terça-feira, 31 de maio de 2016

[Castle Fic] Because Of Us




Because of Us   

Autora: Karen Jobim
Classificação: NC17 – Romance
Histórias: Castle – the end of S7 and the gap until the last scene of S8.  
Quando: No futuro...
Capítulos: Oneshot
Disclaimer: História criada a partir da season finale da S7 de Castle para preencher as lacunas deixadas por Marlowe sobre o futuro de Caskett.
Castle e Beckett fizeram planos para o futuro, alguns se realizam outros, nem tanto... Um término apropriado em uma oneshot. Castle e Beckett não me pertencem...são da ABC yada yada yada... conteúdo criado para diversão, todos os direitos da autora reservados!

Nota da Autora: Prometi e vou cumprir. Claro que a longfic terá muito mais detalhes. O que não falta é final alternativo para essa perfeita história de amor. Essa é apenas uma delas. Vocês poderão acompanhar a S9 de Castle logo mais. Precisava dar aos fãs e a mim a possibilidade de manter o sonho e o casal vivos. Diferente do que quiseram nos impor nessa S8. Detalhe: alterei os nomes dos filhos... porque eu posso! Ainda bem que imaginação não falta porque infelizmente como disse antes, Alexi é um bosta como escritor. Dedicado a todas as minhas maravilhosas amigas Casketters! Essa é para nós! #Always – Enjoy!





Because of Us

Castle e Beckett voltaram para o loft por volta das três da manhã. Ele carregava o terno e o vestido dela nos braços. Kate tirando as roupas que fora obrigada a trocar na delegacia, ia deixando-as ao longo do caminho para o quarto foi direto para o banheiro tirar a maquiagem. Ele sentou-se na cama tirando os sapatos. Ela estava apenas de calcinha e sutiã. Percebendo sua presença no banheiro já com a camisa aberta, ela começou a comentar olhando-o pelo espelho.

– Desculpe por termos que abandonar a sua premiação. Nem tivemos chance de comemorar, babe. Não é justo.

– Tudo bem, Kate. Eu não me importo. Sabe por que? Isso me lembra o que nos fez ficar juntos, como nos conhecemos e chegamos até aqui – ela sorria – prometo que não vou fazer outro discurso.

– Não me importaria, eu adorei seu discurso – jogando agua no rosto, ela fez menção de alcançar a toalha, porém ele fora mais rápido entregando-a em sua mão. Enxugou o rosto e virou-se para encara-lo – ainda assim, mesmo com a investigação, acho que deveríamos comemorar.

– Hum.. que tipo de comemoração poderíamos fazer as três da manhã? – ele fingia estar pensativo – conheço algumas se você não estiver muito cansada...

– Nem tanto, e não me importo de testar suas ideias mesmo sabendo que devo voltar a delegacia as sete, afinal, para que serve o café? – ela o abraçou e beijou-o apaixonadamente. Castle acariciava seus cabelos aprofundando o beijo. A mão deslizou dos cabelos para o sutiã, abrindo o fecho e livrando-se da peça. Ele a ergueu pela cintura colocando-a no balcão da pia do banheiro. Afastou as coisas apoiando as costas dela no espelho. Kate desabotoou-o a calça dele, Castle puxou a calcinha até o chão e a provou.

A madrugada seria longa.


XXXXXXX


Por volta das nove da manhã, Castle reapareceu no 12th distrito trazendo café para a esposa. Não vira quando ela deixara o loft naquela manhã. Sequer sabia quanto dormira. Ela estava de pé, fitando o quadro de evidências. Ele chegou por trás, mostrando apenas o copo de café na frente dela. Podia imaginar o sorriso de Beckett com o gesto. Ela pegou o copo e virou–se para encontrar os olhos azuis. Sendo mais rápido que ela, Castle beijou-lhe o pescoço. Rindo, ela ralhou com ele.

– Castle... aqui não!

– Bom dia, detetive. Quer dizer, você ainda é uma, não? Ou já subiu de patente?

– Ainda sou detetive.

– Ótimo! Como está o caso? Temos um suspeito? – ele perguntou sentando-se na mesa ao lado dela.

– Sim, Esposito e Ryan estão trazendo-o. acho que fecharemos o caso nas próximas duas horas. Estou confiante que pegamos o cara certo. Foi bem fácil na verdade.

– E ainda conseguimos comemorar ontem. Ou melhor, hoje. Obrigado pela demonstração, a propósito. Foi uma das memoráveis, não?

– Hum... acho que podemos fazer outras bem melhores...

– Isso é um convite ou um desafio, detetive?

– Um pouco dos dois – ela esticou a mão para toca-lo. Nesse instante, Ryan aproximou-se.

– Beckett, Ramon está na sala de interrogatório. Já mandei os peritos vasculharem o apartamento dele. Tenho certeza que encontraremos as respostas. Hey, Castle! Parabéns mais uma vez pelo prêmio de ontem. Eu gosto do que você escreve.

– Eu sei, obrigado Ryan.

Ela foi até a sala, Castle a acompanhou em silêncio. Meia hora depois, eles deixavam o local entregando a pasta do caso para Esposito. Beckett pedindo para ficha-lo. Caso encerrado. Simples assim. Agora vinha a parte chata. A papelada. Se ao menos ela pudesse deixar esse relatório com os rapazes, podiam voltar para o loft e continuar a comemoração da madrugada. Ele estava prestes a sugerir isso para Beckett quando a capitã Gates saiu de sua sala chamando por ela.

– Detetive Beckett, pode vir a minha sala?

– Sim, capitã – ela trocou um olhar com Castle antes de se juntar a sua superiora – te vejo em casa? – era seu jeito de dizer que estava completamente descartada a ideia de se livrar da papelada. Ele assentiu com a cabeça. Sorrindo, caminhou para o elevador. Beckett entrou na sala e fechou a porta atrás de si.

– Sente-se, detetive – ela obedeceu – acabei de sair do telefone com o comandante e o chefe dos detetives. Eles estava me informando de sua promoção oficialmente. Parabéns, Kate. A partir de amanhã, você será a primeira mulher na NYPD a pular patentes e se tornar capitã. Não esperava outra coisa vindo de você. Merece essa conquista, Beckett.

– Obrigada, senhora – ela respirou fundo e sorriu – estou feliz em poder fazer meu trabalho e ser reconhecida por ele.

– Agora precisamos acertar alguns detalhes, detetive. Wow! Essa será a última vez que a chamarei de detetive, teremos a mesma patente. É sobre isso que queria conversar. De acordo com o comandante, devido a sua alta pontuação no exame, você tem a chance de escolher se quer permanecer aqui no 12th ou trabalhar na 1PP. Eu tomei a liberdade de responder por você, porque acredito que essa é a sua casa. Tudo que conquistou foi aqui, nada mais justo do que ser a capitã nessa divisão de homicídios. Estou certa?

– Sim, Gates. Mas, e quanto a senhora?

– Primeiro, chega de formalidades. Pode me chamar de você. Eu iria para a 1PP, deixando essa cadeira sob seu comando. Porém, para fazer isso, precisamos pelo menos de três meses. Eles falaram em um ano para você, porém, sei que pode assumir em menos tempo. Preciso treina-la, mostrar as nuances do dia a dia de um capitão, as responsabilidades. Por você ser detetive há muito tempo, sei que está acostumada a vida nas ruas, a ida as cenas de crimes. Não estou dizendo que isso irá acabar, serão bem reduzidas, porém ainda poderá liderar investigações e ir para as ruas dependendo da gravidade do caso. Especialmente se envolver o FBI e a CIA. Você já tem bastante experiência com eles em investigações, esteve do outro lado.

– Certo. Estou pronta para aprender o que puder, Gates.

– Ótimo. Porque você terá que lidar com alguns caras bem complicados, política. Esse é talvez o seu maior desafio nessa nova função, Beckett. Não se preocupe, com o tempo você será capaz de ignorar certos comentários, certas intolerâncias e ideias imbecis. É um mundo chauvinista, não irei engana-la, contudo você não chegou até aqui a troco de nada. Podemos ligar para o comandante então e confirmar nossas decisões?

– Podemos – ela sorriu.

No caminho para casa, Beckett enfrentava um transito caótico. Aproveitou o engarrafamento para pensar sobre a nova etapa que estava prestes a iniciar em sua vida. Mais uma. Desde que conhecera Castle, ela passara por muitos momentos marcantes e importantes em sua vida. Apaixonara-se, começara um relacionamento com seu parceiro de crime e seu escritor preferido. Por causa dele, trouxera o assassino de sua mãe a luz da justiça, trabalhara no FBI apenas para descobrir que sua personalidade não era compatível com aquele mundo, simplesmente porque se importava demais com as vítimas. Casara com o amor de sua vida, quase morrera tantas vezes... e agora, estava prestes a se tornar capitã do mesmo distrito que a acolhera anos atrás. Uma simples novata, policial de patrulha, mas Montgomery acreditara nela. Suspirou ao lembrar que no fim, ele realmente morrera como herói para que ela estivesse viva hoje.

