sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

[Castle Fic] Rise Again - Cap.6


Nota da autora: Pensei que esse capítulo ia ser difícil de escrever. Não foi! Minha nova versão de Cops & Robbers! Peço a vcs que não venham com muita sede e espero que tenham paciência qto a Caskett, vai acontecer, acreditem! Diferente do que foi mostrado na telinha. Prometo! Palavra de escoteira...


Enjoy!




Cap. 6


Na manhã seguinte, ela estava no terapeuta. Como ela não conseguia sair da confusão da sua cabeça, ainda mais com os novos fatos era melhor mesmo discutir com ele. Beckett estava sentada na poltrona. As mãos inquietas no seu colo. O terapeuta olhou para ela sorrindo.

- Confesso que estou um tanto surpreso, Kate. Não esperava vê-la tão cedo para uma visita. Pelo que me recordo já faz quase um mês desde a última vez que você esteve aqui.

- Tenho andado muito ocupada. Não pude vir antes.

- Sei, e o que a traz aqui?

- Estou dando continuidade ao nosso trabalho.

- Kate, por mais disciplinada que você seja não está aqui às 7 e meia da manhã porque quer continuar o tratamento. Aconteceu alguma coisa?

- Talvez.

Ela não sabia por onde começar. O terapeuta já entendera que teria que forçar algumas coisas para que ela falasse o que queria. Decidiu por tocar no assunto da última sessão.

- Quando esteve aqui, lembro que fiz uma pergunta a você sobre Castle. Você pensou a respeito?

Ela suspirou e passou as mãos nos cabelos antes de responder.

- Sim, você perguntou do que eu tinha medo de que Castle me esperasse ou que ele não me esperasse. Eu pensei muito sobre isso e não obtive a resposta. É tão confuso. Algumas coisas aconteceram. Quando sai daqui eu estava muito irritada com toda aquela situação da tal Serena. Após resolver o caso, eu pensei que ele ia voltar com ela pro hotel e fazer sei lá o que. Ele não foi. Chamei-o para comermos, um lanche nada fora do comum. Então eu não sei o que deu em mim. Eu acabei dizendo a ele como me senti.

- E o que foi que você disse?

- Que levo meu trabalho à sério e que esperava que ele me respeitasse como parceira em vez de ficar babando por uma ladra qualquer. Ele percebeu que fiquei chateada. Pediu desculpas .

- Ele percebeu que errara, que a magoara. Viu um pouco do outro lado de Kate Beckett. Ciúmes. Aposto que ele fez mais que apenas pedir desculpas.

- É, ele me convidou para uma noite muito agradável. Não foi um encontro. Noite de autógrafos.

- E como você se sentiu com isso tudo, Kate? Feliz, tentada, culpada por estar aproveitando momentos descontraídos?

- Eu me senti bem.

- E isso ajudou a entender o que você realmente quer? Ajudou a responder a pergunta?

- Não! Isso me deixou mais confusa.

Ela mordia os lábios em frustração.

- Teve mais. Fomos jogar poker ontem. Ficamos sem fichas para a aposta e ele me desafiou. Ele apostou um beijo. Estava certa que ganharia mas perdi.

Ela olhou para o lado tentando esconder o risinho no canto dos lábios. Passou a lingua nos lábios como se pudesse sentir novamente o gosto dos lábios dele nos seus. O terapeuta chamou a atenção dela.

- Perdeu ou realmente ganhou?

- Eu não sei. Droga! Acho que ganhei. Eu senti falta daquele beijo. Eu provoquei isso.

- E qual o problema? Não seria isso sua resposta? Seus atos parecem falar por si só. Quem começou o beijo: você ou ele?

- Eu.

- Então você acaba de confirmar minha resposta. Está tudo à sua frente, Kate. As opções que você tem se apresentam claras e a seu alcance.

- Pra você é fácil só falar...

- Não, vamos avaliar. Primeira opção: você continua a sua carreira como detetive da NYPD prendendo criminosos e servindo de inspiração para Castle. Nesse meio tempo você pode até quem sabe, desvendar o caso da sua mãe.

Kate permanecia calada. Séria e focada. Ele continuou.

- Ok, opção 2: você faz o que seu coração pede. Procura Castle, explica como você se sente, abre seu coração e decide pelo que deseja. Um romance. Um momento de felicidade e calmaria e continua o seu trabalho mas agora Castle não será apenas seu parceiro de trabalho, será seu parceiro da vida. Aqui você se dá a chance de ser feliz.

- E temos ainda a opção 3: você continua nesse emaranhado de emoções contraditórias, adiando sua vida, se dando desculpas e entrando dia após dia aqui no meu consultório dizendo que não sabe o que fazer e que tudo é complicado.

Ela olhava para ele de olhos arregalados. As palavras dele foram um soco no estômago. Ela sentiu-se enjoada. Ele sabia que fora duro com ela mas já conhecia o perfil de Kate Beckett o suficiente para saber que ela precisava ser provocada, desafiada.

- Então Kate, o que vai ser opção 1? 2 ou exatamente onde você se encontra hoje a opção 3?

Ela fechou os olhos. A raiva subia pelos poros. Lágrimas ardiam na vista pedindo passagem.

- Simples assim não? É só escolher um número e pronto! Tudo resolvido. Exceto que não é a sua vida que está sendo leiloada, seu futuro, sua história. Falar é fácil.

Ela se levantou do sofá e virou-se de costas olhando por uma janela tentando controlar as lágrimas.

- Sei que não é fácil. Mas a escolha é sua. Pra que brigar contra o óbvio? Você sabe o que quer Kate, só não tem coragem de dizer. Seja hoje ou daqui a um ano a resposta será a mesma, a opção será a mesma. É uma questão pessoal de vencer o medo que a impede de seguir adiante. O que você tem que decidir é um número sim, não da opção. Você só precisa decidir quando e torcer para que nesse dia ele ainda esteja esperando por você.

