sexta-feira, 12 de junho de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.21


Nota da Autora: Temos visita no 12th distrito e o capítulo continua no rumo do angst psicologico! porém, acredito que vocês irão gostar de algumas colocações feitas nessa história. A base é o episódio Nikki Heat, tomei a liberdade de mudar algumas falas e acrescentar o que era importante em termos de relacionamento. Talvez não tenha ficado exatamente como imaginei, dor de cabeça e febre são pessimas companheiras de escritores... 

Dana está quase sem argumentos para fazer a cega da Kate enxergar a luz mas...............

O angst continua e o fim da viagem parece próxima... ou não! Enjoy! 


Cap.21          


Kate estava em casa quando o celular tocou anunciando que tinha um novo caso. Era a hora de voltar a por sua ideia em pratica. Ligou para a atriz e em seguida para Castle. O que Kate não imaginava era que trazer Nathalie para seu universo se mostraria uma tarefa bem difícil de encarar.

Na cena do crime, ela foi a primeira a chegar. Castle se atrasara um pouco o que era ótimo, pois fora interceptado por Ryan mostrando o anel que comprara para pedir Jenny em casamento. Empolgado, ele começou a sugerir milhares de pedidos loucos desde balão até escrever no céu ou em um telão. Vendo a discussão dos dois, Beckett se meteu. Na sua opinião, nada melhor que um momento íntimo.

- Então, ele tem que ser chato e apenas perguntar “Quer casar comigo?” – no momento que fez isso, mostrava o anel para Kate causando uma certa surpresa ao vê-lo a sua frente com aquele anel. Evitando piorar a situação, Kate retrucou o passeio de helicóptero e focou no assassinato. A vítima era uma casamenteira de luxo. Ela estava numa festa feita pelos casais que ela uniu. Saiu antes das dez. A hora da morte está entre dez e onze da noite, as chaves dela estavam sumidas. Beckett pediu para entrevistarem os casais.

Um carro grande e chamativo parou bem na cena do crime deles. Castle até brincou ser uma visita surpresa do prefeito, mas Beckett estava lá para surpreendê-lo.

- Nossa! É Nathalie Rhodes – exclamou Esposito.

- Com certeza. Aparentemente ela está fazendo Nikki Heat.

- O que ela faz aqui? – perguntou Castle.

- Ela ligou e pediu para me acompanhar por um tempo. Ela queria uma sensação fiel de como é ser Nikki seguindo a pessoa que inspirou Nikki.

- E você disse sim? – Castle estava realmente surpreso vendo Nathalie se aproximar.

- Disse – Beckett respondeu com um sorriso.

- Detetive Beckett, meu Deus! Você é exatamente como imaginei que Nikki Heat se pareceria.

- Nathalie, esse é Richard Castle. E este o detetive Javier Esposito – ela cumprimentou aos dois sem dar muita importância.

- Só para que saiba, detetive, sou bem metódica. Então tudo se refere a entrar em você, o que começa com observação e anotação.

- Bem, observe e anote então. Já estou acostumada – disse olhando para Castle. O escritor estava intrigado com o fato da atriz não ter apreciado ou mesmo bajulado sua pessoa.

- Desculpe, acredito que não ouviu, sou Rick Castle. Eu escrevi Heat Wave.

- Achei que seu nome soava familiar – novamente a atriz não dera muita importância para Castle. Beckett tornou a dar ordens aos rapazes e explicar a Nathalie como a investigação funcionava em sua volta ao distrito. Porém, não era todo dia que se recebia alguém de Hollywood ali. Ninguém queria perder a oportunidade de observa-la.

- Sinto muito pelas encaradas. Já falei com eles, mas é que... não é todo dia que temos alguém famoso aqui – ela percebeu a cara de desdém de Castle. Impagável – Ouçam,todos. Essa é Nathalie Rhodes. Ela me acompanhará por um tempinho, então se querem ficar babando, superem isso para que possamos voltar ao trabalho.

- Se alguém quer uma foto ou um autografo, venham cá – disse Nathalie jogando o casaco e a bolsa sobre os braços de Castle. Beckett estava satisfeita com a ideia de chamar a atriz para sua companhia. Era óbvio que isso estava mexendo com Castle ainda de maneira nada prazerosa, mas ela pretendia virar o jogo a seu favor. Ele chateado reclamou com a detetive.

- Não acredito que disse que tudo bem ela nos seguir sem me consultar antes.

- Não “nós”, Castle. Eu.

- Você gosta dela, não?

- Gosto. Pensei que você ia ficar feliz em ver uma atriz como Nathalie circulando por aqui para aprender comigo. Quero ajudar a dar autenticidade a Nikki, afinal ela é inspirada em mim, certo? Além disso, o jeito que ela decapitou zumbis com a espada de samurai foi bem legal – Beckett reparou no sorriso dele. Castle gostou de ver a iniciativa dela quanto ao interagir com seu filme e se mostrar interessada, mesmo assim ele não conseguia enxergar Nathalie como sua Nikki, fora assim desde que o diretor apresentou sua preferência por ela. Talvez a não aceitação da atriz resumia-se ao simples fato de que ele apenas conseguia ver Beckett como sua Nikki.

- Mas não faz dela Nikki Heat – de repente, Castle começou a falar de Nikki e obviamente estava falando de Kate – Nikki Heat é elegante, complicada, ele é a fantasia de todos os policiais.

- Não pode julgar um livro pela capa – disse Beckett se divertindo com a forma que descrevera a personagem.

- Na verdade eu posso quando o livro é meu. Ela é uma civil. Não teme que fique no caminho e estrague o caso?

- Está brincando não é? – Beckett revirou os olhos diante do comentário de Castle. Beckett jogou o casaco sobre ele também e chamou Nathalie para a sua primeira entrevista. Durante o momento, ela explicava como as coisas funcionavam, ela gostava de algumas frases de Beckett e apesar de todos os esforços do escritor, nenhuma das suas frases foi copiada pela atriz. Durante a entrevista, eles confirmaram que nenhum dos casais teria motivo para mata-la, a assistente levantou o caso do namorado que Stacey brigara e dispensara e Brad dirigia o mesmo tipo de carro que fora visto na cena do crime tecnicamente pegando a vítima.

