terça-feira, 29 de setembro de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.36


Nota da Autora: dia difícil, não Casketters? Sei que os corações estão doendo, por isso fico triste em saber que posso estar contribuindo um pouco mais para isso. Quando pensei nesse arco que estou prestes a introduzir na fic ha duas semanas atras não tinha ideia do que estaria acontecendo na serie. Apesar do cap parecer light, nos minutos finais ha um twist. Lembram que falei de angst psicológico?Bem, ele esta começando. E nem sequer cheguei ao fim da S3 - a montanha russa vai ser intensa! A S4 vem chegando daki a uns 3 capitulos, preparem o cuore. Claro que essa Beckett ainda nao e a msm da S7, então que tal embarcar na jornada? E plagiando Kate: Do you trust me? 


Cap.36


Ainda faltavam dois meses para o lançamento de Heat Rises, o terceiro da serie Heat, mas Castle andava bastante ocupado com aprovações de material, reuniões na editora, acerto de agenda e continuava a dividir essas atividades com o trabalho na NYPD. Kate, por outro lado, encontrava-se em meio a sua rotina principal. Investigar e prender assassinos. Algumas vezes quando solicitada, ela opinava sobre o material publicitário a pedido de Castle e por conta dessa ajudinha, vivia cobrando sua copia do livro que ele educadamente explicava ainda não estar disponível para sua leitura.

A curiosidade era um dos pontos fortes e dominantes de Kate assim como a teimosia. Ela não acreditava que uma editora demorasse tanto 
para criar um primeiro rascunho de um livro, mesmo que Castle explicasse que a demora era devido a revisão e motivos de segurança para evitar que a obra vazasse na internet.

Desde que estivera com Dana pela última vez, ela vinha tentando exercitar o lance do caderninho de sentimentos. Kate surpreendeu-se com o tanto que estava disposta a escrever sobre seu relacionamento com Castle. Uma das coisas que mais chamara sua atenção fora a sua reação ao copo de café que ele sempre levava pela manhã ao distrito. Ela se sentia extremamente feliz e grata pelo gesto. Era quase como se aquele momento fosse o ponto alto de seu dia, algumas vezes era a única coisa boa neles.

Também se pegou escrevendo sobre outros sentimentos, como o que o toque dos dedos leves e ágeis de Castle a excitavam. Na verdade, ela escrevera boas paginas que tinha certeza seriam impróprias para o estudo de Dana apesar de saber que a amiga adoraria os detalhes picantes. Escrevera sobre o prazer de desfrutar uma refeição em seu apartamento feita pelo namorado e um simples fim de noite regado a vinho e amassos.

Ao reler parte do que já escrevera nessas três semanas, Kate percebera que além de valorizar bastante os momentos em que fazia amor com Castle, ela deixara claro que havia uma certa dependência da companhia dele. Isso a confundiu. Dependência poderia ser um problema, não um sinal de que o amava. Sendo assim, era possível que a relação não fosse saudável? Ou era ela quem estava começando a se amedrontar diante do que isso realmente significava?

Deixara de fora a historia de Los Angeles, o quase homicídio doloso que cometera. Era o momento mais importante. A voz que a salvara. Estava sendo medrosa ao não escrever sobre isso? Querendo negar o quanto Castle fora essencial naquele momento? Será que se ela colocasse no papel o acontecimento pensaria algo diferente? Enxergaria outra explicação? Não, ela já falara sobre isso com Dana antes dela inventar essa tal tarefa. Já deixara claro o significado daquele momento. Não estava traindo o exercício ou a si mesmo ao excluir esse fato de seu caderninho. Ou era disso que Kate tentava tão desesperadamente se convencer.

XXXXXX

Castle estava no banco do carona voltando de uma cena de crime ao lado dela quando o celular tocou. Kate viu o nome de Gina e também ele ignorar a ligação.

- Castle se você estiver atolado de trabalho para a editora, por que não deixa esse caso de lado? Acredite, eu posso me virar sozinha. Não quero ganhar o ódio eterno da Gina.

- Não vou largar o nosso caso de assassinato por umas duas horas de lenga-lenga de marketing. Você é mais importante.

- Você quer dizer a vitima?

- Isso! A vitima, fazer justiça. Aposto que Gina pode resolver sozinha a suposta urgência que pensa ter nas mãos. Não precisa de mim.

- Se você diz... – Beckett parou o carro na sua vaga cativa do 12th distrito. Ao saltarem do elevador, ela se dirigiu diretamente a minicopa. Desejava uma caneca de café, Castle seguiu em seu encalço. Vendo-a se aproximar da máquina de café, ele tomou a sua frente já sabendo da pouca intimidade dela com o objeto.

- Se me permite... – ele começou a preparar a bebida – viu como não era nada importante? Gina sequer insistiu na ligação. Então, após a pausa para o café, nós dois iremos montar o nosso quadro de evidências para começar de fato a investigação, certo?

- Elementar, Sherlock.... – disse sorrindo.

- Ah! Dando o braço a torcer, detetive? – ele entregou a caneca nas mãos dela. Beckett não teve tempo de responder, pois o celular dele voltou a tocar.

- Deixe-me adivinhar, Gina.

- Não, ligação internacional – ele respondeu a chamada - Ellen? – ela ouviu a voz do outro lado da linha cumprimentando-o alegremente – sim, estou um pouco surpreso com a ligação. Você não vai me pressionar sobre o lançamento do meu novo livro, certo? – pelo alivio na voz dele, parece que não se tratava disso – ótimo! Então, qual o motivo? Não quer somente conversar, eu sei. Gina? O que tem ela? Ah, ela estava me ligando para falar de você... desculpe, Ellen eu estou no meio de um caso – Beckett tentava segurar o riso diante da situação – sim, a Beckett está aqui. Colocar no viva-voz? Er...certo, claro! Pronto, Ellen. Já pode falar, Beckett está ao meu lado.