- Você acha que ele vai estar? Castle estará ao meu lado quando eu finalmente descobrir quem é o assassino da minha mãe? Se é que irei descobrir...

- Você quer que ele esteja?

Ela mordiscou o lábio e uma lágrima escapou solitária pelo rosto.

- Sim, quero.

- Porque Kate? Porque você acha que pode usar seus conhecimentos, sua perspicácia? Será mais fácil chegar ao fim com ele? Quer usa-lo, Kate?

- Não!

- Não? E qual seria a razão? Se pergunte: Porque Kate?

- Porque.... droga! Porque eu o amo.

- Então ele estará. Basta dizer a ele.

Ela tornou a sentar-se no sofá. Limpou o rosto e abriu um pequeno sorriso.

- Você fez isso de propósito. Queria que eu confessasse.

Ele sorriu.

- Você não disse nada do que não quisesse.

- Odeio esses truques baratos da psicologia!

- Não é muito diferente do que você faz no seu dia-a-dia....

Ela sorriu novamente.

- Esse é o seu grande dilema não? Achar o assassino da sua mãe. Sei que isso reflete em quem você é, sua profissão, sua família. Curioso é ver o quanto você está disposta a perder por isso. Porque não é melhor deixar isso pra trás? Manter apenas as lembranças boas com você e se permitir novas lembranças?

Ela ficou calada. O terapeuta notou porém que a tensão no seu rosto diminuira. Estava mais calma.

- Vamos para por aqui. Acredito que você tem muito o que pensar sobre a sessão de hoje e talvez até tomar algumas decisões. No nosso próximo encontro falaremos sobre o caso da sua mãe.
Beckett se levantou e rumou para a porta. Virou-se e ao fitá-lo falou.

- Obrigada.

Em quinze minutos ela estava no distrito, louca por um café. 9:30 e nada de Castle. Ela sentou-se pacientemente para rever a papelada do caso anterior. A conversa que ela tanto temia com o terapeuta fora muito boa. Ela sentia-se mais calma ainda não tomara nenhum decisão porque precisaria de tempo para digerir o que fora dito hoje. Por hora, ela iria esquecer. Se tinha algo que Kate Beckett sabia fazer muito bem era colocar todos os seus sentimentos em uma caixinha escondida no fundo do subconsciente para assim focar no que era preciso naquele momento. Tinha que trabalhar.

Ela avaliava as primeiras páginas do seu relatório quando o celular tocou. Claro que era ele. Soando casual, perguntou.

- O que quer, Castle?

- Diga que precisa de mim.

- O quê?

A frase teve outra conotação para a mente de Beckett e a assustou.

-Estou preso em um banco,ajudando minha mãe a conseguir um empréstimo do meu gerente. Diga que há um caso que poderíamos estar resolvendo.

- Desculpe, não há cadáver, só papelada esperando você vir e fazer sua parte uma vez.

- Pergunto se é pior estar aqui ou aí fazendo a papelada.

- Como podemos ser parceiros quando estou atrás dos bandidos e, assim que aparece a papelada, fico sozinha?

Castle observa um movimento suspeito.

- O quê?

- Acho que este banco está prestes a ser assaltado.

- Sério? Está tão entediado assim?

- Tem um homem e uma mulher usando máscaras cirúrgicas e ambos têm suspeitas protuberâncias em suas jaquetas.

- Castle, acho que sua imaginação de escritor está fluindo.

De repente a porta é fechada e um grito de comando ecoa no saguão do banco.

- Todo mundo no chão!

- Não é a minha imaginação. Definitivamente, não é a minha imaginação.

- Vai, vai, vai.

- Meu Deus.

- Castle, o que está acontecendo?

- Meu Deus.

- No chão. Abaixem-se. Vai.

- Onde você está? A preocupaçào já era visível no rosto dela.

- No Banco e Financeira New Amsterdam na Lex.

- Esposito, há um 10-30, Banco e Financeira New Amsterdam na Lex. Chame a central.

-10-30? Desde quando cuidamos de assalto a banco?

- Castle está lá.

- Joguem seus celulares. Agora.

Castle continuou a relatar o que acontecia no banco a ela. Detalhes. Esposito confirmou as viaturas a caminho do local. Beckett suspirou e procurou se manter focada.

- Castle, preciso que ouça atentamente.

- Quantos são?

-São 3 – sentiu a arma contra seu pescoço - Conte 4.

- Então você é o herói que farei de exemplo. – pegando o celular da mão de Castle - Desculpe. Seu amigo não pode falar agora.

- Não me preocuparia com ele e, sim, com você. Tenho viaturas a caminho.

- Você é tira? – o cara não acreditou - Ligou para um tira?

- Não. Já estávamos conversando quando entraram.

Beckett tentou negociar.

- Escute. Até agora, ninguém se feriu e nada foi roubado. Então se apenas sair por onde entrou, pode desaparecer.

- Promete que não irá me procurar?

Aquilo trouxe uma motivação a mais para ela.

- Não procuro. Eu caço. E acredite, você não quer isso. Saia agora e será apenas um artigo no jornal local.

- Desculpe, querida. Prefiro a primeira página.

E quebrou o celular de Castle. Beckett saiu às pressas do distrito. Logo as sirenes da polícia foram ouvidas do lado de fora do banco. Beckett chegou ao local e viu que já estava tomado de homens e armas. Foi até o comando e se encontrou com o oficial responsável. Ao anunciar que era de homicídios, foi praticamente dispensada mas ela insistiu.

- Meu parceiro está no banco.

- Espere. Temos um policial lá dentro?

Beckett ficou um pouco apreensiva. Chamara Castle de parceiro como se ele fosse um policial.