Tantas lembranças... Kate também não podia deixar de se lembrar daquela noite após sair do escritório do comandante na 1PP quando encontrara Castle em seu lugar preferido. Os balanços do parque há alguns quarteirões próximo ao distrito. Ela contara ao marido que passara no exame para Capitã e também da oportunidade oferecida para se tornar senadora pelo estado de Nova York. As palavras dele sempre eram extremamente importantes para ela. Naquela noite, não fora diferente. Ela contou que apenas queria ser igual a mãe. O que quer que decidisse, ele a apoiaria. Era tudo o que precisava ouvir. Porque afinal, ela praticamente já decidira. Gates inclusive sabia disso. E acertara. Chegara a hora de contar a ele sua decisão. Pegou o celular e ligou para o marido.

– Hey, gorgeous...

– Hey, você já jantou?

– Essa é a sua forma de perguntar se eu fiz o jantar para você? – ele ouviu o riso do outro lado da ligação – não, mas podemos pedir. Le Cirque?

– Tudo bem. E Castle, ainda temos aquele vinho, você sabe, aquele?

– Oh, detetive... está pensando em continuar nossa comemoração? Tenho duas garrafas.

– Ótimo. Faça o pedido do jantar. Estou a caminho de casa.

– Mal posso esperar.

Quando ela entrou no loft, Castle já havia posto a mesa, separado as taças e abria a garrafa de vinho. Ao vê-la entrar com um sorriso enigmático no rosto, sabia que ela estava disposta a aprontar. Amava esses pequenos detalhes nela, essas nuances de Beckett. Aproximou-se dela, ajudando-a a tirar o casaco. Beckett se livrou do coldre deixando a arma sobre o casaco no sofá. Ele a abraçou envolvendo-a em um beijo gostoso. Ao se separarem, ele puxou-a pela mão em direção a mesa do jantar. Colocou-a sentada e serviu o vinho tinto.

– Então, vai me contar o que está se passando nessa sua cabecinha?

– Sim, depois desse delicioso jantar. Vai me contar o que fez durante o resto do dia?

– Nada demais. Tirei um cochilo de verdade, falei com Gina. Ela está organizando a turnê de Driving Heat. Quer aproveitar o momento do prêmio para vender mais.

– Ela não está errada. Quando seria essa turnê?

– Se ela conseguir confirmar os locais, daqui a um mês. Por que?

– Nada. Talvez tenha vindo em boa hora.

– Eu não falei para você, mas o prêmio me deu duas passagens para Paris, com hospedagem para uma semana em um hotel cinco estrelas. O que você acha de curtirmos essa viagem? Você tem dias para tirar, não?

– Tenho. Mas não seria o melhor momento.

– Ah, entendo. Tem a ver com o que Gates queria com você?

– Quer parar de fazer perguntas e curtir o jantar? Meu copo está vazio, Castle – ele riu. Beckett não revelaria nada se não quisesse. Conformado por um tempo, ele a serviu da bebida e continuou jantando. Ao terminarem, ela pegou as taças de ambos novamente cheias e levou até a sala sentando-se no sofá. Ele a seguiu.

– Então, o mistério vai acabar agora ou você vai me torturar mais um pouco?

– Apesar de adorar tortura-lo, eu não irei fazer isso. Vou contar o que Gates queria e talvez você entenda os enigmas do jantar. Castle, o comandante da NYPD me ofereceu a chefia do 12th. Meu próprio distrito.

– Wow! Isso é maravilhoso, Kate, aquele lugar é você. É a sua casa. Parabéns, amor – ele a beijou – espera, mas e Gates? O que acontecerá com ela?

– Foi Gates quem disse ao comandante que eu merecia o 12th. Ela irá para 1PP. Eles disseram um ano, mas Gates está confiante que pode me entregar a chefia em três meses. Por isso falei do tempo. Não posso me afastar agora. Tenho que me dedicar a minha nova função. Ainda ficarei investigando apesar da patente já ser oficial como capitã, treinando e entendendo minhas novas responsabilidades.

– Eu posso conviver com isso. Totalmente compreensível. Poderemos fazer essa viagem mais tarde. Nossa! Estou tão orgulhoso de você, Kate. Você mais do que ninguém merece isso. Seu alterego Nikki também está feliz em representa-la. Tenho uma pergunta, capitã Beckett. Oh! Eu gosto do som disso... enfim, você me deixará participar do 12th quando for capitã? Poderei investigar homicídios, levar café para você todos os dias?

– Hum, ainda não sei... terei que fazer alguns testes para confirmar sua aptidão para investigações, se possui todas as ferramentas... – ela apertou o membro dele sobre a calça fazendo-o gemer – acha que pode passar no teste, Castle? – ele tirou a taça das mãos dela colocando sobre a mesinha de centro. Puxou-a colocando Beckett sobre seu colo, abrindo a blusa que ela usava jogando a peça no chão.

– Com louvor, capitã. Cum laude... – e jogou-a no sofá colocando seu peso sobre ela tomando-lhe em um beijo intenso.

A vida do casal seguia em frente. Nada mudara muito do que tinham antes. Exceto por estarem trabalhando bem mais. Castle, a pedido de Beckett, mantinha o escritório de PI apenas com o pretexto de ter sua licença, ele passava mais tempo no 12th investigando casos com os rapazes e ela. Quando não investigava, ele estava envolvido com sua escrita, suas turnês, não sabia como Gina conseguia encaixar tantas leituras e noites de autógrafos nesses últimos meses. Durante esses cinco meses que Beckett treinava para assumir seu posto de capitã, ela se desdobrava entre investigações, reuniões, relatórios e burocracia típicas de sua nova atividade como capitã. Gates a declarara como pronta há um mês e esse era o primeiro que o distrito estava em seu comando.

Kate Beckett não decepcionara. Os índices do 12th mantiveram-se na média deixada por Gates e nos meses subsequentes, eles cresceram em 5% deixando o comandante bem satisfeito com sua decisão ao concordar em dar o distrito para a nova capitã.

Seis meses à frente do 12th, Beckett teve que enfrentar seu primeiro caso compartilhado com os federais. Lidar com agentes metidos e que se acham donos da verdade era algo bem difícil para ela. Não enxergavam o caso como ela, para piorar, Castle também não estava em Nova York para ajudá-la a lidar com os engomadinhos do FBI. Ele estava numa turnê na costa oeste. Procurando se acalmar, ela lembrou-se do que era importante em tudo isso. Conseguir justiça para Kyle. Entender a história. E durante alguns minutos olhando para o seu quadro de evidências, ela se perguntou como Rick Castle enxergaria esse caso, como ele contaria essa história. Ao tentar pensar como o marido, ela acabou criando sua versão e encontrando uma falha na linha do tempo do FBI. Restava agora provar aos agentes que estavam errados. Começaria outra disputa estressante sobre poder, ao menos seria isso que eles pensariam enquanto que ela apenas queria justiça.

Três dias depois, Castle retornava a Nova York. Sua primeira parada fora a delegacia. Estava morrendo de saudades dela e pela conversa ao telefone na noite anterior, ele sabia que ela precisava dele. Estava prestes a encerrar o caso com o FBI e estava muito estressada. Como sempre, assim que as portas do elevador se abriram, ele surgiu no salão agitado segurando dois copos de café.

A movimentação era grande. Os agentes estavam recolhendo seus equipamentos o que significava que o caso estava encerrado. Menos mal. Assim Beckett teria um pouco de sossego. Esposito foi a primeira pessoa que cruzou seu caminho.

– Hey, Castle! Que bom aparecer para ver os amigos. Pena que acabou de perder o show. O caso está encerrado e sua mulher fez um belo discurso para o agente no comando da investigação. Ela estava furiosa. Foi graças a ela que pegaram o cara. O almofadinha quis peita-la. Acho que está arrependido.

– Ela discutiu com ele? Eu disse para Beckett não fazer isso! Ele vai envenena-la para os seus superiores e sabe lá que consequência isso terá para a vida profissional dela e sua carreira na NYPD e...

– Hey! Você esqueceu de como a capitã é inteligente? Você acha que ela ia comprar essa briga sozinha? Gates estava com ela. E o comandante sabia da burrada do FBI. Quem terá problemas no futuro será ele. Idiota! Sequer falou com a família da vítima. Beckett fez isso.

– Não esperava outra coisa dela. Está na sua sala?

– Eu esperaria um pouco. Está com Gates.

– Tudo bem – mal Esposito acabara de falar, a capitã Gates deixara a sala de Beckett. Ao vê-lo, não perdeu a oportunidade de cutuca-lo.

– Mr. Castle... estava estranhando não tê-lo visto por aqui hoje. Difícil imaginar que dispensaria uma investigação com o FBI. Ou você só fazia questão de estar nessa delegacia para me irritar?

– Que isso, capitã. Estou aqui pela justiça e também por Beckett. Acredite, gostaria de ter estado ao lado dela durante esse caso em particular. Infelizmente, tinha compromissos. Sei o quanto ela precisava de mim.

– Tem razão. Ela teve alguns contratempos com os federais. Se não fosse por Beckett, talvez esse caso não tivesse terminado. Ela soube lidar com tudo provando que é uma capitã. Acho que agora ela precisa de você. Vá vê-la. Vai gostar de saber que está de volta. Hey! Isso é uma ordem, Mr. Castle!

– Oh, sim, claro... obrigado, Capitã Gates por ajuda-la.

– Só fiz minha parte. Beckett sabe se virar muito bem. É uma verdadeira capitã – ela sorriu e Castle fez um sinal de continência para Gates, pegou os copos de café da mesa e se foi ao encontro de sua esposa. Ao abrir a porta, ele parou para observa-la por alguns minutos. Sentada em sua cadeira, Beckett fitava a tela do computador, porém ele sabia que não estava prestando atenção a algum arquivo, seu olhar indicava que estava viajando, pensando em algo.

