quinta-feira, 25 de junho de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.23


Nota da Autora: Então, gostaram da surpresa?! Peguei vocês direitinho no último capítulo, não? Sim, darei uma pausa no angst. Eu disse que essa semana não haveria capítulo, porém acabei escrevendo umas coisinhas. Novamente optei por mudar a ordem dos episódios e usei dois deles resumidamente. Por enquanto a maré é branda e não tem nada demais nesse capítulo, apenas cotidiano. No próximo prometo, escreverei NC. É só para não passar em branco. Enjoy! 


Cap.23


Pela manhã, Kate acordou espreguiçando-se sem abrir os olhos. As mãos tocavam o colchão à procura dele. Sim, ela sabia exatamente onde estava. O lado frio e vazio da cama a fez resmungar. Encontrou o travesseiro e puxou até a altura do seu nariz. O cheiro dele estava lá. Inalou profundamente a mistura de suor e aroma masculino abraçando-o contra o peito nu para finalmente abrir seus olhos.

A claridade do quarto a pegou de surpresa. O sol forte indicava que não se tratava das primeiras horas da manhã. Arrastando-se no colchão até a cabeceira, ela viu que o relógio marcava quinze minutos para às nove. Dormira tanto assim? Agarrada ao travesseiro, ela sorriu lembrando-se da noite maravilhosa que tiveram. Dana tinha razão, uma vez que se admitia os sentimentos que rondavam a mente e o coração, era possível sentir-se leve.

Admitir fazia as palavras fluírem facilmente. Não era nenhum bicho de sete cabeças afirmar que sentia saudades, gostava de toca-lo, beija-lo. Castle era um homem especial. Tinha um jeito único de ser, metade moleque, metade galanteador, no fundo um homem capaz de entender as nuances e paranoias de alguém complicada como ela. Gostaria de ter sido acordada por ele, com beijos e carícias. Esfregando os olhos, sentou-se na cama. Onde ele se metera?

Então, lembrou-se que estava no loft de Castle em pleno domingo, nua em sua cama. A família dele não poderia vê-la ali, não era correto. Decidiu que tomaria um banho, vestiria suas roupas e sairia pela porta de fininho. Não havia necessidade de expor a ela ou Alexis a esse momento estranho. Castle deveria contar à mãe e filha de uma maneira mais apropriada. Afinal aparecer na casa de um cara às altas horas da madrugada para transar com ele era um comportamento horrível para uma mulher, especialmente para uma policial. Seus pensamentos foram anulados pelo aroma delicioso do café.

- Hey...bom dia, detetive – Castle estava ao pé da cama com um sorriso no rosto, segurando duas canecas fumegantes de café. Usava o mesmo roupão de ontem. Sim, pensou Kate, essa também era uma forma deliciosa de começar a manhã – trouxe sua dose da manhã para acorda-la.

- Como sabia que eu estava precisando dela? – sorriu de volta pegando a caneca com as duas mãos ficando de joelhos na cama esquecendo-se completamente de que estava nua – esse é o único motivo que o perdoo por não estar ao meu lado na cama quando eu acordei – disse sorvendo o café com vontade.

- Ah, que bela visão... – sentou-se ao lado dela beijando-lhe o estomago – dormiu bem?

- Muito bem – Kate ajeitou-se na cama cobrindo parte do corpo com um lençol. Castle beijava-lhe o pescoço.

- Vou pegar um roupão para você. Termine seu café porque esse foi apenas o aperitivo da manhã. Você tem que se alimentar direito. Não comeu grandes coisas nesses últimos dias. Pensa que não vi? Tudo que seu estomago viu foram doses de cafeínas e donnuts. Precisa de um café da manhã decente.

- Castle, eu preciso de um banho e ir embora. Sua mãe e sua filha estão aqui. Não quero que elas me vejam circulando de roupão pela sua cozinha.

- Por que não? Minha mãe não está em casa tinha algum evento de teatro, reapresentação de peças, drama. Alexis saiu cedo para uma caminhada no Central Park com Ashley, se duvidar não virá almoçar em casa.

- Como você sabe de tudo isso? Que horas acordou?

- No máximo meia hora antes de você. Alexis deixou uma nota presa à geladeira. Sendo assim, temos muito tempo sozinhos para fazer o que você quiser – ele inclinou-se para beija-la. Os lábios roçavam de leve nos dela antes de iniciar um beijo bem lento e carinhoso fazendo Kate gemer.

- Agora sim é um bom dia – ela disse quebrando o beijo, levando seus lábios por uma trilha de beijos até a nuca de Castle, as mãos já deslizavam pela abertura do roupão sentindo a pele quente. Encontrando um dos mamilos, ela o apertou ouvindo os gemidos prazerosos dele. Um rápido selinho e levantou-se da cama – eu vou tomar um banho.

- Eu não acredito que você fez isso! Como me atiça desse jeito e simplesmente me deixa aqui, excitado e sozinho para tomar banho? – Kate já caminhava na direção do banheiro completamente nua, virou-se para fita-lo com um sorriso maroto no rosto.

- Eu preciso de alguém para esfregar minhas costas, você consegue? – com o dedo indicador, ela fazia sinal chamando-o para se juntar a ela no chuveiro. Castle levantou rapidamente indo se juntar a Kate abraçando-a por trás e devorando seu pescoço com milhares de beijos. Eles aproveitaram o tempo debaixo da ducha com água morna para trocar carícias que evoluíram para trocas de prazeres e no outro minuto já estavam fazendo amor contra a parede. Kate aproveitou para apalpa-lo propriamente como não tinha conseguido ontem. Ao esfregar suas costas, ela se demorou bastante na região do bumbum até o momento que Castle sentiu os dentes mordendo-o.

