sexta-feira, 16 de maio de 2014

[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.24


Nota da Autora: A partir desse capitulo vcs verão uma abordagem sobre a SF e a proximidade do hiatus. Imagino que ao todo serão pelo menos 3 capitulos para colocar a reação de tudo em fic, fora algumas outras coisinhas... este está um pouco light, afinal ainda me recupero do choque. O próximo deve estar mais angst... enfim, enjoy!


Cap.24            


O clima do set não podia estar melhor. Havia um misto de alegria contagiante pelo clima descontraído do episódio contrabalanceado com a ansiedade de mais uma season finale. A jornada de trabalho de mais uma temporada estava chegando ao fim. Para Stana, essas duas semanas tinham alguns sentimentos diferente dos seus colegas de elenco e produção. De todos na equipe, ela foi quem sempre torceu pela união de Castle e Beckett. Entrar nesse clima definitivamente mexia com ela. Aliado a isso, ela começava a sentir falta dessa dinâmica. Férias eram sempre bem-vindas porém pela primeira vez em muito tempo, ela não estava tão animada assim e o motivo tinha nome e sobrenome. Nathan Fillion.

Não chegaram a conversar sobre como lidaria com seu relacionamento durante o recesso. Ela sabia que ele tinha vários compromissos agendados nos Estados Unidos após o fechamento das gravações. Assim como ela pretendia viajar para ver a família.

As gravações durante a semana foram acontecendo de forma aleatória. Ela gravara com o pessoal cenas no distrito, na prefeitura com Nathan para tirar a licença e várias cenas com Eddie quando Beckett decide resolver a situação de seu divórcio com a personagem dele. Eddie era tão brincalhão quanto Nathan e ter os dois aprontando no estúdio transformou momentos exaustivos em algo mais brando.

A medida que as filmagens avançavam, Stana se sentia mais emotiva. Seja pelo clima do episódio, seja por ver seu tempo ao lado de Nathan se esgotar. Em meio a tudo isso, havia seu aniversário. Dessa vez, não seria comemorado no set e ela temia não poder passa-lo com ele. Ela estava tomando um café pensativa na mini copa quando ele chegou. Nathan já havia reparado que naquela quarta ela estava mais introspectiva. Conhecia aquele olhar muito bem para saber que ela estava preocupada com o que se aproximava. O momento da separação. Tentando tirar um pouco do peso nos ombros dela, ele decidiu propor algo que a faria relaxar um pouco.

- Hey... você está muito calada hoje. Cansada com certeza mas o dia está longe de terminar.

- Eu sei, por isso vim atrás de café para recobrar minhas forças.

- Sei que tem mais que cansaço aí. Tenho algo para te propor. Como iremos ter uma semana e tanto de gravações o que você acha de fazermos uma farra no fim de semana. Eu, você e Anne. Comemoramos o aniversário dela e os nossos. Vai ficar difícil arranjar outra hora e não gosto de falhar com as minhas promessas.

- Nesse sábado?

- Por que não? Ou você tem alguma supertição em comemorar o aniversário antes da data?

- Você está me dizendo que irá comemorar meu aniversário com a minha sobrinha, é isso?

- Sim, mas isso não significa que será a única comemoração – ele se aproximou um pouco mais dela aproveitando-se do fato de estarem sozinhos – anime-se, Staninha. Cadê aquela alegria da segunda-feira? Estamos ainda no meio da semana. A nossa tarde promete ser muito divertida. Vamos filmar com as strippers! Ela o olhou entortando a boca e deu um soco no braço dele – ouch!

- Deixe de assanhamento.

- Hum, começou a melhorar. Quanto aos nossos outros assuntos, conversaremos depois. Vem, logo. Não podemos começar sem você.

- Você não tem ideia do quanto isso está mexendo comigo não Nathan?

- Au contrair. Ma cherrie. Tanto sei que estou aqui querendo te animar e ver um sorriso nesse rosto lindo. Vamos com calma, experimentando o dia e rindo das situações que eles nos trazem. Bom humor, Staninha. Nada de sofrer por antecipação. Se precisarmos chorar, choraremos por algo que realmente mereça.

- Eu queria tanto te beijar agora....

- Aparentemente, você está. Pelo menos na minha imaginação – ele tirou a caneca das mãos dela e colocando as duas mãos em seus ombros a conduziu para fora da mini copa e rumo ao set da boate de strip. Ao chegar lá, viu que Dara conversava com duas moças. Uma delas certamente faria o papel de stripper. Ao vê-los, Dara foi logo reclamando.

- Finalmente! Onde vocês estavam? Nathan eu te dei uma unica missão. Trazer Stana para o set em cinco minutos. Por que demoraram tanto?

- Adivinha quem eu encontrei se afogando no café? – ele ficou ao lado dela e apontou brincando para Stana – você sabe o quanto é dificil persuadir um viciado não Dara? Ah, isso não importa. Missão cumprida. Podemos ensaiar a cena?

- Claro mas antes conheçam Sarah. Ela fará o papel de Saphire, a stripper do pastor. Espero que vocês se comprotem porque Eddie já tocou o terror por aqui hoje.

- E você está pedindo pro Nathan se comportar? Ai, Dara é a mesma coisa que dizer para uma criança não enfiar o dedo na tomada – Stana falou e Sarah gargalhou.

- Stana! O que a convidada vai pensar de mim?

- Que você é incorrigivel. Somente a verdade. E fique de olho porque ele pode aprontar com você, Sarah. Muito prazer – ela estendeu a mão para a moça que a cumprimentou sorrindo – pronta para deixar esses marmanjos babando não? 

- Até parece, quem rouba a cena aqui é você. É um prazer conhece-la. Acho Beckett uma personagem incrivel. Um exemplo de mulher e ela se torna ainda melhor por causa de você. Oh meu Deus! Olhe pra mim, pareço uma fã idiota. Nem acredito que estou aqui...

- Sarah, não se sinta boba. E não me coloque num pedestal. Beckett é criação de Marlowe, meu trabalho é dar vida a ela.

- É exatamente isso que a torna tão especial – disse Sarah.

- E quanto ao Castle? Você não gosta dele? Ele é um cara charmoso, amoroso... – Stana olhou para ele e revirou os olhos.

- Sério? Competição? Ah, homens!

- Que ego não? – disse Sarah rindo – Estou brincando! Adoro você também Nathan, é uma honra de verdade.

- Sarah acho que vamos nos divertir muito nesses dias – disse Stana abraçando a atriz e olhando para ele provocando. Nathan aproximou-se dela e cochichou.

- Para onde foi aquela nuvem negra que pairava na sua cabeça?

- Alguém me disse para ficar de bom humor...

