domingo, 27 de agosto de 2017

[Castle Fic] Vendetta - Cap.7


Nota da Autora: Sei que estou demorando para postar, contudo tenho 3 fics em andamento e Vendetta em particular tem muito detalhe para avaliar. Enfim, o capitulo tem a continuação da investigação, momento dos melhores parceiros, nossa capitã aflita... só posso dizer: enjoy! 



Cap.7 

Duas horas depois, finalmente Beckett recebia um email do seu comandante com arquivos de video, links e uma senha exclusiva para acessar os dados de Logan no sistema penitenciário da Sing Sing. Ela podia acessar a lista de logs que revelava todos os visitantes, data e hora além dos videos de cameras internas. Os registros do prisioneiro também estavam a sua disposição. Jordan pediu para acompanha-la na analise. Também solicitou a analise do FBI para Ryan. Beckett explicou a presença dela ali para seu detetive. 
— O Comandante especificou para conseguirmos toda a ajuda necessária no caso Logan. Jordan está trabalhando no perfil dele e no do copycat para encontrarmos as semelhanças e definir uma maneira de agir. 
— Detetive Ryan, não tenha medo de pressionar os agentes. Eu liguei pessoalmente para o HQ de Nova York e para o laboratório, disse que esse caso é prioridade zero. Eles o ajudarão no que precisar. 
— Obrigado, agente Shaw. 
— É Diretora assistente agora, Ryan - disse Beckett. 
— Oh, parabéns então. Bom ter mais mulheres em posição de comando - Jordan sorri, De volta a sala da capitã, ela senta-se ao lado de Beckett. Segundo as filmagens, Logan não tinha nenhuma visita além de seu advogado. 
— Doze anos e nenhuma visita? Isso é muito estranho. 
— Não quando se é um sociopata sem familia e solitário - reforçou Jordan para Castle. 
— Então onde o suposto cúmplice se encaixa? Vocês não estão achando que é o advogado, certo? 
— Menos, Castle. Talvez não seja alguém de fora - disse Beckett - olhem essa ficha de Logan. Ele não tem ocorrências, considerado de comportamento exemplar pela direção e pelo responsável e orientador dos presos. E reparem no nome do companheiro de cela pelos últimos cinco anos. 
— Mike.Um dos nomes. Mike Doyle. Isso não é coincidência - disse Castle. 
— Não, especialmente considerando o crime de Logan, ele deve ter feito algo grande, no mínimo um homicídio para estar na mesma area. Mais um detalhe, ele saiu sobre condicional em dezembro. Acredito que temos o nosso suspeito e cúmplice afinal. Estou tentando acessar o arquivo dele - Beckett deu alguns comandos no computador. Na tela surgiram as letras vermelhas: ACESSO NEGADO piscando - mas, por que? Eu deveria ter acesso a tudo, não?
— Talvez seja porque ele não está mais na prisão. Sua ficha não deve estar ativa - disse Jordan - acontece com os criminosos no FBI. Os arquivos são removidos para uma area especial para não carregar o sistema, você precisa de um acesso diferenciado. 
— Vou ligar para o Comandante e explicar. Castle, pode informar Ryan sobre a verdadeira identidade do nosso suspeito? Talvez ele tenha mais chances de conseguir informações agora. Diga para checar os arquivos de homicídios da NYPD. Pode checar esse banco de dados que citou do Bureau, Jordan? 
— Claro. Isso pode explicar muita coisa. Não acredito que ele esteja entre os crimes do FBI, foi um crime local, não?
— Aqui não diz nada - reforçou Castle antes de sair da sala para falar com Ryan. Retornou com duas canecas de café fumegantes. Entregou as duas e saiu para buscar a sua. Beckett acabava de agradecer e desligar o telefone. 
— O Comandante está enviando o arquivo dele nos próximos quinze minutos. Ryan deve ter a ficha dele em breve também - ela bebeu um pouco do café - tem algo mais a comentar, Jordan? 
— Ainda não. Quero mais informações sobre o Mike. Nossa, esse café é muito bom. Geralmente delegacias são conhecidas pelos piores cafés possíveis. 
— Sim, o daqui não era diferente. Xixi de macaco, horrível! Não ia conseguir trabalhar em um lugar com um café que nem deveria levar esse nome. Comprei essa maquina de expresso logo que comecei a seguir Beckett. Ela relutou tomar por um dia… a curiosidade e bom gosto a fizeram mudar de ideia - Beckett somente revirou os olhos fazendo Jordan rir - ela faz essa pose de propósito, sabe que estou dizendo a verdade - um barulho alertou que a capitã tinha um novo email. Ela prontamente clicou e foi logo acessando a pasta. Ficou calada por alguns minutos enquanto os olhos atentos buscavam respostas para algumas das perguntas pendentes - então? - Castle perguntou ansioso. 
— E não há registros de visita para Mike também, exceto o advogado. 
— Outro lobo solitario - suspirou Castle. Ryan entra na sala. 
— Então, Mike Doyle matou a irmã. Ela se juntou com o melhor amigo dele e armaram um golpe. Aparentemente ele foi traído por ela, roubado. Não tinha residência antes de ser preso. Ele dividia o teto com ela, era seu apartamento. O cara não tinha muito dinheiro, menos ainda após sair da prisão. Seu seguro social está ativo. Ele trabalha em um McDonalds. E adivinha? O endereço que ele forneceu para a companhia foi o do apartamento de Logan, ou melhor o que ele herdou após matar a mãe. 
— Super amigos não acham? Quero evitar ir ao apartamento até segunda ordem. Não temos  uma prova concreta para incrimina-lo, nada de causa provável. Precisamos cerca-lo. Você tem o endereço da McDonalds que ele trabalha? 
— Sim, é na Broadway. 
— Ótimo, pegue Espo e faça uma visita. Tragam-no para depor. Diga que precisamos fazer algumas perguntas, ele não irá se recusar porque poderá colocar em risco sua condicional. Nossa estratégia será questiona-lo sobre a garota. Eu quero fazer as perguntas pessoalmente. 
— Tudo bem, capitã. Iremos traze-lo o mais depressa possível. 
— Ryan, enquanto estiver no McDonalds, será que pode trazer uma torta de maçã para mim? 
— Castle! - Beckett ralhou com ele. 
— Qual o problema? Ele já está lá mesmo. Você quer uma? Traga três, Ryan - e entregou uma nota de vinte dólares - viu Beckett fazendo bico e entortando a boca. Jordan segurava o riso - o que? Você está com cara de quem precisa um doce - rindo Ryan deixou a sala da capitã. Bastou isso acontecer para Beckett voltar sua atenção ao computador contrariada em busca de mais informações. Jordan foi quem começou a discussão. 
— Logan é inteligente. É possível que tenha pensado em tudo. Passo a passo. 
— Você acha? - perguntou Castle - o fato de Mike usar o apartamento do seu idolo me parece bem ingenuo e idiota. 
— Então, Castle. É o seguinte: Logan é tão inteligente que pensou em tudo com antecedência.  Isso faz parte de seu plano. Na verdade, se não tivéssemos o conhecimento prévio sobre seu caso e seu propósito, certamente esse detalhe passaria despercebido. Beckett pode perguntar e eu tenho certeza que ele terá uma explicação plausível para nos dar. Contudo, você tem razão em algo. A ação parece simples, falsa. Me faz pensar se Logan não tem outro plano, outra carta na manga. 
— Você está achando isso muito fácil, não? Concordo com você - disse Beckett - há uma espécie de segundas intenções em seus atos. 
— Achei que já tínhamos concordado que o fato desse assassinato aparecer na jurisdição do 12th não era coincidência. Depois de tudo que já descobrimos, apenas confirma que isso pode ser vingança - disse Castle. 
— Vamos focar em Mike - Beckett desviou a intenção de Castle em mencionar que ela era o alvo - Nosso maior problema é encontrar uma forma de não apenas liga-lo a vitima e a Logan, mas principalmente encontrar uma evidência de que a assassinou. Se querem minha opinião não será muito fácil. A falta de DNA na cena do crime prova isso. Jordan seria bom tê-la observando o depoimento de Mike. Quero suas impressões. 
— Claro. Pode me enviar o arquivo do homicídio que ele cometeu também. Vou começar a traçar o perfil dele para comparar com a entrevista e com Logan. 
— Já está no seu email. 
— Obrigada. 
— Claramente eles compartilham da mesma visão sobre mulheres. Ambos foram traídos e as odeiam. Talvez isso os tenha aproximado. Suas convicções. Castle, você vai estar na sala comigo? Você foi a primeira pessoa que entendeu o tipo de crime que estava acontecendo naquele apartamento. Conhece bem a dinâmica de serial killers, não que eu classifique Mike como um, ele é mais um meio para os fins. Logan tem uma agenda, eu sei que sim. 
— Claro! O que você quiser, Beckett. Você quer discutir uma estratégia para o interrogatório? Sou todo ouvidos. 
— Talvez precisemos de uma mesmo. Não quero ser direta com as perguntas que o leve a ficar na defensiva. 
— Ele estava preparado, Kate - disse Jordan - se foi treinado por Logan e o admira, ele estará pronto para responder suas perguntas e digo mais, não duvido que tenha um discurso pronto e uma maneira de chegar até o seu mestre para dar as noticias. 
— Burlar a segurança da prisão? Como? 
— Do jeito mais simples possível, pelas visitas. Porém, se fosse você, concentraria meus esforços em Mike. Em interpreta-lo. Essa é a chave para entendermos o que Logan está tramando. 
— Tudo bem. Vou seguir seu conselho - disse Beckett tomando mais um gole do café. 
Uma hora depois, Esposito bate a sua porta indicando que estavam de volta ao distrito. O suspeito estava na sala de interrogatório aguardando pelas orientações dela. 
— Quer que nós comecemos a primeira rodada de perguntas e você assume depois? 
— Nao, eu e Castle faremos o interrogatorio. Ele resistiu? 
— Não, eu o lembrei da condicional. Ele parece estar bem tranquilo. 
— Faça um favor, ligue para o agente da condicional. Quero evitar problemas depois. 
— Certo. Você não vai mesmo vasculhar o apartamento? 
— Não agora. Ofereça uma bebida para ele. Um refrigerante ou café, vou deixa-lo esperando por um tempo. Não acredito que isso irá desestabiliza-lo, porém certamente o fará pensar sobre os motivos que o trouxemos aqui e as perguntas que iremos fazer - Esposito saiu da sala, Beckett pegou a ficha de Mike para reler antes de começar a sua conversa. Quando finalmente sentiu-se pronta, Beckett fez sinal para Castle a acompanhar. Ela respirou fundo e vestiu a pose de investigadora sagaz que a pertence antes de entrar na sala. 
— Sr. Mike Doyle. Sou a Capitã Beckett, esse é Rick Castle. Temos algumas perguntas para você. Aceita mais um refrigerante? - ela perguntou sentando-se de frente para ele. 
— Não, estou bem. Do que se trata? Olha, você deve ter minha ficha e sei que já tem todas as minhas informações. Estou em regime de condicional, tentando recomeçar - Beckett fazia cara de compreensiva. No fundo estava pensando no que Jordan comentara. Palavras prontas, discursos pensados. Ele estava tentando vender a imagem de bom moço. 
— Claro, eu acredito em segundas chances. Não se preocupe, dependendo do que me conte, nosso encontro será breve. Eu não vou prende-lo aqui por muito tempo - ela colocou as imagens retiradas das cameras na frente dele. Somente as três em que ele ainda estava com cabelos - reconhece a você nessas imagens, Sr. Doyle. 
— Por favor, me chame de Mike. Sim, sou eu antes de raspar a cabeça. Qual o problema com elas? 
— Veja só, estamos investigando um crime no qual a nossa vitima foi vista entrando no mesmo café que o senhor em três ocasiões diferentes. Jane Sheldon - Beckett colocou as fotos da cena do crime na frente dele. Apesar de querer parecer horrorizado, tanto Castle quanto Beckett notaram um leve sinal de orgulho. 
— Você a conhecia? 
— Nunca a vi antes. 
— Tem certeza? 
— Absoluta - foi a vez de Castle continuar. Colocou a imagem dele agora careca. 
— A situação voltou a se repetir após você raspar a cabeça. Essa imagem é do dia do assassinato, estavam no mesmo café. 
— Diria que é uma tremenda coincidência - disse Mike completamente calmo. 
— Certo, e o fato da cena do crime acontecer a poucos quarteirões e da forma que o crime fora realizado não chama sua atenção? Você foi preso por assassinar sua irmã, o que me leva a crer que não é um grande fã de mulheres. Estou enganado? 
— Minha irmã me traiu. Roubou-me descaradamente com meu sócio e melhor amigo. Ela o usou para conseguir o que queria. Tem razão, não sou grande admirador das mulheres. Hoje em dia estão dando muita importância a esse lance de direitos iguais e feminismo. Eu discordo. Mulheres devem ser subservientes aos homens e não usar seu corpo e charme como armas para engana-los. Eu paguei pelo meu crime. Se está insinuando que eu matei essa moça, está errado. 
