quinta-feira, 27 de abril de 2017

[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.111


Nota da Autora: "Nobody said it was easy...oh! It's such a shame for us to part..." com esses versos do Coldplay, eu venho cumprir minha parte da promessa. Eu não disse que o angst tinha terminado. Quero lembra-los que não estou escolhendo lados. Também é importante dizer que o capitulo é 80% Gigi, foco nessa mulher, entenderão ao ler. E claro que há referencias, entendedores entenderão hahahaha. Mais uma vez, eu me reservo o direito de evitar xingamentos ou ameaças (kkkkk). Enjoy... se puderem...


Cap.111 

A noite também não estava sendo nada fácil para Stana. Após a saída de Nathan, ela se deixou ficar no sofá chorando com a filha nos braços por um bom tempo. 
A discussão entre os dois foi tão calorosa que ela sequer se deu conta da panela que o marido colocara no fogo com os legumes para a sopa de Katherine. Sim, ele já adiantara parte do almoço da menina que foi totalmente perdido com a panela queimada. Stana foi obrigada a começar tudo outra vez. Colocou a filha no berço portátil e dedicou-se a preparar os novos legumes para a sopa. Uma hora depois, ela terminara. Tentou em vão limpar a panela queimada, era inútil. Após amassar e deixar esfriar um pouco, ela foi alimentar a filha. Katherine não estava a fim de comer. Adulou-a o quanto pode e finalmente próximo das três  da tarde a menina aceitou a sopa. 
Stana esperou um tempo para dar um banho rápido na menina, fez uma mamadeira e a colocou para dormir. Sabendo que provavelmente não poderia contar com o marido no dia seguinte, ela dedicou-se a separar as coisas mais necessárias de Katherine arrumando sua bolsa. Não poderia leva-la para o estúdio e também não poderia pedir ajuda a irmã porque desconfiava que Nathan estaria por lá. Aliás, esse foi um dos motivos pelo qual sequer contatou Gigi. Teria que apelar para Markus. Não ia faltar as gravações. 
Ela acabou descobrindo que cuidar de sua filha era mais trabalhoso do que parecia. Não tinha conseguido terminar de arrumar as coisas quando a menina acordou. Precisava de uma troca de fraldas. O número 2 fora poderoso. Separou as medidas de leite necessárias, as fraldas, os legumes e as frutas para dar o mínimo de trabalho para a cunhada. Fez tudo isso com Katherine no colo pois a menina se negava a ficar no berço ou no carrinho. Será que Nathan estava acostumando a filha mal? 
Sabia que não. Sempre que chegava em casa encontrava a menina no carrinho, no berço ou até no bebê conforto. Talvez ela estivesse sentindo a falta dele. Ao terminar tudo, ela estava cansada. Pegou o telefone e ligou para o irmão. 
Com a desculpa de um compromisso inesperado de Nathan, ela pediu para a cunhada ficar com Katherine durante o dia. Ela mesma iria busca-la por volta das cinco da tarde quando saísse do estúdio. Sim, ela pediria para sair mais cedo já que não tinha alternativa. Claro que a cunhada adorou a chance de ficar com a sobrinha. Anne também vibrou diante da possibilidade de cuidar de Katherine. Mais aliviada, Stana voltou a esquentar o resto da sopa. Dessa vez, Kate cooperou com a mãe e comeu rapidinho. Por volta das sete horas, ela dera um novo leite e colocou a filha adormecida no berço. 
Estava exausta. Durante todo o resto do dia ela se recusara em pensar sobre a briga com Nathan. Após um banho quente, ela foi para a cozinha porque lembrou-se que não comera o dia todo. Fez uma rápida refeição e voltou para o quarto. 
Sentada na cama, pela primeira vez ela contemplou o vazio ao seu lado. Não se recordava da última vez que estivera sozinha naquela cama, naquele quarto. De repente, todas as emoções que ela lutara tanto durante o dia para esquecer, a atravessaram como um gume de uma espada afiada perfurando seu coração. Dor. Automaticamente, os olhos encheram-se de lágrimas. 
— O que foi que eu fiz? 
Stana se agarrou ao travesseiro dele mantendo-o próximo ao peito. As lembranças e as duras palavras da discussão de mais cedo retornaram-lhe a mente. Podia sentir seus ombros tencionando. Ela estragara tudo. Ele estava feliz e… por que ela fez aquilo? Por que não esperou para ouvi-lo terminar a historia. Não pensou, apenas reagiu. Ao ouvir a palavra Vancouver, surtou. Tudo que conseguira pensar era que ele ia ficar longe dela, da filha. Três meses é muito tempo. 
Esse contudo não era o maior problema. Nathan a chamara de egoísta. Acusara sua própria esposa de apenas pensar nela. Não era verdade! Ela estava preocupada com a filha. Eles não podia simplesmente querer viver como antes. Katherine precisava de cuidados, de proteção e… droga! A quem ela queria enganar? Nathan fazia tudo pela filha. No fundo, ele fazia tudo por ela também. 
Era terrível admitir, porém ele estava certo. Ela fora completamente egoísta após tudo o que ele fez para ajuda-la. Não somente com a filha, bem antes. Com o trabalho, a gravidez, tudo. Ele não reclamou uma única vez em todos esses meses. E a primeira vez que ele encontra algo que chamou sua atenção, algo importante para sua carreira, ela surta. Por que ela se deixava se dominar por essa insegurança? Esse impulso de dizer o que lhe veio na cabeça de supetão? Eles podiam resolver seus problemas. Podiam se organizar. Agora estava cada um para um lado. Sofrendo, irritados simplesmente porque a teimosia e a vontade de estar certa ou no comando a fez expor ideias idiotas que levaram-no a dizer palavras que não deveriam. 
Ela sequer ouvira tudo… idiota! Ela era uma idiota! 
Sabia que estava errada, porém não ia ligar para ele. Não agora. Ele ainda estava com raiva. Ambos precisavam esfriar a cabeça e ela precisava entender porque ficara tão chateada com a ideia de Nathan passar três meses longe dela. 
Suspirou. Ela tinha que resolver seus problemas, suas maluquices. Tentou dormir. Infelizmente, a ausência dele ao seu lado tornava tudo mais difícil. Duas horas depois, quando finalmente começava a cochilar, Katherine chorou com fome. Stana se levantou e preparou a mamadeira da filha, trocou a fralda e após alimenta-la colocou-a de volta no berço com medo de que pudesse derruba-la de seus braços por causa do sono. Voltou para o quarto arrastando-se de sono, dormiu. 
Porém, não fora um sono tranquilo. Ela tornara a acordar sobressaltada no meio da noite pelo menos duas vezes o que tornava a volta ao sono bem mais difícil. Às seis da manhã, ela já estava acordada dando a primeira mamada de Katherine. Precisava estar no set antes das oito horas. 
Ao parar o carro na frente da casa do irmão, Stana desceu com Katherine nos braços, a bolsa da menina pendurada e mais uma sacola de coisas. A cunhada ajudou-a a se livrar do peso. 
— Muito obrigada novamente por ficar com ela. Foi realmente inesperado. 
— Que isso, Stana. Vou adorar - Anne estava do lado da mãe louca para segurar a prima. 
— Na bolsa dela tem as doses de leite, fraldas, pomadas, roupinhas se quiser dar banho nela e botei potinhos de sopa caso você não tenha tempo de preparar os legumes que estão na sacola. Também tem frutas e…
— Relaxa, Stana. Eu não sou mãe de primeira viagem. Pode deixar que me viro. 
— Desculpe, eu fico meio atarantada. É claro que você sabe cuidar de um bebê. 
— Cadê o tio? - Anne perguntou puxando a blusa de Stana fazendo-a olhar para si. 
— Ele está ocupado, trabalhando. Por isso trouxe a Kate - ela se agachou perto da sobrinha - você vai ajudar a sua mãe a cuidar dela? 
— Claro que vou. Depois que voltar da escola. Está tudo bem, tia Stana? Você parece triste… - disse Anne segurando o rosto da tia com as duas mãozinhas. O coração de Stana bateu mais forte. 
— Está, docinho. A tia só está trabalhando muito - ela beijou o rosto da menina. 
— Tá bom, tia. Quando tiver um tempinho, Anne queria ir para a casa dos tios. Estou com saudades de jogar videogame com o tio Nate e o tio Jeff. 
— E não está com saudades de mim? - Stana fazia biquinho. 
— Muita! - encheu a tia de beijos para provar o que dizia. 
— Eu tenho que ir - ela beijou a sobrinha - prometo que vou marcar algo - ela beijou a cabecinha da filha que parecia bem acomodada no colo da cunhada e suspirou - mamãe volta logo, Katie - entrou no carro e saiu dirigindo. Anne entrou em casa com a mãe e comentou. 
— A tia Stana não me engana. Ela está triste. 
— Que isso, Anne… é cansaço. Sua tia trabalha bastante virando noite. 
— Não, Anne sabe, ela está triste - a mãe resolveu não discutir, levou Katherine para o seu quarto e a filha foi atrás. 
Na casa de Jeff, eles já estavam todos acordados tomando o café especial preparado por dona Cookie. A mãe fez questão de mimar seus meninos principalmente seu caçula por tudo o que estava passando. 
— Não se acostuma com a mordomia viu, Nathan? Está todo bobo com esse café da mamãe que eu sei - a cunhada estava tentando fazê-lo relaxar e sorrir implicando com ele. Essa era a especialidade da relação deles. Não parecia estar funcionando muito. 
— Até onde eu me lembro, a mãe é minha. Você não pode se apossar dela. 
— Há! Está atrasado. Eu já fiz isso - Jeff ria. Cookie trocou um olhar com o filho. 
— Está uma maravilha, mas não posso reclamar nesse aspecto. Minha esposa me trata bem. Outro dia, ela fez um yakisoba delicioso para o jantar. Acho que ela esqueceu de devolver sua panela, bro - de repente, Nathan foi levado pelas lembranças daquela noite. O semblante entristeceu na mesma hora. Suspirou. Gigi percebeu. Jeff termina de comer e após voltar do quarto já como paletó e sua mochila de trabalho, beijou primeiro a mãe, depois a esposa, afinal qualquer mínimo carinho entre os dois era uma pequena explosão. 
— Bom trabalho, gostoso. Você vai chegar tarde hoje? 
— Não pretendo. 
— Eu vou direto para a loja daqui. Prometo que venho para casa cedo. Podíamos sair, não? A sogrinha precisa de uma folga. 
— É, podemos fazer isso, Gi. E pode ir conosco, bro - ele apertou o ombro do irmão que nada disse - vejo vocês mais tarde - Gigi esperou o marido sair e a sogra se afastar com os pratos sujos da refeição matinal para conversar sério com o cunhado. 
— Como você se sente, Nathan? Seja sincero, eu saberei se estiver mentindo. Está com uma cara horrível. 
— Gosto da sua sinceridade, Gigi. O que você esperava? Ainda estou chateado, triste e não estou mais acostumado a dormir longe dela. Foi difícil dormir naquela cama sozinho - ela esticou a mão apertando a do cunhado em sinal de compreensão - não sei o que deu na sua irmã!
— Nem eu… vocês precisam conversar. Acho que você não foi sincero com ela também. 
— Como assim? Do que está falando? 
— Nathan, você não está trabalhando desde que Castle acabou. Tudo bem, tem sua série, seus negócios, falo da sua carreira ou não quer sucesso, ter papeis legais e ser reconhecido no meio? Óbvio que sim. Só que você deixou a minha irmã brilhar, acredite ninguém é mais agradecida do que eu por isso, mas você não estava satisfeito. Mesmo assim ficou calado. Esse foi o motivo porque brigaram. Quando ela não concordou com a sua grande chance, você estourou. Quem não estouraria? É por isso que é ruim guardar as coisas para si. 
— Nossa! Desde quando você ficou tão boa nisso? 
— Você já me viu guardar alguma coisa? Eu falo logo! - ele riu - você precisa voltar para casa, Nathan. 
— Está me expulsando, Gigi? 
— Claro que não! Fique o tempo que precisar, mas ambos sabemos que quanto mais você estender essa briga, pior será. E a sua filha? Não sente saudades dela? 
— E como! 
— Não podem escapar da famosa DR… e quem sabe vocês não se acertam e rola aquele sexo selvagem de reconciliação? - ele riu. 
— Estava demorando… sabia que a verdadeira Gigi estava ai em algum lugar. Obrigado, eu me sinto melhor. 
— Parece melhor. Eu preciso trabalhar. Fique à vontade. Vejo você mais tarde e pense sobre o que eu disse - ela pegou suas coisas, deu um beijo na sogra e saiu. No caminho, mandou uma mensagem para a irmã. “Oi,sis! Que horas você estará em casa hoje? Estou com saudades da minha fofinha, quero vê-la. XG.”
Gigi foi direto para a loja de seu cliente. Ela havia ligado para um dos outros arquitetos que trabalhava consigo para encontra-la no local. Ela conversava com a gerente porque queria uma nova opinião sobre uma ideia que teve no dia anterior. Pediu para o arquiteto reconfirmar umas medidas para ela enquanto expunha o que pensara. A gerente adorou, mas sugeriu que ela conversasse com o dono. 
