Nota da Autora: Esse capítulo é de calmaria, reflexões. Nada de NC. Não é o momento. Quem sabe o próximo....enjoy!
Cap.8
Ao
ser vista no distrito, Kate logo foi abordada por alguns ex-colegas que vieram
cumprimenta-la. Queriam saber como ela estava, o que fazia e porque estava ali.
Ela conversou um pouco com eles porém não revelou o motivo da sua visita ao
12th. Espo e Ryan ao ve-los, abriram logo um sorriso. Abraçaram Castle e
Beckett para depois perguntar o motivo deles estarem ali.
-
Vieram nos visitar? Brincou Esposito.
-
Na verdade não. Estamos aqui para uma reunião que imagino ser com Gates –
respondeu Beckett – vocês sabem de alguma coisa?
Os
dois trocaram olhares e apenas por isso Kate deduziu que eles poderiam saber ou
ao menos suspeitar de algo.
-
Er...bem a gente não sabe do que se trata mas desconfiamos que seja algo a ver
com o caso da sua mãe, Beckett. A Capitã não nos disse nada, apenas vimos
alguns movimentos suspeitos.
Era
tudo o que ela não queria ouvir, mesmo sabendo que havia essa probabilidade e
desejando solucionar de vez essa história, somente em pensar sobre o arquivo
ela sentia uma dor latente no peito. Ela suspirou.
-
É melhor acabarmos logo com isso não Castle?
-
Sim, vamos lá. Conversamos com vocês depois.
Ainda
de mãos dadas, eles caminharam até a sala de Gates. Ela estava vestida como
antigamente, um terninho cinza e um sobretudo para proteger-se do frio. Kate
percebeu que a Capitã estava em pé de costas olhando pela janela. Havia alguém
mais na sala e falava ao celular. Ela olhou para Castle buscando conforto e
coragem. Ele piscou para ela e balançou a cabeça dando-lhe o incentivo para prosseguir.
Beckett bateu devagar na porta e virou a maçaneta.
-
Com licença, bom dia Capitã Gates.
A
sua antiga superior virou-se para encara-la. Tinha o semblante preocupado,
aquilo não acalmou o coração de Kate. A voz ao telefone lhe chamou a atenção e
Beckett ficou surpresa ao ver o Chefe dos Detetives na sala também.
-
Entre Beckett e feche a porta.
Ela
obedeceu e Castle entrou logo atrás dela fechando a porta. Kate sentou-se em
uma das cadeiras com Castle a seu lado e esperou. Gates lançou um olhar
fuzilante para Castle. O que esse cara está fazendo aqui? Pensou. Iron Gates
esperou o Chefe dos Detetives sair da ligação para se dirigir a eles.
-
Tudo bem, senhor. Compreendo. Seguiremos conforme sua orientação – desligou o
celular – Deteti—desculpe, é a força do hábito. Srta. Beckett, como você está?
-
Estou bem, obrigada.
Gates
que não estava se aguentando, percebeu que o seu acompanhante franziu o cenho
ao ver Castle ali. Dessa forma, ela julgou que poderia falar o que queria.
-
Posso saber o que faz aqui Sr. Castle? Até onde me lembro, a intimação era
apenas no nome de Kate Beckett.
-
É verdade, Capitã. Mas...
-
Então sugiro que o senhor retire-se dessa sala. Não é porque estamos na minha
sala que isso não seja uma audiência fechada. Por favor, não quero ter que
falar mais de uma vez.
Victoria
Gates tinha o olhar rígido voltado para Castle. Kate não gostou da forma como a
Capitã se dirigiu ao seu namorado e levantou-se da cadeira, pegando a bolsa e
já se encaminhando para a porta falou.
-
Vamos Castle, acredito que não temos mesmo nada a fazer aqui.
-
Beckett, espere! – era o chefe falando – Capitã, não vejo problemas em o senhor
Castle estar presente. Afinal, ele assistiu a ex-detetive em vários casos desse
distrito e tenho certeza que ele tem a contribuir durante a nossa conversa.
Caso contrário não estaria aqui.
-
Mas ele é um civil! Iremos tratar de assuntos particulares e confidenciais!
Gates não se dera por vencida.
-
Eu pedi que ele me acompanhasse e ele irá ficar ou essa conversa está
encerrada.