- Kate! Que maravilha falar com você! Come stai?

- Benne, grazie.

- Que parceiro difícil esse seu! Pedi a Gina para contata-lo porque queria dividir uma informação importante e ele a ignora completamente! Ela estava bem irritada, disse para ligar que talvez ele se importasse mais comigo. Adicionou que se não conseguisse, era só ligar para o distrito e falar com você. Gina garante que você tem poder para manda-lo fazer qualquer coisa.

- Sério? Ela pensa assim? Deve ser por causa do distintivo que carrego.

- Nah! Aposto no olhar matador – as duas riram e Castle torceu os lábios.

- Quando as duas comadres cansarem de falar mal de mim, talvez você possa me dizer que informação importante é essa.

- Na verdade, a minha conversa diz respeito a Nikki e sua receptividade aqui na Itália. Nos últimos dois meses, venho recebendo muitas perguntas e pedidos com relação a detetive que inspirou a maravilhosa personagem da série. Tenho muitas cartas endereçadas a você, Castle querendo saber sobre sua carreira, sobre a personagem, alguns me contam que dão ideias para futuros livros. Tenho guardado essas correspondências para envia-las de uma vez até o escritório da sua editora.

- Isso é fantástico! Nem sei como agradecer. Não sabia que era tão popular na Itália.

- Você é, os dois são. O problema é que nas ultimas semanas, seus fãs começaram a escrever cartas direcionadas a Kate. Fiquei surpresa de ver a quantidade. Eles escrevem e entregam na editora. Perguntei para um das pessoas que veio entrega-las porque deixavam aqui. Sabe o que ela me respondeu? Que como nosso escritório não fornecia um endereço de correspondência para Beckett, eles decidiram através de um fórum de fãs que iriam usar a editora acreditando que de alguma maneira elas chegariam ao destino.

- Nossa! Quem está surpresa agora sou eu. 

- Ainda não terminei. Eu fui checar o tal fórum, conversei com o meu departamento de atendimento ao cliente e adivinha? Kate Beckett é um sucesso monstruoso. Eles a amam! Por isso estou ligando. Sei que você não gosta de publicidade e exposição, mas eu gostaria de saber se a possibilidade de receber essas cartas existe.

- Bem, eu não sei... quer dizer, você as mandaria de Roma para cá?

- Claro que sim, não é problema. Você também não tem obrigação de responder a todas elas. Talvez possa pedir para Gina fazer uma nota de agradecimento pelo carinho no site da editora ou algo assim. Tenho certeza que ela não se importara, a popularidade significa mais dinheiro entrando.

- Não vejo problema de enviar as cartas da Kate junto com as minhas, Ellen. Mande tudo para a sede em Nova York. Como você mesma apontou, Kate não gosta de publicidade então por razoes obvias não iremos divulgar seu endereço pessoal. Tem alguma objeção quanto a solução que propus, Kate?

- Não. Essa pode ser a melhor saída. Pode mandar, Ellen.

- Ótimo! Os fãs italianos irão adorar saber disso – a curiosidade de Castle não deixara passar em branco com uma pergunta.

- Ellen, de que volume estamos falando? De caixas?

- Ah, acredite você ficará bem surpreso! Deve chegar em uma semana. Ciao! – ao desligar o celular, Kate o olhava pronta para questionar a ultima atitude de Castle.  

- Por acaso você está preocupado com quantas cartas eu irei receber, Castle? Porque foi isso que esse seu semblante e sua pergunta para Ellen me passou. Se eu já estava surpresa com a novidade de ter pessoas me escrevendo por causa de Nikki, vou ficar realmente chateada se descobrir que você está incomodado que eu roube sua suposta fama.

- Não! Você entendeu errado, amor. Fiquei surpreso apenas tanto quanto você – Kate não parecia muito convencida com o discurso – Serio, quando Ellen me procurou com o interesse de publicar meus livros em italiano, nunca pensei que pudesse render muita coisa, até mesmo grana. Mas como ela insistiu em fechar o contrato e nos deu um bom adiantamento assumindo as despesas de publicação e impressão, eu e Gina decidimos que valia a tentativa. Não esperava que fossemos criar uma base de fãs tão solida.

- Tudo bem, vou aceitar sua explicação. Quem diria! Nikki arrasando em italiano... – ela sorriu para o escritor fazendo uma nota mental para não esquecer o assunto. Castle podia ser muito competitivo e se tinha algo que ele detestava era ter alguém que roubasse seu holofote e brilhasse mais que ele – vamos nos concentrar no nosso caso? Temos uma vitima esperando por justiça.


Uma semana depois...


Beckett estava terminando uma consulta com o laboratório para confirmar se o suspeito que tinha em mãos era de fato a pessoa que disparara o gatilho daquele revolver.38. O caso que investigavam tinha mexido com os sentimentos dela. A mãe fora morta pela própria filha simplesmente por ciúmes, as duas estavam namorando o mesmo cara. Como pode acontecer esse tipo de violência entre mãe e filha? Ainda mais por causa de homem. Para Beckett, isso lhe causava tristeza e revolta. Aquela menina não tinha noção do que fizera com a sua vida, tinha uma escolha e optou pela errada. Kate não tivera a chance de escolher, sua mãe foi tirada de seu convívio, de sua vida. E todos os dias ela pensa em como poderá fazer justiça para que realmente siga em frente.