— Desculpe, Mike. Depois desse seu discurso sobre mulheres, a sua situação diante do crime começou a piorar - disse Beckett - sabe qual o problema? Eu reconheço cada detalhe dessa cena. É uma copia mal feita de um dos maiores serial killers que já enfrentei e convenhamos tive a chance de vencer - Beckett viu o quase imperceptível movimento do cenho ao praticamente xingar o seu trabalho - Andrew Logan? Soa familiar? Eu sei que ele foi seu companheiro de cela por anos. Você o conhece e o admira não? 
— Temos que nos adaptar a vida na prisão. Ele era meu companheiro de cela e me tratava bem, não tenho nenhuma reclamação contra ele. 
— Não estou falando de como ele o tratava, me referi a amizade e admiração. 
— Como disse, eu o respeitava e ele a mim. 
— Do jeito que fala parece um relacionamento muito vago. Ainda assim não estou completamente satisfeita com a sua explicação porque para mim, o fato de você estar presente e todas as filmagens de todas as idas de Jane a diferentes cafeterias não me convence de que seja coincidência especialmente na ultima que além de ser a noite em que ela foi morta, você também mudou o visual. Eu estudei Logan o suficiente para saber que ele era minucioso com detalhes, nada de digitais ou DNA em suas cenas especialmente após eu tê-lo condenado por um desses deslizes. 
— Eu apenas quis mudar meu visual, não sabia que isso era crime. Você está fazendo muitas perguntas e ainda não entendi de onde tirou a ideia de que eu matei essa moça. Tudo o que eu estou fazendo é muito simples. Estou tentando construir uma nova vida. Tenho um emprego honesto, estou me esforçando por que arriscaria burlar minha condicional? 
— É uma boa pergunta. Eu ainda não sei a resposta - disse Castle - será que pode me falar um pouco mais porque acha Logan inteligente? 
— Porque ele é. Vive cercado de livros. Isso na prisão é estranho. 
— E isso o faz admira-lo. 
— Sim, ele é diferente comparado com a escória que habita a Sing Sing - Castle trocou um olhar com Beckett. Um pequeno deslize. 
— Deve ser por isso que ele ofereceu seu apartamento para você ficar, não? Respeitar o cara é uma coisa, mas dai a ceder um lugar para morar? Tem que haver confiança e amizade. Sabemos que você está morando lá. Quer mesmo que acreditemos que vocês não são amigos e que você não tem nada a ver com o crime? 
— Olha, Logan estava com o apartamento fechado. Ninguém quer morar na casa de um criminoso. O advogado dele sugeriu que ele o cedesse para mim por uma quantia reduzida, pelo menos ele tem uma grana e eu, um teto. Nossos advogados acertaram tudo. Foi uma transação de negócios, não tem nada a ver com amizade. Se quiser, pode consultar meu advogado. Aliás, eu cooperei com a capitã respondendo todas as perguntas de maneira coerente. Espero que a vinda aqui não atrapalhe meu processo de condicional. Meu agente não irá gostar de saber que fui escoltado pela NYPD para prestar depoimento. 
— Não se preocupe quanto a isso, Mike. Meu pessoal contatou seu agente e explicou que trata-se de formalidades, entender alguns gaps da história. O que me leva a afirmar que preciso do número do seu advogado para que eu possa confirmar o contrato do apartamento. Imagino que tenham redigido um contrato para a segurança do dono do imóvel. 
— Sim, fizemos isso - Castle estendeu um papel e uma caneta para ele. 
— Pode anotar o número aqui? - enquanto Mike fazia isso, Castle saiu com outro questionamento - apenas a titulo de curiosidade, já que você afirma que não conhece Jane e estar nos cafés que ela frequentava no mesmo intervalo de tempo é uma coincidência, onde você estava na noite da segunda-feira passada por volta de sete às onze da noite? 
— Você quer checar meu álibi? Nem é policial! 
— Mas eu sou, portanto responda a pergunta - ordenou Beckett. 
— Eu sai do café e fui para casa. Moro sozinho. 
— Não há nada que possa comprovar o que diz? Você andou de metro? Usou o metrocard? 
— Não, eu caminhei até em casa. 
— Mesmo? De Lower Manhattan até o Upper East Side é uma boa caminhada. 
— O que posso dizer? Eu gosto de andar.     
— O seu prédio tem porteiro eletrônico ou sistema de câmera de segurança para podermos validar a sua informação? 
— Infelizmente não. Terá que confiar na minha palavra. 
— Em resumo, você não tem um álibi. Não soa promissor para mim. 
— Eu já disse que não matei ninguém. 
— Outra coisa, por que raspou a cabeça? 
— Uma mudança de visual. É mais prático. 
— Essa é a mesma desculpa que você vai usar para as sobrancelhas? Porque do meu ponto de vista, isso não tem nada a ver com estética e sim com o método usado pelo seu amigo e companheiro de cela. Ele se depilava para não correr o risco de deixar DNA na cena do crime. 
— Eu não estou imitando Logan, ele não pode ser copiado. É único - disse meio irritado. 
— Bem, alguém o copiou. E pela sua reação me parece que você acha a ideia de um copycat uma afronta e que conhece bem o trabalho dele caso contrario não diria ser único. E, no entanto, ele foi imitado. E como afirma não ter sido você, existe alguém ai fora que talvez o admire mais que você, Mike - disse Castle. 
— Vou ligar para o seu advogado - Beckett e Castle saíram da sala. Não trocaram uma palavra até que estivessem reunidos com Jordan na sala de observação - ele está mentindo. 
— Claro que sim. Sabemos exatamente que ele matou Jane e admira Logan, nosso problema resume-se a outra coisa: provar. Você pode até chamar o advogado, mas entende que recebera um contrato redigido da maneira correta, sem dúvidas, uma legitima transação comercial. 
— Quero um pouco mais que isso, pode me dizer algo especifico sobre ele, Jordan? 
— Ele é leal. Acredita nisso foi por ter sua relação quebrada com o amigo e sócio que acabou matando a irmã. Não é fã de mulheres. Talvez possamos explorar um pouco mais isso. Mike também é inteligente, era dono de seu próprio negócio até ser apunhalado pelas costas. Eu diria que a irmã era a princesa da familia. Tudo que ela fazia era tido como especial, mesmo quando errava tinha sua forma de escapar ilesa. Com o tempo, isso acabou influenciando a opinião de Mike sobre as mulheres. 
— Não me parece muito inteligente para um homem de negócios apenas surtar e matar a irmã devido a uma traição. 
— Castle, ai que está o X da questão. Mike não é um sociopata convicto como Logan. Ele foi desenvolvendo um pouco dessa mentalidade com o passar dos anos observando a injustiça do mundo ao seu redor. Posso afirmar que sua mãe era a figura dominante em casa e o pai apenas a obedecia. A raiva o fez assassinar a irmã, foi o gatilho. Logan apenas teve que cultivar a semente e mostrar que estava fazendo a coisa certa ao admira-lo e ajuda-lo. 
— Concordo com tudo, Jordan. Porém, ainda não sei como vou pega-lo. Conecta-lo ao crime - disse Beckett - o tempo está passando e eu sequer posso vasculhar o apartamento dele. 
— Se quer minha opinião, voltando ao ponto da inteligência de Mike, como um aprendiz acredito que ele venha se comunicando regularmente com seu mestre. Não resta dúvidas que ele foi a pessoa que alertou a imprensa sobre o crime possivelmente algo que Logan pediu. Eu diria que ele vai cortar qualquer comunicação com a prisão. Você pode colocar tiras para vigia-lo, eu tenho certeza que ele espera isso e dará a você o retrato de uma vida comum, sem grandes acontecimentos e sem nada suspeito. 
— Isso foi inspirador - ironizou Beckett - não me ajuda a resolver o caso. 
— Qualquer que seja a agenda secreta de Logan, não acredito que será revelada amanhã ou depois, nem em uma semana. Kate, ele esperou doze anos para reaparecer, isso mostra que a questão tempo para ele é relativa, afinal ele tem todo o tempo do mundo. A menos que encontremos algum furo na entrevista ou em suas ações, dificilmente pegaremos esse cara. Meu palpite é que o crime irá esfriar, ele seguirá com sua vida e até me arrisco a dizer que sumirá no mundo. 
— Então, basicamente você está dizendo que não adianta nada eu investigar, procurar uma maneira de prende-lo. É isso? 
— Não. Você pode investiga-lo. Deveria ter uma conversa com o socio, o advogado. Converse com o amigo longe das vistas de Mike. Eu sei que terá que libera-lo. O que sugeri pode ajudar, mas Kate não vamos nos enganar. Acredito que todos nessa sala sabemos exatamente qual é a agenda secreta de Logan - Beckett trocou um olhar com Castle antes de voltar sua atenção para Jordan. 
— Não. Eu me recuso a pensar que eu seja o alvo. Não quero passar o resto do tempo livre que tenho pensando onde ou quanto eu serei atacada. Isso não vai acontecer. Jordan, ele não sairá da prisão. Não tem como! 
— Quem disse que precisa ser ele? Mike aprendeu com o mestre - disse Castle - Jordan tem uma certa razão apesar de eu detestar admitir. Você é uma potencial vitima. 
— Não tenho tempo para discutir isso agora. Eu vou contatar o amigo e pedir ao Espo para trazer o advogado - assim que a capitã saiu da sala, Jordan encarou Castle. 
— Ela está em negação. Eu sei. 
— Não diria negação, mas para alguém racional e defensora da justiça, a opção de desistir nunca vem de imediato. Eu torço para que ela encontre algo, mas a probabilidade de acontecer é muito baixa. Pelo menos você entende que ela é um alvo. 
— Não gostaria de concordar com isso, mas é o cenário que temos. Você acredita que Mike vai mesmo desaparecer? 
— É apenas uma questão de tempo e ele não irá se comunicar com Logan rapidamente. Ele sabe que vocês suspeitam dele. Na verdade, ele compreende que o enxergam como culpado somente não podem provar. Isso o faz sentir poderoso, quase arrogante. Ele se divertirá diante da frustração de Beckett. 
Meia hora depois, o advogado apareceu na delegacia e exatamente da maneira que Jordan previra. Trouxe o contrato assinado e autenticado. Tudo estava em ordem. O valor do aluguel chamou a atenção de Beckett. 
— Você está pagando mil dólares de aluguel? Como você consegue cobrir isso e outras despesas com um emprego numa rede de fast-food? 
— Eu paguei dois meses adiantados com um resto de economia que tinha. Eu pretendo encontrar outro emprego e assim que possível aplicar para a posição de gerente. Eu disse que quero reconstruir minha vida. É isso que irei fazer. 
— Bom para você. 
— Ainda tem mais perguntas para mim, capitã? Eu preciso voltar ao trabalho. 
— Não. Estou satisfeita por hora. Não desapareça. 
— Como poderia? Estou sob análise, minha condicional? - ele se levantou, estendeu a mão para Beckett - foi um prazer conhece-la, capitã - ele teve que se segurar para não exibir um sorriso presunçoso na frente dela, obviamente a sua linguagem corporal revelava claramente a provocação. Ele saiu acompanhado de seu advogado. Beckett sentou-se na cadeira jogando a pasta do caso sobre a mesa. Visivelmente frustrada. Castle entrou na sala trazendo uma caneca de café. Sentou-se ao seu lado. 
— Tudo bem? Foi apenas a primeira batalha, a guerra está longe de terminar - ela apertou a mão dele. 
— Castle, você se lembra na época logo depois nós estarmos juntos de verdade em que investigávamos a morte da minha mãe, procurando os arquivos de Smith? Você me disse que estava procurando desesperadamente por algo, uma agulha no palheiro? Bem, é desse tipo de atitude que preciso agora para resolver esse crime - ela não o encarava e Castle sabia porque. Não queria parecer vulnerável. As palavras de Beckett e o seu jeito de falar demonstravam  que essa era a forma dela pedir socorro. Esperava que ele ficasse ao seu lado, a apoiasse como sempre fez - Está comigo ou vai desistir? 
— Você realmente precisa perguntar? Estou 100% com você, Kate - ele beijou a testa dela. 
— Você acredita em tudo o que Jordan falou? Nós ao menos temos uma chance nisso? 
— Há sempre uma chance, um lado positivo, uma saída. Não podemos ignorar as palavras de Jordan, Beckett. Você sabe, eu sei. Iremos fazer disso uma busca? Uma obsessão? Definitivamente não. Eu não preciso viver nossas vidas com medo ou vigilante por todo o tempo. Eu me preocupo com você e terá minha companhia sempre que precisar. Nesse momento eu diria para irmos para casa, descansar, ambos estamos necessitando de um tempo para nós. Amanhã continuaremos com a investigação. Foi um longo dia. 
— Eu não sei se consigo desligar… 
— Eu conheço alguns truques. Vamos, capitã. Prometo que irá gostar - ele acariciava a mão de Beckett com o polegar. Ela sorriu e finalmente o encarou.  
— Vou falar com Jordan e os rapazes. Irei ceder hoje para você, escritor - ela saiu da sala. 
Jordan aprovou totalmente a iniciativa de Castle e prometeu analisar mais a fundo a personalidade de Mike Doyle para Kate. 

