quinta-feira, 30 de junho de 2016

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.57


Nota da Autora: Capitulo no minimo interessante... Kate está tentando lidar com sentimentos e uma vida solitária, consequencias de sua própria escolha. Essa dança está longe de acabar, mas confesso que está sendo prazerosa de escrever... obrigada pelos ótimos comentários! Adoro cada um deles... enfim, enjoy!


Cap.57

Era sábado à noite. Sem qualquer programa para o fim de semana, Kate estava sentada no sofá de frente para a televisão. Nenhum dos canais parecia chamar sua atenção enquanto ela surfava por eles. Parou em um canal de culinária. Ficou observando o chef comentar sobre alguns ingredientes da cozinha italiana e quinze minutos depois, ele começou a fazer um spaguetti a carbonara.
- Ótimo! – Kate resmungou – agora além de estar com fome, vou me lembrar de Castle. Tudo o que não preciso hoje. Vou pedir uma pizza – ela se levantou do sofá atrás de seu celular. Na verdade, ela estava lutando contra a solidão. Conforme falara para Dana na última consulta, o rompimento da parceria com benefícios a deixara um pouco órfã de companhia. Não era que ela não tivesse amigos, porém sair pela noite em bares ou boates não era realmente o programa preferido de Beckett. Por isso os momentos domésticos com Castle mexeram tanto com ela. Gostava de programas calmos.
Checou o relógio. Eram cinco e meia da tarde. Podia tentar fazer algo melhor com o seu sábado. Talvez um cinema, não... sozinha é meio deprimente. Um musical. Sim, porque não assistir uma peça na Broadway? Ouvir música de qualidade, fazia um bom tempo que ela não se dava esse pequeno prazer. Pegou o jornal do dia e checou que peças estavam em cartaz.
Escolheu uma e decidida, seguiu para seu quarto a fim de se arrumar. Aquele pensamento a deixou mais animada. Ela escolhera ver um clássico. O fantasma da Opera. Com um vestido preto simples e elegante, colocou seu casaco vermelho, sapatos de salto agulha e saiu de casa.
O teatro não ficava tão longe da estação do metrô, essa era a beleza de Nova York, as pessoas não se incomodavam com o que você vestia mesmo usando transporte público. Ao chegar na bilheteria do teatro, ela conseguiu comprar seu ingresso sem problemas e em um lugar muito bom. Ao entrar no saguão antes do espetáculo, ela se dirigiu ao bar. Pediu uma taça de vinho tinto. Ainda tinha meia hora para começar o musical, portanto ficou ali mesmo no balcão bebendo e observando as pessoas que chegavam para a noite. Eram, na sua grande maioria, turistas, alguns cheios de sacolas. Ela sorria.
Um outro pensamento lhe ocorreu. Ela não se lembrava a última vez que tirara férias de verdade. Aqueles meses na cabana do pai não poderiam ser considerados. Ela estava se tratando, se cuidando. Sentiu-se triste. Seria verdade que ela realmente não aproveitava a vida? É claro que ela se lembrava. Roma. Kate tinha certeza de que o que quer que acontecesse em sua vida, eles sempre teriam Roma.
Mas afinal Castle tinha razão quando dizia que ela fugia ao invés de aproveitar os bons momentos? Não, ela estava fazendo isso agora. Após três taças de vinho, ela entrou no teatro para curtir o musical.
O espetáculo de Andrew Lloyd Webber era fantástico. O clássico dos clássicos. Assistira a peça anos atrás quando ainda estava na academia. As músicas, os instrumentos da orquestra, a história, extremamente poderoso. E mais uma vez, em meio ao seu momento de diversão, ela se lembrou de Castle. Ele certamente diria que o fantasma era real. Por que ela continuava pensando nele?
No intervalo, ela retornou ao bar. Novamente, tomou mais duas taças de vinho. Beckett era conhecida por ter ótima resistência a bebida, porém não comera nada antes de vir ao teatro. De volta ao espetáculo, foi a vez dela se emocionar com as vozes e a música maravilhosa.
Ao sair do teatro, enquanto algumas pessoas se ocupavam comprando souvenires, ela bebeu mais uma taça. Saiu de lá direto para a estação de metro. Chegando em casa, ela ainda murmurava a canção principal. O momento mais romântico da peça. All I ask of you. Foi direto para a geladeira e pegou uma garrafa de vinho que estava pela metade. A letra da canção a fez pensar em Castle. Não era tudo o que ele estava pedindo? Para ama-lo e ele a seguiria onde quer que fosse?
