quinta-feira, 19 de julho de 2012

[Castle Fic] Starting Over - Cap.9


Nota da Autora: Esse cap trata de decisões, confesso que me imaginei no lugar de Beckett. Ainda não sei se foi o melhor approach e se consegui passar tudo o que queria mas está feito. Aos ávidos por NC, calma, no proximo compenso vcs! Enjoy!




Cap.9

Gates desligou o telefone. Pensativa, ela sabia que o dia seguinte ia ser tenso. Não imaginava qual seria a resposta de Kate Beckett. Gostaria de acreditar no possível não, porém mesmo não conhecendo a ex-detetive tão bem, era capaz de imaginar Beckett se debatendo entre qual resposta considerar. Apesar de não comentar, ela tinha uma admiração pela mulher que era Kate Beckett. Sabia da condição que ela enfrenta todos os dias ao procurar vencer em um ambiente puramente masculino. Gates passou por muitos testes e sabia que em sendo Kate uma mulher inteligente e bonita, as insinuações sobre a forma como evoluiu na sua carreira sempre gerava aqueles comentários maldosos por parte de alguns membros da força. Beckett merecia seu respeito, principalmente agora que conhecera um pouco mais do passado dela.

Para o seu distrito, seria muito bom ter Beckett de volta. Porém, certamente a sua volta significaria que a detetive teria mais poder do que antes. E se já cometia algumas infrações antes, como ficaria nessa nova etapa? Victoria Gates poderia considerar Beckett uma ameaça exceto que ela não era. Uma mulher como Kate Beckett não desiste de seu distintivo, da sua carreira, porque sua superior a criticou ou xingou. Havia algo mais nessa história, algo relacionado a vida pessoal dela, as ameaças de morte sofridas, ao futuro de Beckett.

Pedir desculpas formais foi difícil para Gates apenas porque se tinha alguém capaz de fazer Victoria engolir seu orgulho e fazer aquilo, esse alguém era Kate Beckett.

XXXXXXXX

Naquela noite, após o jantar Kate comunicou para Castle que deveriam estar no distrito amanhã às 9h para a reunião com Gates e o Chefe dos detetives. Disse também que não ia fugir daquilo que já haviam combinado. Eles conversavam na cama. Castle que tinha um livro na mão apoiou-o nas pernas para prestar atenção a ela.

- Você já sabe como vai proceder realmente?

- Sim, apenas exporei os fatos como conversamos. A única reação que consigo imaginar é a de Gates. Não sei o que os demais irão pensar.

- Eu não me preocuparia.

Ela se aconchegou mais próximo dele colocando uma das mãos sobre o peito dele.

- O que sua editora falou sobre a parte do livro hoje?

- Que estamos no caminho certo. E as vendas de Frozen Heat estão indo muito bem. Além de musa, você me traz muita sorte.

Ela sorriu e beijou-lhe os lábios.

- Vamos dormir, amanhã o dia vai ser bem complicado.

- É descanse, Kate. Eu vou ler mais um pouco. Tenho que dar uma opinião sobre essa obra.

Ela tornou a beija-lo e virou-se de costas para ele, instintivamente ele deixou uma das mãos deslizarem sobre as costas dela, o que fez Kate adormecer quase instantaneamente.


12th Distrito


Assim que o elevador se abriu, Kate Beckett e Rick Castle saíram de lá de maneira imponente. O semblante dela estava bem sério do jeito como ela se mostrava quando estava prestes a interrogar algum assassino. Castle também estava concentrado. Ele tinha que estar preparado para trazê-la de volta a serenidade caso ela perdesse as rédeas da situação na frente deles, especialmente de Gates. Beckett ainda estava magoada com as opiniões da
Capitã sobre ela.

Beckett bateu na porta da sala de Gates levemente. A Capitã fez sinal com a mão para que entrasse. Dessa vez, estavam todos lá. O prefeito, o chefe dos detetives e ela. Cumprimentou-os.

- Bom dia a todos.

- Bom dia, Srta. Beckett. Sente-se – o chefe dos detetives apontou uma cadeira, em seguida viu que ela novamente não estava sozinha – Sr.Castle, fique à vontade também.

Quando estavam todos acomodados e olhando fixamente para Beckett, o silêncio no recinto era quase palpável. Ela sentiu um arrepio percorre-lhe a espinha. Era a hora da verdade. Quem falou primeiro foi o chefe dos detetives.

- Então, Srta. Beckett, acredito que já tenha uma resposta para nós. Poderia dividir seus pensamentos conosco?

- Sim, senhor. Antes de dizer a vocês minha decisão final, gostaria de explicar algumas considerações que me fizeram fazer isso. Acredito que o motivo correto para que eu tivesse entregado meu distintivo não tenha ficado claro para os senhores e por isso acabaram me chamando aqui para me oferecerem um trabalho. Naquele dia cerca de seis meses atrás, após quase morrer, estive bem aqui nesta sala de frente para a Capitã onde ela disse que eu era uma vergonha para a força. Porém, esse insulto não foi o motivo da minha demissão – Kate olhava séria para Gates, queria fazê-la sentir-se mal da mesma forma que fez com ela – não seria um insulto ou uma suspensão que me faria pedir para deixar a polícia, foi algo muito maior. Quase quinze anos vivendo crimes e os resolvendo a cada dia, dando conforto a muitas pessoas e vendo todos seguirem em frente com suas vidas enquanto eu estava presa ao passado,estagnada emocionalmente. Me entendam, não vivo de passado mas o simples fato de continuar a saber que não obtive um encerramento e justiça no caso mais importante da minha vida, era motivo de frustração para comigo mesma. Exatamente por causa desse caso, eu levei um tiro, virei um alvo e quase morri. Para que? Qual o sentido de tudo isso? Naquele momento eu percebi que estava deixando o distintivo me consumir e isso não podia acontecer. A minha cegueira quase fez eu perder momentos e coisas mais importantes na minha vida. Esse foi o motivo pelo qual pedi demissão, para viver.

Kate parou de falar por uns minutos. O chefe dos detetives e o prefeito permaneciam calados e sérios porém, ela quase podia ver um pequeno sorriso de satisfação no canto dos lábios de Gates. Suspirou e continuou.

- Diante de tudo o que expus, como os senhores acham que me senti ao ser arrastada até aqui e escutar vocês falando novamente sobre o meu tiroteio, meu algoz e o caso da minha mãe?  Vocês reabriram feridas, mexeram com sentimentos que eu deixei para trás da mesma forma que havia deixado o distintivo. Foi errado, completamente errado. Eu dediquei anos da minha vida pela NYPD e sai por aquela porta sem olhar para trás, de uma maneira jamais pensada. Sempre imaginei deixar o distrito a base de festas ou premiações. O que posso dizer?  A vida normamente não se apresenta da maneira que sonhamos ou gostaríamos. Eu não sou mais a mesma pessoa de antes. Kate Beckett mudou.

- Eu acredito que a Srta.Beckett está tentando dizer é que não deseja voltar ao 12th distrito. Não quer fazer parte do quadro da polícia de New York – Gates olhava primeiramente para Beckett e depois para cada um dos seus chefes, as autoridades naquela sala, ela quase sorria. Parecia tão segura de si, pronta para soltar foguetes diante do que ouvia – Beckett,tenho que reconhecer que você é uma mulher decidida e forte. Conheci poucas assim. Já havia lhe falado uma vez que se você se dedicasse, podia ter uma carreira brilhante na força. É uma pena que não considere esse seu futuro. Era uma ótima detetive.

Kate olhou para Castle e um sorriso de satisfação se formou no rosto dela. Agora sim ela se sentia corajosa novamente como sempre fora. Antes que ela pudesse continuar, o chefe dos detetives falou.            

- Então Srta. Beckett, sua resposta a nossa proposta é não. Está certa disso? Não há volta? É sua última palavra?

- Pelo que me recorde, eu ainda não respondi sua pergunta, senhor. Capitã, obrigada pelo elogio. Significa muito. Tenho apenas uma correção: eu sou uma ótima detetive. Tudo que aprendi sobre investigação, interrogatórios, análises continuam comigo, fazem parte da minha vida. Ainda tenho meu instinto de policial, o mesmo que me auxilia estando longe da polícia. É por esse motivo, senhores, que para eu voltar a esse distrito o farei mediante a algumas condições. Estão prontos para ouvi-las?