Ao sair do telefone com a confirmação da identidade, ela precisava de um minuto para se preparar para confrontar a menina mais uma vez. Vinte e dois anos, uma vida inteira pela frente jogada no lixo por sexo e desejo. Infelizmente, mesmo prendendo a assassina, esse caso teria um final trágico. A pena era vinte anos até a perpétua.

- Castle, eu realmente preciso de um refil de café – ela estendeu a caneca vazia para ele – pode me servir? Temos que interrogar um pouco mais a Andrea, as mechas de cabelo e o sangue encontrado junto ao da nossa vitima eram mesmo dela. Matou a mãe por um homem.

- Você esta mexida com esse caso. Completamente natural. Esse é um daqueles que consideramos improváveis, quase impossíveis. Quando nos deparamos com a realidade, não deixa de ser chocante.

- Eu apenas preciso de uns minutos para estar pronta e dizer aquela jovem que ela acabou com sua vida, duas vezes com um só tiro. Perdera a pessoa mais importante e sua liberdade. Não se trata de uma tarefa simples.

- Tudo bem. Um latte caprichado saindo – ela voltou a atenção para o arquivo a sua frente, fez algumas anotações com as ultimas descobertas. Estava concentrada na argumentação que preparava para Andrea quando o celular de Castle deixado sobre sua mesa começou a tocar. Um toque irritante indicando morte. Ao reparar no visor, estava a foto de Gina. Balançando a cabeça diante da bobagem de Castle, tomou a iniciativa de atender. Não podia aguentar aquele barulho em seus ouvidos.

- Alo? Telefone de Richard Castle.

- Quem está falando?

- Ah! Oi, Gina. É a Beckett.

- Ola, Kate. Richard está com você?

- Ele foi pegar um café. Quer que peça para ele retornar sua ligação ou deixar um recado?

- Prefiro falar com você mesmo. Tem dois dias que liguei para dizer que a correspondência da Itália chegou. Pedi para que viesse buscar porque não queria minha sala abarrotada de coisas, mas quem disse que ele me deu atenção? Imagino que ouvirá você.  

- Estamos fechando um caso agora a tarde. Será que podemos passar no escritório após o expediente? Por volta de seis está bem para você?

- Sabia que poderia contar com você. Se fosse esperar por Rick ia ser soterrada em papel.

- Tanto assim?

- Você vai ver. Se juntar a quantidade de papel que normalmente já circula na minha sala com as cartas dava para fazer um bom dinheiro com venda para reciclagem. Aguardo vocês.

- Até mais, Gina – ele chegara com duas canecas de café no instante que ela desligava – era Gina. Disse que as correspondências da Itália já chegaram a dias, de fato avisou a você uns dois dias atrás. Iremos buscá-los hoje. Por que não me disse?

- Estávamos no meio de um caso e você sabe que não dou muita importância aos telefonemas de Gina. Mais da metade do que ela fala posso desconsiderar.

- Mesmo? Interessante. Só por curiosidade, quanto do que eu falo você desconsidera?

- Nada – ele respondeu rapidamente – absolutamente nada.

- Mentiroso – ela disse sorvendo o liquido quente – vamos encerrar esse caso.

Mais tarde, Beckett dirigiu até o escritório da editora com Castle ao seu lado. Ele parecia desconfortável em ser obrigado por ela a obedecer o que Gina queria. A editora e ex-mulher já esperava pelos dois. Logo foram anunciados. Ao entrarem na sala de Gina, Kate entendeu a frustração. Havia caixas e caixas de materiais espalhados em toda a área. Banner de livros, caixa com exemplares, folders e em um canto quatro caixas endereçadas a Castle.

- Você não estava exagerando. Aquelas quatro caixas são para Castle?

- Não, uma é dele. As outras três estão endereçadas em seu nome e no de Nikki. Quem diria que a detetive ia agradar tanto os italianos?  

- Deve ter algo errado, Gina. Ellen deve ter errado na separação – disse Kate.

- Com certeza! Não tem como Kate receber mais cartas do que eu, o escritor! – disse Castle prontamente com cara de poucos amigos.

- Não, está tudo certinho. Ellen é muito organizada. Está tudo descrito aqui na invoice e no recado que escreveu para vocês. Veja – estendeu o papel para Castle que lera ainda surpreso com o que estava a sua frente. Ela não mentira quando dissera que eles iam se surpreender.

- Não tem o que discutir, precisamos levar essas caixas conosco. Será que pode me dar uma mãozinha, Castle?

- Não se preocupe com isso. Vou chamar alguém para carregar isso para você – ela pegou o telefone sobre a mesa e explicou o que queria. Cinco minutos depois, um rapaz carregava as caixas levando-as até o carro de Beckett. Castle ainda estava sentado, calado com o recado de Ellen nas mãos. Kate sabia que ele estava arrasado por descobrir que sua Nikki roubara sua fama. Ele não lidava bem com isso. E sinceramente, ela ainda não tinha ideia de qual seria a reação dele ao conteúdo de tais cartas. Esperava que fossem inofensivas para evitar maiores problemas.

Ao chegarem no loft, ela sugeriu subirem com todas as caixas. Cada um carregou duas delas em uma única viagem usando o elevador. Antes de mergulharem no mundo dos fãs de Nikki Heat, ela pegou o telefone pediu pizza e serviu aos dois de vinho tinto. Algo dizia que eles iriam precisar de álcool.     

