis ela
não estaria preparada para discutir o sexo dos anjos com a garota. Pensando
duas vezes, atendeu. Era Martha.
- Katherine
querida, onde você está? Fiquei aflita por você não retornar para cá. Ainda no
distrito?
- Não, Martha.
Desculpe, aconteceu tudo muito rápido. Eu sai de lá e fui até o hospital ver
Castle.
- Então, você
está em casa? - ela pensou por alguns
segundos antes de decidir falar a verdade para Martha – Katherine?
- Não, estou a
caminho de Washington. Tenho assuntos pendentes a resolver.
- O que
aconteceu? Você achou o responsável pelo acidente de Richard? Está com os
rapazes?
- Não foi um
acidente, Martha. Castle deveria estar morto. Foi um assassinato. Preciso
desligar. Tenho contas a acertar.
- Katherine,
pelo amor que você tem pelo meu filho. Não faça nenhuma besteira.
- É por ama-lo
tanto que decidi vir até aqui.
Desligou. Ela
não tinha um plano, agia por impulso. Pagou a conta e retornou a estrada.
New York –
12th distrito
Esposito
estava analisando dados no computador quando Ryan chegou apressado.
- Acabei de
falar com a equipe do CSU. O lugar estava realmente bem limpo. Nem sinal da van
mas eles encontraram fios de cabelo e marcas de pneus no chão. Ah, e residuos
de sangue. Sei que a probabilidade é baixa mas não custa tentar. As amostras
foram levadas ao laboratório a pouco. Devemos ter algum resultado em dois dias.
Pedi prioridade máxima.
- Eu pedi
ajuda do pessoal da narcóticos para ver se reconhecem Malcon de algum outro
delito já que ele mencionou trabalhar para aquele chinês da máfia, de alguma
forma está relacionado com o caso de Beckett. E mais uma vez o instinto de
detetive dela não falhou. Armaram mesmo para ela e Castle. Falando nisso, cadê
ela?
- Foi embora
faz algumas horas. Sabe, Espo eu estou preocupado com ela. Não sou o maior
conhecedor de Beckett porém pelo pouco que sei, ela não foge de uma briga. Essa
forma destemida de ser a fez ser a detetive admirada por todos com a melhor
média do distrito e uma das melhores da NYPD. O problema é quando o senso de
justiça se torna uma obcessão. Eu vi o que o caso da mãe fez com ela, Beckett
quase morreu. Então, você que a conhece a mais tempo que eu, você acredita que
ela pode transformar essa causa do acidente de Castle em uma caçada desenfreada
igual a de Johanna?
- Você a
descreveu muito bem. Eu conheci a Beckett no momento que ela saia do transe que
a deixara obcecada pelo caso da mãe. Também a vi perseguir bandidos e colocar
assassinos atrás das grades como poucos, melhor do que muito policial homem.
Assim como você eu temo pela reação dela para com a justiça para Castle. Em
todo o tempo que eu a conheço, posso dizer que ninguém a entendeu e a quebrou,
no bom sentido, como ele. Tenho medo de como ela reagiria se perdesse Castle.
Acho que ela nunca mais seria a mesma.
- Nem fale um
negócio desse! Castle vai sair dessa e Beckett vai ter a família que sempre
quis.
- Espero que
sim,bro. O telefone da mesa do Esposito tocou. Atendeu. Do outro lado da linha,
alguém inesperado. Martha Rodgers.
- Olá Detetive
Esposito, preciso da sua ajuda – na mesma hora, ele colocou o telefone no
viva-voz - Katherine avisou onde ia para vocês? Ou vocês estão com ela?
- Não Martha.
Ela saiu faz algum tempo. Deve ter ido para casa ou para o hospital. Por que
precisa da nossa ajuda?
- Detetive,
ela está a caminho de Washington. Eu sinto que ela vai fazer uma besteira.
Falou de vingança por Richard. Eu não sei o que ela tem em mente mas como mãe
tenho um mau pressentimento. Vocês precisam ir atrás dela, por favor...
- Quando foi
que falou com ela? Como sabe que ela foi para a capital? – perguntou Ryan.
- Eu liguei
para ela, achava que ainda estava no distrito. Foi quando ela disse que ia para
Washington pois tinha contas a acertar. Vocês tem que correr, nem sei do que
Katherine é capaz.
- Pode deixar,
vamos busca-la. Obrigado por avisar.
- Assim que
puderem me mandem notícias. Desligou.