Já
estava de pé. Beckett peitara sua ex-superior. Nunca tivera medo dela e não
seria agora que baixaria sua cabeça para a famosa Iron Gates. Novamente, o
chefe interviu e amenizou a tensão visível no ambiente. Ele já imaginava que
teria que agir como mediador entre as partes porém haveria um momento onde ele
deveria escolher um lado da batalha e esperava sinceramente que não fosse
forçado a isso.
-
Tudo bem, Capitã. Ele fica. Sente-se, por gentileza Srta. Beckett.
Kate
respirou fundo e obedeceu. Castle continuava a seu lado. Assumindo seu papel de
condutor da audiência, ele dirigiu-se a Gates e pediu.
-
Agora que já nos entendemos, podemos ir ao ponto que interessa a todos os presentes
nessa sala. Cerca de seis meses atrás, quando você ainda era parte desse
distrito, você se deparou com um caso parecido com seu próprio tiroteio. Você
encontrou uma pista do atirador e confiando no seu instinto de detetive a
seguiu. Isso quase custou sua vida novamente. Você pediu demissão. Até aqui
estamos nos entendendo?
Kate
concordou com a cabeça, a apreensão apenas crescia dentro dela.
-
Ótimo, continuando. Após a suspensão do detetive Esposito e sua saída, a Capitã
comunicou as mudanças do distrito a mim requisitando novos profissionais.
Porém, eu não me dei por satisfeito e perguntei a Gates o que havia de tão
importante nesse caso que causou sua demissão. Somente então, a Capitã
pesquisou sobre o caso e finalmente descobriu que tudo levava-nos de volta ao
assassinato de sua mãe. Requisitei uma reavaliação de provas do caso em questão
e uma nova investigação sobre o seu tiroteio a Gates. Capitã, você poderia
explanar a Beckett o que aconteceu depois que ela pediu demissão durante a sua
avaliação?
Olhando
fixamente para Beckett, Gates começou a falar – Revisei todo o caso que você
investigava na época. O suposto atirador que você conheceu como Cole Maddoxx
simplesmente não existe. Não tem registro no sistema, nada que pudesse nos
levar a ele. Invisível a todos. É como se ele não existisse.
-
Exceto que ele existe, eu mesma lutei com ele. O olhar fixo de Beckett parecia
querer desafiar a Capitã.
-
Como eu ia dizendo, o homem desapareceu, virou fumaça. Avaliamos todos os
caminhos e possibilidades. A única coisa concreta que descobrimos ao vasculhar
o prédio onde a encontramos foi alguns arquivos inúteis de Roy Montgomery e um
álbum de casamento – ela puxou uma foto do arquivo sobre a mesa dela e mostrou
uma foto de Montgomery com um homem mais velho a seu lado – essa foi a única
foto que nos proporcionou buscar por algo mais. Esse homem tinha ligações com
possivelmente casos antigos do seu Capitão. Descobrimos também que Montgomery
esteve envolvido em casos escusos e isso está ligado a um outro caso, o
assassinato da sua mãe.
Kate
desviou o olhar de Gates para procurar Castle. Ambos estavam pensando a mesma coisa.
Gates descobrira o segredo de Montgomery ou pelo menos parte dele. Castle ia
abrir a boca para comentar sobre a foto mas Gates tornou a falar.
-
Acredito que você já sabia disso, não? E mesmo assim, escondeu de sua superior.
O homem na foto não foi encontrado.
-
Sabem o nome dele? Beckett perguntou.
-
Smith. Eu o conheço como Smith.
-
Mesmo, Sr. Castle? – a Capitã olha para o Chefe com cara de poucos amigos –
mais mentiras da parte de vocês. Interessante.
-
Eu não sabia disso. Beckett replicou.
-
É claro que não, só falta você dizer que também não sabia sobre Montgomery e
que não descumpriu regras da NYPD. Faça-me o favor!
-
Capitã! Mais respeito. Conclua.
-
Acho que já falei tudo. O caso é um beco sem saída.
-
E quanto ao Sr.Smith? perguntou Castle.
-
Desapareceu, já disse.
-
Ok, a senhora não contou nada de novo então porque me chamou aqui?
O
Chefe dos detetives interviu – Tem razão Srta. Beckett. A Capitã estava apenas
contando o que ela achou na investigação e tenho certeza que após ler todos
esses arquivos Gates finalmente entendeu o motivo que a levou a perseguir esse
suspeito até o fim e burlar regras. Ele é perigoso mas também é o elo entre o
seu caso e da sua mãe.