– Um beijo pelos seus pensamentos... – ela desviou os olhos do computador para a direção da voz.

– Castle... – ela pronunciara o nome dele tão devagar, em um misto de emoções. Levantou-se da cadeira e avançou na direção dele. Antes que acontecesse um desastre com os copos, ele se antecipou e deixou-os sobre a mesa segundos antes de Beckett o envolver em um abraço, ela falava próximo ao seu ouvido – você está de volta, babe... eu senti tanto a sua falta – ele apertou um pouco mais contra seu corpo.

– Hey... está tudo bem.

– Três semanas é muito tempo longe de você – ela o fitava acariciando o rosto dele com as mãos. Sorria. Beijou-lhe os lábios.

– Soube que você arrasou com o FBI?

– Quem aquele cara pensa que é? Idiota. Quase põe tudo a perder no caso porque não queria aceitar o que eu disse sobre a linha do tempo dele estar errada. Ainda bem que Gates me ajudou.

– Eu disse para não peitá-los, mas você também é teimosa. Pelo menos não estava sozinha, apesar que Gates disse que não a ajudou, você fez tudo sozinha. Ela a elogiou, disse que agiu como uma verdadeira capitã. O que é verdade, mas muito vindo dela, não?

– Nem tanto. Ela falou isso para mim na frente do comandante.

– Acho que os ares do 1PP fizeram bem para ela. Café? – ele entregou o copo finalmente para ela recebendo o sorriso em retorno. Beckett bateu seu copo no dele simulando um brinde – Como você está, Kate? Vejo pelo seu rosto que não tem dormido direito.

– Cansada. Esse caso me deixou irritada, estressada. Como poderia dormir? O FBI insistia em mandar um inocente para a cadeia. Acabou, chega – ela bebeu um pouco do café – me conte de você, veio direto do aeroporto para cá? – ela consultou o relógio.

– Sabia que estava precisando de mim – ela sorriu – vai ter que responder aos federais ou você já está livre para ir para casa?

– Não posso ainda, babe. Tenho que supervisionar a saída deles. Ter certeza que não deixaram nada para trás. Odiaria ter que ser acusada de ficar com qualquer propriedade do FBI. Eles literalmente acamparam aqui essas duas semanas.

– Esposito não pode fazer isso por você?

– Não. Acho que não vai demorar muito. Se estiver cansado da viagem, pode ir para casa. Prometo que assim que despachar esses caras vou ao seu encontro.

– Não ouviu o que disse? Você precisa de mim. Ficarei aqui.

– Tudo bem. Vou ver se falta muito para eu me livrar deles – ela deixou-o na sua sala. Castle sentou-se na cadeira da capitã ainda tomando o resto do seu café, pensando. Ele sentira o alivio no olhar dela após abraça-lo, sentiu os nós no pescoço devido a tensão. Completara seis meses como capitã. Já estava na hora de fazer uma pausa. Ele olhou para o calendário. Fevereiro. Na próxima semana seria dia dos namorados. Ele sorriu. Não poderia ser mais perfeito que isso.

Quando Beckett abriu a porta de sua sala uma hora depois, ele estava confortavelmente sentado na cadeira dela ao telefone. Teve que rir diante da imagem. Castle sempre sonhara em sentar-se nessa cadeira. Felizmente com ela agora no comando, podia sem ser repreendido.

– Certo, isso mesmo. Não terei problemas, então? Ótimo! Obrigado, Jean Pierre, salvou minha vida – desligou.

– Confortável o bastante, escritor? Que tal sair da minha cadeira e acompanhar sua mulher até em casa?

– Eles já foram? Finalmente! – ele se levantou sorrindo. Pegou seu paletó que estava sobre a outra cadeira. Vestiu o sobretudo. Ofereceu o casaco vermelho a ela – vamos para casa, Capitã. Chega de se estressar por hoje. Terei que fazer uma massagem dupla para desfazer todos os nós das suas costas. Vou ter muito trabalho, será que serei recompensado depois?

– Dependerá de sua performance, Castle.

Horas depois, eles estavam na banheira da suíte. Já haviam feito amor duas vezes após as massagens deliciosas que recebera. Castle esfregava suas costas deixando as mãos escapulirem de vez em quando para acariciar os seios dela. Kate brincava com a espuma.

– Está vendo porque sinto sua falta? Não tinha ninguém para esfregar minhas costas desse jeito...

– Primeiro o café, depois a massagem e agora essa de esfregar as costas? Estou me sentindo usado, capitã. Devo reclamar desse tratamento abusivo contra maridos, qual seria a lei?

– Tem certeza que quer reclamar? – ela apertou o membro dele debaixo d´agua – pode perder alguns privilégios.

– Isso é chantagem... mas, não vou reclamar. Na verdade, podemos falar sério por um instante, Kate? – ela olhou para Castle intrigada. O que ele queria dizer com sério? Esse não era um comportamento comum para o escritor – estive pensando no meu voo de volta para cá. Você tem trabalhado muito nesses últimos seis meses, dirigindo uma delegacia, mantendo os números em alta. Irritando federais. Mas, eu acho que precisa de uma pausa, amor. Você estava extremamente estressada nessas duas semanas, não dormiu, mal comeu sou capaz de apostar especialmente porque eu não estava por perto. Está na hora de desacelerar.

– Como assim, Castle? Esse é o meu trabalho. Será assim daqui em diante, não terei apenas investigações. Há a política, as reuniões, orçamentos...

– Eu sei. Não estou dizendo para você largar a sua carreira, amor. Estou sugerindo uma pausa. Que melhor momento que agora? Acabou de fechar um caso federal, surpreendeu seus superiores deixando-os satisfeitos. Vem gerenciando o 12th com maestria. Dê um descanso a si mesma. Lembra da viagem a Paris? Semana que vem é dia dos namorados, podemos comemorar lá. Uma semana, Kate. Não irá fazer tanta diferença. Os rapazes podem tocar as coisas. Será que dá para pensar um pouco em você, em nós?

– Eu não sei, está muito em cima. Deveria ter avisado a 1PP com antecedência e...

– Se quiser, estou disposto a falar com Gates. Ela pode cobrir você por uma semana não? Juro! Enfrento a fera se for preciso.

– Nossa! Você quer mesmo ir para Paris, não?

– Não, eu quero que você vá a Paris comigo, porque você precisa de um pouco de distração e descanso. O que me diz, Beckett? Posso ligar para Gates e implorar?

– Não – ele olhou quase decepcionado para a esposa, ela iria negar-lhe esse pedido? – eu mesma ligarei para o comandante amanhã. Uma semana passa rápido demais. Não é possível que alguma catástrofe desabe em Nova York no tempo que eu esteja fora – ela mudou de posição na banheira. Ficou sentada com as pernas cruzadas de frente para ele, as mãos acariciavam o peito dele seguindo em direção ao rosto dele – você não existe. Eu te amo por querer sempre cuidar de mim, Rick Castle.

– Bem, eu fiz uma promessa em nossos votos. Até que a morte nos separe, e pelo tempo das nossas vidas, seria seu parceiro, não? – ela não respondeu, apenas o beijou apaixonadamente.

Na semana seguinte, Castle e Beckett embarcaram para Paris. Ficariam uma semana na cidade do amor, curtindo o encanto daquele belo lugar, saboreando a cozinha, os doces, desbravando museus e lugares tão característicos da vida parisiense. Kate conhecia muitos lugares diferentes ali e fizera questão de mostrar a ele. No dia dos namorados, ele a levou para jantar em um dos mais famosos restaurantes de Paris. Após uma refeição magnifica, eles saíram de mãos dadas para um passeio nas margens do rio Senna.

Abraçados, eles trocavam caricias, riam. Beijavam-se e namoravam. E não eram os únicos na rua a fazer isso naquela noite. A lua também cooperava com a data. Estava cheia no céu. Ela parou no meio da ponte inclinando seu corpo para admirar a noite. Castle a abraçou por trás, beijou-lhe o pescoço.

– Obrigada, babe, por insistir nessa viagem. Eu realmente estou adorando essa suposta segunda lua de mel.

– Hum, é como estamos chamando essa semana. Isso quer dizer que teremos que honrá-la como tal, leva-la ao pé da letra.

– Não é o que estamos fazendo há cinco dias, Castle? De manhã, de noite, as vezes de madrugada.

– É verdade, mas hoje é especial. É dia dos namorados. Que tal a gente terminar esse passeio e seguir para o hotel? Encerrar a noite de maneira apropriada?

– Não posso dizer não a isso...

De volta ao hotel, Castle e Beckett entraram na suíte presidencial. Ser casada com um escritor de best-sellers premiados tinha suas vantagens. Tiraram os casacos deixando-os pendurados na entrada do quarto. Kate foi direto para o banheiro enquanto Castle tirava a roupa. Andava apenas de boxer e camiseta pelo quarto quando ela apareceu vestindo um negligê azul que deixava as longas pernas a amostra. Ao vê-la, sorriu.