Castle decidiu abrir primeiro sua caixa enquanto Beckett escolhera a caixa que levava seu nome. As outras duas eram endereçadas a Nikki, algo que ela usaria a seu favor para convencê-lo de que eram direcionadas, na verdade, a ele já que Nikki era a personagem fictícia.

Havia de tudo entre as cartas. Elogios rasgados ao escritor, a historia encantara, sugestões de cenas e fotos. Muitas fotos de pessoas se vestindo de Castle ou Nikki mostrando o apego aos livros. Também não escapavam de cartas escritas apenas com a intenção de conhecer o escritor, algumas eram cantadas deslavadas e recebera propostas de casamento com fotos de mulheres em lingerie.

Diante de tudo que vira, Kate poderia até se sentir ameaçada ou chateada. Contudo, as correspondências dirigidas a elas não eram de todo diferentes. Havia aquelas bem bacanas que elogiavam seu trabalho de detetive e o que proporcionou para a criação de uma personagem maravilhosa como Nikki. Em algumas, as pessoas agradeciam por servir de inspiração a elas. Infelizmente, as escritas como cartas de amor tinha um cunho depravado, bem italiano. Ela também recebera fotos de homens, realmente lindos vale acrescentar, apenas de sunga ou cueca para sua apreciação.      

A reação de Castle não foi tão compreensiva quanto a dela. Ao ver a foto de um italiano moreno de olhos verdes e beleza singular, o ciúme veio a tona.

- Que absurdo! Isso é inaceitável! Esse cara não é um fa, ele só quer... ele quer sexo. Descaradamente!

- E qual é o problema? Não é como se as suas correspondências fossem todas comportadas. Tem mensagens boas aqui, elogiando a sua historia, a minha profissão, servimos de inspiração para muita gente, Castle. E convenhamos para alguém que costumava assinar peitos, você não está exagerando um pouco?

- Será que estou? Olhe essa carta que tirei de uma das caixas endereçadas a Nikki que você me convenceu de que eram direcionadas a mim devido a minha criação: “querida Nikki, não consigo dormir sem sonhar com suas curvas sobre o meu corpo, seus lábios me devorando por inteiro em um sonho erótico e selvagem. Quero possuí-la na Fontana de Trevi em pleno luar. Fazê-la explodir em mil pedaços da mesma forma que a cena da pagina 105 me fez gozar com você”

- Ok, isso é nojento! Mas não é como se eu fosse ligar. Podemos joga-la no lixo e esquecer.

- E você acha que essa é a única? Podem ter outras ali, algum cara pode ser um maníaco. Como...como esse cara! – Castle pegou uma foto de um italiano charmoso e lindo usando apenas uma sunga.

- Ah, não sei. Ele me parece bem normal e realmente lindo. Não me incomodaria de conversar com ele, saber o que acha de Nikki, se tem sugestões para novas aventuras... – ela estava claramente implicando com ele, mas o escritor resolveu levar a brincadeira bem a sério.

- Você está se divertindo com isso, não? Adorando a atenção, os holofotes. Isso não é brincadeira, Kate. Tudo tem limite.

- Limite, sei. Como a Srta. Perfeição aqui – disse ela mostrando uma foto de uma italiana peituda com um biquíni minúsculo e os seios de fora – faça-me o favor!

- É completamente diferente. Ela é inofensiva, o mesmo já não posso dizer do Sr. Salame aqui – estava visivelmente irritado.

- Diferente... será que é porque você não admite que outros homens me achem interessante? Que as pessoas vejam que tenho muito mais a ver com seus livros do que ser uma mera inspiração? Isso tem nome, Castle. Ciúmes! Você não suporta que eu tenha mais atenção que você. Não é nem ciúmes de namorado!

- Claro que é!

- Não, você acaba de agir como um porco machista! Você pode receber fotos de mulheres de peitos de fora e cantadas ridículas, mas se o mesmo acontece comigo trata-se de um maníaco, um louco? Deixe de ser infantil. Não é como se eu fosse pegar um avião e ir correndo ao encontro desses caras! Eles estão a quilômetros de distancia, pelo amor de Deus! E por que teria que ser o Sr. Salame? Tiveram cartas e propostas de mulheres também.

Ele arregalou os olhos diante da revelação. Parece que a discussão tomara proporções indesejáveis para ambos.

- Por que não admite logo? Não acredito que estamos discutindo por cartas enviadas do outro lado do oceano como se isso fosse mudar qualquer coisa entre nos! Eu não quero sua fama, não pedi para roubar seu brilho, isso aconteceu porque você simplesmente criou uma personagem que acaba por dar margem a esse tipo de pensamento. Não foi você mesmo que disse. Nikki Heat detetive de dia, vadia a noite. Então, lide com a sua criação porque minha contribuição como musa não incluía isso. A culpa é totalmente sua!

- Eu não suporto a ideia de dividir você com outros homens, com outros olhares. Não quero competição. Isso não tem nada a ver com fama!

- Será que não? O Rick Castle que conheço não admitiria ser deixado de lado por outra pessoa comum.  

- Está enganada, Kate. Aquele Rick Castle que dava autógrafos em seios de belas mulheres não é o mesmo que esta aqui na sua frente, mas parece que somente você não percebeu... claro que me chateia o fato de uma personagem ser mais requisitada do que eu, na verdade, somente mostra o quão bom eu sou. Mas desrespeito, sonhos eróticos e oferecimento descarado a você não consigo engolir. Você quer chamar de ciúmes, ótimo! Que seja! Não me acuse de machista, porque isso certamente não sou.