Dessa vez, foi Kate quem surpreendeu a todos. Castle podia ver a sensação de triunfo presente no rosto de Gates desaparecer como num passe de mágica dando lugar a rigidez que denotava a preocupação. Ele estava se segurando para não rir. Estava orgulhoso de ver a forma como Kate conduzia aquela situação.

- Estamos prontos para ouvir. Vá em frente.

Kate trocou olhares com Castle antes de continuar.

- Como expliquei anteriormente, minha vida mudou, meu foco. Portanto, não pretendo passar horas a fio no distrito. Quero horário flexível para que eu possa desenvolver meus outros projetos de vida. Não serei uma detetive em tempo integral, serei uma consultora que soluciona homicídios. O que eu quero dizer é que estarei ausente durante algumas horas do dia para me dedicar à carreira de advogada.

Como ninguém demonstrou desacordo, Beckett continuou.

- Segundo ponto: mesmo sendo uma consultora atuando como detetive, quero meu distintivo e minha arma. Afinal preciso de proteção, conforme os senhores mesmo já afirmaram. Enquanto estiver no distrito, quero estar mais presente as defesas e casos que vão à corte. Será uma espécie de treinamento para minha vida de advogada. Sobre o caso da minha mãe e o meu próprio, quero ser informada de todas as novidades. Quero saber qual o rumo das investigações e seu progresso. Posso aceitar não ter a sua autorização para investigar por conta própria desde que esteja a par de tudo. Sou a maior interessada.

Ela tomou um pouco de ar e tornou a falar.

- Em sendo consultora, fiquei pensando em como ficaria dentro da hierarquia da NYPD. Sendo assim, minha proposta é que eu responda diretamente ao chefe dos detetives e tenha a Capitã Gates como facilitadora. Também ficarei baseada aqui no distrito e portanto os detetives Ryan e Esposito dividiriam casos comigo, fazendo parte da minha equipe. Acredito que isso seria melhor para todos e também dará a Capitã a chance de trabalhar com a sua equipe visando um melhor sucessor para meu cargo de detetive sênior visto que meu tempo nessa volta a NYPD terá uma data pré-estabelecida. Meu contrato encerrará no dia em que solucionar ou o meu tiroteio, pegando o meu algoz, ou o caso de minha mãe. Nem um dia a mais nem um a menos.

- Por último e não menos importante. Minha volta a NYPD está condicionada a uma pessoa: Rick Castle. Quero ele reintegrado e apto a circular comigo nesse distrito como meu parceiro e consultor civil.

De todas as exigências da lista de Beckett, essa era a mais importante junto com o assassinato de sua mãe e aquela que ela não estava disposta a abrir mão. Era inegociável. Imaginava que a reação das pessoas na sala poderia ser positiva para alguns pontos e negativa para outros. Como num jogo de pôquer, ela montara uma estratégia que terminava com o seu lance mais alto. Castle era o seu all-in. Ela pode perceber a agitação e a linguagem corporal dos presentes e a julgar pelo que via, a discussão estava longe de chegar a um consenso. Depois de digerir as condições impostas por Beckett, o chefe dos detetives finalmente se pronunciou.

- São muitas exigências, Srta. Beckett. O que nos faz pensar novamente em quão boa negociadora você é. Entendemos que tenha outros objetivos de vida e suas colocações deixam claro isso. Você poderia nos informar se está disposta a negociar?

Castle mantinha seus olhos e ouvidos atentos à discussão. A cada minuto, ele se orgulhava mais de Kate. Ela conduzia a conversa com maestria e ainda mantinha o controle da situação. Observar como os demais encaravam tudo isso era a outra parte maravilhosa de ser espectador. Ele segurara o riso por várias vezes, tinha que manter a seriedade. Eles acabaram de deixar a bola quicando e Beckett não ia deixar barato. Tudo que Castle queria agora era um saco de pipoca, pois o show ia decolar.

- Sim, posso negociar algumas condições. Como o senhor pode observar, em nenhum momento falei de salário. Aceito receber por horas trabalhadas. Porém, há uma condição que eu não abro mão. Essa é inegociável.

- As informações do caso de sua mãe?

- Não. Castle. Não abro mão do meu parceiro.

Gates não aguentou ficar calada após essa ultima frase.

- Parceiro? Você considera esse civil um parceiro? Ele é um escritor de ficção! O que sabe de crimes e vida real? Estamos falando do prestigio de um distrito, da idoneidade da polícia de New York! Senhor, não está considerando mesmo essa possibilidade, certo?

- Com todo o respeito Capitã, o Castle nos ajudou a solucionar vários assassinatos no 12th. A senhora mesmo presenciou. Senhor, caso não aprove, estou fora. E ficando exijo respeito para mim e para ele. De outro modo, não vejo muito propósito para voltar a NYPD.

Aquilo foi o cheque mate de Kate. Ela sabia que o prefeito acataria e tinha 99% de certeza que o chefe dos detetives também. Castle tinha razão, Gates era voto vencido. O tempo fechara, apesar de estar muito tranquila, não podia dizer o mesmo do clima da sala. Beckett notou uma troca de olhares com o prefeito quase imperceptível antes de lhe dirigirem a próxima pergunta.

- Levando em consideração suas condições, eu diria que me preocupa sua dedicação ao trabalho. Tenho duvidas se você ainda encararia a função da mesma maneira visto que isso não parece ser uma prioridade para você.

- Senhor,sou uma profissional. Respeito meu trabalho e cumpro com minhas obrigações. Meu comprometimento não mudou. Caso eu volte ao 12th tem minha palavra de que durante o período que estiver aqui terá 100% da minha dedicação. Eu trato homicídios com muita seriedade, honro as famílias e os mortos. Já estive do outro lado e sei o quanto é difícil não obter respostas, viver no escuro. Pode contar comigo e com Castle.

- Senhor Prefeito, algum comentário?

- Apenas que confio no profissionalismo de Kate Beckett e não faço qualquer objeção para suas exigências.

Gates revirara os olhos. Sabia que era inútil, perdera essa batalha. Teria que aceitar não só a volta da detetive sem poder controla-la e geri-la como também teria que deixar livre o acesso do escritor que adorava brincar de detetive.

- Sendo assim, confirmo que estou de acordo com os termos.  Como procedemos daqui?

Beckett puxou uma pasta e entregou a ele.

- Eu tomei a liberdade de preparar uma minuta de contrato para facilitar. Leiam com calma, não tenho pressa. A propósito, estarei apta e disponível para começar em meados de novembro.

- Você pensou em tudo não, Beckett?  A pergunta vinda de Gates tinha o tom irônico mas a Capitã tinha que dar o crédito a ela. Soube conduzir muito bem a situação. Era realmente uma pena que Kate Beckett não quisesse seguir carreira na policia. Ela teria um futuro brilhante no mais alto escalão.

- Apenas para ajudar em acelerar o processo.

Castle segurava o riso. Como Beckett ficara assim tão cínica?

- Bem, encaminharei isso ao jurídico. Quando tiver um parecer, você será informada. Acredito estar tudo em ordem e para evitar que vocês voltem para mais uma audiência aqui no distrito, aviso sobre o status do contrato e você poderá assinar no seu primeiro dia de volta ao trabalho. Podemos agilizar algumas formalidades. Capitã, entregue a arma e o distintivo a Srta. Beckett. Creio que ela saberá cuidar muito bem desses objetos.

Gates respirou fundo e abriu a gaveta. Tirou de lá o distintivo e a arma que apreendera de Beckett. Entregou a ela. Beckett sem demonstrar qualquer atitude diferente, colocou a arma e o distintivo no bolso do casaco. Procurando encerrar a conversa, falou.  

- Nos vemos em 19 de novembro então, Capitã?

- Sim, detetive. Conto com você e com o Sr. Castle no 12th distrito.

- Obrigada. Senhores, se nos derem licença. Bom dia a todos.

E com essas palavras, Beckett e Castle deixaram a sala rumo ao elevador.