– Eu pensei em oferecer-lhe uma bebida, mas perdi totalmente a vontade de saborear uma champagne. Só quero saborear você – ele se aproximou dela. Acariciou os cabelos soltos colocando-os para trás da orelha. Ela sorria. Segurando o rosto dela com uma das mãos e tendo a outra sobre sua nuca, ele a trouxe para si em um beijo intenso. As mãos de Kate deslizavam por baixo de sua camiseta sentindo a pele dele com a ponta de seus dedos. Ao se afastarem, ela puxou a camisa sobre a cabeça dele. Foram segundos apenas para que suas bocas se conectassem outra vez, agora com mais paixão. O desejo aflorava em seus poros.

Castle a envolvera pela cintura. Sentia a sua excitação crescendo. Beckett devorava-lhe a boca, mordiscando, provando, explorando-a com a língua. Sentou-se na cama. Usou suas mãos para acariciar as pernas dela enfiando-as por baixo do negligê. Percebeu que ela estava sem calcinha e isso só fez sua ereção crescer mais provocando dor ao despontar sobre o tecido do boxer. Ela viu o que a esperava. Olhando intensamente para aqueles olhos azuis, Kate deslizou as alças da camisola, uma a uma pelos seus ombros fazendo a peça escorregar pelo seu corpo até atingir o chão. Os mamilos estavam duros, sobressaltados por causa do contato com o ar. Sorriu.

Sem conseguir esperar nem mais um minuto, ele provou seus seios. Degustando-os. Kate gemeu jogando a cabeça para trás. Ela apoiou-se com os joelhos no colchão um de cada lado aproximando o corpo nu do peito de Castle roubando-lhe um beijo apenas para distrai-lo e empurra-lo contra o colchão. Ela explorava o peito dele como sempre fazia. Gostava de estar por cima. As mãos brincavam na pele, os lábios mordiam os mamilos dele e seguia deslizando a língua, a boca até encontrar o obstáculo. Castle ainda estava de boxer.

Ela puxou o elástico com os dedos até a altura dos joelhos dele. Castle usou as pernas para que a peça encontrasse o chão. Rolou com ela no colchão sorvendo-lhe o pescoço, o colo, os seios. Enfiou os dedos nela fazendo-a arquear em resposta. Estimulou-a por alguns minutos, não precisava de muito porque ela já estava bastante excitada. Porém, Beckett queria mais. E queria o comando. Outra vez, rolaram no colchão.

Por cima outra vez, ela foi direto ao ponto. Segurando o membro dele em suas mãos, ela o provocava. Acariciava a cabecinha olhando para ele. Via que estava em seu limite. Quando viu o desejo dominar o seu olhar, Kate preparou-se para recebe-lo. Deslizou devagar pelo pênis dele sentindo-se ser tomada completamente. Ao olhar para Castle, sorriu. Sentiu a mão dele na sua cintura, então começou a mover-se com ele. Castle imprimia o ritmo igual trazendo-a para o seu encontro, buscando seus lábios, beijando-os enquanto perdiam-se um no outro.

Kate tinha as mãos espalmadas no peito dele ajudando-a a dar movimento. Estava em seu limite. Sentia a explosão próxima. Não queria experimentar o orgasmo sem ele. Não podia.

– Cas... você vem... eu preciso... vem comigo, Castle...

– Entregue-se... vamos, Kate.

Seu corpo começou a tremer, ela procurava algo em que se agarrar, apertava a lateral dele com força. Sem parar de se movimentar, ele a puxou para perto dele impulsionando os quadris dentro dela. Uma, duas, três vezes, continuava a estoca-la vendo-a ceder ao orgasmo. Vendo-a render-se ao prazer. Os gemidos de Kate foram suficientes para estimula-lo. Não aguentando mais esperar, ele se deixou levar, gozando com ela.

Os corpos suados estavam largados sem se mexer. A mão de Castle tateou até encontrar a ponta do edredom. Cobriu seus corpos pensando em protege-los do frio, especialmente a ela, não tinha forças para levantar-se e ajustar o aquecedor. Também não sabia onde estava o controle remoto. Tudo bem, isso serviria. Viu Kate gemer agradecendo o calor recebido pela coberta. Beijando-lhe o ombro, Castle finalmente fechou os olhos.

Ao acordar com os raios de sol na manhã seguinte, Kate se assustou. Estava sozinha na cama. Então, olhou para a sala. Vestiu o roupão e caminhou para descobrir onde seu marido se metera. Ele estava de pé terminando de arrumar a mesa do café.

– Você acordou... bonjour.

– Que horas são?

– Dez da manhã. Você realmente descansou. Nem fizemos a segunda rodada...

– Culpa sua que me entupiu de champagne no jantar. Que cheiro bom...

– Croissant quentinho. Acabou de chegar. Sente-se para tomar o café, Kate. Quem sabe bem alimentada você não aguente um segundo round – ela se aproximou dele, deu um selinho nos lábios – só temos mais um dia, capitã. A realidade nos espera em breve.

– Eu sei, me serve de café? – ela pediu já pegando um croissant e mordiscando um pedaço – hum geleia! – ele riu. Kate parecia uma criança diante da variedade do café da manhã. Sentaram-se lado a lado para fazer a refeição. Como sempre, Castle via seu prato ser invadido por ela, roubando pedacinhos de bacon ou uma salsinha. Ele adorava quando ela fazia isso. Terminada a refeição, ela foi ao banheiro. Chamou por ele.

– Castle! Cadê você?

– O que foi? – ele surgiu meio ofegante no banheiro após a carreira que dera da porta da suíte até lá. Beckett estava nua debaixo do chuveiro – nossa! Pensei que tivesse acontecido alguma coisa. Que susto você me deu, Kate.

– Vai acontecer. Se você não entrar agora aqui comigo e esfregar minhas costas e por “esfregar” eu quero dizer...

– Nem precisa continuar... – jogando o próprio roupão no chão, ele correu ao encontro dela empurrando-a na parede de azulejos cobrindo-a de beijos penetrando-a ferozmente no segundo seguinte.


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A realidade voltara a fazer parte de seu cotidiano. Há quase dois meses de sua viagem a Paris, eles sequer perceberam o tempo passar. Estiveram enrolados em vários homicídios difíceis. Além disso, Castle tivera que viajar por duas semanas para promover seus novos quadrinhos. O cotidiano parecia ter criado o ritmo do casal. Até aquela noite.

Castle deixara o distrito mais cedo porque Beckett pedira para ele preparar o famoso carbonara. Ela estava com vontade de comer a massa. Nada mais justo que agradar sua esposa após estar longe por duas semanas. Quando Kate chegou em casa e sentiu o cheiro delicioso de bacon chegou a salivar.

– Está cheirando muito bem, vai demorar para comermos?

– Você está com pressa? Tudo isso é fome?

– Sim, estou faminta. Vou trocar de roupa – quando voltou a cozinha encontrou a mesa posta. E a massa fumegando esperando por ela. Castle a serviu e ela pediu um exagero de parmesão. Rindo, ele satisfez seu desejo. Ela o agradeceu antes mesmo de comer puxando-o pela camisa e tascando um super beijo nos lábios do marido – obrigada, babe.

– É sempre um prazer... – ele sentou-se do lado dela para jantar, estranhamente, Kate declinou o vinho mesmo sabendo que era o seu preferido alegando estar com muita dor de cabeça, talvez pudesse tomar mais tarde. Ele não discutiu. Kate comeu com gosto a massa e ainda repetiu. Ele estava impressionado – está mais que provado que você só se alimenta bem quando eu estou por perto. Aposto que passou esses dias a base de iogurte, frutas e barrinhas de cereal. Você tem que aproveitar mais a vida, esquecer esse lance natureba.

– Saladas e frutas alimentam e fazem bem a saúde, mas eu estava mesmo desejando comer esse carbonara. Podia comer essa travessa toda.

– Nossa! Quem é você e o que fez com a minha esposa? – ela riu.

– Deixe isso aí, vamos conversar na sala – ela o puxou pela mão. Sentaram-se no sofá – como estava Seattle?

– Tediosa. Muita chuva.

– Quer me enganar que estava numa comic nerd e estava entediado?

– Você perguntou de Seattle, não da comic. O evento foi fantástico. Acho que nunca autografei tantos quadrinhos. Em Los Angeles também. E você? Prendeu muita gente?

– Alguns. Espera, você autografou peitos?

– Kate, eu não faço mais isso há anos.

– Só checando... – ela beijou-o outra vez, então olhou diretamente nos olhos azuis, sorriu – babe, eu preciso te contar uma coisa – de repente, ela ficou muito pálida, quase verde – oh, eu acho... eu vou...– ela colocou a mão na boca e correu para o banheiro. Preocupado, ele foi atrás dela. Encontrou-a sentada no chão. Colocara todo o jantar para fora.

– O que aconteceu? Você está bem? Totalmente apreensivo, ele a fitava – você... lá se foi o jantar... – Kate se levantou com a ajuda dele. Foi até a pia e lavou a boca para tirar o gosto amargo de biles. Escovou os dentes e olhou para Castle. Ele estava nervoso.

– Eu estou bem – ela pegou-o pela mão levando-o de volta ao quarto, sentaram-se na cama. Ela acariciou o rosto dele – era sobre isso que queria falar. No início dessa semana eu desmaiei no necrotério. Disse a Lanie que não tinha tomado café, mas ela não acreditou em mim. Colheu meu sangue para exame. Ela me fez comer um café da manhã enorme. O resultado saiu ontem. Nem eu acreditei.

– Você está doente, Kate? É algo grave? Oh, Deus... Kate... – ela colocou o dedo indicador em seus lábios.