- O que você está pensando? – ela conversava consigo mesmo em um monologo – você não pode falar nada ainda para ele. Não está pronta. As perguntas, você sequer consegue responder as perguntas – a bebida estava falando mais alto, pegando desprevenida. Kate estava alegre, de pilequinho e de repente, a tristeza e a solidão voltaram a incomoda-la. Sem enxergar direito os nomes no celular, ela buscou a foto dele. A garrafa de vinho já se fora. Ela tocou a foto sorridente do escritor e a ligação foi feita.
Quando percebeu o que fizera e ouviu o toque, ela rapidamente apertou o botão vermelho.
- O que foi isso? Quer saber, hora de ir para cama, Kate. Você não está pensando direito – ela foi para o quarto, tirou o vestido, o sutiã e vestiu uma camiseta velha da NYPD enfiando-se debaixo das cobertas. Olhava para o telefone na cabeceira ao lado, outra vez tocou o botão e acabou fazendo mais uma ligação que acabou se perdendo quando ela deitou na cama acionando o botão principal.
Deitada, ela suspirava com ele no pensamento. Não. Nada de olhar para a foto dele, pensou, mas pegou o aparelho e ficou olhando vidrada para a imagem de Castle, o dedo voltou a tocar no botão verde. O toque soou outra vez.  
- Burra, burra! Não deveria ficar sentindo pena de si mesma. Por que ele faz tanta falta? – colocou o telefone ao seu lado, não percebera que a ligação ainda corria e caíra na caixa de mensagem – você decidiu focar na terapia, esquece Castle. Nada de benefícios.... droga de beijo bom... arfff ... vai dormir, Kate – a voz claramente embriagada. Finalmente ela virou-se na cama e apagou. Nos sonhos, ela voltou a Roma.
Na segunda pela manhã, Castle aparece no distrito trazendo seu café todo sorridente. Tivera uma excelente surpresa ao acordar no domingo. Ficou feliz em saber que a detetive estava sentindo sua falta, porém não ia jogar isso na cara dela, era um trunfo que pretendia guardar para um momento mais apropriado.
Eles tinham um novo caso. Não parecia nada complicado apesar da arma do crime leva-los ao suspeito rapidamente, Castle insistia que a história não batia. O motivo era ridículo e Beckett o contestou dizendo que iria interrogar o suspeito e provar para ele que não tinha nada de misterioso no caso. Para azar dela, estava errada.
A arma tinha sido roubada e o dono inclusive prestara queixa. Ao fim do dia voltaram à estaca zero, o que deixou Castle sorridente. Fazendo uma pausa para o último café do dia antes de decidir qual seria seu próximo passo, ele a seguiu até a minicopa.
- Como foi seu fim de semana? – perguntou ao entrega-la a caneca com a bebida fumegando.
- Foi bom.
- Tem certeza? Você saiu? Se divertiu ou ficou trancada em seu apartamento, Beckett?
- Não que seja da sua conta, mas eu sai, sim. Dei a mim mesma um tratamento especial.
- Humm, isso soa meio pervertido detetive...- claro que fizera de proposito, Beckett podia ter dado uma trégua a sua parceria com benefícios, mas isso não o impedia de implicar e provoca-la sempre que possível. 
- Castle! Que mente essa sua! Fui assistir um musical.
- Ah, uma noite cultural... interessante. E por que me ligou no domingo? Ou melhor, na madrugada?
- Não liguei para você – ela afirmou com toda a certeza – de onde tirou isso? Está inventando coisas agora?
- Não inventei nada. Você me ligou três vezes e posso provar – ele pegou o celular e mostrou as chamadas não atendidas. Três ligações feitas por volta de duas da manhã. Ela não fizera isso, não se lembrava de nada e... o vinho...será que ela, ah não! Desminta, invente qualquer coisa, ela gritava intimamente em sua mente embora ele já pudesse notar que ela estava envergonhada.
- Não liguei para você. Aposto que isso foi algum problema na sua operadora e você recebeu ligações perdidas tardiamente. Acontece sabia?
- Hum, talvez embora se for verdade seria a primeira vez e ...ah, tudo bem, se você diz que não ligou...
- Não liguei... – e lá estava o rubor em seu rosto outra vez. Castle não ia comentar nada sobre o pequeno monólogo deixado em sua caixa de mensagem. Teria tempo para isso. Pegando sua caneca, ela virou-se e deixou-o sozinho na minicopa. Não podia olhar para Castle agora. Será que ela realmente ligara para ele? Cuidadosamente, tentava recordar seus passos naquela noite. Bebera muito naquele sábado e o pouco que se lembrava... ela tinha o celular na mão, olhava a foto dele. Droga! Ela ligara. Beckett sentou-se em sua mesa com a cabeça apoiada nas mãos. Tudo o que ela não queria era demonstrar carência. Queria que ele entendesse a importância de parar com os benefícios, que não sentia falta deles e que o foco era sua terapia. Ele não vai esquecer isso tão cedo... 