- Estava sendo a alguns minutos atrás quando pensou por um segundo que eu fosse dar bola para algum desses caras exibicionistas e desesperados. Parabéns, Castle. Você estragou o que podia ser uma noite divertida. Pensei que íamos sentar no chão, ler as cartas e rir das historias malucas. Aparentemente, alguém levou a brincadeira a sério demais. Eu não tenho forças para ficar perto de você agora. Eu vou deitar e nem pense em me seguir. Se vire com o sofá!

- Mas é a minha casa!

- Eu não ligo! Devia ter pensado nisso antes de me insultar com ciúmes bobos e infundados – ela saiu pisando firme para demonstrar sua raiva. No fundo, estava chateada pelo exagero, pelo pequeno piti que Castle dera. Estava disposta a não falar com ele caso não pedisse desculpas por sua atitude.

Frustrado e desolado, Castle virou o resto do vinho bebendo-o de uma vez. Sentou-se no sofá com um bolo de cartas endereçadas a Nikki. Não conseguiria dormir naquela noite, portanto restava-lhe a companhia do objeto da discussão equivocada.

Ele lera mais de cinquenta cartas endereçadas para Nikki. Dentre elas, pode encontrar de tudo, mas se havia cinco com linguajar errado ou impróprio fora muito. Realmente exagerara. A noite foi arruinada por uma demonstração de ciúme errada. Ele não conseguira explicar porque não gostara daquilo, porque ela era tão importante para ele. Soara como um porco mesmo, tratara Kate como uma propriedade. Isso não estava certo. Ele a amava. A crise de ciúmes servia para exemplificar isso, contudo ele conseguira estragar tudo. Será que Kate não percebia que aquilo era amor? Afinal, para onde aquela relação estava caminhando? Seria uma via de mão única?

Ele suspirou jogando as cartas sobre a mesinha de centro. Calma, Castle. Você sabe que não pode pressiona-la quando o assunto é sentimentos. A primeira coisa que precisa fazer e admitir o erro e se desculpar. Haveria um momento certo para discutir o que o relacionamento deles significava. A ultima coisa que queria era afastar Kate nesse momento. Esperava sinceramente que quando acontecesse, a descoberta fosse positiva para ambos.   

Na manhã seguinte, Castle ainda sonolento pelas poucas horas de descanso preparava o café da manhã para amansar a namorada. As panquecas começavam a cheirar, o café estava esperando pela aparição dela para que apertasse o botão e ficasse o mais fresco possível. Foi Alexis quem apareceu primeiro na sala.

- Acordou cedo para uma manhã de sábado, não pai? O que aconteceu? Beckett te expulsou da cama com algum morto?

- Quase isso. Eu meio que estraguei a nossa noite – ele olhava envergonhado para a filha.

- Deu para perceber, vocês não foram tão silenciosos com a discussão. São aquelas caixas de cartas o motivo da briga?

- Cartas de fãs.

- Pai, por que vocês brigariam por cartas? Ela não me parece uma pessoa que se importaria com suas fãs malucas desde que não oferecessem seus seios para serem autografados, tudo bem. Aquilo realmente era nojento inclusive para mim. Imagina para ela como namorada.

- Tem razão. Fui eu quem perdeu a compostura. A maioria dessas cartas estão direcionadas a Kate e a Nikki.

- Oh! Então você se doeu porque ela estava ganhando mais destaque que você. Não me admira que ela tenha se chateado. Quando vai aprender que Kate não se importa com a sua fama? Ela é uma detetive de homicídios, não se importa com Best-sellers.

- Eu sei. Na verdade, a minha crise saiu totalmente errada. Eu não soube me expressar. Foi uma crise de ciúmes, mas por todos os motivos errados. Exagerei.

- Então, trate de consertar. Brigas bobas não levam a nada. Vocês dois já tem muito tempo para ficar de picuinhas – ela pegou uma massa de panqueca nas mãos levando-a completamente a boca.

- Hey! Não mandei comer minha massa. Ainda não preparei meu especial.

- Seu especial deve ser para Kate juntamente com um pedido de desculpas. Eu vou nessa. Marquei com uns amigos no Central Park hoje. Vamos a uma exposição no museu de historia natural. Boa sorte!

Kate estava escorada na parede do escritório de onde pode ouvir a conversa entre pai e filha. Ficou satisfeita ao ver a menina lhe defendendo e feliz por saber que Castle estava prestes a admitir seu erro. Como alguém que acaba de acordar, ela se aproximou lentamente da cozinha.

- Bom dia, Kate. Já estou de saída. Tchau! – ela olhou espantada para Castle que apenas balançando a mão dizendo para não se importar.

- Bom dia. Dormiu bem com a cama somente para você?

- Já vai começar com a primeira frase? Ainda nem coloquei a primeira gota de cafeína no meu organismo. Por favor...

- Não seja por isso – ele já tinha apertado o botão quando a viu surgir na sala, virando-se de costas serviu a bebida fumegante em uma caneca entregando-a nas mãos de uma sonolenta Kate. Ela sorveu o liquido sentindo o calor da bebida descer pela garganta. Já sentia o aroma das panquecas e da calda. Aquilo a fez perceber que estava com fome – estou vendo que está com fome. Pode se servir, fiz essas panquecas para você.

- Por que?

- Eu queria usa-las como uma forma de me desculpar por ontem. Olhe, Kate eu sei que exagerei nos comentários. Não esperava ver esse tipo de correspondência dirigida a sua pessoa, mesmo que seja sua representante na ficção. Tive a oportunidade de ler muitas outras cartas e tem razão, a maioria é boa. Nikki é um sucesso. Acha que consegue me perdoar? Pode me desculpar?