XXXXXXXX

De volta ao apartamento, Mike sentou-se na cadeira contemplando o nada por alguns minutos. Em seguida, ele se levantou e foi até uma pequena escrivaninha. Pegou papel e caneta tentando buscar as palavras certas para escrever ao seu mestre. Não era idiota. O que quer que precisasse dizer a Logan teria que ser adiado por vários dias. Policiais eram previsíveis. Certamente ela colocara uma viatura vigiando seus passos. Não ia arriscar tudo, mesmo assim, precisava escrever tudo o que acontecera, manter seu mentor informado. Talvez pudesse voltar a falar com a imprensa. Reafirmar que a policia de Nova York sob o comando da Capitã continuava patinando e sem respostas. Isso a irritaria, a exporia. 
Ela era exatamente como seu mestre a descreveu. Arrogante, dona de si. Quem era ela para menosprezar a sua cena, a sua obra? Insultou meu trabalho chamando de cópia mal feita. Ela sequer compreendia! E aquele cara? O marido? Outro idiota a mercê dela. Usa e abusa dele. Ela terá o que merece, seu castigo. Perderá aquela pose e experimentará o seu castigo. O mestre a colocará em seu devido lugar. Ele terá a chance de assistir de camarote.   
Suspirou e curvou-se sobre o papel. Era a hora de trabalhar. 