Mas Castle voltou a sentar-se em sua cadeira e não fez qualquer menção a conversa anterior.
- Qual será nosso próximo passo, Beckett? Perdemos nosso suspeito.
- Pedi para Ryan checar com o pessoal de roubos se tinham alguma pista de onde a arma teria ido parar. Talvez possam nos ajudar.  
- E quanto ao passado da vítima? Nada relevante?
- Não que tenha saltado aos meus olhos. Acho que estou cansada. Melhor encerrarmos por hoje e começarmos de cabeça fria amanhã cedo.
- Por mim tudo bem – ele se levantou, vestiu seu casaco e perguntou – vai para casa? Quer comer alguma coisa? – apesar da ideia ser tentadora, ela precisava demonstrar que estava tranquila e passar um tempo longe dele não era de todo mal.
- Não, eu passo. Vou para casa.
- Você que sabe, vou pegar um cheeseburguer no Remy´s e um milk-shake de chocolate. Se ficar com saudades de mim, pode ler meus livros, Beckett. É sempre válido me enxergar na imagem de Rook – ela ergueu a sobrancelha intrigada. Por que ele falara isso? Saudades? Ele estava testando-a. Era a única explicação – até amanhã, Beckett.
- Boa noite, Castle.
No dia seguinte, a investigação finalmente começou a trazer respostas coerentes para eles. Além do motivo, eles encontraram algumas ações no passado da vítima que os ajudara a chegar ao possível ladrão da arma. Ao final da tarde, identificaram dois suspeitos. Ryan e Esposito encarregaram-se de traze-los para interrogatório.
Infelizmente, os rapazes encontraram apenas um dos caras e após um interrogatório pesado por parte de Beckett ao qual Castle assistiu animado, descobriram que aquele não era o culpado. Chateada pela reviravolta da investigação, ela se recusava parar de trabalhar. Em certo ponto, ela liberou os rapazes ficando apenas com Castle. Como resultado, eles continuaram mexendo nos arquivos, examinando o quadro de evidências e foram obrigados a pedir comida. Chinesa, do lugar preferido dela. Ele pediu propositalmente um dos pratos que ela adorava e Beckett escolheu outro preferido.
Sentados em uma das salas de reunião, eles saboreavam a comida. Era a primeira vez desde que romperam a parceria que desfrutavam de um momento sozinhos, de certa forma, mais íntimo apesar de estarem na delegacia. Enquanto comiam, Kate teve que se policiar para não roubar nada da caixinha dele como já estava acostumada a fazer. Castle percebe a luta interna que ela travava, sorri por dentro.
- Nossa! Esse porco está particularmente bom hoje, não sei o que eles colocaram no molho, mas está diferente, saboroso. Não lembro de estar tão bom da última vez que comi.
- É mesmo? O meu está bom também – disse Beckett querendo parecer indiferente ao comentário dele.
- Sério, está mais do que bom. Está delicioso – ele a viu mordiscando o lábio. Adorava quando ela fazia isso, era um dos gestos que indicava sua indecisão em agir com relação a alguma coisa, as vezes também significava que estava pensando besteira. Aprendera isso ao conviver em um relacionamento com ela antes de toda essa loucura de atentado e PTSD. Ela conseguiu se manter firme apesar das insinuações dele.
Ao pegar seu biscoito da sorte, ele quebrou-o ao meio e retirou o papel lendo o conselho.
- Você tem a paciência de um monge tibetano. Eu diria a informação está acurada. E quanto a sua sorte, Beckett? O que o biscoito disse? – ela quebrou o doce e retirou o papel – leia, vamos.
- Não reprima seus desejos secretos, eles são parte de quem você é.
- Bem sugestivo, detetive. Qual seria seu desejo secreto hoje? – ele a olhava intensamente, estavam bem próximos, a voz era baixa num tom sensual. Isso fez Kate engolir em seco. Respirou fundo antes de responder.
- Desejo pegar esse assassino, portanto – ela entregou uma pilha de papeis numa pasta para ele – trate de encontrar algo importante.
- Chatooo... – ele falara cantando obviamente reclamando da resposta dela. Com a pasta nas mãos, ele se moveu para o sofá. Começou a ler as informações sentado, porém logo se esticara deitando o corpo cansado. Beckett permaneceu na mesa. Era importante manter uma certa distância dele naquele momento. Estava tão entretida na leitura que não percebera que Castle adormecera com os papeis sobre o estomago.
