sábado, 31 de dezembro de 2011

E mais um ano se vai...


2011....estamos vivendo seus últimos momentos. logo estaremos celebrando a entrada de um novo recomeço, uma nova chance. Enchemo-nos de esperança e alegria para receber uma nova etapa que começa - oportunidades, sonhos, desejos é sobre isso que falaremos hoje a noite.

Não podemos esquecer que para virar a página da vida, hoje também é dia de fazer um balanço desses 12 meses que chegam ao fim. E então? Como foi 2011?

Gosto de lembrar de todos os bons momentos do ano, como :

- As amizades sinceras;
- As alegrias compartilhadas;
- Os surtos malucos pelas séries #minhaspaixões ;
- As fics escritas e os comments maravilhosos das minhas leitoras;
- Os livros lidos;
- As vitórias alcançadas;
- Os momentos em família ;
- Os momentos de descontração com os colegas de trabalho diante de um problema;
- As risadas;
- As biritas;
- Os shows e as festas...


Puxa! Quanta coisa boa! E sobre aqueles momentos chatos, de dúvida, tristeza e choro? Esses vocês coloquem numa caixinha pequenina lá no fundo do subconsciente, não para esquecer porque um dia você irá consultá-la será apenas para ver o quanto você cresceu.

Na noite de hoje mantenham a alegria e a paz no coração, celebrem a esperança, busquem o amor, almejem o sucesso e preparem-se para receber a felicidade de braços abertos!

Cito aqui a letra de uma das minhas canções preferidas que já vimos em filme, séries e que sempre traz a inocência da criança que mantemos dentro de nós:


Raindrops on roses and whiskers on kittens

Bright copper kettles and warm woolen mittens

Brown paper packages tied up with strings

These are a few of my favorite things


Cream colored ponies and crisp apple strudels

Door bells and sleigh bells and schnitzel with noodles

Wild geese that fly with the moon on their wings

These are a few of my favorite things


Girls in white dresses with blue satin sashes

Snowflakes that stay on my nose and eye lashes

Silver white winters that melt into Springs

These are a few of my favorite things


When the dog bites

When the bee stings

When I'm feeling sad

I simply remember my favorite things

And then I don't feel so bad.




FELIZ ANO NOVO!!!

MAY ALL YOUR WISHES COME TRUE!!!



2012...Welcome...Benvenuto...Bienvenido...Bem-vindo!!!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

[Books] Série Mortal by J.D.Robb aka Nora Roberts

Oi, pessoas!

estava adiando esse post a um bom tempo. Nada contra o material, muito pelo contrário! Com 2011 chegando ao fim, nada melhor que uma boa recomendação de livros certo?! Então tá!

A Série Mortal me foi indicada por uma super amiga e confesso que pensei duas vezes antes de ler. Na verdade, já tinha visto alguns livros nas prateleiras das livrarias e até me chamaram a atenção até eu me deparar com o nome da autora : Nora Roberts. Calma! Nada contra a escritora, chamaria mesmo de pré-conceito. O que sabia de Nora era que ela escrevia romances melosos e tinha um defeito, é conhecida pela sua falta de objetividade em encerrar suas obras.

Porém, após a indicação resolvi ler a orelha da obra e de repente me senti tentada a dar uma chance aquele livro. Afinal, não seria eu mesma se criticasse uma obra sem le-la. Estava em Caxias do Sul quando comprei o livro mas sendo férias deixei-o na mochila para depois. Na volta para casa, realizem de Rio Grande do Sul a Manaus, devorei a primeira obra. Senti um fascínio muito grande pela história intrigante. Vou resumir a história para vocês.




Eve Dallas é uma tenente do Departamento de Homicídios de New York no ano de 2058 num mundo dominado pela tecnologia. Conhecida por sua reputação de policial durona, ela joga limpo e segue todas as regras e protocolos, orgulha-se de fazer as coisas "by the book". Eve parece ter nascido para ser detetive, tinha um prazer imenso em ver a justiça ser feita. O motivo disso era muito simples: Eve Dallas tem um passado obscuro que ela própria não é capaz de lembrar, nem mesmo sabe seu nome verdadeiro. Em dez anos de experiência de força policial, ela já vira muitas coisas bárbaras e sabe que depende exclusivamente dela e de seus instintos para enfrentar a corja de assassinos da cidade.

Durante uma investigação onde a neta de um senador é assassinada, ela conhece Roarke um bilionário irlandês dono de quase toda a Nova York que na época torna-se o principal suspeito de assassinato. Ele desperta nela uma necessidade incontrolável de desvendar o mistério que envolve aquele homem. Mais que isso, Eve se vê atraída por ele sem qualquer explicação lógica que ela esteja acostumada a aceitar fazendo algo inusitado para ela: viola as regras ao não resistir e dormir com ele. Intrigas, prostituição e política levam a detetive a encarar situações delicadas e enfrentar algo que detesta: a mídia.

Esse é o plot de Nudez Mortal, primeiro livro da série que tem até agora 29 livros dentre eles 17 já publicados no Brasil.

O que mais me impressionou quando eu li foram os detalhes e as formas como Nora aborda a personalidade das personagens. Ao ver Eve em ação, uma outra detetive que eu amo me veio a cabeça: Kate Beckett. A semelhança entre elas é muito grande. Os dramas pessoais de Eve também nos deixam curiosas pois ela não é uma pessoa de fácil relacionamento e se considera até anti-social. Não tem muitos amigos. Lembraram de outra heroína apreciada por nós? Sim, Tempe Brennan. Roarke é outro personagem magnífico em todos os sentidos! Não tem como não se apaixonar por ele. Não irei comentar mais para que a surpresa seja tão boa quanto foi para mim.

Mas a série contém ainda outros personagens divertidos e bem explorados pela autora com destaque para a auxiliar de Eve, Délia Peabody e sua melhor amiga Mavis.

A cada livro vamos conhecendo um pouco mais de cada um deles, seus medos, anseios e segredos. Impossivel parar de virar as páginas.

Se você curte drama policial, intrigas, ação, romance, personagens fortes e complicados, sarcasmo e comédia bem elaborados e uma boa dose de sexo, essa é sua série! Aliás, o que você ainda está fazendo aqui ? Corre e comece a ler!!!

Garanto! Se curtem minhas fics, vão amar as histórias de Eve Dallas e cia.

Livros da Série Mortal:

01 - Nudez Mortal

02 - Glória Mortal

03 - Eternidade Mortal

04 - Extase Mortal

05 - Cerimônia Mortal

06 - Vingança Mortal

07 - Natal Mortal

08 - Meia-Noite Mortal

09 - Conspiração Mortal

10 - Lealdade Mortal

11 - Testemunha Mortal

12 - Julgamento Mortal

13 - Traição Mortal

14 - Interlúdio Mortal

15 - Sedução Mortal

16 -Reencontro Mortal

17 - Pureza Mortal

18 - Retrato Mortal

19 - Imitação Mortal

20 - Lembrança Mortal

21 - Dúvida Mortal

22 - Visão Mortal

23 - Sobrevivente Mortal

24 - Origem Mortal

25 - Memória Mortal

26 - Caçada Mortal

27 - Nascido Mortal

28 - Inocente Mortal

29 - Criação Mortal

*Em negrito os livros publicados no Brasil.






Depois me digam o que acharam! Essa é minha recomendação pessoal de ano-novo!
E não se preocupe, tem ebooks aos montes na net.






Mais informações aqui: http://www.seriemortal.com.br/

[Castle Fic] Rise Again - Cap.6


Nota da autora: Pensei que esse capítulo ia ser difícil de escrever. Não foi! Minha nova versão de Cops & Robbers! Peço a vcs que não venham com muita sede e espero que tenham paciência qto a Caskett, vai acontecer, acreditem! Diferente do que foi mostrado na telinha. Prometo! Palavra de escoteira...


Enjoy!




Cap. 6


Na manhã seguinte, ela estava no terapeuta. Como ela não conseguia sair da confusão da sua cabeça, ainda mais com os novos fatos era melhor mesmo discutir com ele. Beckett estava sentada na poltrona. As mãos inquietas no seu colo. O terapeuta olhou para ela sorrindo.

- Confesso que estou um tanto surpreso, Kate. Não esperava vê-la tão cedo para uma visita. Pelo que me recordo já faz quase um mês desde a última vez que você esteve aqui.

- Tenho andado muito ocupada. Não pude vir antes.

- Sei, e o que a traz aqui?

- Estou dando continuidade ao nosso trabalho.

- Kate, por mais disciplinada que você seja não está aqui às 7 e meia da manhã porque quer continuar o tratamento. Aconteceu alguma coisa?

- Talvez.

Ela não sabia por onde começar. O terapeuta já entendera que teria que forçar algumas coisas para que ela falasse o que queria. Decidiu por tocar no assunto da última sessão.

- Quando esteve aqui, lembro que fiz uma pergunta a você sobre Castle. Você pensou a respeito?

Ela suspirou e passou as mãos nos cabelos antes de responder.

- Sim, você perguntou do que eu tinha medo de que Castle me esperasse ou que ele não me esperasse. Eu pensei muito sobre isso e não obtive a resposta. É tão confuso. Algumas coisas aconteceram. Quando sai daqui eu estava muito irritada com toda aquela situação da tal Serena. Após resolver o caso, eu pensei que ele ia voltar com ela pro hotel e fazer sei lá o que. Ele não foi. Chamei-o para comermos, um lanche nada fora do comum. Então eu não sei o que deu em mim. Eu acabei dizendo a ele como me senti.

- E o que foi que você disse?

- Que levo meu trabalho à sério e que esperava que ele me respeitasse como parceira em vez de ficar babando por uma ladra qualquer. Ele percebeu que fiquei chateada. Pediu desculpas .

- Ele percebeu que errara, que a magoara. Viu um pouco do outro lado de Kate Beckett. Ciúmes. Aposto que ele fez mais que apenas pedir desculpas.

- É, ele me convidou para uma noite muito agradável. Não foi um encontro. Noite de autógrafos.

- E como você se sentiu com isso tudo, Kate? Feliz, tentada, culpada por estar aproveitando momentos descontraídos?

- Eu me senti bem.

- E isso ajudou a entender o que você realmente quer? Ajudou a responder a pergunta?

- Não! Isso me deixou mais confusa.

Ela mordia os lábios em frustração.

- Teve mais. Fomos jogar poker ontem. Ficamos sem fichas para a aposta e ele me desafiou. Ele apostou um beijo. Estava certa que ganharia mas perdi.

Ela olhou para o lado tentando esconder o risinho no canto dos lábios. Passou a lingua nos lábios como se pudesse sentir novamente o gosto dos lábios dele nos seus. O terapeuta chamou a atenção dela.

- Perdeu ou realmente ganhou?

- Eu não sei. Droga! Acho que ganhei. Eu senti falta daquele beijo. Eu provoquei isso.

- E qual o problema? Não seria isso sua resposta? Seus atos parecem falar por si só. Quem começou o beijo: você ou ele?