Gates se deixou despencar na cadeira. Essa foi uma das reuniões mais estressantes que já vivenciara na NYPD.

- Espero que estejam satisfeitos.

- Estamos, por hora. Precisamos nos dedicar ao caso dela e da mãe. Desatar os nós e desvendar essa corrupção. Você precisa comunicar a sua equipe sobre a volta deles. Conto com sua discrição e liderança para conduzir esse distrito para sua normalidade.

- E Capitã Gates, - era o prefeito que falava -  isso inclui o bom tratamento a Rick Castle e a detetive Beckett. Passar bem.

E ambos deixaram Gates a sós com seus pensamentos.

XXXXXX

Beckett manteve a compostura e a pose de detetive até chegar ao carro. Quando se viu sozinha com Castle, ela abriu o sorriso e voou para encontrar os lábios dele. Ela o abraçou com vontade e deixou o riso escapar, aliviada após quase três horas de reunião. Castle não aguentava mais segurar seus comentários.

- O que foi aquilo? Você simplesmente os colocou no bolso! Eu sabia que você era boa em interrogatórios e poker mas você arrasou como negociadora e devo acrescentar que deixou Gates muito irritada e eu extremamente excitado. Aquilo foi quente...

- Castle!

- Mas foi! Sexy, poderosa e excitante. Ah, Kate... você me deixa zonzo.

- Cala a boca, Castle e dirige! Quero ir para casa – apesar do tom autoritário ela sorria. Beckett estava realmente preocupada com a reunião e agora que tudo passara, ela poderia respirar um pouco.

Chegando em casa, ela tirou o casaco e se jogou no sofá. Castle sentou-se ao lado dela procurando apertar a mão dela na sua. Sorria. Beckett fechou os olhos por um momento e suspirou. Ele sabia que ela tinha voltado atrás na sua decisão tomada e aquilo não a agradava totalmente. Os motivos pelos quais aceitara voltar a NYPD não estavam relacionado ao trabalho de detetive propriamente dito, devia-se ao fator segurança. Ambos temiam pela vida dela e estar vinculada a NYPD era uma maneira de controlar mesmo que parcialmente a sua condição de vítima. Maddoxx fizera dela um alvo e não desistira facilmente.

- Hey... está tudo bem por hora. Você fez a coisa certa.

- Espero que sim, Castle. Essa foi apenas a primeira parte. Não sabemos o que virá pela frente...

Ela pegou no casaco o distintivo, passou o polegar sobre o numero 41319, sentiu uma certa nostalgia misturada a emoção. Fizera tanto por aquele símbolo, tanto por vítimas, famílias. Por um outro espaço de tempo, teria a chance de fazer um pouco mais. Torna a olhar para ele.

- De repente, será bom voltar por um tempo. Ajudar pessoas – ela entrelaçou seus dedos aos dele – estou com medo, Castle. Não tenho ideia do que pode acontecer.

- Eu sei, Kate. Também estou com medo, não esconderei isso de você. Temos um ao outro, agora mais que antes e isso faz toda a diferença. Vem, vamos subir e relaxar um pouco.

De mãos dadas, eles subiam as escadas. Castle se virou para ela e comentou.

- Estou pensando seriamente em reproduzir aquela cena de hoje no meu livro. Acho que ficaria muito boa. Eu realmente não esperava aquele lance do contrato. Me pegou, Kate. Que sacada! Aposto que muitos leitores acharão sexy o jeito de Nikki Heat.

- Sério, Castle? O que foi? Está faltando imaginação para escrever cenas quentes?

- De jeito nenhum! Se bem que aceito sugestões...

E eles seguiram para o quarto.


12th Distrito


Esposito acabara de chegar ao distrito. Tinha ido ao necrotério e se programado de voltar para casa com Lanie não fosse o telefonema que recebera de Ryan. Porque diachos Gates queria fazer uma reunião no fim do expediente? Só falta ser para dizer que os indicadores do distrito estão ruins blablabla.... como se todos já não soubessem disso. Ele nem entendia porque ainda não tiraram a Capitã de lá.

- Hey, bro! O que é isso agora? O que a Iron Gates pretende dessa vez?

- Não tenho ideia mas disseram que a Beckett esteve por aqui hoje de manhã.

Gates se aproximou do centro do salão e fez sinal para todos se aproximarem. Respirou fundo e preparou-se para dar a noticia a sua equipe.

- Senhores, prometo não tomar muito o tempo de vocês. Farei apenas um comunicado. Como já expus para vocês anteriormente, os números do nosso distrito não vão bem. É certo que deram uma melhorada nas ultimas semanas porém estamos longe de chegar a nossa performance ideal. O motivo de reuni-los é para informar que teremos dois reforços adicionais no nosso time a partir de meados de novembro. A NYPD contatou a ex-detetive Kate Beckett e ela concordou em retornar ao 12th por um tempo determinado.

A reação das pessoas foi super positiva. As vozes aumentavam comentando a novidade, alguns assobios foram ouvidos e ficou visível para Gates o quanto Beckett era admirada e querida pela equipe. Ela viu Ryan erguer a mão provavelmente com alguma pergunta. Ela fez sinal para ele ir em frente.

- Capitã, a senhora mencionou dois reforços... quem é o segundo?

- Bem, estaremos admitindo novamente o Sr. Castle como consultor civil. Alguém tem mais uma pergunta? Se não estão dispensados. Exceto Ryan e Esposito, quero vocês na minha sala.

Eles se entreolharam e sorriram. A primeira vista, tudo parecia se ajeitar, voltar a ser como antes. Apesar de acharem essa situação um pouco estranha pela ultima conversa com Beckett, era bom poder contar com ela de volta ao distrito. Assim que fecharam a porta da sala de Gates, ela começou a falar.

- Muito bem, vamos esclarecer algumas coisas. A volta da Detetive Beckett é temporária por esse motivo as regras são muito claras. Vocês trabalharão novamente com ela mas não fiquem dependendo dela. Vocês precisam desenvolver-se, podem sugar experiências e todo o tempo que ela estiver nesse distrito. Um de vocês deverá estar apto a assumir a vaga dela quando se for. Fui clara?

- Quanto tempo Beckett ficará conosco?

- Isso Detetive Ryan, não posso revelar. Apenas digo que será temporário. Vocês não me responderam, entenderam que sua responsabilidade é para comigo e esse distrito?

- Sim, senhora.

- Ótimo. Estão dispensados.

Eles deixaram a sala de Gates e Esposito foi logo falando.

- Tem algo que Gates não está nos contado. Precisamos falar com Beckett.


XXXXXXX


Ela estava deitada no sofá com a cabeça no colo de Castle. Tinha os últimos capítulos escritos por ele nas mãos. Estava absorta nas palavras enquanto Castle ocupava-se com o ipad nas mãos. Vez ou outra, ele acariciava os cabelos dela ou deslizava a mão até onde alcançava do corpo dela. Ela comentava algumas partes da leitura ou ria das tiradas engraçadas. O celular de Beckett começou a tocar. Levantou-se e pegou o aparelho na mesinha.

- Esposito... oi! Tudo bem? Ela olhou para Castle que erguia a sobrancelha sem entender. Kate continuou a escutar o que ele queria. Tapando o autofalante, ela sussurrou a Castle “Gates contou para eles...” e viu Castle arregalando o olho – Sim, Espo, é verdade. Estaremos voltando a equipe por tempo determinado.... sei...não prefiro não falar por telefone – ela viu que Castle estava sinalizando a ela querendo chamar sua atenção – Um minuto, Espo.
- O que foi Castle?

- Acho que devemos uma explicação a eles e não poderemos fazer isso no distrito. O que acha de irmos – ele consultou o relógio – daqui a meia hora no Old Haunt? Lá podemos conversar com mais calma. Diga para ele chamar Ryan.

- Espo, Castle está sugerindo que nos encontremos em meia hora no Old Haunt. Chame Ryan e Lanie claro – ela escutou o amigo confirmar e se despediu – ok, até mais tarde.

- Melhor abrirmos o jogo com eles, assim quando sairmos eles já estarão preparados. De certa forma, podemos nos divertir um pouco e também comemorar.

Ela franziu o cenho – Comemorar?