-
Ele era militar, não pode ter desaparecido. Vocês tem que entrar em contato com
as forças armadas! Beckett alterara a voz, aquela conversa estava afetando-a.
-
Acredite, estamos avaliando todas as possibilidades. Eu pessoalmente reabri o
caso. Sei que estamos mexendo em casa de marimbondo, garanto que vou me
surpreender com o que vou encontrar. Gostaria que soubesse disso apesar de
afirmar que você não chegará nem perto dele. Enquanto esse homem estiver à
solta, você corre perigo de vida.
Nesse
instante, a porta do gabinete se abre e ninguém menos que o prefeito de New
York aparece. Beckett trocou um olhar com Castle que estava tão surpreso quanto
ela agora. O Chefe dos detetives cumprimentou respeitosamente o prefeito e ele
se dirigiu aos presentes.
-
Desculpem pelo meu atraso, surgiu um pequeno imprevisto que me segurou no
gabinete. Rick, é bom ver você. Srta. Beckett, é bom revê-la em outras
circunstâncias que não seja uma investigação sobre a minha pessoa. Apesar de
concordar que ainda não é uma situação ideal.
Kate
concordou com ele, as coisas ficam mais estranhas a cada minuto. Ele fez um
sinal para o chefe dos detetives continuar.
-
Há um outro motivo pelo qual a chamamos aqui além de atualiza-la sobre a
posição da NYPD nos dois casos que tem ligação com você. Nesses quase seis meses
longe do 12th, imagino que tenha descansado, reavaliado sua vida e deve estar
inclusive trabalhando em algo – ele jogara verde para saber como Kate reagiria.
-
Sim, estou mesmo trabalhando. Estou bem se é isso que quer saber.
Castle
observou a linguagem corporal do homem a sua frente logo após a resposta de
Kate. Percebeu que finalmente ele estava pronto a abrir o jogo e de certa
forma, Castle já tinha uma ideia do que ele queria falar.
-
Isso é muito bom. Pena que não possa dizer o mesmo desse distrito – ele olhou
rapidamente para Gates e voltou sua atenção a Beckett – desde a sua saída o
12th distrito perdeu a credibilidade com a sua vizinhança, os números de crimes
resolvidos caiu consideravelmente, o tempo para resolve-los aumentou, enfim
todos os indicadores mostram uma decadência na performance dessa delegacia de
homicídios. Infelizmente, não posso dizer a mesma coisa dos crimes na cidade de
New York, estes apenas aumentam. Por esse motivo, eu chamei a Capitã no meu
gabinete e dei a ela um ultimato. Três meses. Depois disso se os indicadores
não melhorassem ou se ainda estivéssemos recebendo vários questionamentos da
sociedade e do gabinete do prefeito, eu teria que tomar medidas mais enérgicas.
Ele
parou por um momento para observar as reações na sala. O momento era tenso por
mais brando que ele tentasse conduzir a conversa. Castle reparou na mudança no
semblante de Beckett. Estava apreensiva. O chefe continuou.
-
O tempo da Capitã acabou. Portanto, Gates tem algo a dizer a você.
Contrariada,
Gates olhou para Beckett e falou – Em nome do 12th distrito da NYPD, eu
apresento minhas desculpas oficiais por não ter dado a você, o direito de
resposta. Por ter acusado-a de ser uma vergonha para este distrito.
Beckett
estava perplexa. Não esperava por isso vindo de Gates, mesmo que tenha sido
obrigada a fazer esse gesto, ela podia imaginar como a oficial estava se
sentindo. Sem saber o que dizer, Beckett permaneceu calada. Mal sabia que ainda
ficaria mais surpresa. O chefe dos detetives tomou a palavra.
-
Muito bem, em nome do distrito e da policia de New York, eu gostaria de
oferecer a você Kate Beckett o posto de detetive sênior desta unidade. Pode
parecer algo oferecido de supetão a você, saiba que não é o caso. Você é a
melhor detetive que esse distrito já teve, será uma honra tê-la trabalhando de
volta conosco.
