terça-feira, 31 de janeiro de 2017

[Castle Fic] Baby Boom - Cap.26


Nota da Autora: Sei que tem muita leitora com medo do que vem pela frente. BB é uma historia cheia de fofura e todo mundo gosta, porém uma boa fic precisa de angst. Vamos preparar o terreno... o capitulo não é grande, ok? Antes de mais nada eu pergunto: Confiam em mim? Talvez vocês não devessem se preocupar tanto com Dylan, mas sim... nada de spoilers! Então leiam e divirtam-se... 




Cap.26 


— Agente Wilson. Confesso que não esperava vê-la tão cedo. 

— Bem, seu bebê já completou um ano. Resolvi verificar como andam as coisas, a rotina. Vejo que cheguei na hora da soneca provavelmente. 

— Ele gosta de ficar deitado assim - a agente deu uma olhada na sala, viu os brinquedos, a arrumação e não passou despercebido a ela Castle cozinhando e Kate descansando. Ela notou o curativo na perna da detetive que usava shorts. 

— E como está a adaptação dele? O desenvolvimento? 

— Está saudável, dentro do peso esperado, vacinas em dia, está começando a querer andar. Está feliz como toda criança de sua idade - disse Castle - você não se importa se eu estiver cozinhando enquanto conversamos, certo? Quero que Kate descanse. Precisa estar bem para retornar ao trabalho. 

— Castle, você se importa de preparar um suco para Dylan? Vou dar a ele e tentar faze-lo dormir. Acho que está com sono mesmo. 

— Mais uma vez, estou aqui para observar. Não se preocupem com a minha presença - como se fosse algo fácil de esquecer, pensou Beckett. 

Ela e Castle tentaram seguir a rotina exceto que com Beckett ferida, sobrou para ele fazer a maior parte das coisas. Ela deu o suco para o menino e conseguiu que ele dormisse. Com todo o cuidado, tentou se levantar do sofá, primeiramente sentando-se, porém Castle não deixou que se levantasse. Pegou o menino e colocou no berço. Infelizmente, devido a sua situação, a detetive pagava de dondoca. Isso a preocupava imensamente porque a agente não parecia gostar do jeito que ela lidava com o menino, embora não soubesse o motivo. No fundo, Beckett estava entalada com a assistente social desde o julgamento de Dylan. 

Aproveitando que o bebê estava dormindo, a agente resolveu tocar no ponto da criação do bebê. Castle tinha o almoço bem adiantado e serviu um café para a visita. 

— Vocês tem uma babá? 

— Não. Somos eu, Kate, minha filha e a avó nos revisamos cuidando de Dylan. Não gosto de babás. Desde de Alexis. 

— Então imagino que não esteja mais acompanhando a detetive nos casos. 

— Claro que continuo, somos parceiros. 

— Entendo, quando isso acontece sua mãe fica com Dylan? 

— Sim, ele tem a atenção e devoção de Kate pela manhã desde a primeira mamada até sairmos para o trabalho assim como a tem à noite, com o jantar, a história, colocar para dormir. Aliás, raramente eu o coloco para dormir. Ele quer o colo dela, ouvir a voz de Kate. Então, praticamente gruda nela. Isso sem falar nas folgas. A atenção de Kate é para o pequeno. Passamos o Thanksgiving nos Hamptons, o garotão curtiu a novidade. 

— Isso é bom. Mas ainda tenho algumas dúvidas - claro que tem, pensou Beckett - Você disse que ele sempre dorme com a detetive, não aceita ser com você. À noite, tudo o que ele quer é ela. 

— Na hora de dormir, sim. 

— Podemos dizer que é dependente de Kate para dormir. Não tem medo que essa preferência, essa necessidade do seu filho se torne prejudicial no futuro? 

— Por que teria medo? Somos uma família - ele reparou que ela escrevia algo - O que exatamente você está querendo inferir, agente Wilson? - perguntou Castle não gostando do rumo que a conversa estava tomando. 

— Estou falando de Dylan ficar tão apegado a ela que caso algo aconteça com vocês, o menino tenha que lidar com as consequências, pode causar sofrimento ao seu filho. Nunca pensou sobre isso? 