- Ele é investigador civil. Estávamos ao telefone quando tomaram o banco. Disse que são 4 suspeitos lá dentro.Estão usando trajes médicos.

-Sabe de algo mais?

-Sim. Falei com um dos suspeitos.

- Como ele se comportou?

- Calmo, muito calmo.

- Obrigado pela informação, faremos o possível para seu parceiro sair seguro.

- Certo, o que fazemos agora?

E ao fazer isso, Beckett pisou no calo do oficial e de certa forma questionou sua habilidade de comando. Ele reagiu rispidamente mandando ela sair. Beckett observava o cenário do lado de fora do banco, apreensiva. Não podia ficar ali de braços cruzados enquanto Castle e sua mãe corriam risco de vida. Pediu ajuda aos rapazes para descobrir mais sobre os ladrões enquanto conversava foi chamada pelo oficial em comando. Muito contrariado, ele a repreendeu por ter agido sozinha antes e explicou que o cara só aceitava falar com ela. Beckett se viu preocupada não tinha treinamento em negociação ainda mais com refém. O Capitão explicou o básico a ela e perguntou.

- Detetive? Está disposta a fazer isso?

- Sim, com certeza.

- É importante mantê-lo falando. Construir um rapport. Enquanto está ocupado falando, não está ferindo reféns.

- Está bem. – apesar de estar visivelmente nervosa.

- Quem é?

- É a detetive Kate Beckett, você queria falar comigo.

-É, não gosto do outro cara.

-Eu também não..

- O que precisa?

- Pode me chamar de John Emboscada.

- Um fã de MASH. Legal. E como está indo? Posso fazer algo para ajudar?

- Kate, Kate. Está seguindo as regras daquele idiota, não? O que o capitão confiante te falou? Manter-me calmo, criar um rapport, extrair informações. Eis como vai ser: se mentir para mim, mato reféns. Se me enganar, mato reféns. Se invadir o banco, mato reféns. E, Kate...vou começar com seu namorado.

Droga! Ela pensou. Esse cara sabe o que está fazendo e se deixar esse capitão tomar conta da ação, várias vidas estarão em risco. E ainda não quer me deixar ajudar.

Enquanto isso, Castle tentava colher o máximo de informação sobre o que os bandidos queriam. Algo muito estranho estava acontecendo, eles estavam interessados nos cofres enquanto toneladas de dinheiro estavam disponíveis bem a frente deles. Castle conseguiu montar uma estratégia simulando uma ida ao banheiro. Investigando viu que o cofre que um dos médicos esvaziava continha apenas fotos e papéis.

Beckett continuava no escuro. Nada de boas notícias e a sua preocupação apenas aumentava.

De volta ao saguão do banco, Castle perguntou do gerente do banco qual seria aquele cofre descobriu que se tratava do cofre 120 e se descobrisse de quem era podiam negociar. Ele tinha uma idéia de como passar a informação. Pegando o bracelete da mãe, ele se preparou para executá-la.

John fez novo contato com Beckett e ela tentou negociar a liberação da caixa grávida, mas nada parecia fácil ali.

- Não, não, não, Kate.Tem que dar antes de receber.

Ela odiava que ele a chamasse pelo seu primeiro nome.

- Certo, o que você quer?

- Um ônibus...com vidros escuros, para levar meus parceiros, os reféns e eu ao aeroporto Teter Boro. De onde um avião nos levará ao país que eu quiser. Feito isso, liberto a caixa grávida. Assim que pousarmos no paraíso, liberto os outros reféns. E, Kate...vocês têm 3 horas.

Assim que desligou o telefone o capitão autorizou a conseguir o que ele pedira. Beckett não acreditava que aquilo estivesse acontecendo. Ele explicou que estava apenas jogando e que os ladrões apenas sairiam dali presos ou mortos. Ao olhar o monitor que mostrava as câmeras do banco, ela percebeu um reflexo no teto. Código Morse. Castle usou a jóia para mandar uma mensagem em código Morse.

- É código Morse. C-B-1-2-0. Fica repetindo. O que acha que significa?

- As iniciais de alguém ou um código. Conta Bancária...Caixa do Banco...

- Espere, espere. "Co"... Pode ser... cofre. Cofre? C-B. Cofre Ban...Cofre Bancário 120. É isso.

- Sério? Como um cofre pode estar relacionado?

- Não sei. Mas se Castle mandou uma mensagem,significa algo.

-Como sabe que foi ele?

- Acredite, foi ele.

Beckett tinha um sorriso de satisfação ao dizer isso. Mandou os rapazes checarem o casal dono do cofre. No banco, as coisas não ficavam mais simples. Eles descobriram que os supostos médicos estavam com alguns C4, o que quer que estivessem roubando, eles faziam questão de que ninguém soubesse o que era.


Esposito e Ryan descobriram que o casal estava morto e agora precisavam descobrir mais sobre eles. Então, Beckett viu Alexis. A menina estava muito nervosa e Kate tentou ao máximo acalmá-la. Do lado de dentro do banco, Castle procurava alguma forma de avisar Beckett sobre o C4 na tentativa quase alguém foi baleado e um dos reféns sofre uma convulsão por ser epilético.


Do lado de fora, mais tensão.

- O que devo fazer? Alexis estava aflita.

- Nada. Estamos fazendo todo o possível.

- Você não entende. Eles são tudo o que tenho. Ouviu? São tudo o que tenho.

Ela gritava com Beckett que tentava faze-la escutar.

-Alexis, ouça-me. Prometo que eles ficarão bem.

- É melhor mesmo.

O tom ameaçador da menina fez o coração de Beckett doer. Era mais uma responsabilidade que ela acabara de assumir. Não podia falhar.

- Beckett. Temos uma chamada.

- Certo. Preciso ir. Fique com ela.