Ao ser interrogado por Beckett. Brad jurou que não matara e nem arrombara o seu escritório em busca de algo. Fora traído por Stacey o que poderia ser um ótimo motivo para matar, não? Ele a seguiu e sabia que o cara era um pobretão. Na noite do assassinato, ele a confrontou mais uma vez, quando ela estava prestes a entrar no carro dele, recebeu uma ligação e sumiu. Enquanto fazia a entrevista, Nathalie observava o jeito da detetive trabalhar, estava encantada. Ao perguntar se ela havia gostado de Heat Wave, Castle fez uma descoberta nada agradável, ela não lera seu livro. Para ele, um verdadeiro crime. Eles confirmaram o álibi do ex-namorado. Depois de receber algumas novas informações sobre uma chave desconhecida que podia explicar o motivo do assassinato, foi a vez de Beckett fazer uma parada para um café com Nathalie.

Estavam conversando descontraídas quando a atriz começou a falar sobre Beckett. Ela já tinha observado muitos pontos interessantes sobre Kate.

- Você é incrível! Na verdade já saquei alguns de seus segredinhos – disse Nathalie.

- Sério? Tipo o que? – perguntou Beckett colocando o cabelo para trás das orelhas.

- Essa coisa que faz, de pôr o cabelo atrás da orelha, é para distrair quem está falando com você. Dá alguns segundos extras para pensar no que dizer.

- Sério? Não sabia disso – Kate não podia esconder que estava impressionada pela rápida leitura que fizera dela.

- É, e tem esses sapatos loucamente altos. Deus, deve ser horrível correr com eles. Não admitiria, mas é difícil ser uma mulher atraente em uma profissão cheia de testosterona. Te dão estatura. Quando os caras têm que olhar, literalmente, para cima. Uma vantagem psicológica.

- Está certa sobre os saltos e a estatura. Mas não é porque eu precise. É porque gosto.

Elas foram interrompidas por novas pistas do caso. Porém, isso não impediu que Beckett ficasse intrigada com a forma que a atriz analisava-a, começava a pensar se teria sido uma boa ideia. De uma coisa já tinha certeza, Castle não estava nada satisfeito com os comentários de Nathalie ou mesmo a atenção que Kate vinha dando a atriz e não a ele.

Continuaram a investigação e a pista levou-os a um possível cliente. Beckett mandou Esposito checar as informações. Castle e Nathalie conversavam sobre ela.

- Ela é muito esperta. Sexy, dominante. Um belo dia, talvez eu seja um dos três.

- Para isso que está aqui, não é? Aprender o jeito de Beckett?

- Estou tentando. Nikki é uma personagem tão interessante e complexa. Só quero entendê-la direito, sabe? – aquele comentário surpreendeu Castle.

- É verdade que morou no porão de sua casa por uma semana para se preparar para "Porão do Inferno"?

- Não. Um mês. Eu disse aos tabloides uma semana porque não queria que me achassem obsessiva – certo, ele estava impressionado.

A próxima pista revelou o que a chave abria e com ela, Beckett encontrou uma bolsa cheia de dólares. Pelo menos cem mil. Então, Nathalie deu uma boa pista, o registro da bolsa. Como custavam seis mil dólares eram todas registradas através de um numero de serie. E eles chegaram a um nome. Tonya Wellington.

- Você pode ter acabado de solucionar este caso.

- Sério?

- É.

- É viciante, não? A adrenalina de resolver um crime?

- É. Não consegui isso através do roteiro.

-É. Você deve mesmo ler o livro – ele tinha que insistir e a resposta, valeu a pena.

-Eu definitivamente irei.

Quando os rapazes voltaram com a informação de que Tonya e o marido estavam na lista de Stacey, as coisas ficaram confusas ate afirmarem que eles declinaram o convite. Beckett ficou mesmo animada e com uma pose ordenou que os rapazes trouxessem a suspeita para investigação. As reações entre estranho, assustador e sexy de cada um dos rapazes incluindo Castle, pegou Beckett de surpresa, Nathalie estava imitando-a quase que perfeitamente.

- Só estou trabalhando na sua postura. Você muda dependendo se há um suspeito ou não.

- Sério?

- Como eu disse, entrando na sua cabeça. Quando eu acabar, te imitarei melhor que você.

Aquilo estava ficando bem estranho, Nathalie conseguiu deixar Beckett totalmente desconfortável. Castle mesmo percebera a insegurança demonstrada na frente dele. Kate começava a achar que essa ideia de apoiar Nikki Heat fora um tiro errado, não havia mudança em sua relação com Castle, na verdade nem conseguia passar um pouco mais de tempo com ele e, nunca pensou que você falar isso um dia, mas a observação da atriz era bem mais irritante que a do escritor. Definitivamente cometera um erro, apenas não sabia as reais proporções dele. Nathalie a surpreenderia novamente e não de modo positivo. Imagine se ela soubesse que ficava recitando suas falas.

Kate foi para casa preocupada com o comportamento de Nathalie e pensativa sobre como isso podia refletir sua relação com Castle. O fato dele estar sendo ignorado pela atriz, era bom porque Kate passava a ser o centro das atenções, contudo mantê-lo afastado não era o que esperava quando decidira por trazer um pouco de Nikki Heat ao convívio diário deles. A forma como Nathalie agia começava a assusta-la. E não era para menos.

Na manhã seguinte, Castle parecia bem mais satisfeito com a possibilidade de ter Nathalie vivendo Nikki no cinema. Estar ao lado dela e ver como a atriz se preocupava em imitar Beckett o enchia de orgulho por perceber que as qualidades que sempre chamaram sua atenção na detetive eram captadas por outros. De bom humor, ele passou na cafeteria para levar um mimo para Kate. Ela iria gostar de vê-lo chegando com o café.

E Castle não tinha ideia do quanto Beckett precisava daquele café. Ela estava no distrito desde às oito horas da manhã tendo uma experiência nada agradável. Só havia uma palavra para descrever o que estava sentindo: frustração. Seu quadro de evidências? Era Nathalie quem dominava e atualizava. Ordens? Ela dizia a Ryan e Esposito o que fazer. Cheque e confirmações de novas pistas? Ela fazia. De repente, Beckett se viu presa em seu próprio território. Nathalie simplesmente se apossara de tudo, elevando sua irritação ao extremo. De mãos atadas, ela se controlava para não perder a compostura. Isso estava se tornando um pesadelo.