- Meu Deus,
Espo. O que ela pretende fazer?
- Nada bom,
Ryan. Vou avisar a Capitã que estamos indo a Washington. Reúna todos os dados
que temos do caso de Castle e separe mais munição para levarmos. Teremos que
estar prontos para qualquer situação.
- Certo.
Quinze minutos
depois, eles pegavam a estrada. Sem sucesso, Ryan tentou ligar para ela. Isso o
deixou ainda mais alerta.
Duas horas
depois...
Beckett chega
finalmente a Washington por volta das sete da noite, não podia fazer muita
coisa a essa hora. Deveria esperar até o dia seguinte. Kate relutou antes de
decidir se procurava um hotel ou iria para sua casa. Tinha medo de não aguentar
entrar naquele lugar e ser arrebatada por várias lembranças dela e de Castle. Ficou
parada por alguns minutos no estacionamento de uma lanchonete antes de se
decidir por voltar a sua casa. Parou em um supermercado, comprou suco, leite,
pão, algumas frutas e uma salada para jantar.
Ao abrir a
porta da casa, ela se deparou com a imagem da sala. Estava exatamente como ela
deixou. Aquele era o seu lar, o lugar onde ela e Castle iam construir suas
vidas e dividir os sonhos. A mão automaticamente tocou a barriga. Vagarosamente,
ela caminhou pela casa. Foi à cozinha deixando as compras, apoiou-se no balcão
e fechou os olhos. Viveram momentos divertidos e importantes ali. Kate passava
a mão no balcão antes de se deparar com um pote de nutella. O sorriso se formou
nos lábios. Fora naquele lugar que eles se amaram e criaram o bebê que
carregava agora em seu ventre.
Sentou-se no
sofá da sala recostando-se e acariciando a barriga. A vontade de conversar com
alguém a fez começar a falar.
- Sabe onde
está bebê? Essa é a nossa casa. Minha, de seu pai e agora sua. Foi aqui que
você foi concebido em meio a risos e muito amor. Seu pai comprou essa casa e
veio morar em Washington por mim. Eu ainda não sei se ficaremos aqui pelo resto
da vida, sinto muita falta de New York e seu pai também. Home is where the
heart is. Meu coração está ao lado de Castle. Always – ela se levantou e
finalmente chegou ao quarto.
Um arrepio
percorreu o seu corpo. Tudo ali era especial. Quando Kate sentou-se na
cama,sentiu o bebê mexer. Ele parecia muito agitado. Será que reconhecia ali
como um lugar especial? Não dizem que os bebês sentem tudo que a mãe está
sentindo? Pelo menos ela lera isso no livro que Martha lhe dera. Ela ainda
podia sentir a presença dele ao seu lado como se nada tivesse mudado naqueles
meses. Sua última recordação com ele era o acordar daquela manhã antes dele
partir para New York. Kate fechou os olhos e ficou ali, tentando organizar seus
pensamentos para restaurar a coragem de continuar o que ela viera fazer ali.
Queria se encher das memórias boas que criaram naquele lugar, não pensava em
estratégia ou em um plano. Seu único pensamento era em Castle e na época quando
estavam felizes.
Um barulho a
tirou do transe. Era o celular. Kate olhou o visor. Ryan. Pelas suas contas já
deveria ser a quinta ligação dele. Tinha pedido para ele ligar quando tivesse
novidades mas algo dizia para ela que esse telefonema tinha um outro propósito.
Estava em dúvida se deveria atender.
- Oi,Ryan!
- Kate!
Finalmente. Onde você está? Nem sei quantas vezes liguei, estamos todos
preocupados com você.
- Sei, por que
ligou? Tem novidades?
- Na verdade,
tenho sim. CSU encontrou algumas pistas interessantes no galpão e recolheu
amostras de sangue, marcas de pneus, cabelos e fibras. Estamos aguardando o
laboratório. Você não respondeu onde está.
- Olha Ryan
obrigada pelas informações e me mantenha informada. Tenho que desligar.
- Espere,
Kate! Você está em DC, nós sabemos. O que você vai fazer? Não se arrisque...
diga o que pretende e onde está que eu e Espo iremos encontra-la. Podemos
ajudar.
- Não Ryan, eu
tenho que resolver isso sozinha.
- Da última
vez que fez isso aconteceu, você quase morreu. Se eu demorasse mais cinco
minutos...