- Kate, um dos reféns teve um ataque epiléptico e desmaiou, não me incomodaria, mas chateou os outros reféns e não quero heróis por aqui. Então é o seguinte. Enviará um paramédico para pegá-lo e, em troca dessa generosidade, trará meu ônibus aqui em 20 minutos.

-Não é tempo suficiente.

-Para mim, é.Pegue esse cara e traga meu ônibus. Ou começarei a detonar os reféns.

Após desligar, Kate perguntou.

- Quanto tempo até o ônibus chegar?

- 35 minutos.

-Precisa pedir mais tempo.

-Ele não dará.

-Então invadiremos o banco.

-Não podemos invadir o banco. Não sabemos a localização de ninguém lá. Se entrarmos, reféns serão mortos.

- Se queremos salvar algum, não temos escolha.

Beckett viu-se de mãos atadas e não gostava nada disso então, ela deu sua cartada.

- Talvez tenhamos. Poderíamos usar o refém doente em nosso favor. Ao invés de mandar um paramédico, enviamos um policial com treinamento tático. E ele consegue informações para quando a SWAT invadir.

- Acho que já tem um policial em mente.

Ela não sabia dizer se a escolha que fizera fora no desespero de ajudar, na aflição que viu nos olhos de Alexis ou no medo de Castle morrer. O fato era que Kate Beckett não ia ficar esperando sentada enquanto vidas estavam em jogo. Sendo assim, ela mesma se ofereceu para entrar no banco.

Assim que as portas se abriram, Kate deu de cara com Castle que ficou surpreso de vê-la ali. Rapidamente, ele pegou um papel e escreveu o bilhete.

- Reviste-a.

Beckett não desviava os olhos dele.

- Está limpa. Seja rápida.

Ela se agachou ao lado de Castle.

- Como ele está?

- Nada bem. O nome dele é Sal Martino. Ele tem epilepsia. Acho que o ataque foi induzido pelo estresse.

- Oi, Sal. Oi, companheiro. Como está?

Castle segurava a mão de Sal. Beckett conversava com Sal mas no fundo, ela se dirigia a Castle.

- Sal, quero que saiba que há pessoas lá fora que gostam de você, então continue respirando. Prometo...- e então ela apertou a mão de Castle e o olhou querendo passar confiança a ele. Olhares que significavam que ela não o abandonaria - que te tirarei daqui.

- Não converse. Aja! E você...Ajude-a a colocá-lo na maca. Agora!

- Sal, pronto? Vamos te erguer no 3. 1, 2, 3.

- Calma, companheiro. Devagar. Pronto.

Ela pegara o papel.

- Você está bem.

Mais uma vez ela se dirigia a Castle. E antes de sair do banco ela voltou a olhar para ele querendo reafirmar que ela voltaria e mostrando que estava lá por ele.

- Certo.

Ao sair encontrou logo Alexis.

- Seu pai está bem. Os dois...estão bem.

Ela olhou o papel e Alexis percebeu que não devia ser algo bom pelo semblante da detetive.

- O que foi?

- Alexis, preciso que fique atrás da fita amarela.Leve-a para lá.

-Pode deixar.

Beckett alertou o capitão sobre o C4. Ele não ia arrriscar mandar ninguém invadir o banco com explosivos. Depois de uma discussão, ele decidiu que precisava de mais tempo e obrigou-a a contactar John novamente.

- Onde está meu ônibus?

- Está a caminho. Chegará em 20 minutos.

- Os reféns morrerão daqui a 2 minutos.

- Não.

Ela fora enfática. E então amansou o tom, não podia deixar transparecer o nervoso que sentia.

- Ninguém precisa morrer. Certo? Ele está vindo. Só...está preso no trânsito.

-Temos regras, Kate. Eu não mataria ninguém se me desse o ônibus. Cumpri minha parte.

-E cumprirei a minha, mas...

Ele a cortou.

- Disse para não me fazer de bobo. Esclareci as consequências. Preciso provar que falo sério? É isso?

Beckett insistia, negociava.

- Acho que ambos precisamos respirar fundo e falar sobre...

-Cansei de falar!

Um tiro ecoou ao telefone. Os olhos de Kate arregalaram-se.

- O que foi isso?

- Um tiro de aviso, Kate. O próximo é para valer.

John aproximou-se de Castle empurrando a arma contra o peito dele.

-Não toque nele, filho da mãe!

-Davenport, segure-a.

-Afaste-se dele!

-Eu cuido disso.

- Farei uma bela mancha vermelha no seu namorado, Kate. Estou com ele na mira e farei um quadro com as entranhas dele.

-Precisa se acalmar.

E assim Beckett perdeu a paciência. Iria fazer as coisas do seu jeito. A raiva tomava conta dela impulsionada pelo medo da ameaça de John.

-Ouça-me, idiota. Não controlo o trânsito, então precisa me dar 20 minutos.

-Só tem um minuto, Kate.

Ao ouvir isso, ela vestiu a armadura do tira mal e fez o que ela sabia fazer de melhor. Sentiu-se em um interrogatório impondo sua força e vontade. A tigresa estava de volta.

- Não! Tenho 20! Ouviu? 20 minutos! Porque se puxar o gatilho, entrarei aí e, pessoalmente, enfiarei uma bala na sua cabeça.

Castle ouvira tudo. Não podia estar mais feliz e orgulho da mulher que admirava.

- Certo, Kate. Você tem mais 20 minutos.

- Belo jeito de negociar.

John ainda com furioso, falou para Castle.

- Sua namorada tem coragem.

- Ela não é minha namorada.

- Muita areia para o seu caminhão?

Castle ouviu o sarro e pensou o quanto ele gostaria que aquilo fosse verdade. Como queria ter Kate além de sua musa como sua namorada. Ele instigou John para descobrir o que eles iriam fazer, mencionou inclusive o C4 porém, John não revelou nada e desafiou Castle a descobrir.