Quando viu Castle entrando no salão, ela pensou que finalmente pudesse respirar aliviada. Ele a entenderia. Os olhos brilharam ao ver o café nas mãos dele, mas antes que pudesse pensar em pegar o copo, Nathalie se antecipou deixando Castle sem graça por pegar a bebida que trouxera para Beckett.

- Obrigada, Castle.

- Este... eu ia... – ele olhou espantado para Kate com um olhar de quem pede desculpas – de nada. Então, onde estamos? - Como fazia sempre, ele começou a perguntar sobre o status do caso, porém ficou surpreso com o que presenciou a cada pergunta.         

- Ryan e Esposito estão investigando Tonya Wellington.

- E Duke Jones? A vizinha confirmou a noite romântica? – claro que ele perguntara para Beckett, mas parece que a detetive fora ofuscada pela atriz.

- Ele... – Beckett tentou responder, sem sucesso.

- Assim como outros vizinhos que reclamaram do barulho, então Duke Jones tem um álibi.

- Isso que ela disse – respondeu Beckett e com um pedido quase suplicante ela perguntou - Podemos conversar um segundo?

- Claro – Kate o puxou tão rapidamente para uma das salas do distrito que Castle se viu acuado. Finalmente à sós, ele pode ver o olhar de desespero estampado no rosto dela. Definitivamente, não estava tendo um bom dia. 

- Ela pegou meu café, Castle!

- É só café...

- Só café? Você mais do que ninguém sabe que não é só café. Significa muito mais. E o que vem a seguir, minha alma? Tudo o que faço, ela faz. Mesmo quando estou pensando, posso senti-la em minha cabeça, como uma parasita comedora de cérebro dos filmes dela. Isso foi uma péssima ideia. 

- Ela é uma atriz dedicada, só quer fazer um bom trabalho.

- Castle, você não entende? Isso era para ser uma coisa boa, queria contribuir com o seu filme, uma oportunidade de mostrar a você que me importo, agrada-lo e olha pra aquilo! – ela apontava para o vidro indicando as posições estranhas de Nathalie de frente para o quadro branco – está virando um pesadelo. Eu preciso do meu café, Castle. Do meu controle – ela passou as mãos nos cabelos, chateada. Castle entendeu o momento de desespero. Aproximou-se dela apoiando suas mãos nos ombros. 

- Hey, está tudo bem. Você somente está um pouco apreensiva. Não está acostumada com as loucuras de uma atriz de Hollywood. Acredite, ela está querendo entender e absorver o melhor de Kate Beckett para compor o personagem que viverá no cinema. Até agora vem fazendo um bom trabalho, ela é só elogios para você.

- Você gosta dela, está defendendo o que ela está fazendo... – e essa não era a minha intenção nem de longe, pensou Beckett.

- Não estou defendendo. Confesso que no início não gostei da ideia de vê-la por aqui atrapalhando nossa interação durante a investigação, nem queria Nathalie como a minha Nikki, mas ela vem me surpreendendo. Respire fundo – ele esperou que Kate se acalmasse – agora, vem comigo. Vou fazer um café para você. Sei que não funciona sem cafeína.

Então, Castle a levou até a minicopa e preparou uma bela xícara de café especialmente para a detetive. O gesto agradou Kate e melhorou seu humor dando-lhe coragem para continuar a investigação. O caso os levou até o marido de Tonya. Ele tinha um álibi estava em Hong Kong. Os demais suspeitos desapareceram, mas Beckett quis dar uma chance a uma informação que adquirira durante o último interrogatório. Nathalie recebera uma encomenda que segundo ela iria ajuda-la a compor a personagem. A suspeita acabou sendo boa. Ryan e Esposito descobriram o verdadeiro nome de Chloe, Greta e já disparou um APB. Quando estava conversando com Castle sobre as próximas possibilidades, Nathalie surge declamando uma das frases mencionada por Beckett. Porém, não era somente isso. Nathalie se transformara em Beckett. O cabelo, as roupas e o jeito de se portar. Ao vê-la lado a lado com Beckett, Castle ficou boquiaberto deixando o lápis que segurava escapar-lhe. De olhos vidrados, ele falou sinceramente sobre a imagem a sua frente.

- Exatamente como eu sonhei. Por... Eu disse isso em voz alta? – ele continuava hipnotizado. Nesse instante, uma policial entra na sala e refere-se a Nathalie como Beckett.

- Obrigada, Johnson. É Johnson, certo?

-É Velasquez – disse Beckett arrancando a pasta com a informação das mãos dela - E você não sou eu.

- Não – Nathalie concordou debruçando-se sobre a mesa na direção de Castle que ainda tinha um olhar bobo e perdido, flertando com ele - Mas estou quase lá.

- Com certeza está – ele concordou fazendo Kate se remoer de ciúmes com o jeito dos dois. Precisava fazer algo.

- Está bem – Kate se colocou na mesma posição de Nathalie emburrando-a para passar a mensagem de quem mandava ali - Estamos atrás da Greta, e já estamos rastreando os cartões do Duke. Por que não paramos por hoje?

- O quê? Mas ainda é cedo – disse Nathalie.

- É – concordou um ainda embasbacado Castle.

- É um trabalho de alto estresse. E não quero que ninguém fique esgotado – ok, era uma mentira apenas para se livrar do encosto de Nathalie Rhodes.

- Tudo bem. Vou arrumar minhas coisas – disse a atriz e saiu da sala. Beckett fechou a porta virando-se para ele devidamente irritada.

- Não pode me dizer que é normal.

- Ela só está comprometida com o papel. Deveria estar lisonjeada – saiu da sala já pensando em ficar um pouco mais com Nathalie, a transformação dela realmente mexera com ele.

- Deveria. Claro – Beckett começou a falar sozinha - Até ela roubar meu namorado e me matar enquanto durmo. O que estou dizendo? Castle não é meu namorado, mas poderia ser. Aliás, é isso que você queria, não? Melhor ver o que aquela maluca estava aprontando porque se conhecia Castle, ele iria ceder facilmente a Nathalie achando que poderia ser a própria Beckett.

Castle se ofereceu para carregar a caixa para ela, como um perfeito cavalheiro. A caminho do elevador, engajaram em uma conversa sobre a personagem mesmo com o jeito ainda bobo diante da excelente imitação de Beckett.