- Eu me lembro
disso, Ryan. É diferente.
- Diferente
como? Não sei o que pretende fazer mas você já tornou essa luta pessoal. Quando
isso acontece, as consequências são enormes. Deixe a gente investigar e ajudar,
vamos tratar tudo isso como uma investigação policial, não como uma busca
pessoal, Beckett.
- Como você
pode sugerir isso para mim? O diabo que não é pessoal! É do Castle, meu marido
que estamos falando! Não é um desconhecido!
- Mais um
motivo para você não fazer nada que possa se arrepender, está emocionalmente
envolvida.
- Ryan eu só
tenho uma pergunta para você: e se fosse a Jenny? – o silêncio do outro lado
colocou um ponto final na conversa pelo menos para ela – foi o que pensei. É
fácil falar quando você não se imagina no lugar do outro não? Acho que nos
entendemos agora – ela desligou o celular soltando um longo suspiro.
Levantou-se da cama e foi comer algo. Meia hora depois, ela já estava de volta à
cama.
Antes de dormir, Kate lembrou da mãe e de tudo que enfrentou após sua
morte, a luta que travara e a fizera ficar obcecada durante anos. A história
queria se repetir, estaria a vida lhe pregando uma peça? Kate decidiu que dessa
vez seria diferente. A justiça seria cumprida e ela poderia ser feliz ao lado
de Castle.
XXXXXXXXXXX
Kate Beckett
acordou cedo. Após uma refeição leve a base de iogurte e frutas, ela deixou sua
casa. Seu destino era um só: o Capitólio. A famosa detetive da NYPD e agora
agente especial era conhecida por suas várias qualidades tais como dedicação,
senso de justiça, percepção, clareza analitica e foco em resultados. Era um
exemplo clássico no que tange a racionalidade além de ninguém ser páreo para
ela numa sala de interrogatório. Porém, ao falar dela nenhuma pessoa, seja
colega ou superior citava um único ponto negativo, ela servia de exemplo para
qualquer policial que almejasse uma carreira bem sucedida na polícia.
Mas a mulher
modelo estava longe de ser uma super-heróina dos tempos modernos. Kate Beckett
tinha, como todo ser humano, defeitos. O pior deles se sobrepunha a todas as
suas qualidades. Quando se tratava das pessoas que amava, ela era passional ao
extremo. Não havia razão, regras ou medo. Não era um bom negócio ser inimigo
dela. Há aqueles que consideram o envolviimento emocional uma virtude porém
como tudo ao extremo, pode trazer consequências inimagináveis. Foi exatamente
assim que ela cruzou as portas do capitólio. Destemida, adrenalina a mil e com
sangue nos olhos.
Seu alvo:
Senador Robert Denver.
Ao passar pela
segurança, ela foi parada por um dos guardas devido a arma que carregava em seu
coldre. Solicitada a entregar seus documentos, ela mostrou a insígnia do FBI
vinculada ao escritório do procurador-geral. Sua atuação demonstrava tanta
cordialidade e confiança que o guarda sequer preocupou-se em checar se as
informações fornecidas por ela eram verdadeiras. Com um sorriso encantador, ela
perguntou a direção do gabinete do senador. O rapaz indicou as coordenadas com
prazer.
Bastou passar
daquela entrada e tomar o corredor rumo ao lugar indicado que seu semblante
voltou a se alterar. A guerreira ou como as pessoas que a conheciam costumavam
dizer, a tigresa estava de volta. Caminhava por um longo corredor, quando
reparou em algumas placas que indicavam a direção com os nomes de senadores de
vários estados, dentre eles o de um velho conhecido, seu algoz: Senador
Bracken. Apenas de ver o nome dele, Kate pode sentir toda a raiva de volta
dando-lhe mais munição para seu encontro com Denver.Ela chegou na ante-sala da
outra ala do Capitólio. Uma mesa ficava bem ao centro onde se encontrava uma
secretária.
- O Senador
Denver por favor.
- A senhora
tem hora marcada? Ele está numa reunião muito importante e pediu para não ser
incomodado.
- Não preciso
de agendamento, a justiça não tem hora para acontecer – mostrou a insignia e
virou as costas para a secretária sem cerimônias rumo ao gabinete dele.
- Espere, a senhora
não pode fazer isso. Não pode invadir – a moça andava apressada tentando
alcançar o passo de Beckett.