O silêncio do ambiente fora quebrado com o barulho da pasta que escorregara de seu colo espalhando parte dos papeis no chão. Ao perceber o que acontecera, Beckett se levantou. Ele dormia tranquilamente. Agachou-se para juntar a papelada, o movimento a deixara a centímetros dele. Reparou que a camisa dele tinha os primeiros botões desfeitos deixando a amostra parte do peito. A tentação de tocar a pele exposta pela camisa era grande, podia sentir o cheiro delicioso dele. A respiração de Castle indicava que não era apenas um cochilo, parecia dormir pesado.
Será que acordaria se ela o tocasse? O rosto de Kate estava bem próximo a abertura, com os olhos fechados, ela inspirou o perfume dele colocando o nariz bem rente ao peito. As mãos moviam-se ansiosas por toca-lo, desejava-o como quem deseja o proibido. Ela estava quase o tocando quando Castle se mexeu no sofá. O movimento a assustou e Kate perdeu o equilíbrio caindo de bunda no chão apenas para tornar toda a situação mais desconfortável. Seu rosto estava quase colado no de Castle quando ele abriu os olhos, os lábios quase na posição perfeita para um beijo.  
- O que está fazendo? – ele sussurrou. Ela ensaia dizer algo, os lábios abrem e fecham várias vezes, o rosto ruborizado até que consegue se recompor e levanta-se rapidamente.
- Estava juntando os papeis, arrumando a bagunça que você fez. Se não vai me ajudar com o caso, melhor ir para casa.
- Eu só estava descansando a vista. Muita leitura.
- Você estava dormindo!
- E você, Kate? Não me pareceu que estava interessada no caso também. Parecia querer outra coisa... – ele se sentou no sofá, os olhos azuis olhavam-na tão intensamente que ela se sentia nua na frente dele.
- Quer saber? Chega por hoje. V-vou para casa.
- Tudo bem – ele se levantou do sofá nem um pouco preocupado com o jeito que a camisa aberta deixava parte do seu peito exposto e percebeu que os olhos da detetive estava diretamente fitando o local. Sorriu – vamos dormir. Até amanhã, Beckett – ao passar por ela, fez questão de esbarrar em seu braço – eu diria para ter doces sonhos, mas algo me diz que serão mais que doces... – com a maior naturalidade saiu da sala deixando-a plantada revirando os olhos e bufando enquanto uma das mãos pousavam em seu pescoço tentando se acalmar respirando fundo.
Não deu outra. Beckett acordou por volta das quatro da manhã suada e ofegante. Acabara de ter um sonho bem picante com Castle. Sim, ela simplesmente revivera a cena de mais cedo na sala da delegacia de outra forma. Castle e ela fazendo sexo naquele sofá. Meu Deus! Por que isso agora? Levantou-se, tomou um copo com agua bem gelada e xingou a si mesma baixinho por se deixar levar pelo clima e as palavras de mais cedo do escritor. Ainda demorou para voltar a dormir e quando parecia ter por fim descansado, seu despertador tocou.
Ela chegara ao distrito com uma cara nada boa. O acontecimento da noite anterior mudara seu humor, não pelo sonho porque esse fora muito bom, o problema era exatamente isso. Nem deveria ter sonhado em primeiro lugar. Mal sentou-se na sua mesa, ela foi distribuindo ordens para os rapazes. Precisava manter a mente ocupada, precisava resolver aquele caso e Deus! Precisava de café!
O destino realmente gostava de implicar com Kate Beckett porque foi só desejar café que o escritor apareceu sorridente na frente dela com duas canecas de café fumegantes. Ele vestia uma camisa roxa e não usava seu blazer, o que fez ela reparar no contorno do tórax e dos braços contra o tecido. Chegou a prender a respiração antes de suspirar ao fitar o rosto dele.
- Bom dia, detetive. Sabia que ia chegar desejando o café.
- De onde você veio?
- Da minicopa, cheguei há, pelo menos, meia hora. Queria retomar a pesquisa que interrompemos ontem – surpresa, ela tentou formular alguma frase abrindo a boca pelo menos duas vezes e como nenhuma ideia lhe vinha em mente, ela foi obrigada a fechar a boca sem emitir uma única palavra. Contentou-se em beber um pouco do café. O liquido quente e do jeito que ela gostava a acalmou – quer ouvir o que descobri? Pode não ser nada especial, mas me pareceu no mínimo estranho.
- Manda, Castle.