- Sim, temos que tirar proveito da nossa volta ao distrito, estaremos entre amigos. Resolveremos casos como parceiros, e devo acrescentar, agora em todos os sentidos e hoje tivemos um ótimo resultado. Vamos, Kate, precisamos ver o lado bom de todas as coisas...

- Só você mesmo para pensar dessa forma, Castle. Ela sorria.


The Old Haunt


Castle e Beckett já estavam no bar quando Esposito chegou acompanhado de Lanie. Após se cumprimentarem, sentaram-se à mesa e Castle logo providenciou os drinks. Estavam bebendo vodka mas Esposito preferia a cerveja. Conversavam um pouco enquanto esperavam por Ryan e a esposa. Quinze minutos depois, eles finalmente chegaram.

- Então, vocês dois, desembuchem! Afinal o que aconteceu em tão pouco tempo para vocês mudarem as decisões de vida de vocês?

- Direto ao ponto não, Ryan? O que a Gates disse a vocês?

- Disse que teríamos dois reforços temporários no distrito. Vocês precisavam ver a reação do pessoal! Eles vibravam ao saber que você estaria de volta, Beckett. A Iron Gates não gostou nada de presenciar aquilo.

- Ui! Depois do que ela já tinha enfrentado hoje não deve ter gostado mesmo.

- O que aconteceu hoje?

- Fomos ao distrito confirmar a nossa volta, se bem que é melhor começar a história do inicio. Lembra aquela vez que fomos ao distrito sem saber o que Gates e o tal chefe dos detetives queriam com a Kate? Pois é, eles falaram do motivo da demissão dela, do que aconteceu depois da saída dela do distrito com o caso da sua mãe e seu tiroteio. Eles falaram que não avançaram nas investigações mas que o caso foi reaberto e será acompanhado pessoalmente pelo Chefe dos detetives. Essa não foi a melhor parte.

- Eles convidaram você para voltar, Kate? Foi isso? Lanie perguntou. Mas Castle não deixou ela responder. Continuou contando a história de um jeito que só ele sabia fazer.

- Não!!! O chefe dos detetives fez a Iron Gates se desculpar formalmente! Vocês precisavam ver a cara dela. apertaram as mãos e sabe aquele olhar fatal da Beckett? Ela fuzilou a Gates.

Eles não se aguentavam de ver a forma como Castle contava o ocorrido e riam muito.

- Foi ai que ela convidou Beckett para voltar?

- Não, o convite partiu do Chefe. Ela com certeza estava odiando tudo aquilo. Eles fizeram a proposta e Kate disse que ia pensar.

- O que a fez mudar de ideia? Você estava tão decidida a seguir a carreira de advogada, ajudar Castle com os livros... estou surpresa mesmo Kate! Disse Lanie.

- É, eu imaginava que essa seria a reação de vocês. Surpresa. Não foi uma decisão fácil, acreditem. Eu e Castle ponderamos cada aspecto antes de tomarmos a decisão. Nós não voltamos porque essa é a minha carreira, algo que eu não possa me imaginar sem. Como já havia falado para vocês, meu foco não mudou. A polícia não é meu futuro. Continuo estudando e trabalhando com Castle. O que nos levou a voltar para o distrito foi algo um pouco mais complicado. Depois de quase morrer, fui ameaçada. Fiquei marcada. O tal Madoxx não desistiu de me caçar, eu apenas sai de cena por um tempo sei que ele virá a minha procura. Por isso aceitei voltar a NYPD, por proteção. Não que isso garanta alguma coisa, o modo como olhamos a proteção é de certa forma ilusória. Se ele quiser me enfrentar e terminar essa história, ele me achará. O chefe dos detetives ofereceu proteção e o cargo de detetive. Eu aceitei mediante algumas condições.

- É daí que vem o lance do temporário?

- Sim, assim como não estarei com 100% do meu tempo para o distrito.

- Ah, Kate. Você conta de uma maneira sem emoção! Kate fez uma série de exigências, ela dominou a conversa e hoje vi Gates quase morrer com as condições impostas. Foi sexy...

- Castle, quer parar com isso?

- Mas é verdade! Ela tirou a Gates do sério principalmente quando exigiu que eu voltasse com ela para o distrito. Ela colocou essa como a condição mandatória, inegociável. Sabe como é, ela não consegue mais viver sem mim.

Castle olhou para ela sorrindo e arqueando as sobrancelhas. Kate revirou os olhos e mesmo sorrindo discordou dele – Já tínhamos combinado todas as condições, incluindo essa. Concordamos que era uma forma de fazer Gates aprender a lição. Para ela pensar duas vezes antes de querer menosprezar alguém. Tem outro ponto, ela não é minha chefa, apenas facilitadora. Respondo diretamente ao chefe dos detetives.

Ryan e Esposito se entreolharam. Agora as coisas começavam a fazer sentido.

- Foi por isso que ela nos chamou com aquele papo de que devemos trabalhar com a Beckett mas que responderemos a ela. Deve estar com medo de perder as rédeas dentro do distrito.

- Isso ela pode ficar despreocupada. Não quero o lugar dela, nem o de ninguém. Fui bastante clara quanto a isso.

- Quanto tempo Beckett? Ryan perguntou.

- Não sei ao certo, vai depender das investigações. A condicional para deixar o 12th é a resolução do meu caso ou do da minha mãe. Em outras palavras, apenas ficarei tranquila quando souber que meu maior inimigo está atrás das grades ou morto.

Todos eles balançaram a cabeça em concordância. Castle pediu mais uma rodada de drinks e resolveu dar um tom mais animado ao assunto do dia. Imitando as falas de Gates, ele divertia os rapazes e acabava por arrancar risos de Lanie e Beckett o que renderam a ele alguns beijinhos. Entre amigos, Kate esqueceu-se de vez do peso incontestável daquele dia. Independente de quem fosse o chefe deles, ela sabia que sempre poderia contar com a lealdade de seus amigos.


XXXXXXXX


Apartamento de Castle


Cansada, Beckett foi logo trocando de roupa para se jogar na cama. O corpo moído de tensão, foi amortecido pelo álcool consumido no bar. Tudo que ela precisava agora era de um banho rápido e ficar debaixo das cobertas. Saiu do banheiro já de pijama e estranhou o fato de Castle não estar por perto. Ela estava sem disposição para descer as escadas e procurar por ele. Talvez tenha decidido escrever. Assim que deitou, o sono a dominou.

Sentiu algo puxar suas cobertas fazendo-a arrepiar por causa do vento frio. Reconheceu o aroma do perfume no ar ao mesmo tempo que recebeu um beijo na nuca. Sorrindo abriu os olhos. Ele se aninhou perto dela e falou após outro beijo no rosto.

- Nem faz uma hora que chegamos e você já está dormindo? Eu nem agi essa noite para você estar tão arrasada!

Ela virou-se para ele rindo – Oh, Castle... o dia foi bem difícil, muita pressão e adrenalina.

- Então você vai dispensar a sua dose de endorfina de hoje?

- Uma parte sim, mas isso não impede de você me dar um bom beijo de boa noite não?

Ele inclinou-se sobre ela e sorveu os lábios com vontade. As línguas se cumprimentavam como se não se encontrassem há décadas. Mesmo com o cansaço a urgência por beijos de Castle sempre a animava. Kate envolveu seus braços ao redor das costas dele e acariciava sentindo os músculos flexionarem-se aos movimentos. Ela não sabia dizer quanto tempo eles ficaram executando essa dança de braços, pernas e lábios. Ela apenas sabia dizer que por causa deles, dormira ainda mais relaxada descansando sua cabeça no peito dele.


Continua......


segunda-feira, 16 de julho de 2012

[Demily] Comic Con 2012 - Mito ou Fato?!


E mais uma Comic Con aconteceu, mais um painel de Bones e... mais uma chuva de momentos "cutes" entre David Boreanaz e Emily Deschanel. Como todo shipper que se preza aposto em vários casais. Uns eu acerto, outros quebro a cara, faz parte da vida de seriadora e shippeira.

Porém, existem certas coisas que saltam aos nossos olhos. Muitos consideram Demily um mito - coisa que colocaram na sua cabeça (e não é chifre...hum não foi bem na minha LOL). Se isso é um mito, como explicar essas fotos, essa intimidade toda? O carinho, os sorrisos, o clima? 