- Eu.

- Então você acaba de confirmar minha resposta. Está tudo à sua frente, Kate. As opções que você tem se apresentam claras e a seu alcance.

- Pra você é fácil só falar...

- Não, vamos avaliar. Primeira opção: você continua a sua carreira como detetive da NYPD prendendo criminosos e servindo de inspiração para Castle. Nesse meio tempo você pode até quem sabe, desvendar o caso da sua mãe.

Kate permanecia calada. Séria e focada. Ele continuou.

- Ok, opção 2: você faz o que seu coração pede. Procura Castle, explica como você se sente, abre seu coração e decide pelo que deseja. Um romance. Um momento de felicidade e calmaria e continua o seu trabalho mas agora Castle não será apenas seu parceiro de trabalho, será seu parceiro da vida. Aqui você se dá a chance de ser feliz.

- E temos ainda a opção 3: você continua nesse emaranhado de emoções contraditórias, adiando sua vida, se dando desculpas e entrando dia após dia aqui no meu consultório dizendo que não sabe o que fazer e que tudo é complicado.

Ela olhava para ele de olhos arregalados. As palavras dele foram um soco no estômago. Ela sentiu-se enjoada. Ele sabia que fora duro com ela mas já conhecia o perfil de Kate Beckett o suficiente para saber que ela precisava ser provocada, desafiada.

- Então Kate, o que vai ser opção 1? 2 ou exatamente onde você se encontra hoje a opção 3?

Ela fechou os olhos. A raiva subia pelos poros. Lágrimas ardiam na vista pedindo passagem.

- Simples assim não? É só escolher um número e pronto! Tudo resolvido. Exceto que não é a sua vida que está sendo leiloada, seu futuro, sua história. Falar é fácil.

Ela se levantou do sofá e virou-se de costas olhando por uma janela tentando controlar as lágrimas.

- Sei que não é fácil. Mas a escolha é sua. Pra que brigar contra o óbvio? Você sabe o que quer Kate, só não tem coragem de dizer. Seja hoje ou daqui a um ano a resposta será a mesma, a opção será a mesma. É uma questão pessoal de vencer o medo que a impede de seguir adiante. O que você tem que decidir é um número sim, não da opção. Você só precisa decidir quando e torcer para que nesse dia ele ainda esteja esperando por você.

- Você acha que ele vai estar? Castle estará ao meu lado quando eu finalmente descobrir quem é o assassino da minha mãe? Se é que irei descobrir...

- Você quer que ele esteja?

Ela mordiscou o lábio e uma lágrima escapou solitária pelo rosto.

- Sim, quero.

- Porque Kate? Porque você acha que pode usar seus conhecimentos, sua perspicácia? Será mais fácil chegar ao fim com ele? Quer usa-lo, Kate?

- Não!

- Não? E qual seria a razão? Se pergunte: Porque Kate?

- Porque.... droga! Porque eu o amo.

- Então ele estará. Basta dizer a ele.

Ela tornou a sentar-se no sofá. Limpou o rosto e abriu um pequeno sorriso.

- Você fez isso de propósito. Queria que eu confessasse.

Ele sorriu.

- Você não disse nada do que não quisesse.

- Odeio esses truques baratos da psicologia!

- Não é muito diferente do que você faz no seu dia-a-dia....

Ela sorriu novamente.

- Esse é o seu grande dilema não? Achar o assassino da sua mãe. Sei que isso reflete em quem você é, sua profissão, sua família. Curioso é ver o quanto você está disposta a perder por isso. Porque não é melhor deixar isso pra trás? Manter apenas as lembranças boas com você e se permitir novas lembranças?

Ela ficou calada. O terapeuta notou porém que a tensão no seu rosto diminuira. Estava mais calma.

- Vamos para por aqui. Acredito que você tem muito o que pensar sobre a sessão de hoje e talvez até tomar algumas decisões. No nosso próximo encontro falaremos sobre o caso da sua mãe.
Beckett se levantou e rumou para a porta. Virou-se e ao fitá-lo falou.

- Obrigada.

Em quinze minutos ela estava no distrito, louca por um café. 9:30 e nada de Castle. Ela sentou-se pacientemente para rever a papelada do caso anterior. A conversa que ela tanto temia com o terapeuta fora muito boa. Ela sentia-se mais calma ainda não tomara nenhum decisão porque precisaria de tempo para digerir o que fora dito hoje. Por hora, ela iria esquecer. Se tinha algo que Kate Beckett sabia fazer muito bem era colocar todos os seus sentimentos em uma caixinha escondida no fundo do subconsciente para assim focar no que era preciso naquele momento. Tinha que trabalhar.

Ela avaliava as primeiras páginas do seu relatório quando o celular tocou. Claro que era ele. Soando casual, perguntou.

- O que quer, Castle?

- Diga que precisa de mim.

- O quê?

A frase teve outra conotação para a mente de Beckett e a assustou.

-Estou preso em um banco,ajudando minha mãe a conseguir um empréstimo do meu gerente. Diga que há um caso que poderíamos estar resolvendo.

- Desculpe, não há cadáver, só papelada esperando você vir e fazer sua parte uma vez.

- Pergunto se é pior estar aqui ou aí fazendo a papelada.

- Como podemos ser parceiros quando estou atrás dos bandidos e, assim que aparece a papelada, fico sozinha?

Castle observa um movimento suspeito.

- O quê?

- Acho que este banco está prestes a ser assaltado.

- Sério? Está tão entediado assim?

- Tem um homem e uma mulher usando máscaras cirúrgicas e ambos têm suspeitas protuberâncias em suas jaquetas.

- Castle, acho que sua imaginação de escritor está fluindo.

De repente a porta é fechada e um grito de comando ecoa no saguão do banco.

- Todo mundo no chão!

- Não é a minha imaginação. Definitivamente, não é a minha imaginação.

- Vai, vai, vai.

- Meu Deus.

- Castle, o que está acontecendo?

- Meu Deus.

- No chão. Abaixem-se. Vai.

- Onde você está? A preocupaçào já era visível no rosto dela.

- No Banco e Financeira New Amsterdam na Lex.

- Esposito, há um 10-30, Banco e Financeira New Amsterdam na Lex. Chame a central.

-10-30? Desde quando cuidamos de assalto a banco?

- Castle está lá.

- Joguem seus celulares. Agora.

Castle continuou a relatar o que acontecia no banco a ela. Detalhes. Esposito confirmou as viaturas a caminho do local. Beckett suspirou e procurou se manter focada.

- Castle, preciso que ouça atentamente.

- Quantos são?

-São 3 – sentiu a arma contra seu pescoço - Conte 4.

- Então você é o herói que farei de exemplo. – pegando o celular da mão de Castle - Desculpe. Seu amigo não pode falar agora.

- Não me preocuparia com ele e, sim, com você. Tenho viaturas a caminho.

- Você é tira? – o cara não acreditou - Ligou para um tira?

- Não. Já estávamos conversando quando entraram.

Beckett tentou negociar.

- Escute. Até agora, ninguém se feriu e nada foi roubado. Então se apenas sair por onde entrou, pode desaparecer.

- Promete que não irá me procurar?

Aquilo trouxe uma motivação a mais para ela.

- Não procuro. Eu caço. E acredite, você não quer isso. Saia agora e será apenas um artigo no jornal local.

- Desculpe, querida. Prefiro a primeira página.

E quebrou o celular de Castle. Beckett saiu às pressas do distrito. Logo as sirenes da polícia foram ouvidas do lado de fora do banco. Beckett chegou ao local e viu que já estava tomado de homens e armas. Foi até o comando e se encontrou com o oficial responsável. Ao anunciar que era de homicídios, foi praticamente dispensada mas ela insistiu.

- Meu parceiro está no banco.

- Espere. Temos um policial lá dentro?

Beckett ficou um pouco apreensiva. Chamara Castle de parceiro como se ele fosse um policial.

- Ele é investigador civil. Estávamos ao telefone quando tomaram o banco. Disse que são 4 suspeitos lá dentro.Estão usando trajes médicos.

-Sabe de algo mais?

-Sim. Falei com um dos suspeitos.

- Como ele se comportou?

- Calmo, muito calmo.

- Obrigado pela informação, faremos o possível para seu parceiro sair seguro.

- Certo, o que fazemos agora?

E ao fazer isso, Beckett pisou no calo do oficial e de certa forma questionou sua habilidade de comando. Ele reagiu rispidamente mandando ela sair. Beckett observava o cenário do lado de fora do banco, apreensiva. Não podia ficar ali de braços cruzados enquanto Castle e sua mãe corriam risco de vida. Pediu ajuda aos rapazes para descobrir mais sobre os ladrões enquanto conversava foi chamada pelo oficial em comando. Muito contrariado, ele a repreendeu por ter agido sozinha antes e explicou que o cara só aceitava falar com ela. Beckett se viu preocupada não tinha treinamento em negociação ainda mais com refém. O Capitão explicou o básico a ela e perguntou.

- Detetive? Está disposta a fazer isso?

- Sim, com certeza.

- É importante mantê-lo falando. Construir um rapport. Enquanto está ocupado falando, não está ferindo reféns.

- Está bem. – apesar de estar visivelmente nervosa.

- Quem é?

- É a detetive Kate Beckett, você queria falar comigo.

-É, não gosto do outro cara.

-Eu também não..

- O que precisa?

- Pode me chamar de John Emboscada.

- Um fã de MASH. Legal. E como está indo? Posso fazer algo para ajudar?

- Kate, Kate. Está seguindo as regras daquele idiota, não? O que o capitão confiante te falou? Manter-me calmo, criar um rapport, extrair informações. Eis como vai ser: se mentir para mim, mato reféns. Se me enganar, mato reféns. Se invadir o banco, mato reféns. E, Kate...vou começar com seu namorado.

Droga! Ela pensou. Esse cara sabe o que está fazendo e se deixar esse capitão tomar conta da ação, várias vidas estarão em risco. E ainda não quer me deixar ajudar.

Enquanto isso, Castle tentava colher o máximo de informação sobre o que os bandidos queriam. Algo muito estranho estava acontecendo, eles estavam interessados nos cofres enquanto toneladas de dinheiro estavam disponíveis bem a frente deles. Castle conseguiu montar uma estratégia simulando uma ida ao banheiro. Investigando viu que o cofre que um dos médicos esvaziava continha apenas fotos e papéis.

Beckett continuava no escuro. Nada de boas notícias e a sua preocupação apenas aumentava.

De volta ao saguão do banco, Castle perguntou do gerente do banco qual seria aquele cofre descobriu que se tratava do cofre 120 e se descobrisse de quem era podiam negociar. Ele tinha uma idéia de como passar a informação. Pegando o bracelete da mãe, ele se preparou para executá-la.

John fez novo contato com Beckett e ela tentou negociar a liberação da caixa grávida, mas nada parecia fácil ali.

- Não, não, não, Kate.Tem que dar antes de receber.