Depois de desligar o telefone, Beckett tentou se recuperar. Foi muito difícil não transparecer seu medo mas por fim conseguira afetar a John. O ônibus chegou e os policiais comandados pelo capitão se preparavam para agir. Mas Beckett estava pensativa, algo estava errado. Porque usar C4 em um assalto a banco? Ela questionou mais uma vez o capitão, sem sucesso.

A mente de Beckett não parava de imaginar os possíveis cenários, aflita por encontrar algum fio solto em toda essa história. Ligou para Esposito e questionou por algo novo, eles só tinham uma informação sobre um ex-genro, único parente vivo. Enquanto dava novas instruções, ela ouviu o estrondo que sacudiu o caminhão onde estava.

Ela desligou o celular, por um instante ela congelou e o mundo parou. Sem esboçar nenhuma reação além do espanto, Kate deixou o caminhão e viu os escombros da explosão. Atônita, a única pessoa que vinha em sua mente era Castle.

Isso não podia estar acontecendo! Ele não podia estar...

Os gritos dos policiais a tiraram do transe e ela saiu correndo puxando a arma e entrou no banco. Para ela nada importava apenas achar Castle.

- Castle!

O grito saíra com tremor do medo na voz. Ela caminhava pelo local, chamando por ele.

- Castle!

- Beckett?

Ouvir seu nome foi um alívio para ela. O suor frio corria pela sua espinha.

- Eles estão aqui!

Ao vê-lo atrás das grades do cofre, ela correu e se ajoelhou ao lado dele.

-Eu te disse.

-Meu Deus.

Abriu um lindo sorriso para ele. Pegou as chaves para abrir as algemas.

- Vamos lá, pronto? Certo.

Assim que o libertou, continuou sorrindo e esticou a mão para brincar com o colarinho dele. No olhar, a felicidade de vê-lo ali a sua frente.

- Como você está?

Ele não respondeu mas seu olhar dizia tudo para ela. Ternura. Ele agradecia. O momento podia durar muito mais se Martha não tivesse atrapalhado.

- Ele não é o único aqui.

- Eu sinto... – aquilo deixou Beckett meio sem graça - Sinto muito, Martha.

- Com licença. Como vai?

Então após soltá-los, Beckett e Castle descobriram através do capitão que os assaltantes estavam mortos. Nenhum dos dois aceitou a conclusão do caso, muito estranho. Ao deixarem o banco, Beckett pode ver a alegria de Alexis ao ver o pai e a avó. Abraçada a eles, Alexis trocou um olhar com Beckett que sorriu. Ela conseguira não decepcionar a menina. Cumprira a promessa.

Beckett seguiu para encontrar com Ryan e Esposito para ver se havia novidades e ficou surpresa ao descobrir que o ex-genro era na verdade o cara do banco, Sal Marino. Ele planejara aquilo tudo. De volta ao distrito, ela questionou Castle sobre o que os ladrões queriam, com um pouco de pesquisa descobriram que Ron estava atrás do filho e da ex-esposa que fugiu e fingiu a própria morte para escapar da violência doméstica que sofria. Infelizmente, ela não conseguiu cortar os laços com a mãe e foi assim que Ron a achara, queria o filho Connor.

O cofre funcionava como um correio entre as duas para manter contato e elas tinham um intermediador que recebia as notícias e depositava-as para Agnes. Descobriram ser o padre que fez o funeral deles. Beckett e Castle foram até a igreja convencer o padre a lhes dar o endereço para tentar salvá-los. Infelizmente o local ficava a 4 horas dali e Beckett apenas pode alertar a polícia local. Estavam apreensivos no distrito esperando até que receberam a boa notícia.

Beckett deixou-se cair na cadeira aliviada. A tensão daquele dia fora demais para ela. Castle a olhava e começou a falar.

- Mesmo como refém, ajudo a resolver homicídios. Beckett, acho que tem o parceiro perfeito.

Ela riu.

- É, exceto por não gostar de fazer a papelada.

- Touché.

Sorrindo, ela decidiu que não queria sair de perto dele agora então, fez a pergunta.

- Vamos para o Old Hunt? Pago uma bebida.

- Não, faremos melhor.

Castle a convidou para ir a casa dele. Ao chegar foi recebida com um abraço e toda a alegria de Martha. Ela sorriu. Era bom estar ali.

- Kate, querida, junte-se à nós. Entre, grandiosa e linda criatura.

A mesa estava cheia de comidas.

- Martha, você...realmente se superou.

-Superei. Encarar a morte exige celebrar a vida. Hoje nós festejaremos.

-Cadê Alexis?

-Está no...

-Com licença um minuto.

-Claro.

Ele pediu licença um minuto e foi conversar com a filha. Depois de ver que ela não queria falar, não insistiu.

Ao voltar para a sala, Beckett ofereceu a ele uma taça de vinho.

- Obrigado.

- Não tive a chance de agradecer por ter salvo minha vida.

- Não precisa, Castle.

- Somos parceiros. É o que fazemos.

- Sim. Alguns mais que outros, claro.

- O que quer dizer com isso?

- Essa foi a oitava vez que salvou minha vida e já salvei a sua 9 vezes.

- Primeiro, não creio que está contando. E outra, não salvou minha vida mais vezes que salvei a sua. 9? Por favor.

-Vamos rever? Na primeira, eu distraí o cara com a garrafa de champanhe. E, sim, essa conta. Até você admitiu. Na segunda, um serial killer pôs uma bomba na sua cozinha quando tomava banho. Enfrentei chamas... Sentem-se. para te tirar da banheira. Não esquecerei disso tão cedo.

Martha viu que precisava fazer alguma coisa.