— Se está insinuando que eu e Kate podemos brigar e nos separar, se está dizendo que podemos acabar com o nosso relacionamento ou mesmo sugerindo que isso deve acontecer porque não estamos casados, sugiro parar por ai. Está errada. Kate e eu estamos juntos há quase quatro anos. A chegada de Dylan em nossas vidas apenas fortificou nossa relação. Não vamos terminar esse relacionamento porque nos amamos e nos respeitamos. Respondendo sua pergunta, não tenho medo do meu filho depender e se apegar a Kate, sabe por que? Porque é completamente natural. Ela é a mãe dele. 

A agente abaixou o rosto fitando o papel enquanto escrevia. Não estava satisfeita ainda, porém sua suposta conversa foi interrompida pelo choro do bebê. Castle levantou-se do sofá e foi checar o filho. Wilson não queria confrontar a detetive sem a presença dele. Beckett estava desconfortável ficando sozinha com aquela mulher. Ainda não entendia o problema dela. Por que insistia em afirmar que Castle e ela não eram bons pais? Devia ter uma explicação para o comportamento dela. Essas entrevistas não deveriam ser tão duras principalmente após se conceder a guarda da criança. Beckett percebeu que ela continuava escrevendo em seu caderno. 

Castle reapareceu. 

— Ele está bem. Chequei a fralda. Era apenas o elefante. Voltou a dormir - a agente esperou até que ele retornar-se a sua posição anterior ao lado de Kate para soltar a próxima pergunta. 

— Você estava com ela quando se feriu? Na cena do crime, imagino, caçando um suspeito? 

— Sim, estava. Como disse, somos parceiros. 

— Certo. Então em nenhum instante lhe ocorreu que ambos estavam arriscando suas vidas? Podendo morrer? A detetive já foi ferida e não deve ser a primeira vez. 

— O que está querendo dizer com isso, agente Wilson? Está afirmando que eu não devo seguir  ao lado dela, tenho que deixar minha parceira sozinha? Bem, isso não vai acontecer. 

— Eu estou apenas ressaltando que segundo a justiça, caso algo aconteça com o senhor, a detetive torna-se a guardiã legal do bebê, porém se ambos se arriscarem, qual o futuro da criança? 

— Eu tenho consciência de que meu trabalho acaba por trazer situações de risco para a minha vida. Eu sou policial, não poderia ser diferente. Porém se sua preocupação é com isso - Beckett apontou para a perna - é apenas um arranhão, nada demais. Eu cumpri meu papel e prendi o criminoso. 

— Hoje é somente um arranhão, amanhã pode não ser. Ou pior, Castle pode ser o afetado. Um tiro. Uma facada. 

— Se está insinuando que eu devo deixar de seguir Beckett, está perdendo seu tempo. 

— E quanto ao seu filho? Não pensa nele? É mais importante segui-la? 

— Não se trata de importância, é parceria. 

— Arriscar vidas. 

— É o meu trabalho - retrucou Beckett. 

— Mas não é o de Castle. A NYPD não paga para ele a seguir - ao ouvir essa última declaração, Beckett surtou. Deixou tudo o que estava entalado vir à tona. 

— Chega! Eu não suporto mais isso. Qual é o seu problema? Você me atacou aqui nesse loft porque eu não ia casar com Castle, duvidou que eu fosse capaz de ser uma boa mãe para Dylan. Me atacou o quanto pode naquele tribunal diante do juiz, quis me destruir a cada declaração que fazia. Eu não tolero mais isso. Eu sou policial, lido com o perigo todos os dias, não posso evitar. Foi através do meu trabalho que Dylan chegou em nossas vidas. Sim, posso morrer todos os dias quando saio de casa, mas eu tento lutar contra isso porque meu filho precisa de mim. Eu faço tudo por ele, morreria por ele. Não a entendo! 

— Kate, por favor… - Castle viu o quanto ela estava irritada, queria evitar o pior, mas já estava de pé, mesmo com dor. 