Ele sentou-se na frente dela e começou a mostrar o que encontrara. Eles passaram a discutir as possibilidades de aquilo os levar a algum lugar. Dali a investigação tornou a fluir e Beckett ficou grata por ter algo diferente dos pensamentos de ontem para focar. Contudo, nem sempre as coisas acontecem como queremos e quatro horas depois encontraram outro beco sem saída. A irritação dela voltou. Tentava espremer os rapazes de todo o jeito para solucionar o caso. Precisava de suspeitos.
Castle observava o modo como a detetive se comportava. Algo dizia que não era apenas o caso que estava deixando-a tão irritada. Sim, ela tendia a ficar arredia ou emburrada quando sua investigação se perdia ou empacava, porém, não era somente esse tipo de comportamento que ela apresentava. Parecia incomodada, inquieta e mais nervosa que o normal. Tinha outra coisa perturbando a mente da detetive. Será que conseguia descobrir o que era?
Aproveitando um momento que ela se dirigiu a minicopa, ele a seguiu. Beckett estava se servindo de café outra vez, o tal nervosismo que percebera antes estava lá. Castle viu que ela errara fazendo o café derrubando um pouco do leite vaporizado em sua mão.
- Filha da p... droga! – ela largara a xicara e levara a mão aos lábios tentado conter a dor.
- Hey... calma – ele acudiu-a tomando a frente da máquina. Com toda a experiência, ele preparou o café para ela entregando-lhe uma nova xicara perfeita, até com um desenho de uma carinha smiley. Beckett estava sentada numa das cadeiras, a mão estava um pouco vermelha – aqui está seu café. Você quer me contar o que está acontecendo? Claro que eu perguntar se está tudo bem não procede porque está bem aparente que algo a incomoda, Beckett. Nem venha com a resposta automática do “estou bem”.
- Essa droga de caso! Por que tantas pistas erradas e sem resultado?
- Certo, sei que essa investigação está sendo um pouco frustrante, mas não é apenas isso que está te deixando nervosa e irritada. Tem algo mais acontecendo? Algum problema com sua terapia? Oh... você teve outra crise de PTSD? – ela olhou para Castle erguendo uma das sobrancelhas. Ele parecia preocupado e como podia notar que ela estava chateada com outro assunto? – sabe que pode falar comigo, somos parceiros e bem, sou o único que sabe dos seus outros problemas.
- Castle, agradeço sua preocupação, mas não é algo que eu queira conversar, tudo bem? Eu estou irritada com esse caso e estou com outras coisas em mente. Não quero falar sobre isso, será que você pode respeitar minha vontade? – ele sorriu. Colocando a mão em seu ombro, ele deixou-a deslizar acariciando o braço dela num gesto tão simples que fez o coração de Beckett acelerar. Para ela, aquilo fora um toque íntimo demais embora tenha ficado claro para a detetive que não fora essa a intenção dele.
- Claro. Eu entendo. E se depois você quiser conversar, sabe onde me encontrar.
Ele estava saindo da minicopa quando Ryan adiantou-se chamando por eles.
- Pessoal, vocês precisam ver isso que achamos – Beckett tomou o ultimo gole do café e o seguiu até a mesa dele. Finalmente uma boa notícia. Um novo suspeito fora encontrado. Após analisar suas opções, checar todos os vínculos entre a vítima e o novo nome, quase uma hora depois, Beckett não quis perder mais tempo. Mandou os rapazes busca-lo para interrogatório.        
Dana encerrara suas atividades naquela terça por volta das quatro da tarde. Apesar de saber que era dia de consulta com Kate, ela resolveu fazer uma pequena mudança de planos. Desde a última conversa, ela ficara pensando nos momentos solitários que a amiga estava enfrentando devido sua teimosia. Resolveu fazer diferente. Ao invés de esperar a detetive vir ao seu consultório, preferiu ir encontra-la no distrito e convida-la para um programa mais divertido.
Quando Castle viu Dana chegando no salão, estranhou. Será que havia algum problema com Kate? Teria tido alguma recaída? Poderia inclusive explicar as ligações que fizera para ele. De repente, ele se viu preocupado com a parceira.
- Dana... que surpresa! Está tudo bem?
- Tudo ótimo. O que você está fazendo aqui ainda, são mais de seis horas. O expediente não acabou? Pensei que Kate já estivesse livre.
- E desde quando Beckett cumpre horário? O expediente termina ou com uma pista quente ou uma pendência do laboratório ou quando ela prende o culpado. Acredite, as vezes acho que Beckett gostaria que os caras do laboratório trabalhassem 24 horas. Ela não tem limites em alguns casos.