Coincidentemente, ele chegou quando ela ainda estava lá. O Sr. Mackenzie era um homem alto muito charmoso na faixa dos 45 anos. Os cabelos levemente grisalhos em algumas partes, a pele bronzeada como bom californiano, olhos azuis e corpo bem definido. Tinha um sorriso sincero e levava seus negócios muito a sério. 
— Olá, Susan. Como vão as coisas por aqui essa manhã? 
— Caminham bem, Sr. Mackenzie. Deixei alguns papéis para sua revisão sobre a mesa além dos relatórios de vendas da ultima semana atualizados até ontem. Falei com Kathy. As peças de cozinha da nova coleção marinha estão deslanchando. 
— Isso é ótimo. Talvez ela tenha que encomendar a próxima remessa antes do que programamos. 
— Sim, ela ficou muito empolgada. Senhor, caso tenha um tempo sobrando em sua agenda da manhã, a Sra. Fillion está aqui na loja tirando algumas dúvidas para finalizar a sua proposta e me comentou uma ideia interessante. Eu disse que seria bom ouvir sua opinião. 
— Ela está aqui? Claro que posso falar com ela. Mande-a até meu escritório. 
— Claro, eu vou avisa-la. 
Dez minutos depois, Susan conduzia Gigi até a sala do Sr. Mackenzie. Ao vê-la, ele se levantou para cumprimenta-la. 
— Olá, Sr. Mackenzie. Espero não estar atrapalhando. 
— De jeito nenhum, você tem prioridade aqui. Por favor, sente-se. Aceita um café, uma água? Tenho certeza que Susan vem cuidando bem de você e sua equipe. 
— Ah, sim. Ela é ótima! Eu aceito um café se não for dar trabalho - ele mesmo se levantou indo até a cafeteira de expresso e providenciando a bebida. 
— Como anda a apresentação? Temos uma reunião na quinta-feira que vem, não? 
— Sim, está tudo sob controle. 
— Ótimo. Estou ansioso para ver o projeto. Você me surpreendeu com o conceito. Soube que você andou tendo umas ideias para um espaço em especial? Pode dividi-lo comigo ou terei que esperar até nossa reunião? 
— Claro que não, na verdade eu tive a ideia e acho melhor expor antes para saber se está dentro da linha que espera ver em sua loja, Sr. Mackenzie. Ficarei feliz em explicar o que imaginei. 
— Sou todo ouvidos e por favor, me chame de Steve. 
— Nesse caso, me chame de Gigi - e começou a falar o que tinha em mente. Juntos, eles seguiram para o espaço da loja onde Gigi explicava tentando faze-lo visualizar o que pretendia. Ela demonstrava empolgada o que via com palavras e termos de design, alguns conhecidos do seu cliente, outros nem tanto. Por fim, o Sr. Mackenzie concordou que gostaria de ver a ideia dela na apresentação da semana seguinte. Feliz com o resultado de sua visita, ela seguiu para o escritório a fim de adiantar o máximo que pudesse da sua apresentação com a ajuda de sua equipe e do estagiário. Cuidaria pessoalmente do espaço que descrevera para o seu cliente. 
Ao final da tarde, ela pode checar seu celular. Stana respondera sua mensagem afirmando que estaria em casa às seis. Era o tempo que ela precisava para sair do estúdio, pegar Katherine na casa de Markus e deixar as coisas aparentemente em ordem para que Gigi não tivesse motivos para brigar com ela. Como a irmã não mencionara nada sobre Nathan no texto, a cabeça de Stana começou a formar suas próprias teorias. 
E se ele não tivesse ido para a casa do irmão? Se estivesse em um hotel? Podia ter bebido, enchido a cara ou quem sabe ido atrás de Ryan? Claro que não, Stana! Ela se recriminava. É claro que ele está na casa de Jeff. Essa visita da Gigi era proposital, para sondar. O fato dela não mencionar nada é porque não queria que eu desse para trás em sua visita, pensou. Seria bom conversar com a irmã. 
Stana chegou em casa com a filha, organizou o máximo que pode e já se preparava para dar o jantar da menina quando a campainha tocou. Sentiu o coração apertar, mesmo sabendo que Nathan tinha a chave, desejou que fosse ele naquele instante na porta. Suspirou. Com Katherine atracada na lateral de seu corpo, abriu a porta para a irmã. 
— Oi, meu amor! Dinda estava com saudades… - ela foi logo tirando a menina dos braços da irmã. Notou as olheiras e o semblante triste de Stana assim que olhou para a irmã. 
— Sua noção de tempo é perfeita, Gigi. Eu ia começar a esquentar e amassar a sopinha de Kate. Ia coloca-la na cadeirinha, mas pode curtir o colo da dinda. 
— Vai comer sopinha, Katie? Está com fome? - ela virou-se para a irmã - E você não vai comer nada? 
— Depois que ela comer e talvez dormir eu como. Filhos sempre vem em primeiro lugar, Gigi. 
— É, já ouvi isso várias vezes nos últimos dias. Eu tenho várias novidades para você. Nós mal conversamos daquela vez que foi lá em casa pegar aquela panela… e você? Qual a novidade na sua vida além da sua série? 
Stana parou de amassar os legumes para a filha olhando séria para a irmã. 
— Gigi, corta a conversa de abobrinhas. Você e eu sabemos bem porque você está aqui. 
— Eu vim visitar minha sobrinha. Que mal há nisso? 
— Gigi… você está aqui por causa do Nathan. 
— O que tem o Nathan? - ela se fazia de desentendida. Stana suspirou. 
— Você não me engana, eu sei que ele está na sua casa - ela ia retrucar a irmã quando o celular de Stana tocou. Era o irmão - Marcus? Oi… 
— Stana, Anne insiste em falar com você. Não parou de me azucrinar desde que você levou a Katherine. 
— Tudo bem, pode coloca-la na ligação. OI, docinho! O que foi? 
— Tia, a Anne sabe que a tia está triste. O que está acontecendo? 
— Nada meu amor, eu só estou cansada. Tenho trabalhado muito. 
— Tia Stana, mentir é feio. A tia sempre diz para Anne não fazer isso. Cadê o tio Nate? Quero falar com ele. 
— Seu tio não está aqui, Anne. Ele está trabalhando - Gigi ouvia a conversa bastante interessada no pequeno interrogatório que a sobrinha fazia com a madrinha. 
— Ele viajou? É por isso que a tia está triste? 
— Não… ele não viajou. Apenas está trabalhando até tarde. Só volta de madrugada. 
— Ah… então Anne não pode falar com ele hoje… dá um beijo bem gostoso nele por mim, tia. 
— Tudo bem - essa afirmação fez Stana engolir em seco - eu dou. 
— E tia? Anne te ama muitão. 
— Também amo você, docinho. Um beijo - ao desligar o telefone, Stana mordiscou os lábios. Gigi colocou Katherine na cadeira e cruzou os braços olhando séria para a irmã. 
— Parece que você não escapou nem da Anne, certo? O que ela disse? Também notou que você está arrasada? Tudo bem, eu não tenho muito tempo porque pretendo ir para casa e sair para jantar com meu marido e minha sogra então terei que ser breve, ir direto ao ponto. O que você pensa que está fazendo? O que deu em você, Stana? Juro que estou sem entender até agora. 
— Gigi não é tão simples como você pensa e…
— Não. Você vai ficar calada enquanto eu digo o que é simples. Nathan chega com uma noticia incrível sobre a carreira dele. Uma ótima oportunidade no cinema ao lado de pessoas que rendem boa bilheteria, uma chance excelente para alavancar o currículo dele. Exposição além da tela de tv e ao invés de você vibrar com ele, você surta? Simples seria você ouvir e celebrar com o seu marido essa conquista. Depois de tudo o que ele fez por você? O tanto que a apoiou? Como você pode surtar, sis? O homem está arrasado. Ele não tem feito outra coisa além de apoia-la desde que foi demitida. Incentivou-a em cada um de seus projetos, suas ideias. Deus! O homem toma conta da filha para você trabalhar… e a única vez que ele queria ouvir um “parabéns, amor! Estou muito feliz por você. Vai ser uma experiência incrível” e receber um beijo e um abraço, você o questiona e o acusa de esquecer da filha? Logo ele que tem sido babá em tempo integral? - ela sentou-se no banco de frente para onde Stana estava, fitando a irmã - sério, sis, não entendo o que fez até agora. E entendo a frustração e a decepção do meu cunhado. Não quero rodeios, quero a verdade. Qual o verdadeiro problema? 
Stana passou a mão nos cabelos. Evitou olhar para a irmã por uns instantes. Ao fazê-lo, Gigi reparou que os olhos estavam cheios de lágrimas. Ela ia desabar, devia estar lutando contra isso desde a briga. 
— E-eu não sei exatamente. A ideia de Nathan passar três meses longe de mim, de Katherine… eu tenho medo. Ele pode se deixar influenciar por Ryan, gostar de ficar filmando longe, engatar um trabalho atrás do outro. E como nós ficamos? Ambos loucos por trabalho, com agendas malucas. Como criaremos nossa filha? Essa rotina de gravações que tínhamos na época de Castle já eram bem complicadas e estávamos trabalhando lado a lado. Imagina se viajar. Hoje é Vancouver. Amanhã é Nova York, e depois? Paris? Nova Zelândia? Deus! Eu mal consegui dormir uma noite longe dele! - Gigi sorriu pensando: ele também, sua boba - o choro corria livre. Gigi foi até onde ela estava e a abraçou sem falar nada por alguns minutos. Afastou-se e retomou a discussão.  
— Lembre-se que tudo o que você está dizendo pode acontecer com a sua carreira. Talvez seja você que tenha que viajar por meses para a Bélgica, Bulgaria, Africa! 
— Três meses longe, na companhia de outras pessoas, mulheres…e-eu não sei se estou preparada. 
— Bem, tenho que te dar razão aí. Contracenar com alguém como Caitriona Balfe é bem complicado. Eu não deixaria meu Jeff fazer isso. 
— Espera, você disse Caitriona? Como assim? 
— Stana, você sequer ouviu os detalhes da proposta? Não sabe nem quem são suas potenciais inimigas? Meu Deus! Será que tenho que ensinar tudo para você? - ela revirou os olhos - Olha, eu sou possessiva, mas você ganha de mim no quesito insegurança e surto. Está pior do que pensei. Agora entendo porque Nathan estava tão decepcionado. 
— Ah, Gigi! Você também surtaria. Detesta quando o Jeff viaja por uma semana. Não vem falar de surto comigo. 
— Eu não gosto, mas aceito e nunca surtei por isso. Só por ciúmes e ele sabe muito bem porque está na nossa aliança para nenhum dos dois esquecer. E quer saber? Eu não sou o foco da conversa. Vou perguntar de uma vez: Você confia no seu marido? - ela fitava a irmã. 
— Sim, claro que sim. 
— Então não há o que temer. Vocês precisam conversar. Você deve uma explicação a ele, deve desculpas e juntos irão encontrar uma solução para todos os problemas. Não adianta fugir da conversa, sis. Os dois estão horríveis, sofrendo pelos cantos e sem dormir.   
— Ele me chamou de egoísta… - as lágrimas caiam - ele tem razão. Só pensei em mim… 
— Oh,sis. É, tenho que concordar. Sabe, ele também está arrasado e de certa forma, não  é totalmente vítima em tudo isso, acredito que ele saiba disso. Ambos disseram coisas idiotas no calor da discussão - ela abraçou a irmã - não se preocupe, eu sei que podem consertar e depois fazer sexo selvagem. 
— Gigi! 
— Ah, por favor! Nada é melhor que sexo depois da DR. Na boa? Eu fiquei empolgada com o filme do meu cunhado. Claro que se ele fosse trabalhar com a Caitriona seria melhor ainda, mas… 
— Você disse que era ela… 
— É um dos nomes. Melhor você se atualizar logo das coisas, viu? Bem, eu preciso ir. Hoje é sexta-feira e vou sair para jantar com meu marido gostoso e a minha sogrinha fofa. 
— Sogra? - Stana ergueu a sobrancelha sem entender o que a irmã quis dizer. 
— É, faz parte das novidades da minha vida que você não quis ouvir porque estava muito ocupada com o trabalho e agora bagunçando seu casamento. Se você for uma boa menina e resolver logo todos esses problemas, prometo que até domingo eu conto tudo. Deixa de ser cabeça dura, sis e vê se entende de uma vez por todas. Nathan é louco por você. Insegurança é tao inútil nesse relacionamento! - ela pegou a bolsa. Deu um beijo na irmã, outro na sobrinha e caminhou até a porta - sabe, dependendo de como seja essa conversa e os planos de vocês, talvez tenham que começar a pensar se vale a pena manter o segredo de vocês por muito mais tempo. Pode poupar muitas confusões mais para frente. Tome a iniciativa, sis. Ligue para ele. 
Sorrindo, Gigi desapareceu batendo a porta atrás de si. Stana ainda zonza com o bombardeio de verdades que ouviu da irmã, deixou-se chorar um pouco mais. Acalmando-se, ela voltou sua atenção ao jantar da filha. O pensamento, porém, estava no marido. Será que ele voltaria para casa essa noite ou ela seria obrigada a dormir muito mal outra vez?  
Quando chegou em casa, Gigi encontrou o marido e a sogra devidamente prontos esperando por ela. 