Se Demily não existe realmente, deveria existir! Eles formam um casal lindo e ainda não entendo como após 8 anos o DB ainda nào pediu o divórcio para ficar com esse amor de pessoa que é a Emily. 

As vezes, concordo em dizer que o momento deles passou. Casados, com filhos, estáveis. Mas então penso: porque ficar preso a algo que não te faz feliz? Porque não jogar tudo pro alto e arriscar? 

Independente da vida real, da ficção ou da simples loucura em expressar um desejo de fã, Demily viverá para os que acreditam e eles serão um dos casais mais lindos do mundo do entretenimento. 

Deliciem-se e divirtam-se com as legendas que criei para cada foto... 


"Ah, que saudade de abraça-la assim, Em..."


"Ops! Quase que nos pegam no flagra, David!"


"Falta muito pra gente sair daqui e dar uns amassos em algum camarim, David?"

 
Alguém aí sentiu cheiro de chifre queimado?! LOL....


Bjks..........


sábado, 14 de julho de 2012

[Castle Fic] Starting Over - Cap.8


Nota da Autora: Esse capítulo é de calmaria, reflexões. Nada de NC. Não é o momento. Quem sabe o próximo....enjoy! 


Cap.8             


Ao ser vista no distrito, Kate logo foi abordada por alguns ex-colegas que vieram cumprimenta-la. Queriam saber como ela estava, o que fazia e porque estava ali. Ela conversou um pouco com eles porém não revelou o motivo da sua visita ao 12th. Espo e Ryan ao ve-los, abriram logo um sorriso. Abraçaram Castle e Beckett para depois perguntar o motivo deles estarem ali.

- Vieram nos visitar? Brincou Esposito.

- Na verdade não. Estamos aqui para uma reunião que imagino ser com Gates – respondeu Beckett – vocês sabem de alguma coisa?

Os dois trocaram olhares e apenas por isso Kate deduziu que eles poderiam saber ou ao menos suspeitar de algo.

- Er...bem a gente não sabe do que se trata mas desconfiamos que seja algo a ver com o caso da sua mãe, Beckett. A Capitã não nos disse nada, apenas vimos alguns movimentos suspeitos.

Era tudo o que ela não queria ouvir, mesmo sabendo que havia essa probabilidade e desejando solucionar de vez essa história, somente em pensar sobre o arquivo ela sentia uma dor latente no peito. Ela suspirou.

- É melhor acabarmos logo com isso não Castle?

- Sim, vamos lá. Conversamos com vocês depois.

Ainda de mãos dadas, eles caminharam até a sala de Gates. Ela estava vestida como antigamente, um terninho cinza e um sobretudo para proteger-se do frio. Kate percebeu que a Capitã estava em pé de costas olhando pela janela. Havia alguém mais na sala e falava ao celular. Ela olhou para Castle buscando conforto e coragem. Ele piscou para ela e balançou a cabeça dando-lhe o incentivo para prosseguir. Beckett bateu devagar na porta e virou a maçaneta.

- Com licença, bom dia Capitã Gates.

A sua antiga superior virou-se para encara-la. Tinha o semblante preocupado, aquilo não acalmou o coração de Kate. A voz ao telefone lhe chamou a atenção e Beckett ficou surpresa ao ver o Chefe dos Detetives na sala também.

- Entre Beckett e feche a porta.

Ela obedeceu e Castle entrou logo atrás dela fechando a porta. Kate sentou-se em uma das cadeiras com Castle a seu lado e esperou. Gates lançou um olhar fuzilante para Castle. O que esse cara está fazendo aqui? Pensou. Iron Gates esperou o Chefe dos Detetives sair da ligação para se dirigir a eles.

- Tudo bem, senhor. Compreendo. Seguiremos conforme sua orientação – desligou o celular – Deteti—desculpe, é a força do hábito. Srta. Beckett, como você está?

- Estou bem, obrigada.

Gates que não estava se aguentando, percebeu que o seu acompanhante franziu o cenho ao ver Castle ali. Dessa forma, ela julgou que poderia falar o que queria.

- Posso saber o que faz aqui Sr. Castle? Até onde me lembro, a intimação era apenas no nome de Kate Beckett.

- É verdade, Capitã. Mas...

- Então sugiro que o senhor retire-se dessa sala. Não é porque estamos na minha sala que isso não seja uma audiência fechada. Por favor, não quero ter que falar mais de uma vez.

Victoria Gates tinha o olhar rígido voltado para Castle. Kate não gostou da forma como a Capitã se dirigiu ao seu namorado e levantou-se da cadeira, pegando a bolsa e já se encaminhando para a porta falou.

- Vamos Castle, acredito que não temos mesmo nada a fazer aqui.

- Beckett, espere! – era o chefe falando – Capitã, não vejo problemas em o senhor Castle estar presente. Afinal, ele assistiu a ex-detetive em vários casos desse distrito e tenho certeza que ele tem a contribuir durante a nossa conversa. Caso contrário não estaria aqui.

- Mas ele é um civil! Iremos tratar de assuntos particulares e confidenciais! Gates não se dera por vencida.

- Eu pedi que ele me acompanhasse e ele irá ficar ou essa conversa está encerrada.

Já estava de pé. Beckett peitara sua ex-superior. Nunca tivera medo dela e não seria agora que baixaria sua cabeça para a famosa Iron Gates. Novamente, o chefe interviu e amenizou a tensão visível no ambiente. Ele já imaginava que teria que agir como mediador entre as partes porém haveria um momento onde ele deveria escolher um lado da batalha e esperava sinceramente que não fosse forçado a isso.

- Tudo bem, Capitã. Ele fica. Sente-se, por gentileza Srta. Beckett.

Kate respirou fundo e obedeceu. Castle continuava a seu lado. Assumindo seu papel de condutor da audiência, ele dirigiu-se a Gates e pediu.

- Agora que já nos entendemos, podemos ir ao ponto que interessa a todos os presentes nessa sala. Cerca de seis meses atrás, quando você ainda era parte desse distrito, você se deparou com um caso parecido com seu próprio tiroteio. Você encontrou uma pista do atirador e confiando no seu instinto de detetive a seguiu. Isso quase custou sua vida novamente. Você pediu demissão. Até aqui estamos nos entendendo?

Kate concordou com a cabeça, a apreensão apenas crescia dentro dela.

- Ótimo, continuando. Após a suspensão do detetive Esposito e sua saída, a Capitã comunicou as mudanças do distrito a mim requisitando novos profissionais. Porém, eu não me dei por satisfeito e perguntei a Gates o que havia de tão importante nesse caso que causou sua demissão. Somente então, a Capitã pesquisou sobre o caso e finalmente descobriu que tudo levava-nos de volta ao assassinato de sua mãe. Requisitei uma reavaliação de provas do caso em questão e uma nova investigação sobre o seu tiroteio a Gates. Capitã, você poderia explanar a Beckett o que aconteceu depois que ela pediu demissão durante a sua avaliação?

Olhando fixamente para Beckett, Gates começou a falar – Revisei todo o caso que você investigava na época. O suposto atirador que você conheceu como Cole Maddoxx simplesmente não existe. Não tem registro no sistema, nada que pudesse nos levar a ele. Invisível a todos. É como se ele não existisse.

- Exceto que ele existe, eu mesma lutei com ele. O olhar fixo de Beckett parecia querer desafiar a Capitã.

- Como eu ia dizendo, o homem desapareceu, virou fumaça. Avaliamos todos os caminhos e possibilidades. A única coisa concreta que descobrimos ao vasculhar o prédio onde a encontramos foi alguns arquivos inúteis de Roy Montgomery e um álbum de casamento – ela puxou uma foto do arquivo sobre a mesa dela e mostrou uma foto de Montgomery com um homem mais velho a seu lado – essa foi a única foto que nos proporcionou buscar por algo mais. Esse homem tinha ligações com possivelmente casos antigos do seu Capitão. Descobrimos também que Montgomery esteve envolvido em casos escusos e isso está ligado a um outro caso, o assassinato da sua mãe.