— Não Castle, ela vai me ouvir. Dylan está feliz, tem um lar, pais que o amam. Por que ficar questionando o meu trabalho? Eu o faço muito bem. Fica duvidando da nossa criação quando deveria estar nas ruas cuidando de outras crianças que assim como Dylan antes não tem esperanças? Não tem para onde ir, o que comer ou são maltratadas nos orfanatos de Nova York? Dylan já achou sua família. Faça seu trabalho e ajude outras crianças a ter o mesmo destino dele. Quanto a mim, eu sou a mãe dele. E não me importa o que escreva nesse seu relatório, insubordinação, que represento um risco, pode escrever. Dylan é nosso filho e ninguém vai tira-lo de nós.    

— Agente Wilson, caso não tenha mais nenhuma pergunta sobre Dylan, eu sugiro encerrarmos essa visita. E antes que vá embora, apenas quero deixar claro que assino embaixo. Concordo com tudo que Beckett disse. Nós tínhamos um ritmo de vida antes de Dylan, nos adaptamos a sua chegada, porém não perderemos a nossa essência. Foi o que nos colocou juntos, em um relacionamento e automaticamente nos trouxe nosso filho. Então fique ciente que Dylan é um Castle e não irá a lugar algum. 

— Tudo bem, estou de saída. 

Assim que a porta do loft fechou, Beckett desabou no sofá. As mãos cobriam o rosto. A cabeça latejava, a perna doía. Castle olhava para ela, admirando a força daquela mulher. Sentou-se ao lado dela. Beckett finalmente criou coragem para fita-lo. 

— Desculpe, e-eu acho que exagerei. Eu estava entalada com aquela mulher. Toda a frustração, a raiva desde o tribunal, precisava colocar isso para fora, Castle. 

— Não precisa se preocupar. Muito menos se desculpar. Eu concordei com você, lembra? Não aceito suas desculpas porque você fez o que seu coração mandou - ela suspirou. Encostou a cabeça no ombro dele. E por outra vez em menos de um ano, ela entendeu a mensagem da mãe sobre ouvir o coração. 

— Minha cabeça está estourando… 

— Posso confessar uma coisa, Beckett? 

— Claro. 

— Você me deixou excitado ao colocar a agente Wilson no lugar dela. 

— Oh, Castle… - ela riu - eu não estou com ânimo, minha perna ainda dói e essa visita cortou qualquer clima. Sabe, devia ligar para o seu advogado contando o que houve. 

— Vou fazer isso mais tarde e também vou pedir para ele se certificar de que ela não venha mais a nossa casa. Agora, preciso cuidar de você. Vamos almoçar. Depois, você tomará um remédio para a dor de cabeça e receberá um tratamento especial de Rick Castle. 

— Eu já falei que não estou no…

— Shhh… nada de estragar minha versão. Vem… - ele a puxou pela mão até a cozinha. Ela ainda mancava, porém não parecia tão ruim como antes. Sentaram-se, comeram. Estavam tomando um café quando o garoto acordou. Castle verificou a fralda que precisava de troca e o colocou na cadeirinha para comer. Kate cortou a carne em pedaços bem miúdos, colocou arroz, batatinhas, cenouras e abóbora bem picadinha. Ele comeu com gosto. Ao terminar, Castle deu um pouco mais de suco para ele. 

Claro que com Dylan acordado, os planos de Castle tiveram que ser ajustados. Entregou o comprimido para dor a Beckett que somente não recusou porque queria se livrar da dor incômoda na perna, a dor de cabeça já passara. Deixando o bebê com Castle, ela foi tomar um banho. Quando retornou a sala, encontrou Castle e Alexis brincando com Dylan no tapete. Os três pareciam se divertir. Tanto que ela acomodou-se no sofá e voltou a atenção ao livro que lia antes. Uma vez ou outra, ela desviava o olhar para admirar a cena. Aquela era sua nova família. Como isso aconteceu? Sorria. 

Finalmente o bebê começou a apresentar sinais de cansaço. A hora de seu novo cochilo se aproximava. Castle levantou-se para providenciar o leite. Voltou com a mamadeira e entregou-a para Beckett. No instante que viu o que sua “mamama” segurava, Dylan engatinhou rapidamente até o sofá se colocando de pé com agilidade segurando a borda da almofada. 