- Então, o que acha? Sou tudo que você imaginou que Nikki seria? Li "Heat Wave" na noite passada.

- Sério?

- Você está certo. Foi muito melhor do que o roteiro. Continuei e li "Naked Heat". Percebi que o personagem Jameson Rook é baseado em você.

-Acho que me baseei em meu relacionamento com a Detetive Beckett.

-Até as cenas de sexo?

-Não, isso foi só... – mas Castle nem teve a chance de responder direito, ela já completou da sua própria cabeça.

- Fantasia...Como eu, agora? – visivelmente se oferecendo.   

- Foi só para dar ao público o que eles querem – essa é uma mentira.

- Claro – eles já estavam dentro do elevador quando Nathalie começou a se aproximar dele, tornando as coisas mais perigosas - O roteiro fala muito da paixão entre Nikki e Rook. E se eu quiser interpretar a Nikki direito...Tenho que sentir esse calor – ela estava com o corpo colado no de Castle. Ele não poderia ceder à tentação.

-Natalie, eu...

-Não é Natalie. É Nikki – e sem maiores explicações, ela o beijou fazendo Castle derrubar o pacote que segurava.

Suas suposições estavam certas. Ao voltar ao salão, ela ouviu o baque da caixa tocar o chão fazendo-a olhar para o elevador exatamente no instante que o beijo acontecia. Perplexa, a reação boquiaberta fora inevitável. Por que as coisas davam tão erradas para ela? Da mesma forma que estava sua mesa, ela deixou pegando apenas a bolsa e deixando o distrito através das escadas.

Lá estava ela querendo mostrar que se importa para Castle e tudo o que conseguiu foi jogar mais uma mulher nos braços dele.

- Como você é idiota, Kate Beckett! O que você estava pensando em fazer algo assim? Nathalie é uma mulher bonita atraente e agora era uma imitação dela e isso certamente mexeria com Castle. Na falta da original, quem disse que não agarraria a genérica? Droga! Ele pode dormir com ela e ainda alegar que foi em nome da pesquisa – falava sozinha caminhando pelas ruas seguindo para casa.

Assim que o elevador chegou ao térreo, Castle ainda estava meio zonzo depois do beijo que recebera de Nikki ou melhor, de Nathalie. Ela nem deu tempo para ele pensar, em segundos estavam dentro de um taxi rumo ao hotel onde ela estava hospedada. Quando entraram na suíte ocupada por ela, Nathalie sequer deu tempo para ele se preparar, empurrou-o contra a parede para beija-lo novamente.

- Vamos, Rook, mostre o que faz Nikki pegar fogo... – o encontro dos lábios foi estranho. Não que fosse um beijo ruim, era diferente. Castle conseguiu empurra-la afastando-a de seu corpo. Por mais que estivesse parecida com Kate, não era a sua detetive, estava longe de suprir as necessidades que tinha de tocar a verdadeira Beckett.

- Espere, Nathalie.... e-eu estou lisonjeado por você querer.... eu não posso.

- Isso é alguma espécie de encenação, Rook? – ela já se inclinava na direção dele para beija-lo mais uma vez, porém Castle a segurou.

- Não estou fingindo ou encenando, Nathalie. Sinto muito, não posso. Não é nada com você, acredite. Seria uma excelente fantasia exceto por não... – ele se calou. Não podia dizer a ela sobre Kate – eu preciso ir para casa. Boa noite, nos vemos amanhã.

XXXXXXX

Castle chegou ao 12th distrito cedo pela manhã trazendo dois copos de café. Esperava que Nathalie ainda não tivesse por ali para que Kate pudesse saborear sua dose de cafeína matinal. Ele sabia que ela estava muito chateada ontem após a transformação da atriz em uma copia sua e consequentemente de seu alter ego.

- Bom dia, detetive.

- É para mim ou minha versão fictícia? Ou já cuidou dela esta manhã?

- O que isso quer dizer?

- Eu... – ela estava prestes a dizer que o vira no elevador com Nathalie quando ouviu os gritos de Ryan pelo salão e uma Jenny correndo chorosa.

- Jenny! Jenny! Espera! – ela entrou no elevador dando de cara com a atriz.

- Eu te odeio, Kevin Ryan.         

- Isso foi dramático. O que houve? – a pergunta foi de Nathalie, mas todos queriam entender o que estava acontecendo. Então, Ryan explicou o que acontecera quando decidiu pedir a mão de Jenny aos seus pais, porém como teve que contar uma pequena mentira, Jenny veio a delegacia trazer seu celular e acabou sendo pego por ela, Esposito dedurou-o sem querer e ela deduziu que Ryan tinha saído com Nathalie Rhodes devido ao lance da lista dos top 5.

- Devia ligar para ela – disse Ryan.

Esposito tinha novidades quanto ao caso. Nenhum policial procurara por Greta, porém descobriram que ela e Stacey usaram um cartão corporativo da vítima para fazer reservas em dois hotéis de luxo, tudo indicava que Wellington não era o único a receber um golpe delas. Beckett pediu para que eles averiguassem nos hotéis sobre Greta. Castle pediu licença para falar com Ryan deixando Beckett e Nathalie sozinhas. Ela olhava curiosa para a detetive, um olhar que não deixava Kate nem um pouco confortável.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Claro – ela assentiu levando o copo de café que Castle deixara sobre sua mesa aos lábios em um longo gole.

- O Castle é gay? – Kate cuspiu o café diante da pergunta inusitada de Nathalie e tratou de responder quase que imediatamente.

- Desculpa, o que? Não, não! – a convicção nem um pouco abalada pelo choque.

- Então, vocês são um casal, mas querem guardar segredo? – a atriz insistiu.

- Não somos um casal – pelo menos não nesses tempos, pensou – por que?

- Noite passada, eu o levei ao meu hotel. E quando estávamos lá, ele me disse algo que nunca ouvi de um homem antes.

- O quê? – a curiosidade de Kate era maior do que a provável humilhação de descobrir que Castle dormira com ela.

-"Não."

-"Não"? – visivelmente surpresa por descobrir que aparentemente nada acontecera.

- Não entendo. Ele gosta de você. Mas você está determinada a não ceder aos sentimentos que claramente tem por ele. Então ele fantasia com você pela escrita. É masturbação verbal, literalmente.