Loft dos Castle

Beckett chegou e foi direto para o banheiro. A cabeça latejava. Não pela pressão ou tensão do caso em si, mas por não conseguir avançar. Isso a frustrava. Saber que seu inimigo, seu suspeito estava a sua frente e não poder provar o que ele fizera era uma sensação terrível. Ela sequer sabia como reportar isso para o seu comandante. Tinham que achar algo. 
Castle tratou de preparar algo leve para jantarem. Conhecendo a esposa, ela não iria sentar-se e fazer uma refeição de maneira tranquila, ele teria que força-la. Sua mente não desligava facilmente de seus problemas. E essa investigação era um exemplo disso, Logan era uma pedra no sapato deles. Concentrou-se em agrada-la e evitar falar de trabalho. 
Quando Beckett voltou a cozinha vestindo uma legging e uma camiseta, Castle prontamente a entregou um copo de vinho. 
— Estou preparando uma salada do jeito que você gosta e medalhões de filé para acompanhar. Nós vamos sentar a mesa e ter um jantar normal. 
— Obrigada. Eu sei o que você está fazendo, babe - ela beija o rosto de Castle - Preciso descansar a mente - ela sentou-se no balcão da cozinha para observa-lo. Ele fritava a carne, Beckett bebia o vinho. Quando estava tudo pronto, ele jogou o pano de prato e o avental sobre o balcão, levou a comida à mesa e voltou até onde ela estava. Abraçando-a por trás, beijou seu pescoço até o instante que Beckett virou o rosto procurando pelos lábios dele. O beijo foi carinhoso, leve. Os lábios se tocavam diversas vezes como se fossem uma avalanche de beijinhos. Puxando-a pela mão, ele a guiou e sentou-se ao seu lado. 
Fizeram a refeição em um clima agradável embora não falassem muito. As caricias continuaram e após se darem por satisfeitos, Castle a arrastou para a sala com um pote de sorvete. 
— Essa é a resposta para todas as horas, quando se está triste, frustrado, ajuda a acalmar, colocar um sorriso no rosto. Quando se está feliz, apaixonado, é ideal para dividir com quem se ama. Nosso caso é o segundo hoje - ela ergueu a sobrancelha - tudo bem, talvez um pouco do primeiro. 
— Chocolate? Quais as chances de eu comer apenas umas colheres? É o seu preferido. 
— Você tem prioridade hoje. Só não coma o pote inteiro! - ela gargalhou. 
— Você não existe. 
— Está enganada, capitã. Eu existo, sou de carne e osso. Apenas jogaram a forma fora após me criar - outra gargalhada. 
— Esse é o cumulo do convencimento. 
— Pelo menos serviu para fazê-la gargalhar. É bom ouvir esse som. 
— Você acha que teremos uma chance de prender Mike? 
— Não sei, torço para que sim, como disse antes eu somente não quero vê-la obcecada por isso, Kate. Promete uma coisa? Se eu perceber que você está perdendo a linha, mergulhando fundo demais em um buraco negro, promete que vai me ouvir? Vai me deixar ajuda-la e alerta-la para parar? 
— E-eu talvez não perceba… 
— Apenas prometa que irá me ouvir - ela acariciou o rosto dele. 
— Sim, prometo. 
— Ótimo, que tal a gente ir para o quarto? Tenho uma diversão bem interessante para nós - de mãos dadas, eles seguiram. Castle tirou a roupa de Kate bem devagar enquanto beijava-lhe a pele ao longo do caminho. Ela apenas apreciava as caricias que o marido fazia. As mãos de Castle tocando seu corpo causava um misto de sensações, era eletrizante e gostoso. Fazia seu corpo amolecer e criava uma sensação de urgência, necessidade e conexão. Todos os pensamentos se misturavam e demonstravam para Beckett o quanto ela gostava e precisava dele. 
Os pensamentos foram interrompidos por um beijo e pela forma como Castle a puxou contra seu corpo. Beckett colocou seus braços ao redor do pescoço dele e prontamente ele a deitou na cama. O momento de relaxamento estava apenas começando. 
Na manhã seguinte, após um café da manhã reforçado, eles chegaram no distrito. Ryan esperava sua capitã ansioso. 
— Bom dia, Beckett. O amigo do Mike está na sala de interrogatório 2. Jordan Shaw também já chegou e está na sua sala. 
— Ótimo. Vou entrevista-lo em um instante, primeiro quero falar com Jordan. Alguma noticia da viatura que está patrulhando nosso suspeito? 
— Nada estranho. Depois que saiu daqui foi para o apartamento e só saiu pela manhã direto para o trabalho. 
— Certo - Beckett notou a apreensão no rosto de Ryan - o que foi? Você tem algo mais para me falar, não? - a linguagem corporal do detetive indicava que era uma má noticia - não enrole. 
— É que hoje pela manhã houve mais um destaque na mídia sobre o caso. Novamente comentaram a incompetência da NYPD em resolver o crime e citaram seu nome, Beckett. Estão questionando a sua habilidade como capitã. Gates ligou logo depois, pediu que retornasse a ligação para ela assim que chegasse - Jordan acabava de chegar ao salão com umas pastas na mão. 
— Deve ter a ver com o comandante. Melhor retornar logo. Deixe o cara esperando, pretendo conversar com ele em breve. Bom dia, Jordan. Eu falo com você depois - a profiler apenas sorriu e anuiu. Castle sabendo que ela iria querer privacidade para falar com Gates, juntou-se a Jordan que estava sentada na sua cadeira cativa com uma pasta e um bloco de anotações nas mãos. Beckett seguiu para sua sala e sequer ligou o computador, pegou logo o telefone. Gates a atendeu e foi direto ao ponto. 
— Imagino que esteja sabendo da repercussão do caso na mídia, Capitã? Como anda a investigação? 
— Complicada, Gates. Tudo indica que temos o suspeito numero um, eu sei que foi ele quem matou Jane, mas não consigo nada para incrimina-lo. 
— Já o interrogou? 
— Sim, não consegui nada. Está tudo muito bem planejado. Eu irei tentar uma outa linha hoje, tenho uma pessoa para interrogar. Espero conseguir algo mais sobre ele. 
— O Comandante quer respostas, Beckett. O que quer que diga para ele? 
— Diga que hoje à tarde, conforme a investigação caminhe estarei no 1PP para atualiza-lo. 
— Certo, esperaremos você - Beckett desligou e seguiu para o salão. Castle e Jordan conversavam avaliando algumas anotações da profiler. Ela se aproximou. 
— Vai me acompanhar no depoimento, Castle? Você pode observar, não? 
— Claro. Qualquer informação sobre Mike é util - eles se dirigiram para a sala de interrogatório, Beckett se apresentou, explicou que era um depoimento, pediu permissão para grava-lo, recitou seus direitos e sentou-se na frente do homem. Ele parecia preocupado. 
— Capitã, me perdoe, mas por que eu estou aqui? 
— Primeiramente você não está sendo acusado de nada. Estamos apenas trabalhando em alguns ângulos sobre uma pessoa, um antigo amigo. O nome Mike Doyle lhe diz alguma coisa? 
— Mikey? Ele está preso, não? Em Sing Sing? Ele não saiu, não pode… - ela percebeu a apreensão - diga que ele está na cadeia. 
— Na verdade, não. Mike está em liberdade condicional. Por que a preocupação, Marcus? 
— Ele matou a irmã, era minha namorada. Eu sou o próximo. 
— Vamos com calma. Conte a história do inicio, diga porque ele matou a irmã. 
— Ele surtou. Mike imaginou coisas em sua cabeça. Eu e ele éramos sócios. Estávamos caminhando bem, porém Mike não gostava muito de ouvir conselhos. Não era um bom investidor. Não tinha jeito para os negócios como a irmã. Jane era incrível. Em três meses, ela fez nosso lucro crescer 30%. Tinha ótimas ideias, queria expandir o negócio. Mike não concordava. 
— Espera, você disse Jane? 
— Sim, era o nome da irmã dele. Você deveria saber disso, não está avaliando a ficha e o crime que ele cometeu? 
— Isso não pode ser uma coincidência - ela falou fitando Castle. 
— O que é coincidencia? 
— Continue sua historia, Marcus - ele suspirou e obedeceu. 
— Mikey não queria que Jane investisse em umas ações. Ela tinha esses lances sabe? Comprar ações, ganhar dinheiro e investir na firma. Conhecia o irmão, ele era cabeça dura e detestava ouvir conselhos de mulher. Sim, ele dizia que mulheres não deviam expressar opinião. Foi por isso que ela me convenceu a retirar dez mil dólares do nosso caixa para comprar ações e tentar triplicar esse valor para investirmos em um equipamento e mercadoria. Fazia dois dias que ela retirara o dinheiro, estava aplicando uma parte dele e analisando onde aplicaria a outra parte. Ela dizia nunca invista em uma coisa só. Enfim, ele foi checar as nossas contas e deu por falta do dinheiro, calmamente expliquei que tinha retirado para que Jane fizesse um investimento para nós em ações. Ele surtou. Disse que eu era um idiota, que tinha me deixado levar pela irmã dele, me rendido aos encantos malignos dela que agira como qualquer mulher. Usando sexo. Ao invés de brigar ou bater em mim, ele a esperou. Na mente de Mikey, ela estava roubando dinheiro aos poucos. Gritou com ela e disse que o traiu. Roubara o próprio irmão. A discussão foi feia e mesmo Jane argumentando o que pretendia, ele não a ouviu. Eu havia sido expulso do apartamento por ele. Na rua ouvi um grito. Quando eu cheguei, era tarde demais. Ele cortara a garganta dela, sangue por todos os lados. Deus! Ele a cortou em varias partes do corpo. Estava morta… morta… 