— Desculpa, amor. Prometo que me apronto bem rápido. Tive que resolver um probleminha crônico de teimosia - ela beijou o marido - Falando nisso, cadê o cabeça dura do seu irmão? Ele vai com a gente ou está pensando em voltar para a casa dele? 
— Nate disse que não está no clima para sair - ela suspirou. 
— Acho que ele não tem muita escolha. Vamos arrasta-lo. Sei que está precisando espairecer e quem sabe um tempo na minha companhia não o faça perceber o quanto sente falta da sua Katic? - ela riu já subindo as escadas. 
— Que mulher é essa? - olhava Cookie abismada para Gigi que subia as escadas. 
— Ela foi falar com a irmã. Aposto que tem um monte de ideias nessa cabecinha para fazer o mano voltar para casa rapidinho.    
Batendo na porta de Nathan após se arrumar, ela entrou. Encontrou o cunhado deitado com as cobertas sobre as pernas. Tinha os olhos fechados. 
— Que folga é essa? Vai ficar grudado nessa cama para o resto da vida? Não, mesmo. Trate de se arrumar. Você vai jantar conosco e nem pense em abrir essa boca para inventar desculpas que não vai colar comigo. Se precisar de roupa, pode pegar no closet do seu irmão. Ele não vai se importar. 
— Gigi, não quero sair. Não estou no clima. 
— Ninguém perguntou se está. É sair conosco ou voltar para casa agora. Não há terceira opção. 
— Você não pode me obrigar a voltar para casa. Saio agora mesmo daqui e você não saberá para onde eu fui. 
— Tem certeza que quer me desafiar, Nathan? - o olhar de Gigi dizia que era uma péssima ideia - A proposta sobre suas bolas ainda está de pé. Você tem quinze minutos. Estamos esperando na sala. Não se atrase - ela deixou o quarto com a mesma pose. Nathan riu. Só o seu irmão mesmo para conseguir driblar essa maluca. Balançando a cabeça, ele levantou da cama e foi atrás de uma camisa. Gigi era capaz de conseguir qualquer coisa de qualquer pessoa. No fundo, estava agradecido pela insistência da cunhada. Estava difícil aturar a fossa e a solidão. Pelo menos, estar ao lado de Gigi era diversão garantida. 
— Já, amor? Você foi rápida. Podemos ir? Estou morrendo de fome. 
— Ainda não, gostoso - ela sentou-se ao lado dele - temos que esperar a Cinderella se arrumar.  Dei quinze minutos para Nathan estar aqui embaixo. 
— Você o convenceu a ir conosco? 
— E eu lá sou mulher de convencer alguém? Eu o intimei - Jeff riu. 
— Minha filha, cada dia que passo eu a admiro mais - disse Cookie - nem eu como mãe o convenci. 
— As vezes eles precisam de um incentivo melhor que carinho. 
— Por que eu acho que incentivo não foi bem o que você ofereceu ao mano? 
— Se fosse você não perguntaria isso dele - Gigi cheirou o pescoço do marido, suspirou - a conversa com a sis foi dura. Tive que dizer umas verdades para ela. Dois idiotas cabeças dura, cada um sofrendo para um lado. Ela está péssima. Fiquei com um aperto no peito de vê-la daquele jeito, mas ela provocou isso. Cabe a Stana consertar. Vamos com calma, ele vai conosco, conversar, rir e até o fim da noite eu o convenço a voltar para casa. 
Nathan apareceu na sala quinze minutos depois. Gigi o parabenizou pela pontualidade. Saíram de casa. Jeff tinha feito reservas em um restaurante francês que experimentara com um cliente há semanas atrás em um almoço. Devidamente sentados, ele perguntou se todos iriam beber. 
— Eu poderia tomar uma taça de vinho - disse dona Cookie. 
— Eu quero vinho também. O que você vai querer, Nathan? - perguntou Gigi. 
— Se todos irão de vinho, eu acompanho. Melhor pedir a garrafa, bro - Jeff escolheu o vinho e pediu uma entrada também. O local era bem reservado e não estava tão cheio naquela sexta. Talvez mais tarde. 
— Como foi seu dia, amor? - Jeff perguntou tocando a mão de Gigi. 
— Bem produtivo. Estive na loja, discutir uma ideia brilhante que tive para um espaço especial com o meu cliente e ainda voltei para o escritório a tempo de distribuir as tarefas para a minha equipe e colocar o estagiário para trabalhar no cad. Eu podia fazer isso, mas quanto mais tempo eu tiver para gerenciar e me ater aos detalhes da apresentação, melhor. Ainda mais agora com esse novo espaço. Merece minha dedicação exclusiva para ganhar pontos com Steve. 
— Tem muito trabalho então - disse Jeff - e falou como uma sócia. 
— Tenho. Tudo deve estar pronto até quinta. Na verdade, quarta porque no dia seguinte é a apresentação. Prometo que não vou trabalhar no fim de semana, gostoso - ela mordiscou os lábios - tudo bem, talvez só no sábado de manhã. Preciso colocar no computador o que está borbulhando na minha cabeça - Jeff riu. 
— Tudo bem, sei que é importante, Gi - vendo que o irmão estava um pouco perdido e quase entediado com a conversa, Jeff resolveu explicar porque eles estavam conversando tanto sobre o trabalho de Gigi ultimamente - desculpa, bro. Você tem ouvido muito sobre cad, apresentação, clientes e nem sequer demos uma explicação coerente. A Gi ganhou uma concorrência muito importante para a firma dela e se conseguir remodelar a loja desse cliente e agrada-lo, poderá remodelar todas as suas lojas do país e ainda ganha o titulo de sócia. Com o nome na porta. Por isso estamos falando disso. É muito importante - Nathan sorriu para o irmão. Ele falava orgulhoso das conquistas da esposa. Torcendo por cada novo passo. Era bonito de ver. 
— Nossa, Gigi! Então é uma oportunidade única. Também vou torcer por você, mas acho que essa você já ganhou. 
— Também concordo, filho. Ela está se dedicando muito. Não faz outra coisa desde que voltamos de Edmonton. 
— É, estou me empenhando para isso. Você está ouvindo em primeira mão. A sis não sabe. 
— Não? - ele achou estranho. Gigi geralmente divide tudo com a irmã. Por que será que a mantivera fora dessa conversa? 
— Não. Nós quase não nos falamos nas últimas semanas e da última vez que a vi, ela queria uma panela e você. Nem me deu ouvidos. 
— Andava muito ocupada no seu novo mundo - Nathan deixou escapar em um tom de desdém. 
— Também não é assim, naquele dia ela estava empenhada em lhe agradar. Você tem que ser justo quando a situação pede. 
— É, a noite foi boa e ela estava nostálgica. Disse que sentia minha falta. Queria trabalhar outra vez comigo. E agora…- ele se calou. 
— Agora ela está curtindo uma fossa arrependida de ter brigado com você. Conheço minha irmã. Teimosa e insegura. E nem pense que fica atrás, Nathan. Sua cara de sofredor está estampada para qualquer pessoa. Até a Anne sabe que ela não está bem - ela viu o cunhado fechar a cara - certo, vamos mudar de assunto. Mas continuo dizendo que a melhor solução seria ir para casa, gritar um com o outro e depois agarrarem-se e fazer o melhor sexo da vida de vocês. 
— Gi, por favor… - Jeff queria evitar os comentários exagerados e explícitos que a esposa sempre fazia. 
— Relaxa, meu Jeff. Estou falando para o bem do Nathan - o jantar deles chegou. Após serem servidos e Jeff ordenar outra garrafa de vinho, ele mesmo comentou. 
— Vamos mudar de assunto. Como está a comida, mãe? 
— Deliciosa. Sabe, eu não sou muito fã desses pratos chiques com nomes esquisitos, mas esse arroz de cogumelo e essa codorna estão incríveis.  
— Verdade, sogrinha. O meu prato de vieiras e camarão também está divino. Lembrei daquele restaurante que comemos em Cozumel. Que frutos do mar! E eles tinha um molho de pimenta sensacional. Nossa! Deu água na boca somente de lembrar. Nós passamos muito bem na nossa lua de mel. Em todos os sentidos. Não tenho do que reclamar. 
— Olha lá o que você vai dizer, Gigi - Nathan a alertou. 
— Por que? Está com medo de ficar com vontade, cunhado? Sério, sogrinha. Acho que você e meu sogro deviam pensar em fazer uma viagem dessas, um cruzeiro. É muito bom. Não falta diversão. Cada comida, cada drinque, e os eventos, as festas, os lugares excitantes, não gostoso? Ah… deu até vontade de voltar - ela olha apaixonada para o marido. Rouba um beijo dele - nós aprontamos muito, não amor? 
— Temos uma ideia, Gigi. Não precisa entrar em detalhes. 
— Ai, Nathan! Você parece a sis querendo cortar meu barato toda vez que falo que nos divertimos. Eles nem imaginam, né gostoso? - Jeff estava vermelho. A mãe ria diante da cena. 
— Filho, você não vai se acostumar nunca com o jeito da sua esposa? 
— Mãe, se ela consegue me deixar atônito as vezes com os comentários dela, imagina o mano que é todo certinho.
— Acho que não, mãe. 
— Ele gosta das surpresas, minha sogra. Ama! - ela riu colocando outra garfada na boca - eu sei que levo a fama, só que a minha irmã também não fica atrás. Ela pode ser pior que eu, aposto! - Nathan deixou escapar um sorriso malicioso. Gigi trocou um olhar com ele que tentou disfarçar na mesma hora. 
A sobremesa foi outra maravilha. Comeram de lamber os beiços. Devidamente satisfeitos, Jeff perguntou quem queria café. A vontade era unânime. Gigi e a sogra se dirigiram ao toalete. Sozinhas, a sogra comentou. 
— Nate está um pouco melhor, não acha? 
— Sim, porém nós duas sabemos que ainda está triste e a única maneira de resolver isso é colocando-o frente a frente com a sis. Ele precisa ir para casa essa noite. Acabar com essa briga sem sentido. Tudo bem, não é tão sem propósito assim. Minha irmã errou. Precisa consertar. Eles não funcionam separados. Queria que a senhora visse a cara de enterro da sis. Ela não dormiu também, como o Nathan. 
— E como vamos fazer com que se entendam? 
— Eu sei que deveria ser a minha irmã a dar o primeiro passo, mas eu vou tentar convencê-lo a voltar para casa hoje pela filha. 
De volta a mesa, eles terminaram o café e conversaram mais um pouco. Jeff pediu a conta e mesmo com toda a insistência de Nathan ele não deixou o irmão pagar. Hoje era seu convidado. Antes de entrarem em casa, Gigi inventou uma desculpa para que Jeff a deixasse sozinha com Nathan. 
— Hey, você não está com saudades da sua filha? 
— Claro que estou, Gigi. Ainda pergunta? 
— Então porque vai ficar aqui, por que não volta para casa? - ele ia começar a falar, mas a cunhada o impediu - olha, eu sei que está chateado, magoado. Não estou dizendo para ir e se oferecer de bandeja. Apenas estou lhe dando a oportunidade de tentar. Vá para casa ficar com Katherine. Você não precisa ser a pessoa a ceder na discussão. Não cabe a você dessa vez. Também não significa que se voltar deve dormir com a minha irmã. Ela deve lhe procurar. Nathan adiar esse sofrimento torna as coisas mais difíceis, cozinhar a mágoa, remoe-la, não é bom. Sabe o que me disse sobre não conseguir dormir sozinho? Os dois sofrem do mesmo mal. Se quiser curtir a fossa e a solidão, isso é opção sua. Mas não prefere ter sua filha em seus braços para aliviar um pouco essa nuvem cinzenta sobre a sua cabeça? 
— Você quer mesmo que eu volte, não? O que sua irmã lhe disse? Vamos, eu sei que foi falar com ela, Gigi. 
— Não interessa o que conversamos ou como ela está se sentindo. Ninguém está pedindo para você ceder, Nathan. Apenas volte para casa. Você sabe que não tem escolha. Você não vai admitir para mim, mas está com saudades. Eu sei. Apesar de todas as coisas idiotas que disseram, vocês se amam. 
Nathan baixou a cabeça. Sorriu. 
— Eu não devia dar ouvidos a você, Gigi. 
— Pelo contrário, você sabe que eu estou certa - ele não resistiu. Beijou o rosto da cunhada, apertou sua mão. 
— Vou pegar minha chave - sorrindo, Gigi entrou em casa lado a lado com Nathan. Subiram as escadas. 
— Boa sorte, Nathan - entrou em seu quarto. Jeff já estava desfilando pelo quarto de cueca - hey! Quem mandou começar a festa sem mim? 
— Que festa, Gi? 
— Você, desfilando de cueca pelo quarto sem platéia. Um desperdício! Acho que podemos encerrar a noite com chave de ouro - ela tirava a roupa. Colocou sobre uma poltrona que havia no quarto e usando apenas calcinha e sutiã, Gigi se jogou na cama king size - vem cá, meu gostoso. Vamos brincar no nosso playground preferido. 
— E o mano? 
— Ele já deve ter saído pela porta. Logo vai estar em casa. O primeiro passo foi dado. Cabe a sis consertar a burrada de uma vez. Chega de falar dos outros - ela se levantou andando na cama até a beirada onde ele estava - quero você - puxando-o pelo elástico da cueca, ela se desequilibrou e caiu na cama levando-o consigo. As gargalhadas ecoaram no quarto e Jeff a calou com um beijo intenso e apaixonado. Gigi atracou as pernas na cintura do marido aumentando o contato entre eles - hora de cumprir com suas obrigações, meu marido. 
— É sempre um prazer, minha esposa. 