Kate
tentava abrir a boca e dizer algo, as palavras simplesmente não saiam. Isso não
podia estar acontecendo. Ela sentiu o suor escorrer pelas costas tamanho era o
seu nervosismo. O chefe dos detetives não esperava uma resposta imediata e nem
sequer um sorriso. Tinha consciência da decisão que estava ofertando a mulher a
sua frente. Castle viu ela se remexer na cadeira. Queria pegar sua mão,
lembra-la que estava ali ao seu lado, trazer um pouco de conforto a confusão
que ele via forma-se em seu rosto. Contudo, não poderia. Principalmente na
frente de Gates, qualquer ação dele poderia ser considerada inapropriada
naquele momento.
-
Você não precisa responder agora. Terá o tempo que precisar para pensar. De
certa maneira, a decisão que tem em suas mãos é tão grande ou até maior do que
aquela que você tomou a seis meses atrás quando entregou seu distintivo à
Capitã. Faça a sua oferta, não mediremos esforços. Talvez se estivesse no meu lugar
estaria pensando em me oferecer uma nova identidade, proteção. Mudar de cidade,
de vida. Coloca-la dentro do programa de proteção à testemunha, Kate.
Infelizmente, mesmo com todos os cuidados ainda prefiro você por perto, sob a
vigilância da polícia. Não vou negar que você é importante para nós como
profissional. Se você aceitar voltar a NYPD, poderá contar comigo pessoalmente
e com toda a proteção que pudermos lhe dar. Em nome do estado de New York,
quero expressar o quanto você será bem-vinda. Você tem uma escolha difícil a
fazer. Pense e volte a nos procurar quando tiver sua resposta. Eu estou
disposto a negociar e tenho carta branca. O prefeito pessoalmente me apoia,
espera sua decisão e entenderá qualquer que esta seja.
-
Srta. Beckett, antes mesmo de você trabalhar diretamente em um caso me
investigando, já observava e admirava seu trabalho. Você era uma das nossas
melhores detetives. Gostaria de poder dizer que a oferta é irrecusável porém
sei que tudo dependerá de você. Caso aceite voltar a se juntar a nossa força,
será um prazer recebe-la. Independente da sua decisão, Srta.Beckett, você já é
um orgulho para essa cidade.
Kate
tentava sentir-se confortável com tudo que ouvira até ali, infelizmente apenas
um sentimento definia tudo o que sentia: confusão. O chefe dos detetives ainda
a observava, ele a fitou por uns instantes e suspirou resignado. Apostara todas
as suas fichas.
-
Creio que já falei o bastante por hoje. Terminamos por aqui. Vá pra casa,
pense. Você tem muito a digerir dessa conversa. Quando estiver preparada para
nos dar a resposta, contate a Capitã. Ela me procurará.
Ele
se aproximou de Beckett e ergueu a mão para cumprimenta-la. Tinha um sorriso
singelo no canto dos lábios. Beckett levantou-se e retribuiu o cumprimento. Kate
reparou que o detetive olhou disfarçadamente para Gates. Beckett entendera o
recado e se antecipou para estender a mão à Capitã. O rosto de Kate não demonstrava
sequer uma reação ou expressão de superioridade. Apenas um olhar fixo enquanto sua
mão apertava firmemente a de Gates. Porém, Castle conhecia muito bem esse
olhar. Beckett fuzilava a Capitã.
Castle
cumprimentou o homem a sua frente que retribuiu o gesto. – Sr. Castle.
Foi
então a vez do prefeito cumprimentar Beckett. Ele estendeu a mão a ela com um
sorriso sincero. Disse que os acompanharia até a saída e precisava sair
imediatamente para uma reunião.
Kate
virou-se em direção à porta e tão elegante quanto entrara, ela deixou a sala de
Gates da mesma forma. Por dentro, apenas ela sabia exatamente o que estava
sentindo. Queria sumir dali. Evaporar da face da terra, tal qual seu algoz. Ela
não olhou para trás e a passos largos seguiu diretamente para o elevador.
Castle teve que correr para alcança-la. Antes porém, foi detido pelo prefeito.
-
Rick, você acha que ela vai aceitar?
-
Sinceramente? Não sei. E antes que você me peça, eu respondo. Não irei
influencia-la. A decisão é dela. Obviamente, vocês não sabem o que tudo isso
significou para ela. Talvez nunca saberão. Até qualquer dia. Castle estava
chateado com tudo isso.
-
Ela corre perigo, Rick. Sua vida está em jogo.
-
Acho que todos temos ciência disso, Sr. Prefeito. Não precisamos que nos lembre,
especialmente dessa maneira.