Ela odiava que ele a chamasse pelo seu primeiro nome.

- Certo, o que você quer?

- Um ônibus...com vidros escuros, para levar meus parceiros, os reféns e eu ao aeroporto Teter Boro. De onde um avião nos levará ao país que eu quiser. Feito isso, liberto a caixa grávida. Assim que pousarmos no paraíso, liberto os outros reféns. E, Kate...vocês têm 3 horas.

Assim que desligou o telefone o capitão autorizou a conseguir o que ele pedira. Beckett não acreditava que aquilo estivesse acontecendo. Ele explicou que estava apenas jogando e que os ladrões apenas sairiam dali presos ou mortos. Ao olhar o monitor que mostrava as câmeras do banco, ela percebeu um reflexo no teto. Código Morse. Castle usou a jóia para mandar uma mensagem em código Morse.

- É código Morse. C-B-1-2-0. Fica repetindo. O que acha que significa?

- As iniciais de alguém ou um código. Conta Bancária...Caixa do Banco...

- Espere, espere. "Co"... Pode ser... cofre. Cofre? C-B. Cofre Ban...Cofre Bancário 120. É isso.

- Sério? Como um cofre pode estar relacionado?

- Não sei. Mas se Castle mandou uma mensagem,significa algo.

-Como sabe que foi ele?

- Acredite, foi ele.

Beckett tinha um sorriso de satisfação ao dizer isso. Mandou os rapazes checarem o casal dono do cofre. No banco, as coisas não ficavam mais simples. Eles descobriram que os supostos médicos estavam com alguns C4, o que quer que estivessem roubando, eles faziam questão de que ninguém soubesse o que era.


Esposito e Ryan descobriram que o casal estava morto e agora precisavam descobrir mais sobre eles. Então, Beckett viu Alexis. A menina estava muito nervosa e Kate tentou ao máximo acalmá-la. Do lado de dentro do banco, Castle procurava alguma forma de avisar Beckett sobre o C4 na tentativa quase alguém foi baleado e um dos reféns sofre uma convulsão por ser epilético.


Do lado de fora, mais tensão.

- O que devo fazer? Alexis estava aflita.

- Nada. Estamos fazendo todo o possível.

- Você não entende. Eles são tudo o que tenho. Ouviu? São tudo o que tenho.

Ela gritava com Beckett que tentava faze-la escutar.

-Alexis, ouça-me. Prometo que eles ficarão bem.

- É melhor mesmo.

O tom ameaçador da menina fez o coração de Beckett doer. Era mais uma responsabilidade que ela acabara de assumir. Não podia falhar.

- Beckett. Temos uma chamada.

- Certo. Preciso ir. Fique com ela.

- Kate, um dos reféns teve um ataque epiléptico e desmaiou, não me incomodaria, mas chateou os outros reféns e não quero heróis por aqui. Então é o seguinte. Enviará um paramédico para pegá-lo e, em troca dessa generosidade, trará meu ônibus aqui em 20 minutos.

-Não é tempo suficiente.

-Para mim, é.Pegue esse cara e traga meu ônibus. Ou começarei a detonar os reféns.

Após desligar, Kate perguntou.

- Quanto tempo até o ônibus chegar?

- 35 minutos.

-Precisa pedir mais tempo.

-Ele não dará.

-Então invadiremos o banco.

-Não podemos invadir o banco. Não sabemos a localização de ninguém lá. Se entrarmos, reféns serão mortos.

- Se queremos salvar algum, não temos escolha.

Beckett viu-se de mãos atadas e não gostava nada disso então, ela deu sua cartada.

- Talvez tenhamos. Poderíamos usar o refém doente em nosso favor. Ao invés de mandar um paramédico, enviamos um policial com treinamento tático. E ele consegue informações para quando a SWAT invadir.

- Acho que já tem um policial em mente.

Ela não sabia dizer se a escolha que fizera fora no desespero de ajudar, na aflição que viu nos olhos de Alexis ou no medo de Castle morrer. O fato era que Kate Beckett não ia ficar esperando sentada enquanto vidas estavam em jogo. Sendo assim, ela mesma se ofereceu para entrar no banco.

Assim que as portas se abriram, Kate deu de cara com Castle que ficou surpreso de vê-la ali. Rapidamente, ele pegou um papel e escreveu o bilhete.

- Reviste-a.

Beckett não desviava os olhos dele.

- Está limpa. Seja rápida.

Ela se agachou ao lado de Castle.

- Como ele está?

- Nada bem. O nome dele é Sal Martino. Ele tem epilepsia. Acho que o ataque foi induzido pelo estresse.

- Oi, Sal. Oi, companheiro. Como está?

Castle segurava a mão de Sal. Beckett conversava com Sal mas no fundo, ela se dirigia a Castle.

- Sal, quero que saiba que há pessoas lá fora que gostam de você, então continue respirando. Prometo...- e então ela apertou a mão de Castle e o olhou querendo passar confiança a ele. Olhares que significavam que ela não o abandonaria - que te tirarei daqui.

- Não converse. Aja! E você...Ajude-a a colocá-lo na maca. Agora!

- Sal, pronto? Vamos te erguer no 3. 1, 2, 3.

- Calma, companheiro. Devagar. Pronto.

Ela pegara o papel.

- Você está bem.

Mais uma vez ela se dirigia a Castle. E antes de sair do banco ela voltou a olhar para ele querendo reafirmar que ela voltaria e mostrando que estava lá por ele.

- Certo.

Ao sair encontrou logo Alexis.

- Seu pai está bem. Os dois...estão bem.

Ela olhou o papel e Alexis percebeu que não devia ser algo bom pelo semblante da detetive.

- O que foi?

- Alexis, preciso que fique atrás da fita amarela.Leve-a para lá.

-Pode deixar.

Beckett alertou o capitão sobre o C4. Ele não ia arrriscar mandar ninguém invadir o banco com explosivos. Depois de uma discussão, ele decidiu que precisava de mais tempo e obrigou-a a contactar John novamente.

- Onde está meu ônibus?

- Está a caminho. Chegará em 20 minutos.

- Os reféns morrerão daqui a 2 minutos.

- Não.

Ela fora enfática. E então amansou o tom, não podia deixar transparecer o nervoso que sentia.

- Ninguém precisa morrer. Certo? Ele está vindo. Só...está preso no trânsito.

-Temos regras, Kate. Eu não mataria ninguém se me desse o ônibus. Cumpri minha parte.

-E cumprirei a minha, mas...

Ele a cortou.

- Disse para não me fazer de bobo. Esclareci as consequências. Preciso provar que falo sério? É isso?

Beckett insistia, negociava.

- Acho que ambos precisamos respirar fundo e falar sobre...

-Cansei de falar!

Um tiro ecoou ao telefone. Os olhos de Kate arregalaram-se.

- O que foi isso?

- Um tiro de aviso, Kate. O próximo é para valer.

John aproximou-se de Castle empurrando a arma contra o peito dele.

-Não toque nele, filho da mãe!

-Davenport, segure-a.

-Afaste-se dele!

-Eu cuido disso.

- Farei uma bela mancha vermelha no seu namorado, Kate. Estou com ele na mira e farei um quadro com as entranhas dele.

-Precisa se acalmar.

E assim Beckett perdeu a paciência. Iria fazer as coisas do seu jeito. A raiva tomava conta dela impulsionada pelo medo da ameaça de John.

-Ouça-me, idiota. Não controlo o trânsito, então precisa me dar 20 minutos.

-Só tem um minuto, Kate.

Ao ouvir isso, ela vestiu a armadura do tira mal e fez o que ela sabia fazer de melhor. Sentiu-se em um interrogatório impondo sua força e vontade. A tigresa estava de volta.

- Não! Tenho 20! Ouviu? 20 minutos! Porque se puxar o gatilho, entrarei aí e, pessoalmente, enfiarei uma bala na sua cabeça.

Castle ouvira tudo. Não podia estar mais feliz e orgulho da mulher que admirava.

- Certo, Kate. Você tem mais 20 minutos.

- Belo jeito de negociar.

John ainda com furioso, falou para Castle.

- Sua namorada tem coragem.

- Ela não é minha namorada.

- Muita areia para o seu caminhão?

Castle ouviu o sarro e pensou o quanto ele gostaria que aquilo fosse verdade. Como queria ter Kate além de sua musa como sua namorada. Ele instigou John para descobrir o que eles iriam fazer, mencionou inclusive o C4 porém, John não revelou nada e desafiou Castle a descobrir.

Depois de desligar o telefone, Beckett tentou se recuperar. Foi muito difícil não transparecer seu medo mas por fim conseguira afetar a John. O ônibus chegou e os policiais comandados pelo capitão se preparavam para agir. Mas Beckett estava pensativa, algo estava errado. Porque usar C4 em um assalto a banco? Ela questionou mais uma vez o capitão, sem sucesso.

A mente de Beckett não parava de imaginar os possíveis cenários, aflita por encontrar algum fio solto em toda essa história. Ligou para Esposito e questionou por algo novo, eles só tinham uma informação sobre um ex-genro, único parente vivo. Enquanto dava novas instruções, ela ouviu o estrondo que sacudiu o caminhão onde estava.

Ela desligou o celular, por um instante ela congelou e o mundo parou. Sem esboçar nenhuma reação além do espanto, Kate deixou o caminhão e viu os escombros da explosão. Atônita, a única pessoa que vinha em sua mente era Castle.

Isso não podia estar acontecendo! Ele não podia estar...

Os gritos dos policiais a tiraram do transe e ela saiu correndo puxando a arma e entrou no banco. Para ela nada importava apenas achar Castle.

- Castle!

O grito saíra com tremor do medo na voz. Ela caminhava pelo local, chamando por ele.

- Castle!

- Beckett?

Ouvir seu nome foi um alívio para ela. O suor frio corria pela sua espinha.

- Eles estão aqui!

Ao vê-lo atrás das grades do cofre, ela correu e se ajoelhou ao lado dele.

-Eu te disse.

-Meu Deus.

Abriu um lindo sorriso para ele. Pegou as chaves para abrir as algemas.

- Vamos lá, pronto? Certo.

Assim que o libertou, continuou sorrindo e esticou a mão para brincar com o colarinho dele. No olhar, a felicidade de vê-lo ali a sua frente.

- Como você está?

Ele não respondeu mas seu olhar dizia tudo para ela. Ternura. Ele agradecia. O momento podia durar muito mais se Martha não tivesse atrapalhado.

- Ele não é o único aqui.

- Eu sinto... – aquilo deixou Beckett meio sem graça - Sinto muito, Martha.

- Com licença. Como vai?

Então após soltá-los, Beckett e Castle descobriram através do capitão que os assaltantes estavam mortos. Nenhum dos dois aceitou a conclusão do caso, muito estranho. Ao deixarem o banco, Beckett pode ver a alegria de Alexis ao ver o pai e a avó. Abraçada a eles, Alexis trocou um olhar com Beckett que sorriu. Ela conseguira não decepcionar a menina. Cumprira a promessa.