- O que você está fazendo?

- Explorando e relembrando as coisas que havia deixado para trás.

- Você não tem jeito mesmo! – ele a puxou contra si sorvendo os seios dela com os lábios arrancando gritinhos e gemidos. Uma hora depois, eles conseguiram terminar o banho. Castle deu o roupão para ela, mas Kate optou por vestir sua própria roupa. Não estava pronta para ficar desfilando quase seminua na casa dele. Enquanto se arrumava, ele fora para a cozinha preparar o café.

Quando Kate chegou próximo ao balcão, viu panquecas, sour cream e mel. Ele estava no fogão fazendo ovos e bacon. De repente, se deu conta de quanto estava com fome.

- Está cheirando...

- Por que você não vestiu o roupão que lhe dei?

- Não quero correr o risco de ser pega com um roupão na sua cozinha pela sua filha. Não é certo com Alexis.

- O que tem demais? Você é a minha namorada e Alexis gosta de você. Não seria nada.  

- Hum... namorada? Gosto do som disso, mas não muda o fato que prefiro que comunique antes a ela. Nem todo mundo gosta de surpresas, vou me sentir melhor assim. Como sua namorada – ela deu bastante ênfase na palavra - posso ajudar a fazer alguma coisa?

- Não, apenas sente-se. Já estou terminando. A menos que queria outra caneca de café. Pode fazer na máquina. Eu já lhe ensinei.

- Prefiro esperar por você. Não sou tão boa nisso. Tem suco de laranja?

- Na geladeira – ele despejou os ovos no prato, tirou os pães da torradeira e levou toda a comida para a mesa. Kate tomava um copo de suco observando o jeito dele dominando a cozinha. Gostava desse lado doméstico de Castle. Queria ter um tempo a mais para simplesmente aproveitar a companhia dele – vem, Kate, sente-se e fique à vontade – ele colocou a cafeteira para funcionar. Ela serviu-se de ovos e bacon saboreando-os com gosto. Depois atacou as panquecas.

- Isso está muito bom.

- Ou você está com muita fome. Café da manhã é a minha especialidade. Falando nisso – ele levantou-se para pegar a bebida – aqui está sua caneca – Castle enviou outro pedaço de panqueca na boca observando-a comer com um sorriso no rosto. Aproveitando o clima descontraído entre os dois, Kate puxou a conversa.

- Você não falou muito ontem sobre a nossa noite. Sobre o que disse.

- O que quer que eu fale? As visitas nas madrugadas são sempre interessantes, pelo menos dessa vez foi positiva, valeu muito a pena.

- Castle não estou pedindo para falar sobre nossa performance sexual. Estou falando da conversa.

- Eu sei, Kate. Estou feliz que tenha cedido aos seus sentimentos. Foi bem difícil ficar longe de você todo esse tempo. Agora temos que recuperar o tempo perdido. Adorei vê-la dizer que estava apaixonada, em especial o lance da mágica. Confesse, você disse aquilo apenas para me agradar, não?

- Não! Eu realmente estava sendo sincera. Quando você me beijou novamente naquele beco, foi diferente. Tão bom quanto eu me lembrava, só que mais. Algo mudara ali, meu coração sentiu, disparou. Parecia mágica. Tive que me segurar e me concentrar para continuar o que fomos fazer ali. Quando o vi na ambulância ferido, pensei em tantas coisas. Porém, foi depois que deixei o presídio que pude pensar sobre tudo o que acontecera nessas 48 horas e decidi que não queria perder nem mais um minuto.

- Foi tão ruim assim com Lockwood?

- Ruim não é a palavra correta. Percebi que se um dia eu descobrir tudo sobre o caso da minha mãe, não será por causa dele – ela se ergueu da cadeira circulando a mesa para ir ao encontro dele, envolvendo seus braços ao redor do pescoço de Castle, roçou o nariz pela bochecha dele, beijou-lhe o queixo – vamos esquecer isso agora. O que importa é que estamos aqui. O que você quer fazer no domingo? – ele puxou-a para seu colo abraçando-a sorvendo carinhosamente seus lábios.

- Por mim, voltávamos para cama...

- Deixa de ser pervertido, Castle. Estou falando sério.

- Eu também – ela beijou-o de novo – quer sair? Fazer um programinha a dois?

- Por que não? É inicio de primavera. É uma boa estação em Nova York, não tão boa quanto o outono, é verdade. Ainda assim ótima para passear. Alexis está certa em curtir o Central Park.

- Tenho uma ideia. Deixe-me checar a programação do Bryant park, talvez possamos almoçar e ouvir uma boa orquestra. Parece bom? – perguntou acariciando o rosto dela com a ponta dos dedos.

- Sim. Eu só quero aproveitar ao máximo nosso tempo juntos, sem casos, sem confusões. Sinceramente, um fim de semana nos Hamptons seria o ideal. Gostaria de voltar até lá, retomar o que estávamos vivendo.

- Hum... alguém está mesmo inspirada...

- Eu adorei aquele lugar, Castle. Bom demais para passar um momento a dois. Por que? Você não aprova a minha ideia?

- Claro que sim. Faremos assim, se você me prometer que não estará de plantão no próximo sábado, passaremos o final de semana nos Hamptons, que tal?

- Você sabe que não posso prometer, os mortos não avisam quando vão aparecer. Mas se isso acontecer – ela se levantou do colo dele, inclinando-se para sussurrar ao ouvido - posso tentar trocar meu plantão com outro detetive – ela seguiu com os pratos até a pia – por falar em primavera, você ainda vai para a Itália trabalhar no lançamento do seu livro? É daqui a quatro semanas não? 