- Crianças, por favor, está na hora de jantar nada de conversas sobre bombas, tiros, assaltos. Estamos todos bem.

Beckett sorriu para ela e acatou o pedido porém ia discutir esse assunto depois com Castle.

- Tem razão, Martha. Cala a boca, Castle!

E ela arrancou risos de Martha e Alexis.

Terminado o jantar, Martha cuidava dos pratos e Castle pegou as taças para enche-las novamente. Antes de ajudar sua vó, Alexis aproximou-se de Beckett e sorriu.

- Eu queria pedir desculpas. Fui muito rude com você hoje e foi errado.

- Tudo bem, Alexis. Eu te entendo, estava sobre tensão. Não precisa se desculpar.

- Preciso e também quero agradecer. Eu devia saber que você ia fazer tudo que estava a seu alcance para salva-lo. Ele significa muito para você também. Obrigada!

Ela abraçou Beckett e foi para a cozinha ajudar sua vó. Castle chegou por trás dela oferecendo o vinho e fazendo sinal para sentarem-se no sofá. Após tomar um gole do vinho, Beckett resolveu voltar ao assunto suspenso na hora do jantar.

- Então, Castle. Quer dizer que você anda contando para seu próprio registro quantas vezes você me salvou. E eu aqui do lado de fora só pensando em te manter vivo.

- E devo acrescentar que fez um excelente trabalho mesmo com minha ajuda. Você deixou o John furioso.

- Não tente me distrair, Castle. Explique direito essa história de ter me salvado nove vezes.

- É apenas a verdade. A garrafa de champagne, o incêndio, ah quer ver outra? A bomba terrorista em plena NY, essa foi sensacional salvei várias vidas e...

Ela o cortou.

- Castle, ok já entendi. E sou grata por todas as vezes que você salvou minha vida. Isso o qualifica como meu parceiro só precisava fazer um pouco de papelada afinal se você estivesse comigo hoje pela manhã fazendo exatamente isso, eu não teria que te salvar de novo.

Ele sorriu.

- Vamos falar sério agora. Kate eu realmente admirei sua coragem. Você me surpreendeu ao entrar naquele banco como paramédico. Sabe qual foi o pensamento que me veio à mente? Ela só pode ser doida! Aquilo tudo podia dar errado e todos nós poderiamos ter morrido. Porque você fez aquilo?

- Pensei que você gostasse de aventura Castle, você também se arriscou.

Ela sorriu mas percebeu que ele ainda estava sério. Ele queria saber.

- Porque Kate?

- Era o único jeito. Eu precisava saber quais eram as nossas chances, o que realmente acontecia dentro daquele banco. Precisava saber se você estava bem. Devia isso a Alexis.

- Só a Alexis?

- Não, a mim também.

Ela ficou olhando para ele por alguns segundos. Apenas admirando. Muitos cenários já se passaram na cabeça dela durante esse dia. Ela se viu com ele e sem ele. Aquela explosão fez seu coração parar. O problema era que ela não se sentia totalmente confiante, sabia porém que deveria começar por algum lugar. Para se manter de certa forma à salvo, escolheu um assunto aparentemente seguro de se navegar.

- Castle eu ainda não tive a oportunidade de te agradecer corretamente.

- Agradecer? Mas esse papel hoje é meu.

- Estou falando do presente que você me deu. A cópia de Deadly Storm. Não esperava aquilo nem que você me contasse algum dos seus segredos. Significou muito para mim. Esse nível de honestidade precisa ser retribuido.

- Kate, eu queria fazer aquilo, nada nem ninguém me forçou, você é minha inspiração e se eu contei meus segredos a você, é porque considero você digna de ler o que escrevi. Apenas você conhece aquelas anotações.

- Obrigada. Mais um motivo para eu lhe dizer o que quero. Acho que preciso contar alguns dos meus também. É o mínimo que posso fazer.

- Segredos? Hum isso vai ser interessante...tem a ver com seu passado de nerd ou aventuras na Europa ou...

- Na verdade, é sobre meu passado e você.

- Agora você me deixou intrigado.

O coração de Castle disparou. Será que ela iria falar sobre o tiro? Não isso não é bem passado mas o assassinato da mãe dela é. Ele mudou de posição no sofá. Decidiu que precisava de álcool para se preparar para o que poderia ouvir.

- Antes de começar, quer mais vinho?

- Aceito.

Ele desapareceu rumo à cozinha. Beckett passou as mãos no cabelo. Mesmo sabendo que o que revelaria não era algo tão impactante com relação a sua pessoa, sentia-se nervosa. Ela raramente se abria com qualquer um exceto que ele não era qualquer um, era Castle. E Beckett confiava nele. Suspirou.

- Pronto! Taças cheias. O que você ia me contar?

- Promete não ficar rindo ou mesmo tirando brincadeiras sem graça? É importante.

- Desde que você não me fale de algum ex-namorado bundão...

- Não.

Ela bebeu um gole do vinho, apoiou a cabeça no braço sobre o sofá e olhou para ele.

- Quando minha mãe faleceu, eu entrei num processo de negação e depressão muito grande. Nunca tinha passado por nada daquilo. Sempre fui uma pessoa prática, racional. Sempre sorrindo e sequer fui de me lamentar por namorados. Por isso o choque do meu pai ao me ver trancada num quarto sem disposição para nada. Não comia direito, apenas dormia e chorava. Demorei muito para me recompor.

Ela bebeu um pouco mais de vinho e mordendo seu lábio inferior, ela continuou.

- Ao chegar na academia, tinha um objetivo. Ser a melhor para me formar e assim poder trabalhar na divisão de homicídios e caçar o assassino da minha mãe. E por três anos, foi exatamente isso que aconteceu. Foram anos de angústia, dúvida e praticamente sem vida. Eu me arrastava. A cada folga de um caso, eu mergulhava na papelada do caso dela, sabia cada palavra daquele arquivo. Acordava e adormecia pensando nele.