— Mamama… dei dei… 

— Está com vontade de tomar leitinho, baby boy? - deixando a mamadeira ao lado do corpo, ela o puxou para o seu colo. Beckett acomodou-o sobre o seu peito e ofereceu o leite. Ele aceitou de imediato. Ela curtia demais esses momentos com o bebê. Era uma maneira tão gostosa de ficar junto dele, relaxar. Quando estava com Dylan, ela não pensava nas maldades do mundo. Ao terminar o leite, já estava sereno. Então, ela começou a cantar baixinho para ele embalando-o em seu colo. O menino foi cedendo até adormecer. 

Ela levantou-se com cuidado e levou-o para o quarto. Colocou-o no berço deixando o elefante ao seu lado. Ao sair do quarto de Dylan, Castle a parou. Puxando-a pela mão, ele a levou para o quarto dele. Sentou-a na cama. Veio por trás de joelhos. Tirou a camiseta que ela usava. Com um pouco de óleo nas mãos, começou a massagear os ombros de Beckett. 

— O que você está fazendo, Castle? 

— O que parece? Estou fazendo uma massagem em você, Beckett. Acho que está precisando relaxar especialmente após essa visita desagradável que tivemos. Além do mais, você volta a trabalhar amanhã deve estar bem disposta. 

— Tudo bem, posso conviver com isso. 

Castle caprichou na massagem. Ombros, nuca, colo, costas. Ele percorrera toda a extensão das costas dela, cada vértebra de sua coluna, o toque das mãos dele na sua lombar a fez gemer aliviada. Deitada de bruços, ela tinha os olhos fechados, a mente leve, apenas sentia o toque e a firmeza das mãos de Castle que a relaxavam. Então, ele avançou mais um degrau. 

Afastando as pernas dela, ele puxou a calcinha para o lado e tocou-a no centro. 

— Castle… não faça… - era tarde para impedi-lo. A mão já agia maliciosamente acariciando-a, massageando seu clitoris. Soltou um novo gemido. Não tinha força de vontade para contestar o que ele fazia, na verdade, nem queria. Sentiu sua calcinha deslizando pelas suas pernas. Ele a virou de barriga para cima. Colocou um pouco mais do óleo em suas mãos. Espalhou pelos seios. Massageava-os apertando, instigando. Ela gemeu. Não podia ficar imune ao que estava acontecendo. Ele deslizou as mãos novamente na direção do centro dela. Com habilidade a provocava tocando-a exatamente onde deveria ser tocada para entrar no clima. Castle avançou o próximo degrau. Provou-a. Então Beckett não teve outra opção senão aceitar o prazer que ele queria proporciona-la, fechou os olhos e deixou-se embarcar na pequena viagem perdendo-se como ele tanto queria. 

O gozo a fez gritar e procurar por ele enquanto seu corpo ainda tremia e contorcia-se na cama. Castle deitou-se ao seu lado. Ela acariciou seu rosto. Sorriu. 

— Melhor? 

— Muito… não precisava fazer isso, Cas…

— Eu queria. Você merecia. 

— Obrigada. Fique aqui. Vamos descansar um pouco - ele beijou o rosto dela, viu quando Kate fechou o olhos. 

No dia seguinte, a detetive Beckett estava de volta ao seu distrito. Teve que se contentar em usar uma bota sem salto. Não podia forçar os pontos a romperem usando salto alto. Ao vê-la em sua mesa, os rapazes vieram cumprimenta-la, queriam saber como estava. Castle sentara-se em sua cadeira cativa. 

— Estou bem, rapazes. Não se preocupem. Mais três dias e tiro os pontos. Nada demais. E o que temos para hoje? 

— Um corpo achado atrás de um bar. Na sétima com 19th. Eu e o Ryan estávamos esperando por vocês para irmos a cena do crime. Lanie já está lá. 

— Ótimo. Vou terminar meu café e podemos ir. Provavelmente foi o resultado de uma briga de bar. Os muros tomaram proporções maiores. 

— Muito chato. Tem que ser algo mais intrigante. 

— Castle, um morto nos fundos de um bar não tem nada de intrigante. É bem padrão. O cara entorna litros de álcool, acha que alguém está encrencando com ele, começa uma briga. O dono do estabelecimento pede para sairem, eles saem do bar, brigam porque são dois machões que não aceitam desistir de uma briga idiota. Muitos socos, sangue e algo sempre dá errado. Um cai morto. Simples assim. 