XXXXXX

Stana colocou Katherine no berço logo depois das oito horas. Desde então, deitou-se na cama para ler o próximo roteiro que filmaria. Contudo, a mente não conseguia se concentrar. Além do cansaço pela noite mal dormida, ela ainda repassava na mente toda a conversa com a irmã. Gigi fora mais dura que o normal. Ela estava claramente do lado de Nathan. Poderia culpa-la? 
Claro que não! Ela era a errada da história. Ela fizera a tempestade no copo d’ água que os levou a essa briga. Agora, ela estava ali. Sozinha na cama, o corpo doído pela fadiga, a tensão. A cama parecia gigante, fria e inadequada sem ele ao seu lado. Suspirando, ela tentou dormir. O relógio marcou nove, dez, onze e Stana não conseguira desligar. Por volta de meia-noite e meia, Katherine chorou. Fome. Normalmente, a última mamada no peito era a primeira da noite que acontecia entre sete e oito horas. Na madrugada, ela usava a mamadeira. 
Levantou-se da cama e ao invés de descer para preparar a mamadeira, Stana foi direto para o quarto da filha. Seja pela solidão ou por carência, ela pegou a pequena em seus braços, sentou na poltrona e ofereceu o peito. Naquela noite, ela precisava de um ato de amor, sentir-se conectada a alguém, ser importante. As lágrimas desciam pelo rosto enquanto ela acariciava a cabeça da filha admirando-a mamar. Foi assim que Nathan a encontrou. 
Ele entrara em casa procurando fazer o mínimo de barulho possível. Não sabia se ela estava dormindo. Como bem dissera Gigi, ele optara por voltar pela filha portanto seu primeiro ato foi checar Katherine em seu quarto. Não esperava encontrar Stana dando de mamar exatamente naquele momento. 
A cena o fez parar na porta do quarto. O coração bateu mais rápido. Era sem dúvidas um dos momentos de mais amor que já presenciara na vida. Ele quase esqueceu que estava brigado com ela dando mais um passo em sua direção já pensando em beijar-lhe o topo da cabeça. Ao cair em si, ele soltou um gemido frustrado. Isso chamou a atenção dela. Virando o rosto, Stana prendeu a respiração ao vê-lo por alguns segundos. Ele viu o rosto marcado pelas lágrimas. 
— Nathan… você voltou… 
— Desculpe, não queria assusta-la. Vim checar como Katherine está. Não vou perturba-la. Eu voltei porque queria saber se minha filha estava bem. Não se preocupe comigo. Vou dormir no quarto de Anne - ele se virou sem dizer mais nenhuma palavra. 
Sentado na cama de Anne, ele passava as mãos no cabelo e no rosto. Ela estava abatida, percebeu. Cansada, sofrendo. Suspirou. Ele não ia ceder. Voltara para ficar perto da sua menina. Dessa vez, não era ele quem teria que dar o próximo passo. Tirou os sapatos, a calça jeans, a camisa do irmão e vestiu uma de suas calças de moletom e uma camiseta. Enfiou-se nas cobertas. Compreendia que não dormiria. O sono tornara-se artigo de luxo nos últimos dias, mesmo assim, fechou os olhos. 
Stana estava quase entrando em parafuso. O coração parecia uma bateria de escola de samba desafinada. Ele voltara para casa. Isso era um bom sinal. Não! Ele a tratara friamente. Seco. Não estava ali por ela. Nathan ainda estava magoado. Ela colocou a filha de volta no berço. Em seu quarto, ela olha para o espaço vazio ao seu lado. 
Por um bom tempo fica sentada agarrada aos joelhos, pensando que ele estava sob o mesmo teto que ela. Tão longe e ao mesmo tempo tão perto. Então por que não viera para o quarto? Porque não pedira para conversar? Stana tentava encontrar as respostas para essas perguntas. A verdade era que sendo a teimosia característica de ambos, cada um esperava que o outro tomasse a iniciativa. Ela suspirou, o sono não seria seu companheiro essa noite outra vez. 
Nathan retornou ao quarto da filha para admira-la dormindo já que não seria capaz de fazer o mesmo naquela cama de solteiro e com Stana a apenas alguns metros dele. Por cerca de meia hora observou Katherine. Cheirou a cabecinha da filha e voltou para o quarto. 
O quarto estava na penumbra. Um corpo estava coberto com o edredom. Um movimento simples fez a pessoa se mover na cama. Passava das três da manhã. Nathan sentiu algo gelado tocando seu braço. Stana inclinava-se sobre o corpo dele espremendo-se no colchão de solteiro ao lado do marido. Ele tinha os olhos fechados, aparentemente dormia de barriga para cima. Embrenhando-se nas cobertas, ela deitou de lado. Colocou um dos braços sobre o estômago dele, a cabeça próxima ao ombro dele. Ela inalou profundamente sentindo o cheiro do homem ao seu lado. Não se importava de estar quase caindo da cama. Os dedos frios tocavam sua pele até acariciar seu rosto. Então, ela fechou o rosto e adormeceu imediatamente. Ele percebeu o corpo dela relaxando, a respiração lenta e calma. 
Ela não deveria estar ali. Era provação demais. 
Por volta de seis da manhã, ela desperta devido o movimento dele na cama. Por pouco não caiu. Agarrou-se nele.  
— Nathan? Está acordado? - é claro que estava, dormir era uma missão impossível sem ela ao seu lado, portanto o corpo quente da esposa ajudou-o por duas horas, mas a cabeça estava em alerta com mil pensamentos por isso acabara acordando - Nathan? - ele abriu os olhos. 
— O que você está fazendo, Stana? - ela o olhava intensamente. 
— Você precisa me ouvir, Nathan. Por favor, fale comigo. 
— Stana, volte para o quarto. É madrugada. 
— Por favor, e-eu não consigo dormir sozinha. Eu vim para cá porque… droga! Essas foram as três melhores horas de sono que tive. Não vou voltar para o nosso quarto sozinha. Não posso! Não sabendo que você está na nossa casa e se recusa a deitar em nossa cama. E-eu preciso falar. Diz que vai me ouvir, por favor, Nathan… - ele podia ignora-la, agir friamente. Ser indiferente, contudo a urgência na voz de sua esposa fez o coração repetir o feito de horas atrás. A quem ele queria enganar? Também não conseguia dormir sem ela ao seu lado. A distância e todo o clima da briga estava o consumindo. Mexeu-se na cama e sentou-se. Ela fez o mesmo. 