- Então, isso apenas prova que minha visita é providencial. Vim busca-la para sair.
- Espera, quando você diz sair está falando de ir para um bar ou uma boate e beber e paquerar? Dana pensei que estava do meu lado! Você não pode leva-la para ficar exposta a um bando de solteiros.
- Relaxa, Castle. É um programa de mulheres. Nada perigoso, apesar de eu estar precisando. Uma noite de garotas para conversar, sorrir, Kate precisa disso especialmente agora.
- Certo, já que é assim, vou aproveitar para lhe dar um pequeno aviso de amigo. Ela não está muito bem hoje. Está particularmente irritada e não é apenas com o caso que estamos trabalhando. Tem algo mais. Uma certa inquietação, um nervosismo. Não consigo dizer exatamente com que, porém, está incomodada com algo que está maquinando naquela cabecinha teimosa dela.
- Mesmo? Por que você acha que não é só com o caso?
- Porque eu a conheço. Ela está mais arredia que o normal e quando eu tentei descobrir o que era, ela disse que não queria falar sobre o assunto, eu tentei. Quando toquei seu ombro, notei que ela quase pulou, como se estivesse no limite, sabe? – Dana ergueu uma sobrancelha. A informação que Castle lhe dera era preciosa – agora que parei para pensar, será que ela está de TPM? Pode explicar um pouco seu comportamento...
- Talvez... aliás, onde ela se meteu?
- Foi pegar café.
- Achei que essa era a sua função.
- Haha! O primeiro sim, durante o dia nos revezamos. Acho que você escolheu um péssimo dia para tentar tira-la daqui. Finalmente conseguimos uma pista sólida de um suspeito e ela mandou os rapazes traze-lo para cá. Quer apostar quanto que ela não irá sair com você enquanto não interrogar o cara ou prendê-lo? – ao fazer a pergunta, Dana sorriu porém não teve tempo de responder porque Beckett surgiu com duas canecas de café. Entregando uma delas a Castle, ela fitou a amiga intrigada.
- Dana? O que faz aqui? Oh... você veio por causa da nossa consulta? Desculpe, eu não tive tempo de ligar para cancelar. Estou muito ocupada com esse caso e...
- Castle já me disse que está tendo problemas na investigação. Não vim aqui cobrar sua presença na consulta. Vim aqui como amiga, para te convidar para uma noite agradável entre amigas.
- Dana, desculpe, não posso. Preciso interrogar um suspeito assim que Ryan o trouxer e não sei qual será o resultado. Podemos suspender esse convite? Deixa-lo para uma outra hora, outro dia?
- Não é negociável, Kate. Algo me diz que você precisa e muito espairecer hoje – Beckett olhou para Castle procurando algum sinal de que ele contara algo para a terapeuta, mas ele sabiamente se fez de desentendido e deu de ombros.
- Eu disse que você estava enrolada com o caso e que não ia ter tempo. Dana não acreditou em mim.
- Não é questão de acreditar, apenas não abro mão do que vim fazer aqui. Não se preocupe, eu espero você terminar com o seu suspeito, Kate – a detetive já entendera que não teria escolha diante do exposto. Dana não era uma pessoa fácil de se negociar. Suspirando, ela balançou a cabeça.
- Que seja! Melhor se sentar, vai demorar um pouco – tornou a beber o café.
- Aceita um café, Dana? – Castle ofereceu.
- Por que não? Kate, posso ver você interrogando o suspeito?
- Fique à vontade – Castle se levantou para buscar o café para a terapeuta. Dez minutos depois, Ryan apareceu no salão informando que o suspeito esperava por ela na sala de interrogatório. Dana acompanhou Castle para observarem a entrevista através do vidro enquanto Beckett entrou afiada acompanhada de Ryan.
Era sempre uma aula e um prazer observar Beckett em um interrogatório. Castle adorava essa parte do trabalho da detetive. Dana a avaliava com os olhos de terapeuta. Não havia dúvida que ela é muito boa no que fazia, a firmeza na voz, a forma como fazia as perguntas encurralando o entrevistado. Ela sabia trabalhar o lado forte e frágil envolvendo o outro para arrancar tudo o que queria. Se ao menos tivesse essa desenvoltura em sua vida pessoal, pensou a terapeuta. Virando o rosto, ela passou um tempo observando Castle.
Ele tinha os olhos vidrados nela. Sua atenção estava completamente voltada a mulher que andava e gesticulava através do vídeo. Dana percebia a devoção e o olhar maravilhado de alguém apaixonado, orgulhoso. Castle percebeu que era observado, virou-se sorrindo.
- Ela é uma tigresa nessa sala. É maravilhoso de ser ver.