— Nah… chatooo - ela revirou os olhos. Levantou-se pegando o casaco para sair quando seu capitão apareceu no salão. 

— Detetive Beckett. Já de volta? 

— Sim, capitão. Estamos de saída, senhor. Temos um homicídio. 

— Não tão rápido, detetive. Esposito, Ryan, vocês podem ir para a cena do crime. Beckett, você fica. Pode auxiliar na investigação quando os detetives voltarem com as informações. Não quero você fazendo trabalho de rua até tirar esses pontos e estar 100% para enfrentar as cenas de crime de Nova York. 

— Mas senhor, eu estou bem. 

— Beckett, é você. Sempre irá dizer que está bem. Tenho alguns trabalhos que você pode me ajudar enquanto eles não voltam da cena - ela não estava nada satisfeita. Castle cochichou no ouvido dela. 

— Papelada… 

— O que ainda estão fazendo aqui? Ryan, Esposito. Tem trabalho a fazer - Montgomery olhava sério para eles. 

— Certo, senhor. Já estamos saindo. Castle, você fica ou vem? - perguntou Ryan. Ele olhou para ela. 

— Sem ofensa, Beckett. Mas um caso chato no bar é bem mais interessante que papelada. 

— Castle, o que aconteceu com o lance da parceria? 

— Beckett - ele usava as mãos para demonstrar - cena do crime, papelada? Tem um abismo entre as duas. 

— Tudo bem, vá logo - Beckett observou ele correr para alcançar os rapazes. Balançou a cabeça rindo. Voltou sua atenção ao seu capitão - tudo bem, Montgomery. O que você tem para mim? 

E seguiu com seu capitão para a sala dele. Exatamente como Montgomery previra, ela acabou  revezando-se entre cuidar de alguns relatórios e analises de testemunhos para o tribunal e ajudando os rapazes. Beckett estava certa outra vez. Uma briga de bar que fora longe demais. 

Os próximos dias não foram diferentes. Ela fazia o trabalho burocrático sob a supervisão de seu capitão e auxiliava nas pistas dos homicídios que os rapazes investigavam. Finalmente, chegou o dia que ela ia retirar os pontos. Ao invés de ir direto de casa, Beckett optou por ir primeiramente ao distrito. Queria ter uma ideia de como seu dia seria, precisava que Esposito e Ryan tivessem um caso, ontem apenas cuidar de papelada a deixou bem irritada e com Castle falando um monte de besteiras ao seu lado não ajudou tanto que o mandou para casa cuidar de Dylan. 

Os rapazes tinham começado cedo. O quadro de evidências estava cheio de fotos e informações sobre o corpo encontrado às seis da manhã. Eles não a avisaram porque ambos sabiam que além dela ainda não estar liberada para as ruas, as manhãs de Beckett pertenciam exclusivamente a Dylan. Ela não abria mão disso. 

— As coisas estão agitadas por aqui? - ela perguntou ao ver ambos detetives ocupados. Esposito no telefone e Ryan atualizando o quadro. 

— Hey Beckett! Castle. É, isso é o que acontece quando você trabalha com homicídios na cidade que nunca dorme. Bem feio por sinal. Facadas. Treze. 

— Numero da sorte! Alguém estava bem chateado com a vitima, não? 

— Castle… 

— O que? 13 facadas? 

— Continue, Ryan. 

— Tudo aponta para acerto de contas. Jogatina. A vitima era um viciado convicto. Devia dinheiro para agiotas, mas achamos que não era somente para eles. Alguém quis acertar a divida de outra forma. 

— Parentes mais próximos? - perguntou Beckett. 

— Uma irmã. Mora em Jersey. Está a caminho. 

— Quero conversar com ela. Deve demorar pelo menos uns quarenta e cinco minutos para chegar. 

— Por aí.  

— Vou aproveitar para tirar os pontos da minha perna. 

— Quer que eu vá com você? - perguntou Castle. 

— Não precisa. Ajude os rapazes. Eu já volto.   