- Não disse nada sobre alfinetadas – resmungou o que fez Stana rir.   

E se divertiram mesmo. Deram altas risadas e gravaram por longas horas. Apesar de cansados, eles acabaram ficando pelo menos mais uma hora no set fazendo um pequeno lanche encomendado por Dara. Em meio a descontração, Sarah não resistiu. Seu lado de fangirl a dominou e com o celular na mão, ela começou a tirar várias fotos dela com o pessoal da tecnica, com os cameras, no set e claro com o elenco. Eddie, Stana e Nathan não poderiam escapar. O proprio Eddie quis registrar os momentos. As fotos foram espontaneas, cheias de sorrisos e brincadeiras. Sarah ficara impressionada ao ver a interação de todos em especial de Nathan e Stana. Muitas vezes, bastava um olhar para que entendessem como deveria proceder em cena. Eles se conheciam demais, sabiam os limites um do outro.

Uma das cenas mais engraçadas que gravaram foi o momento da polidance. Foi impossível para ela controlar o riso ao ver a própria Stana acabar com a cena ao dar uma cotovelada em Nathan dizendo “Fecha a boca, Nathan!” não deixando outra alternativa ao diretor despois das risadas descontroladas, senão dizer “corta”.

No dia seguinte, eles ainda filmariam mais duas cenas e Sarah colocou em sua cabeça que não iria embora daquele set sem conseguir uma foto com aqueles dois. Ela estava aguardando ao lado de Dara para gravar sua próxima cena ao lado de Dara enquanto observava os dois em plena gravação.

- Como podem ser tão perfeitos? Eles se entendem por gestos, olhares.          

- Dá gosto de ver não? – perguntou Dara.

- Sim, ainda por cima formam um casal lindo. Não posso sair daqui sem uma foto com esses dois.

- Boa sorte com isso.

- Por que? Eles não tiram fotos juntos? – Sarah parecia surpresa.

- Não é isso. Só espero que você consiga pegar os dois ao mesmo tempo, do jeito que está o ritmo aqui, se piscar vai perde-los de vista.

- Não mesmo! Ao ouvir o corta, Sarah já correu para perto do diretor. Sabia que entraria em cena em seguida e fez questão de estar próximo a eles. Mas como a própria Dara previra, nem tivera tempo de conversar com eles. O auxiliar de direção a puxou para assumir seu lugar e logo gravarem a cena. Sarah, porém, não desistira. Assim que ouviu o “corta”, agarrou o braço de Stana e chamou por Nathan que estava tomando água no canto do set. Ao vê-lo se aproximar, ela fez a cara mais apropriada para implorar por uma foto com os dois.

- O que foi, Sarah? – ele perguntou.

- É meu último dia aqui. Gostaria muito de tirar uma foto com vocês... por favor... – Nathan se fez de desentendido afinal ele e Stana tinham um acordo quanto a fotos juntos. Era mais um dos vários cuidados que os dois mantinham para evitar comentários e especulações. Seja de fãs ou da imprensa.

- Você já não fez isso ontem?

- Fiz com cada um de vocês, quero os dois na mesma foto – Nathan olhou para Stana disfarçadamente – tenho que registrar um momento tão especial como esse.

- Sendo assim, você vai ter que pedir para o Nathan bater ou não estaremos todos na mesma foto.

- Ah que ótimo! Aqui está meu celular – ela o entregou para Nathan que estava um pouco surpreso com a rapidez que Stana tinha concordado com a foto, ela era sempre reservada e relutante a essas coisas. A chance de cair nas redes sociais era enorme.

- Stana fique bem juntinha de Sarah para que eu pegue a todos nós – ela obedeceu – atenção... sorriam! E ele bateu a foto. Assim que entregou o celular para a dona sorriu ao ver a cara de felicidade dela e não pode deixar de notar que sua namorada também estava feliz. Bem diferente do olhar perdido que vira naquela manhã. Isso era muito bom.

- Ah, ficou linda. Obrigada, obrigada! E abraçou cada um deles com muita força – não vou esquecer essa experiência com vocês. Juro. E não se preocupem, meus lábios não revelarão nada desse episódio antes de ir ao ar. Sarah seguiu saltitando pelo set olhando a foto em seu celular. Nathan e Stana se entreolharam e riram do jeito da atriz que mais parecia uma adolescente fanatica naquele momento.

A próxima gravação eram cenas internas de Stana e Eddie. Sendo assim, Nathan acabou indo ao seu camarim descansar um pouco. Também aproveitou o pouco tempo livre que tinha para ligar para sua assistente Michele e rever alguns compromissos que precisava avaliar se aceitava ou não, além é claro de reservar algumas datas específicas em sua agenda pessoal.

Ao final daquele dia de gravações, Rob os reuniu e explicou que entre as gravações de sexta estava a cena no celeiro. Era uma externa que seria filmada à noite com Nathan, Stana e Eddie. Durante o dia, focariam nas cenas internas na casa de Rogan. Frizou a importância de estarem preparados para varar a madrugada portanto o melhor que tinha a fazer agora era ter uma boa noite de sono. Eddie se despediu de todos e Stana fez o mesmo mas no estacionamento foi surpreendida por Nathan.

- Já confirmei o nosso compromisso sábado – ela deu um pulo sentindo o coração disparar.

- Nathan! Quer me matar de susto?

- Desculpe. Preciso ligar para Anne. Convida-la apropriadamente.

- Por que não liga?

- Preciso de você, esqueceu?

- Ah, é verdade. Me segue e ligamos lá de casa.

- Tudo bem assm posso dar aquele beijo que você estava desejando mais cedo – ela roçou a lingua nos próprios lábios e sorriu entrando no carro.

Apartamento de Stana

Ela chegou e foi logo para o banheiro. Queria tomar ao menos um banho antes dele chegar. Conhecia Nathan o suficiente para saber que não chegaria logo atrás dela. Por certo pararia em algum lugar para pegar comida. Ela gostaria de estar à vontade quando ele chegasse. Conforme previra, quinze minutos depois que saiu do banheiro já de pijamas, a campainha tocou. Lá estava ele com uma sacola de papel. Comida chinesa.

- Ah, namorado perfeito... estava mesmo com fome. Entre.

Ele deixou a sacola sobre a mesa de jantar ao ver Stana já pegando os pratos e copos. Ela abriu a geladeira e tirou duas cervejas de lá. Ao colocar tudo sobre a mesa e oferecer uma longneck a ele, foi puxada pela cintura e teve seus labios esmagados pelos dele. Suspirando, ela se entregou ao beijo.

- Melhor agora? – ele perguntou ao afastar seus lábios do dela.