Kate desviou o olhar de Gates para procurar Castle. Ambos estavam pensando a mesma coisa. Gates descobrira o segredo de Montgomery ou pelo menos parte dele. Castle ia abrir a boca para comentar sobre a foto mas Gates tornou a falar.
- Acredito que você já sabia disso, não? E mesmo assim, escondeu de sua superior. O homem na foto não foi encontrado.

- Sabem o nome dele? Beckett perguntou.

- Smith. Eu o conheço como Smith.

- Mesmo, Sr. Castle? – a Capitã olha para o Chefe com cara de poucos amigos – mais mentiras da parte de vocês. Interessante.

- Eu não sabia disso. Beckett replicou.

- É claro que não, só falta você dizer que também não sabia sobre Montgomery e que não descumpriu regras da NYPD. Faça-me o favor!

- Capitã! Mais respeito. Conclua.

- Acho que já falei tudo. O caso é um beco sem saída.

- E quanto ao Sr.Smith? perguntou Castle.

- Desapareceu, já disse.

- Ok, a senhora não contou nada de novo então porque me chamou aqui?

O Chefe dos detetives interviu – Tem razão Srta. Beckett. A Capitã estava apenas contando o que ela achou na investigação e tenho certeza que após ler todos esses arquivos Gates finalmente entendeu o motivo que a levou a perseguir esse suspeito até o fim e burlar regras. Ele é perigoso mas também é o elo entre o seu caso e da sua mãe.

- Ele era militar, não pode ter desaparecido. Vocês tem que entrar em contato com as forças armadas! Beckett alterara a voz, aquela conversa estava afetando-a.  

- Acredite, estamos avaliando todas as possibilidades. Eu pessoalmente reabri o caso. Sei que estamos mexendo em casa de marimbondo, garanto que vou me surpreender com o que vou encontrar. Gostaria que soubesse disso apesar de afirmar que você não chegará nem perto dele. Enquanto esse homem estiver à solta, você corre perigo de vida.

Nesse instante, a porta do gabinete se abre e ninguém menos que o prefeito de New York aparece. Beckett trocou um olhar com Castle que estava tão surpreso quanto ela agora. O Chefe dos detetives cumprimentou respeitosamente o prefeito e ele se dirigiu aos presentes.

- Desculpem pelo meu atraso, surgiu um pequeno imprevisto que me segurou no gabinete. Rick, é bom ver você. Srta. Beckett, é bom revê-la em outras circunstâncias que não seja uma investigação sobre a minha pessoa. Apesar de concordar que ainda não é uma situação ideal.

Kate concordou com ele, as coisas ficam mais estranhas a cada minuto. Ele fez um sinal para o chefe dos detetives continuar. 

- Há um outro motivo pelo qual a chamamos aqui além de atualiza-la sobre a posição da NYPD nos dois casos que tem ligação com você. Nesses quase seis meses longe do 12th, imagino que tenha descansado, reavaliado sua vida e deve estar inclusive trabalhando em algo – ele jogara verde para saber como Kate reagiria.

- Sim, estou mesmo trabalhando. Estou bem se é isso que quer saber.

Castle observou a linguagem corporal do homem a sua frente logo após a resposta de Kate. Percebeu que finalmente ele estava pronto a abrir o jogo e de certa forma, Castle já tinha uma ideia do que ele queria falar.

- Isso é muito bom. Pena que não possa dizer o mesmo desse distrito – ele olhou rapidamente para Gates e voltou sua atenção a Beckett – desde a sua saída o 12th distrito perdeu a credibilidade com a sua vizinhança, os números de crimes resolvidos caiu consideravelmente, o tempo para resolve-los aumentou, enfim todos os indicadores mostram uma decadência na performance dessa delegacia de homicídios. Infelizmente, não posso dizer a mesma coisa dos crimes na cidade de New York, estes apenas aumentam. Por esse motivo, eu chamei a Capitã no meu gabinete e dei a ela um ultimato. Três meses. Depois disso se os indicadores não melhorassem ou se ainda estivéssemos recebendo vários questionamentos da sociedade e do gabinete do prefeito, eu teria que tomar medidas mais enérgicas.

Ele parou por um momento para observar as reações na sala. O momento era tenso por mais brando que ele tentasse conduzir a conversa. Castle reparou na mudança no semblante de Beckett. Estava apreensiva. O chefe continuou.

- O tempo da Capitã acabou. Portanto, Gates tem algo a dizer a você.

Contrariada, Gates olhou para Beckett e falou – Em nome do 12th distrito da NYPD, eu apresento minhas desculpas oficiais por não ter dado a você, o direito de resposta. Por ter acusado-a de ser uma vergonha para este distrito.

Beckett estava perplexa. Não esperava por isso vindo de Gates, mesmo que tenha sido obrigada a fazer esse gesto, ela podia imaginar como a oficial estava se sentindo. Sem saber o que dizer, Beckett permaneceu calada. Mal sabia que ainda ficaria mais surpresa. O chefe dos detetives tomou a palavra.

- Muito bem, em nome do distrito e da policia de New York, eu gostaria de oferecer a você Kate Beckett o posto de detetive sênior desta unidade. Pode parecer algo oferecido de supetão a você, saiba que não é o caso. Você é a melhor detetive que esse distrito já teve, será uma honra tê-la trabalhando de volta conosco.

Kate tentava abrir a boca e dizer algo, as palavras simplesmente não saiam. Isso não podia estar acontecendo. Ela sentiu o suor escorrer pelas costas tamanho era o seu nervosismo. O chefe dos detetives não esperava uma resposta imediata e nem sequer um sorriso. Tinha consciência da decisão que estava ofertando a mulher a sua frente. Castle viu ela se remexer na cadeira. Queria pegar sua mão, lembra-la que estava ali ao seu lado, trazer um pouco de conforto a confusão que ele via forma-se em seu rosto. Contudo, não poderia. Principalmente na frente de Gates, qualquer ação dele poderia ser considerada inapropriada naquele momento. 

- Você não precisa responder agora. Terá o tempo que precisar para pensar. De certa maneira, a decisão que tem em suas mãos é tão grande ou até maior do que aquela que você tomou a seis meses atrás quando entregou seu distintivo à Capitã. Faça a sua oferta, não mediremos esforços. Talvez se estivesse no meu lugar estaria pensando em me oferecer uma nova identidade, proteção. Mudar de cidade, de vida. Coloca-la dentro do programa de proteção à testemunha, Kate. Infelizmente, mesmo com todos os cuidados ainda prefiro você por perto, sob a vigilância da polícia. Não vou negar que você é importante para nós como profissional. Se você aceitar voltar a NYPD, poderá contar comigo pessoalmente e com toda a proteção que pudermos lhe dar. Em nome do estado de New York, quero expressar o quanto você será bem-vinda. Você tem uma escolha difícil a fazer. Pense e volte a nos procurar quando tiver sua resposta. Eu estou disposto a negociar e tenho carta branca. O prefeito pessoalmente me apoia, espera sua decisão e entenderá qualquer que esta seja.

- Srta. Beckett, antes mesmo de você trabalhar diretamente em um caso me investigando, já observava e admirava seu trabalho. Você era uma das nossas melhores detetives. Gostaria de poder dizer que a oferta é irrecusável porém sei que tudo dependerá de você. Caso aceite voltar a se juntar a nossa força, será um prazer recebe-la. Independente da sua decisão, Srta.Beckett, você já é um orgulho para essa cidade.   

Kate tentava sentir-se confortável com tudo que ouvira até ali, infelizmente apenas um sentimento definia tudo o que sentia: confusão. O chefe dos detetives ainda a observava, ele a fitou por uns instantes e suspirou resignado. Apostara todas as suas fichas.

- Creio que já falei o bastante por hoje. Terminamos por aqui. Vá pra casa, pense. Você tem muito a digerir dessa conversa. Quando estiver preparada para nos dar a resposta, contate a Capitã. Ela me procurará.