– Não estou doente, Castle. Estou grávida. Nós vamos ter um bebê, Rick – ela sorria, porém seus olhos estavam cheios de lagrimas.

– Você... está...nós vamos... – ele não completou a frase. Desmaiou na cama.

– Castle? Castle! – ela suspirou revirando os olhos. Foi até o banheiro pegar um copo d´agua. Respingava algumas gotas no rosto dele, chamando-o – Castle, hey... acorda! Sério? Eu que tenho o direito de desmaiar – estava quase virando o resto do copo nele quando parecia que despertara – Castle? – ele abriu os olhos.

– Kate? Eu...

– Você desmaiou – ele sentou na cama. Olhava para ela, sorriu.

– Nós vamos ter um bebê? Isso é... incrível! – ela sorria, Castle a abraçou para em seguida a beijar – um menino!

– Ou uma menina. É cedo para dizer, estou com oito semanas.

– Quem mais sabe?

– Só contei para você. Lanie não abriu o envelope porque eu pedi para o supervisor do laboratório mandar o resultado para mim, no distrito. Eu queria ser a primeira a saber. Estava desconfiada quando comecei a sentir enjoos pela manhã. Eu estava desejando comer seu carbonara, mas acho que meu estomago não aguentou. Desculpe, eu sei que fez com carinho e...

– Tudo bem. Eu te entendo e quem está chateado por causa de uma massa? Eu quero muito comemorar... foi por isso que não quis o vinho!

– Foi sim. Eu estava esperando você voltar para marcar o primeiro ultrassom. Podemos ir amanhã se quiser.

– É claro que quero. Oh, meu Deus! Isso parece um sonho.

– Não é – ela ria – eu sabia que ia ficar muito feliz, mas não pensei que fosse desmaiar. Castle, tem mais uma coisa. Não contamos para ninguém antes de fazer esse ultrassom e também de conversar com o meu comandante.

– Mas, e a minha mãe? E Alexis? Temos que comemorar. Dar uma festa. O enxoval! Temos que comprar roupas, fraldas, brinquedos, decorar o antigo quarto de Alexis, não isso não é uma boa ideia. Você vai precisar ficar perto do bebê. Teremos que reformar o quarto, fazer um quarto de bebê para que você possa amamenta-lo e...– os olhos dele brilhavam.

– Calma aí, Castle. Temos tempo para tudo isso. Eu seu que você está feliz, ansioso, mas não vai fazer como daquela vez com o Cosmo que comprou um monte de coisas que nem precisava.

– Nem vem, Beckett. É meu filho e eu vou mima-lo!

– Ou filha... lembre-se que pode vir uma menina, uma mini Beckett. É nosso bebê, Castle, não esqueça.

– Ah, eu adoraria ter outra Kate para mandar na minha vida... você já marcou o médico?

– Já. É a médica. Amanhã as dez da manhã. Agora que tal a gente dormir? Foi um dia de muitas emoções, não? Elas continuam amanhã – ela se arrumou na cama, puxou o edredom na direção dele. Castle se aproximou dela. Aninhou-a em seus braços, beijou-lhe o rosto e sussurrou ao seu ouvido.

– Eu te amo... você me fez o homem mais feliz do mundo, Kate.

– Também te amo, babe. Always.

Na manhã seguinte, eles saíram de casa cedo rumo ao consultório da médica. Na sala de espera, sentados, Castle e Beckett observavam as outras mães. Algumas estavam acompanhadas dos pais outras provavelmente da mãe. Umas estavam para dar à luz, outras no meio da gravidez. A sala de espera estava lotada, porém eram três obstetras e quinze minutos depois, eles foram chamados.

– Olá, Kate. É bom vê-la por aqui. Você solicitou um ultrassom para a minha secretaria, por acaso está suspeitando de gravidez? – ela chutou já que a sua paciente estava acompanhada do marido.

– Tenho certeza. Eu fiz o exame de sangue, Dr. Ross.

– Oh, meus parabéns aos dois! Primeiro bebê. Você deve estar bem empolgada, não? Dá para ver no seu sorriso.

– Estou muito feliz sim. Apesar de achar que o pai está bem mais que eu. E olha que já tem uma filha.

– Alexis é uma mulher agora. Sinto saudades de ter uma pessoinha rondando pela casa. Mal vejo a hora de brincar e ensinar as coisas boas sobre super-herói, games, os livros. Fiz tudo isso com Alexis e você sabe como ela ficou quando cresceu.

– Impressionante levando-se em consideração seus genes e os de Meredith – ele arregalou os olhos para Kate que sorriu e tascou um beijo nele – deixa de ser bobo, Castle. Você é um pai maravilhoso. Não duvido disso. E será para o nosso bebê também.

– Certo, suba aqui e abra sua calça, Kate. Levante a blusa também – ela obedeceu. Castle ficou ao lado dela, as mãos entrelaçadas – você vai sentir algo gelado – a médica aplicou o gel no ventre dela espalhando-o bem. Em seguida, ligou a máquina e começou a esfregar o sensor sobre a pele de Kate. A pequena imagem surgiu na tela – aí, está o seu bebê. Está evoluindo bem, a formação é perfeita. Vou tirar as medidas – ela analisava as imagens enquanto Castle e Beckett mal respiravam olhando o monitor – sim, está com oito semanas completas. Querem ouvir o coração?

– Claro! – disseram juntos, em sincronia. A médica apertou o botão tirando o som do mudo. De repente, os batimentos cardíacos do bebê encheram a sala. Era forte, ritmado. Castle trocou um olhar com a esposa. Levou a mão dela aos lábios.

– Nosso bebê, Castle.

– Tem coração forte – ela mandou imprimir as imagens do ultrassom entregando uma delas aos pais – fiquem à vontade admirando seu bebê. Eu espero vocês na minha sala – aos estarem sozinhos, Castle sentou-se na cama ao lado de Beckett que já fechara a calça e olhava para a foto do pequeno feto em suas mãos. Seu bebê. Dela e de Castle.

– É a primeira foto oficial dele, Beckett. Nosso bebê. Saudável, perfeito. Como estou feliz, amor – ele ergueu o queixo dela fazendo-a desviar seu rosto da foto para fita-lo – obrigado por me dar esse presente, Kate. Eu te amo tanto.

– Esse presente é nosso. Sem você não teria bebê, Cas. Também te amo, Rick – eles trocaram um beijo e voltaram ao consultório da médica. Sentaram-se de frente para a doutora que começou a fazer as perguntas básicas para a nova mamãe. Receitou vitaminas, perguntou sobre enjoos, deu conselhos sobre como agir nesse primeiro trimestre considerando que era o principal para a saúde do bebê e da mãe. Castle ouvia a tudo atentamente. Fazia bastante tempo desde a última vez que passara por tudo isso. Quando a doutora perguntou se tinham alguma pergunta, Castle foi o primeiro.

– Podemos saber o sexo do bebê agora? Quer dizer, eu sei que geralmente é no quinto mês, mas com o avanço da medicina desde o tempo de Alexis deve ter outra forma, não?

– Sim, chama-se sexagem fetal. Basta colher o sangue da mãe e examina-lo para a presença de cromossomos Y. Se for detectado, é menino. Na sua ausência, menina.

– Quero que Kate faça esse exame. Pode ser agora? – a médica riu diante da ansiedade dele, Kate apertou-lhe a mão.

– É aconselhável faze-lo após a oitava semana para que o resultado seja acurado. 96% é o ratio. Minha sugestão é que Kate faça o teste se quiser na décima semana por segurança. O resultado sai entre cinco a dez dias.  

– Ótimo. Então, você irá fazer Kate – ela riu.

– Eu faço, eu tenho uma pergunta. É possível determinar quando o bebê foi concebido? Estou curiosa. Tenho um palpite, mas queria saber.

– Claro que sim, basta eu entrar os dados obtidos no ultrassom em um programa e já saberemos. Me dê um minuto – ela digitava algumas coisas no computador. Esperou um tempo e sorriu – já imaginava. Segundo os cálculos seu bebê foi concebido no dia 15 de fevereiro. Tudo indica que foi a farra do dia dos namorados, não? – Kate sorriu.

– Paris. Nosso bebê foi concebido em Paris, Castle. Eu suspeitava, mas saber o dia...

– Ou seja, se tiver uma gravidez tranquila de nove meses, ele chegara no início de novembro.

– Quase um presente de aniversário para você, Kate. Ou de casamento. Espera! Tem a chance de nascer no Halloween, já pensou como seria legal?

– Nem comece, Castle!

– Mas ele está certo, a chance existe. Bem, é isso. Quero vê-la aqui todos os meses para acompanharmos o desenvolvimento desse bebê. Pode marcar com a minha secretaria o exame de sexagem fetal também. Parabéns aos dois pela grande notícia.

– Obrigada, doutora.

Duas semanas depois, Kate voltara ao laboratório para tirar sangue a fim de fazer o exame. A essa altura, todos estavam sabendo e ansiosos pelo sexo do bebê. O comandante a parabenizou e disse não estar preocupado com o andamento do trabalho, pois sabia do que era capaz. Chegara o dia do grande evento. Beckett recebera um telefonema do laboratório avisando que o resultado estava pronto. Ela ligou para Castle e avisou que estava indo pegar o exame. Ele a fez jurar que não abriria o envelope antes.