- O que tudo isso tem a ver comigo? – como ela conseguiu perceber tudo isso em apenas dois dias? Kate se perguntava mentalmente.

- Não estou usando este casaco pela minha saúde. Você é Nikki Heat. Ele é Jameson Rook. Preciso dormir com ele pela minha personagem. Pode falar com ele?

- E dizer o quê? – essa mulher é louca!

- Não sei. Dê permissão ou algo assim.

Kate não acreditava no que acabara de ouvir. Perplexa pela loucura que parecia esse diálogo, ela precisava de um tempo sozinha, respirar fundo longe dessa criatura maluca.

- Preciso ir. Bem ali – Kate estava atônita diante dos últimos fatos. Nathalie Rhodes, uma pessoa que mal a conhecia acabara de acusa-la de ter sentimentos por Castle como Dana fizera, a diferença era que a terapeuta e amiga a conhecia a muitos anos, sabia da história. Ela dedicou-se a preparar uma xícara de café como ele a ensinara. Então, outra pergunta martelava na cabeça dela. Ele se recusara a dormir com Nathalie, ou melhor com a sua versão dos livros. Isso deixou Kate chateada. Não que ela quisesse que Castle dormisse com a atriz, mas ali ela era uma cópia quase perfeita de Beckett, disfarçada de Nikki. Castle estaria evitando qualquer contato com ela? Será que tinha algo a ver com Ellen ou o motivo era bem diferente?

Estava escondida na minicopa observando o jeito obsessivo que Nathalie fitava o quadro. Via escrevendo algo e analisando os dados a sua frente inclinando o corpo para o lado. Não viu quando Castle se aproximou ficando ao seu lado.

- Está tudo bem? – a princípio não respondeu ainda de olho em Nathalie, resolveu perguntar.

- Eu realmente faço isso?

- Sim. E é adorável – ele respondeu. Virando-se para fita-lo, a pergunta foi espontânea.

- Se é tão adorável, por que não dormiu comigo? – por um segundo viu o olhar de espanto no rosto de Castle, nem ela esperava sair com essa pergunta - Ela "eu", não eu de verdade.

- A personagem fictícia que eu escrevi, baseada em você, interpretada por Natalie Rhodes? Por que me contentaria com a versão falsa quando já experimentei a original – ao ver Beckett começar a querer revirar os olhos, complementou – você sabe porque, no fundo sabe – Kate soltou um suspiro frustrado.

- Ok, nada disso está dando certo. Eu quis agrada-lo e acabei transformando minha vida na delegacia em um inferno. Eu vi que ela o agarrou no elevador, não gostei. Nathalie é o tipo de mulher que não desiste fácil, ela veio pedir minha permissão para dormir com você, pelo amor de Deus! E quer saber do que mais? Da mesma forma, não gostei do seu jantar com Ellen, de ser trocada por uma editora. De repente, perdi meu parceiro para uma mulher metida a socialite. E você nunca recusara um caso antes e agora está pensando em morar na Itália. Parabéns, Castle. Você conseguiu me deixar possessa de ciúmes, senti na pele o que fiz com você. E tem razão, é horrível. Não gostei mesmo. Se queria se vingar, conseguiu.

- Isso é revelador. Claro que sei que estava com ciúmes todas às vezes. É bom que tenha entendido o que é magoar uma pessoa.

- Castle, você estava me testando? Queria me ver irritada?

- Não, eu apenas tinha que encontrar outras formas de seguir adiante. Foi você quem começou a dificultar as coisas.

- Eu estou falando a verdade. Eu me importo e não quero que vá embora.

- É bom saber, mas pergunte-se. É suficiente? – Beckett entendera a pergunta e estava ponderando o que responder quando Ryan se aproximou com novidades do caso. Esposito também chegou junto e informou que encontraram Greta, ela acabara de vir para o distrito. Observando o jeito de Nathalie agindo como uma doida mostrando o distintivo, Beckett optou por esperar ali mesmo. Queria distância da atriz.

Infelizmente, Nathalie não se importava com o que Beckett pensa ou deixava de pensar. Adentrou a minicopa a sua procura e foi logo perguntando.

- Vi Castle sair faz uns dez minutos daqui, você falou com ele?

- Falar com ele? Sobre o que?

- Sobre a sua permissão para eu transar com Castle. Ele não vai ceder às minhas provocações e cantadas se você não permitir. Pensei que era sobre isso que estavam conversando.

- Nathalie, isso é loucura. Não vou falar disso com Castle. Não é certo, aliás é tão errado que nem merece a minha atenção.

- Mas, Beckett é em nome da arte. É pesquisa. Prometo que não envolverá sentimentos, ele não faz meu tipo e prometo que terá seu admirador de volta e intacto. Quer dizer, não posso garantir que ele não se apaixonará por mim... aí já é um problema seu.
Beckett passou a mão no rosto. Não acreditava que estava ouvindo aquilo. Era tão sem noção que sequer tinha argumentos para discutir com a mulher a sua frente. 

- Pela última vez, Nathalie. Castle não é meu namorado, eu não vou discutir esse assunto com ele nem dar qualquer permissão. Quanto à arte, se for tão importante assim, fique logo nua na frente dele – morrendo de raiva, Beckett saiu pisando firme rumo ao banheiro feminino, único lugar que imaginava ter um pouco de paz. Fechando-se em um dos banheiros, ela soltou um grito frustrada.

Após acalmar-se, ela voltou ao salão bem a tempo de encontrar Greta já disponível para o interrogatório. Conforme prometera, ela chamou Nathalie para acompanha-la nessa nova etapa da investigação. Antes de chegarem a sala, Castle a puxou pela mão afastando-a um pouco de Nathalie.

- Está tudo bem?

- Está. Por que?

- Nathalie disse que você se sentiu um pouco indisposta. Fiquei preocupado. Quer comer alguma coisa? Olha, eu não tenho nada aqui, exceto – ele puxou uma pequena barra de chocolate – pode ajudar com a pressão.

- Obrigada, Castle – ela pegou a barra e enfiou no bolso. Tinha trabalho a fazer – eu como depois. 

Claro que a entrevista na sala foi bem agitada com Nathalie dando uma demonstração bem exagerada que acabou surtindo efeito e fazendo Greta revelar o nome dos outros dois maridos traidores que Stacey queria atacar. Uma boa pesquisa e chegaram ao assassino, aquele sem álibi.