Ele se aproximou de Beckett e ergueu a mão para cumprimenta-la. Tinha um sorriso singelo no canto dos lábios. Beckett levantou-se e retribuiu o cumprimento. Kate reparou que o detetive olhou disfarçadamente para Gates. Beckett entendera o recado e se antecipou para estender a mão à Capitã. O rosto de Kate não demonstrava sequer uma reação ou expressão de superioridade. Apenas um olhar fixo enquanto sua mão apertava firmemente a de Gates. Porém, Castle conhecia muito bem esse olhar. Beckett fuzilava a Capitã.

Castle cumprimentou o homem a sua frente que retribuiu o gesto. – Sr. Castle.

Foi então a vez do prefeito cumprimentar Beckett. Ele estendeu a mão a ela com um sorriso sincero. Disse que os acompanharia até a saída e precisava sair imediatamente para uma reunião.

Kate virou-se em direção à porta e tão elegante quanto entrara, ela deixou a sala de Gates da mesma forma. Por dentro, apenas ela sabia exatamente o que estava sentindo. Queria sumir dali. Evaporar da face da terra, tal qual seu algoz. Ela não olhou para trás e a passos largos seguiu diretamente para o elevador. Castle teve que correr para alcança-la. Antes porém, foi detido pelo prefeito.

- Rick, você acha que ela vai aceitar?

- Sinceramente? Não sei. E antes que você me peça, eu respondo. Não irei influencia-la. A decisão é dela. Obviamente, vocês não sabem o que tudo isso significou para ela. Talvez nunca saberão. Até qualquer dia. Castle estava chateado com tudo isso.

- Ela corre perigo, Rick. Sua vida está em jogo.

- Acho que todos temos ciência disso, Sr. Prefeito. Não precisamos que nos lembre, especialmente dessa maneira.

E Castle saiu apressado para alcança-la. Na sala de Gates, o clima ainda era pesado. Finalmente, o Chefe dos detetives se deu ao luxo de relaxar um pouco, passando as mãos na cabeça e suspirando alto.

- Está feito. Agora nos resta esperar.

- Ainda acho que você foi muito dramático. Não precisava aquele teatro todo, proteção à testemunha? Faça-me o favor!

- Você realmente não entende hein, Victoria?  Não se trata de um jogo de poder entre você e seus detetives. Ou de perder a moral diante de um possível sinal positivo de Beckett para retornar ao 12th. Trata-se de desvendar uma cadeia de corrupção que se iniciou a mais de 15 anos atrás. Uma rede de podridão que envolve não apenas policiais ou militares mas o alto escalão do governo americano. Johanna Beckett se deparou com algo grande que a matou. Assim como ela, outros tantos. Kate Beckett é o novo alvo e talvez a nossa única chance de desvendar quem realmente está comandando esse esquema.

- Então, é isso que ela é? Sua isca?

- Não. Beckett é nosso elo de ligação, ela achou a prova mais concreta desse esquema que tivemos até hoje. O tal Madoxx. Ele virá atrás dela. Quero-a sobre minha proteção. Ela nunca será vista como isca ou vitima. Ela é uma profissional competente e determinada. A melhor detetive que já vi em ação em muito tempo. Caso ela volte a NYPD, não tente travar uma batalha com ela. Não se imponha. Ela não é sua inimiga. Faça dela sua aliada. Se isso não  acontecer, terei que tomar certas providências que não gostaria. A corrente sempre arrebenta do lado mais fraco, Gates. E nesse caso, fraqueza não é uma questão de cargo hierárquico e sim de importância na visão mais ampla da situação.

Gates engoliu em seco. – E se ela não aceitar voltar?

- Então teremos dois problemas. Um nesse distrito e outro fora dele. De qualquer maneira, a protegeremos. Para nossa segurança e reputação, é melhor que ela volte. Pelo pouco que conheço da sua personalidade, ela ficará balançada. Acredito que voltará. Talvez faça mais exigências. Isso não importa.

Gates ainda não se dera por vencida. Aquilo certamente a afetaria. – Acredito que deva sim considerar uma resposta negativa de Beckett.

- Como expliquei antes o “não” dela não é uma opção. Nesse caso, oremos pelo sim.    

Ele se levantou e caminhou para a porta. Antes de sair, ele voltou-se para ela.

- Você é uma mulher inteligente, Victoria. Sei que saberá como deve proceder nessa situação. Tenha um bom dia.

E deixou Gates com um ar indignado parada no meio da sala.


XXXXXXX


Durante o caminho de casa, Beckett não emitiu uma opinião, uma palavra sequer. Castle também não forçou. Foram muitas informações de uma única vez, até ele estava ainda zonzo com tudo que ouvira, logo podia imaginar a confusão que se passava na mente de Beckett. Ele observou que ela estava se segurando para não deixar se vencer pelas lágrimas. Procurava manter-se forte. A teimosia e a determinação em expressar coragem e resiliência eram características dela que ele simplesmente amava. Ele estacionou o carro e subiram ainda calados até o apartamento dele. Assim que a porta se fechou, Beckett tirou o casaco e jogou sobre o sofá. Virou-se para fita-lo e percebeu que o semblante dele demonstrava todo o apoio que ela precisava.

Impulsivamente, ela correu até ele e o abraçou deixando as lágrimas finalmente verterem sobre o rosto. Ele a principio não falou nada, apenas abraçava-a e acariciava seus cabelos na intenção de conforta-la. Ela o apertava contra seu corpo como se não pudesse larga-lo e começou a balbuciar algumas coisas no ouvido dele.

- Porque... de novo... não posso...

- Hey, gorgeous, está tudo bem.

Ele a conduziu até o sofá. Acomodou-a em seus braços. Kate olhava seriamente para ele. Queria falar mas não sabia como começar. Um misto grande de emoções povoavam sua mente naquele momento. Tentando coordenar os pensamentos, ela falou.

- Eu ainda não acredito no que ouvi, Castle.

- Que parte?

- Tudo! A investigação reaberta, o perigo contra mim ainda mais eminente. Gates. Como ela é capaz de encenar um pedido de desculpas? Aquilo não foi nem de longe sincero, nós dois sabemos disso. Quando ela quis te expulsar da sala, eu queria voar no pescoço dela!

Agora ela estava irritada, isso era melhor na visão de Castle. Sabia que ela passaria a avaliar a situação de maneira diferente.

- Mas não voou. Mesmo assim, obrigado pelo pensamento em me defender. Justamente por causa do que estava em jogo, engoli certas reações ali naquela sala. Eles a querem de volta, Kate. E para mim ficou bem evidente que a opinião de Gates pouco importa.

- Castle eu não pensava em voltar. NYPD era um capítulo encerrado na minha vida. Estava bem, trabalhando com você, estudando. Porque eles tinham que fazer isso agora? Roubar minha paz, minha estabilidade. Trazer esses casos à tona. Nós estamos bem, juntos. Não precisávamos disso.

Ele segurou a mão dela e olhou diretamente naqueles olhos verdes que nesse momento ainda demonstravam insegurança. Ele não influenciaria na decisão dela, não gostaria de ver Kate Beckett, a mulher que ele tanto ama, se perder numa saga que provavelmente a colocaria na linha do inimigo, ele não resistira uma vez e certamente não resistiria agora que se acostumara a tê-la por perto, que provara de seu amor. Se ele não fosse uma pessoa tão correta, se ele não a conhecesse tão bem, poderia tê-la persuadido talvez com uma mentira. Porém, esse não era Rick Castle e ele jurara nunca mais mentir para ela. Justamente por amá-la tanto, ele queria dar a ela o benefício da dúvida.

- Kate, concordo que não precisávamos disso. Não queríamos isso. Não tiro a razão deles em te procurar. Você é sim a melhor detetive daquele lugar. Eles consideram um erro o seu pedido de demissão. Provavelmente concordam que Gates deveria tê-la impedido de ir embora. Na verdade, já deixaram claro que não apoiarão a Capitã. Você tem novamente uma decisão difícil a tomar. Uma decisão que cabe somente a você. Eu não irei opinar. Está em suas mãos.

Beckett olhava para ele. Pela primeira vez, ela julgou que Castle estava errado. Ela não tomaria essa decisão sozinha. Não era assim que as coisas funcionavam agora.