- Deus! Você está babando, Castle – ela ria – tão bonitinho... – ele ficou vermelho diante do comentário da terapeuta, sem graça – queria arranjar alguém que me olhasse com tanta ternura e orgulho como você olha para Kate.
- Eu apenas queria que ela notasse isso, Dana.
- Tudo a seu tempo, Castle...
- Olha, agora ela o encurralou. Vai já arrancar a confissão dele – ele apontou para a sala e não estava errado, cinco minutos depois o cara vomitava o como, o porquê e sua raiva alegando que não era culpado, que fora um erro. O show acabara. Eles voltaram para o salão. Ryan saiu escoltando o cara para ser fichado. Beckett exibia um sorrisinho de vitória no rosto.
- Sente melhor agora que colocou seu assassino atrás das grades, detetive? – Castle perguntou sorrindo – ah, o senso de justiça servida. Vê o sorriso, Dana? Bem melhor, Beckett. Eu digo que ela deveria sorrir mais, claro que ela não aceita meu conselho.
- É um ótimo conselho, Castle – concordou Dana – agora que já resolveu seu caso, será que podemos curtir nossa noite somente para garotas?
- Dana, eu não estou a fim de ir a bares, beber e ver um bando de gente louca para arranjar a próxima transa ou o próximo romance. Estou cansada.
- Não precisamos fazer nada disso. Você escolhe onde vamos.
- Se conheço Beckett, vai dizer que quer um hambúrguer do Remy´s.
- Funciona para mim – disse Dana – como disse, a escolha da noite é dela. Sei que está precisando espairecer. Não negue, Kate – a detetive suspirou.
- Tudo bem, vamos sair Dana.
- Acho que essa é a minha deixa para ir embora. Tenham uma ótima noite, belas damas. E por favor, não precisam falar muito da minha pessoa. Sei que sou um assunto irresistível, porém contenham-se até que eu tenha deixado o prédio. Será que conseguem?
- Você bem que queria, não? Vai sonhando, Castle – disse Beckett.
- Ah, Beckett. Não precisa disfarçar. Divirtam-se e juízo – ele caminhava calmamente em direção ao elevador, mas virou-se para dar um último conselho – e Kate? Não fique acordada até tarde, você não dormiu bem essa noite e as olheiras não combinam com o seu rosto – ali estava a reação que queria. Uma Beckett boquiaberta ao comentário feito. Rindo, ele seguiu seu caminho.
- Tem que admitir, Kate. Ele te conhece mesmo. Então, onde iremos para que você relaxe e me conte o que está te perturbando? – Beckett franziu o cenho – não é apenas Castle que pode enxergar além do seu disfarce.
- Já que você não vai desistir desse seu programa, quero ir a um lugar onde possa comer doces, muitos doces, chocolate de preferência.
- Oh, entendo. Conheço o lugar perfeito para isso. Nada que uma taça caprichada do Serendipidy não resolva, Kate.
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Elas escolheram uma mesa com vista para a rua, perto do grande janelão que era a vitrine convidativa do lugar. Dana estava ansiosa para começar a conversa com Kate. Quando pensou em animar um pouco a amiga não tinha ideia de que a situação estava assim tão crítica. Pelos poucos comentários de Castle, ela entendera que o aviso dado em uma das suas últimas consultas sobre Kate sentir falta do parceiro havia definitivamente mexido com a detetive.
Os gestos nervosos dela apenas provavam que Dana tinha razão. Ao serem atendidas pela garçonete, Dana pediu um tempo para examinarem as opções do cardápio indicando que agua estava de bom tamanho por hora. Ao ver a garçonete se afastar depois de servi-las e colocar uma jarra bem gelada sobre a mesa, resolveu cutucar a fera.
- Essa não era bem a ideia que tinha para hoje, mas dada as circunstancias creio que foi a melhor escolha. Qual o seu nível de necessidade de chocolate, Kate?
- O máximo possível. Você queria me levar para um bar e me jogar para cima de algum cara, aposto.
- Não necessariamente desse modo. Estava pensando mais em usa-la como uma companhia, sabe? Minha wing woman? Preciso encontrar alguém que me faça bem. Preciso voltar a sentir o que você está sentindo. Faz quase oito meses que terminei um relacionamento – ao olhar o semblante intrigado de Kate, Dana completou – não que eu esteja sem sexo todo esse tempo. Para isso servem as noitadas. Estou falando de relação mesmo. E claro, se durante a minha procura surgisse algo para você, por que não?
- Dana, não quero falar sobre isso, tive um dia bem difícil. Que tal nos concentrarmos no chocolate?