— Tudo bem, Stana. Você quer conversar? Então vamos conversar.  


Continua...

quarta-feira, 26 de abril de 2017

[Castle Fic] A (Im)Perfect Love Story - Cap.14


Nota da Autora: Para as ansiosas de plantão, aqui está a continuação do capitulo e vale dizer que devem pensar duas vezes antes de desafiar a escritora... quero ver se era essa a resposta que queriam... E claro que tem o casal Greys Anatomy porque sim! Enjoy! 


Cap.14     

— E-eu acho que posso estar… - Castle ainda estava meio zonzo diante da revelação dela. Ele pensara, contudo ouvi-la dizer era muito diferente. 
— Os enjoos? 
— Sim, os enjoos e também… eu não sei, esse caso, eu estava muito emotiva. Quase chorei com o Adam. Eu não tenho certeza, desconfio - ele sorriu. Beckett olha para o marido, com as duas mãos segura o rosto dele e o beija - pode ser que esteja…
— O que estamos esperando para confirmar? Vou na farmácia! - Castle pegou a chave do carro e já andava apressado rumo a porta. 
— Castle, espera! Você está de pijama…. - ela começou a rir. De repente, gargalhava. Castle olhava para a esposa atônito - você ia sair… de pijama - não conseguia parar de rir - Oh, meu Deus… - os risos começaram a diminuir no instante que as lágrimas inundavam seus olhos. Então Castle compreendeu. Ela estava nervosa. Caminhou até onde ela estava e abraçou-a. O coração de ambos batiam descompassados com a possibilidade tão próxima e iminente. Ele a levou até o sofá fazendo-a sentar. Voltou ao quarto e pegou o celular. Sentou-se ao lado dela e entrelaçou a mão na dela. 
— Você quer que eu ligue para a farmácia ou quer esperar até amanhã para fazer um exame de sangue? Pode ligar para Johanna. Se ela estiver de plantão não me importo de irmos até lá. 
— Independente do teste de farmácia, eu irei fazer o exame. Não sei se essas coisas são 100% confiáveis.
— Quer ligar para Johanna? Eu trouxe seu celular - entregou a ela. Castle sorriu ao ver que o número da médica estava nos favoritos de Kate. Ela esperou completar a ligação sem tirar os olhos de Castle. Mordiscava o lábio inferior. Nervosa. 
— Johanna? 
— Oi, Kate! Está tudo bem? - ela tinha que perguntar afinal passava de onze da noite - você não se meteu em outra confusão, quer dizer, está ligando uma hora dessas e…
— Não, eu estou bem. Você está trabalhando? Está no hospital? 
— Estou. Meu plantão é até às seis horas da manhã. Você está me escondendo algo. O que aconteceu, Kate? É o Castle? - ela olhava para o marido como quem diz: e agora? Ela claramente não queria levantar a possibilidade por telefone. Ele tomou o telefone da sua mão. 
— Oi, Johanna. Sou eu. Beckett cismou que preciso ver um médico porque passei mal. Vomitei um pouco, mas já disse que estou melhor só que ela não acreditou em mim. Quer que eu vá para o hospital - ele colocou a ligação no vivavoz. 
— Você ficou tonto? Enjoado? 
— Sim, tive um principio de vertigem. Foi comida. Exagerei na fritura e na pimenta. 
— Você pode estar com colesterol alto. Quanto vomitou? 
— Tudo o que comi? 
— Quer saber? Eu estou aqui mesmo. Venham me ver. Talvez precise ficar internado tomando soro. 
— Isso não. Vou ficar em casa.
— Você vai fazer o que Johanna mandar - disse Kate - eu vou leva-lo. Chegamos ai em quinze minutos - ela desligou. 
— Por que você não disse a verdade? 
— Não quero falar disso no telefone. Vamos, você tem um exame de sangue para fazer. 
Quando chegaram no hospital, Johanna já esperava por eles na recepção. Deu uma olhada em Castle que fingia se apoiar em Beckett. Desconfiada, falou.  
— Você não me parece tão mal… 
— Beckett é exagerada. Eu estou bem - ela revirou os olhos demonstrando irritação para trazer veracidade à cena. 
— Venham por aqui. Vamos tirar seu sangue e você vai esperar na enfermaria. Apenas depois do resultado eu irei decidir se você passa a noite aqui ou não. Afinal, o que andou comendo? - ele não respondeu. Esperaram até chegar na enfermaria - deram sorte. Hoje o meu plantão está calmo. Tive apenas uma cirurgia de emergência. Espero que continue assim. Sente-se, Castle - ela ordenou fechando a cortina e já calçando as luvas para tirar o sangue dele. Beckett tocou o braço da médica. 
— Johanna, não é o Castle que precisa do exame. Sou eu - a médica ergueu uma das sobrancelhas olhando intrigada para Kate - sou eu que estou vomitando e enjoada - sorriu - queremos ter certeza - ela deu de ombros e mordiscou os lábios. 
— Filha da mãe! Você mentiu para mim? Por que? 
— E-eu não queria falar que estava suspeitando de estar grávida ao telefone! - Johanna começou a rir. 
— Meu Deus! Tudo com vocês tem que ser um drama? Um acontecimento? Sente-se, Katie. Quero saber dessa resposta tanto quanto você. Será um exame prioridade zero - ela colheu o sangue da amiga - quando tudo isso começou? Os enjoos? 
— Dois dias. Mas não é só isso. Meu humor, minhas emoções estão meio bagunçadas. Aguçadas seria a palavra correta. Eu desconfiei porque foi a primeira vez que me vi não querendo café depois de enjoar. E por causa da minha reação ao caso que investigávamos. Pode ser um alarme falso, mas eu preciso saber. 
— Não é alarme falso, amor. 
— Você não pode ter certeza, babe… 
— Nem você. A menos que tenha notado mudanças em seu corpo. Apesar que acho que não deve estar de muito tempo. Melhor eu levar isso para o laboratório. Fiquem aqui, eu já volto - Johanna desapareceu deixando os dois sozinhos. 
— Acho que ela não está chateada por eu ter mentido, está? 
— Não, ela está tão ansiosa quanto nós. Não duvido ela voltar somente com o resultado. Você realmente enjoou com café? 
— Não enjoei do café, mas fiquei com medo porque quando vomitei a primeira vez foi ele que coloquei para fora e quando você me ofereceu, eu lembrei. E não tomei o vinho porque estava desconfiada. 
— Entendi. Se estiver grávida não vai poder tomar nenhum dos dois. 
— Acho que tudo isso é mito. As mulheres antigamente no século 18 não se preocupavam com isso. Tomavam vinho direto. 
— Beckett, eu não vou discutir isso com você. A médica irá dizer se quiser brigar com ela é por sua conta e risco, eu obedecerei cada ordem que a ginecologista disser. Será que faz muito tempo que você engravidou? Estamos tentando desde junho e quando você fez o exame foi final de agosto, não era setembro e… - ela pegou a mão dele. Beijou seus dedos. 
— Hey… saberemos quando chegar a hora - eles ficaram em silêncio por uns instantes - será que Johanna vai demorar muito? - Castle riu - o que? 
— Voce está mais ansiosa que eu. 
— É claro que estou! Você já passou por isso, tem uma filha e… e… não é você que vai ficar grávido com um barrigão, dores e meu Deus! E o parto? E se enjoar muito? O trabalho e… 
— Hey… - ele segurou o rosto dela nas mãos - respire. Fique calma. Uma coisa de cada vez. Primeiro o resultado do exame, depois… bem depois veremos. 
Quinze minutos depois, Johanna reapareceu encontrando os dois sentados na cama. Kate escorada no peito do marido, ele acariciava os cabelos dela. 
— Katie? - ela abriu os olhos. 
— Johanna, tem o resultado? 
— Sim, eu tenho - ela mostrou o papel que tinha nas mãos. 
— Pelo amor de Deus, Johanna! Você vai matar minha mulher e eu de ansiedade! Abra logo isso! - ela riu. 
— Estou tão curiosa quanto vocês - ela abriu o lacre do exame. Com os olhos, seguia as informações. As feições dela estavam sérias analisando os dados no papel. Não dava para adivinhar o resultado. 
— Por favor, Johanna. Deu positivo? - Beckett perguntou. 
— Katie, eu tenho a responsabilidade de informar que você será mamãe. Sim, você está grávida! - uma Kate boquiaberta tentava respirar. Castle soltou um grito e socou o ar. 
— Sim! Haha! Eu sabia! - Beckett ainda estava meio em choque. 
— Oh, meu Deus… e-eu estou… um bebê… meu Deus! Castle… - ela estava atarantada. Ele a abraçou rindo. Beijou-a. 
— Sim, Kate, você está grávida. 
— Ela está bem? - perguntou Johanna desconfiada do comportamento da mulher a sua frente. 
— Está. Ela está processando. Como quando eu a pedi em casamento - ele sorriu e levou um soco no peito - viu? Já se recuperou. 
— Grávida… e não fale daquele dia, eu pensei que você ia terminar comigo! 
— Johanna, você já viu alguém terminar um relacionamento oferecendo um anel com diamante?
— Cala a boca, Castle! - ela riu - estou grávida. A-acho que a ficha ainda não caiu - ela respirou fundo. 
— Demora um pouquinho - Johanna se aproximou e abraçou a amiga - ah, Katie… estou tão feliz por vocês. Será uma ótima mãe. É estranho eu me sentir um pouco parte dessa festa? Como se esse bebê fosse um pouquinho meu? 
— Não, acho que ele é - Kate afirmou lembrando-se da mãe - ele terá ao menos uma Johanna presente em sua vida. 
— Vou marcar uma consulta para você amanhã com Charlotte. Assim podem saber como seu bebê está, quanto tempo tem de gravidez e qual a data esperada para o parto - o bipe dela tocou - Vou deixar vocês sozinhos. Quando se sentirem bem o suficiente para ir embora, não me esperem. Alguém precisa de mim. Eu aviso qual a hora da sua consulta com Charlotte. Parabéns, papai - deu um abraço e um beijo em Castle. Voltou a beijar o rosto de Kate - tchau, mamãe. 
Assim que ela sumiu, Castle voltou a abraçar a esposa. Ele estava nas nuvens. Beckett fitou os olhos azuis, sorriu. Passou o polegar pelos lábios dele. 
— Um bebê, Castle. Nosso bebê. Conseguimos - ele tocou o ventre dela deixando a mão ali acariciando o local. Ele inclinou-se e beijou-a apaixonadamente.
— Nossa família, Kate. 
— Eu te amo tanto, Rick. 