- Bem melhor – abriu a cerveja e bateu com a garrafa na dele antes de tomar o primeiro gole. Sentaram-se à mesa e apreciaram o pequeno banquete que ele trouxera. Estava tudo ali, todos os seus pratos chineses preferidos incluindo a sobremesa, banana caramelada. Enquanto faziam a refeição, ele aproveitou para questiona-la sobre a atitude no set.

- Fiquei surpreso por aceitar tirar a foto com Sarah numa boa... aliás com a sua mudança de humor também.

- Decidi seguir seu conselho e encarar tudo com bom humor. E Sarah é realmente uma graça. Gostei dela. Quando ela perguntou sobre a foto eu pensei, ah que mal pode ter? Estamos em clima de final de temporada. De certa forma, tudo é festa pelo menos até agora.

- Gosto bem mais de te ver assim do que com aquele olhar perdido embora saiba que ele está escondido aí em algum lugar – roubando um pedaço de camarão do prato dela, ele continuou – falei com Michele hoje. Tive que confirmar alguns compromissos. Pelo menos três comiccons para participar.

- Nerd! – ela tentou brincar mas tinha medo de que ele desse uma notícia ruim depois disso.

- Recebi um convite para o Late Show, David Letterman. Vai ao ar em maio. Devo ir a New York por volta do dia sete, estou esperando a confirmação da passagem. O que acha de passear pela big apple comigo?

- New York? Mas Nathan eu disse que vou para Sérvia ver minha familia, meus amigos.

- Você não precisa ir logo após o fim das gravações. E o seu aniversário?

- Pretendia passar lá – ela falou sem fita-lo não percebendo dessa forma a decepção no rosto dele. Na verdade, ela não estava preparada para encara-lo. Esse era um dos seus planos mas sinceramente esperava que ele propusesse algo melhor. Por um momento achou que estava sugerindo New York para comemorarem. Ao ouvir maio, ela se desencantou.

- Olhe para mim, Stana – ele ficou esperando até que ela visse a cara de decepção dele – vai realmente passar seu aniversário longe de mim? Do outro lado do oceano? Pensei que...

- Ainda não tem nada resolvido mas não tenho muitas opções não acha? – ela não suportou ver o semblante dele daquele jeito e decidiu por dar a Nathan o benefício da dúvida – você está cheio de compromissos, não tem como desistir deles.

- Já desisti de alguns e posso muito bem encaixar alguns dias para a minha namorada entre eles. Basta ela querer. No dia 26 por exemplo minha agenda está bloqueada – ele sorriu ao vê-la arregalar os olhos - Vamos fazer assim, vou propor uma espécie de agenda, uma sugestão de férias para nós dois. Esse ano é diferente dos demais, Staninha. Não somos apenas companheiros de cena, temos um relacionamento e mesmo tendo que manter segredo ainda quero passar parte desse hiatus com você. Nós encontraremos tempo, o melhor para nós dois.

Ela suspirou. Nem em um milhão de anos ela esperava um dia ouvir isso de Nathan. A sensação era incrivel, como se um fogo brando aquecesse seu coração. Sorriu.

- Tudo bem, proponha. Agora temos outro compromisso a agendar. Vamos ligar para Anne?

- Não vai comer sua sobremesa primeiro?

- Já passa das nove, ela deve estar na cama pronta para dormir.

- Tem razão, ligue. Ela pegou o celular e discou o numero da cunhada. Optou por ligar para o celular dessa forma Anne não precisava deixar seu quarto para falar com eles. Privacidade era importante para que pudessem conversar. Assim que a cunhada atendeu, Stana perguntou como estavam as coisas e disse que queria falar com Anne. Antecipadamente, pediu desculpas por estar ligando aquela hora mas estava saindo muito tarde do trabalho e os próximos dias não seriam diferentes, até piorariam. Não houve reclamação do outro lado. A vozinha da sobrinha veio logo em seguida.

- Alô? Tia?

- Hey, docinho. Tudo bem com você? Estava com saudades.

- Anne também tá com saudades da tia. Anne pensou que a tia não queria mais falar com ela... já disse desculpa, tia Stana – a ligação estava no viva-voz e Nathan perguntou porque dela e Stana fez sinal para não se incomodar.

- Não, eu já desculpei você. Tenho trabalhado muito. Você está sozinha em seu quarto? Sua mãe está por perto?

- Não, Anne tá sozinha. A porta está encostada.

- Tem alguém querendo falar com você...

- Olá, princesa...

- Tio Nathan! Anne tá com saudade.

- Sim, estamos todos com saudades de você por isso ligamos. Tenho um convite para você. Lembra do que prometi sobre a nossa festa de aniversário? O que acha de comemorarmos no sábado?

- Mas não é meu aniversário, só dia 20. E o da tia dia 26!

- Sabemos disso, docinho mas eu e Nathan estaremos muito enrolados no trabalho e com vários compromissos. Podemos comemorar antes sem problemas. Você não quer ir para a casa dele no fim de semana?

- Vai ter bigadeio, tio?

- Claro que sim, tudo o que você quiser. Bolo, sorvete, hot dog, balões está bom?

- E presentes? Não vai ter presentes?

- Não sei, o que você acha Stana? Ela me prometeu um beijo e um abraço. Posso dar o mesmo de presente para ela não? – a menina não deixou Stana responder.

- Nãooooo, isso não vale. Anne é criança, tem que ganhar presente. E brinquedo! Os dois não aguentaram e começaram a rir.

- Então a regra não funciona para você. Espertinha hein? Mas tudo bem, vamos pensar no seu caso. Sua tia pode avisar sua mãe então?

- Pode. Mas tio, são dois presentes. Um seu e um da tia.

- Olha só! Estou bem arranjado com essas mulheres da familia Katic... te espero no sábado, princesa. Chame sua mãe para falar com Stana. Um beijo.

- Outro tio. Manheeeeeee.... Stana tirou o telefone do viva-voz e conversou com a cunhada. Ela disse que tudo bem porém queria que Stana levasse a menina de volta na tarde do domingo pois à noite ela tinha um compromisso e Anne iria com ela. Stana não se importou, disse que passaria por lá umas dez da manhã.

- Pronto. Só teremos que encurtar o tempo da festa e comprar presentes. Como faremos isso? Estamos com as gravações a todo o vapor. Nem sei o que irei comprar para ela.

- Se decidirmos o que queremos, posso pedir para Michele comprar. E não se preocupe com as coisnhas de comida, tenho tudo sob controle. Tinha pensado em comprar um lasertag para ela.