- Eu não sei se deveria ceder tão fácil. Não gostei nada daquele seu comportamento de ontem. Não parecia o mesmo Castle que eu gosto de ter ao meu lado – o homem que eu admiro, ela pensou – como posso ter certeza que a versão homem das cavernas não vai aparecer novamente?

- Não vai porque você sabe que não sou assim. Foi um lapso, passei dos limites. Termine seu café, quero lhe mostrar alguns elogios que Nikki recebeu – Kate esticou a mão apertando a dele. Estavam bem. O episodio da noite passada, entretanto ia parar em seu caderninho. Não perderia a oportunidade de registrar a crise de ciúmes de Castle.

Durante todo aquele dia, Castle e Kate remexeram nas caixas lendo muitas cartas escritas pelos seus fãs. Tinha muita coisa boa ali. Fotos, desenhos, declarações. Uma em particular chamou a atenção dela. Era de uma mulher de trinta anos que contava ter sobrevivido ao câncer de mama com a companhia dos livros da serie Heat. Nikki serviu de inspiração para que lutasse por sua vida. Perto da hora do jantar, ela resolveu dar uma parada.

- Acho que já lemos muitas historias por hoje. Que tal prepararmos alguma coisa para o jantar?

- Alguma sugestão?

- Não sei, use sua imaginação – os dois seguiram para a cozinha e se divertiam cozinhando juntos. Em um dado momento, enquanto distribuía o queijo na lasanha, Kate resolveu voltar ao papo das cartas – sabe, estava pensando que a sugestão dada por Ellen merece atenção. Recebemos tantas cartas bonitas, talvez devêssemos agradecer através da editora. Você podia escrever e a Gina publica no site da editora. Ellen pode traduzir para os italianos e também publicar por lá.

- Se vamos agradecer, você também terá que escrever, a maioria das cartas eram para você.

- O escritor é você. Pode mencionar meu nome apenas.

- Já entendi. Concordo em fazer algo assim. Faremos amanhã. Vamos nos concentrar no jantar e mais tarde, devemos recuperar o tempo perdido ontem.

- Se essa lasanha ficar realmente boa, posso pensar no seu caso – ela riu diante do olhar pidão de Castle.

XXXXXXX

Dias depois, a nota de agradecimento fora publicada no site. Beckett estava as voltas com um caso complicado que acabara prendendo-a até tarde no distrito. Ao voltar para seu apartamento, desabou na cama sem ao menos ligar para Castle. Por isso não se surpreendeu com o toque da campainha em plena sete da manhã.

- Castle, o que faz aqui tão cedo? – reparou que ele estava com o copo de café nas mãos.

- Queria saber se estava viva. Tem dois dias que não dorme no loft. Que horas saiu da delegacia ontem?

- Hoje, eram quase três da madrugada. Estou morrendo de sono. Vou chegar mais tarde hoje. Os rapazes irão fazer as primeiras pesquisas do dia. Posso voltar a dormir?

- Quer dizer que não precisa desse café, certo? – ela puxou o copo rapidamente das mãos dele.

- Nem pense nisso. Entre. Vou beber e voltar para a cama. Pode me acompanhar, mas já aviso que é para dormir. Se tentar qualquer gracinha, vai se arrepender – ele ergueu as mãos indicando que se rendia. Ela realmente dormiu por mais duas horas, ao acordar novamente, percebeu que ele não estava na cama. Encontrou-o na mesa com a refeição pronta. Sentaram e tomaram café antes de seguir para o distrito.

Depois de um dia exaustivo, mas com bons resultados, cada um retornou a sua casa. Kate estava querendo exercitar a não dependência de Castle. Claro que não dissera isso a ele, sua desculpa foi alegar cansaço, o que ele aceitara numa boa dadas as circunstancias do caso que ela investigara recentemente.

Antes de ceder ao sono, porém, Kate tornara a pensar sobre a questão da dependência. Cada vez mais ela passava as noites no loft. Ontem quando estava avaliando as pistas do caso por volta da uma da madrugada, sentiu uma necessidade imensa de ligar para Castle. Seja para discutir o caso ou para buscar inspiração. A verdade era que se controlara para não parecer ansiosa ou dependente dele. O que era um absurdo. Ela era uma detetive capaz de decifrar seus casos sozinha. Fizeram isso centenas de vezes antes mesmo dele aparecer na sua vida.
Então, por que essa vontade? Esse seria um ótimo tópico para uma conversa com Dana. Lembrou-se do caderno e de que ainda não escrevera sobre o episodio das cartas. Quando Dana sugeriu o uso do caderno para ajuda-la a compreender o que se passava com seus sentimentos, Kate achou que seria uma perda de tempo. No fundo, ainda achava. Porém, o ato de escrever acabou por se tornar um ótimo passatempo contra o stress que enfrentava no dia a dia. Não encontrara as respostas que Dana gostaria, mas estava se divertindo ao racionalizar algumas situações entre ela e Castle.

Cansada, ela decidiu dormir por fim.

XXXXXXXXXX

Era uma tarde de domingo preguiçoso. Castle estava em seu escritório jogando online. Kate havia lhe dito que ia dormir um pouco no real sentido da palavra. Sem poder brincar com a namorada, ele apelara para os eletrônicos. Ela estava no maior bom humor, o acordara com beijos calorosos e fizeram amor logo pela manha. Definitivamente, não podia reclamar de seu final de semana. O clima estava propicio para uma possível conversa sobre a relação deles. Não custava nada tentar.