- Tente me
impedir ou será presa e acusada de obstrução da justiça – Beckett falou sem
sequer olhar pra trás. De frente para a porta do escritório, ela a empurrou –
Senador Denver, lembra de mim? – a secretária entra logo atrás dela ofegante
falando em tom desesperado.
- Senhor, eu
sinto muito. Ela não quis me ouvir, eu disse que o senhor estava em reunião
e...
- Tudo bem,
Andrea. Pode ir, eu resolvo isso – ele virou-se e falou num tom debochado – ah,
agente Beckett! A que devo a honra dessa visita?
- Esperava que
soubesse – ela reparou que havia um outro cara sentado de frente para a mesa do
senador mas de costas para ela.
- Não faço
ideia – o tom era cínico – faz tempo que você me visitou. Pelo que entendi
aquela sua investigação contra mim não deu em nada. Como eu já esperava. Será
que é por isso que está aqui? Clamando ter alguma prova irrefutável para me
acusar de mais alguma coisa que certamente não fiz?
- Não seja
cínico. Você sabe que é culpado por estar contrabandeando drogas, sonegando
impostos e trabalhando com a máfia chinesa matando e enriquecendo bem debaixo
dos olhos do governo americano. Você posa de bom moço senador mas é pior que muito
bandido que está atrás das grades.
- Então, veio
aqui me acusar? Pensei que essa seria uma visita amigável. Mas se veio me
acusar agente Beckett, terei que pedir para se retirar.
- Nem comecei
ainda. Você sabe porque estou aqui, não é pelas drogas. É pelo seu envolvimento
no acidente do meu marido. Você mandou matá-lo porém sua missão não foi bem
sucedida. Mesmo assim, você não se importa de ele estar deitado inerte numa
cama de hospital e é tudo por sua culpa!
- Você não tem
o direito de vir aqui no meu gabinete, invadi-lo e me acusar de algo sem
provas. Vou chamar a segurança se você não sair agora.
- Eu não vou a
lugar nenhum enquanto não me disser onde está o seu capanga. Não tenho provas?
– ela puxou a foto de Malcon – esse é o motorista da van que atropelou Castle. Ele
me contou que foi contratado por um outro homem e adivinha tem ligação com o
mesmo chinês que foi morto e era seu conhecido Michael Chang, esse nome lhe
remete a algum dos seus esquemas e porque não acrescentar do seu filho também,
até aqui falei besteira?
O homem estava
vermelho, furioso. Ótimo, ela pensou porque era assim que ela se sentia.
- Eu nunca vi
esse homem na minha vida. E quanto ao chinês, acredito que já pulamos essa
página – só então Beckett reparou que o senador olhava para o cara sentado a
sua frente. Até ali o homem não movera um músculo sequer mas essa atitude dele
a fez ficar alerta. Algo não se encaixava naquele quadro – você e seu marido
deveriam ser mais cuidadosos com o trânsito. Posso entender que dirigir uma Ferrari
e não correr é bem difícil, melhor dizendo tentador. Mas parece que tudo o que
é tentador lhe interessa não agente? O perigo, remexer a vida dos outros, enfrentar
aqueles que não devem ser desafiados, os que estão acima da lei.
- Você é um
senador, isso não significa estar acima da lei. Para a justiça você é tão bandido
como qualquer outro. Roubando seu país, lidando com substâncias ilícitas,
usando a máquina para triplicar sua fortuna e indiretamente matar inocentes.
- Se por
inocentes você se refere a viciados, ah! Por favor, agente. É decisão deles. Não
tenho nada a ver com as escolhas dele. Você fala de sonegação porque ganha um salário
de merda. O que faço são negócios e qual o mal de se ganhar alguns milhões de dólares?
Você por acaso sabe o quanto os Estados Unidos arrecada em impostos? Se eu
tirar um décimo de uma transação não faz nenhuma diferença.
- Então, o
senhor admite que lesou os cofres do país.
- Lesar, sei. Pergunte
pro tio Sam se ele percebeu – disse o senador debochado – mas não devo satisfações
a você, uma reles detetive, agente ou o que seja. Saia do meu gabinete – alterou
a voz após essa ordem.
- Se quer que
eu vá embora daqui, me diga onde eu encontro Andrew Smith – a voz de Beckett
estava alterada e seus gritos podiam ser ouvidos no gabinete ao lado mesmo sem
distinção do teor da conversa. O outro senador já incomodado foi verificar o
que estava acontecendo.