Beckett seguiu para encontrar com Ryan e Esposito para ver se havia novidades e ficou surpresa ao descobrir que o ex-genro era na verdade o cara do banco, Sal Marino. Ele planejara aquilo tudo. De volta ao distrito, ela questionou Castle sobre o que os ladrões queriam, com um pouco de pesquisa descobriram que Ron estava atrás do filho e da ex-esposa que fugiu e fingiu a própria morte para escapar da violência doméstica que sofria. Infelizmente, ela não conseguiu cortar os laços com a mãe e foi assim que Ron a achara, queria o filho Connor.

O cofre funcionava como um correio entre as duas para manter contato e elas tinham um intermediador que recebia as notícias e depositava-as para Agnes. Descobriram ser o padre que fez o funeral deles. Beckett e Castle foram até a igreja convencer o padre a lhes dar o endereço para tentar salvá-los. Infelizmente o local ficava a 4 horas dali e Beckett apenas pode alertar a polícia local. Estavam apreensivos no distrito esperando até que receberam a boa notícia.

Beckett deixou-se cair na cadeira aliviada. A tensão daquele dia fora demais para ela. Castle a olhava e começou a falar.

- Mesmo como refém, ajudo a resolver homicídios. Beckett, acho que tem o parceiro perfeito.

Ela riu.

- É, exceto por não gostar de fazer a papelada.

- Touché.

Sorrindo, ela decidiu que não queria sair de perto dele agora então, fez a pergunta.

- Vamos para o Old Hunt? Pago uma bebida.

- Não, faremos melhor.

Castle a convidou para ir a casa dele. Ao chegar foi recebida com um abraço e toda a alegria de Martha. Ela sorriu. Era bom estar ali.

- Kate, querida, junte-se à nós. Entre, grandiosa e linda criatura.

A mesa estava cheia de comidas.

- Martha, você...realmente se superou.

-Superei. Encarar a morte exige celebrar a vida. Hoje nós festejaremos.

-Cadê Alexis?

-Está no...

-Com licença um minuto.

-Claro.

Ele pediu licença um minuto e foi conversar com a filha. Depois de ver que ela não queria falar, não insistiu.

Ao voltar para a sala, Beckett ofereceu a ele uma taça de vinho.

- Obrigado.

- Não tive a chance de agradecer por ter salvo minha vida.

- Não precisa, Castle.

- Somos parceiros. É o que fazemos.

- Sim. Alguns mais que outros, claro.

- O que quer dizer com isso?

- Essa foi a oitava vez que salvou minha vida e já salvei a sua 9 vezes.

- Primeiro, não creio que está contando. E outra, não salvou minha vida mais vezes que salvei a sua. 9? Por favor.

-Vamos rever? Na primeira, eu distraí o cara com a garrafa de champanhe. E, sim, essa conta. Até você admitiu. Na segunda, um serial killer pôs uma bomba na sua cozinha quando tomava banho. Enfrentei chamas... Sentem-se. para te tirar da banheira. Não esquecerei disso tão cedo.

Martha viu que precisava fazer alguma coisa.

- Crianças, por favor, está na hora de jantar nada de conversas sobre bombas, tiros, assaltos. Estamos todos bem.

Beckett sorriu para ela e acatou o pedido porém ia discutir esse assunto depois com Castle.

- Tem razão, Martha. Cala a boca, Castle!

E ela arrancou risos de Martha e Alexis.

Terminado o jantar, Martha cuidava dos pratos e Castle pegou as taças para enche-las novamente. Antes de ajudar sua vó, Alexis aproximou-se de Beckett e sorriu.

- Eu queria pedir desculpas. Fui muito rude com você hoje e foi errado.

- Tudo bem, Alexis. Eu te entendo, estava sobre tensão. Não precisa se desculpar.

- Preciso e também quero agradecer. Eu devia saber que você ia fazer tudo que estava a seu alcance para salva-lo. Ele significa muito para você também. Obrigada!

Ela abraçou Beckett e foi para a cozinha ajudar sua vó. Castle chegou por trás dela oferecendo o vinho e fazendo sinal para sentarem-se no sofá. Após tomar um gole do vinho, Beckett resolveu voltar ao assunto suspenso na hora do jantar.

- Então, Castle. Quer dizer que você anda contando para seu próprio registro quantas vezes você me salvou. E eu aqui do lado de fora só pensando em te manter vivo.

- E devo acrescentar que fez um excelente trabalho mesmo com minha ajuda. Você deixou o John furioso.

- Não tente me distrair, Castle. Explique direito essa história de ter me salvado nove vezes.

- É apenas a verdade. A garrafa de champagne, o incêndio, ah quer ver outra? A bomba terrorista em plena NY, essa foi sensacional salvei várias vidas e...

Ela o cortou.

- Castle, ok já entendi. E sou grata por todas as vezes que você salvou minha vida. Isso o qualifica como meu parceiro só precisava fazer um pouco de papelada afinal se você estivesse comigo hoje pela manhã fazendo exatamente isso, eu não teria que te salvar de novo.

Ele sorriu.

- Vamos falar sério agora. Kate eu realmente admirei sua coragem. Você me surpreendeu ao entrar naquele banco como paramédico. Sabe qual foi o pensamento que me veio à mente? Ela só pode ser doida! Aquilo tudo podia dar errado e todos nós poderiamos ter morrido. Porque você fez aquilo?

- Pensei que você gostasse de aventura Castle, você também se arriscou.

Ela sorriu mas percebeu que ele ainda estava sério. Ele queria saber.

- Porque Kate?

- Era o único jeito. Eu precisava saber quais eram as nossas chances, o que realmente acontecia dentro daquele banco. Precisava saber se você estava bem. Devia isso a Alexis.

- Só a Alexis?

- Não, a mim também.

Ela ficou olhando para ele por alguns segundos. Apenas admirando. Muitos cenários já se passaram na cabeça dela durante esse dia. Ela se viu com ele e sem ele. Aquela explosão fez seu coração parar. O problema era que ela não se sentia totalmente confiante, sabia porém que deveria começar por algum lugar. Para se manter de certa forma à salvo, escolheu um assunto aparentemente seguro de se navegar.

- Castle eu ainda não tive a oportunidade de te agradecer corretamente.

- Agradecer? Mas esse papel hoje é meu.

- Estou falando do presente que você me deu. A cópia de Deadly Storm. Não esperava aquilo nem que você me contasse algum dos seus segredos. Significou muito para mim. Esse nível de honestidade precisa ser retribuido.

- Kate, eu queria fazer aquilo, nada nem ninguém me forçou, você é minha inspiração e se eu contei meus segredos a você, é porque considero você digna de ler o que escrevi. Apenas você conhece aquelas anotações.

- Obrigada. Mais um motivo para eu lhe dizer o que quero. Acho que preciso contar alguns dos meus também. É o mínimo que posso fazer.

- Segredos? Hum isso vai ser interessante...tem a ver com seu passado de nerd ou aventuras na Europa ou...

- Na verdade, é sobre meu passado e você.

- Agora você me deixou intrigado.

O coração de Castle disparou. Será que ela iria falar sobre o tiro? Não isso não é bem passado mas o assassinato da mãe dela é. Ele mudou de posição no sofá. Decidiu que precisava de álcool para se preparar para o que poderia ouvir.

- Antes de começar, quer mais vinho?

- Aceito.

Ele desapareceu rumo à cozinha. Beckett passou as mãos no cabelo. Mesmo sabendo que o que revelaria não era algo tão impactante com relação a sua pessoa, sentia-se nervosa. Ela raramente se abria com qualquer um exceto que ele não era qualquer um, era Castle. E Beckett confiava nele. Suspirou.

- Pronto! Taças cheias. O que você ia me contar?

- Promete não ficar rindo ou mesmo tirando brincadeiras sem graça? É importante.

- Desde que você não me fale de algum ex-namorado bundão...

- Não.

Ela bebeu um gole do vinho, apoiou a cabeça no braço sobre o sofá e olhou para ele.

- Quando minha mãe faleceu, eu entrei num processo de negação e depressão muito grande. Nunca tinha passado por nada daquilo. Sempre fui uma pessoa prática, racional. Sempre sorrindo e sequer fui de me lamentar por namorados. Por isso o choque do meu pai ao me ver trancada num quarto sem disposição para nada. Não comia direito, apenas dormia e chorava. Demorei muito para me recompor.

Ela bebeu um pouco mais de vinho e mordendo seu lábio inferior, ela continuou.

- Ao chegar na academia, tinha um objetivo. Ser a melhor para me formar e assim poder trabalhar na divisão de homicídios e caçar o assassino da minha mãe. E por três anos, foi exatamente isso que aconteceu. Foram anos de angústia, dúvida e praticamente sem vida. Eu me arrastava. A cada folga de um caso, eu mergulhava na papelada do caso dela, sabia cada palavra daquele arquivo. Acordava e adormecia pensando nele.

- Kate isso deve ter sido muito ruim. Sinto muito.

- Por favor, Castle – ela tocou a mão dele - Não me interrompa.

- Meu pai não sabia o que fazer, Mike também não. Eu não aceitei a ajuda de um psicólogo na época. Sem saber o que fazer, meu pai mergulhou na bebida. Frustração, saudade, solidão. Foi quando encontrei meu pai no chão da sala adormecido com uma garrafa de whisky vazia na mão. Ele não me respondia. Entrei em pânico. Chamei uma ambulância e fui para o hospital com ele. Se eu tivesse chegado uma hora depois... assim que ele recobrou a consciência, tivemos uma briga feia, eu o acusei de beber demais, ele falou que eu estava obcecada e não via nada além do caso da minha mãe. Então eu propus que virássemos a página: ele pararia de beber e eu não mexeria no caso da minha mãe.

Ela passou as mãos no cabelo fazendo um esforço para não deixar as lágrimas a trairem naquele momento. Castle colocou a mão sobre a coxa dela, acariciando e dando-lhe apoio para continuar. Seu olhar registrava um pesar por ela, queria abraça-la. O rosto finalmente marcado pelas lágrimas.

- Eu falei tudo aquilo para salvá-lo mas a verdade era que não sabia como salvaria a mim mesma. Fiz uma promessa e tinha que cumprir. Um dia, logo depois do meu pai deixar o hospital, eu estava caminhando pela 5ª avenida no meu horário de almoço, por impulso entrei na livraria e comecei a olhar as novidades. Um cartaz me chamou a atenção. Storm Season dizia – um thriller de Richard Castle e logo ao seu lado uma pilha de livros recém-lançados. A vendedora viu meu interesse e comentou sobre o escritor. Ela me levou a sessão onde haviam os seus títulos. Eu li algumas capas e me decidi pelo primeiro da série de Storm e Flowers from your grave.

Ela passou a mão no rosto para livrar-se das lágrimas. Ainda sentia a mão dele na sua coxa fazendo pequenos círculos.