O homem a frente de Castle e Beckett derramava lágrimas. 
— Aquele não era meu amigo…não… ele matara a irmã, a mulher que eu amava…e-eu chamei a policia, eles o levaram. desde o julgamento nós não nos falamos. Eu não consigo encara-lo. 
— Ele alguma vez expressou um comportamento estranho além de seu ódio pelas mulheres? - perguntou Beckett. 
— E-eu não notara nada além do lance com mulheres até tudo acontecer. Então comecei a ligar os pontos. Mikey estava doente na minha opinião. Ele lia livros de psicopatas. Admirava esses loucos. Leu Helter Skelter sobre Manson, Jack o estripador, Hannibal Lecter. Ficção e realidade. Gostava das historias. 
— Alguma vez ouviu ele comentar o nome Logan? 
— Não. E-eu não me lembro. E-ele pode me atacar… acha que o trai como Jane. 
— Marcus, se ele quisesse te matar, teria feito no instante que você voltou ao apartamento. Você não corre perigo. 
— Por que está perguntando sobre ele? 
— Acreditamos que seu amigo está envolvido com um novo assassinato. 
— Oh, Deus! Eu perdi o contato com ele. Cortamos relações de fato. Desde do dia em que ele foi condenado naquele tribunal. Oito anos atrás. Por que deixaram Mikey sair? Por que? 
— Ele foi condenado a 25 anos. Cumpriu um terço da pena e tinha um bom comportamento na prisão. O sistema judiciário é complicado. Ele está sob avaliação. Não acredito que vá se arriscar novamente. Você está liberado. Obrigada por vir. 
— É, não ajudei muito. 
— Sim, ajudou o suficiente - Markus se levantou e deixou a sala - ele já tinha tendência sociopata. 
— Sim, eu concordo - disse Jordan entrando na sala - e o nome da vitima não foi coincidência, ele escolheu alguém com o nome da irmã porque talvez seria mais fácil projetar o seu ódio e mata-la. As semelhanças com o método de Logan também chamam a atenção. Estava revisando a ficha dele. Aposto como estudou Logan mesmo de dentro da prisão. Acredito que o via como um ícone, foi por isso que se tornou seu aprendiz. 
— Mas nós continuamos na estaca zero. Sabemos que ele matou Jane, porém não conseguimos provar. De que adianta? Agora preciso ir até o Comandante e dizer que não tenho absolutamente nada para desmentir as coisas que a imprensa vem falando sobre mim e a minha incompetência. 
— Kate, quer parar? Todos sabemos que você é uma excelente investigadora. Pare de se menosprezar. Está frustrada com o caso, eu também. Infelizmente é o que temos diante de nós. Você acha que isso não aconteceu comigo várias vezes? Adiar a captura de um suspeito por meses porque não conseguia uma prova que validasse o perfil que tracei do criminoso? Acontece com os melhores, Kate. Isso não é motivo para denegrir sua integridade e sua imagem. Quer que a acompanhe até a 1PP? Ficarei grata em ajuda-la a explicar as nuances desse caso. 
— Acho que vou precisar da sua ajuda, Jordan. 
— Posso ir também? - perguntou Castle. 
— Melhor não, babe. É uma reunião oficial e critica. Voltaremos para cá assim que terminar - lado a lado, elas deixaram a sala de Beckett. 

1PP - Sala do Comandante

Gates, Beckett e Jordan sentaram na mesa de reunião na sala adjunta a do comandante. Beckett tocava a gravação do depoimento de Mike e pretendia em seguida mostrar o de Marcus. Apos ouvir tudo novamente, Beckett reafirmou sua avaliação. 
— Senhor, apesar de não ter evidências concretas contra Mike, eu sei que ele matou Jane. Não é só isso, Mike admira serial killers, sociopatas. Essa ligação com Logan? Ele foi seu companheiro de cela por cinco anos e está morando no apartamento dele. isso não é comum. 
— Como essa transação ocorreu? 
— Eu falei com os advogados, de ambas as partes. O contrato é claro. Dentro dos rigores da lei. Não há o que contestar. 
— A personalidade de Mike Doyle sugere um sociopata quieto, odeia mulheres, tem fascinação por serial killers. Ele também é obediente e disciplinado. Acredito que Mike desenvolveu uma admiração singular com relação a Logan. Algo que representa a relação mestre-aprendiz. Ele é calmo e extremamente paciente. Não se deixou intimidar pela Capitã, mesmo que tenha por lapsos de segundos demonstrado que o que pensamos sobre ele e Logan é correto. Eu corroboro toda a análise da capitã, senhor - disse Jordan. 
— Obrigada, diretora assistente Shaw. Mas não resolvemos o problema. 
— Não, senhor. E algo me diz que Mike não agirá outra vez, ele é inteligente o suficiente para saber que está sob vigilância. Se havia planos para matar outra pessoa, eles irão esperar - reforçou Jordan. 
— Eles? 
— Logan e Mike. Eles são parceiros. Vão agir juntos. Eu acredito que ainda não terminou comandante, contudo não acontecerá nas próximas semanas, eles são cautelosos. Senhor, eu sei que a capitã Beckett está frustrada diante dessa situação. Está sendo atacada, chamada de incompetente. Meu melhor conselho nesse instante é que a NYPD se pronuncie através do senhor para defender não somente a instituição, mas em particular a sua melhor capitã. 
— Conselho anotado, diretora assistente. Obrigado por vir até Nova York para ajudar-nos. 
— Faria várias vezes por Beckett. 
— Eu vou pedir ao meu relações públicas para agendar uma conferência com a mídia. 
— Obrigada, senhor - disse Beckett. 
— Beckett, com todos os meus anos de força acredito que devo um conselho a você. Existem casos que nos perseguem, você sabe bem disso, tem experiência - ela sabia que ele se referia ao caso de sua mãe - contudo há casos que não merecem nossa dedicação exclusiva. Eles vem e vão. Se não avançar na investigação, esqueça. Apenas siga com o seu trabalho, sem obsessões. Trate o caso como frio. Se e quando uma nova pista acontecer, você volta sua atenção a ele. 
— Certo, senhor. 
Elas deixaram a 1PP juntas, do lado de fora antes de entrar no carro, ela suspirou e expressou sua frustração para Jordan. 
— Por que todos parecem achar importante mencionar as palavras obsessão e esse caso juntos. Castle, o Comandante, você de maneira indireta. 
— Porque todos conhecem você, seu histórico e sua sede de justiça, Kate. Não leve isso a mal. É ao mesmo tempo uma qualidade e um defeito. Eu acredito que você deve ouvir os conselhos do seu comandante, do seu marido. Eu lhe prometi uma semana, acredito que não tenho mais o que fazer aqui diante dessa ultima conversa. Vou providenciar minha volta para amanhã à noite, tudo bem para você? 
— Claro. Você já ajudou muito - por alguns segundos, Beckett ficou calada até criar coragem para perguntar o que queria saber. Jordan não a enganaria - Jordan, acredita mesmo que isso não acabou? Que possamos ser afetados mais tarde? - ela suspirou - acredita que eu sou uma vitima? 
— Por mais que não queira ouvir sobre a possibilidade, Beckett. Ela existe, é genuína. Você pode ser claramente uma das vitimas. Por outro lado, não sei quando nem como esse embate irá acontecer. Eu acredito que seja um caso de vingança. Só peço que não aja contra nossos conselhos. Não deixe de viver sua vida por causa do trabalho, Kate. Você tem um marido apaixonado ao seu lado, um belo apartamento, livros contando sua historia. Há muito em seu futuro, uma familia talvez? O trabalho é um meio, por mais apaixonadas que sejamos por ele, não deve dirigir nossas vidas - Beckett apenas sorriu - eu demorei para entender e frear para focar nas coisas que realmente importam. Foi por isso que aceitei o cargo de diretora-assistente. 
De volta ao 12th, Castle quis saber o resultado da conversa. Após atualiza-lo, ela decidiu seguir os conselhos que recebera. No noticiário das seis, o Comandante fez um belo discurso sobre a paixão da investigação e a imagem de Beckett. Em casa, após o jantar, ela contou sobre os conselhos que recebera e sua decisão de segui-los. Castle respondeu com algo similar. 
— Eu já tinha lhe dito que chamaria sua atenção caso eu notasse qualquer sinal de obsessão. Já que não sou o único, quero lembra-la de um acontecimento de anos atrás quando você me persuadiu a esquecer um caso semelhante, Tyson. Você se lembra daquela noite após descobrirmos tudo o que ele armou para me incriminar? Ele ia mata-la, eu supostamente o matei o que sabemos que não aconteceu. Beckett, você insistiu que estava acabado, que ele estava morto. Fui persuadido a não investigar ou pensar sobre isso. Minhas exatas palavras foram “por agora”. Sendo assim, eu retorno o mesmo pensamento para você. Esqueça Logan e Mike, por agora. Pode fazer isso? Por mim? 