— Eu também, capitã. Nossas aventuras estão apenas começando. Vamos para casa. 
De mãos dados e com sorrisos de orelha a orelha, deixaram o hospital.  
Na manhã seguinte, Beckett vai para o distrito acompanhada de Castle. Por segurança, optou por não beber o café. Mesmo assim estava de muito bom humor. A notícia da noite anterior lhe deixou feliz e um pouco aérea. Grávida. Carregava uma vida dentro de si. Isso era tão louco e incrível. Ela e Castle seriam pais. Não conseguia parar de sorrir. Castle também não ficava atrás. 
Ela se dirigiu a sua sala enquanto ele foi para a mini copa pegar uma caneca de café. Concordaram em casa que ainda iam manter a novidade em segredo por um tempo. Johanna mandara uma mensagem para Beckett avisando que a consulta seria às 3 da tarde de hoje. Sendo assim, ela iria inventar alguma reunião para deixar o distrito o que faria Castle também se afastar. 
Felizmente os rapazes pegaram um novo homicídio. Foram para as ruas, coletar evidências, fazer entrevistas. Castle os acompanhou para não suspeitarem de nada. Quando voltaram para a delegacia, ele se prontificou a montar o quadro apenas como uma desculpa para ganhar tempo. 
Por volta das duas da tarde, Beckett caminha pelo salão até sua antiga mesa. Avalia o quadro de evidências e pede um resumo do caso que Ryan lhe dá rapidamente. Vendo que eles já estavam bem adiantados, ela resolveu elogia-los e informar o que pretendia. 
— Ótimo trabalho. Se continuar assim irão fechar o caso ainda hoje. 
— Se a testemunha cooperar nos dando um desenho preciso do suspeito e conseguirmos o retorno de Perlmutter, acredito que sim - disse Ryan. 
— Confio em vocês. Aliás, eu estou de saída. Tenho uma reunião às três na 1PP. Não volto mais hoje. 
— Outra reunião? - Castle fingiu que estava chateado - você não se cansa dessas coisas sem graça, chatas? Vai falar de números outra vez? 
— De certa forma. O que? Você achou que o trabalho de capitã era somente mandar e desmandar?
— Por ai… 
— Está errado. Comandar uma delegacia não é apenas isso. Envolve recursos, orçamentos, negociações e… 
— Bla bla bla…chatoooo 
— Nem sei porque ainda perco meu tempo - ela revirou os olhos, mas sorria - divirta-se com os rapazes. Vejo você em casa. 
— Eles praticamente já resolveram o caso. Acho que vou passar no Remy’s e tomar um sundae de chocolate. 
— Você faz isso de propósito, não? Ontem mesmo eu mencionei que fazia tempo que não tomava esse sundae ai hoje, porque eu tenho uma reunião você resolve ir ao Remy’s. 
— Melhor comprar um sundae para ela se não quiser dormir no sofá, Castle - disse Ryan. 
— Como? Ela vai passar umas três horas nessa reunião. Vai derreter… deixo para outro dia. 
— Castle, isso não é desculpa - ele deu de ombros quando ela retrucou - eu tenho que ir, faça o que quiser. 
— Alguém vai dormir no sofá - Ryan implicava com ele. Castle fez uma careta para o detetive e seguiu para o elevador. Ele esperava por Beckett na rua. Juntos entraram no carro. 
— Voce não tinha outra desculpa para dar? Fugir do caso, Castle? Sorvete?
— Viu como funcionamos bem? Você pegou minha ideia no ar e enganamos os dois direitinho. Amanhã eles irão perguntar se dormi no sofá, eu vou inventar uma mentira dizendo como a persuadi e sequer vão se lembrar que você saiu para um reunião falsa. Você esquece que eu sou escritor. Criatividade é meu ganha-pão. 
— Que seja - ela dirigia a caminho do hospital. Na recepção avisou que tinha uma consulta marcado com a Dr. Charlotte. A atendente pediu para ela esperar um minuto. Claro que foi um pouco mais. A médica apareceu sorridente. 
— Kate! Que bom ver você. Entre - Beckett obedeceu a mulher fazendo sinal para Castle acompanha-la. De portas fechadas, a médica sentou-se na cadeira comentando - quando a Johanna me contou a novidade fiquei feliz. Foi bem rápido considerando a última vez que nos falamos. Como se sente? 
— Ainda um pouco surpresa e não sei, parece que não aconteceu. Quero dizer eu estou feliz, acho que meu cérebro não teve tempo de absorver o que está acontecendo. 
— É natural. E você deve ser o papai? 
— Sim, esse é Rick Castle. Meu marido - ele estende a mão para a doutora. 
— É um prazer conhece-la. 
— Ótimo, ambos são pais de primeira viagem? 
— Não, eu tenho uma filha. Já adulta. 
— Ah, então será que ainda se lembra do que é ter um bebê por perto? Uma grávida precisando de sua ajuda? 
— Não de todos os detalhes, porém tem coisas que são inesquecíveis. Trocar fraldas, fazer mamadeiras, noites acordado. 
— Esse é o principal. Que tal a gente fazer um ultra-som para ver como esse bebe está crescendo ai dentro? Podemos ir a sala ao lado. Você se deita na maca, Kate. Tem alguma ideia de quando pode ter engravidado? 
— Não realmente - disse Kate - claro que foi depois que vim em seu consultório. É difícil dizer. 
— Vamos descobrir. Vai sentir algo gelado - a médica aplicou o gel e logo em seguida pegou o sensor para iniciar o exame. Castle tinha o olhar atento para o monitor - deixa eu ver a condição do útero, normal. O resto parece bem e ah! Olha aqui - a médica aponta para um pontinho na tela - está vendo isso? Bem aqui? É o seu bebê - Beckett procurou a mão de Castle e entrelaçou os dedos nos dele. Trocaram um olhar e voltaram sua atenção à imagem - é pequeno agora, mas logo estará se desenvolvendo. Vou fazer algumas análises para descobrir de quanto tempo é a gravidez e tirar as medidas - Castle olhava fascinado. Ali estava seu filho e de Beckett. Eles conseguiram. Iam ter um bebê. Suspirou. 
— É o nosso bebê, Castle - ela sorria. 
— Pelos meus cálculos, você está de oito semanas. Lembra de alguma coisa em especial?  
— Não realmente. 
— Isso não é problema. Posso jogar os dados no computador e ver quando foi concebido, pelo menos a estimativa da semana. Vou tirar umas fotos da imagem. Preparados para ouvir o coração? - eles se entreolharam e afirmaram que sim para a médica. O barulho das batidas fortes e ritmadas invadiu a sala. Beckett sentiu o corpo arrepiar e apertou a mão de Castle. 
— Nosso bebê. Meu Deus… isso está realmente acontecendo, Castle? 
— Sim, está - ele acariciou o rosto da esposa, o polegar roçou nos lábios dela. 
— Vou deixa-los à vontade, assim que terminarem venham a outra sala - Kate passou a mão no rosto de Castle. Beijou-lhe os lábios. 
— Oh, Kate. Eu estou tão feliz. Vamos ter um bebê. Dois meses - outro beijo - nossa família. 
— Sim, você me deu uma família, babe. Vamos, essa aventura está só começando - Beckett se levantou da maca, ajeitou a roupa e de mãos dadas com o marido se dirigiu a outra sala. Sentaram-se nas cadeiras de frente para a médica. 
— Eu já carreguei os seus dados no computador. Segundo o programa, seu bebê foi concedido em meados de setembro. A data de nascimento deverá ser entre o dia 10 e 16 de junho. Eu vou receitar algumas vitaminas importantes para a gravidez. Também sugiro uma dieta leve. Nada de exageros. Sem bebida alcoólica daqui para frente. 
— E o café? Beckett é viciada nele. 
— Ela vai ter que abdicar um pouco dele. Existe um mito em torno do café, por via das dúvidas nós suspendemos seu uso no primeiro trimestre e depois você pode tomar apenas uma vez por dia e com leite. Nada de puro. 
— Quando poderemos saber o sexo? Apesar que será apenas para confirmação. Tenho certeza que será um menino. 
— No quarto para o quinto mês dependendo da posição do bebê. Tem também o exame de sexagem fetal que poderia ser realizado a partir das dez semanas de gravidez. Se quiserem eu agendo para fazer. 
— Não, nada de apressar as coisas - disse Beckett. 
— Mas Beckett, assim não poderemos comprar nada. Nem um presentinho - a cara de angustia de Castle a fez rir. 
— Tem coisas e cores neutras para bebê, Castle. 
— Você tem enjoado muito? 
— Não. Eu reagi bem. Tive enjoos numa cena de crime, mas não era a melhor imagem. Não senti nada hoje pela manhã. 
— Monitore. Se sentir, terá que ir devagar. Talvez enjoe algumas comidas, bebidas, cheiros em geral. Varia de pessoa para pessoa ou pode não enjoar de nada. Gravidez não é doença portanto continue trabalhando, vivendo sua vida normalmente. Nada de exageros e superproteção, certo Castle? - a médica olhava para ele. 
— Certo. 
— Sabemos que alguns pais ficam exagerados, super cuidadosos. O que é bom, mas grávida não está inválida. Alguma outra pergunta? - na verdade, Beckett tinha muitas, porém achava que era muito cedo para falar ou estava muito ansiosa. Poderia ser apenas bobagem de sua parte. 
— Acho que não. Estamos bem. 
— Ótimo. Quero vê-la aqui no proximo mês, com o fim do primeiro trimestre. Aqui estão os remédios, aproveitem bem a época, é muito gostosa - eles se levantaram cumprimentaram-se entre si - cuidem-se e parabéns mais uma vez. 
Satisfeitos saíram do consultório. Johanna estava esperando-os na recepção. 
— Então? 
— Dois meses. Está tudo bem. 
— Ah, que maravilha! - ela abraçou Beckett - estou tão feliz por vocês. Alguma preferência por menino ou menina? 
— Não, eu ficarei feliz do mesmo jeito. Mas Castle jura que é menino. 
— Veremos se dessa vez você fez um garoto. Estão indo para casa? 
— Sim, o dia acabou para nós. E você? 
— Tenho mais duas horas de plantão. Vou falar com o Paul. Não esqueci o nosso próximo jantar. 
— Tudo bem. Obrigada, Johanna. 
— É um prazer, Kate. Tchau, Castle. 