- Andou fuçando meu website novamente, Kate? Sim, vou passar uma semana em Roma. Você podia vir comigo. Faço o lançamento, autografo os livros de Nikki, dou entrevistas e curtimos as noites deliciosas regadas a bons vinhos, massas e fazendo amor nas mais belas paisagens de Roma.

- Soa tentador. Infelizmente, não tenho dias de folga. Os últimos gastei no início do verão. E não acredito que Montgomery deixaria eu me ausentar uma semana. E já imaginou os jornais estampando “Rick Castle e sua Nikki namoram na noite de Roma”?, melhor não facilitar. Além disso, tem uma outra questão. Sobre nós – Kate enxugou as mãos, apoiou-as no balcão e tocou em um assunto delicado – Castle, eu quero te pedir uma coisa. Gostaria de manter nossa relação em sigilo, uma espécie de segredo somente nosso pelo menos por um tempo. Igual como fizemos da primeira vez.

- Kate, não temos a mesma relação de antes. Não vou esperar que me chame para sair ou para transar.

- Não, é claro que não. Isso é um relacionamento. Eu somente queria curtir esses primeiros momentos entre nós. Não quero que a minha vida pessoal seja motivo de fofoca para o distrito e perca minha privacidade. E ainda tem a minha postura profissional no distrito. Você acha que podemos fazer isso?    

- Tudo bem. Faremos isso por um tempo. Irei respeitar sua privacidade, afinal ela é só minha – Kate revirou os olhos - Ótimo. Vou checar a programação do parque – Castle seguiu para o escritório, Kate para o quarto. Pegou o casaco, o celular e a bolsa. Ajeitou os cabelos e preparou-se para deixar o loft. Quando Castle a viu pronta a sua frente, estranhou.

- Onde pensa que você vai? Tem um compromisso comigo. Nosso almoço – ele enlaçou a cintura prendendo-a contra seu corpo. Acariciando os cabelos dele com os dedos trocaram mais outros beijinhos até o instante que o celular de Kate tocou – não atende, vai ser trabalho, não atende... por favor – mas Kate já olhava o visor, sorriu.

- Não é do distrito. É a Dana. Tenho que atender, Castle. Estou enrolando-a a dois dias, antes de Raglan me ligar, eu ia me encontrar com ela. Deixou vários recados preocupada comigo. Não vou demorar – colocando o dedo indicador pedindo silêncio para Castle, respondeu – oi, Dana.

- Finalmente resolveu falar comigo? Poxa, Kate. Fiquei muito preocupada com você. Esse cara, ele investigou o caso da sua mãe. Então eu pergunto, como você está?

- Está tudo bem. Prendemos o atirador, o perigo já passou.

- E você achou alguma pista nova? Imagino que esse foi o motivo da morte dele, não?

- É, um pouco. Descobri alguns novos pedaços da história. Infelizmente, não conseguiram me ajudar muito. Talvez outro dia.

- Já que você está me dizendo que está tudo bem, como fica aquele outro assunto? Você não desistiu ou está me enrolando por causa do Bryan Adams, certo? Eu não vou desistir do meu exercício e nem parar de te perturbar sobre o seu escritor. Vai almoçar comigo essa semana?

- Dana, não sei se vai dar. Esse caso deixou o capitão com raiva de mim e ele me deu uma punição. Não sei como será a minha semana. Não posso garantir, mas posso passar no seu consultório.

- Nada disso, não quero uma conversa formal. Quero um almoço com a minha amiga. Que tal no próximo final de semana? – ela se lembrou do convite de Castle, não trocaria a ida para os Hamptons por Dana, mas não contaria isso a ela – tudo bem, sem falta. Qualquer oportunidade eu te comunico na semana.

- Ok, se cuida garota!

- O que a Dana quer com você para inventar essas bobagens sobre o capitão? – ele caminhou até ela acariciando-lhe o ombro.

- É uma longa história. Outra hora eu conto – ela segurou as bordas do roupão dele, beijou-o e sorrindo completou – vou para casa. Você se comporte.

- Mas não íamos almoçar juntos?

- Nós vamos. Eu vou para casa trocar de roupa e você me avisa aonde iremos. Saímos, namoramos e quem sabe, mais tarde, jantamos no meu apartamento?

- Ótima ideia, porém não precisava ir até sua casa. Saíamos daqui.

- Castle, eu já disse. Vamos devagar com a sua filha. Pode ficar uma hora sem me ver, não? – de mãos dadas, ele acompanhou-a até a porta, trocando um último beijo – te vejo depois?

- Conte com isso, Kate.

Mais tarde, Castle passou para apanha-la em seu apartamento. Optaram por ir de metrô. Havia uma apresentação das óperas de Vivaldi no parque seguido de um concerto de jazz. Ele achou a ocasião perfeita para um belo almoço em companhia de Kate. Eles comeram, beberam um vinho excelente e curtiram uma ótima apresentação musical, agarradinhos como um casal de namorados deve agir. Kate sentia-se tão leve, tão feliz. Voltara a ser adolescente, estar com Castle a lembrava do frisson do primeiro beijo, não sabia explicar o que era esse sentimento incrível que a dominava. Sabia que era resultado da paixão, de estar apaixonada e novamente soube que era sua primeira vez e Castle era o responsável por isso.

Ele a acompanhou até o seu apartamento. Namoraram mais um pouco até Alexis ligar. Castle achou melhor ir para casa. Passar a noite no apartamento dela ficara para outra hora. Kate também achou melhor assim.