- Mas isso é presente de menino. Como vou explicar que dei esse presente para ela?  Teria que ser algo de menina,

- Diz que ela escolheu isso porque brincou com uma coleguinha quando estava no seu apartamento. Mas você tem razão temos que encontrar algo de menina para ela. Uma boneca talvez? Tipo aquelas Barbies?

- Não, Anne não se liga em Barbies. Talvez uma boneca de colo, estilo bebê. Tinha umas lindas na Toys ‘r’’ Us pareciam bebês de verdade.

- Se você escolher, mando comprar. Pegue o seu ipad e veja logo na internet. Vou buscar a sobremesa para você.

Stana fez o que ele sugeriu e teve um trabalho difícil em escolher apenas uma. Todos os bebês eram lindos sem exceção. Reduziu sua escolha para dois e acabou optando por um com olhos azuis. Nathan salvou a figura e a referência e enviou por email para Michele juntamente com a solicitação de um lasertag. Ela terminou a sobremesa e recolheu os recipientes deixando o espaço limpo. Ao terminar, puxou-o pela mão direto para o quarto. Já foi entrando e beijando-o, queria tirar a sensação de tempo perdido e retribuir com gestos as palavras doces que ouvira dele durante os últimos dias. Jogaram-se na cama e continuaram o amasso até que Nathan livrou-se das roupas que ela vestia. Foi o convite para fazer amor que ela esperava.

Meia hora depois, ela estava deitada ao lado dele. Nathan brincava com os dedos dela. Stana se virou usou o nariz para mexer com ele inspirando o perfume do pescoço, um cheiro amadeirado misturado a suor. Deixou os dentes roçarem no maxilar e acabou por apoiar a cabeça no peito dele. deslizando as pontas dos dedos para cima e para baixo, ela respirava tranquila ouvindo as batidas do coração dele. Na sua mente porém, pensamentos estranhos se formavam mesclando sua vida pessoal e a profissional. De repente, ela criou coragem e perguntou para o homem que parecia ter adormecido.

- Nate, você acha que Marlowe pode decidir por não casar Castle e Beckett? – ele não respondeu – Nate, hey está dormindo? – ela levantou o rosto para fita-lo, tinha os olhos fechados. Ela o beliscou de leve fazendo-o abrir os olhos.

- O que foi?

- Estava pensando acha que Marlowe pode não querer casamento nesse episódio?

- Por que essa ideia agora?

- Não sei, uma sensação que tive. Ele seria capaz disso depois de tudo o que já aconteceu a eles?

- Depende, o casamento é um evento muito esperado pelos fãs e por eles. Podia ser um bom modo de acabar a temporada já que não se tem a renovação da série ainda. Seria uma espécie de final feliz. Por outro lado, o que faria o telespectador querer voltar a assistir a série em setembro?

- O fato deles estarem casados para mim é uma excelente justificativa. E nem comece com essa história que a série não será renovada. Sei que vai. Os números mostram isso.

- Mas todo o final de temporada precisa de um cliffhanger, algo emocionante que cause suspense. Você sabe bem disso. E Marlowe também. Por que não deixa isso de lado? Temos excelentes escritores para pensar nisso. Você devia estar pensando em descansar ou em me fazer carinhos – ele percebeu que ela não se convencera ao ouvir o longo suspiro que dera – hey – ele ergueu o queixo dela fazendo-a fita-lo – o que está te incomodando? Não é só a série, certo?

- Deixa pra lá, você tem razão. Deviamos estar dormindo. O dia amanhã será pesado – Stana virou-se para o lado puxando um dos braços dele consigo indicando que gostaria de ser abraçada. Ele a envolveu como gostaria e cheirou seus cabelos, ela virou-se para beija-lo e disse – boa noite, babe.

- Boa noite, amor – Nathan sabia que aquela conversa ainda não terminara. Tinha uma vaga ideia do que poderia estar preocupando e talvez ela nem imaginasse o que estava rondando a mente dele também. Iria devagar com ela, faria com que aceitasse a viagem a New York mas antes precisava convence-la a passar o dia 26 com ele.

Apesar de fechar os olhos, Stana demorou-se a dormir. Estava ansiosa para vestir-se de noiva, ao mesmo tempo que tinha medo do que poderia sentir ao se ver dessa forma. Havia um conflito de sentimentos internados nela que mexia com a vontade de ter o seu conto de fadas pelo menos na ficção. Não sabia onde sua relação com Nathan os levaria, nem se duraria muito tempo que dirá “para sempre”. Acreditava no amor que existia entre eles mas resistiria ao tempo? Ao fim da série? Portanto, independente do que aconteceria no futuro, ela esperava poder ao menos na pele de Kate Beckett se ver casada com o amor da sua vida, na tela e fora dela. Casar-se com Castle era realizar uma fantasia de menina. Para ela, ele era o seu exemplo de príncipe encantado.

A sexta-feira foi um dia muito corrido no set. Receberam mais uma parte do script que deveriam filmar até a madrugada. Estavam em uma fazenda ao norte de Los Angeles, a noite começara agradável numa temperatura por volta dos vinte graus. Com muitas risadas e momento de descontração entre eles, ensaiaram por diversas vezes as cenas onde Kate e Castle encontram Rogan amarrado e também a cena onde os três tornam-se prisioneiros. Eddie, Nathan e Stana pareciam estar bem à vontade durante todo o tempo que estavam realizando as filmagens externas, mesmo enquanto esperavam a equipe arrumar e aferir os equipamentos buscando as melhores posições e checando a luminosidade do local.

Isso tudo até atingirem a madrugada. Por volta das duas da manhã, a temperatura caiu para a faixa dos quinze graus e a sensação termica era de doze devido ao lugar descampado e ao vento. Stana se recriminou por não trazer um dos sobretudos de Beckett, as mãos estavam geladas e sentia o corpo tremer. Ela se enroscava da melhor maneira possível com as roupas do corpo. Nathan também tinha frio mas trouxera um casaco além do blazer que usava. Ele tirou a peça de roupa e colocou sobre os ombros dela.

Sentindo a mudança instantanea da temperatura, ela virou-se para fita-lo e sorriu.

- Obrigada, mas você não ficará com frio?

- Sou um homem previnido – ele mostrou o casaco de couro que havia deixado sobre uma das cadeiras do set improvisado, vestiu-o – melhor agora?

- Muito melhor, exceto pelas mãos. Parecem que vão congelar.

- Aqui, coloque-as junto com as minhas. O couro e o contato com outras mãos ajuda a esquenta-las.