Ele se levantou indo em direção ao quarto. Surpreendeu-se ao encontrar o lugar vazio e também por ser noite. Consultou o relógio. Sete da noite, perdera a noção do tempo jogando. Estava admirado que ela não tivesse reclamado por conta disso. Ela estava na sala sentada no chão com um pequeno caderno de capa vermelha sobre a mesa de centro. Escrevia algo. Concentrada, nem percebeu sua aproximação. Sentou-se no sofá para observa-la antes de comentar.

- Está pensando em se aventurar na carreira de escritora? Por favor, me avise porque a concorrência será grande. Seu histórico de casos deixaria qualquer leitor de boca aberta.

- Hey – ela acariciou o joelho dele – nem vi você chegar. Não se preocupe. Só há espaço para um contador de teorias malucas e não sou eu.

- E o que tanto escreve? Pensei que estava dormindo. Tinha preparado um monte de formas de te acordar...

- Isso é só um pequeno caderno de anotações. Serve para me deixar mais relaxada. Anotar coisas importantes, situações que aconteceram no trabalho, comigo, nada de mais.

- Certo, tem algo falando mal de mim? Porque posso ver meu nome escrito varias vezes nessas paginas.

- Por que assume que eu escreveria somente coisas ruins sobre você? Alias, por que você seria o assunto principal se acabei de dizer que são coisas minhas?

- Coisas importantes, portanto...

- Você se acha realmente. Tudo deve ser sobre você?

- Na verdade, não. Pode ser sobre nós. Estive pensando, se escrever sobre alguns momentos a faz bem, por que não conversamos sobre a nossa relação? Quer dizer, estamos em um relacionamento, apaixonados. Tivemos momentos muito bons, passamos por perdas. Não gostaria de falar sobre o futuro?

- Você esta sugerindo um DR, Castle?  

- Uma conversa, mas pode chamar de DR. E assim que funciona no mundo dos relacionamentos.

- Bem, no mundo dos relacionamentos geralmente quem pede para fazer uma DR é a mulher. Isso acontece quando a relação tem algum problema. Eu digo que estamos muito bem, não temos problemas, o sexo é excelente, portanto como a mulher dessa relação eu declaro que não precisamos de uma DR – ela se inclinou para beija-lo. Perdeu-se por alguns minutos naqueles lábios antes de afastar-se – esta com fome? Eu não estou muito a fim de cozinhar. Podemos tomar café e comer sanduiches?

- Por mim, tudo bem – ele concordou ao vê-la se levantar para providenciar o lanche na cozinha. Ele suspirou. Não fora dessa vez que conseguira fazer Kate se abrir com relação aos seus sentimentos. Ele viu o caderno deixado sobre a mesa. Por mais que tivesse curiosidade, não ia invadir a privacidade dela. Era errado. No entanto, esse silencio de Kate parecia bem suspeito. O que estaria se passando naquela cabecinha?

Ela chamou por ele pelo menos umas três vezes.

- Pensei que tinha voltado aos jogos. Não respondia. Sente-se. Desisti do café, vamos de cerveja. Depois você pode fazer um café para fechar a noite – ela entregou uma garrafa da bebida bem gelada nas mãos de Castle. Sentada ao lado dele, mordeu o sanduiche aprovando o que fizera. Ergueu sua bebida batendo na dele numa espécie de brinde antes de beber o liquido – a uma semana tranquila. De preferência com poucas mortes.

- Alguém anda cansada do trabalho?

- Claro que não. Você sabe o quanto amo meu trabalho, mas você tem que concordar que outras pessoas não ficam nada contentes quando tenho que executa-lo. Alguém sempre tem que sofrer para que eu o faça.

- Ossos do oficio, Kate.

- Cada um com o seu fardo. Qual é o seu?

- Aguentar minha editora apressando minha mente brilhante! – ela deu um leve tapinha nos ombros dele rindo – estou sendo sincero.

- Você não existe. Deixa Gina saber disso.

- Oh, acredite! Ela sabe. Muitas vezes digo na cara dela. A minha sorte é que a deixo rica a cada lançamento, portanto ela quem tem a perder se desistir de mim – Kate revirou seus olhos. Terminaram a refeição e Castle preparou o café servindo a ambos na sala. Ligou a TV e ficou deitado no sofá com Kate sobre ele assistindo a um filme antigo. Duas horas depois, as costas começavam a doer pela posição que se encontrava. Com jeitinho, ele a fez mudar de posição para que pudesse sentar.

- Acho que vou tomar um banho e me deitar. Essa posição não fez bem a minha coluna, estou inclusive com cãibras nas pernas.

- Oh, Castle! Por que você não disse que estava lhe incomodando?

- Você estava bem a vontade. Não se preocupe, um banho quente cura tudo – ele se pos de pé – vai demorar para vir para a cama?

- Não, quero só terminar de ver o filme. Depois subo – ele inclinou-se beijando rapidamente os lábios dela – até daqui a pouco. Me chame se precisar, ok?

Castle sorriu para ela. Kate permaneceu com os olhos na tela da TV por alguns segundos, então esticou a mão abrindo novamente o caderninho vermelho. Com a caneta na mão, ela rabiscou algo nas paginas. Mantinha a caneta entre os dentes enquanto pensava. De longe, Castle a observava voltar a escrever. Perdido em seus próprios pensamentos, ele decidiu ir para o quarto.