- Você está errado, Castle. Não tomarei qualquer decisão sozinha, não quando as consequências dela afetarem a nós dois. Estamos juntos e estamos falando das nossas vidas. É algo mútuo. Deve funcionar para os dois. Gosto da nossa vida como ela é hoje, gosto de escrever com você, quero advogar, isso não mudou. Por outro lado... até o dia de hoje eu não pensara sobre essa possibilidade de voltar a NYPD. Apesar dos perigos, eu gostava do meu trabalho de detetive.

- Kate, seu trabalho era sua vida tempos atrás, hoje já não tenho tanta certeza.

- Você ouviu a eles. Ambos sabemos que estou correndo perigo. A polícia seria uma maneira de me manter segura, ao mesmo tempo, também pode me atirar diretamente na cova dos leões. Eles estão contando comigo, com a minha volta. Eu não sei o que pensar, Castle...

- Tudo bem, você não precisa avaliar tudo agora. Há muito o que ponderar. Você não pode considerar em responder ou aceitar por eles. Você deve se perguntar o que Kate Beckett que, o que ela está disposta a fazer.

- O que nós estamos dispostos a fazer. Frisou ela.

- De qualquer forma, não precisa ser agora. Vamos subir...

- Não, Castle. Preciso ao menos avaliar um pouco minhas opções caso contrario esse pensamento não vai me deixar em paz. Me ajude a entender o cenário, por favor.

Ele sabia que ela não sossegaria sem antes fazer isso. Era o espírito de entrega total que a deixava assim. Levantou-se do sofá e estendeu a mão para ela. Guiou-a até o escritório. Ligou o computador e transferiu para o telão um arquivo de editor com duas palavras chaves: prós e contras.

- Vamos falar sobre isso então. Quais são os prós da decisão, Kate?

- Proteção.

- Contra?

- Gates.

- Outro pró?

- Gosto de investigar. Contra a perseguição. Poderia investigar mais abertamente o caso da minha mãe.

- Contra isso teríamos o que?

- Eu poderia me deixar levar para um beco sem saída, isso poderia me consumir. Não quero perder você, não quero deixar de estudar, não quero passar quase todas as horas do dia numa delegacia. Está tudo errado, Castle. A lista de contras será sempre maior que a de prós. Eu levei muito tempo para desistir do meu distintivo, descobri um outro mundo, uma vida onde eu me reinventei com você. Não posso abrir mão disso. E ainda tenho que encarar a Capitã. Sempre esperando por um deslize para me crucificar e não é somente isso, ficaria longe de você e como ficaria nosso relacionamento e...

Ele se aproximou dela e tomou suas mãos levando a altura do peito. Sorriu para ela.

- Esqueça a lista de prós e contras. Apenas tente responder a pergunta. O que você quer, Kate?

- Não sei ao certo. Parte de mim gostaria de voltar a NYPD, a outra parte não quer deixar a nova vida que descobri a seu lado. Quero continuar estudando. Nada parece ser simples depois dessa noticia.

- E porque não ter o melhor dos dois mundos? Eu sei que você gosta de ser a detetive, Kate. É parte de quem você é. Esqueça o que Gates pode fazer. Se você não percebeu, a opinião dela não importa. Eles pediram uma proposta, estão dispostos a negociar. Sendo assim, se pergunte mais uma vez, o que você quer?

- Não quero fazer isso sem você, nem sei se posso. Porém, não é justo te arrastar comigo para a linha de frente do perigo.

- Hey, eu iria de bom grado onde você fosse.

- Tenho medo de sucumbir, Castle. Voltar a ficar paranoica, esquecer tudo o que importa realmente para mim.

- Você não precisa fazer isso. Tente encarar apenas o trabalho de detetive, esqueça o que está por trás disso. Não preciso dizer a você que temo pela sua segurança, Smith me disse do que esses caras são capazes, você mesma experimentou a ira deles. Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que isso tudo é simples. Perder você depois de tudo o que passamos está absolutamente fora de questão. Apoiarei qualquer que seja sua decisão, Kate unicamente porque eu te amo. Eu disse uma vez e repito. Estou ao seu lado, em tudo. Nós iremos enfrentar o que vier juntos.

Ele beijou-lhe os lábios tentando dar a ela uma certa segurança. Finalmente, ela exibiu um sorriso. Suspirou. As palavras de Castle pareciam ter reavivado nela uma coragem que havia perdido ao longo do dia.

- Porque você tem que ser tão encantador? Mesmo diante de tudo isso...

- Apenas sou o reflexo do que você me faz, Kate. Vem, vamos ocupar nossa mente com algo mais interessante.  

Ela não pode resistir. Puxou-o para junto de si e o beijou apaixonadamente. Não sabia ainda o que faria. Castle estava ali apoiando-a, saber disso a acalmava. Precisava pensar mais a respeito do que faria. Não iria decidir sua vida em uma tarde. Sinceramente não tinha pressa.

Castle a arrastou para os Hamptons. Estar distante da cidade poderia ajuda-la a relaxar e ponderar as próprias ideias. Estava anoitecendo quando ele chegou em casa com o jantar. Não a encontrou na sala. Depois de procura-la pela casa, encontrou-a na varanda do quarto vestindo apenas um roupão. Ela observava o mar, estava perdida em pensamentos. Os cabelos apesar de presos de maneira desordenada num coque improvisado, teimavam em escapar balançando com o vento. Era a imagem da perfeição.

Castle ainda se perguntava como alguém poderia ser tão encantadora e obtusa ao mesmo tempo, tão atraente. Uma musa realmente. Sua musa. Ele se aproximou e abraçou-a pela cintura beijando-lhe o rosto e apoiando o queixo no ombro dela. Kate passou as mãos pelos braços dele indo entrelaça-las as dele. Um sorriso iluminado apareceu em seu rosto. As ondas quebravam na praia lentamente, quase que preguiçosas. A lua estava encoberta por parcas nuvens. Olhar para tudo aquilo trazia uma sensação de plenitude tão profunda e apenas se tornava ainda mais especial pela presença dele ali, envolvendo-a. Ela virou-se para ele, pousou as mãos no peito dele. Seu olhar encontrou o de Castle. Ela roçou a ponta do nariz a dele. Um sorriso formou-se nos lábios dela antes de pronunciar as palavras.

- Eu não quero perder o que temos. Não quero esquecer esses seis meses. Quero uma vida inteira, Castle. Com você. Não posso abrir mão do que construímos e do que ainda podemos vivenciar. Simplesmente não posso me ver novamente em uma situação onde eu seja obrigada a te fazer sofrer, me fazer sofrer.

- Então não se coloque nessa situação. Se a quiser evitar, eu entenderei. Não precisa ser assim, se julgar que precisa voltar, que assim seja. Apenas ponha uma única coisa na sua mente. Não perderemos nada. Continuaremos a ser quem somos. Não importa a decisão.

Ela deixou a mão deslizar por dentro da camisa dele enquanto se perdia nos lábios dele. Castle desatou o roupão puxando-a pela cintura para diminuir a distância entre seus corpos. O jantar podia esperar, naquele momento ele somente queria sua musa, queria Kate e mais nada.


XXXXXXX         


Quatro dias depois, ela chegara em casa vinda de Columbia. Acabava de matricular-se no curso sugerido por Alexis. Castle não estava em casa. Tinha uma reunião com sua editora. Ela ligou a cafeteira e serviu-se de um café fresquinho. Sentou-se no sofá e saboreou os primeiros goles do café. Na noite anterior, ela discutira a sua ideia com Castle. Juntos eles concordaram em como prosseguir. A decisão estava tomada, era chegada a hora de comunica-la aos interessados.

Beckett pegou o celular e discou o número da central. Um minuto depois, ela ouviu a voz de Gates do outro lado da ligação.

- Capitã Gates, Kate Beckett. Já tenho a sua resposta. Quando poderei apresenta-la?

- Irei verificar Beckett. Acredito que amanhã mesmo. Deixe-me fazer uma ligação, pode aguardar na linha?

- Eu aguardo. Cinco minutos depois, Gates retornava a linha com a resposta.

- Beckett, esteja em minha sala amanhã às 9h da manhã.

- Ok, estarei. E desligou o celular.

Estava feito. Amanhã Kate Beckett revelaria a sua decisão. Ela certamente sabia que não agradaria a todos.  


Continua.....