- A vendedora também me informou sobre uma noite de autógrafos que aconteceria dali a dois dias. Agradeci e sai da livraria. Parei numa Starbucks, comprei um café e comecei a ler. Devorei o livro. Lembro que saí da cafeteria e fui direto para casa. Terminei os dois livros no dia seguinte. Voltei na livraria no dia do evento e comprei mais dois livros. Entrei na fila e você autografou-os para mim.

- Eu autografei?

- Hum,hum. Lembro que fiquei nervosa de vê-lo sorrindo na minha frente. Você ali, tão.... - ela ruborizou e sorrindo envergonhada – charmoso, tão lindo. A partir dali, eu me tornei sua fã. Virei rata de livraria. Onde tivesse um lançamento de Richard Castle, eu estava lá.

- Você me achava charmoso? Lindo? Como eu não me lembro de você?

- Talvez porque eu não era loira e não tinha um corpaço ou peitões.

- A verdade Castle é que eu superei a morte da minha mãe por causa de você, dos seus livros. Quando você dizia que sou sua fã, você não tinha a noção de quanto e da importância disso. Sabia que passei mais de uma hora numa fila para pegar seu autógrafo na minha cópia de Storm’s break?

- Nossa! Isso realmente é impressionante. Você já me conhecia antes de trabalharmos juntos. Você acredita em destino, Kate?

- Não. Esse é o seu trabalho. Fantasiar e ver o lado cor de rosa da vida, o meu é lidar com a realidade nua e crua.

- Não precisa ser sempre assim, Kate. Você precisa de cores na sua vida.

- Pergunto: se você não acredita em destino, como pode explicar essa ligação? Você é fã do meu trabalho e de repente se vê como minha musa e passamos a combater crimes juntos? Viramos parceiros. Pra mim, isso é o destino.

- É uma feliz coincidência. Ou você esqueceu o quanto eu briguei para não te-lo ao meu lado?

- Puro charme....

Kate ficou calada por um momento. Ela o fitava como quem analisava cada linha do rosto à sua frente.

- Castle, eu acredito que não agradeci ainda o suficiente a você.

- Hey, hoje quem deve fazer isso sou eu. Você salvou minha vida esqueceu?

- Não, eu nem poderia... ao ouvir aquela explosão eu nem sabia o que pensar. Só que eu não estou me referindo a um agradecimento comum. Você, com suas histórias me tirou do fundo do poço, Rick. Você me deu forças para acreditar que eu podia ser diferente, que podia ajudar a outros e fazer justiça. Você instigou isso em mim e essa minha motivação me fez ser uma boa detetive, acreditar na justiça e me jogar de cabeça no trabalho.

Ela instintivamente segurava a mão dele como fizera no banco. Podia sentir o calor da pele dele. Castle tinha um sorriso frouxo nos lábios, ela raramente se abria com alguém e agora estava ali, contando tudo aquilo para ele num momento intimo e singular.

- Eu fico lisonjeado ao saber disso, Kate. Não somente do seu segredo mas também por saber que eu a ajudei. E Kate, não se diminua. Você não é uma boa detetive, você é a melhor.

Beckett deixou escapar um sorriso. Pegou a taça de vinho e esvaziou-a num só gole. Ao olhar para Castle novamente, ele percebeu uma névoa encobrindo seus olhos. Ele conhecia aquilo, desejo. Estaria Beckett querendo alguma coisa?

Ela se ajeitou no sofá aproximando-se ainda mais dele. Seus rostos separados por poucos centímetros. Ela precisava da mesma coragem que exibia ao enfrentar bandidos. Ela necessitava disso.

- Castle, eu tenho que fazer uma coisa... preciso entender. Não me julgue por isso, não me questione. Apenas me deixe fazer isso, Rick.

Rick ... o som do nome dele saiu quase como um sussurro dos lábios dela. Ele não sabia o que ela realmente queria.

Ela roçou os lábios nos dele de maneira quase imperceptível. Inclinou a cabeça para o lado e finalmente sorveu a boca de Castle com a sua. Uma das mãos puxou-o pela nuca e aproximou ainda mais seu corpo do dele. Kate intensificara o beijo provando mais uma vez aqueles lábios tão desejados. Ela queria fazer isso quando o encontrou naquele banco. Ele deixou a mão deslizar pela coxa dela subindo pela cintura e pressionando-a contra seu corpo. Aquele beijo não era igual aos demais, era sensual e carregado de sentimentos que ele não conseguia explicar. Não era urgente apesar de intenso. Era carinhoso, devotado.

Sentiu a pressão na sua nuca diminuir e seus lábios se distanciarem do dela. Kate abriu os olhos a sua frente e suspirou. O olhar apresentava a mesma névoa de outrora porém agora via-se lágrimas se formando.

- Obrigada, Rick... por tudo.

Ela se levantou do sofá e percebeu que ainda estava segurando a mão dele. Sorriu. Os dedos começaram a deslizar lentamente quebrando a conexão entre eles.

- Kate...

Ele queria saber o que fora aquilo, queria perguntar mas ela pediu para não fazer isso.

- Rick, eu preciso ir...

Ele se levantou e ficou de frente para ela. Tomou a mão dela mais uma vez. A intensidade do olhar dele fizera seu coração desacelerar.

- Não, Kate. Fique.

Ela estava ali parada de frente para ele. Ao ouvir aquelas palavras, fechou os olhos e engoliu em seco. Como explicar para ele que não podia? Como faze-lo entender e não odiá-la pelo gesto que faria em seguida? Mordendo os lábios, ela abriu os olhos. Tocou-lhe o rosto com ternura. As palavras deixaram sua boca com um tom rouco.

- Não, Rick...não ainda.

Ela acariciou o rosto dele com a ponta dos dedos e beijou-lhe carinhosamente a bochecha. Sussurou ao ouvido dele seu pedido mais sincero.

- Não me odeie, Rick....eu não suportaria.

- Mesmo que eu tentasse, eu não poderia te odiar, Kate. Nunca!

- Eu já vou.

- Tem certeza de que é isso que quer?

Ele a acompanhou até a porta.

- Por hora, sim.

- Estarei exatamente aqui. Se você mudar de idéia, sabe onde e como me encontrar, always.

Um pequeno sorriso formou-se nos lábios dela. Limpou a lágrima teimosa do canto do olho.

- Eu sei, Castle.


A porta se fechou e ele escorou o corpo nela. Como chegaram até ali? Tão perto mas ainda tão distante? Porém, nem tudo estava perdido. Não, ainda foram as palavras usadas por ela. Castle sabia o quanto aquele passo fora importante para Beckett. O quanto ela deveria estar relutando, avaliando, ponderando cada movimento para por fim fazer o que seu coração desejava. A rachadura do murro que ela construiu ao seu redor estava maior. Ela começava a se permitir mudar e isso era a única coisa que importava para ele.


XXXXXX


Kate estava deitada na cama em posição fetal. Mantinha a mão nos lábios. A lembrança invadia todos os seus sentidos, sua mente e seu coração. O dia fora repleto de emoções para ela. A conversa com o terapeuta, o assalto no banco, a possibilidade de perder seu parceiro, a explosão e agora esse jantar. Ela tomara a iniciativa e não se arrepedera. Ela queria isso apenas não estava pronta para o próximo passo. Kate precisava saber se tudo aquilo era real, se ela era importante para ele como imaginava que fosse. Aquele beijo respondera a suas perguntas. Ele respondera o que ela precisava ouvir.

Ainda envolta nas emoções, adormeceu.



Continua.........

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

[Castle Fic] Rise Again - Cap.5


Nota da Autora: Alguém me perguntou se o próximo capítulo teria cenas shippers...acho que sim mas não vão com muita sede ao pote ok? O cap ficou enorme :)


Cap. 5


Barnes & Noble


Às 7:30, Kate e Castle entravam pela porta da frente da livraria. Vários fotógrafos se acotovelavam a fim de conseguir a melhor foto. Beckett trajava um vestido verde até a altura do joelho expondo as pernas compridas. Ela estava temerosa em como sua presença nesse evento iria refletir na mídia e no seu distrito.

Castle dirigiu-se com ela para a mesa onde trabalharia. Conversou com sua editora deixando Beckett um pouco de lado. Sabia que ela tinha um certo receio com a sua ex-mulher. Depois de acertar como a noite funcionaria, ele voltou para perto dela.

- Já disse o quanto você está linda hoje? Deveria usar vestidos ou saias mais vezes.

- Castle, sou uma policial. Não posso ficar usando vestidos para trabalhar.

- Eu vou ter que autografar meus livros até a fila acabar mas imagino que seja no máximo uma hora. Tudo bem? Depois vamos ao coquetel. Circule pela livraria, dê uma olhada nos meus fãs e nos meus concorrentes.

- Tá Castle, estou numa livraria e acho que consigo me ocupar por uma hora. Você vai autografar qualquer livro seu?

- O foco é o quadrinho mas sim, posso assinar qualquer um porque?

- Curiosidade...

Ele se distanciou sorrindo. Kate observou ele sentar-se à mesa e começar a jogar charme para todas aquelas mulheres na fila. Tinha que ser assim, caso contrário não seria o Castle que ela conhecera. Vez por outra, ele a buscava na multidão e lhe provia um sorriso moleque como só ele sabia fazer. Ela suspirou e resolveu dar uma circulada deixando ele trabalhar.

Entrando na sessão de literatura de mistérios, ela viu cada uma das obras dele ali. Ela tinha toda a série de Derrick Storm, porém apenas quatro estavam autografadas. Da série nova inspirada nela tinha todas autografadas por ele mesmo em cada um dos lançamentos. Puxou um exemplar de Heat Wave e abriu na dedicatória onde ele a mencionava e depois seguiu direto para a página 105. Nos últimos meses ela relera esse capítulo várias vezes. Sabia os diálogos quase que decorados.

Sorriu para si mesma. Era uma boba. Aquele comportamento era digno de uma adolescente apaixonada e não de uma detetive séria como Kate Beckett era. Reparou numa moça de no máximo 20 anos que olhava atenta os livros de Castle. Ela puxou o Naked Heat e leu a orelha do livro.

- Gosta de Rick Castle?

- Muito! Tenho todos os livros de Derrick Storm. Vim pegar meu quadrinho. Soube que ele iniciou uma nova série agora, vi na internet e na tv. Sobre uma detetive da NYPD.

- Esse que você tem nas mãos não é o primeiro livro de Nikki Heat, tome é esse aqui.

Beckett pegou um exemplar de Heat Wave na prateleira e entregou a ela. A garota sorriu.

- Sou Alicia. Você é fã também?

- Kate. Sim, sou.

A garota olhou para ela intrigada. Leu a dedicatória. KB.

- Espera, você me parece familiar. Sim! É você mesma, Nikki Heat. Wow.

Beckett sorriu pela surpresa da garota.

- Você é mesmo uma sortuda! Diz aí, como é trabalhar com ele? Deve ser o máximo e sem contar que ele é lindo.