Stana fez o que ele sugeriu. Foi extremamente delicioso sentir a pele dele junto a sua. Nathan envolveu as mãos dela nas suas e manteve o calor do corpo colado ao dela. Aqueciam-se mutuamente. Ela relaxou a tal ponto que recostou-se no peito dele fechando os olhos. O cansaço começava a domina-la a ponto de não se importar com o que as pessoas ao seu redor iriam pensar. Na verdade, elas nem perceberam exceto por Eddie.

O gesto de cavalheirismo de Nathan não passou desapercebido ao amigo. Porém, Eddie não considerou a cena que presenciava como algo estranho. Sabia que ele era elegante e educado como todo bom canadense, não deixaria uma bela dama como Stana passar frio sendo egoista a ponto de negar-lhe o casaco para se aquecer. Mais do que isso, ele percebeu o quanto ela parecia confortável e relaxada junto dele. Esse momento de companheirismo e cumplicidade não fora o primeiro que ele notara entre os dois. Durante as filmagens no próprio estúdio, já demonstraram uma ligação maior que extrapolava suas personagens. Um vínculo de amizade e conhecimento percebidos em pequenos gestos. Eddie considerava o comportamento do amigo com Stana algo totalmente natural. Afinal, eles trabalhavam juntos a mais de cinco anos. Era fácil compreender o tratamento de um com o outro.

Stana suspirou quando Nathan inspirou os seus cabelos e sussurrou.

- Eu podia ficar assim para sempre.

- Eu também. Mas abriu os olhos lembrando que eles não estavam totalmente sozinhos. Eddie estava bem próximo a eles.

- Tudo bem aí, Eddie? Sobrevivendo ao frio? – ela perguntou sorrindo.

- Sou um homem de corpo quente, eu me viro com esse casaco mas confesso que meu amigo encontra-se em posição mais favorável que eu nesse instante, KitKat.

Stana riu ao ouvi-lo chama-la pelo apelido do script.

- Eddie não dê ideias, daqui a pouco Nathan vai ficar me enchendo com esse apelido e acredite, você não tem noção do quanto ele pode ser implicante.

- Ah, tenho sim. Esqueceu que ele é meu amigo? Eles riram.

- Todos me amam. Não conseguem ficar um minuto sem falar de mim – ela repetiu um gesto que já havia feito no passado com ele, usou a cabeça para bater nele – ouch! Deixa de ser violenta.

- Se você deixar de ser convencido... – e os três riram juntos. Nathan ouviu a voz de Andrew, o câmera, chamando por eles.

- Chegou a nossa vez de trabalhar. Vamos terminar isso logo, o cansaço está me matando.

- Disso não posso discordar – ela disse e Eddie reparou que eles mantiveram as mãos dadas a caminho do celeiro.

Por volta de quatro e meia da manhã, uma Stana caindo de sono chegava finalmente em casa e desabava na cama sem ao menos trocar de roupa.

Por volta das dez e meia da manhã, Stana parava o carro na esquina da casa de Nathan. Já tomara dois copos de café e brigava com o resto do cansaço da noite perdida que sentia em seu corpo. Anne a enchera de beijos e falava como um papagaio durante o caminho. Ao tocar a campainha, Stana pode perceber a alegria e a excitação da sobrinha. Quando Nathan abriu a porta, sentiu apenas o empurrão pelo choque de Anne ao se jogar nas pernas dele.

- Tio Nathan!!! – ele a suspendeu nos braços abrindo o caminho para Stana entrar. Olhou para ela e sorrindo beijou-a.

- Bom dia, gorgeous. Café?  

- Por favor! – se jogou no sofá. Nathan ainda com a pequena nos braços, beijou-a e sentiu os bracinhos agarrarem-se ao pescoço dele. Colocando-a sentada ao lado da tia, dirigiu-se para a cozinha e acionou a máquina de espresso – nossa, já tomei dois copos de café e ainda estou sonolenta. Aquela gravação de ontem acabou comigo. Não sei se essa moleza é apenas cansaço ou posso estar adoecendo.

- Espero que seja o primeiro. Não é bom você adoecer com esse ritmo frenético que estamos vivendo. E eu te protegi do frio.

- Ainda bem. Eddie comentou alguma coisa para você de ontem? Estava tão tranquila que nem pensei em disfarçar ao estar encostada em seu peito – enquanto conversava ela acariciava o cabelo da sobrinha que a enchia de beijinhos – não me arrependo porque eu me senti muito bem ao esquentar meu corpo no seu ontem – ele se aproximou com a caneca quente e entregou a ela, tomando o primeiro gole, fechou os olhos e suspirou – eu poderia casar com essa sua máquina de expresso.

Ao ouvir o comentário da tia, Anne a encarou e repreendeu-a quase imediatamente.

- Tia! Não se casa com uma máquina. A forma certa é uma menina grande se casar com um menino também grande. Se a tia quer casar tem que escolher um menino que nem o tio Nathan.

Ele não aguentou e gargalhou puxando a menina para seu colo.

- Ah, Anne... estava com saudades dessas suas frases de efeito – a menina franziu o cenho sem entender nada do que ele falava, o que fez Nathan corrigir o que dissera – estou dizendo que gosto de ouvir você explicar as coisas para sua tia. Você é muito inteligente, sabia?

- Eu sei, mas a tia é mais inteligente que Anne porque ela gosta do tio.

- Excelente ponto! – ele riu ao ver Stana revirando os olhos.

- Anne, você devia me defender – reclamou para a menina – em vez de ficar puxando o saco do Nathan.

- Eu sei, por isso disse que a tia é inteligente se não gostasse do tio era burra e Anne não gosta de gente burra – ela balançava a cabeça de um lado para outro reforçando seu ponto – não mesmo. Nathan beijou-lhe a bochecha e provocando disse a mulher ao seu lado.

- Dois a zero, Staninha – recebeu um soco no braço em retorno – vamos mudar de assunto antes que sua tia fique irritada. Deixe ela terminar o café e vai ficar bem alegrinha – a menina riu – agora me diga: por que você veio hoje aqui mesmo?

- Vim para o “anivesaio” do tio, da tia e da Anne – ela falava tocando os dedinhos gordos como se contasse.

- Hum, mas você não trouxe nenhum presente. Não é meu aniversário? – a menina revirou os olhos e com as duas mãozinhas segurou o rosto dele entre elas.

- Tio, criança não compra presente. Eu disse pro tio que dava beijo e abraço.

- E o que você está esperando? – a menina apertou as bochechas dele com as pequenas mãozinhas e depois de um carinho envolveu o pescoço dele com os bracinhos fechando os olhos em um abraço apertado. Depois encheu o rosto dele de beijinhos, queixo, nariz, testa e bochechas. Stana observava a cena com um sorriso nos lábios. A forma como Nathan lidava com sua sobrinha a encantava e despertava nela um desejo que nos últimos meses tornava-se cada vez mais constante, a vontade de ser mãe, de ter a sua família. Mas não era por isso que estava ali. Brincalhona, foi sua vez de implicar com a sobrinha.