A semana começou bem tranquila. Um caso simples de homicídio sem grandes enigmas resolvido em menos de 24 horas. Castle comunica a Kate que conversou com Alexis e conforme previra, a garota mais que aprovava o relacionamento. Também contou que estava tudo certo para irem aos Hamptons no próximo fim de semana. Dependia apenas dela. Ao saber das noticias, Kate ficou tão animada que convidou-o para jantar na noite seguinte no seu apartamento com direito a dormir com ela.

- Você vai cozinhar para mim?

- Se não fosse isso, por que o convidaria?

- Mal posso esperar – trocaram um sorriso e Kate desapareceu pelo corredor rumo a sua mesa. Castle seguiu para o elevador. Na manhã seguinte, Castle recebe a ligação de que tinham um novo caso. Um milionário ganhador de 117 milhões na loteria tinha sido assassinato. O seu cofre estava aberto e cem mil dólares que ele mantinha lá, roubados. Fora encontrado pelo mordomo que garantiu a eles que a suposta arma que aparecera na cena do crime não pertencia ao seu patrão. Além disso, Beckett sabia que não era a arma do crime. Para facilitar um pouco o trabalho da polícia, o mordomo revelou que o dinheiro tinha um truque de rastreamento, a uma certa distância do apartamento ele explodiria sujando o ladrão com tinta permanente. Também informou que seu patrão iria se encontrar com a ex-mulher e a filha.

Ao se ver diante daquele cenário, Castle perguntou aos colegas o que fariam se ganhassem na loteria. Obviamente, Beckett não respondeu. Isso não passou despercebido para o escritor. Aparentemente, todos estavam tendo que lidar com problemas de dinheiro ultimamente. Sua mãe recebera um comunicado da herança de Chet seu ex-noivo que falecera há pouco tempo. Martha herdara um milhão de dólares. Uma surpresa para o próprio Castle que esperava que a mãe comprasse um lugar para si.

Conversando com a família, Beckett percebeu o quanto muito dinheiro pode afetar as relações. Fora o que acontecera ali, tudo mudara para os Hixtons fazendo-os perder amigos, brigarem e levando sua filha às drogas. Era como veneno. Então, a esposa contou que ele passou a ajudar um sopão, que encontrara naquele lugar uma forma de retribuir pelo que recebera. Era onde eles deveriam se encontrar na noite anterior, porém ele ligou cancelando dizendo ter uma situação para resolver.

A caminho do sopão, Castle começou a teorizar sobre o caso.   

- Todos os meus anos como escritor de mistérios apontam para um único final. O mordomo o matou – Beckett entortou a boca - Qual é? Quantos casos tivemos onde o mordomo realmente pudesse ser um suspeito em potencial? Seria um crime se não fosse ele.

- E ele aparece na manhã seguinte e liga para a polícia?

- Muito esperto, certo? Falando nisso, notei que na cena do crime você não mencionou o que faria se ganhasse na loteria.

- Não falei.

- É vergonhoso? Escandaloso? – a curiosidade de Castle atacando como sempre.

- Realmente não pensei sobre isso, Castle.

- Então, não vergonhoso ou escandaloso. Apenas secreto – Beckett não disse nada, mas para Castle aquela conversa não estava terminada.

No sopão, ouviram só elogios ao Sr. Hixton. Ele sempre ajudava as pessoas por ali. Na tarde do assassinato, um cara que nunca aparecera antes no local, conversou com a vítima por volta das seis da tarde quando saíram de lá e não retornaram. Beckett conseguiu um retrato falado do suspeito. Os resultados da balística confirmaram que a arma achada era de Hixton, com as digitais no tambor sugerindo que ele mesmo a carregara. Quanto ao dinheiro, Esposito encontrou o pacote e um zelador do prédio que tinha a cara toda pintada de azul.

O zelador jurou que não roubara o dinheiro. Confirmou que viu Hixton entrar no prédio por volta das onze, suado e alegou que seu carro fora levado. Quando viu o pacote, ele tinha acabado de comprar um refrigerante na venda em frente ao prédio. A história batera. Rastreando o carro, eles chegaram ao cara do retrato falado e possivelmente o assassino. Ao interroga-lo, além de folgado, Beckett descobriu que Hixton havia dado o carro ao cara. Um gap na linha do tempo entre o horário que ele ligara para a mulher falando sobre a tal situação que precisariam resolver juntos. O que ele fizera nesse período era o grande x da questão. Checando os cartões de credito, nada fora usado. Beckett ordenou a Ryan que fizesse mais um cheque na vida de Hixton. Castle não perdeu a oportunidade de perguntar a ele o que faria se ganhasse na loteria. A resposta foi uma vinícola. Depois perguntou ao capitão e recebeu a resposta imediatamente. Um barco.

A lista de compras de Hixton era louca e extensa. Trinta e dois cartões de creditos da NFL, um cavalo, uma casa para quem lhe vendeu o bilhete premiado, um mausoléu para seu vizinho morto e três acres da lua.

- Não brinca! Dinheiro não muda as pessoas, apenas revela quem você é.

Ryan voltou da revista do carro com uma câmera com varias fotos. Beckett mandou-o perguntar se alguém era familiar para os que conheciam Hixton. Fazendo uma pausa, ela seguiu para a minicopa em busca de café. Castle foi atrás dela ainda curioso por descobrir o que ela faria se ganhasse na loteria.

- Você largaria seu emprego? Se ganhasse na loteria, deixaria de ser policial?

- O que eu faria?  - ela perguntou curiosa.

- Supermodelo, neurocirurgiã, gladiadora americana. 

- Me pegou nessa, Castle. Sempre quis deixar a polícia e me tornar uma gladiadora americana – ela disse implicando com ele.

- Por que você não quer me contar? Sou eu!