- Kate isso deve ter sido muito ruim. Sinto muito.

- Por favor, Castle – ela tocou a mão dele - Não me interrompa.

- Meu pai não sabia o que fazer, Mike também não. Eu não aceitei a ajuda de um psicólogo na época. Sem saber o que fazer, meu pai mergulhou na bebida. Frustração, saudade, solidão. Foi quando encontrei meu pai no chão da sala adormecido com uma garrafa de whisky vazia na mão. Ele não me respondia. Entrei em pânico. Chamei uma ambulância e fui para o hospital com ele. Se eu tivesse chegado uma hora depois... assim que ele recobrou a consciência, tivemos uma briga feia, eu o acusei de beber demais, ele falou que eu estava obcecada e não via nada além do caso da minha mãe. Então eu propus que virássemos a página: ele pararia de beber e eu não mexeria no caso da minha mãe.

Ela passou as mãos no cabelo fazendo um esforço para não deixar as lágrimas a trairem naquele momento. Castle colocou a mão sobre a coxa dela, acariciando e dando-lhe apoio para continuar. Seu olhar registrava um pesar por ela, queria abraça-la. O rosto finalmente marcado pelas lágrimas.

- Eu falei tudo aquilo para salvá-lo mas a verdade era que não sabia como salvaria a mim mesma. Fiz uma promessa e tinha que cumprir. Um dia, logo depois do meu pai deixar o hospital, eu estava caminhando pela 5ª avenida no meu horário de almoço, por impulso entrei na livraria e comecei a olhar as novidades. Um cartaz me chamou a atenção. Storm Season dizia – um thriller de Richard Castle e logo ao seu lado uma pilha de livros recém-lançados. A vendedora viu meu interesse e comentou sobre o escritor. Ela me levou a sessão onde haviam os seus títulos. Eu li algumas capas e me decidi pelo primeiro da série de Storm e Flowers from your grave.

Ela passou a mão no rosto para livrar-se das lágrimas. Ainda sentia a mão dele na sua coxa fazendo pequenos círculos.

- A vendedora também me informou sobre uma noite de autógrafos que aconteceria dali a dois dias. Agradeci e sai da livraria. Parei numa Starbucks, comprei um café e comecei a ler. Devorei o livro. Lembro que saí da cafeteria e fui direto para casa. Terminei os dois livros no dia seguinte. Voltei na livraria no dia do evento e comprei mais dois livros. Entrei na fila e você autografou-os para mim.

- Eu autografei?

- Hum,hum. Lembro que fiquei nervosa de vê-lo sorrindo na minha frente. Você ali, tão.... - ela ruborizou e sorrindo envergonhada – charmoso, tão lindo. A partir dali, eu me tornei sua fã. Virei rata de livraria. Onde tivesse um lançamento de Richard Castle, eu estava lá.

- Você me achava charmoso? Lindo? Como eu não me lembro de você?

- Talvez porque eu não era loira e não tinha um corpaço ou peitões.

- A verdade Castle é que eu superei a morte da minha mãe por causa de você, dos seus livros. Quando você dizia que sou sua fã, você não tinha a noção de quanto e da importância disso. Sabia que passei mais de uma hora numa fila para pegar seu autógrafo na minha cópia de Storm’s break?

- Nossa! Isso realmente é impressionante. Você já me conhecia antes de trabalharmos juntos. Você acredita em destino, Kate?

- Não. Esse é o seu trabalho. Fantasiar e ver o lado cor de rosa da vida, o meu é lidar com a realidade nua e crua.

- Não precisa ser sempre assim, Kate. Você precisa de cores na sua vida.

- Pergunto: se você não acredita em destino, como pode explicar essa ligação? Você é fã do meu trabalho e de repente se vê como minha musa e passamos a combater crimes juntos? Viramos parceiros. Pra mim, isso é o destino.

- É uma feliz coincidência. Ou você esqueceu o quanto eu briguei para não te-lo ao meu lado?

- Puro charme....

Kate ficou calada por um momento. Ela o fitava como quem analisava cada linha do rosto à sua frente.

- Castle, eu acredito que não agradeci ainda o suficiente a você.

- Hey, hoje quem deve fazer isso sou eu. Você salvou minha vida esqueceu?

- Não, eu nem poderia... ao ouvir aquela explosão eu nem sabia o que pensar. Só que eu não estou me referindo a um agradecimento comum. Você, com suas histórias me tirou do fundo do poço, Rick. Você me deu forças para acreditar que eu podia ser diferente, que podia ajudar a outros e fazer justiça. Você instigou isso em mim e essa minha motivação me fez ser uma boa detetive, acreditar na justiça e me jogar de cabeça no trabalho.

Ela instintivamente segurava a mão dele como fizera no banco. Podia sentir o calor da pele dele. Castle tinha um sorriso frouxo nos lábios, ela raramente se abria com alguém e agora estava ali, contando tudo aquilo para ele num momento intimo e singular.

- Eu fico lisonjeado ao saber disso, Kate. Não somente do seu segredo mas também por saber que eu a ajudei. E Kate, não se diminua. Você não é uma boa detetive, você é a melhor.

Beckett deixou escapar um sorriso. Pegou a taça de vinho e esvaziou-a num só gole. Ao olhar para Castle novamente, ele percebeu uma névoa encobrindo seus olhos. Ele conhecia aquilo, desejo. Estaria Beckett querendo alguma coisa?

Ela se ajeitou no sofá aproximando-se ainda mais dele. Seus rostos separados por poucos centímetros. Ela precisava da mesma coragem que exibia ao enfrentar bandidos. Ela necessitava disso.

- Castle, eu tenho que fazer uma coisa... preciso entender. Não me julgue por isso, não me questione. Apenas me deixe fazer isso, Rick.