- É trabalhar com Castle tem suas vantagens e temos nossos momentos. Nem tudo são flores, pode apostar.

- E você já dormiu com ele não, ele é bom amante?

Beckett arregalou os olhos.

- Não! Castle e eu somos apenas colegas de trabalho. Não tenho nada com ele.

- Como não? Você é a musa dele e não acho que você seja uma mulher burra então se o que diz é verdade, o que você está esperando? Um homem daqueles não é de se esnobar. E fique tranquila, ele não faz meu tipo.

Beckett resolveu não comentar. Via Alicia pegar os três volumes de Nikki Heat e rindo, pode perceber que ela estava meio envergonhada.

- Você vai me achar doida. Primeiro, mando você se jogar nos braços do meu escritor favorito e depois vou te pedir uma coisa.

- O que?

- Pode assinar o Heat Wave na página da dedicatória para mim? Você é a responsável por essas páginas e foi um prazer conhece-la. As fotos não fazem justiça, você é mais linda pessoalmente.

- Kate?

- Hey, Castle...

- Estava procurando por você.

Alicia tinha entregue o livro a Beckett e estava ao lado dela sussurrou.

- OMG! É ele mesmo...

Kate riu.

- Me empresta sua caneta Castle? Tenho que dar um autógrafo.

Ele estendeu a caneta que ela pegou e assinou desenhando uma smiley face ao final.

- Sua vez, Castle. Alicia quer o seu também.

- Ainda bem que você se escondeu por aqui se não era capaz de ficar escrevendo seu nome até mais que eu. Aqui está Alicia. Agora se me permite dizer, concordo. As fotos estão bem distantes de quem é a verdadeira Nikki Heat.

- Obrigada, Mr. Castle. Tchau Kate. Vocês formam um casal e tanto.

Deu um sorriso significativo para ela e saiu.

Ele olhou para a prateleira à sua frente e teve que implicar com ela.

- Muito conveniente você estar justamente na sessão dos meus livros, por acaso está engajada em me conseguir novos fãs, Beckett? Ou esta me ajudando a enriquecer ainda mais?

- Para seu governo, Alicia já era sua fã, ela queria conhecer a série de Nikki Heat.

- Sei, e você estava mostrando suas partes favoritas do meu livro a ela?

Antes que Beckett pudesse livrar-se da cópia que tinha em mãos, ele pegou o livro e reparou na página que ela lia. Sorrindo satisfeito e convencido, provocou.

- Já desconfiava que essa era sua passagem preferida.

- Não vou me dar ao trabalho de responder porque seu ego já está muito elevado hoje. Já que estamos aqui, você podia trabalhar um pouco não?

Ela pegou um livro dele da prateleira e entregou nas mãos dele.

- A Calm before the storm? Você tem esse livro que eu sei...

- Não autografado, portanto... esse afinal é o objetivo dessa noite não?

- Claro! Venha comigo, Kate. Vou assinar seu livro e podemos ficar mais à vontade e beber alguma coisa.

Ele voltou ao lugar que estava anteriormente e assinou o livro para ela e foi atrás das bebidas. Beckett sorriu ao ler.

“ Para a sucessora e fã de Storm, Kate Beckett com admiração e amor de seu escritor, Rick Castle ”

Ele voltou e entregou a ela uma taça de espumante. Pos a mão na parte baixa de suas costas e a conduziu para o salão reservado da livraria onde estava sendo realizado o coquetel. Entre os convidados, todos os amigos escritores. Patterson, Connelly que sorriam ao ve-la.

- Olá, Detetive Beckett! Estamos sentindo sua falta na mesa de poker. Queremos saber quando teremos o prazer de ver você deixar o nosso Rick aqui mais pobre.

- Não deve faltar oportunidade.

- Que tal uma partida daqui a duas semanas ? No clima de halloween?

- Veremos.

Gina se juntou a eles apenas para alfinetar.

- Detetive Beckett! Não sabia que você estava por aqui. Vejo que você já está bem enturmada com os amigos de Castle.

- Ela é nossa parceira de poker. Todos contra Castle. – disse Connelly sorrindo.

- Entendo. Se vocês quiserem jantar, está servido.

- É impressão minha ou ela não parecia nem um pouco satisfeita com a sua presença Detetive?

- Meu caro Michael, não vamos entrar nesse assunto. Vamos comer alguma coisa, Kate?

Ele já saiu puxando ela rumo à mesa. Serviram-se e escolheram um lugar tranquilo em que pudessem conversar. Pediu ao garçon bebida para ambos.

- Desculpe não te dar atenção antes, ossos do ofício.

- Eu me mantive bem ocupada, Castle. Tinha bastante gente por aqui não?

- Kate, não disfarce, você sabe que sou famoso. Você é uma fã e por isso sabe o quanto devotados são essas pessoas. E não me venha com aquela história de ser fã do gênero que isso não vai funcionar comigo.

Ela abriu a boca para contestar mas desistiu.

- Admita, você é uma fã daquelas que compram o próximo lançamento ainda em pré-venda. E pra quem não ia ler Deadly Storm você estava bem interessada na história.

- Eu não estava...

- Eu vi, detetive. Lembre-se que também sei conduzir uma investigação.

- Ok, eu li. Satisfeito? E eu também gosto dos seus livros. Pronto, falei.

- Viu como é fácil admitir?

Eles continuavam conversando até a livraria fechar. Quando deixaram o lugar Castle disse que a levaria para casa e seguiram de limusine até a casa dela cortesia da editora dele. Assim que o carro estacionou, ele saiu junto com ela.

- Tenho algo para você. Sua coleção não pode ficar desfalcada.

Ele entregou a ela um exemplar de Deadly Storm. Beckett abriu e viu que ele assinara para ela.


“Para minha fã #1 Kate Beckett que me fez também seu fã, minha inspiração e meu eterno mistério capaz de me fazer revelar os meus maiores segredos de escritor. Com amor, Castle.”

PS.: Suas dúvidas estão explicadas nas páginas desse livro.


- Minhas dúvidas? Como assim Castle?

- Suas anotações de Deadly Storm. Eu as vi naquele dia e bem decidi responde-las.

- Você roubou meu caderno?

- Nah, você sabe que está com o seu caderno. Tirei uma foto.

- Castle! Você não tinha o direito de mexer nas minhas coisas!

- Por favor, não me bata, não brigue comigo... fiz isso porque tinha que me redimir com você, quero que me perdoe...

Ela não estava acreditando no que ele acabara de dizer. Realmente não dava para deixá-lo sozinho um minuto. Mas ela não estava com raiva e não iria brigar com ele. Adorara a dedicatória e sabia exatamente o que ele queria dizer quanto a se redimir. O último caso. Ela se aproximou perigosamente dele e sussurrou ao seu ouvido.

- Eu adorei Castle.

Ela deixou a mão deslizar pelo peito dele e beijou-o carinhosamente na bochecha. Sorrindo se despediu.

- Te vejo amanhã...

- Kate...

- Boa noite, Castle.

Ela entrou no prédio deixando-o com cara de bobo na calçada. Beckett não foi trocar de roupa. A primeira coisa que fez ao chegar em casa foi tirar os sapatos e jogar-se na cama para ler o livro de Castle. A cada virar de páginas, ela encontrara anotações de Castle respondendo as suas perguntas. Ao final do livro, ela encontrou um envelope pregado com um adesivo destinado a ela. Abriu e tirou um bilhete de lá.


“Kate Beckett,

Quando disse que você é um mistério não estava errado. Todo escritor precisa de musa, inspiração e boas críticas para saber que seu trabalho não está sendo em vão. Dessa forma, você pode imaginar como me senti quando me deparei com as suas palavras de elogio à minha pessoa. Saber o que você pensa de mim vou cotá-las “Como Castle consegue? Ele realmente é o melhor do gênero, gosto da forma de escrita descritiva sem ser enfadonha e dono de um jogo interessante de palavras que te prende a cada página, se ele sonha que não consigo largar seus livros até chegar à última página...”.

Essa foi a melhor crítica que já recebi na vida simplismente porque veio de você, Kate. Não consigo achar outra palavra para descreve-la que não seja a mesma já repetida por esse dono das palavras que nesse momento se vê totalmente sem elas – Extraordinária, always Kate.

Seu eterno fã e sim, sonho. Um dia.


Love, Castle.


O coração disparado. O sorriso nos lábios. Através daquelas palavras, ela sabia que ele se declarava. Ele a amava mas infelizmente por causa de uma mentira que ela pregara para se proteger e se permitir um tempo, não podia dizer a ela.


XXXXXXX


Já se passavam dois dias de quando Castle a levou para a noite de autógrafos. À noite, em sua casa, ele degustava um copo de whisky calmamente e pensava nela. Teria ele sido muito direto? Forçado demais? Estaria Beckett sentindo-se sufocada? Não, ele acreditava certamente que não.


Então porque ela não comentara nada?

Ele conhecia bem a personalidade de Kate Beckett. Sabia que por baixo daquela mulher forte, racional e determinada escondia-se alguém frágil, com desejos e vontades como qualquer outra mulher, ela queria uma pessoa ao seu lado, alguém que a compreendesse. Ele já atingira várias camadas dela porém, existia aquela quase intransponível : a que foi construida com a morte da mãe – a do medo de se entregar de cabeça naquilo que ela acredita.

Castle bebericou mais um pouco e o copo secou.

Ele tinha um objetivo. Sabia que era uma tarefa difícil, pequenas doses quase a conta gotas. Aos poucos, ele a faria enxergar o quanto ela podia entrar de cabeça e viver um grande amor.

Sua filha entrava pela porta sorridente. Ao ver a luz do escritório acesa, foi até lá. Imaginava que o pai estivesse escrevendo. Ao vê-lo com o copo de whisky na mão e os olhos perdidos deduziu que a noite não fora dedicada à escrita, aquele olhar ela conhecia bem, ele estava pensando nela.

Alexis não era boba. Sabia o quanto o pai se apaixonara pela detetive. Afinal, Kate Beckett era uma mulher muito bonita, inteligente e devotada àquilo que acreditava. Isso fisgara o coração do seu pai. Ela aprovava o relacionamento, o único problema era que Beckett não parecia estar pronta.

- Pai...

- Oi, Alexis.

- O que você está fazendo?

- Nada de mais, já ia dormir.

- Está pensando nela, não? Na Detetive Beckett?

Ele apenas sorriu. A menina se aproximou dele e o abraçou por trás envolvendo os braços no pescoço dele. beijou-lhe o rosto e Castle acariciou as mãos dela.

- Pai, acho que é uma questão de tempo. Você já disse a ela o que sente?

- De certa forma mas não foi no melhor momento.

- E porque não diz de novo? O que o impede?

- Ah, queria que fosse tão simples. É complicado.

- Não, é bem simples. Só precisa de uma atmosfera especial.

- Filha, tem algumas questões pendentes por resolver.

- O caso da mãe dela... ajude-a a superar isso. Você consegue.

- Vou tentar mas devagar.

- Vou me deitar, você vem?