Uma hora depois, ela retornava ao distrito. Encontrou Castle escorado em sua mesa. Esposito sentado na cadeira dela. Ryan de pé com a mão no queixo. Os três analisavam o quadro. Não perceberam que ela chegara. Castle fez um ar de intelectual e comentou. 

— O segredo aqui é encontrar a conexão escondida nas entrelinhas. 

— Castle, nós já reviramos esse quadro de cabeça para baixo! - disse Esposito. 

— Não com a minha ajuda. 

— Você está a vinte minutos encarando todas as evidências e não conseguiu nada. 

— Ryan, não se apressa um gênio… - Beckett segurou o riso. Queria ver até onde isso iria. Com um ar de pensador, ele colocou a mão na testa e falou outra vez - acredito que estamos fazendo as perguntas erradas. 

— E qual seria a pergunta certa, Castle? - perguntou Espo. 

— A pergunta certa seria: OQADBF… - os rapazes olhavam intrigados para o escritor - não entenderam o anagrama? Eu explico. Devemos perguntar: o que a detetive Beckett faria? - os rapazes se entreolharam. 

— Ela certamente não estaria parada na frente do quadro falando abobrinhas - Castle deu um pulo assustado com a voz dela.

— Beckett? Quanto tempo você está ai? 

— O suficiente para saber que vocês estão enrolando e perdidos. Estaria checando e rechecando cada pista. Ryan, a irmã da vitima já chegou? 

— Sim, está esperando por você. 

— Ótimo. Nada novo? 

— Não. 

— Então, revisem tudo. Estamos perdendo algum detalhe. Castle, você vem comigo? 

— Claro - ao ficar ao lado dela, perguntou - como foi? No médico? 

— Tudo bem. Sem pontos, finalmente. Preciso voltar para as ruas. 

— Deixou marquinha? - a cara de safado dele a fez rir. 

— Cala a boca, Castle. 

Eles falaram com a irmã da vitima e continuaram a investigação. Juntos, Castle e Beckett revisaram as pistas e chegaram à conexão que faltava. Sempre a parceria, ele pensou. À noite, ele não sossegou até que Beckett mostrasse a marca da perna. Quase não aparecia. 

Beckett sentia-se bem melhor agora que podia voltar às cenas de crime. Durante três dias seguidos, ela investigou e fechou três homicídios. Era bom sentir o senso da justiça outra vez. Naquela tarde, enquanto concluía o relatório do ultimo caso, Castle disse que precisava sair para resolver um assunto, porém voltava ao 12th para seguirem juntos para o loft. 

Por volta das cinco, ele apareceu trazendo uma sacola do Remy’s nas mãos. Sentou-se na sua cadeira cativa e colocou o objeto na frente dela. 

— Terminou sua papelada, detetive? 

— Era esse o assunto que ia resolver? Comer no Remy’s? 

— Não. Fui resolver algo do seu interesse, do nosso. Passei no Remy’s porque imaginei que já se entupiu de cafe demais por hoje, precisa de uma mudança de sabores. 

— isso é milk-shake? 

— Sim, e contente-se com o seu de morango. Deixe o meu de chocolate. 

— E que assunto misterioso é esse? 

— Não tem nada de misterioso, conto para você em casa. O garotão já deve estar sentindo nossa falta. 

— Preciso de cinco minutos. 

— Certo - ele abriu a sacola, tirou seu milk-shake de lá - não se importe comigo. Estou bem ocupado saboreando minha bebida. 

Vinte minutos depois, eles deixavam o local rumo ao loft. Beckett saboreou seu milk-shake no caminho. Entraram em casa e encontraram Dylan brincando com o capitão América. Alexis espalhara vários carrinhos e bolas pela sala que serviam de obstáculos e alvos. Ela o estimulava a andar segurando suas mãozinhas. 

— Hey, garotão! Brincando com sua irmã? 

— Eu bem que tento coloca-lo para andar, ele já está pisando mais firme. O problema que quer segurar o Capitão América, ai complica - a menina ria. 

— Xiis… mais! 

— Ele está se divertindo - riu Castle. Ao ouvir a voz do pai, ele olhou para cima. 

— Daadaddy… meica… daadaddy 

— É, sim. O América. Quem chegou com o daddy, garotão? 