- Porque não há o que contar.

- Sério, você deve ter um sonho.

- Claro que tenho. Resolver esse caso, ir para casa e tomar um longo e belo banho – inclinando-se na direção dela, teve que perguntar.

- Esses planos me incluem? Se a resposta for sim, eu paro de te questionar.

- Infelizmente, parece que não é o que vai acontecer essa noite – ela retrucou – encontrei algo estranho nas ligações de Hixton. A chamada da esposa veio da Lexington – descobriu que a vítima pagou dois cheques de dez mil dólares para uma indústria Meech, pertencente a um golpista velho conhecido de Beckett. Ao entrevistá-lo, ela foi logo acusando-o de matar a vítima, sabia exatamente como trabalhar com Meech. Então, ele revelou que Hixton foi lhe procurar porque queria uma arma. Estava assustado que seu passado estava vindo lhe pegar.

Dois velhos conhecidos de Hixton haviam sido liberados da prisão na Florida na semana passada. Foram presos por roubar Hixton obrigando-o a delata-los, pois havia crescido com eles e acabou testemunhando para coloca-los na cadeia. Ao serem liberados pegaram um carro e seguiram para o norte, provavelmente para matar Hixton ou rouba-lo novamente.

Castle estava em casa revisando alguns livros enviados pela sua editora. Pelo jeito que o caso andava, certamente o jantar na casa de Kate estava cancelado. Chegou a se surpreender quando o telefone tocou. Mas ela estava chamando-o para acompanha-lo em uma vigília. Um ótimo programa para a noite especialmente quando sua companhia era Kate Beckett. Ao entrar no carro, ele já se inclinou para beijar-lhe a bochecha.

- Nosso jantar já era – disse ela – sinto muito.

- Ah, vigília pode ser divertida – ela deixou uma das mãos repousando na coxa dele. Passou um radio para os rapazes querendo saber se havia mudanças. Nada. Ficou calada por algum tempo até retomar a conversa com Castle – você disse mais cedo que o dinheiro não nos muda, apenas revela quem somos. O que o seu revelou em você?

- Minha criança interior... no começo. Aquela que gosta de jatos particulares, tudo cinco estrelas. Então eu percebi que o luxo que importava era a liberdade. Liberdade para escrever, passar o tempo com Alexis. Ter aquele dinheiro só... me permite viver a vida do meu jeito.

- Você cresceu.

- Não, não chegou a esse ponto. Aquele terreno na lua? Comprei mês passado.

- Mesmo assim, eu penso diferente. Amadureceu ou revelou uma parte sua que estava escondida. E parece que você arrumou uma boa namorada – disse enroscando os dedos nos dele. Quando o clima parecia propício para perguntar novamente sobre o sonho, alguém entrou do local deixando a porta aberta. A chance perfeita deles descobrirem o que os irmãos estavam fazendo. Ao subirem as escadas encontraram uma sala de gravação. Os irmãos cantavam um rap animadamente. Após perceberem que não corriam perigo, baixaram as armas e Castle cortou o som. Encontraram sessenta mil nas sacolas do estúdio.

E a historia tomou um novo rumo. Os irmãos estavam ali por pedido de Hixton que tinha problemas com a filha. Ela voltara a usar drogas, mas o problema era o traficante. Ela estava encantada com ele, o pai procurou o tal Oz e pediu para ficar longe da filha. Eles dariam um jeito em Oz só que foram ameaçados. Daí colocaram o cara no porta-malas do carro e vieram para Nova York, jogaram o cara em algum lugar e fecharam-se no estúdio. Incrivelmente, a história checava e Oz era a pessoa nas fotos. Uma explosão revelou que o carro dos irmãos foi queimado.

Ao questionar Nicole, ela confirmou a historia e confirmou que ele podia ser o assassino. Puxando a ficha de Oz, os rapazes pesquisaram e confirmaram que a única forma de pegá-lo era encontrando-o em boates como clientes. Sorrindo, Kate virou-se para Castle.

- Nós vamos precisar da sua Ferrari.

Saíram juntos do distrito, passariam primeiro no apartamento de Beckett para que ela trocasse de roupa, depois seguiriam para o loft para pegar a Ferrari. Castle estava um pouco empolgado, poderia ser um momento bacana para os dois, mesmo disfarçados nada os impedia de tratar aquela noite como um encontro, pelo menos na visão dele. Ao chegarem no loft, Martha estava na sala e adorou o visual da detetive. Como já sabia que estavam juntos, imaginou que tiraram a noite para se divertir.

- Nossa! Olha só você, está deslumbrante – disse Martha. Castle deixou-a conversando com sua mãe enquanto se vestia – estão indo a um encontro?

- Não. Só estamos fazendo um trabalho disfarçados. Como você está?

- Já estive melhor.

- Castle me contou que você decidiu devolver o dinheiro.

- Eu tentei, mas os filhos de Chet não aceitaram. Disseram que o pai deles me amava queria que eu ficasse com o dinheiro. Então estou tentando pensar no que fazer com ele. Tudo o que me vem na cabeça me parece egoísta e insignificante.

- Não precisa ser assim – disse Kate – sabe alguém um dia me disse que dinheiro não muda você, apenas revela quem você é. Você se importava com Chet, talvez pudesse fazer algo que honrasse sua memória de algum modo.

- Esse é um belo pensamento – disse Martha que já reparara na presença do filho que ouvira toda a conversa – obrigada de verdade.

- Tudo bem, estou com as chaves.

- Ótimo. Eu dirijo.