Quando chegou no loft, ela se espantou com o evento que Castle criara. Martha, Alexis e ele estavam sentados à mesa esperando por ela. Comiam e bebiam já comemorando. A torcida de Alexis era por uma menina, Martha queria um mini Richard.

– Katherine querida! Finalmente você chegou! Estávamos aflitos. Quero saber se ganharei um neto ou mais uma neta. Oh, estou tão feliz por vocês – ela abraçou a nora com vontade – ah! A beleza e a sorte da primeira gravidez. Sua barriguinha só irá despontar daqui para os quatro meses, até depois dependendo do seu biótipo.

– Bom saber, Martha. Quanto mais tarde, melhor. Minha profissão é afetada quando bandidos olham para uma capitã grávida.

– Chega de enrolar, Kate. Cadê o envelope? Quero saber logo o resultado – disse Castle.

– Viu só, Martha, nem um beijinho de boas-vindas.

– Richard, isso não é jeito de tratar sua esposa. Não foi essa a educação que eu lhe dei – ela sorriu ao ver Martha piscar e Castle se aproximar para dar um beijo nos lábios dela.

– Pronto. Podemos ver esse envelope agora?

– Tudo bem – ela pegou o envelope e começou a abrir, porém Alexis notou as mãos tremulas. Ela se aproximou de Kate. Quando puxou o resultado, ela entregou a enteada – não consigo ler. Faça isso, Alexis – sorrindo a menina abriu o papel, correu os olhos pelos dados e sorriu.

– Vamos, filha. Nos tire dessa aflição!

– Segundo o teste sanguíneo realizado na grávida Katherine Beckett Castle, a amostra de sangue coletada apresentou ausência do cromossomo Y revelando o sexo do bebê como menina. Ah, pai! Isso é ótimo! Uma menininha!

– Uma menina... – Beckett levou a mão no coração, ela lembrou-se automaticamente da mãe. Ela teria a chance de cuidar de uma menininha como sua mãe fizera um dia. Estava emocionada. Olhou para o marido. Ele estava quieto, havia lagrimas em seus olhos azuis – Castle?

– Parece que estou destinado a viver cercado de mulheres. Você também, Kate? Por que todas as mulheres que engravido me dão meninas? Querem se vingar da época que era mulherengo?

– Pai, quem determina o sexo do bebê é o homem. No caso, você. Minha mãe e Kate não tem nada a ver com isso – Kate se aproximou dele, colocou seus braços ao redor do pescoço dele. Inclinou o rosto forçando-o a olhar para ela.

– Hey... o que foi? Você está tão decepcionado assim por ser uma menina? Pensei que não importasse – ele a fitou, sorriu.

– E não importa mesmo. Uma mini Beckett, que Deus me ajude! – ela socou o ombro dele – hey! Já imaginou se ela tiver sua personalidade?

– Você vai se apaixonar por ela como aconteceu comigo...

– Tarde demais, eu já estou apaixonado, Kate. Agora posso fazer o enxoval e pensar nos nomes. Acho que tenho um perfeito.

– Não vamos discutir isso agora, Castle – beijou-o apaixonadamente sem se preocupar com as lagrimas que caiam de seus olhos.

E ela não deixou mesmo que ele a irritasse com essa conversa.

Os dias passaram e quando voltaram a falar em nomes, Kate deixou claro que sabia a escolha dele e não aceitava. Não queria chamar sua filha com o nome de sua mãe. Castle não entendia a resistência da esposa, além de um belo nome, forte, era uma homenagem a mulher que não apenas deu à luz a Kate como a moldou e a transformou na mulher que era hoje. Após várias discussões, ela finalmente cedeu.

A gravidez de Kate foi bem tranquila. Os momentos tensos resumiam-se em Castle sendo extremamente exagerado. Comprara tanta coisa que ela tinha dúvidas se a menina usaria tudo aquilo. Estava também mais do que cauteloso em relação a segurança de Beckett mesmo sabendo que ela raramente ia para as ruas agora. Essa fixação perdurou durante todos os meses de gravidez. Um dos momentos preferidos de Kate era quando ele se deitava a noite ao lado dela e conversava por um bom tempo com a filha, fosse contando histórias, cantando ou apenas dizendo que a amava muito, Kate tinha certeza que a pequena Johanna ou Jo como ela gostava de se referir a filha adorava os momentos porque sempre se manifestava esticando a barriga de Kate quando a voz de Castle falava com ela.

O fim do mês de outubro se aproximava e Beckett estava bem pesada. Mesmo assim, teimava em continuar trabalhando o que transformara Castle em um verdadeiro cão de guarda. Ele não saia do lado dela por nada. O comandante já anunciara sua licença e que Gates a substituiria durante os três meses. Devido ao seu pré-natal, ela optara por ter o bebê de parto normal.

Beckett teimou em passar algumas horas no distrito em plena véspera de Halloween. Emburrado, Castle não teve outra alternativa senão acompanha-la. Ele sabia como esses três dias deixavam o lugar bem louco e a última coisa que queria era algum babaca se achando vampiro e querendo machucar sua mulher e sua filha. Ele estava na minicopa tomando um café enquanto Beckett redigia um relatório. Ele estava se divertindo com uma conversa muito louca entre dois caras fantasiados quando Ryan entrou na sala.

– Castle, Beckett está lhe chamando.

– Será que ela conseguiu terminar a droga do relatório e decidiu finalmente ir para casa? Não sei como era a Jenny, mas Beckett tem uma energia que me assusta. As vezes nem parece que está grávida – o amigo riu – homens realmente não nasceram para dar à luz.

Quando chegou na sala dela, Beckett estava calmamente sentada.

– Hey, terminou por aqui? Pronta para ir para casa?

– Eu já pedi um taxi. Chegou a hora, Castle. A bolsa estourou – só então ela se levantou fazendo-o perceber o liquido envolta de sua cadeira – a pequena Johanna quer nascer.

– Oh meu Deus! Está na hora! O hospital... você ligou para a doutora Ross? Certo, como estão as contrações? Você está sentindo algo? Quer treinar a respiração. Faça comigo. Um, dois. Inspira, expira, um, dois – ela foi até onde ele estava paralisado balbuciando todas aquelas palavras. Beijou-lhe o rosto.

– Estou bem. E liguei para Alexis levar minha mala para o hospital. Ela vai nos encontrar lá. Precisamos ir andando, eu não sei se a nossa menina vai querer se demorar, você pode – ela parou de falar e gritou. Era uma contração que a pegara de surpresa – está... tudo bem... – ela apertou a mão dele. Como que saído de um transe, Castle finalmente a apoiou com seu corpo andando devagar até o elevador – foi só uma contração... – assim que entrou no elevador, ela teve outra ao atingirem o térreo. Um dos policiais da patrulhinha dispensou o taxi e a colocou numa das viaturas da polícia. Ligou a sirene e saiu em disparada para o hospital.

Assim que estacionou na emergência, eles desceram do carro e uma atendente veio socorrer Kate com uma cadeira de rodas. O intervalo entre as contrações diminuía. Deu entrada e foi levada para a enfermaria onde deveria ter seu parto normal. Alexis chegou logo em seguida com a mala de Kate e todos os itens necessários para a pequena Johanna. A luta de Kate com as contrações ainda durou várias horas. Quando finalmente estava pronta para trazer a filha ao mundo, a doutora Ross entrou em cena para ajuda-la. Apesar de muito nervoso, Castle não deixou o lado dela nem por um minuto. Ele queria filmar o nascimento, porém claramente não tinha condições então pediu para um dos residentes fazer isso. A médica não se importou.

Doze horas depois, a pequena Johanna com muito esforço da mãe veio ao mundo exatamente as 3:47 da manhã, acordando todos que dormiam com seu choro na ala do centro cirúrgico. O desejo do pai acontecera, nascera no dia do Halloween. A médica sorria ao ver a bela menina em suas mãos.

– Quer fazer as honras e cortar o cordão umbilical, papai? – Castle pegou a tesoura da mão da médica e fez o corte. Olhava admirado para a pequena nas mãos da doutora – uma bela menina. Pesou 3,2 kg. 50 cm. Parabéns! Seja bem-vinda, Johanna. Hora de conhecer a mamãe.

– Ela é linda, Kate. Linda. Dez dedinhos nas mãos, nos pés. Perfeita – a médica colocou a criança nos braços da mãe – diga oi para a mamãe, Johanna.

– Olá, Johanna. Estou feliz por tê-la em meus braços. Minha pequena Jo... – Kate chorava e beijava a testa da filha. Olhou para o marido que também tinha o rosto cheio de lágrimas – papai bobo está chorando, Jo. Ele é assim mesmo. Vai trata-la como uma princesa. A verdadeira dona do castelo. Eu te amo – ela disse olhando para ele.

– Always.

– Certo, mamãe. Hora da pequena Johanna se arrumar, ficar limpinha para o berçário e depois ela volta para o seu quarto para a sua primeira mamada.

E fora um momento magico a primeira vez que a filha pegou o seio da mãe para comer. O vínculo maternal estava finalmente estabelecido e embora Kate Beckett já se sentisse mãe, fora naquele instante que ela entendera que a protegeria para sempre. Não deixaria nada de mal acontecer a sua filha enquanto vivesse.