- Hey... dá pra parar de beijar meu namorado? Estou ficando com ciúmes.

- Mas é “anivesaio” dele, tia.

- Errado. Que eu saiba o aniversário é meu, dele e seu. Por que só ele que recebe beijos de presente? A menos que você não queira receber os seus – a menina arregalou os olhos – se quiser seu presente terá que me beijar também.

- Essa sua tia é muito ciumenta. Vá logo dar algum carinho a ela antes que fique com raiva de mim.

- E quem disse que quero beijos apenas de Anne? Quero dos dois! – olhando para a menina, Nathan sussurrou alguma coisa sem que Stana percebesse. Anne entendeu.

- Preparada? Um, dois e – ele não chegou a dizer três ambos cairam sobre Stana, Anne beijava a tia e fazia cócegas ao mesmo tempo, ele a torturava nos locais do corpo que ela não resistia ao toque fazendo-a se contorcer no sofá, entre risos ela gritava.

- Nathan eu... vou... vou te matar! E os risos encheram a sala. Foi preciso ela ficar vermelha e pedir treguá para os dois a deixarem respirar depois do ataque. Mais calma, ela recebeu um beijo estalado da sobrinha e um afago dele.

- O que nós vamos comer? A festa de aniversário com bolo e brigadeiro só será a tarde.

- Ah, hoje é um dia especial. Nosso almoço será lasanha.

- Vai cozinhar tio?

- No meu aniversário? Sem chance! Vou ligar para um restaurante italiano que conheço que faz a melhor lasanha da cidade.

- Oba, lasanha! Anne adora lasanha aquela com carninha, como é mesmo o nome tia? “Bolomesa”?

- Bolognesa, princesa. É essa mesma. Minha preferida. Vou já pedir. Quer algo diferente, amor?

- Não, lasanha está excelente.

Nathan pediu a comida e depois do almoço, eles procuraram entreter a menina com diversas brincadeiras diferentes dentre elas o famoso videogame. Dessa vez, Stana desafiou a Nathan e teve a torcida de Anne para ajuda-la. Perdeu uma, ganhou outras duas. Em seguida, foi a vez de Anne jogar com ele que gentilmente deixou a menina ganhar. Ficaram nessa algazarra até umas quatro da tarde quando Nathan cochichou ao ouvido de Stana para levar a sobrinha ao andar de cima para tomar banho e arruma-la para a tal festa de aniversário “fique enrolando pelo menos uma hora, isso me dará tempo suficiente para preparar o que preciso.” Esperando a última partida terminar onde morreu de propósito, Stana levantou-se do sofá oferecendo a mão para a sobrinha.

- Vamos subir para tomar um banho, Anne? Está muito quente.

- Ah tia... quero jogar de novo!

- Anne, você terá tempo suficiente para brincar amanhã. Pensei que queria comemorar seu aniversário...

- Eu quero!

- Então vamos nos arrumar. Não admito ninguém sujo e desarrumado na minha festa de aniversário. Nem você certo Nate?

- Isso mesmo. Devia ouvir sua tia. Quer ou não o seu presente? – ao ouvir a palavrinha mágica seus olhos se iluminaram e largou imediatamente o controle sobre o sofá pulando ao lado da tia e dando a mão para ela. Subiram as escadas conversando, a menina ia saltitando feliz ao lado dela.

Stana não tinha pressa. Por esse motivo, permitiu a menina tomar um banho especial. Encheu a banheira e derramou uma espuma sabor morango. Deixou a sobrinha brincar o tempo que queria com a espuma, deu o sabonete a ela e o shampoo. Pediu para ela brincar mas não esquecer de lavar o cabelo. Aproveitou para tomar uma ducha bem gelada a fim de espantar o resto do cansaço. Essa era a vantagem da mania de megalomaniaco de Nathan, em um único comodo havia uma banheira de hidro, um chuveiro além de todos os demais itens esperados em um ambiente como aquele. Ela enxugou o corpo e enrolou-se numa toalha. Conseguira enrolar a menina por meia hora.

- Terminou Anne? Lavou o cabelo direitinho? – a menina baixou os olhos desconfiada – ah! não fez certo? Perdeu noção do tempo na brincadeira... tudo bem, que tal fazer isso agora? Quero ver se você sabe se virar. Vai fazer seis anos e deve se comportar como uma garota responsável e independente.

- Anne sabe lavar o cabelo . Vou mostrar para a tia.

Encheu a mão com o shampoo infantil e espalhou pelo cabelo. Da mesma forma usou o sabonete liquido exageradamente mas Stana não ia brigar por isso. Finalmente a menina terminou o banho e ela a enrolou numa toalha colocando-a em seu colo para secar os cabelos tirando o excesso de água. Em seguida, foram para o quarto onde Stana ajudou-a a se vestir. Escovou-lhe o cabelo e disse para ela se vestir enquanto secava o próprio cabelo com o secador. Escolheu um vestido estampado de verão e calçou uma sandália com um salto médio. A roupa de Anne era um lindo vestido vermelho dado por ela semanas atrás. Ao ver os lábios da tia pintados de vermelho, sorriu.

- Nossa! A tia está tão linda. Anne gosta do batom. Por que a tia pode pintar a boca e Anne não? – Stana se agachou para ficar a altura da sobrinha e penteando-a com a sua escova. Satisfeita, falou.

- Você está linda, Anne. Vamos fazer o seguinte, se você prometer que não conta para sua mãe, vou colocar batom em você. Como um presente de aniversário. Que tal?

- Vermelho? – perguntou a menina esperançosa.

- Sim, vermelho sabor morango – Stana sentiu os lábios da menina pressionados na sua face.

- Obrigada tia. E pegando um brilho simples que carregava em sua necessarie de maquiagem, pintou os lábios dela usando as pontas dos dedos e mostrou o resultado no espelho – ficou tão “boito”,tia... – ela consultou o relógio, já se passara uma hora e vinte minutos.

- Pronta para sua festa de aniversário? Vamos descer? – a tia deu a mão para a sobrinha e desceram as escadas. Ela chamou por Nathan e o viu arrumado com uma calça jeans e uma blusa polo cor de rosa. Estava lindo fazendo Stana suspirar.