— Sim, eu posso - ela sorriu e beijou-lhe os lábios. 

Continua....

terça-feira, 22 de agosto de 2017

[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.118


Nota da Autora: E tem mais um capitulo com um pouco de tudo. Um momento SN interessante, um telefonema com perspectivas de futuro, conversa de irmãs, risadas, Giff e um assunto que decidi abordar não tão profundamente porque não é prioridade da historia em si, mas é importante (e viva o casal aka os personagens secundários das historias!) Retornará em outros capítulos, em pequenos diálogos e pedaços. Enjoy! 


Cap.118 

Após arrumar a filha novamente, Stana colocou Katherine para brincar no tapetinho enquanto checava seu celular. A mensagem de Gigi acalmou um pouco seu coração, agora ela precisava se preparar para uma outra conversa com o marido. A curiosidade era grande, assim como o medo. Não que ela duvidasse de uma possível rixa. Michelle talvez tivesse suas ressalvas sobre o relacionamento ou a forma como Nathan tratara tudo em segredo, porém não acreditava que a amiga de seu marido ia comprar uma briga por isso. O medo estava mais relacionado com a aceitação porque sabia o quanto era importante para Nathan ver que sua agente e melhor amiga ficara feliz e o apoiara em suas decisões. Se a resposta dela fosse negativa, ele ficaria decepcionado. Claro que pelo pouco que dissera ao telefone, esse não era o caso. Contudo, ele sabia disfarçar bem para não preocupa-la. 
Se tudo desse errado, ela tinha certeza que ele ficaria ao seu lado. Pegou o celular e mandou uma mensagem para descobrir se ele estava disponível. No minuto seguinte ele respondeu “Cinco minutos. Eu ligo. XNF”. Enquanto esperava, ela checava o assado que estava no forno. A filha brincava com o elefantinho e um livro de historias acolchoado. Stana percebeu que estava todo babado, começava a suspeitar de outros dentinhos a caminho. O telefone vibrou a assustando. 
— Hey… estava filmando? 
— Não, terminando um ensaio. Está chovendo muito e não podemos gravar na locação. Acabei de ter o resto do dia livre. 
— Ah, que bom. Podemos conversar? 
— Claro, mas você deixa eu ir para o hotel? Não vou demorar muito. Michelle está me esperando no carro. 
— Tudo bem, ligue quando puder. 
— Cadê minha princesa? 
— No tapetinho fingindo que lê - ela virou a camera para mostrar a menina - sugiro não chamar por ela agora porque vai ficar eufórica e você terá que desligar. Prometo que deixo você brincar com ela depois que conversarmos. 
— Ok, já entendi. Não demoro. Um beijo, amor - ela retribuiu jogando um beijo que Nathan apanhou no ar. 
Quando ele tornou a ligar, ela estava preparando o prato de almoço de Katherine. Ao ver a imagem do pai, a menina repetia incansavelmente as silabas mágicas “dadada…” ele ria todo orgulhoso e conversava com a filha. Stana não se importou, de certa forma ele a ajudou a alimentar Kate prendendo sua atenção. Nathan fazia caretas, sons divertidos e arrancava risos da pequena. O almoço foi finalizado com sucesso. Stana limpou o rosto da menina e entregou um copo com suco certificando-se que estava bem vedado. 
— Hoje de manhã ela tomou banho de suco de laranja, tive que desligar quase na cara da dona Cookie para cuidar dela. 
— Falando na mamãe, eu não esqueci. Como estão nossos irmãos? Você não me soou convincente ontem. 
— Eles estão bem, Nate. Gigi me confirmou por mensagem essa manhã. A crise foi controlada, mas não me peça detalhes porque não sei. Ainda não conversei com ela - Stana nota que a filha está sonolenta. Tira a menina da cadeirinha aconchegando em seus ombros. Pega o telefone e começa a se movimentar pela casa. 
— Foi ciúmes mesmo? Jeff tinha razão? O cara deu em cima de Gigi?
— Foi bem mais que isso, babe. O ciúme serviu como estopim. Está muito mais voltado ao acontecimento do passado de seu irmão e sua insegurança. 
— Então a culpa é do Jeff? 
— Eu não disse isso. Em parte sim, mas Gigi também errou. Isso não é importante, eles se resolveram - ela deixou o celular sobre a cômoda para acomodar Katherine no berço, murmurava baixinho uma canção. Ajeitou a coberta e sorriu ao ver que a menina dormira instantaneamente - estava cansada - disse para si mesma pegando o celular outra vez e saindo do quarto. Deitou-se em sua cama olhando diretamente para o rosto do marido - pronto, Nate. Tem minha total atenção. 
— Ela dormiu? 
— Como um anjinho. 
— Você estava falando de Gigi. 
— Não, nós terminamos esse assunto. Depois eu descubro os detalhes. Temos algo mais urgente para conversar que diz respeito a nós dois. Sua conversa com Michelle. Como foi? 
— Foi tudo bem. Contei sobre nós, Kate, Jeff. Não há mais segredo. 
— Qual foi a reação dela? 
— O que você acha? De surpresa, mas ficou tudo bem - ele viu a esposa suspirar. É claro que ela não ia ficar satisfeita com essa informação pobre. 
— Nate, seja sincero. Nós falamos sobre isso. Eu quero saber o que Michelle achou, o que pensou ao saber que eu sou sua esposa. Sem rodeios, babe. 
— Como disse, ela ficou surpresa. Na verdade, estava desconfiada porque não apareço com ninguém há algum tempo, não vou para festas, achava que eu estava apaixonado e quase morreu quando disse que estava certa e era por um amor antigo. Pensou que era a Ochoa - ele riu da careta que Stana fez - desculpe, sei que não goste que mencione esse nome. Só que ela não esperava que fosse você. O susto foi grande especialmente quando disse que eram quase cinco anos. 
— O que ela disse sobre mim? 
— Ela tentou montar uma linha do tempo na cabeça, entender como tudo aconteceu e… 
— Nathan, responde a minha pergunta. 
— Depois do choque, ela confessou que não esperava que fosse você. Também disse que não tem nada contra a Stana, ela te admira. O problema dela era com o que você fazia comigo, o que provocava. Ela foi a pessoa que ouviu minhas lamentações ou ficou por horas escutando eu te elogiar. Segurou uns porres quando você estava namorando. Ela detestava me ver sofrendo e você representava isso. Ela falou que ficou aliviada quando parei de falar, achava que eu tinha superado quando na realidade eu estava com você, eu a conquistara - ele percebeu a mudança no semblante da esposa. Apreensão. 
— Então, ela não ficou satisfeita… ah, Nate… 
— Hey… não é nada disso. Eu expliquei tudo para ela, porque o segredo, o sigilo e principalmente o quanto eu sou feliz. Falei do que você representa e da nossa familia. Amor, preste atenção: Michelle não a odeia, ela pode ver o quanto estou realizado. Deixei claro que você e Katherine virão sempre em primeiro lugar. Sabendo do nosso segredo será mais fácil para ela entender minhas escolhas profissionais. Ela perguntou quando poderá conhecer Kate e rever você oficialmente como esposa. Eu sugeri o natal. 
— Natal? É uma festa de familia, quer dizer, ela não vai querer passar com a dela? 
— Staninha, por favor, está tudo bem. E ela já aceitou. Será um ótimo natal. Eu mal posso esperar para estar junto de vocês outra vez. 
— Já sabe quando vem? 
— Na semana do natal. No mínimo dois dias antes, mas quero ver se consigo antecipar isso. Prometo que quando souber realmente eu aviso você - ele ainda enxergava a ruga de preocupação na testa da esposa - Staninha, quer parar de se preocupar? Está tudo bem. 
— Mesmo? Você promete que Michelle não me odeia? 
— Prometo. O mesmo já não posso dizer quanto a Gigi. Ela me pareceu bem decepcionada quando falei que Jeff casou. 
— Oh, Deus! Você está brincando, certo? Por favor, não me diga que Michelle tem uma paixonite por Jeff. Gigi vai morrer com isso e a ultima coisa que precisamos é uma nova briga por causa de ciúmes. 
— É platonico, amor. 
— Nathan! - ele gargalhou. 
— Jeff é como um irmão mais velho. Gigi pode ficar sossegada. Ela ficou bem surpresa por conta da história do passado. Só isso e está louca pelos detalhes. Acho que a minha cunhada vai gostar de conversar com ela. 
— Assim espero ou o nosso natal será um verdadeiro fracasso. 
— Desencana, Staninha. Será que pode sorrir um pouco para mim? - ela obedeceu - o que vai fazer agora? Está ocupada ou topa uma brincadeira? 
— Eu não diria não ao meu marido… o que tem em mente, babe? 
No mesmo dia, ao fim da tarde, Stana decide tentar falar com a irmã. Ao terceiro toque, Gigi atendeu a ligação da irmã. 
— Pensei que tinha me esquecido. Tudo bem com você? 
— Oi, sis! Está tudo ótimo! Estive ocupada, você sabe… 
— Oh, desculpe. Esqueci que você está na reta final do seu projeto. Essa historia de não estar trabalhando agora me confunde. Nem perguntei, pode falar? 
— Ah sim! Eu me dei folga hoje. Não trabalhei. Tinha outras coisas mais importantes em mente. 
— Posso imaginar. Se não foi trabalhar, aposto que teve tempo para falar com Jeff. Você resolveu todos os seus problemas com o seu marido? 
— É foi uma conversa longa, difícil, eu realmente falei tudo. Do que senti, do significado da minha gota, da minha independência. E não deixei de falar do passado, e-eu até sugeri que se quisesse fazer terapia. 
— Sério? E o que ele disse? 
— Quanto a isso nada, mas ele pediu mais que desculpas, pediu perdão. Você precisava ver… de joelhos e… ele não dormiu achando que ainda devia algo para mim. Tenho que confessar que não foi uma briga fácil, foi uma DR bem tensa. Tudo que posso dizer é que valeu muito a pena. Eu acredito que nunca falei tão sério sobre o nosso relacionamento, o nosso casamento. Eu me sinto bem melhor agora. 
— Fico feliz de ouvir, talvez você possa me contar isso em um almoço. Por que não aproveita que está de folga e sai comigo? 
— Adoraria, mas eu acabei de almoçar. A sogrinha fez carne assada e… 
— Um café então… 
— Ah, seria bom… só que hoje está um pouco complicado e…. espera, você não está me convidando para sair porque quer ouvir sobre a minha DR com Jeff, a curiosa aqui sou eu. Se você está insistindo então quer dizer que você tem algo para me falar. Por favor, Stana, não me diga que você brigou com Nathan também! Será que a gente não vai ter um mês de paz? 
— Hey, eu não briguei com Nate. Está tudo bem. E-eu apenas queria conversar com você. 
— Sua voz não me parece de alguém que está tranquila, escuto uma certa preocupação. O que você realmente quer me dizer? 
— Não é bem um problema, sis… - ela suspirou - é só que… Nathan contou sobre nós para Michelle. 
— Sem você saber? Como ele pode fazer isso? 
— Não! Eu concordei. Nós conversamos antes. 
— E qual é o problema? Oh! Ela não gostou? Quer dizer, eu sempre achei que ela era a fim do Nathan. Pensava até que se ele não se casasse, era capaz dela se oferecer para ser a esposa dele, para cuidar do cara no futuro, sabe? Aqueles acordos doidos? 
— Gigi, Michelle é como uma irmã para Nate. Não tem nada a ver com ciúmes ou sentimentos escondidos. Segundo Nathan, ela aceitou a situação depois do susto, claro. Ele sugeriu que ela passasse o natal conosco para conhecer Katherine e rever a mim. 
— Sei… e sua insegurança atacou de novo. Ah, sis! Se o Nathan disse que está tudo bem, por que tem que ficar procurando pêlo em ovo? 
— Porque é Michelle! Quero que ela goste de mim como esposa. Não estou falando da atriz, da possível mulher que virou a cabeça dele por um tempo. Quero que ela veja o quanto eu o amo, o quanto o nosso casamento é importante. Não quero falhar com ela, entende? 
— Acho que sim. E se quer minha opinião, só um cego não enxergaria o amor de vocês. Já entendi. Podemos nos encontrar sábado. Posso levar a sogrinha para ficar com Katherine. 