Os próximos meses foram um desafio. Noites mal dormidas, centenas de trocas de fraudas, mamadeiras. Ela andava feito um zumbi pela casa. Durante sua licença, teve a ajuda de Martha, Alexis e do próprio Castle que mostrou porque ele era um pai tão especial. Ela aprendera muito com o marido. Afinal, apenas ela era a mãe de primeira viagem. Na verdade, depois que Johanna nascera, suas vidas nunca mais foram as mesmas. Especialmente a dela.

A capitã do 12th distrito adicionara o lado de mãe a sua carreira. Johanna tomava todo o tempo extra que ela tinha e Kate não reclamava. Ver sua filha crescer, acompanhar cada nova descoberta era maravilhoso. As primeiras palavras, a primeira vez que andou, as idas ao parque. O primeiro aniversário. Castle documentava tudo com fotos e filmagens. A cada dia que passava, a menina ficava mais parecida com ela. Era a cópia da mãe e Castle orgulhava-se de ver a personalidade de Kate aparecer na pequena Johanna.


Três anos depois...


Rick Castle estava lutando para colocar a pequena Johanna na cama. A menina insistia em não dormir antes da mãe chegar.

– Jo, são nove horas. Você sabe que deve dormir as oito. Quando sua mãe chegar em casa, vai brigar com nós dois por causa disso.

– Eu quero ouvir a mamãe contar uma história para mim. Estou com saudades.

– Não sei que horas ela virá para casa, você vai aguentar espera-la?

– Vou, por favor, daddy...

– Tudo bem, vou ligar para ela. Ver se vai demorar. Volto já – ele deixou o quarto da filha rumo ao escritório. Pegou o celular, tocou o nome da esposa. Estava diante da sua mesa, várias fotos da filha, dos três juntos. Isso o fazia sorrir – hey, amor. Você já está a caminho de casa? Johanna se recusa a dormir, quer você – ele ouviu a voz dela do outro lado do telefone – está bem. Até mais – ele desligou o celular. Continuou olhando as fotos. Havia uma bem recente de Kate com a filha nos balanços. Era incrível a semelhança, até Jim ficava espantado à medida que a menina crescia. Ali, ele podia ver a perfeição dos olhos de Johanna, amendoados com traços verdes conforme a luz tal qual os da mãe. Um barulho o tirou do transe. Era Beckett que chegara.

– Hey... você chegou rápido – ele a beijou.

– Estava no meio do caminho. Ela está no quarto? – ele assentiu com a cabeça, sorrindo Kate tirou o casaco, lavou as mãos e foi ao encontro da filha. Castle a seguiu.

– Jo? O que você está fazendo acordada, meu amor. Já passa da sua hora de dormir há bastante tempo. Já disse que deve dormir as oito, está com quase quatro anos, independente de eu estar em casa ou não, tem que obedecer seu pai.

– Eu obedeço, mas hoje eu queria ouvir uma história que só a mommy sabe contar direito.

– É mesmo? – ela olhou para Castle que deu de ombros – que historia, Jo?

– A história de quando você conheceu o papai. Ele conta, mas não acho que está certa, gosto da versão que você conta – Kate riu.

– Tudo bem, acho que concordo com você. A imaginação de seu pai sempre quer acrescentar coisas que não existem na verdadeira história, mas isso é porque ele é um escritor. Tem uma ótima imaginação. Ele insiste em dizer que me apaixonei por ele desde a primeira vez que o vira, o que não é verdade. Ele me irritava demais.

– Meninos são assim, irritantes, que nem o Bryan da minha escola.

– É, as vezes eles passam dos limites, mas sabe, alguns realmente sabem como se deve tratar uma mulher. Seu pai é um deles – ela olhou para o marido com um ar de apaixonada. Continuou a contar a tal história. Ela não chegara nem a terça parte quando a menina já caíra em sono profundo. Kate puxou o cobertor com o maior cuidado para cobri-la sem acorda-la, beijou sua testa – boa noite, Jo. Mamãe ama você – Castle a esperava próximo a porta. Desligou a luz do teto deixando apenas o abajur de sereias iluminarem o quarto. De mãos dadas, eles seguiram para a sala.

– Alexis deixou umas caixas com material para você avaliar. Disse que pode fazer qualquer sugestão. Estão no escritório – ela saiu na frente dele e começou a remexer nos papéis. Banners com a foto enorme de Kate. Seu nome de casada estampado embaixo com a frase “vote para senado”. Também havia panfletos menores, adesivos e broches com seu nome e o cargo, alguns também com foto – você está mesmo decidida quanto a isso?

– Sim, é o próximo passo, babe. Continuarei fazendo diferença porém não estarei tão exposta como hoje. Filhos mudam nossa perspectiva diante do mundo.

– Concordo com você. Também tenho novidades. Decidir escrever o último livro da série Heat. Estava lendo a última história publicada algumas semanas atrás e percebi que não dei o término que Nikki e Rook precisavam. Além do mais, Gina conseguiu vender a ideia de transformar a série também em quadrinhos a exemplo do que aconteceu com Storm. Ela viu na sua candidatura a possibilidade de ganhar mais dinheiro, disse que é o momento perfeito para lança-la.

– Não posso culpa-la. Ela realmente é uma mulher de negócios. É uma ótima notícia, especialmente a do livro. Eu também tenho novidades. Preferi confirmar tudo antes de contar para você – ela alcançou a mão dele – considerando minha experiência nisso, acho melhor você se sentar – Kate levou-o até a sala. Sentaram-se no sofá.

– Aconteceu alguma coisa? Você não vai me dizer que tem um novo serial killer ameaçando você, vai? Não tem nem um ano que passamos um susto danado com aquele Mason idiota.

– Não, babe. Apenas escute, está bem? Eu quis ter certeza de que minhas suspeitas eram definitivas e também precisava conseguir mais uma informação para poder te contar. Eu confesso que fui pega de surpresa.

– Kate, apenas pare de enrolar. Você está me deixando nervoso – ela sorriu.

– Castle, eu estou grávida – ela viu seu marido ficar boquiaberto antes de abrir um sorriso.

– Você está gravida? Johanna vai ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha, o que é mais provável pelas últimas tentativas... de quanto tempo? Quando você desconfiou? – pelo menos ele não desmaiara dessa vez. Se bem que não queria dizer nada até aquele momento. 

– Há umas três semanas atrás.

– Três semanas? Por que você está me contando só agora?

– Porque diante de tudo o que aconteceu quando descobrimos sobre Jo, eu precisava ter certeza. Estou com onze semanas. E Rick? Nós teremos gêmeos. E pelo menos um deles é menino. Seu desejo finalmente se tornou realidade – ela sorria. Ele olhava espantado para a esposa. Ainda não assimilara direito o que ela contara. Grávida de gêmeos? Menino...

– Gêmeos? Você fez a ultrassom... sem mim?

– Eu tive um pressentimento. Quando desconfiei que estava grávida, algo me dizia que não era apenas um bebê. Estava certa. Eu fiz o exame de sexagem fetal. Queria ter certeza antes de contar a você.

– Meu Deus! Gêmeos! Oh, Kate... – ele a puxou pela nuca e beijou-a com vontade. Definitivamente, era um cara de sorte.

Foram longos meses terrivelmente ansiados por Johanna e o pai para conhecer os novos integrantes da família Castle. Em seu quinto mês, Beckett descobriu que teria na verdade dois meninos, o que apenas serviu para deixar Castle ainda mais radiante. Durante toda a gravidez, ela foi paparicada pelo marido e pela filha. Ao contrário de Johanna, os meninos foram mais apressados vindo ao mundo no oitavo mês de gravidez durante a primavera. Nasceram em abril, o mês do aniversário do pai. Um excelente presente para Castle.

Eles chamaram os meninos de Jack e Jim em homenagem aos avós seguindo a linha que começaram com Johanna. Durante os três primeiros meses, Kate precisou de ajuda extra. Castle contratou uma babá e ainda tinha a ajuda de Martha e Alexis. A própria Jo vivia oferecendo-se para ajudar com os irmãos. Em nenhum momento tivera ciúmes.

Martha estava admirando os netos no berço quando Kate chegou com o marido para chama-la para jantar.

– Hey, já chega de babar nos meus filhos, mãe.

– Castle, não fale assim com sua mãe – ela sorriu para a sogra.

– Ah, Katherine... olhe para esses dois príncipes. Eles são a cara de Richard quando era bebê, mas eles têm seus olhos querida. Parece que olhos amendoados são dominantes nessa família. O de Jim, tem uns traços verdes é possível de ver na luz. Talvez mudem de cor com o tempo. Alexis é exceção por causa de Meredith. Devo confessar que eu prefiro que tenham seu olhar. Atentos, inteligentes e ainda sim carregam uma ternura, um brilho próprio.

– Hey! Eles são meus filhos também – a mãe balançou a cabeça.

– Ele consegue ser mais criança que Jo. Katherine, onde quer que sua mãe esteja agora, saiba que Johanna está orgulhosa da mulher que se tornou. De detetive a capitã, agora representante do povo pelo estado de Nova York e mãe de três lindas crianças. Eu estou orgulhosa! Meu filho fala muita besteira, mas em uma coisa ele tem razão. Você é extraordinária.

– Ah, Martha... – ela abraçou a sogra emocionada.


Mais três anos depois...