De volta ao loft, Beckett trocava de roupa enquanto Castle fazia algo no escritório. Ela se pegou de frente para o espelho admirando sua silhueta de frente e de lado. Claro que não havia barriga, porém Beckett se sentia diferente. Os seios estavam sensíveis, a barriga lisa não esboçava sinal de que cresceria logo. Suspirou. Castle voltou para o quarto a fim de perguntar o que ela queria jantar e a encontrou assim. Não resistindo, ele a abraçou por trás. 
— Se admirando, mamãe? - beijou-lhe o pescoço - não dá para perceber ainda, amor. 
— Eu sei. Mas meu corpo está diferente, Castle. Eu sinto. 
— É normal - ele acariciava o ventre dela. Virando-a de frente para si, Castle se ajoelhou e beijou-lhe o ventre, sentiu as mãos de Kate em seus cabelos enquanto fazia isso. 
— Cas? Promete uma coisa? 
— Sim, Beckett. Eu continuarei a ama-la se ficar enorme e chata durante a gravidez - ela riu. 
— Não era isso, bobo. Mas é bom saber. Não é como se você tivesse uma escolha. Eu estou grávida, porém ainda carrego uma arma - ele a abraçava pela cintura - Podemos deixar esse assunto apenas entre nós por um tempo? Não quero que todos saibam agora. Talvez daqui a um mês. Contamos apenas para Martha e meu pai. 
— E Alexis, quando ela ligar. Tudo bem. Faremos isso. Quer evitar o assunto com Gates? Ela vai ter que se preparar para a sua saída. 
— Até lá, com sorte eu poderei contar com Ryan. 
— O que você quer para jantar? Salada e frango.Tem que comer saudável, não? 
— É. Está ótimo, babe. 
— E depois do jantar devemos comemorar de verdade. 
— Comemorar você disse? Hum... vou gostar dessa sua ideia? - ela envolveu seus braços no pescoço dele.  
— Muito. Garanto.  
— Então é melhor eu me apressar. Você sabe que não gosto de perder tempo.  
— Exceto quando foi para decidir ficar comigo.  
— Touché - ela beijou-o de uma maneira tão sensual que fez Castle gemer - acho que acabei de provar que a espera valeu a pena.  
— Tudo bem, Kate. Vamos comer. 
Após a refeição, eles ficaram na sala namorando. Bastou o clima esquentar para que Castle a puxasse para o quarto.  
A sequência de beijos e mãos bobas tomou proporções maiores e acabou na cama. Ele livrou-se da blusa que ela usava, das suas próprias roupas e explorava o corpo de Kate com a boca. Ela mantinha as mãos nele incentivando tudo o que fazia. Um calor lhe subiu atiçando o desejo de tê-lo dentro de si. Castle voltou a tomar-lhe os lábios. O beijo entre os dois era algo sempre poderoso capaz de deixar ambos à beira da loucura. Ele já havia se livrado da calcinha dela, se arrumava para penetra-la no momento que Kate mordiscava seus lábios e chamou por ele.  
— Castle... será que podemos? - ela quebrou o beijo, a ruginha de preocupação na testa - será que é certo?  
— É claro que é - ele a beijou novamente, Kate o puxou pela nuca aprofundando o contato para logo depois se separar. Castle olhava ofegante para ela.  
— O que foi? Por que parou?  
— E se machucarmos o bebê? E se eu tiver...- ele colocou o dedo indicador nos lábios dela.  
— Não vai acontecer nada. Não faz mal acredite em mim... - voltou a beija-lá e quando Kate estava cedendo novamente ela o empurrou.  
— E-eu tenho medo... não quero arriscar, e-eu nunca passei por isso antes e...- Castle saiu de cima dela. Sentou-se na cama - desculpa, eu quero muito, babe. Só preciso saber se devemos.  
— Eu sei que não é problema, mas pode pesquisar no Google. Eu espero. Ou se preferir, pode ligar para Johanna - Kate olhava para o marido. Suspirou. Ela acabara com o clima, não? Pegou o celular e mandou uma mensagem para Johanna. Enquanto esperava a resposta, ela pesquisou e não encontrou qualquer restrição. Mordiscou os lábios já se preparando para pedir desculpas quando o som de mensagem soou. Ela leu a mensagem de Johanna "Vá em frente, coelhinha. Nada de errado em querer seus orgasmos. Divirta-se." Ela deixou o celular de lado. Olhou para o marido. 
— Desculpa, babe. Eu sou uma boba. Não entendo muito disso - ela deixou a cabeça descansar no peito dele. Castle acariciava seus cabelos.  
— Tudo bem, amor.  
— Você vai ter que ter paciência comigo.  
— Admita que eu estava certo e ficaremos bem - ela torceu os lábios, ao invés de concordar com ele, Beckett sorveu seus lábios apaixonada deixando uma das mãos deslizar até o membro dele segurando e acariciando. A reação de Castle foi imediata. Gemendo entre seus lábios, ele a derrubou na cama e recomeçou o que faziam. O desejo voltou com força total. Necessitavam um do outro, clamavam pela união de seus corpos e por saciar o desejo que os consumia. Ele a penetrou de uma vez e Beckett se deixou levar pelas sensações que fazer amor com Castle a proporcionava. Foi muito fácil chegar ao orgasmo. Ao final de tudo, trocaram um novo beijo e adormeceram enroscados um no corpo do outro.  
Pela manhã, Beckett aproveitou o sábado para ficar um pouco mais na cama. Espreguiçou-se procurando pelo corpo quente de Castle, porém apenas encontrou o lugar vazio e frio. Checou o celular. Passava das dez. Então ela sentiu o cheiro de bacon. Sorriu levantando-se colocou o roupão de seda e seguiu para a cozinha. Ele estava fritando ovos.  
— Ah, você acordou. Está com fome?  
— Sim, mas não sei se deveria comer bacon.  
— Oh! Os ovos são para mim. Tem frutas, aveia e suco de laranja para você. Se quiser faço o seu sem bacon - ela já comia um morango. Beliscou o bumbum dele.  
— Acho que vou aceitar... sua mãe está em casa? - sentou e serviu-se de suco de laranja.  
— Acho que sim. Deve estar dormindo ainda. O chamado sono da beleza ou como ela tenta nos enganar em relação à preguiça. Você está bem? Algum enjoo?  
— Não, estou ótima. Amanhã é a prova do Ryan.  
— Ele vai se sair bem.  
— Também acho é só não deixar o nervosismo dominá-lo.  
— Ok. Aqui estão seus ovos. Você quer fazer alguma coisa hoje?  
— Não pensei sobre isso. Por que?  
— Estava pensando que poderíamos sair, olhar algumas lojas de bebês, almoçar.  
— Você está louco para gastar dinheiro, não? - ela brincou com o marido - você não vai sossegar. Tudo bem, vou deixar você se safar com isso. Podemos ir passear e eventualmente você irá fazer uma compra. Um ou dois itens no máximo - nesse instante Martha aparece na cozinha. 
— Bom dia, kiddo! Olá, Katherine. Vejo que não fui a única que dormiu mais um pouco hoje.  
— Oi, Martha. Nós temos algo para contar - ela olhou para Castle. 
— É mãe. 
— Não me digam que estão em um daqueles casos malucos onde um ou os dois podem sair feridos ou sabe lá o que!  
— Não é nada disso, mãe. É algo bom - Beckett sorri para Castle e depois para a sogra.  
— Eu estou grávida, Martha.  
— Meu Deus! Katherine, isso é maravilhoso - ela abraça a nora - de quanto tempo? Quando descobriram?  
— Dois meses. Fomos ontem na médica - sim, Beckett não conseguia deixar de sorrir.  
— Ah! Em breve teremos um pequeno ou uma pequena correndo pela casa.  
— Segundo Castle será um menino.  
— Richard nasceu para ser rodeado de mulheres.  
— Obrigado, mãe. Isso realmente mostra o quanto preciso de alguém do mesmo sexo para me ajudar.  
— Não seja dramático. Será ótimo ter um bebê por perto.  
— Castle, por que não vai se arrumar? Eu preciso de uns minutos para contar ao meu pai - ela esperou o marido ir para o quarto - ele quer comprar coisas de bebê. Acha que eu sobrevivo, Martha?  
— Querida, se tem uma pessoa capaz de freia-lo, esse alguém é você. Boa sorte! - rindo Martha se afastou para dar a privacidade que ela precisava para falar com o pai. Sentada no sofá, Beckett esperava a ligação ser atendida.  
— Alô?  
— Hey, dad...  
— Katie, que bom ouvir sua voz. Como você está, filha? 
— Muito bem. Estou ligando para contar uma novidade. 
— Novidade? Hum… você subiu de patente de novo? - ela riu. 
— Não, é pessoal. Preparado? O senhor sera vovô. Estou gravida, pai. 
— Katie! Que ótima notícia! Wow! Parabéns! Você me pegou de surpresa. Eu nem sei o que pensar. 
— Não gosta da ideia de ter um netinho ou uma netinha pedindo doces e presentes para o vovô? 
— É claro que sim, mas é novo para mim. Como está Castle diante da notícia? 
— Como o senhor acha? Empolgado, radiante. 
— Dê parabéns a ele por mim. Nossa! Sua mãe teria amado isso. 
— Eu sei… eu pensei nela quando confirmei a gravidez. Ela seria a primeira a correr para a loja e comprar algo. Competiria com o Castle, claro - Jim riu. 
— Aproveite, Kate. É uma fase muito bonita. Gosto de saber que você está feliz, filha. 
— Estou. Muito feliz. 
— Ótimo! Assim que eu me livrar de um processo que está em julgamento irei visita-la. Mande lembranças a Martha por mim. 
— Pode deixar. Espero sua visita - ao desligar, ela suspirou. A lembrança da mãe veio em seus pensamentos. Tê-la ao seu lado durante esses meses seria muito bom. Johanna teria adorado participar de tudo. Sentiu os olhos arderem. Rapidamente tentou se recompor, porém Martha percebeu. 
— Você se lembrou dela, não? Sua mãe? Tudo bem, querida. É natural. Eu sei que não sou ela, mas estarei aqui para o que você precisar. Pode contar comigo. 
— Obrigada, Martha - Castle apareceu na sala.
— É para hoje? Eu já estou pronto - ela revirou os olhos. 
— Já estou indo apressadinho. 
Meia hora depois, eles deixavam o loft. Andaram pelas ruas de Nova York visitando várias lojas para bebês. Ela teve que controlar o marido de perto porque ele já estava pensando nos brinquedos para o quarto do bebê. Com muito custo e alguma ameaça, ela conseguiu conte-lo. As compras se resumiram a uma sacola grande o que certamente era um avanço em se tratando de Castle. Da última vez que tiveram um bebê por perto, ele comprou um enxoval novo para a criança. De mãos dadas, seguiram para um restaurante para almoçar. 