Kate escrevia sobre o ciúme de Castle. Ela achara que ele não fora completamente honesto. Eis seu relato: “Algo naquela discussão não se encaixa. Castle parecia querer dizer outra coisa quando me atacou alegando ciúmes ou preocupação com os italianos. Ele esteve bem perto de dizer. No exato momento as palavras fugiram. Ele recuou. Por que? Será que ele desistiu? Recuou por causa de algo que eu disse?”

Em outra pagina, Kate escrevera um novo tópico. Por que o assunto DR? Castle é a mulher da relação? Decidiu não ficar mais um tempo pensando sobre isso. Melhor ir para a cama. 

Já deitado na cama, ele se perguntava o que teria que fazer para ouvir como Kate se sentia em relação ao relacionamento deles. Temia que a espera acabasse por prejudicar a dinâmica que tinham. Não que seu amor fosse diminuir ou desaparecer. Longe disso. Ele a amava demais. Na verdade, tinha amor suficiente pelos dois. Contudo, a pior sensação que alguém pode sentir em um relacionamento é a não-reciprocidade de sentimentos.

Sabia que ela se importava com ele, gostava de sua companhia. Estava apaixonada, mas era apenas isso? Quando o sentimento dela evoluiria para amor? Kate Beckett era uma pessoa complicada quando se falava em se expor, ele era um vitorioso por ter conseguido tanto dela até agora. Ele queria mais. O problema era até quando ele teria que esperar?

A chegada dela no quarto acabou por distrair seus pensamentos. Como mantinha os olhos fechados, Kate deduziu que estava dormindo seguindo para o banheiro. Vinte minutos depois, deitara ao seu lado. Com carinho, distribuía beijinhos no rosto, nos ombros e no peito dele até que ele se manifestasse de alguma forma. Ao vê-lo abrir os olhos e acariciar suas costas, sorriu.

- Como esta a dor?

- Desapareceu quase completamente. Talvez mais uns beijinhos apague-a de vez.

- Não são apenas beijinhos que eu tenho em mente...

- Por favor, não se prive por mim. Faça o que quiser, detetive... – e a noite de domingo terminara da mesma forma que o dia começara. Dois corpos ofegantes após um belo orgasmo provocado pelo ato de fazer amor.  

XXXXXXX

Dois dias depois, Beckett voltava para o loft usando o metro. Castle saira mais cedo da delegacia já que ela estava fazendo papelada. No caminho, ela resolveu parar numa delicatessen para comprar algumas frutas e coisinhas gostosas para jantarem. Encheu a cesta com uma variedade boa que certamente agradariam Castle. Pagou e deixou o local carregando duas sacolas cheias.

Caminhava pela rua em direção a estação do metro que ficava a dois quarteirões dali. De repente, ao olhar para a calçada oposta, Kate viu algo que congelou todos os seus ossos. Estática, ela começara a tremer sem controle. A imagem a sua frente a perturbou. Não podia ser! Ele deveria estar na África. Não podia vê-la, não...

Reunindo todas as suas forças, Kate conseguiu dar alguns passos entrando feito uma bala em uma loja de roupas escondendo-se de joelhos atrás de um balcão. Uma das vendedoras correu até onde ela estava. Kate se encontrava quase em posição fetal, agarrada aos joelhos, de olhos arregalados. O rosto completamente assustado, os lábios pálidos. As sacolas de compras espalhadas em torno dela.

- Moça, você esta bem? Quer que eu chame um médico? Uma ambulância? – ao ouvir a palavra médico, ela gritou.

- Não, por favor... eu, eu vou ficar bem.

- Deixe-me ajuda-la com suas compras. Vou arruma-las para você – a garota fez o possível para juntar todas as coisas que caíram no chão da loja. A gerente se aproximou para entender o que estava acontecendo. Depois de argumentar com sua supervisora, recebeu a permissão para acompanhar Kate até sua casa.

- Consegue se levantar? – notara que as mãos tremiam ainda e o suor frio escorria pela tempora e pela espinha – como se chama?

- Kate. Olha, já esta tudo bem – ela esforçou-se para levantar mostrando que estava em condições de se virar sozinha – eu agradeço a ajuda, de verdade, mas sou policial. Tive um pequeno problema nas pernas, só isso.

- Desculpe, mas o que vi não me pareceu um problema físico. Eu já vi isso antes, sou estudante de psicologia. Você teve um ataque de pânico, Kate.

- Não, você está enganada. Estou bem.

- Você quer estar bem, concordo que o ápice já passou, mas você pode ter outros episódios. Deixe-me acompanha-la até sua casa.

- Não precisa, de verdade. Pegarei o metro, são apenas duas estações. Ficarei bem – pegando as sacolas de compras, ela se despediu sorrindo deixando a loja. Os olhos treinados de detetive procuravam varrer toda a área ao seu redor em busca do mínimo sinal de perigo. Convencida de que estava segura, Kate seguiu para a estação de metro.

Ao descer as escadas e se encontrar na plataforma a espera do trem, ela tornou a sentir os sintomas de um novo ataque após ter visto um homem com as mesmas características físicas de Josh. O coração disparou novamente, o aperto no peito e os tremores nas mãos retornaram um pouco menos violentos dessa vez. Com um esforço supremo, ela conseguiu pegar o trem. Manteve os olhos fechados por quase todo o trajeto, ela tentava retomar a calma.

Assim que a porta se abriu, Castle soube que não estava tudo bem. A mulher a sua frente estava em estado quase de desmaio, pálida feito papel.


- Kate, o que aconteceu? – ela não conseguiu responder. Na verdade, bastou entrar em casa para desmaiar sendo apoiada pelos braços fortes de Castle.                                         


Continua.......