E
Castle saiu apressado para alcança-la. Na sala de Gates, o clima ainda era
pesado. Finalmente, o Chefe dos detetives se deu ao luxo de relaxar um pouco,
passando as mãos na cabeça e suspirando alto.
-
Está feito. Agora nos resta esperar.
-
Ainda acho que você foi muito dramático. Não precisava aquele teatro todo,
proteção à testemunha? Faça-me o favor!
-
Você realmente não entende hein, Victoria?
Não se trata de um jogo de poder entre você e seus detetives. Ou de
perder a moral diante de um possível sinal positivo de Beckett para retornar ao
12th. Trata-se de desvendar uma cadeia de corrupção que se iniciou a mais de 15
anos atrás. Uma rede de podridão que envolve não apenas policiais ou militares
mas o alto escalão do governo americano. Johanna Beckett se deparou com algo
grande que a matou. Assim como ela, outros tantos. Kate Beckett é o novo alvo e
talvez a nossa única chance de desvendar quem realmente está comandando esse
esquema.
-
Então, é isso que ela é? Sua isca?
-
Não. Beckett é nosso elo de ligação, ela achou a prova mais concreta desse
esquema que tivemos até hoje. O tal Madoxx. Ele virá atrás dela. Quero-a sobre
minha proteção. Ela nunca será vista como isca ou vitima. Ela é uma
profissional competente e determinada. A melhor detetive que já vi em ação em
muito tempo. Caso ela volte a NYPD, não tente travar uma batalha com ela. Não se
imponha. Ela não é sua inimiga. Faça dela sua aliada. Se isso não acontecer, terei que tomar certas providências
que não gostaria. A corrente sempre arrebenta do lado mais fraco, Gates. E
nesse caso, fraqueza não é uma questão de cargo hierárquico e sim de
importância na visão mais ampla da situação.
Gates
engoliu em seco. – E se ela não aceitar voltar?
-
Então teremos dois problemas. Um nesse distrito e outro fora dele. De qualquer
maneira, a protegeremos. Para nossa segurança e reputação, é melhor que ela
volte. Pelo pouco que conheço da sua personalidade, ela ficará balançada.
Acredito que voltará. Talvez faça mais exigências. Isso não importa.
Gates
ainda não se dera por vencida. Aquilo certamente a afetaria. – Acredito que
deva sim considerar uma resposta negativa de Beckett.
-
Como expliquei antes o “não” dela não é uma opção. Nesse caso, oremos pelo
sim.
Ele
se levantou e caminhou para a porta. Antes de sair, ele voltou-se para ela.
-
Você é uma mulher inteligente, Victoria. Sei que saberá como deve proceder
nessa situação. Tenha um bom dia.
E
deixou Gates com um ar indignado parada no meio da sala.
XXXXXXX
Durante
o caminho de casa, Beckett não emitiu uma opinião, uma palavra sequer. Castle
também não forçou. Foram muitas informações de uma única vez, até ele estava
ainda zonzo com tudo que ouvira, logo podia imaginar a confusão que se passava
na mente de Beckett. Ele observou que ela estava se segurando para não deixar
se vencer pelas lágrimas. Procurava manter-se forte. A teimosia e a
determinação em expressar coragem e resiliência eram características dela que
ele simplesmente amava. Ele estacionou o carro e subiram ainda calados até o
apartamento dele. Assim que a porta se fechou, Beckett tirou o casaco e jogou
sobre o sofá. Virou-se para fita-lo e percebeu que o semblante dele demonstrava
todo o apoio que ela precisava.
Impulsivamente,
ela correu até ele e o abraçou deixando as lágrimas finalmente verterem sobre o
rosto. Ele a principio não falou nada, apenas abraçava-a e acariciava seus
cabelos na intenção de conforta-la. Ela o apertava contra seu corpo como se não
pudesse larga-lo e começou a balbuciar algumas coisas no ouvido dele.
-
Porque... de novo... não posso...
-
Hey, gorgeous, está tudo bem.
Ele
a conduziu até o sofá. Acomodou-a em seus braços. Kate olhava seriamente para
ele. Queria falar mas não sabia como começar. Um misto grande de emoções povoavam
sua mente naquele momento. Tentando coordenar os pensamentos, ela falou.
-
Eu ainda não acredito no que ouvi, Castle.
-
Que parte?
-
Tudo! A investigação reaberta, o perigo contra mim ainda mais eminente. Gates.