- Daqui a pouco.

- Boa noite, pai.

- Boa noite, Alexis.


Apartamento de Beckett


Ela estava sentada na cama, a história em quadrinhos aberta sobre o seu colo na página da dedicatória. Kate já lera o livro e o bilhete pelo menos três vezes. Observava cada detalhe da escrita e da história. Castle realmente era um gênio e ela tornara-se ainda mais fã dele ao ler suas anotações. Tomou mais um gole do vinho.

As pontas dos dedos passeavam sobre o papel do livro. Um pequeno sorriso se formou nos lábios. Ela lembrou-se da noite agradável, da sensação de beijá-lo na bochecha e da vontade de provar novamente aqueles lábios. Lembrou que não voltara ao terapeuta. Precisava voltar, ele exigiria uma resposta dela sobre a última sessão. Como foi mesmo que ele falou? Ah, do que eu tenho medo de que ele não espere ou de que espere...

Ela passou as mãos nos cabelos. Como responder essa pergunta?

Ela tinha medo de se envolver isso já admitira até para ele. Castle pareceu compreender e disposto a esperar que ela conseguisse deixar para trás o caso de sua mãe. Mas por quanto tempo? Ele é um homem bonito, charmoso, rico e famoso, por quanto tempo ele estaria disposto a esperar por ela? Uma parte dela queria vencer esse medo e partir para a ação, queria saber como seria ter um relacionamento com ele. Outra parte era mais cautelosa, se ela cumprisse o que dissera e continuasse sozinha até desvendar o assassinato da sua mãe, estaria perdendo sua chance? Castle estaria ainda a seu lado quando ela finalmente fechasse o caso?

Ela suspirou e decidiu que ainda não estava pronta para enfrentar o terapeuta.



XXXXXXX


Duas semanas se passaram sem maiores novidades na vida de Beckett exceto que ela evitava o terapeuta desde a última vez que conversaram pelo fato de que não conseguira vencer a batalha interna entre sua mente e seu coração.

A cidade de Nova York estava toda enfeitada para o halloween. Preto, roxo e laranja eram as cores da estação. Esse era o mês preferido de Beckett, outono sua estação preferida. A manhã no distrito começara devagar mas então...

- Hey, Beckett... qual a sua fantasia para o halloween?

- Nenhuma Castle. Não vou comemorar a data.

- Ah, vai sim porque você vai jogar poker comigo e os outros escritores esqueceu?

- Poker?

- É, você esqueceu do convite que Connelly fez na noite de autógrafos?

- Não esqueci mas o que tem a ver minha fantasia de halloween com o poker?

- Vamos jogar no dia 31, caracterizados.

Beckett revirou os olhos.

- Você acabou de inventar isso não?

Ele sorriu.

- Prepare-se detetive porque faltam quatro dias apenas.

Beckett apenas balançou a cabeça.

Castle assistia um filme com Alexis à noite quando seu celular tocou. Alguém fora assassinado.


Quando chegou ao local, ele trocou algumas idéias sobre a filha com Beckett. Sempre gostava de ouvir uma opinião feminina sobre o comportamento da menina. Dando atenção a vítima, Castle descobriu que era Jack Sinclair um apresentador de um programa que buscava fantasmas e situações paranormais. Não foi novidade ao ver que ele era fã do show que ela considerava ridículo. Como sempre, eles discutiriam muito sobre quem estaria certo: o crente contra a cética.
Beckett vasculhou todas as possibilidades racionais e as esgotou por um momento. Havia coisas difíceis de explicar mas ela não se daria por vencida.

Então se Barry não é o cara, é hora de revermos a possibilidade de ser...

- Se disser "fantasma", vou te mandar para casa.

- Aparição americana.

Ela teve que rir. Essa resposta só podia vir do Castle.

Descobriu outra maneira de explicar o padrão do sangue?

- Não descobri, mas vou.

- Jack Sinclair estava muito nervoso quando chegou de taxi esta noite, descobriremos onde pegou o taxi e o que estava fazendo lá.

- Entendido.

- Você verá, Castle, será como qualquer investigação quando soubermos mais da vida e detalhes da morte da vítima, tudo será explicado.

- Talvez não tudo. Estava revisando as filmagens da casa desta noite, procurando sinal de mais alguém, uma sombra, reflexo, algo, ao invés, encontrei... eles seguiram Ryan até a sala para verificar o video.

- Melhor verem com seus próprios olhos. Eu desacelerei o vídeo, olhem o tripé no fundo. Ali, viram?

- Eu...tenho certeza que há uma explicação para isso.

- Há... Eles estão aqui.

Na manhã seguinte, Beckett se espantou em ver Castle tão cedo no distrito tomando conta do quadro de investigação com anotações e fotos. Ela brincou com ele pela empolgação e ele tomou a brincadeira como atenção e começou a descrever sua teoria maluca. Beckett percebeu que precisaria de muito café para agüentar as viagens de paranormalidade de Castle, ele indicou que havia algum na mesa mas aparentemente ele tomara os dois.

- Esses assassinatos, o assassino alega que havia...Preparados? Um demônio foi responsável.

- Um demônio? Sério?

- Não estou inventando. Está registrado.

- Ótimo. Um demônio matou Jack Sinclair.

- E qual é o próximo passo?

- Vamos vigiar a casa, esperar o demônio aparecer e pegá-lo com a arma de próton?

- Isso não é verdade, sabe? Que caça-fantasmas de verdade as usem.

- Caça-fantasmas de verdade? Isso não é uma contradição, cara?

Como sempre, ela não comprara a teoria dele e pediu ajuda a Esposito.

- Certo. Alguém tem algo pertinente ao caso?

-Eu tenho.

-Certo.

Espósito explicou o que encontrara mas Ryan trouxe a idéia do mistério novamente para o centro da investigação afirmando que Jack morou próximo aquela casa e que morria de medo de passar por lá.

-Por quê?

-Não sei, mas acho que está na hora de descobrir.

-Fique à vontade, Castle.

-Você não vem?

- Não, tenho um assassinato para solucionar.

- Eu vou. Ryan falou.

Beckett olhou para eles com aquele seu olhar fuzilante, matador.

- Que olhar.

-É.

- Recebo muito isso.

- Vai andando.

-Vamos.

-Rápido.

Apesar de ter prometido a ela que prepararia um novo café, a empolgação não deixou Castle pensar nisso e agora Beckett estava apanhando da máquina de expresso. Ela nunca sabia como operar aquilo direito e droga! Ela precisava de café! Nisso, ela dependia totalmente de Castle.

- Vi Ryan lá embaixo. Não acredito que o deixou ir com Castle.

- É. Talvez Salsicha não deixe Scooby se encrencar. Além disso, nunca se sabe. Talvez apareçam com algo útil.

Ela estava estressada e não conseguiu preparar o café.

Depois de interrogatórios e becos sem saída parece mesmo que as opções de Beckett estavam se esgotando mas ela não daria o braço a torcer. Castle e Ryan voltaram com uma nova suspeita Mercy Lagrange. Ela achou por bem investigar. Durante a conversa, Castle parecia cada vez mais envolvido enquanto Beckett estava incomodada com a situação. Para ela era abobrinha demais até que Mercy revelou algo interessante.

- Quando aceitou o serviço, começaram os sonhos. No início, eram só flashes, a silhueta de uma sala. Mas os sonhos se tornaram pesadelos. Imagens, corpos...

-Corpos de quem?

-Ele não sabia. Quanto mais conversávamos, ficava claro não serem sonhos.

-E o que eram?

-Recordações. Ele havia testemunhado algo mal. E estava reprimindo por todos esses anos. Mas as recordações eram fortes. Estavam retornando.

- E do que, exatamente, ele se lembrava?

- De uma mulher, muito sangue e um homem com uma faca.

- Quem era o homem?

- Disse que a face estava borrada, mas estava ficando clara. Eu disse a ele que se retornasse à sala onde aconteceu, talvez se lembrasse de tudo.

- "Mercy, posso vê-lo." Era o rosto do assassino.

- Jack se lembrou de tudo logo antes de ser morto.

- O último assassinato naquela casa ocorreu há 20 anos. Li o caso. Não houve testemunhas.

- Houve uma. Jack Sinclair estava lá. Na noite que aquela mulher morreu. Ele estava lá.

Agora Beckett ficara pensativa. Discutiram o caso de 20 anos atrás consultaram o investigador oficial da época e tiveram um nome Matt Benton. Eles foram interroga-lo. Nada muito concreto mas isso deu uma nova linha de investigação para ela. Fazendo sua própria investigação, Castle chegou a uma idéia de como os assassinatos poderiam ocorrer. Bateu na porta de Beckett.

- Duas palavras: laird's lug.

- Laird's lug?

- Significa "ouvidos do senhor". Se refere a uma câmara secreta sobre a sala de jantar de muitos castelos escoceses. O anfitrião a usava para ouvir os convidados.

- Ou bebi muito vinho ou não o bastante.

- Seamus McClaren, construtor da casa McClaren, cresceu próximo ao Castelo de Edimburgo, famoso por seus laird's lug. Ele gostou tanto do conceito que pôs versões modernas em muitas casas.

- Está dizendo que a casa McClaren possui uma câmara secreta?

- Explicaria tudo. Como as mortes são só naquele cômodo? Como o assassino aparece e desaparece quando quer? Respostas para isso, até agora, eram indefinidas. Falando nisso, como foi no hotel?

- Não deu em nada.

- Não há evidência alguma de que Matt Benton tenho estado no Fairwyck.

- Talvez a prova de seu retorno estará na câmara.

- Vale a pena dar uma olhada.

- Iremos logo cedo, vamos ver o que aparece.

- Quer ir agora?

-A não ser... que esteja com medo.

Beckett faz cara de desdém.

-Até parece.

- Eu entendo. É uma casa assombrada.

-Não estou com medo, Castle.

-Não, não, você tem razão. O demônio provou sangue fresco. A sede pode não ter se saciado só com uma vítima.

Kate dá o braço a torcer.

- Tudo bem, vamos lá.

- Se não está com medo, diga.

- Não.

- Você sabe que quer.

- Não quero dizer, Castle.

- Por mim. Por favor.

Porque ela sempre fazia as coisas para agradá-lo? Ela soltou um risinho.

- Não tenho medo de fantasmas.

- Obrigado.

E lá foram eles para a mansão. Beckett já checara boa parte da sala e nada de estranho aparecera. Ela já estava desistindo.

- Por que quer tanto achar algo sobrenatural nisso?

- Por que quer tanto não achar?

- Só estou seguindo as provas para onde quer que me levem. E, como policial, buscarei todas as explicações mundanas possíveis.

- E se não houver nenhuma?

- Então estou aberta às alternativas.

Ele gargalhou com a frase de Beckett.

- Você? Senhora Cética?

- Só porque não fico falando disso, não significa que não acredite em outro plano.

E ela decidira simplesmente brincar com ele.

- Até já tive minhas experiências.

- Não brinca! Como o quê?