Rick ... o som do nome dele saiu quase como um sussurro dos lábios dela. Ele não sabia o que ela realmente queria.

Ela roçou os lábios nos dele de maneira quase imperceptível. Inclinou a cabeça para o lado e finalmente sorveu a boca de Castle com a sua. Uma das mãos puxou-o pela nuca e aproximou ainda mais seu corpo do dele. Kate intensificara o beijo provando mais uma vez aqueles lábios tão desejados. Ela queria fazer isso quando o encontrou naquele banco. Ele deixou a mão deslizar pela coxa dela subindo pela cintura e pressionando-a contra seu corpo. Aquele beijo não era igual aos demais, era sensual e carregado de sentimentos que ele não conseguia explicar. Não era urgente apesar de intenso. Era carinhoso, devotado.

Sentiu a pressão na sua nuca diminuir e seus lábios se distanciarem do dela. Kate abriu os olhos a sua frente e suspirou. O olhar apresentava a mesma névoa de outrora porém agora via-se lágrimas se formando.

- Obrigada, Rick... por tudo.

Ela se levantou do sofá e percebeu que ainda estava segurando a mão dele. Sorriu. Os dedos começaram a deslizar lentamente quebrando a conexão entre eles.

- Kate...

Ele queria saber o que fora aquilo, queria perguntar mas ela pediu para não fazer isso.

- Rick, eu preciso ir...

Ele se levantou e ficou de frente para ela. Tomou a mão dela mais uma vez. A intensidade do olhar dele fizera seu coração desacelerar.

- Não, Kate. Fique.

Ela estava ali parada de frente para ele. Ao ouvir aquelas palavras, fechou os olhos e engoliu em seco. Como explicar para ele que não podia? Como faze-lo entender e não odiá-la pelo gesto que faria em seguida? Mordendo os lábios, ela abriu os olhos. Tocou-lhe o rosto com ternura. As palavras deixaram sua boca com um tom rouco.

- Não, Rick...não ainda.

Ela acariciou o rosto dele com a ponta dos dedos e beijou-lhe carinhosamente a bochecha. Sussurou ao ouvido dele seu pedido mais sincero.

- Não me odeie, Rick....eu não suportaria.

- Mesmo que eu tentasse, eu não poderia te odiar, Kate. Nunca!

- Eu já vou.

- Tem certeza de que é isso que quer?

Ele a acompanhou até a porta.

- Por hora, sim.

- Estarei exatamente aqui. Se você mudar de idéia, sabe onde e como me encontrar, always.

Um pequeno sorriso formou-se nos lábios dela. Limpou a lágrima teimosa do canto do olho.

- Eu sei, Castle.


A porta se fechou e ele escorou o corpo nela. Como chegaram até ali? Tão perto mas ainda tão distante? Porém, nem tudo estava perdido. Não, ainda foram as palavras usadas por ela. Castle sabia o quanto aquele passo fora importante para Beckett. O quanto ela deveria estar relutando, avaliando, ponderando cada movimento para por fim fazer o que seu coração desejava. A rachadura do murro que ela construiu ao seu redor estava maior. Ela começava a se permitir mudar e isso era a única coisa que importava para ele.


XXXXXX


Kate estava deitada na cama em posição fetal. Mantinha a mão nos lábios. A lembrança invadia todos os seus sentidos, sua mente e seu coração. O dia fora repleto de emoções para ela. A conversa com o terapeuta, o assalto no banco, a possibilidade de perder seu parceiro, a explosão e agora esse jantar. Ela tomara a iniciativa e não se arrepedera. Ela queria isso apenas não estava pronta para o próximo passo. Kate precisava saber se tudo aquilo era real, se ela era importante para ele como imaginava que fosse. Aquele beijo respondera a suas perguntas. Ele respondera o que ela precisava ouvir.

Ainda envolta nas emoções, adormeceu.



Continua.........

3 comentários:

Bristow disse...

Nossa um capitulo mais perfeito q o outro rsrsrsr
Amo ler suas fic's
Apenas posso dizer-lhe:"meus parabéns"

val disse...

Simplismente como desejei que fosse o episódio, e vc me deu isso thanks!
e parabens mais uma vez.

Eliane Lucélia disse...

Uau, Uau, Uau, Amei muito esse cap. a Beckett retrucando o psicologo foi interessante, pq como ela disse, ele falando parece tão fácil, é só vc tomar coragem e seguir em frente, mas e as pedras, as rochas e os espinhos no caminho? como faz? o bom é que ela aos poucos esta passando por cima, uma pedra de cada vez, e vc tá respeitando esse espaço, isso é muito bom, sei que somos apressados às vezes, esperando que eles se agarrem logo,que ela diga a ele que o ama, e que se faça o paraíso, mas ainda não é o momento, não por não ter acontecido na série, mas pq ainda falta encaixe, a Beckett não está pronta, há conflitos entre ela e ela mesma kkkk e tbm há segredos perigosos entre ela e Castle, tudo à seu tempo, nem sei pq tow falando isso, vc já sabe... Com relação ao caso do banco, fiquei com raiva da Alexis, num gostei do que ela falou pra Beckett, poxa, foi muito tupetuda, Kate não merecia isso, tudo bem que ela pediu desculpas depois, mas... agora a cena complementar depois do jantar de agradecimento foi tudo e mais um pouco, a Kate revelando o seu segredo é tudo que eu estou esperando ver, caraca foi lindo d+, o beijo podemos dizer que é uma representação de um agradecimento misturado com desejo e sentimento, ainda bem que ficou só no beijo, pq se não teria quebrado toda a magia que teve o momento, ainda temos um pequeno lago entre o próximo nível, será ainda um lago de lágrimas de Beckett? esperamos, e vejamos. bjossssss minha linda.