- Você dirige? Beckett essa é uma Ferrari. Um veiculo de alta performance desenhado para responder instantaneamente a todos os caprichos, seus movimentos, todos... – revirando os olhos, ela puxou a chave de sua mão e tomou a frente preparando-se para dirigir. E ela pisou fundo, adorando cada segundo da viagem. Ao estacionar de primeira, suspirou.

- Wow! Belo carro.

No clube, ela seguiu direto para a pista de dança se misturando na multidão. Rebolava ao som da música e não ia perder a oportunidade de dançar sensualmente na frente de Castle. E nossa! Ela estava deliciosamente provocante naquele vestido com aquele rebolado. Ela mantinha os olhos fixos aos dele enquanto dançava mexendo o cabelo e roçando seu corpo no dele. Ao aproximar seus lábios do pescoço dele, ela beijou a pele e deixou os dentes roçando ali até sussurrar ao pé do ouvido.

- Pegue bebidas para nós e mantenha os olhos abertos. Tudo bem? – ela se afastou dele, Castle ainda recuperava seu fôlego quando respondeu baixinho.

- Tudo bem – mas antes de se afastar, ele a puxou contra seu corpo em um beijo intenso. À medida que ela se afastava rebolando, ele não conseguia deixar de olhar para o bumbum dela, quando Kate se virou porque sentia que ele a estava encarando, Castle saiu do transe – bebidas, certo. Entendi – ele pegava as bebidas e Beckett circulava pela boate procurando por Oz. Quando o avistou, ela usou seu charme para pedir uma aproximação ao segurança. Não era difícil conseguir com toda aquela beleza. Oz a liberou para ir até onde estava. Castle observava de longe, lutando para chegar o mais próximo dela possível. Nunca se sabe do que esses traficantes são capazes.

Inventando uma conversa boba por acabar de ter chegado à cidade e estar a fim de se divertir, Beckett ia fazendo Oz se revelar aos poucos. Flertando com ele, Beckett pediu disfarçadamente por drogas. Vendo Castle se aproximar com as bebidas, ele perguntou se era seu namorado. Ela concordou não muito interessada. Por esse motivo, Oz cedeu. Sorrateiramente passou um envelope com a droga para Kate que agarrou a mão dele e o derrubou sobre a mesa. Quando o segurança aproximou-se para pega-la, ela chutou-o com vontade fazendo-o cair no chão. Esticou a mão pedindo as algemas a Castle.

É, a noite de diversão naquela boate estava encerrada, pensou Castle. Ele bem que gostaria de curtir um pouco mais ao lado de Kate, mas isso tinha que esperar. Infelizmente, a prisão de Oz não deu em muita coisa apenas levantou a antiga suspeita de Castle sobre o mordomo. Um novo encontro após uma boa investigada no inglês revelou que não matara o seu patrão e que na verdade, ele sabia que o bilhete da loteria fora roubado por Hixton.

Remexendo tudo o que sabiam, Castle suspeitou do vizinho. O único parente vivo era um sobrinho que vivia em Nova York. Descobriram que Tom não era o herdeiro sozinho, o velho tinha um filho adotivo e a data de nascimento dele batia com os três números faltantes no bilhete. Era ninguém menos que Shaw, ele não queria apenas o carro, queria toda a sua grana.

Caso fechado. Noite badalada, mas Castle queria mesmo descansar. Quando se despediu de Beckett ficou surpreso por ela parecer querer insistir em continuar a conversa sobre seus sonhos.

- Você vai desistir. Sem mais perguntas sobre os meus sonhos?

- Você disse que não tinha nenhum – na verdade, ele sabia que sim, porém queria deixa-la intrigada, um pouco de suspense era bom.

- Boa noite, Castle – disse com um sorriso no rosto.

- Boa noite, Beckett – ele se aproximou dela sussurrando – se quiser passar lá em casa, fique à vontade. Não esqueci que me deve um jantar...

Castle chegou em casa ainda pensativo sobre qual seria o sonho de Beckett. Pela conversa com sua mãe, seria algo muito importante e significativo. Então, ele teve uma visão. Precisava vê-la.

XXXXXX

Kate estava em seu apartamento na companhia de uma taça de vinho tinto e um violão. Não podia negar que adoraria estar na companhia de Castle, mas ainda não sentia-se completamente segura rondando o loft com a mãe e a filha dele por lá. Se ele não tivesse falado que estava cansado, ela teria o convidado para acompanha-la até ali. Batidas na porta a fizeram largar o violão. Quem poderia ser aquela hora? Mal abriu a porta, Castle já foi dizendo.

- Eu sei o que faria se ganhasse na loteria – entrou sem cerimônia no apartamento.

- Qual é sua revelação sobre a decisão financeira que jamais terei que fazer?

- Você usaria o dinheiro para honrar o legado de sua mãe. No caminho até aqui eu liguei para o reitor da antiga faculdade dela. Falamos sobre uma bolsa de estudos em nome de Johanna Beckett. Uma que daria todo o suporte ao aluno que planeja dedicar sua carreira a ajudar aqueles que não tem voz no sistema jurídico. O tipo de pessoas que sua mãe ajudava – Kate ouvia cada palavra dele, engolia com dificuldade tentando assimilar o que sentia naquele momento. Ele realmente estava sugerindo isso? – e com sua benção, eu gostaria de realizar uma arrecadação de fundos.

- Você não consegue se afastar da minha vida, não é? – ela sorriu – obrigada – se aproximou dele acariciando seus lábios – é muito fofo – ela beijou-o vendo o sorriso de garoto iluminar-se após o beijo – teremos que convidar o prefeito e também tem um cara que é muito rico, ele pode nos ajudar a... – Kate colocou o indicador nos lábios dele fazendo-o calar-se por uns segundos.