— Mas sábado não é o dia do seu marido? Não vive cheia de “programações”? 
— Fizemos um pouco disso hoje e vamos almoçar, posso aproveitar a manhã. 
— Tudo bem, sábado está ótimo. Entendi que ela ficou surpresa com a noticia do casamento de Jeff. 
— Nathan falou de nós? 
— Sim, ele contou todos os segredos. 
— Tem algo que eu deva saber em relação a ela e Jeff? 
— Nate não disse muito. 
— Ha! Vou perguntar do meu Jeff. Você me deixou curiosa. Sábado, sis. E não se preocupe muito. Vá assistir Outlander para relaxar. 
— Você não tem jeito mesmo! Deixa o Jeff escutar você falando… 
— Tchau, Stana… - rindo, desligou o telefone. Ela adorava essa irmã. 
Ao fim da tarde, Gigi estava na piscina com Jeff. Sentado no degrau com ela ao seu colo, brincava com os dedos e fazia carinhos em seu pescoço usando os lábios. Ela gemia baixinho apreciando o gesto. Lembrando da conversa com a irmã mais cedo, Gigi resolveu sondar um pouco mais sobre Michelle. Tudo o que sabia sobre a mulher era que era amiga de Nathan, sua conselheira profissional ou como o pessoal gostava de dizer: assistente pessoal e que conhecia a familia há muitos anos. Ela não mentira para Stana quando falara que achava que Michelle gostava do cunhado além da amizade. Talvez seja uma percepção errada, por isso valia a pena descobrir algo mais. 
— Jeff? 
— Sim, amor? 
— O que você sabe sobre Michelle? 
— Michelle? A amiga de Nathan? Por que quer saber dela? 
— É, ela mesmo. Stana me contou que ela e Nathan concordaram em falar sobre o casamento deles e de Katherine. Abriram o segredo para Michelle. Eu estou apenas curiosa sobre como é a relação dela com o seu irmão. Tudo que sei é que ela o ajuda com tudo de carreira e muitas coisas de sua vida pessoal, pelo menos até Stana ficar de vez com ele. 
— Se a sua cabecinha está cogitando que Michelle gosta do mano romanticamente, errou feio. Eles são amigos de longa data. Confidentes, Nate dividi tudo com ela. Na verdade, a única coisa que escondeu foi sobre o casamento e a filha. Michelle é como uma irmã que ele não teve. Ele já contou o segredo? 
— Sim, contou sobre o casamento, Katherine e também sobre nós. Segundo a sis, ela ficou muito surpresa especialmente ao saber de você. Devo me preocupar, Jeff? - obviamente Stana não dissera detalhes sobre eles, Gigi estava jogando um verde para ver a reação do marido.
— Ela disse? Mesmo? Puxa! 
— Ok, sinto que devo ficar preocupada com essa sua reação - ela virou-se para fita-lo, as mãos firmes nas coxas dele - o que você não está me contando? 
— Ah, Gi… sei lá! Quando você comentou que Michelle ficou surpresa, eu lembrei de algo que eu e o mano conversávamos. Nós achávamos que ela tinha uma paixonite por mim. Completamente platônica - viu que Gigi fechou a cara virando o rosto para o lado. Usando a ponta dos dedos em seu queixo, ele ergueu seu rosto fazendo-a olhar diretamente em seus olhos - hey, pode parar. Eu não gosto de Michelle, ela está na nossa familia há anos esteve presente quando aquele episódio aconteceu e se realmente quisesse algo comigo, teria tentado naquele momento. 
Gigi observava o jeito do marido. Via sinceridade naquele azul penetrante. 
— O que mais preciso dizer? Eu te amo, Gi. Você é a mulher da minha vida. Minha, exclusivamente. Não quero ninguém mais - ele colou os lábios aos dela saboreando-lhe a boca de modo lento, sensual. Sentiu as mãos dela apertando a sua coxa e uma delas se dirigindo ao membro dele. Quebrou o beijo - onde estávamos? 
— Na parte que você tira meu biquíni outra vez e faz amor comigo… 
— Ah! Essa parte… - ele apertou um dos seios dela enquanto a outra mão desfazia o laço da parte superior do biquini. A peça boiou na agua e Gigi gemeu ao sentir a boca do marido sorver seu seio. 
No sábado, Gigi chegou toda serelepe acompanhada da sogra na casa da irmã. Após beijar e apertar a sobrinha, ela saiu puxando Stana a caminho da porta. Não queria perder tempo. 
— Por que tanta pressa? 
— Não é pressa, é fome. Eu voltarei aqui de qualquer forma para brincar com a minha fofinha. Tem alguma preferência por comida ou eu posso escolher? 
— Vá em frente. 
— Ótimo - Gigi dirigia em direção a Santa Monica. Escolhera almoçar em um restaurante do pier bem casual e que tinha uns frutos do mar decentes. Devidamente sentadas, ela pediu um coquetel parecido com uma margarita. Stana ficou no suco natural mesmo - jura que não vai beber? Achei que você estava precisando relaxar. 
— Estou bem tranquila, se não fosse a ansiedade pela volta de Nate e o possível encontro com Michelle. Porém, antes de entrarmos nesse assunto, que tal você me contar o que rolou com Jeff? 
— Basicamente o que já havia falado. Nós conversamos, quer dizer, eu falei a maioria do tempo sobre tudo, abri meu coração mesmo e depois… bem, você conhece Jeff. Acredito que ele se sentiu realmente culpado por ter começado a briga. Talvez porque eu chorei e relembrei algumas coisas referentes aos nossos votos. Ele ficou de joelhos, Stana. Enfim, fizemos as pazes e daqui para frente se algo acontecer, eu serei a pessoa tomando as decisões. Estou falando do Steve. 
— Você acredita que ele vai tentar uma aproximação? 
— Não sei, mas estarei preparada - ela fez sinal para o garçom e ordenou o que queria - voltando a você. A conversa com Nathan foi tão ruim assim? Por que essa ansiedade e medo da Michelle? 
— Não definiria bem medo. Talvez um pouco. É a relação dela com Nate e a importância, a opinião dela. Michelle está na vida de Nate bem antes de mim. Ela acompanhou o nosso dia a dia e o drama que vivemos no set de Castle antes mesmo de estarmos juntos, eu percebia que apesar de eu e ele convivermos bem, ela não parecia me aceitar muito bem. 
— Será que essa não é a sua opinião? As pessoas tendem a ter diferentes perspectivas sobre determinados assuntos. Vocês eram parceiros de trabalho. A interação era outra. 
— Exceto que não era. Quer dizer, eu achava que Nate gostava de mim bem antes. No nosso primeiro ano, vivíamos cheios de brincadeiras, implicâncias. A quem eu quero enganar? Nós experimentamos uma conexão no meu teste e durante as filmagens do piloto. Só que eu estava ali pelo trabalho, era muito importante para a minha carreira e não estava sozinha, você lembra… 
— Sim, mas prefiro esquecer. Vamos para o que importa. 
— Tudo o que falei não passou despercebido a Michelle e acredito que ela criou uma imagem de mim que não a agravada totalmente. Quando Nate me disse que ela ficou surpresa, eu pensei provavelmente decepcionada. Ele me explicou que não foi assim e que aceitou. Para ele é fácil, não está sob julgamento. 
— E você acha que é uma questão de julgamento? Ah, Stana! Ele te ama, vocês estão felizes. Será que a aprovação dela é tão importante que o faria mudar de ideia? Duvido! Você está querendo encontrar problema onde não tem. Sabia que eu joguei verde para o Jeff? Queria descobrir a opinião dele sobre a reação de Michelle. Segundo ele, os dois achavam que Michelle tinha uma queda por Jeff. Ele ficou surpreso quando eu contei a reação dela. Perguntei se deveria me preocupar. Ele disse absolutamente não. 
— Olha só! Quem diria, Jeff roubando corações… 
— Não acho nada interessante nisso, mas eu confio que ela não é uma ameaça. E você deveria fazer o mesmo.  
— Senhora de si, não? Acho que preciso garantir um pouco dessa sua confiança, sis. O natal está batendo a porta. 
— É verdade. E essa semana é o meu prazo final para entregar o projeto. 
— Achei que era mais proximo do natal.
— Sim, o prazo do escritório é dia 20. O meu é sexta-feira. Minha própria meta. Depois de tudo o que eu já dediquei a esse projeto, a sociedade é um prêmio mais que esperado. Então posso me dedicar a dar um tempo. Reduzir o stress. Quem sabe programar uma viagem? Eu disse para o meu Jeff que precisávamos de um momento só nosso. 
— Como se você não tivesse nenhum - Gigi fez uma careta - Vai conseguir, sis. Tenho fé em você. 
— O que vamos fazer no natal? A ceia será na sua casa, certo? 
— Sim, e provavelmente eu e dona Cookie iremos cuidar de tudo. Mamãe não virá nos visitar. Marcus deve passar o natal conosco e viaja em seguida para ficar com eles.
— Isso é bom. Deixa Marcus lidar com a fera. Quer sobremesa? - Gigi não dispensou um doce. Enquanto saboreava, continuava as perguntas - quando Nathan vem para casa? 
— Ainda não me disse a data. Não fecharam o período de hiatus. Acredito que até o fim da semana devo ter uma resposta. Por mim, podia vir amanhã! 
— Alguém está bem desesperada, não? Você não viu mais Outlander ou foi a série que te deixou com mais vontade? - ela gargalhou sozinha - com certeza faz isso comigo. 
— A série é muito interessante, não nego. Tem umas cenas bem picantes. Eu não sei se conseguiria. Acho que se tivesse uma cena dessas em Castle, eu não responderia por mim. 
— Falando em carreira, o que você pretende fazer agora? Está procurando um novo trabalho? 
— Ainda não. Absentia sequer estreou e temos que garantir a sua compra por emissoras para apresenta-la. Estava trabalhando em uns roteiros, talvez faça um filme. Nada decidido. Estou curtindo minha filha. 
— Está vendo? E depois não entende que eu e meu Jeff precisamos de um tempo para nós - Stana riu. Sentia-se bem mais aliviada e animada. Conversar e rir com a irmã sempre a relaxava. De volta a casa, Gigi ainda brincou quase uma hora com a sobrinha tentando sem sucesso faze-la dizer seu nome. A sogra se despediu de Stana e rumaram para casa. 
Dias depois, Stana recebe um telefonema inesperado de Dara. 
— Nossa! Quanto tempo! 
— É, Stana… minha vida anda bastante movimentada. Como vão as coisas em Absentia? 
— Terminamos de filmar. Agora a Sony precisa vender a série. Tem uma premiere previamente agendada para março, está interessada? 
— Claro! Soube que Nathan está em Vancouver. Como você está se virando com a pequena? 
— Ah, demos um jeito. Quando ainda estava trabalhando, dona Cookie me ajudou. Agora somos só nós duas. Tem sido excelente, exceto pela parte que morro de saudades do Nate. 
— Imagino. Do jeito que são! Fico empolgada em saber que você está com um certo tempo livre. Diga, por favor, que está trabalhando em sua série. 
— Eu andei relendo uns roteiros, organizando a linha do tempo e acabei tendo outras ideias. Pretendo dar mais atenção a ela. Por que? Você escreveu novos scripts para mim? 
— Não, mas eu conheci umas pessoas que talvez estejam interessadas em produzir e dirigir uma série diferente, se quiser posso indicar seu nome e marcar um encontro. O que acha? 
— Parece uma ideia bem tentadora, mas eu ainda não tenho nem dez scripts escritos, Dara. Quero ao menos fechar a ideia como um todo. Pelas minhas anotações, preciso de quatro scripts para ter algo coerente. E no ultimo gostaria de dar a ideia de fim e um possível cliffhanger em seguida. 
— Não estou te pressionando. Na verdade, eu estava curiosa com a sua motivação. Não disse nada a ninguém. Como o natal está chegando, as cabeças desses caras não estão voltadas para negócios. Continue trabalhando e quando você estiver perto de terminar, me avise. Vejo grandes possibilidades no futuro, Stana. 
— E claro que você quer ser minha escritora. 
— Por que não? Aceito dividir o titulo com você. Manda um beijo para o Nathan. Eu estou viajando de novo daqui a três dias para o rancho. Hora do descanso. 
— Divirta-se! Um beijo, Dara. Se cuida. 
— Não esquece o projeto, Stana. Beijo. 