- O que me diz, Natalie, quer ir conosco na sua primeira prisão?

- Pode apostar. Vamos pegar esse traidor de merda. Foi exagerado?

- Eu geralmente digo "vamos lá".

- Viu? Menos é mais – concluiu Nathalie.

Quando chegaram ao escritório de Scott, após o acusarem e Beckett informar que ele estava preso pelo assassinato de Stacey, a situação ficou tensa. Scott puxou uma arma ameaçando se matar. Beckett o encorajava a largar a arma mantendo os olhos atentos aos movimentos do homem desesperado a sua frente. De repente, Castle viu Nathalie começar a recitar as frases da cena que recebera do diretor sobre o teste dela. As palavras pareciam fluir da maneira correta e afetaram Scott de maneira positiva fazendo-o soltar a arma para que Beckett o algemasse. Parece que o roteiro não era tão mal assim, concluiu Castle.

De volta ao distrito, Nathalie fitava novamente o quadro de evidências.

- Realmente, é trágico. Tudo que Stacey queria era salvar essas mulheres de serem prejudicadas nos divórcios. Ao invés disso, acabou sendo morta.

- Graças a você, só temos uma morte nas mãos.

- Estou feliz que tudo deu certo – disse Nathalie - Mas poderia ter tido mais uma tomada.Teria adicionado mais emoção à última fala. Ao invés de "abaixe essa arma." Deveria ter dito, "abaixe... essa arma." Sentiram a diferença? Outra profundidade.

- Para mim, ficou bom. Soou como eu – disse Beckett.

- Obrigada por tudo, Kate – ela abraçou a detetive - Vou tentar fazer justiça a você e a Nikki. Mesmo não tendo feito toda a pesquisa que gostaria – ela pegou suas coisas e dirigiu-se a Castle - Me visite no set, Castle.

- Não perderia por nada – olhando para Beckett que já lançava um olhar fuzilador para ele, repetiu - Não perderia.

Jenny apareceu no salão e o rosto de Ryan se iluminou. Castle e Beckett se afastaram ambos disfarçando fingindo não prestarem atenção ao que eles faziam. Depois de um pedido de desculpas, ele pediu licença. Beckett já sabia o que aconteceria a seguir. E bem ali, no meio do 12th distrito, Ryan pediu Jenny em casamento.

- Isso foi grande! – exclamou Castle.

- E íntimo – completou Beckett claramente emocionada com a cena. Eles foram cumprimentar os amigos e Castle sugeriu uma comemoração no seu bar, mas os noivos agradeceram e disseram que precisavam comemorar com a família. Após as pessoas se dispersarem, Castle estava sentado na sua cadeira observando os gestos de Beckett ao limpar o quadro a sua frente. Por mais que Nathalie tentasse, ninguém conseguia ser tão linda e graciosa como Kate. Estava pensando se deveria contar a ela sobre Ellen, o que era real ou se deveria levar a história um pouco mais adiante.

Eles deram um grande passo hoje. Kate demonstrava seu ciúme e também parte de desapontamento quando o questionou sobre não ter dormido com Nathalie, talvez estivesse com medo de saber que ele tinha seguido em frente. Como se não quisesse pensar nela. Era exatamente isso que ela pretendia demonstrar ao dizer que não queria perde-lo, certo?

- No que está pensando? – ela perguntou olhando intrigada para o homem sereno a sua frente.

- Em algumas coisas que aconteceram durante esse caso. Ideias que surgiram para o meu livro. O que me lembra, tenho que agradecer a você. Quando recebi do diretor do filme o disco com o teste de Nathalie, eu detestei. Não a queria para fazer o papel da minha detetive. Graças a você pude ver o quanto estava errado. Apesar de ter alguns tropeços e filmes duvidosos em seu currículo, ela capturou bem o espírito de Nikki.

- Acredite, ela dará uma excelente Nikki Heat. Bem mais do que esperava para ser sincera. Cheguei a ficar com medo dela – Beckett sentou-se na sua cadeira com algumas das fotos em mãos e um sorriso nos lábios, apoiando os braços na mesa, ela o fitou – não precisa agradecer. Fiz porque acredito na história e queria contribuir para o filme, além do mais, não ia aceitar que Nikki Heat fosse banalizada na tela de cinema. Não depois de toda a exposição que tive que lidar da minha própria vida. Isso tinha que valer para algo, não?

- É verdade – Ryan e Jenny passaram por eles abraçados e sorrindo, acenaram um adeus que ambos retribuíram – wow! Ryan está noivo. Eles formam um belo casal, não? – viu o sorriso largo de Beckett ao mencionar o fato.

- Sim, um belo casal.

- Sim, eles se amam. Dá pra ver em seus olhos aquele brilho especial. Quem diria, esse distrito ser parte de um momento especial, palco para um pedido de casamento. Espero que isso traga sorte para todos aqui. Um lugar onde se luta por justiça com tantos criminosos deve ser privilegiado por um dia poder celebrar o amor.

Kate ficou encarando-o absorvendo as palavras ditas por Castle.

- De onde você tira essas palavras? Como sabe o que dizer para tornar os momentos tão significativos?

- Esqueceu, detetive? Sou um escritor. Você acha que algum dia terá a mesma sorte de Ryan? Ter alguém especial, casar-se? – sim, ele estava instigando-a.

- Não penso muito sobre isso.

- Pensei que era algo mandatório para qualquer mulher, mesmo para Kate Beckett. Vem me dizer que nunca simulou uma festa de casamento com suas bonecas ou rasgou uma pagina da revista com o seu vestido favorito? – ela riu, o rosto demonstrando traços de vergonha e enrubescendo.

- Na verdade, eu gostava mais de subir em arvores e jogar baseball com os meninos.

- Mentirosa!

- Bem, eu tenho um relatório para terminar.

- Vou aproveitar para escrever – ele se levantou – vejo você amanhã, detetive.

Uma hora depois, o celular de Beckett toca. Dana. O nível de curiosidade devia estar deixando a amiga ansiosa, pensou.

- Oi,Dana.

- Então, novidades? Nathalie ainda está com você?

- Não, já voltou para Hollywood. Ainda bem!

- Foi tão ruim assim? Nada de mudanças? Quer saber, nada de ficar falando ao telefone. Você já jantou? Aposto que não. Encontre comigo na esquina da W27th com a Broadway, tem um restaurante japonês lá. Aí você me conta. Meia hora?