- Castle, por que você está fazendo tudo isso? Eu não sei o que dizer, você não tem obrigação. Eu estou adorando e muito honrada, mas você me disse que estava cansado. Precisamos fazer isso agora?

- Por pensar em fazer algo para sua mãe, para você, me deu mais energia, fiquei realmente animado em poder realizar esse sonho para você, Kate.

- E eu adoro isso. De verdade. Só que... pensei que quisesse... – Castle segurou em sua cintura beijando-a mais uma vez. Kate engajou no momento já sentindo o corpo reagir ao toque dele - acho que essa energia seria bem melhor utilizada se fossemos para o quarto – ela começava a beijar-lhe o pescoço, as mãos deslizavam pelo peito – você consegue guardar um pouco dela para mais tarde?

- Claro que sim. Temos trabalho a fazer. Organizamos isso e depois podemos namorar. Primeiro a obrigação, detetive... foi o que você fez comigo naquela boate, não? Aprendo rápido, Kate – rindo ela beliscou o estomago dele.

- É, impressionante. Provando do meu próprio veneno. Tudo bem, o que precisamos fazer? – eles ficaram uma hora ainda decidindo as coisas. Quando terminaram, ambos estavam cansados. Kate o arrastou para cama e acabaram dormindo um nos braços do outro. Antes de saírem para o distrito, ela prometeu que iriam ter seu jantar naquela noite. Castle deu um beijo de despedida nela dizendo que a encontraria no distrito. Estava em casa quando ela o telefonou informando para encontra-la no endereço de uma cena de crime, um estúdio de TV onde se filmava “Temptation Lane”, uma novela famosa que até sua mãe atuara.

A vítima era Sara Cutler, a escritora responsável por alavancar a trama. Morta com um machado nas costas, provavelmente por alguém de seu próprio convívio, qualquer pessoa naquele estúdio era um possível suspeito. A morte foi simbólica, pois o primeiro roteiro que escreveu ela matou uma personagem com o machado, o que salvou a novela reafirmando a audiência e salvando o programa, mas irritando fãs. De repente, eles se viram no mundo do drama das telenovelas. Beckett descobriu mais um dos muitos conhecimentos de Castle, ele acompanhava detalhes desse universo, estava prestes a saber que Beckett também estava familiarizada com o ambiente.

O marido de Sara era diretor ali, contou que se falaram no dia anterior logo após o encerramento do dia. Estava acostumado a não ter a mulher em casa devido ao trabalho. Todos adoravam a Sara ali dentro, não podia pensar em ninguém que quisesse mata-la. Quando questionado sobre alguém de fora, ele se recordou de alguém.

- A admiradora Fox Can. Uma semana atrás Sara teve que tirar uma fã obcecada do estúdio. Ela escreve um blog extraoficial sobre a série. É uma shipper que atende pelo nome Admiradora de FoxCan.

- Uma shipper? – perguntou Castle um pouco perdido.

- É uma pessoa que torce pelos relacionamentos do programa. Nesse caso seria Joseph Fox e Angela Cannon, por isso FoxCan.

- Ah! – ele não falou mais nada além disso. Estava intrigado com o conhecimento de Beckett sobre esse pequeno universo de telenovelas, shippers e afins. Esperaria por um momento a sós para questiona-la. Quando aconteceu, ele aproveitou.

- Então, FoxCan. Joseph Fox e Angela Cannon. Como sabia o nome deles?

- Um dos policiais me informou.

- Ah – obviamente não acreditando – e os fãs de relacionamentos, shippers?

- Castle, eu leio, sabia?

- Legal – mas não iria encerrar o assunto ali.

Embora a tal fã shipper parecesse a suspeita perfeita, não tinha matado Sarah. Era apenas uma fã apaixonada por um casal e descontente com o rumo que a história estava tomando nas mãos daquela escritora. Nós vemos isso em vários momentos com muitos fãs de séries e novelas. Tudo bem, ela parecia obcecada demais na visão de Beckett e a detetive estava inclinada em cavar um pouco mais fundo. Durante uma pausa para o café, ela reafirma isso revelando um pouco mais do que gostaria.

- Não vejo aquela garota balançando um machado, muito menos saindo de casa.

- Qual o problema fã homicida não é fantasioso o bastante? – brincou Beckett.

- Quando você diz fantasioso, fantasio coisas.

- Castle, concentre-se. Estamos trabalhando.

- Eu estou... – claramente formando uma imagem em sua mente.

- Na nossa suspeita. Viu como ela é obsessiva? Ela investe nessas relações fictícias, se preocupa se Angela voltará para Alfonso, se Marguerite irá sobreviver ao câncer...

- Meu Deus! – ele estava surpreso.

- O que?

- Você assiste Temptation Lane!

- O que? Não – ela disse já se preparando para sair de fininho. Castle a interceptou na porta da minicopa.

- Ninguém disse nada sobre o câncer de Marguerite. Você sabe muito sobre shippers, sabe sobre FoxCan, você é uma grande fã de Temptation Lane.

- Certo, talvez tenha assistido uma ou duas vezes – admitiu para ver se ele a deixava em paz.

- Isso é tão deliciosamente “não você”.

- Assim diz o cara que recitou o enredo de General Hospital – retrucou.

- É totalmente diferente. Foi pesquisa e meio que algo esperado da minha pessoa.

A discussão estava a ponto de ficar acalorada quando Esposito os interrompeu para confirmar o álibi da blogueira. A investigação continuou e peça por peça, ela e Castle foram eliminando potenciais suspeitos entre verdades omitidas, mentiras escondidas, eles foram descobrindo a realidade deturpada do ambiente do showbiz. Possíveis mortes de personagens, aspiradores a escritores, mães falsas e caçadoras de dinheiro, possíveis chantagens, tudo aparecera nesse caso.