XXXXX

Outra pessoa também estava com a semana agitada. Gigi andava de um lado a outro da loja certificando-se de cada detalhe. Não queria erros. Passava orientações para a equipe da limpeza, para os marceneiros, tudo para que não cometessem deslizes ao manusear as peças de decoração. Os últimos objetos de decoração chegaram e ela catalogava cada um deles para destina-los ao seu lugar. Se continuasse nesse ritmo, amanhã encerraria o projeto. Quinta-feira. Seria um sonho se conseguisse. 
Steve chegara após o almoço na loja. Segundo sua secretaria, ele vinha de uma viagem que fizera a Boston. Vendo a agitação, logo entendeu que Gigi estava por ali. 
— Olá, Gigi. As coisas estão movimentadas por aqui, não? - beijou o rosto dela como sempre fazia - o que aconteceu? 
— Estamos ajustando as ultimas exposições. Está praticamente pronta. Começamos até a faxina. Assim que eu terminar de verificar esse novo carregamento, irei preparar os stands e amanhã posso entregar a loja para você. 
— Mas já? Temos mais de uma semana para o prazo expirar. 
— Esse é o prazo do escritório. Do contrato. Eu trabalho com o meu prazo. Amanhã é o prazo da Gigi. 
— Nossa! Isso é eficiência ou quer se livrar de mim? - ele riu demonstrando que era uma brincadeira, porém por um instante, Gigi percebeu que tinha um certo tom de verdade ao menos para ela naquela provocação. 
— Que isso, Steve! Meu ritmo é mesmo acelerado. Prometo que ficará do jeito que combinamos. 
— Não duvido - ele sorriu vendo a bela mulher se afastar admirando-a. 
Gigi trabalhou até às dez da noite. Havia uma boa razão para estar insistindo em terminar tudo no dia seguinte. Depois do que aconteceu com ela e Jeff, queria evitar ao máximo o contato com Steve por um tempo. De fato, ela começava a matutar o que poderia fazer para manter-se afastada do projeto das lojas dele assim que conseguisse seu titulo de sócia. Sabia que seria uma tarefa difícil para isso precisava tirar um belo coelho da cartola, em outras palavras, encontrar um super cliente. 
Ao chegar em casa, encontrou Jeff sentado na cama com o notebook no colo. 
— Hey… ainda trabalhando? - ela inclinou-se para beija-lo. 
— Sim, considere uma espécie de ato solidário com a minha esposa. Por que demorou, amor? 
— Queria adiantar o máximo que podia - ela tirava os sapatos, a roupa colocando o roupão sobre a lingerie - Amanhã entrego a loja. Estou morrendo de fome. Tem algo para comer? 
— Você não jantou? - Jeff pareceu feliz com essa novidade. Sinal de que o tal Steve não tentou compra-la com um convite para jantar. 
— Prioridades, gostoso. Pode fazer algo para eu comer? 
— Claro. Sobrou um pouco do jantar. Mamãe fez um risoto - ele se levantou da cama e de mãos dadas seguiram para a cozinha. 
A quinta-feira começou agitada para Gigi. Cedo ela coordenava as ultimas atividades na loja, chegou bem antes do dono e não se importou em revolucionar com sua equipe. Por volta das três da tarde, ela subiu até a sala de Steve. A secretaria avisou que ele terminara a reunião que fazia com suas outras unidades. Gigi também concluíra seu trabalho e não via a hora de mostra-lo para o cliente e voltar para o seu escritório com o projeto concluído. Entregar um relatório completo de suas atividades para seu chefe e Steve era o seu proximo foco. 
— Steve, tem uns minutos? 
— Para você, claro! Entre e sente-se. 
— Na verdade, eu prefiro que você me acompanhe até o térreo. Quero lhe mostrar minha obra concluída. 
— Como assim? 
— Terminei o projeto. Claro que estou falando da execução física da loja, mas você receberá relatório completo de tudo o que foi feito, os gastos, o antes e depois. Não se preocupe. Quero entregar até a próxima semana. 
— Para que a pressa? - perguntou Steve obviamente já imaginando não ter a companhia de Gigi daqui para frente. 
— O natal está chegando, vamos entrar no ritmo das festas. Se deixasse para terminar somente na data especificada, podia perder a atenção e o foco da equipe - eles chegaram ao salão principal - bem, Sr. Mackenzie, contemple seu novo espaço - ela se afastou um pouco dando a oportunidade para o seu cliente de avaliar o que acontecera com sua loja. Durante algum tempo, Gigi observava o cliente e seu olho clinico passeando pelos espaços, balançando a cabeça, ouviu alguns “wow”, “nossa”, mas permaneceu calada até que ele se manifestasse. 
— Gigi, eu realmente estou impressionado. Isso é um trabalho excelente. A forma como aproveitou espaços, trabalhou cores, eu não consigo ver nada errado. Minha loja certamente apresenta um ar de modernidade e elegância que não existia antes. Parabéns, não poderia estar mais satisfeito - ele estendeu a mão para cumprimenta-la, em seguida, deu-lhe um beijo no rosto. 
— Obrigada, Steve. A opinião e satisfação do cliente significa muito para mim. 
— Precisamos comemorar o resultado inclusive o fato de que você antecipou a entrega. Eu tenho champagne no meu escritório. Vamos até lá. Acredito que você já acabou seu trabalho pelo dia de hoje, não? 
— Tudo bem, uma taça de champagne não fará mal. Nem acredito que terminei! Antes de irmos eu preciso fazer algo importante - Gigi chamou todas as pessoas da sua equipe e alguns funcionários da loja que sempre estavam por perto ajudando. Fez um discurso de agradecimento para todos destacando o comprometimento e a alegria com que trabalharam com ela nesse projeto. Steve a olhava encantado. 
De volta a sala dele, após servir as taças com champagne, ele fez um pequeno brinde. 
— Ao seu sucesso, Gigi. Ao seu talento, espirito de equipe e alegria. Belo discurso lá em baixo. A firma onde trabalha tem muita sorte de ter alguém tão competente no time e seriam loucos se não lhe dessem o titulo e a posição de sócia.   
— Obrigada, Steve. Isso acontece quando se faz o que gosta - ela o viu se aproximar mais um pouco, estava quase imprensada em um dos cantos do escritório que davam vista para rua. A sala de Steve tinha um lado todo de vidro. Ela bebeu o champagne fingindo estar admirando a vista. Sentiu a mão dele deslizar em suas costas, o corpo encostar no seu. Ele falou em tom baixo, quase sensual. 
— Podemos comemorar de outro jeito…- se projetou contra o corpo de Gigi diminuindo o espaço e forçando-a a ficar com a cara no vidro. Ela engoliu em seco antes de reagir. O coração disparado ao sentir a mão do seu cliente em seu traseiro. Enfrentando o bloqueio momentâneo que a congelou, Gigi empurrou o próprio corpo contra o dele afastou-o. 
— O que você pensa que está fazendo? - ela tentou se desvencilhar dele, mas Steve segurou um de seus pulsos firme, as costas pressionadas contra a parede. 
— Podemos sair daqui, ir para o meu apartamento e aproveitar nossas ultimas horas juntos. Estender a comemoração - ao sentir os dedos dele deslizarem sobre sua pele e tocarem o colar que usava, a fera dentro dela despertou. Gigi remexeu o corpo conseguindo achar a posição para acertar seu joelho bem no meio das pernas dele. A dor o fez se afastar. Ela aproveitou para escapar do canto onde estava. Jogou o resto da bebida na cara dele. 
— Você está… maluca? - disse tentando recuperar-se da dor. 
— Eu? Isso é assédio! O que você estava pensando? Que ia dormir com você? Eu sou casada! 
— Isso não quer dizer nada, não a impede de transar, fazer sexo e posso garantir que sou muito bom nisso. 
— Eu sou casada e isso - ela mostrou a aliança - significa muito para mim. Você faltou com respeito, depois de todo o meu trabalho! Eu vou embora daqui e você não ouse falar desse episódio com ninguém. Se eu desconfiar que disse algo our se tentar qualquer tipo de coerção contra a minha pessoa, eu vou denuncia-lo! 
— Hey, ainda temos relações profissionais. Sou cliente da sua firma. Temos um contrato.
— Eu sei, mas eu lhe devo serviços de arquitetura não serviços sexuais. Quer saber? Que se dane o contrato! Vá para o inferno, Steve! - ela saiu feito um furacão. Desceu as escadas, pegou suas coisas e mal disse adeus as pessoas. A verdade era que se ficasse mais um minuto ali não conseguiria controlar as lágrimas. Entrou em seu carro e acelerou. Somente quando estava a uns bons metros do local, ela tornou a estacionar perto de uma cafeteria. Esmurrando o volante, ela se deixou chorar. Raiva, frustração. Todo o trabalho de três meses poderia ter sido perdido em cinco minutos. Homens são uns porcos chauvinistas! Jeff tinha razão, ela subestimara as palavras do marido. Claro que lidara com a situação como prometera, mas a que custo? Deitando o rosto no volante, ela suspirou fundo. Não sabia o que esperar. 
Um pouco mais calma, ela tornou a dirigir rumo a sua casa. Sabia que o marido ainda estaria trabalhando. Jogou suas coisas no sofá e foi direto para a geladeira pegar um pote de sorvete. Sentou-se no banco e comia uma colherada após outra. Foi assim que dona Cookie a encontrou. 
— Minha filha! Você chegou cedo em casa. Está com fome? Já devorou metade do pote de sorvete, posso fazer um lanche para você. Por acaso você almoçou? - quando encarou a nora, dona Cookie percebeu que tinha algo errado. Os olhos de Gigi estavam vermelhos e o semblante triste - o que aconteceu, Gigi? - tocou a mão da mulher a sua frente. Com o gesto, Gigi largou a colher e baixou a cabeça escondendo-a entre as mãos. 
— Ah, sogrinha… meu dia tinha tudo para ser incrível, então tudo se destruiu em cinco minutos. 
— Algo deu errado no projeto? 
— Não, eu conclui o projeto. Está entregue - ela voltou a fitar a sogra - Jeff tinha razão. Sobre Steve. E-eu acho que destruí minha chance de ser sócia. Diacho! Posso até ser demitida! Que droga! - dona Cookie veio até seu encontro e a abraçou carinhosamente. 
— Oh, Gigi… não fale isso… 
— E-eu agredi meu cliente, sogrinha… duvido que possa me destacar depois disso. 
— Ele a assediou? - Gigi apenas meneou a cabeça - sinto muito. Não deve ser fácil estar nessa posição, porém você não pode deixa-lo estragar tudo o que trabalhou. Se for preciso, denuncie o que ele fez. 
— Eu sequer tenho testemunhas. Em quem a senhora acha que meu chefe vai acreditar? Numa design ou no cliente com um contrato de milhões de dólares? Posso ser demitida. 
— Se seu chefe pensar assim, melhor você não trabalhar para ele. Oh, minha menina… - a sogra abraçava e aninhava Gigi. Beijou seu rosto - vamos nos concentrar no agora. Vou fazer uma comidinha especial para você. Deixe para pensar nisso amanhã. 
— Como? Ainda tem o Jeff… 
— Vai contar para ele? 
— Claro que sim. Eu prometi sinceridade e faz parte da confiança. Eu sei que ele vai ficar uma fera, mas eu não posso esconder o que aconteceu dele. A senhora acha que ele vai querer matar o Steve? Quer dizer, não matar no real significado da palavra… eu só… 
— Eu entendi sua preocupação. Ele já quis bater nesse homem antes, tenho certeza que vai ficar com muita raiva e vai querer revidar. É você que terá que controla-lo. Não é nada saudável querer resolver as coisas no braço. Mesmo que essa seja parte da natureza masculina. Não pode deixa-lo pensar assim. 
— E-eu sei… - ela passou as mãos nos cabelos - eu vou tomar banho. Volto para comer - ela viu a nora subir as escadas com o ar cansado e preocupado. Esperava que seu filho servisse de conforto e não estourasse com a situação. Gigi não merecia alguém julgando o que fizera. Tinha muita coisa em jogo. Meia hora depois, ela estava sentada a mesa finalizando a comida que dona Cookie preparara para ela. Comida de mãe, como a própria Gigi falara. Ela tinha acabado de pegar uma caneca de café fresco quando Jeff surgiu na sala com um buque de flores nas mãos e um sorriso enorme no rosto. 
— Onde está a mais nova sócia dessa casa? Uma tal de Kristina Katic Fillion - ao ver o marido a sua frente, as pernas dela fraquejaram. Ele estava feliz. Deixou a caneca sobre o balcão e correu até Jeff abraçando-o forte. 
— Oh, amor… e-eu acho que estraguei tudo. 
— Do que você está falando, Gi? Eu trouxe essas flores para você - ela pegou o buque, cheirou e respirou fundo. 
— Eu não sei se serei sócia, nem sei se tenho emprego ainda! 
— Gi… - ela o pegou pela mão e sentou-o no sofa. 
— Eu vou contar o que aconteceu, mas promete que vai ouvir? Sem julgar, sem se revoltar. Por favor?! - ele viu a aflição nos olhos da esposa. Balançou a cabeça concordando. Dona Cookie aproveitou o momento para sair à francesa. Era uma conversa intima de marido e mulher. Gigi relatou tudo o que acontecera, o que dissera e fizera com todos os detalhes possíveis. Viu o semblante do marido mudar, seu rosto ficar vermelho. Ele estava com raiva. Ao falar do que fizera, ele apertou a mão dela em concordância, expressando sua compreensão. Gigi terminou de falar e baixou a cabeça antes de voltar a fitar Jeff. 
— E-eu não podia ficar calada, Jeff. Mas eu acredito que acabei com todas as chances que tinha de me tornar sócia - ele a abraçou forte. Beijou os cabelos dela e acariciava seus braços. Finalmente, ele falou. 
— Esse cara é um idiota. Eu devia ter socado a cara dele quando tive a chance. Eu sabia que algo assim ia acontecer! Por Deus, Gi! Isso é errado! 
— Eu sei… Jeff, por favor, olha para mim - ela forçou o rosto dele em sua direção, o olhar sério - eu disse a você que lidaria com a situação caso ela acontecesse. Foi o que eu fiz e acredite, não vou nada fácil nem bonito. Eu me defendi sem pensar nas consequências, contudo acabou. Eu não quero que você vá atrás de Steve para tirar satisfações ou ativar sua testosterona. O que eu preciso nesse momento é de paz e de apoio. Eu não sei o que vai acontecer quando eu chegar amanhã no escritório. 
— Mas Gi, ele é cliente. Você terá que lidar com ele eventualmente. Como vão trabalhar? Como vai encara-lo? Isso não está certo, é assedio. Precisa contar o que aconteceu. 
— Jeff, acha que eu não sei? É errado, sexista e droga! Eu posso ser demitida. Não é uma escolha fácil. E quanto a trabalhar com ele… e-eu nem sei como me sinto sobre o assunto ainda. Por favor, promete para mim que não vai fazer nada para “defender minha honra”, a ultima coisa que preciso é isso. Podemos simplesmente esquecer o que aconteceu até amanhã? E-eu só quero esquecer… - Jeff reparou que ela estava quase chorando. Acariciou o rosto dela. 
— Tudo bem, já esqueci - sorveu seus lábios carinhosamente - que tal nós sairmos para dar uma caminhada e depois jantar em algum lugar. Acho que você está precisando de uns tacos e umas doses de tequila - ela riu. 
— Você quer me ver fora de mim, não? Vai me embebedar, gostoso? E depois? O que pretende? 
— Fazer o que você merece. Trata-la como uma rainha e fazer amor bem gostoso. O que acha? 
— Parece o programa perfeito - ele beijou novamente os lábios da esposa, dessa vez com mais desejo. Juntos, ele subiram para o quarto, se arrumaram e saíram. 
O assunto não poderia ser esquecido. Independente do que acontecesse, era fato. Abuso, assedio eram comportamentos desprezíveis dentro de casa e no ambiente de trabalho. Era em momentos como esse que ele tinha vergonha dos homens, da sociedade machista que acabara por impor esse comportamento. Isso tinha que ser combatido e Gigi tinha razão, sem violência. Somente não hoje. 

Um dia de cada vez, pensou Jeff ao ver Gigi colocando o casaco antes de entrar no carro. 


Continua...