- Quando era pequena, meus pais alugaram uma cabana, quando precisei ir ao banheiro...Quer saber? Vai achar que sou louca.

- Não, não. Continue, me conte.

Ele já estava tenso e ela já sabia que ele estava comprando a história.

- Então... indo para lá, escutei uma...voz sussurrando "Kate... Kate..." Estava vindo de um quarto que o dono havia trancado e dito a meus pais para nunca irem lá. Naquela noite havia um brilho estranho por baixo da porta. E ouvi a voz de novo "Kate..." Então fui até a porta... e ela não estava trancada. Girei a maçaneta, abri a porta e então eu vi...

Ela empregava dramaticidade. Castle já estava envolvido.

- O quê? O que você viu?

Ela sorriu.

- Há,há. Muito engraçado. Me pegou.

Kate gargalhava.

- Há quanto tempo me conhece, Castle? Claro que não acredito em fantasmas.

Então a porta se fecha e a energia se vai. Castle lembra que fora a mesma sequencia de eventos da morte do Jack. A lanterna de Kate não funcionou mas ela vira fósforos e acabou achando e acendendo a vela que se apagara quase no mesmo instante.

- Castle...

- Não fui eu.

- Tudo bem. Talvez haja uma corrente de ar.

Ela andou pelo local até sentir de onde vinha a suposta corrente. Então, a coisa mais estranha acontecera quando ela pediu a Castle para levantar-la.

-Me dê um impulso.

-Tudo bem. Pronta?

-Sim.

Ele oferece as mãos para impulsioná-la. Beckett faz pressão no corpo dele colocando os joelhos nos ombros de Castle. Ela tentava se equilibrar nos ombros dele.

- Meu Deus, Castle.

- Isso é fácil.

- Castle, por favor. Apenas segure firme.

- Nossa... É o barulho na gravação logo antes de Jack Sinclair ser morto.

- Certo. Vou subir. Pronto? Agarre minhas pernas.

O que aconteceu no segundo seguinte fez Beckett arregalar os olhos e gemer.

- Castle, eu falei "pernas". Certo?

- Pernas! Sinto muito.

Eles entraram na suposta câmara e a cada minuto parecia que a solução era mundana. Descobriram um gerador de campo magnético que poderia explicar as luzes piscando e o tripé andando sozinho. Eles suspeitam que talvez Matt Benton nunca tenha deixado a casa. E estavam certos pois encontram o corpo dele. Pesquisando e trocando alguma idéia, Beckett lembrou-se do irmão. Pete Benton. Mas ele tinha álibi. Uma observação de Esposito levou-os ao assassino. Fuller. Eles decidem ficar de tocaia na frente da casa. Quando pensavam ter pego o assassino foram surpreendidos pelo Detetive Smith.



Mais um caso terminara, Beckett estava cuidando da papelada quando Castle franzindo o cenho encostou-se na mesa dela.

- O que você está fazendo ainda aqui Detetive? Esqueceu do seu compromisso?

- Não, Castle. Ou você não reparou o amontoado de papel na minha mesa?

- Não estou falando disso. Noite de poker! Os rapazes estão ansiosos.

- Castle eu não sei se é uma boa idéia, não vou me fantasiar.

Ele pega o telefone e liga para o Patterson. Fala alguma coisa para ele e dá o celular para Beckett.

- Ele quer falar com você...

Ela o fuzila com o olhar mas pega o telefone. Depois de alguns minutos, ela devolve o aparelho para ele.

- É bom você ter muito álcool e dinheiro porque vou limpar você!

- Ui! Mal posso esperar. Esteja na minha casa as 8h. Estou ansioso para jogar com você Beckett.

- Ah, e seus amigos não estarão fantasiados. Só estou avisando para você não pagar mico.


Apartamento de Castle
8:15 pm


Ao abrir a porta, Castle se deparou com Beckett com as mãos na cintura.

- Boa noite, Detetive Beckett.

- Boa noite, Castle.

Ela vestia uma roupa casual. Calça jeans, uma blusa de manga ¾ de malha colada que realçava os seios e uma jaqueta de couro preta. Para completar cabelos soltos e botas de salto agulha.

- Me acompanhe, todos já chegaram.

Ela entrou na sala de estar onde uma mesa de poker estava montada e ao redor dela os amigos de Castle já se preparavam para começar a rodada da noite. Foi Michael Connelly quem primeiro a cumprimentou.

- Ah, Detetive Beckett! Seja bem-vinda! Até que enfim alguém para fazer a felicidade da mesa e raspar os dólares do Castle. Como você está se sentindo hoje? Com sorte?

Ela sorriu e cumprimentou a todos. Sentou-se ao lado de Connelly e respondeu.

- Sim, acho que hoje vou ganhar alguns dolares.

- Não seja modesta detetive, pense em milhares de dólares. ‘

- Se contar todos vocês deve ser isso mesmo. E por favor, me chame de Kate. Hey, Castle! Cadê minha bebida?

- Deal...

Castle sentou-se à mesa sorrindo e entregando a ela um copo de vodka com gelo.

Eles começaram a jogar. Realmente, a maré de sorte estava com Kate. Ela ganhou a primeira mão de Connelly e Castle já ficou satisfeito por ver que ela não tinha um alvo. Acontece que Beckett tinha montado sua propria estratégia. Ela só competiria com Castle caso pudesse pagar a aposta a fim de ver as cartas dele para evitar o que acontecera das vezes anteriores onde ambos deixaram o outro ganhar. Algumas mãos boas, outras ruins e o saldo para Beckett era positivo. Ela perdera para os outros mas ganhara três mãos contra Castle.

Estavam numa nova rodada e sua mão era muito boa. Kate apostou alto pois tinha um par de ases na mão. A mesa oferecera a ela mais um ás no turn. Trinca de ás. As duas cartas restantes eram um três e um quatro. Aumentou as apostas.

- É, ela está animada. Saio.

Primeiro Michael, depois James deixando apenas Castle para apostar. Ele estava disposto a desistir da mão afinal o que faria com um 2 e um 3? Mas a mesa lhe trouxera uma boa oportunidade de fazer um flash. Iria continuar. Beckett devia ter uma boa mão para aumentar.

- Eu pago quero ver a última carta.

- Estou sentindo que você vai perder mais uma para Kate.

O River foi virado e francamente não ajudou a Kate que continuava confiante. Um cinco. Era última rodada de apostas. Kate não tinha muito o que pensar mas a primeira aposta era de Castle. Ele checava as cartas e a mesa, pensativo. Ia jogar com ela.

- Parece que nosso amigo está meio receoso de apostar, será que você vai levar mais essa? Acho que o Castle precisa de uma motivação, se ele perder será a quarta vez só para você. Se isso fosse strip poker eles estaria de cuecas.

- Se isso fosse strip poker, Beckett estaria em maus lençóis.

- Duvido! – o olhar de Kate o desafiara – vamos Castle pode ser a sua chance da noite.

- Ok, eu aumento.

Ela sorriu. Dane-se a estratégia!

- Você é muito conservador Castle. All in!

Sorrindo, cruzou os braços provocando-o com o olhar.

- Ah, você quer guerra Beckett? – Castle contou suas fichas e acabou por descobrir que realmente não estava com sorte – droga! Não tenho fichas suficientes para cobrir a aposta.

- Vai desistir Castle?

- Não! Posso oferecer meu relógio?

- Não... quero algo mais desafiador Castle...

- Ok, se eu ganhar quero um beijo seu na boca.

Ela gargalhou.

- Ok, e se eu ganhar?

- Escolha.

- Ficara um caso afastado do distrito.

- Ah isso não é justo! Estou pedindo algo bom...

- É pegar ou largar, Castle.

- Ok, ok. Mostre o que você tem, Kate.

- Trinca de ases.

- Damn it! Isso é uma ótima mão!

- É Castle, parece que vou ficar sem meu parceiro no próximo caso...

- Sim, sua mão é ótima exceto que a minha é melhor: Straight .

- O que?!

- Ganhei, Beckett e devo acrescentar que na mão mais importante.

Ela olhava para as cartas na mesa e de volta para Castle. Era real e ela sabia o que viria em seguida. Ela teria que beijá-lo na frente de todos porque no fundo, Castle era um exibicionista.

- Então, Kate? Vai pagar a aposta?

- Sou uma pessoa de palavra.

- Olha, eu e o Michael podemos sair. Pra vocês ficarem mais à vontade.

- Não precisa.

Beckett puxou Castle pela camisa e tascou um beijo nos lábios dele. Deslizou a língua para dentro da boca e intensificou o beijo. Uma das mãos puxava-o pela nuca. Fora questão de segundos mas todo o sentimento reprimido por Kate desaguou naquele beijo. E da mesma forma urgente e rápida que começara, acabou. Castle estava meio sem fôlego e Beckett sem baton e vermelha. Respirava fundo surpresa pelo efeito que isso provocara nela.

- OK, está pago.

- E muito bem pago não? Você deixou o tagarela sem palavras, Kate.

- Eu? Sem palavras? Há!

Mas Castle ainda estava zonzo pela forma como esse beijo aconteceu. Tão urgente como o primeiro porém bem mais intimo, ele sentiu algo a mais no toque dos lábios dela.

- Que tal mais um drink?

- É preciso de uma dose de vodka.

Michael se ofereceu para preparar a bebida e Castle foi ver o jantar. O jogo acabara por hoje. Sentaram-se a mesa de jantar e conversavam animadamente. De vez em quando, ela olhava para ele apenas para surpreender-se com ele olhando para ela. Disfarçavam mutuamente.

Apesar de inesperado, Beckett acabou gostando da idéia de Castle. A noite foi muito boa e bem diferente do que ela imaginara que seria. Após o café e um bom licor todos foram se despedindo.

- Kate, é um prazer ter você à nossa mesa. Tira o foco de Castle e ganhamos mais.

Ela riu.

- Na verdade essa noite foi bem mais lucrativa para você, imagino.

Ela não falou nada. Agora estava apenas ela com Castle e não iria mesmo se demorar. Ela ainda estava mexida com o beijo e não, ele não podia forçá-la.

- Eu vou nessa Castle. Te vejo amanhã?

- Tem certeza que quer ir embora Kate?

Ele pegou a mão dela e ela sentiu um arrepio na espinha.

- Eu adorei a noite, Kate. Muito mesmo.

- Até que foi divertido...

Ela se inclinou para beijá-lo na bochecha e ele desviou fazendo Kate acertar seus lábios. Ela o olhou constrangida.

- Desculpe, Castle eu...

- Não peça desculpas, Kate. Por favor, não peça.

- Castle, não diga mais nada ok? Não force as coisas.

Ela virou as costas para ele rumo à porta, Castle agarrou o braço dela e perguntou.

- Kate, me diga, estamos bem?

Ela virou o rosto para fitá-lo. Um pequeno sorriso no canto dos lábios.

- Sim, estamos bem. Boa noite, Rick.

E saiu pela porta.



Continua.....