Era tarde da noite, Castle e Beckett ainda trabalhavam. Voltaram ao estúdio para verificar se a história de Lance tinha fundamento. Se encontrassem o contrato assinado permitindo a saída dele para fazer um filme, era mais um suspeito fora da lista.   

- Certo, encontrei o acordo que Sarah assinou para liberar Lance para o filme.

- Ele não mentiu.

- Quando Lance veio aqui, Sarah lhe disse que alguém não era quem ela pensava que fosse. O que você acha que era isso?

- A mulher que faz minha mãe parecer uma santa?

- Mas Sarah já havia cortado Gloria da sua vida, talvez fosse o marido traidor.

- Exceto que Lance se encontrou com Sarah depois de Mandy Bronson. No momento que Mandy apareceu, Sarah já havia decidido o que fazer com o casamento – disse Castle.

- Mesmo que Sarah tivesse decidido voltar com o marido, não significa que não tivesse duvidas – reafirmou Beckett.

- Não. Não. Tem razão. Exceto que ele tem um álibi. Todos tem álibis.

- Alguém não tem e nós vamos encontra-lo.

- Talvez devêssemos dormir – o olhar provocante de Beckett, o deixou feliz e intrigado – separadamente. Katherine Beckett, nunca pensei... – ele deixou o estúdio e Kate tinha um risinho bobo no rosto.

Bastaram dez minutos em casa para Castle perceber quem era o assassino. Ao invés de simplesmente pegar o telefone e contar sua descoberta a Beckett, ele resolveu criar um espetáculo originalmente seu. Conversou com o pessoal da direção de Temptation Lane, vendeu sua ideia e conseguiu o apoio deles para encenar uma armadilha para desmascarar o verdadeiro culpado no melhor estilo de telenovela. Assim que tinha tudo arquitetado, pediu à detetive para encontra-lo no estúdio. Certamente, Castle não negava ser filho de uma diva. A preparação e a cena escrita por ele mesmo, levou-os direto ao culpado. Ou melhor, culpada. A assistente pessoal. O motivo? Reese usara um script de outra pessoa como seu. Plagio para obter sucesso, porém Sarah descobriu e a questionou. Iria ser demitida.

De volta ao distrito, após resolver todos os pormenores da prisão, restava a Beckett o relatório do caso. Castle tinha uma pequena surpresa para a detetive. Como quem não quer nada, se aproximou da mesa dela com um envelope pardo em mãos, puxando conversa, ele atraiu a atenção dela para longe da papelada.

- Então, parece que o nosso jantar em seu apartamento está virando lenda. Quantas vezes já combinamos?

- Não existe lenda ou explicação mitológica para isso, Castle. Apenas trabalho.

- Falando em trabalho, tenho uma noticia desagradável para você. Nosso fim de semana nos Hamptons terá que ser adiado por uma semana. Gina não para de me chatear com os prazos estourados do meu livro.

- Eu pensei que estava tudo bem. Faltava tão pouco para terminar da ultima vez que me comentou sobre ele, cinco capítulos, não? O que houve?

- Casos, decepções, muito perigo e arranjei uma namorada... – ela sorriu.

- Nem pense em me culpar por isso!

- Não estou te culpando, Kate. Mas estou devendo, portanto preciso desse final de semana para escrever. Quero tirar Gina do meu pé. Se finalizar até quarta, prometo que serei todo seu nos Hamptons.

- Melhor não aparecer por aqui amanhã, Castle. Se aparecer, eu mesma te expulso porque não vou admitir perder outro período nos Hamptons por causa da Gina.

- Entendi o recado – ele começou a balançar o envelope nas mãos até que Beckett se pronunciasse.

- O que foi? – ela perguntou.

- Tenho um presente – disse entregando o envelope nas mãos dela. Kate abriu curiosa e se deparou com uma surpresa.

- Foto autografada do elenco de “Temptation Lane” – o sorriso maravilhoso apareceu no rosto – como você conseguiu isso?

- Conheço pessoas que conhecem pessoas – ele disse se gabando. Pelo olhar trocado, ela sabia que teria que contar a verdade para saciar a curiosidade do escritor.

- Certo – ela riu – eu tinha nove anos, tiraram minhas amídalas e eu estava triste. Então, minha mãe deu um tempo no trabalho e ficou comigo. Nos aninhamos em frente a TV, no sofá e assistimos os episódios de “Temptation Lane”. Então todas as vezes que vejo agora, me faz me sentir em casa... – o olhar dela era saudosista e feliz - e segura. É isso. Julgue.

- Meu DVR faria o seu parecer “Masterpiece Theater”. Mas estou feliz em saber isso sobre você – ele esticou a mão para toca-la. Sorriu – bem, o dever me chama – o celular de Beckett começou a tocar, ele viu que era Dana – vou deixa-la atender. Nos falamos mais tarde?

- Sim, com certeza – Beckett pegou o celular, se Castle tinha que escrever, essa seria uma ótima hora para conversar com sua amiga sobre os últimos acontecimentos – oi, Dana! Estava pronta para ligar para você.

- Mentirosa! Você está me evitando.

- Deixa de besteira. Que tal almoçarmos juntas amanhã e acabar logo com essa tarefa ridícula?

- Estou dentro. Onde? 

- Remy’s. Uma da tarde. Vejo você amanhã.

- Não vai liberar nem uma dica da nossa conversa?


- Não, nada de spoilers. Até amanhã, Dana – desligou o telefone rindo. A amiga nem imaginava o que iria escutar no almoço.                 


Continua........