Naquela manhã de domingo, tudo que Kate queria era ficar na cama sossegada na companhia de seu marido. Ela chegara de uma conferência em DC há apenas dois dias e ainda não conseguira desfrutar de forma adequada de seu marido. Checou o relógio. Sete da manhã. Estava muito cedo para seus pimpolhos darem o ar da graça. Sorrindo, ela pensou que esse seria o momento ideal para acorda-lo. Enfiando-se debaixo das cobertas, ela começou a beijar o peito dele deixando uma das mãos se perder em busca do membro dele.

– O que você está fazendo, Kate?

– O que você acha? – ela segurou o membro dele com a mão apertando-o para provoca-lo. Ela sabia o quão fácil era deixa-lo excitado de manhã cedo. Beijando-lhe o rosto enquanto deitava sobre o corpo dele, Kate mordiscava seu queixo, beijava seu pescoço até sentir as mãos de Castle em seu corpo, apertando seu traseiro. Ela finalmente roubou-lhe um beijo e no instante que aqueles lábios fizeram contato, ele sorveu-os com vontade, as mãos agora estavam na cintura de Beckett e rapidamente ele mudou de posição fazendo-a gritar.

– Shhh, seja silenciosa. Não queremos acordar ninguém – ela tirou a camiseta do pijama dele, Castle tornou a beija-la. Rolaram outra vez na cama. Por cima outra vez, Beckett livrou-se da camisola e aproveitou para explorar o peitoral dele. A temperatura começava a subir e logo eles estariam em fogo, fazendo amor com toda a paixão que existia em seus corações.

Uma hora depois, Kate cria coragem para se levantar. Após um tempo no banheiro, ela seguiu para a cozinha deixando Castle dormindo sozinho no quarto. Com zelo, começou a preparar as panquecas para o café da manhã. Ela adorava os domingos. Antes de conhecer Castle, costumava passar o dia fazendo exercícios e trabalhando de plantão na delegacia porque não gostava de lembrar o que aquele dia representava em sua vida desde que a mãe morrera. Johanna Beckett fazia um verdadeiro brunch para sua família. Isso trazia tristeza para sua vida.

Quando começaram a namorar, aos poucos Castle trouxe essa magia de volta. Ele adorava cozinhar para Kate, especialmente o café da manhã. Com os filhos, ela assumiu esse papel relembrando o significado de ter família, relembrando sua mãe. Sábado era dele, domingo, dela.

Panquecas, pães, precisava fazer os ovos e o suco de laranja e, claro, a estrela principal. O café do jeito que ela e o marido gostavam. Mesmo de costas para a sala, Kate detectou a presença de alguém. Um de seus filhotes, ao virar-se viu Johanna pegando um morango e levando na boca.

– Bom dia, Jo. Está com fome?

– Estou. Tem panquecas?

– Tem sim, mas comeremos todos juntos. Seus irmãos ainda estão dormindo? – a garota deu de ombros.

– Mommy, podemos ir ao parque hoje. Andar de bicicleta e brincar nos balanços?

– Claro que sim, meu amor. Por que não faz assim. Tome um banho, troque de roupa e assim que terminamos o café podemos ir ao parque. Aproveite e acorde seus irmãos.

– Eles não vão acordar... são preguiçosos – Kate terminava de fazer o suco de laranja, os ovos também estavam prontos. Ela deixou dentro de um refratário no forno para não esfriarem. Se aproximou da filha beijando-lhe a bochecha.

– Eles têm a quem puxar – Kate riu pegando a filha pela mão. Ao chegar no quarto dos meninos, reparou que não estavam na cama – onde será que... – já tinha uma ideia. Jo, vá se arrumar. Seus irmãos vão dar um pouco mais de trabalho – ela voltou ao seu quarto e não se surpreendeu com a cena. Castle estava dormindo de barriga para cima esparramado na cama. Os filhos também estavam ali. Jack deitado nas pernas do pai e Jim sobre o estomago dele. Um dos pés no rosto de Castle. Ela sorriu. Pegou o celular e registrou o momento porque isso merecia uma foto.

Com cuidado, ela aproximou-se da cama primeiro para pegar Jack. Beijou-lhe o rosto e acariciou seus cabelos. O menino suspirou e abriu os olhinhos.

– Bom dia, meu amor... hora de acordar, comer e ir para o parque. Você quer jogar bola com seu irmão? – ele assentiu sorrindo e beijou a mãe se agarrando no pescoço dela. Kate amava os filhos igualmente, mas a pequena Jo era sua companheira. Talvez por ser tão parecida com ela e Jack era o mais danado dos gêmeos. Talvez fizesse justiça ao nome. Jim era mais calmo. Porém, se não tomasse cuidado quando os três se danavam juntos, ela e Castle quase surtavam.

– Hey... desse jeito vou ficar com ciúmes, cara – era Castle que sorria observando o jeito da esposa com o filho – tem um chulé bem perto do meu nariz.

– Não fale assim, Castle. Jim não tem chulé.

– Tem sim – concordou Jack – pode cheirar, mommy – ela revirou os olhos e seu olhar fuzilante apareceu como quem diz “viu o que você fez?”

– Não tenho, não! – respondeu o menino levantando da barriga do pai e colocando o pé na direção do nariz da mãe – cheira, mommy... – Kate fez isso e seguiu fazendo cocegas.

– Uma delícia! – Castle ria do jeito dela. Adorava ver como Kate evoluíra como mãe. Ele sempre soube que ela seria maravilhosa, tinha certeza que era como sua mãe, Johanna. Algo que o próprio Jim confirmou. Ele via a esposa refletida na filha. Falando em filha...

– Cadê a Jo?

– Está se arrumando, aparentemente somente eu e ela iremos ao parque porque meus garotos, inclusive o pai, são muitos preguiçosos. Vamos logo levantar dessa cama. Temos que nos aprontar e tomar café.

– Eu quero ir no parque! – gritou Jack já ligado na velocidade máxima.

– Eu também quero, mommy – concordou Jim.

– Certo, Castle você assume Jim e eu fico com Jack – ela estava trocando a roupa dos meninos e colocando-os para tomar banho quando Johanna apareceu no quarto pronta e toda sorridente – olha só! Sua irmã está pronta para ir ao parque se demorarem vão ficar.

– Não quero ficar! Nem eu! – os gêmeos gritavam e se apressavam tentando colocar as camisas. Castle que tentava calçar os sapatos deles, parou a fim de admirar a filha.

– Vem cá, minha princesa... – a menina se aproximou pendurando-se no pescoço do pai. Ele beijou-a na bochecha – cada dia que passa você está mais parecida com sua mãe. Parece que estou vendo você amor chegando naquela livraria vestindo aquele vestido rosa. Acho que vou ficar cheio de cabelos brancos daqui a alguns anos. E você, dona Kate, nem tente falar sobre uma determinada caixa com sua filha.

– Castle! – ela ria. Curiosa, Johanna perguntou.

– Que caixa?

– Nada, Jo. Doidices de seu pai. Certo, Jack está pronto. Jim sente para seu pai colocar seu sapato – Kate se levantou e deu um beijo na filha – você está linda. Mamãe ama você, Jo. E tenho certeza que você será uma grande mulher. Você me lembra sua vó.

– Eu quero ser advogada que nem ela.

– Você tem muito tempo para decidir – beijou a filha outra vez – quem quer café?

– Eu! – todos gritaram – Jo saiu na frente gritando “panquecas”. Os gêmeos vieram logo atrás, Jack já caíra na frente da mãe fazendo exclamar “oh, meu Deus, cuidado”. Ele era rápido. Enquanto os outros iam para mesa, o menino corria na sala. Kate foi atrás dele e o suspendeu. O pequeno ria quando a mãe enterrava o nariz em seu pescoço. Finalmente, todos sentados. Ela colocou suco de laranja para os meninos. Jo já lambia um muffin de blueberry, comia do mesmo jeito que a mãe, Castle reparou.

Quando conseguiu sentar para apreciar sua caneca de café com o marido, teve que brindar com Jim antes de fazer o mesmo com Castle. Eram somente sorrisos. A imagem de uma família perfeita. Sorrindo, ela dava a mão para o marido. Não precisavam de palavras, os olhares diziam tudo.

Terminado o café, Kate pediu para os filhos pegarem suas coisas para saírem. Não podiam demorar muito. Quando Castle levantou-se, aproximou-se da esposa abraçando-a. Beijou-lhe os lábios carinhosamente.

– Estava pensando, lembra do cara do futuro naquele caso?

– Você está se referindo ao maluco do hospício?

– Detalhes. Eu ia dizer que mesmo você não acreditando nele, ele acertou. Richard Castle é escritor e mora em Nova York com a esposa senadora Katherine Beckett e seus três filhos.

– Coincidência.

– Hey, da última vez que chequei você não acreditava em coincidências. Era somente quando estava na polícia?

– Bobo. Eu amo você, Rick. Obrigada por me dar essa família maravilhosa.

– Ah, você sabe o que dizem – ele ajeitou uma mecha de cabelo para trás da orelha dela, segurava seu rosto fazendo pequenos círculos com o polegar na bochecha – todo escritor precisa de uma inspiração e eu encontrei a minha há quinze anos atrás. Eu amo você, Kate.

– Always? – ele a puxou em sua direção sorvendo seus lábios apaixonadamente. Nesse instante, os filhos surgiram na sala fazendo uma algazarra. Ao se separarem, ela sorria mordiscando os lábios.

– Hey... Always – ele respondeu enroscando sua mão na dela e abrindo a porta do loft para curtirem o domingo em família.




THE END