Como ela é capaz de encenar um pedido de desculpas? Aquilo não foi nem de longe
sincero, nós dois sabemos disso. Quando ela quis te expulsar da sala, eu queria
voar no pescoço dela!
Agora
ela estava irritada, isso era melhor na visão de Castle. Sabia que ela passaria
a avaliar a situação de maneira diferente.
-
Mas não voou. Mesmo assim, obrigado pelo pensamento em me defender. Justamente
por causa do que estava em jogo, engoli certas reações ali naquela sala. Eles a
querem de volta, Kate. E para mim ficou bem evidente que a opinião de Gates
pouco importa.
-
Castle eu não pensava em voltar. NYPD era um capítulo encerrado na minha vida.
Estava bem, trabalhando com você, estudando. Porque eles tinham que fazer isso
agora? Roubar minha paz, minha estabilidade. Trazer esses casos à tona. Nós
estamos bem, juntos. Não precisávamos disso.
Ele
segurou a mão dela e olhou diretamente naqueles olhos verdes que nesse momento
ainda demonstravam insegurança. Ele não influenciaria na decisão dela, não
gostaria de ver Kate Beckett, a mulher que ele tanto ama, se perder numa saga
que provavelmente a colocaria na linha do inimigo, ele não resistira uma vez e
certamente não resistiria agora que se acostumara a tê-la por perto, que
provara de seu amor. Se ele não fosse uma pessoa tão correta, se ele não a
conhecesse tão bem, poderia tê-la persuadido talvez com uma mentira. Porém,
esse não era Rick Castle e ele jurara nunca mais mentir para ela. Justamente
por amá-la tanto, ele queria dar a ela o benefício da dúvida.
-
Kate, concordo que não precisávamos disso. Não queríamos isso. Não tiro a razão
deles em te procurar. Você é sim a melhor detetive daquele lugar. Eles consideram
um erro o seu pedido de demissão. Provavelmente concordam que Gates deveria tê-la
impedido de ir embora. Na verdade, já deixaram claro que não apoiarão a Capitã.
Você tem novamente uma decisão difícil a tomar. Uma decisão que cabe somente a
você. Eu não irei opinar. Está em suas mãos.
Beckett
olhava para ele. Pela primeira vez, ela julgou que Castle estava errado. Ela
não tomaria essa decisão sozinha. Não era assim que as coisas funcionavam
agora.
-
Você está errado, Castle. Não tomarei qualquer decisão sozinha, não quando as
consequências dela afetarem a nós dois. Estamos juntos e estamos falando das
nossas vidas. É algo mútuo. Deve funcionar para os dois. Gosto da nossa vida
como ela é hoje, gosto de escrever com você, quero advogar, isso não mudou. Por
outro lado... até o dia de hoje eu não pensara sobre essa possibilidade de
voltar a NYPD. Apesar dos perigos, eu gostava do meu trabalho de detetive.
-
Kate, seu trabalho era sua vida tempos atrás, hoje já não tenho tanta certeza.
-
Você ouviu a eles. Ambos sabemos que estou correndo perigo. A polícia seria uma
maneira de me manter segura, ao mesmo tempo, também pode me atirar diretamente
na cova dos leões. Eles estão contando comigo, com a minha volta. Eu não sei o
que pensar, Castle...
-
Tudo bem, você não precisa avaliar tudo agora. Há muito o que ponderar. Você
não pode considerar em responder ou aceitar por eles. Você deve se perguntar o
que Kate Beckett que, o que ela está disposta a fazer.
-
O que nós estamos dispostos a fazer. Frisou ela.
-
De qualquer forma, não precisa ser agora. Vamos subir...
-
Não, Castle. Preciso ao menos avaliar um pouco minhas opções caso contrario
esse pensamento não vai me deixar em paz. Me ajude a entender o cenário, por
favor.
Ele
sabia que ela não sossegaria sem antes fazer isso. Era o espírito de entrega
total que a deixava assim. Levantou-se do sofá e estendeu a mão para ela.
Guiou-a até o escritório. Ligou o computador e transferiu para o telão um
arquivo de editor com duas palavras chaves: prós e contras.
-
Vamos falar sobre isso então. Quais são os prós da decisão, Kate?
-
Proteção.
-
Contra?
-
Gates.
-
Outro pró?
-
Gosto de investigar. Contra a perseguição. Poderia investigar mais abertamente
o caso da minha mãe.
-
Contra isso teríamos o que?