- Vocês estão lindas. Prontas para festejar? Me sigam até a área da piscina. Nem Stana sabia o que esperar e como Anne tivera uma surpresa. Próximo a área de churrasqueira, havia uma mesa comprida com uma toalha colorida repetindo os dizeres de Happy Birthday espalhados em grandes letras. Sobre a mesa, um bolo enorme com três velas. Além disso, pratos de brigadeiros, hot dog, pipoca e chocolates espalhados pela mesa bem como refrigerantes e copos. A parede de trás estava repleta de balões coloridos e uma enorme faixa com a frase “Happy Birthday, Princess Anne” com as letras em cor de rosa. Ao lado da mesa, havia duas caixas de presentes.

A menina não sabia o que fazer, olhava tudo boquaberta. Os olhos brilhavam ao contemplar tudo que via a sua frente. Virou-se para olhar para Nathan e a tia. Eles sorriam. Fazendo a única coisa que podia, Anne foi até eles e ficou por um longo tempo na visão de uma criança admirando os dois.

- Isso tudo é pra Anne? É tia? Tio? – Nathan se agachou na frente dela.

- É sim, Anne especialmente para você, princesa. A menina o abraçou dando um beijo estalado na bochecha.

- Eu te amo, tio Nathan – virou-se para a tia e repetiu o gesto fazendo-a se abaixar para ganhar o beijo – também te amo, tia Stana.

- Amamos você, lindinha – ela respondeu tentando segurar as lágrimas que enchiam seus olhos – vai lá, aproveite. Coma quantos brigadeiros quiser – a menina saiu correndo até a mesa, o que deu a chance dela virar-se para Nathan dessa vez sem se preocupar com as emoções deixando uma lágrima escorrer pelo rosto – eu não sei o que dizer, Nate. Eu não esperava, nada disso. I love you, babe – Nathan limpou o rosto dela e recebeu um beijo doce nos lábios, beijo que se transformou em um carinho apaixonado intenso, ao se distanciarem ela murmurrou – obrigada.

- Não precisa agradecer, fiz porque gosto dela e de você. Nada substitui aquele olhar brilhante e feliz. O seu e o dela. Mas a festa está só começando. Vamos aos presentes? – enroscando os dedos dele aos seus, ele a puxou em direção à mesa. Stana pegou um brigadeiro e enfiou na boca repetindo o mesmo gesto colocando o doce na boca de Nathan. Anne estava saboreando um hot dog enquanto a tia a servia de refrigerante. Ele chegou perto do bolo e pegando um isqueiro que tinha deixado ao lado, acendeu as velas e chamou a criança para cantar parabéns. Eles repetiram a canção três vezes, uma para cada aniversariante. Ao final da vez de Stana, apagaram as velas juntos. Ele registrou o momento com o celular tirando fotos. Depois, pegou o embrulho e sentou-se no chão da área forçando a namorada e a menina a fazerem o mesmo.

- Anne, chegou a hora de abrir seus presentes. Eles são meus e da sua tia para você. Escolhemos juntos. Tomara que goste. Abra o primeiro – ele entregou a caixa retangular do brinquedo, Stana sentara ao lado dele e apoiando a cabeça em seu ombro, observava o jeito da menina rasgar a linda embalagem do presente. Ao perceber o que era, ela abriu a boca espantada e sorriu para Nathan – um lasertag! Igual do tio? Adorei! Podemos brincar? Por favor!

- Calma, Anne ainda tem outro presente. Nem sei o que vou dizer para justificar a sua mãe a compra desse brinquedo – ela colocou a caixa grande e quadrada na frente da menina – abra o outro. Avidamente, o papel ia sendo destruído pelas mãos gorduchas desafiando a curiosidade da pequena. A caixa era cheia de desenhos de bebê mas não deixava a amostra do que se tratava. Era preciso abri-la. Stana ajudou a sobrinha e pode ver, com satisfação, a reação inusitada da menina.

- Um bebê! É lindo, tia – viu a criança virar a cabeça em diagonal observando os detalhes da boneca – é de verdade, tia?

- Não, lindinha. É uma boneca mas é tão bonita que parece de verdade. Vá em frente, pegue-a no colo. Com cuidado e zelo, a menina pegou a bebê e segurou no colo como se fosse uma criança. Cheirou o rosto do brinquedo e percebeu ficando ainda mais maravilhada que tinha cheirinho de bebê. Anne acariciava os braços e as perninhas dela como uma mãezinha. Deu um beijo na testa da boneca e voltou a olhar para a tia.

- Ela é linda, tia Stana. Uma menina.

- Sim, é uma menininha. Já sabe como vai chama-la? - sem relutar, Anne respondeu imediatamente.

- Kate, o nome dela é Kate igual a policial da tia – segurando a boneca, ela abraçou a tia beijando-a e fez o mesmo com Nathan para em seguida falar – obrigada, tia. Anne está muito feliz.

- Já que você está tão feliz, que tal uma partida de lasertag? Deixe sua tia cuidando de Kate porque Anne nesse momento eu te desafio a ganhar do campeão! Soltando um gritinho, a menina entregou a boneca a tia e saiu saltitando pelo gramado atrás de Nathan. Eles perderam a noção do tempo jogando. Stana separou para os dois generosas fatias de bolo que eles comeram mais tarde depois de devorarem praticamente todos os hotdogs e o balde de pipoca que existia sobre a mesa. Ela percebeu que a menina estava exausta e depois de muito insistir, ela conseguiu convence-la que devia ir para a cama.

Stana a despiu colocando a camisola vendo o quanto Anne já estava sonolenta. Arrumou as cobertas e beijou-a. A menina insistiu em dormir abraçada com a boneca. Antes da tia apagar a luz, ela virou-se e repetiu o que já havia dito antes com um comentário a mais.

- Foi a melhor festa para Anne. Obrigada tia, te amo muitão e o tio Nathan também.

- Também te amo docinho mas diga você mesmo isso a ele – Stana fez sinal para o namorado que estava na suite ao lado, Nathan veio atende-la. Ao ver a menina já deitada, entrou no quarto e debruçou-se na cama para desejar uma boa noite a ela. Beijou-lhe a bochecha.

- Bons sonhos, princesa.

- Tio, dá boa noite pra Kate.

- Boa noite, Kate – beijou a boneca e ergue-se sentindo os braços de Stana ao redor da sua cintura.

- Eu te amo, tio. Adorei a festa. Melhor do mundo.

- Que bom, fico feliz. Agora feche os olhos. Stana apagou as luzes e sairam de mãos dadas rumo à suite deles. Era a vez de Stana demonstrar sua gratidão para ele. Jogou-o na cama e sorveu seus lábios num beijo de tirar o fôlego. Ela estava sentada sobre as pernas dele, abriu o ziper da calça tendo em suas mãos o membro que começava a se animar. Não se importou com o fato da sobrinha estar dormindo no quarto ao lado. Tinha uma única missão. Retribuir todo o carinho que proporcionara para ela nesses gestos de hoje.