- Meia hora.

Dana já a esperava na frente do restaurante. Assim que chegou, Dana a dirigiu pelo corredor em busca de uma mesa reservada para que pudessem conversar. Devidamente sentadas, receberam o menu e escolheram seus cortes de sushi e sashimi. Assim que o garçom se afastou, ela iniciou a conversa.

- Então, como foi a experiência com a atriz de Nikki?

- Desconfortável, estranha, quer saber, apavorante em alguns momentos. A mulher simplesmente se transformou em mim. Comprou roupas iguais, tingiu o cabelo! Não só isso, ela deu em cima de Castle, me acusou de gostar dele e fazer jogo duro. Acredita que ela queria minha permissão para dormir com ele?

- E você deu?

- Dana! Você é doida! Não sou dona de Castle... ele faz o que quiser da vida dele.

- Somente porque você não quer tomar posse de vez. Já vi que o ciúme cantou no centro. Vocês brigaram? Avançaram no relacionamento?

- Eu não sei. Nathalie me deixou tão perturbada que eu pedi ajuda para Castle e desabafei. Acabei falando sobre o beijo dele no elevador, sobre o ciúme, Ellen. Pode-se dizer que eu surtei. Simplesmente não consegui segurar. Ela pegou meu café. É, Castle voltou a trazer café para mim. Quando vi Nathalie roubar meu copo, não deu.

- Beijo no elevador?

- Sim, ela o agarrou e tentou dormir com ele, mas Castle recusou.

- Aí, você se descontrolou e colocou para fora toda a frustração. E qual foi a reação de Castle?

- A princípio, ele tentou defende-la. Depois que eu despejei o resto da minha frustração nele, procurou me acalmar. E-eu perguntei porque ele não quis dormir comigo, ou melhor com a minha versão da Nathalie. Sabe o que ele disse? Por que ficaria com a genérica se já tivera a original.

- E isso a frustrou? Ficou chateada?

- Ele disse que eu sabia porque.

- Ele tem razão, Kate.

- Sabe, eu acho que quebramos mais uma barreira juntos, mas ainda não sei se ele vai me deixar. Eu disse a ele que não queria perde-lo. Ele não me pareceu convencido. Na verdade, me perguntou se era suficiente – Dana apenas bebericou seu suco e sorriu, não dissera nada – você vai ficar calada?

- Não vou me repetir como um disco furado. O que será preciso acontecer para você finalmente admitir que gosta de Castle? Ele levar um tiro? Ser sequestrado? Morrer? Francamente, Kate. Eu sei que é difícil para você, mas creio que ele já deu motivos suficientes de que está ali por você.

- Não seja tão extremista. Claro que não quero que nada aconteça a Castle. Não me perdoaria por isso.

- Estou colocando o óbvio a sua frente. Parece que apenas nos tempos extremos, você percebe o que realmente é importante na vida.

- Você diz que Castle está ali por mim. Está mesmo? E quanto à temporada na Itália? E se ele for embora?

- Sério? Você realmente acredita que ele faria isso? Pare de inventar desculpas na sua mente. Castle não vai embora se você disser o que precisa dele. Apenas tome cuidado, Kate. Ele pode se cansar de esperar.

- Você deveria estar do meu lado. Claramente só sabe defender Castle. Esqueceu tudo que eu passei? O que ainda tenho que enfrentar e assimilar na minha vida? Tenho muita bagagem.

- Claro que não. Por isso mesmo estou pedindo para você acordar. Sei de todos os seus traumas e problemas frente ao assassinato da sua mãe, mas Castle entrou na sua vida para quebrar essas barreiras, te fazer compreender que você pode ser feliz agora. Ele não se importa com sua bagagem, na verdade até a ajudou a lidar com ela quando foi preciso. Não estou mandando você esquecer sua mãe, nem de parar procurar justiça. Peço que considere fazer um pequeno desvio, dê folga ao coração. Sinceramente, não consigo pensar em mais nada para te convencer.

- Talvez porque não saiba o que é perder alguém e se transformar em alguém quebrado.

- Quantas vezes terei que repetir que você não é uma pessoa quebrada? Passou por traumas, sim. Luta para ver sua justiça ser estabelecida? Claro. Mas daí a se sabotar por conta de algo que aconteceu há anos atrás? Você parou de viver, Kate. Castle está lhe proporcionando essa chance de abraçar esse lado leve da vida. Então, por que a relutância? Por que insiste em se fechar para o melhor sentimento do mundo? O amor? – viu Kate mordiscar os lábios em sinal de aflição - Não estou dizendo que não é capaz de amar. Sei que sim, você já está amando só não quer se dar conta disso. Insiste em deixar o medo e a insegurança a dominar. Seu sentimento por Castle é tão óbvio que até Nathalie sacou em pouco tempo ao seu lado e sem te conhecer. O que será preciso para você se dar conta da bobagem que está fazendo, atrasando sua vida?

Kate suspirou. Estaria mesmo complicando tudo? Dana esperou algum tempo até falar novamente.

- Já que você quer analisar qualquer situação, vou deixar uma espécie de tarefa de casa, não para agora. Pense nisso daqui a uns dois, três dias, melhor dê um tempo de uma semana para toda essa animosidade e chateação criada com a presença de Nathalie estar completamente fora do seu sistema. Então, você responderá a seguinte pergunta: você já esteve apaixonada? Realmente, de verdade apaixonada? Já amou alguém como Bryan Adams descreve naquela canção que ama uma mulher?

- Dana, você está soando redundante. É claro que já me apaixonei!

- Redundante, não. Enfática. Talvez funcione com você. E Kate, será mesmo que já se apaixonou? – pronto. Essa era a cartada mais direta que Dana poderia dar para fazer Kate enxergar, o resto era com ela e Castle.


XXXXXXX  


Uma semana depois, a relação profissional de Castle e Beckett seguia sem maiores mudanças. O café de todo o dia voltara a ter seu lugar de destaque para ambos, o que deixava Kate um pouco mais segura diante dos últimos acontecimentos. Ainda não conseguia ver tudo o que Dana falara para ela em sua conversa. Sabia que projetava o trauma da mãe em cada passo que dava na sua vida. Começava a perceber que de um tempo para cá, essa maneira de viver a vida estava lhe prejudicando, a fazia sofrer como antes não acontecia.