— Mamama… Xiis… mamama… - Alexis o soltou e Dylan engatinhou até Kate ficando de pé agarrado as pernas dela. Ela o ergueu beijando-lhe os labios. 

— Hey, baby boy… está se divertindo com Alexis? Ela quer vê-lo andando… eu também - o menino abraçou a mãe - estava com saudades, Dylan? - ele brincava com o dedinho no nariz de Kate - mamama quer um beijo… beijo… - na mesma hora o menino gritou. 

— Daadaddy! 

— Não, quero um beijo do Dylan… 

— Dy-an… - ele encostou o rosto no dela dando um beijo do seu jeito, depois fez o mesmo nos lábios de Kate, ela repetiu o gesto com uma mão aproximando suas bochechas formando o biquinho e beijou-o novamente. 

— Vamos cuidar do jantar? Vou fazer um franguinho bem gostoso para o meu baby boy, então você vai brincar com o daddy e deixar Alexis descansar um pouco. Cadê a vovó? 

— Foi para o estúdio, deve estar chegando. Eu vou tomar um banho e fazer uma resenha que preciso entregar. Chamem quando o jantar estiver pronto - Kate entregou o bebê para Castle e foi para a cozinha. 

Mais tarde, Martha apareceu perguntou se ela já estava bem realmente. Beckett falou que tirara os pontos. Eles jantaram, conversaram. Alexis começava a se preocupar com as aceitações para universidade. Discutia as opções que selecionara, Kate deu sua opinião, o que não agradou muito a Castle. 

Beckett também alimentou o pequeno Dylan. O menino parecia gostar muito do tempero dela. Comeu tudinho. Então, Castle caiu na besteira de trazer o pote de sorvete para a mesa. Dylan reconheceu de imediato. 

— Dei dei dei… daadaddy… 

— Quanta sutileza, não Castle? Agora terei que dar um pouquinho para satisfazer a criança. 

— Reclame bem, Beckett, só não se esqueça que quem deu sorvete para ele primeiro foi você - ela olhou feio para o escritor embora soubesse que ele tinha razão. Pegou uma vasilha, colocou dois morangos picadinhos. Em seguida, coloca duas colheres do sorvete, mistura tudo.  Oferece uma colher ao pequeno. Dylan come com gosto. 

— Dei dei dei… mamama… - rindo, Beckett deu mais fruta com o sorvete para o bebê. Quando terminou tudo, ela limpou a boquinha dele e disse que ia dar um banho nele antes de tentar fazê-lo dormir. 

Castle esperou todo o ritual da noite acontecer. Aproveitou para conversar com a mãe sobre o estúdio, o que estava planejando. Martha animada dividiu seus planos com o filho. Alexis também ouvira a ideia, deu sugestões enquanto navegava na internet visitando sites de universidades. Quando Dylan finalmente dormiu, Beckett se juntou a eles. Martha ofereceu uma taça de vinho para a sua, já considerada por ela, nora. Conversaram por mais meia hora,
Finalmente, eles encerraram a conversa indo para o quarto. Após trocar o pijama, Beckett sentou-se na cama observando-o trocar de roupa após sair do banho. Ele sentou-se ao lado dela. 

— O que foi? - ele beijou o pescoço dela, começou a fazer carinho usando o nariz e os lábios na sua nuca.  

— Castle… - ela ria - você está me devendo uma explicação. 

— Eu? - claro que ele sabia do que ela falava - que explicação? 

— Me diga você. Saiu da delegacia dizendo que ia resolver um assunto que aparentemente é importante para nós dois e agora fica enrolando - ele viu que ela começava a se irritar. 

— Hey… tudo bem, não precisa ficar com essa carinha de brava, apesar que eu adoro - ele acariciava o ombro dela agora - vou lhe contar - mudou de posição para ficar de frente para Beckett - eu tive uma reunião com Andrews. Na verdade, eu o procurei naquele dia que você foi tirar os pontos. Liguei para ele e expliquei o que aconteceu na visita da agente Wilson. Fiz questão de dizer que nós acabamos nos excedendo porém somente porque ela a provocou. Também o lembrei do jeito que ela conduzira as coisas no tribunal. Para mim, aquele não era um comportamento adequado de uma assistente social. Não parecia a mesma pessoa que nos ajudou no inicio. 