Na manhã seguinte, Anne os acordou jogando-se entre os dois na cama do casal. Um festival de beijos foi distribuido até conseguir arrastar a tia da cama para o banheiro. Seu objetivo era leva-la para a piscina. Fazendo as vontades da menina, Stana a acompanhou naquela manhã de domingo ensolarada. Sentara a beira da piscina vendo a menina se divertir. Nathan apareceu em seus pijamas trazendo uma caneca de café para ela.

- Começou cedo o dia não? – entregou a caneca e beijou-a carinhosamente – bom dia, gorgeous. Como está a nossa ilustre convidada?

- Se divertindo o máximo que pode. Tenho que leva-la para casa às três. Vai sair com a mãe.

- Mas você volta para cá, certo? Quero conversar com você sobre a proposta que comentei no meio da semana e também temos que aproveitar ao máximo nossos tempo livre, a partir da segunda vamos viver dias cheios. Aposto que Marlowe guardou as cenas mais intensas para essa semana. Precisamos estar descansados.

- Tudo bem, eu volto – ele roubou a caneca das mãos dela tomou um pouco do café sentindo os lábios dela roçando no pescoço dele – ela vai já nos interromper.

- Não se eu mexer com ela primeiro. Hey, Anne! Quer perder para mim numa guerra de água? Vou buscar as nossas armas. Acordei com vontade de te dar uma surra hoje.

- Duvido! Anne ganha do tio fácil fácil – ela subiu os degraus da escada da piscina numa rapidez que surpreendeu Nathan. Ele foi até um armário próximo a churrasqueira onde havia deixado as armas de brinquedo. A menina já estava ao lado dele preparando-se para encher de água o equipamento e começar a diversão.

Eles brincaram correndo pelo quintal jogando umas três partidas, exausto Nathan nem pensou duas vezes ao se jogar de cabeça na piscina para se refrescar. Stana vendo que ele dava conta da sobrinha, foi preparar o almoço. Duas horas depois, chamava a menina para tomar banho. Na parte da tarde após saborear um almoço bem simples onde Anne devorava as almondegas da tia, comeram bolo e brigadeiro do dia anterior. Logo após a refeição, ela se sentou ao lado de Nathan no sofá com a sobrinha deitada em seu colo segurando a boneca. Assistiam um filme na tv. Como toda criança, Anne não era diferente e não conseguia ficar parada na mesma posição por muito tempo. Anne sentou ao lado da tia e acariciava a boneca, beijando-a e ajeitando o vestido. De repente, soltou mais uma de suas pérolas.

- A Kate é tão “boita”... tem os olhos azuis igual aos do tio Nathan. Anne está treinando para ajudar a tia Stana quando tiver seu bebê. Anne quer muito uma bebezinha, a tia podia ter logo uma não? – ela olhou para a mulher ao seu lado – também acho que ela podia se chamar Kate. Por que “demoia” tanto tia? Anne já é grande para carregar a filha da tia Stana.

- Mas Anne eu nem casada sou.

- E tá esperando o que, hein tio? – Nathan olhou para Stana como quem diz “e agora?”

- Já falamos sobre isso, docinho. Eu e seu tio temos algumas outras coisas para resolver antes de tudo isso acontecer.

- Como escolher um vestido e o anel? – a garota perguntou o que fez Stana rir.

- Entre outras coisas, sim – Nathan respondeu – mas gostei da sugestão do nome, Anne.

- Tia, promete que vai ter uma neném antes do próximo aniversário da Anne? Por favor?

- Sua tia não pode prometer isso, Anne. Mas quem sabe? – a resposta de Nathan para a menina fez Stana virar-se para ele de olhos arregalados.

- Nate, não prometa o que você não pode cumprir a ela... – ele apenas sorriu e o resultado daquele sorriso arrepiou a pele de Stana da ponta dos pés até a nuca. Não querendo se ver no meio daquele tiroteio incrivelmente complicado, ela chamou Anne para se arrumar, já estava na hora de ir embora e não via a hora de se livrar dessa saia justa.

Como combinara com Nathan. Ela deixara a menina na casa da mãe e voltara para ficar com ele. Nathan a recebeu com um beijo levando-a para o seu quarto. Sentados na cama, ele acariciou o rosto dela e começou com o assunto ao seu entender mais simples, a comemoração do aniversário dela.

- Depois de um ótimo fim de semana, está na hora de programarmos nosso próximo evento não? Sua verdadeira festa de aniversário, amor. Será nossa primeira vez comemorando essa data juntos, somente nós dois.

- Nate, eu já te falei que pretendo viajar.

- Stana, falamos que iriamos procurar adequar nossas agendas durante o intervalo do trabalho para passarmos um tempo maior juntos. Minha proposta é que você viaje em meados de maio ou junho. Ficamos juntos no seu aniversário e depois você vem comigo para New York. Podemos relaxar e aproveitar o melhor da big apple. Seria tão bom... imagina, consegue nos ver?

- Parece que você já decidiu tudo por mim ,não? – ela interpretou as palavras dele como uma ordem.

- Não, gorgeous é uma sugestão. Não estou dizendo que você não pode viajar. Apenas acho que poderia adiar um pouco mais a menos que tenha algum motivo muito importante por trás disso. Tem? Há alguma coisa ou alguém que esteja necessitando da sua presença na Servia? Sua mãe por exemplo estará lá?

- Não é isso. Você parece estar me pressionando. Insinuando coisas – ele percebeu que ela estava nervosa, com os ânimos alterados.

- Eu apenas fiz uma pergunta. Não estou pressionando você, eu apenas gostaria de achar uma forma de nos ver, é o nosso relacionamento poxa! A menos que exista algo que eu não saiba. Mudou alguma coisa entre nós?

- É só que... – afinal ela não sabia o que esperar – eu tenho medo! É essa a questão, tenho medo do que pode acontecer se continuarmos esse contato tão próximo e ao mesmo tempo que temo a distância entre nós, temo que tudo mude e seu interesse desapareça. Eu preciso pensar.

- Stana você está me dizendo que por medo prefere fugir? É por isso que você quer sumir? Viajar? – ela desviou o rosto tentando disfarçar as lágrimas que já ardiam nos olhos mas Nathan não perderia o foco. Se tinha algo errado, eles deveriam conversar sobre isso. Segurando o rosto dela pelo queixo, ele a forçou para encara-lo. As lágrimas já desciam pelo rosto – Stana, por favor, o que está acontecendo?


- E-eu não sei... eu não... sinto muito, Nate... – e desatou a chorar.


Continua....