Também reconhecia que não poderia fazer jogos com Castle. Nem queria. Eles colocaram uma regra básica, sem segredos, sem mentiras. Se fosse dar o próximo passo, não poderia ter vacilo ou engano, não poderia ser ensaiado. Nisso, Dana tinha razão, precisava vir do coração.

Kate estava realmente considerando esse próximo passo quando Castle chegou no distrito naquela manhã. Eles tinham um último interrogatório antes de efetuar a prisão de mais um assassino. Após conseguir uma confissão e pedir para Esposito fichar o camarada, ela seguiu para a minicopa onde talvez estivesse prestes a ouvir a notícia que daria um possível empurrão em seu coração.

Castle estava na máquina preparando as bebidas para os dois. Decidira comentar um pouco sobre seu livro e dar a Beckett um pouco de informação para refletir. Sentou-se ao lado dela, tomou o primeiro gole da bebida observando-a fazer o mesmo. A diferença é que ela fechara os olhos enquanto saboreava a bebida forte de cafeína.

- Sabe Castle, eu até aprendi a usar essa máquina, mas devo dizer que ninguém consegue fazer esse café como você – ao vê-lo franzir a testa, ela sorriu – sim, estou elogiando você, Castle. E não é um milagre. Apenas atesto uma verdade, reconheço seu dom para a bebida.

- Obrigado, detetive. Sinto-me lisonjeado pelo elogio. Não é todos os dias que recebemos uma avaliação positiva da tão rigorosa Beckett. Modéstia a parte, eu realmente sei como prefere seu café. O que me lembra um outro assunto importante. Mais cinco capítulos e meu novo livro da série Heat estará terminado.

- Já? Você avançou bastante.

- A dedicação e a falta de casos muito complicados ultimamente ajudaram. E não é somente isso a boa notícia. Está tudo certo para meus livros serem publicados na Italia. Pode imaginar, Nikki em italiano?

- É, realmente muito bom. Parabéns, Castle – mas seu rosto não demonstrara uma boa reação quanto à notícia, Kate não via nada de bom nessa informação, se isso acontecera, a ida à Itália estava cada vez mais próxima, não?

- Gina confirmou ontem à noite, os livros devem ser publicados na primavera e estarei no lançamento.

- Primavera? Isso é daqui a dois meses. Você vai quando para a Itália? – Kate sentiu a garganta fechar. Passou a mão no pescoço como se pudesse aliviar o incômodo que estava sentindo.

- Apenas na semana que antecede o lançamento. Isso se não tivermos em um caso grande aqui. Eu acertei com a editora que participo do lançamento, eles fazem uma espécie de promoção para um almoço com o escritor a fim de promover a livraria e a empresa italiana e está tudo certo. Ellen ganha a conta e uma parte do dinheiro de comissão de vendas, a Black Pawn leva sua porcentagem, eu ganho minha parte e não preciso ficar longe de casos. E você não fica sem parceiro.

- Certo... você está confortável com isso? Quer dizer, parecia tão animado com a possibilidade de passar um tempo na Europa.

- Estou ótimo. E convenhamos, Beckett. Você está aliviada. Nunca quis que eu fosse mesmo. Vou para casa. Como eu disse, tenho um livro para terminar. É dele que depende a decisão se haverá ou não outros livros da série.

- Por que não haveria? – Beckett estava espantada.

- Histórias a contar existem, mas a editora vive de faturamento e lucro. Eles precisam garantir uma certa parcela com as vendas para dizer que Rick Castle é vendável. Sem grana, nada de contrato. Divirta-se com seu relatório que eu me divertirei com Nikki – ele apontou o dedo para ele sorrindo – a do papel não a versão de Nathalie – piscou fazendo Kate rir do jeito dele – ligue se algum morto aparecer.

- Estou de folga amanhã, Castle e sinceramente espero que não seja chamada para fazer plantão.

Naquela noite em sua casa, Kate fez uma retrospectiva do que havia acontecido nos últimos tempos. Ela se pegou pensando no número de tentativas que fizera para se aproximar de Castle. Umas deram certo, outras nem tanto. Também houve momentos de dor e sofrimento para ambos os lados.  Depois da notícia de hoje, ela se perguntava se a maré de azar que rondava os dois estava chegando ao fim.

Com a maior de suas dúvidas esclarecidas por Castle, com a certeza de que ele não iria a lugar nenhum, Kate começava a se perguntar se já não estava na hora de esquecer essa briga insana e arriscar retomar o relacionamento com Castle de onde parara. Não podia simplesmente jogar-se nos braços dele e acreditar que tudo se resolveria. De fato, precisava avaliar – não! Nada de racionalidade, Kate – deveria trabalhar a maneira como endereçaria seus sentimentos a Castle. Afinal, o que diria a ele?

Gostava dele, sim. Sentia saudades? Demais. Ela queria o beijo, o cheiro, o gosto, tudo que viesse de Castle. Então, como definir o que sentia por ele? Dana dizia que ele estava apaixonado, na visão dela provavelmente era assim que imaginava que ela também se sentia. Talvez uma boa conversa com a terapeuta ajudasse a clarear melhor seu entendimento, já que estava disposta a admitir que sentia algo pelo escritor. Somente então lembrou que Dana tinha lhe dado uma tarefa. Vinha adiando por não querer responder verdadeiramente a pergunta que ela a fizera, aliás não sabia como uma música a ajudaria a entender seus sentimentos.

O que Kate não sabia, era que a sua vida estava prestes a sofrer uma reviravolta que adiariam seus planos com Castle.


Continua.... 

2 comentários:

cleotavares disse...

OMG! O que aconteceu? Coitada da Beckett, está precisando de um banho de sal grosso. Logo agora, que ela estava quase lá.

Silma disse...

Reviravoltas?Como é Brasil?Mais reviravoltas?
Eita que o negócio aqui tá feio,credo!!
Eu quero BEIJOS desses dois e MUITOS ORGASMOS MÚLTIPLOS!Quero ela falando QUE AMA ELE SIM.QUERO QUE ELA DIGA QUE QUER ELE E QUE NÃO ACEITA QUE SEJA DE MAIS DE NINGUÉM!
Por favor Karen pare de fazer a gente e eles sofrerem! 😩