- Quero uma
resposta, senador Denver. Não duvide de mim, jogarei toda essa merda no ventilador
– reparou novamente no olhar e no gesto com a cabeça que Denver fizera. O cara
se levantou e virou-se para Beckett. O impacto foi tão grande que ela deu um
passo para trás boquiaberta.
- Você.... –
sim, a frente dela estava Andrew Smith. Por uns segundos ela manteve-se parada,
então sacou a arma e gritou.
- Parado!
É claro que a
ordem foi em vão. Andrew rapidamente pulou a janela do escritório. Beckett não se
incomodou com isso, sabendo que não poderia segui-lo pela janela, correu pela
porta do escritório como um furacão. A ação não passou desapercebida por
algumas pessoas dentro do capitólio. Ela não se importou, corria no encalço do
seu suspeito. Do lado de fora do prédio, ela estava em desvantagem mas não desistia.
Do lado de
dentro do prédio, o outro senador perguntava a secretaria o que estava
acontecendo.
- Desculpe
senador mas uma mulher, ela invadiu o gabinete do senador Denver. Disse ser do
FBI. Nem me obedeceu.
- Tudo bem Andrea.
Não é sua culpa. O que o senador Denver falou? Ele conhece a mulher?
- Sim, conhece
mas ela o estava acusando de ter matado alguém ou qualquer coisa do tipo e de
repente saiu de arma em punho pela porta.
- Mas não ouvi
tiro algum, por que ela puxaria uma arma? O senador estava com alguém?
- Sim, um dos
seus funcionários. Acho que é segurança dele – nesse momento o senador sai do
seu gabinete. O rosto lívido – senador? O senhor está bem?
- Acionem a segurança,
prendam aquela mulher! – os dois senadores decidiram sair para ver o que
acontecia com a tal agente.
Beckett estava
quase a ponto de conseguir uma boa mira para atirar no sujeito. Não podia
deixa-lo escapar. Quando posicionou-se para atirar, Andrew virou-se para ela. Também
tinha uma arma nas mãos e pegou-a de surpresa. Ele fora mais rápido que ela e a
surpreendeu com a bala em sua direção. Por reflexo e instinto para proteger a
barriga, ela se virou de costas tentando se esquivar da bala. Infelizmente, o rápido
movimento atrelado ao desequilíbrio de seu próprio corpo não foram suficientes
para evitar que a bala acertasse suas costas do lado esquerdo. Ela caiu no chão
batendo a cabeça no meio-fio. O corte na testa começou a sangrar. O coração acelerado
e a respiração rápida provavam que estava desorientada. A dor nas costas era terrível
e o sangue espalhava-se pelo cimento. Não queria se mexer, uma preocupação rondava
sua mente. Seu bebê. Ele tem que estar bem.
Pressentiu um
vulto passar perto dela. Alguém falava ao telefone mas a voz estava distante.
- Por favor
uma ambulância na frente do Capitólio. Temos uma agente federal ferida. É uma emergência
– ao desligar ficou por um momento admirando a mulher estirada na calçada. O destino
agia de uma forma estranha. Por várias vezes, esperou por essa oportunidade. Ter
Kate Beckett vulnerável a seus pés. Se isso fosse a dois anos atrás, nem
pensaria de outra maneira. Não ligaria para a emergência e daria fim ao corpo a
sua frente. Mas ela salvara sua vida em seu último encontro. Apesar de toda a raiva
que sentia dele, esquecera sua vingança pessoal. Naquele dia, ele fez uma
promessa. Nem sempre as cumpria, era verdade. Porém dessa vez ele decidiu por
fazer uma exceção.
Ele abaixou-se
junto dela. Queria ter certeza que estava respirando. Os olhos amendoados
pareciam opacos, não tinham a gana que sempre via naquele olhar. Ele colocou
sua mão sobre o nariz dela. Percebeu que ela tentava alguma reação. Apostaria que
era por causa dele.
Beckett começava
a perder o domínio de seu próprio corpo e mente. Parecia flutuar no ar. De repente,
um rosto. Não, não era qualquer pessoa. Na verdade era a última face que
esperava ver a sua frente. Seu algoz. O único homem capaz de acabar com a sua
vida. Usando de uma força sobrehumana, ela conseguiu dizer quase sussurrando.
- Você... – e fechou
os olhos não conseguindo mais se manter acordada. O sorriso de Bracken foi a
imagem que levou consigo antes de desmaiar completamente.
Continua....