— E o que ele disse? 

— Andrews falou que ia conversar com o superior dela, sondar. E também conversar com o juiz que nos deu o parecer favorável na adoção. Queria descobrir se ela agia assim com todos os candidatos à paternidade sob sua responsabilidade. Então, hoje de manhã ele me ligou pedindo que fosse ao seu escritório porque tinha noticias importantes para me dar a respeito da queixa que fiz a ele. 

Beckett olhava ansiosa esperando a conclusão. 

— Andrews fez algumas pesquisas, conversou com algumas pessoas e após conversar com o juiz, os dois foram questionar o comportamento da agente com o superior dela porque o nosso caso não foi o único que ela decidiu pressionar e estressar os potenciais pais. O supervisor dela informou que ela será afastada do caso, na verdade, entrou de licença anteontem. Ela está sofrendo ataques de pânico. Perdeu o marido há três meses. Aparentemente, não está bem para julgar ninguém. Na época do julgamento ele já estava doente. Andrews garantiu que todas as anotações dela serão desconsideradas e teremos uma nova visita de avaliação assim que o assistente dela conseguir se inteirar dos casos em andamento. Ele terá outro agente para os casos novos. 

— Isso explica um pouco o que ela vinha fazendo. Estava deixando a raiva da perda influenciar suas avaliações. 

— Sim, o importante é que não teremos qualquer problema com Dylan e a adoção daqui para frente. Andrews disse que não precisamos nos preocupar. Inclusive, fomos elogiados pelo nosso gesto pelo superior dela - Beckett suspirou aliviada. Ela estava pensativa - o que você está matutando nessa cabecinha? Eu te conheço, Beckett. 

— É só que… eu surtei com ela, questionei suas atitudes, a forma como fazia seu trabalho e ela estava… 

— Nada de culpa, detetive. Você não sabia. 

— Eu não sabia, mas com a situação que ela estava vivendo eu poderia ter provocado uma tragédia. 

— Mas não fez isso. Você tinha todo o direito de falar o que estava sentindo, amor. Ela não poupou acusações infundadas a você. Tudo está bem agora, ela irá se tratar e nós continuaremos cuidando do nosso garotão. Não pense mais sobre isso. Vamos dormir. 

— Dormir? - ela olhou para Castle mordiscando os lábios - pensei que agora, sem os pontos você ia querer fazer algo mais excitante, talvez recuperar o tempo perdido? Quer dizer, é só uma ideia… se não estiver a fim… 

— Oh… no dia que eu não estiver a fim, pode me internar… - ela riu beijando os lábios dele, Castle a puxou para cima de seu corpo - não precisa ser gentil, Beckett. Eu não estou ferido… 

— Mesmo? Hum… isso fica mais interessante a cada minuto - Castle gemeu ao senti-la apertando suas bolas - sentindo-se bem, Cas? 

— Pode vir, detetive… - rindo ela sorveu os lábios dele outra vez. 


XXXXXXX


Em meados de março o inverno começava a dar sinal de trégua em Nova York. A primavera se aproximava e com ela a cidade se enchia de flores. Esse era o lado bom da mudança da estação. O lado ruim era que o nível de crimes tendia a começar a subir. O trabalho investigativo dobrava. Especialmente entre jovens influenciados pelas festas e as loucuras do “spring break”. 

Embora continuassem investigando muitas vezes casos bem simples, havia dias em que tinham dois, as vezes até três homicídios novos. Era a primeira vez, em uma semana que Beckett saia da delegacia no horário normal. Estava feliz por ser sexta-feira e ter a chance de ficar o fim de semana inteiro com seu baby boy. Castle até comentou que deviam ir aos Hamptons, porém ela declinou o convite. Queria levar seu bebê para passear no Central Park. Ver o colorido da primavera. Logicamente, ele acatou a vontade dela. 

Com a chegada da primavera, viriam também novas surpresas para a vida de Kate Beckett. Algumas extremamente prazeirosas, outras desafiadoras e uma que testaria sua mente, sua força e seu coração. 


Um caso. Uma visita inesperada. Uma chance de definir seu destino em segundos. Era a vida lhe dizendo : Bem-vinda a primavera… 



Continua...