-
Eu poderia me deixar levar para um beco sem saída, isso poderia me consumir.
Não quero perder você, não quero deixar de estudar, não quero passar quase
todas as horas do dia numa delegacia. Está tudo errado, Castle. A lista de
contras será sempre maior que a de prós. Eu levei muito tempo para desistir do
meu distintivo, descobri um outro mundo, uma vida onde eu me reinventei com
você. Não posso abrir mão disso. E ainda tenho que encarar a Capitã. Sempre
esperando por um deslize para me crucificar e não é somente isso, ficaria longe
de você e como ficaria nosso relacionamento e...
Ele
se aproximou dela e tomou suas mãos levando a altura do peito. Sorriu para ela.
-
Esqueça a lista de prós e contras. Apenas tente responder a pergunta. O que você
quer, Kate?
-
Não sei ao certo. Parte de mim gostaria de voltar a NYPD, a outra parte não
quer deixar a nova vida que descobri a seu lado. Quero continuar estudando.
Nada parece ser simples depois dessa noticia.
-
E porque não ter o melhor dos dois mundos? Eu sei que você gosta de ser a
detetive, Kate. É parte de quem você é. Esqueça o que Gates pode fazer. Se você
não percebeu, a opinião dela não importa. Eles pediram uma proposta, estão
dispostos a negociar. Sendo assim, se pergunte mais uma vez, o que você quer?
-
Não quero fazer isso sem você, nem sei se posso. Porém, não é justo te arrastar
comigo para a linha de frente do perigo.
-
Hey, eu iria de bom grado onde você fosse.
-
Tenho medo de sucumbir, Castle. Voltar a ficar paranoica, esquecer tudo o que
importa realmente para mim.
-
Você não precisa fazer isso. Tente encarar apenas o trabalho de detetive,
esqueça o que está por trás disso. Não preciso dizer a você que temo pela sua
segurança, Smith me disse do que esses caras são capazes, você mesma
experimentou a ira deles. Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que isso tudo
é simples. Perder você depois de tudo o que passamos está absolutamente fora de
questão. Apoiarei qualquer que seja sua decisão, Kate unicamente porque eu te
amo. Eu disse uma vez e repito. Estou ao seu lado, em tudo. Nós iremos
enfrentar o que vier juntos.
Ele
beijou-lhe os lábios tentando dar a ela uma certa segurança. Finalmente, ela
exibiu um sorriso. Suspirou. As palavras de Castle pareciam ter reavivado nela
uma coragem que havia perdido ao longo do dia.
-
Porque você tem que ser tão encantador? Mesmo diante de tudo isso...
-
Apenas sou o reflexo do que você me faz, Kate. Vem, vamos ocupar nossa mente
com algo mais interessante.
Ela
não pode resistir. Puxou-o para junto de si e o beijou apaixonadamente. Não
sabia ainda o que faria. Castle estava ali apoiando-a, saber disso a acalmava.
Precisava pensar mais a respeito do que faria. Não iria decidir sua vida em uma
tarde. Sinceramente não tinha pressa.
Castle
a arrastou para os Hamptons. Estar distante da cidade poderia ajuda-la a
relaxar e ponderar as próprias ideias. Estava anoitecendo quando ele chegou em
casa com o jantar. Não a encontrou na sala. Depois de procura-la pela casa,
encontrou-a na varanda do quarto vestindo apenas um roupão. Ela observava o
mar, estava perdida em pensamentos. Os cabelos apesar de presos de maneira
desordenada num coque improvisado, teimavam em escapar balançando com o vento.
Era a imagem da perfeição.
Castle
ainda se perguntava como alguém poderia ser tão encantadora e obtusa ao mesmo
tempo, tão atraente. Uma musa realmente. Sua musa. Ele se aproximou e abraçou-a
pela cintura beijando-lhe o rosto e apoiando o queixo no ombro dela. Kate
passou as mãos pelos braços dele indo entrelaça-las as dele. Um sorriso
iluminado apareceu em seu rosto. As ondas quebravam na praia lentamente, quase
que preguiçosas. A lua estava encoberta por parcas nuvens. Olhar para tudo
aquilo trazia uma sensação de plenitude tão profunda e apenas se tornava ainda
mais especial pela presença dele ali, envolvendo-a. Ela virou-se para ele,
pousou as mãos no peito dele. Seu olhar encontrou o de Castle. Ela roçou a
ponta do nariz a dele. Um sorriso formou-se nos lábios dela antes de pronunciar
as palavras.