XXXXXXXX

Em outro canto da cidade, a vida seguia sua rotina. Johanna deixava o plantão naquela tarde de sábado para uma folga merecida de dois dias seguidos. Nem acreditava que seu dia fora tranquilo e ainda eram duas da tarde. Como prometera a Audrey de irem fazer compras em um dos outlets em Jersey, Johanna optara por vir trabalhar de carro. Ela sabia que Paul estava na escala de sábado, porém não se atentou para o horário em que entraria no plantão. Lá se fora sua chance de uma noite de sábado com seu namorado. Pensando no assunto, fez uma nota mental para enviar uma mensagem perguntando a Paul se estaria livre no domingo à noite. 
Ao chegar em seu carro, estava prestes a abrir a porta quando sentiu alguém aproximar-se pressionando-a contra o veiculo. O perfume. Paul beijava-lhe o pescoço. 
— Já de saída? - ela virou-se para fita-lo. 
— Hey… eu ia mandar uma mensagem para você - ela beijou-lhe os lábios - trabalha domingo à noite? 
— Não. Quer fazer alguma coisa? 
— Sim, nem que seja comer pizza na sua casa. Só quero passar um tempo ao seu lado. 
— Hum, saudades? - ela sorriu. 
— Alguém anda muito convencido, será que Castle te contaminou? 
— O que ele tem a ver com isso? Tudo bem, eu ligo para você amanhã. Enquanto isso… - ele sorveu os lábios de Johanna com vontade. O corpo imprensou o dela contra a lataria do carro. As mãos de Paul acariciavam a lateral do corpo de Johanna, a boca devorava-lhe o pescoço voltando para os lábios. Ela sentia um arrepio percorrer-lhe a pele, o calor subir fazendo seu rosto ficar vermelho e gemeu em antecipação. Paul quebrou o beijo olhando-a intensamente - isso é para você não me comparar mais com esse escritor. E porque não dizer algo para lembrar de mim e ficar com vontade…
Ele se afastou sorrindo. Um pouco desnorteada, ela começou a rir passando a mão no pescoço tentando acalmar as batidas descompassadas de seu coração. 
— Paul… isso não se faz… - ainda podia sentir o cheiro do perfume dele em sua pele - maldito seja! - murmurou baixinho. Precisava afastar esses pensamentos impuros da sua mente, pelo menos até a noite seguinte. Ele ia pagar pela brincadeira - Me aguarde, Dr. Gray. 
No domingo, Ryan entrava no prédio da 1PP disposto a subir de patente e fazer não apenas Jenny, mas também a sua capitã se orgulhar dele. Beckett também não deixou de pensar no amigo. Queria vê-lo tenente. 
Castle recebeu uma ligação da filha e acabou aproveitando a oportunidade para contar a novidade. Alexis deu parabéns a Kate e ao pai mostrando-se preocupada em como Beckett conseguiria cuidar de um bebê e de seu pai. Fora isso, nada de extraordinário aconteceu com eles. 
Johanna chegou na casa de Paul por volta das sete da noite. Ao abrir a porta, Paul sorriu. Ela estava usando um vestido e um casaco. Trazia uma sacola nas mãos. 
— Hey, você trouxe o jantar? 
— Não. Uma entrada para degustarmos com cerveja ou tequila. Guacamole e tostillas - entregou a sacola para o namorado e beijou-o - hum, existe algum motivo especial para isso? 
— Não realmente. Eu apenas pensei que quando tivéssemos aqui, você ia provavelmente sugerir que pedíssemos pizza o que não é um problema para mim. Mas por que não ter outros sabores? 
— Eu não tinha pensado em pizza - ele falou com a cara mais lavada pois sobre a mesinha de centro havia três menus de diferentes pizzarias. 
— Imagina! - ela riu voltando a beija-lo. Os lábios de Johanna realizavam uma dança lenta sobre os de Paul, as mãos escorregavam pelo peito dele provocando ela sussurrou no ouvido de Paul após mordiscar o lóbulo da orelha - diz que você tem tequila… 
— Na verdade, eu tenho - a voz saiu meio rouca. 
— Muito bom - ela se afastou sentando-se no sofá após tirar seu casaco como se nada tivesse acontecido. Paul se dirigiu ao pequeno bar que mantinha na sala do apartamento, pegou uma garrafa de Jose Cuervo e dois copos de shot. Seguiu para a cozinha. Com um prato com sal e pedaços de limão, voltou à sala onde ela estava. Colocou a garrafa e os copos na mesa. Mostrou o prato com sal e limão. Johanna sorriu. Mal sabia ele o que ela tinha em mente. 
— Sente-se ao meu lado, Paul. Vamos comer esse guacamole. 
— Sabe, já que começamos com mexicana podemos continuar. Posso ligar para um mexicano. Uns burritos, quesadillas ou tacos. 
— Por mim tudo bem. Você quer fazer isso logo? Assim ficamos livres para aproveitar a noite - Paul seguiu o conselho da namorada imaginando que ela queria ir a outro nível, algo que ele não ia mesmo reclamar. Pedidos feitos, ele sentou-se ao lado dela servindo a primeira dose de tequila para ambos.  
— Não sabia que você gostava de tequila assim.  
— Não sou uma super fã, mas tem ocasiões em que uma boa tequila é a melhor companhia.  
— Espero não ser esse o caso, não está dizendo que prefere a bebida do que a mim - Johanna riu acariciando a coxa dele.  
— Nesse caso é a junção perfeita - ela tocou o rosto dele trazendo o rosto de Paul para perto roçando o polegar nos lábios, ela instigava a imaginação do médico usando a ponta da língua para instiga-lo até render-se completamente ao beijo. As mãos de Paul já deslizavam pelo corpo dela apertando-lhe os seios, saboreando o pescoço da médica. Johanna com muita força de vontade conseguiu se afastar.  
— Que tal experimentar o guacamole? - ela respirou fundo pegando uma tortilla enchendo da mistura de sabores. O jeito como ela comia não passou despercebido para Paul. Podia ser loucura, porém ele jurava que era sensual, provocante. Para afastar os pensamentos por uns instantes da sua mente, ele provou a comida. 
Viu quando Johanna despejou o sal nas costas da mão. Em seguida, ela pegou o copo com a bebida e ofereceu a ele. 
— Achei que ia beber.  
— Eu vou. Primeiro você - ainda sem entender Paul pegou o saleiro e derramou um pouco em sua mão. Johanna rapidamente pegou seu copo sobre a mesa e virou. Então Paul foi pego de surpresa quando ela pegou a mão dele e levou à boca. Os olhos não deixavam de fitar o par agora extremamente verde cheio de desejo.  
— Wow!  
— Beba, Paul - ele obedeceu virando a dose de vez. Johanna ofereceu a mão para que ele sorvesse o sal. Ele sugou a mão dela com gosto. Então ela ofereceu o limão. Paul fez uma careta ao sentir o azedo em sua boca. Sorrindo, ela pegou a garrafa de tequila servindo novas doses. Comeu um pouco mais de guacamole.  
— Esse é um novo jeito de beber tequila.  
— Pela sua reação imagino que tenha gostado.  
— E como! - a campainha tocou. A comida chegara. Paul se levantou para atender. Aproveitando que ele estava ocupado, ela resolveu ficar mais a vontade. Tirou os sapatos erguendo as pernas no sofá. O vestido que usava era super fácil de tirar e não colocará sutiã. Não ia negar que estava com fome, mas se Paul a provocasse ou mesmo a pressionasse só um pouquinho, ela cederia partindo para ação no mesmo instante.  
Paul voltou trazendo pratos, guardanapos, pimenta. Colocou tudo sobre a mesa. Percebeu que ela estava bem à vontade sentada sobre as próprias pernas quase de joelhos o que expunha boa parte da pele alva e macia que ele tanto adorava. O coque que usava fora desfeito e os longos cachos estavam caídos sobre o ombro.  
— Está com fome?  
— Estou. Quero provar a quesadilla. Pode me dar um pedaço? - ele estendeu o prato para Johanna - e passe a pimenta também - ele a viu mergulhar um pedaço direto no molho da pimenta. Provou. Depois repetiu o gesto com o guacamole. Ele olhava espantado para a forma sensual que Johanna comia ou seria apenas ele que achava tudo naquela mulher sexy?  
— Não vai comer?  
— Claro. E-eu estava decidindo... tacos. Melhor - Johanna escondeu o risinho de satisfação - estão bons - ela fingiu não ouvir. Pegou um burrito e partiu ao meio porque não conseguiria comê-lo todo. Ao colocar a comida na boca, Paul a olhava intensamente enquanto ela agia de maneira displicente. Pode ouvi-lo gemer. Terminou a comida, limpou a boca e avisou que ia usar o banheiro. Sorrindo, ela tirou o excesso de pimenta e cebola do hálito voltando para sala com o batom vermelho retocado. Paul mordiscava um último pedaço de quesadilla. Viu que a metade de seu burrito também se fora. Sentou-se do lado dele novamente.  
— Satisfeito?  
— Sim. Estou bem. Quer mais tequila?  
— Claro - ela não esperou por ele, virou a dose e serviu outra dose. Paul ergueu uma das sobrancelhas olhando-a, porém Johanna não lhe deu tempo de questionar. Erguendo-se do sofá, ela atravessou uma das pernas sobre o corpo de Paul sentando-se em seu colo com o shot em uma das mãos e o resto do sal nas costas da outra.  
— O que você está fazendo? - perguntou imediatamente colocando as mãos na cintura dela.  
— Oferecendo a você uma dose especial de tequila. Abra a boca, vire o shot, mas não engula ainda - ele obedeceu. Johanna segurou o rosto de Paul com as duas mãos e sacudiu a cabeça dele - agora engula.  
— Wow! - no entanto Johanna não deu tempo para o homem a sua frente pensar. Ela passou o resto de sal em seus lábios e beijou-o em seguida. As mãos de Paul deslizaram pela lateral do seu corpo até encontrar os seios dela. Apertou e segurou um deles em sua mão acariciando e ouvindo os gemidos de Johanna durante o beijo. Finalmente ela se afastou.  
— O que foi isso?  
— Apenas um truque que aprendi no México.  
— Meu Deus, Joh... estou meio zonzo.  
— Eu sei, essa é a sensação - ela beijou Paul mais uma vez.  
— Joh? 
— Hum? - ela roçava o nariz no pescoço dele sentindo o cheiro da loção pós-barba da Hugo Boss.  
— Eu não aguento mais - ele puxou o vestido dela pela cabeça deixando Johanna apenas de calcinha. A boca foi direto para seus seios, sugando um e outro. Ela inclinou-se para trás sentido o braço de Paul apoia-la. Puxou-o pelo cabelos erguendo seu rosto sorvendo seus lábios em um beijo ardente. Podia sentir a ereção dele contra seu corpo. De repente, ele a levantou-se do sofá carregando-a consigo. 
— O que você está fazendo,Paul?  
— Vou levá-la para a minha cama.  
— Com tequila ou sem tequila? - ela sussurrou sugando o lóbulo de sua orelha.  

— Pegue a garrafa... - rindo ela agarrou a garrafa de José Cuervo enquanto ele caminhava para o quarto.  


Continua...