-
Eu não quero perder o que temos. Não quero esquecer esses seis meses. Quero uma
vida inteira, Castle. Com você. Não posso abrir mão do que construímos e do que
ainda podemos vivenciar. Simplesmente não posso me ver novamente em uma
situação onde eu seja obrigada a te fazer sofrer, me fazer sofrer.
-
Então não se coloque nessa situação. Se a quiser evitar, eu entenderei. Não
precisa ser assim, se julgar que precisa voltar, que assim seja. Apenas ponha
uma única coisa na sua mente. Não perderemos nada. Continuaremos a ser quem
somos. Não importa a decisão.
Ela
deixou a mão deslizar por dentro da camisa dele enquanto se perdia nos lábios
dele. Castle desatou o roupão puxando-a pela cintura para diminuir a distância
entre seus corpos. O jantar podia esperar, naquele momento ele somente queria
sua musa, queria Kate e mais nada.
XXXXXXX
Quatro
dias depois, ela chegara em casa vinda de Columbia. Acabava de matricular-se no
curso sugerido por Alexis. Castle não estava em casa. Tinha uma reunião com sua
editora. Ela ligou a cafeteira e serviu-se de um café fresquinho. Sentou-se no
sofá e saboreou os primeiros goles do café. Na noite anterior, ela discutira a
sua ideia com Castle. Juntos eles concordaram em como prosseguir. A decisão
estava tomada, era chegada a hora de comunica-la aos interessados.
Beckett
pegou o celular e discou o número da central. Um minuto depois, ela ouviu a voz
de Gates do outro lado da ligação.
- Capitã Gates, Kate Beckett. Já tenho a sua resposta. Quando poderei apresenta-la?
-
Irei verificar Beckett. Acredito que amanhã mesmo. Deixe-me fazer uma ligação,
pode aguardar na linha?
-
Eu aguardo. Cinco minutos depois, Gates retornava a linha com a resposta.
-
Beckett, esteja em minha sala amanhã às 9h da manhã.
-
Ok, estarei. E desligou o celular.
Estava
feito. Amanhã Kate Beckett revelaria a sua decisão. Ela certamente sabia que
não agradaria a todos.
Continua.....
5 comentários:
Karen você cada dia está s superando mais se isso for possível. Fiquei brava por você nos fazer esperar a próxima fic para saber a decisão da Beckett.
Hamptons: cada dia quero mais e mais conhecer esse lugar, deve ser lindo..
Adorei Gates tendo que colocar o 'rabo entre as pernas' e pedir desculpas para Beckett e o Chefe do Detetives pegou pesado, mas pelo menos se redimiu oferecendo o cargo de detetive sênior a Beckett.
e Castle, ah Castle, esse nem tenho comentários. Queria um Homem desse para mim.
Esperarei ansiosa pelo próximo capítulo
Abraços
comecei a ler a fic, e toh adorando, tuh escreve muito bem, tah sendo uma otima manera de passar esse hiatus
Ahhhhhhhh, amei esse cap, era tudo que eu queria ler e tudo que eu quero que aconteça, ver a Gates sendo forçada a engolir suas palavras não tem preço, adorei ela ainda tá de nariz empinado, isso mesmo, a Backett tem que ir abaixando a crista da capitã aos poucos, bem devagar pra ser bem dolorido. Eu sei qual vai ser a resposta da Beckett lalalala kkkkk quem não sabe, né? ver Kate no distrito não tem preço, nem que seja só de passagem, ela é o distrito de polícia, ela fora da polícia é tão monótona, mesmo junto de Castle que é um turbilhão, ebfim, ameiiiiiii d+, tu sabe que eu gosto de cap assim, narrados, nem precisa ser Hot. A mim vc não surpreende, já conheço a qualidade. bjosssssssss
adorei o cap...perfeito!
a Gates bem que mereceu, pra deixar de ser besta quem ela pensa que é?
amore estou um pouco atrasada com as fics e que foi férias, viajens, livros, filhos, tanta coisa que falta hora.
mas já me redimi...só faltou as cenas hot...num pode nunca deixa-las de fora.
bjus passando pra próxima.
Val.
Torturaaa. Cada Cap. que leio quero logo ver a 5ª temp. Quero d+ ver a Gates praticamente implorando a volta dela. Será? rs
Oh Castle...
Postar um comentário