- Tudo bem. Dado seu pedido, eu recomendaria o Sundae “Chocolate Explosion”. Sorvete de chocolate, calda de chocolate amargo quente 80%, pedaços de chocolate amargo, chantilly e cerejas. Não pode ficar melhor que isso, apesar de ter a leve impressão que não irá suprir sua real necessidade de endorfina no momento.
- Necessidade do que? – Kate olhou para a amiga.
- Endorfina. O hormônio do prazer. Da pura satisfação, sabe? Nosso melhor amigo. Aquele que nos faz sentir bem, felizes, revigoradas após uma boa noite de sexo ou de amor. Na falta de um parceiro, o chocolate é, indubitavelmente, a melhor fonte do hormônio, e acredite minha amiga, você está desesperadamente precisando de endorfina – ela não deixou Kate retrucar fazendo sinal para a garçonete e pedindo duas taças de “Chocolate Explosion”. Depois, suspirou sorrindo. Hora de começar a sessão, pensou.
- Pode me contar agora porque essa súbita necessidade de chocolate? O que de fato está acontecendo para você estar tão irritada, Kate?
- Já disse, tive um caso difícil. Um monte de pistas sem sentido e que acabaram em becos sem saída, detesto quando isso acontece. É como um desafio pessoal a mim e as minhas habilidades de detetive.
- Mas você encerrou o caso e prendeu o culpado. Não seria um bom whisky uma maneira melhor de comemorar essa vitória em vez de chocolate?
- Não estou no clima para ir a um bar, Dana. E será que dá para parar de me analisar? Pensei que o proposito dessa saída era nos divertirmos, falar de coisas para como você mesma disse, me fazer espairecer. Pare de bancar a psicóloga.
- Desculpe, você está certa. É quase natural como você também banca a detetive uma vez ou outra, Kate. Só que não estou realmente te analisando, se não reparou estou dando opiniões e não faço isso no consultório. Isso é uma conversa normal. Quer me dizer o que está acontecendo? O que se passa nessa sua cabecinha? Posso ver que não está relaxada. Seu corpo fala. Está tensa, inquieta.
- Já disse, ainda não me desliguei completamente do caso.
- Sei. Então faça isso – ela falou no exato momento que as taças chegaram – vai com vontade, Kate. Você precisa se render aos efeitos do chocolate – pegando a colher, Dana provou a maravilha que estava a sua frente. Fechou os olhos – é muito bom, não? – disse ao ver que a amiga se deleitava com o chocolate gemendo baixinho - Só não ganha de um orgasmo – Kate lançou aquele olhar característico para Dana que não se intimidou e continuou sua exploração a mente de Beckett. Ela queria ouvir da boca da detetive o porquê de tanta ansiedade, mesmo que soubesse a resposta.
- Voltando ao desejo por chocolate. Há apenas duas explicações para o nível de necessidade que você apresenta: você está naquela época do mês, da TPM, o que justificaria toda a sua irritabilidade ou Kate Beckett está sentindo muita falta de fazer amor com um certo alguém, está com muita saudade e isso está te deixando mais do que incomodada. Algo me diz que não é a primeira opção... – ela completou ao ver o semblante de Kate se assustar e ruborizar ao comentário de fazer amor. Tinha sido pega pela sua própria linguagem corporal – vamos, Kate, admita. Somos apenas nós duas aqui.
- Você insiste em tocar nesse assunto.
- Não, você me leva a falar disso já que sua mente não consegue parar de pensar nele. O que aconteceu? Sei que não chegou ao ponto de ter uma recaída porque se tivesse acontecido, Castle certamente mencionaria algo do tipo. A solidão pegou você no fim de semana outra vez?
Kate colocou outra colher do sorvete na boca. Suspirou profundamente. Não havia porque não contar para Dana, ela era, de fato, a única pessoa capaz de ouvi-la e compreender o que acontecia. Tinha todas as informações para isso. Ainda assim, era vergonhoso admitir sua reação adolescente, seu comportamento ridículo diante de Castle. Por outro lado, se não se abrisse com a amiga, talvez não conseguisse superar essa sensação de impotência e, Deus! Carência, que sentia.
- Tudo bem. Admito. Você está certa, mais uma vez. Por que é tão difícil tentar ser apenas a detetive investigando casos? Por que tenho que me incomodar por não poder conversar com ele? Sair e... droga, Dana! Eu deveria estar me concentrando no meu tratamento e não em que Castle está fazendo no fim de semana ou em qual seria a opinião dele sobre o filme que assisti ou como eu gostaria de estar apenas estar sentada ao lado dele e sentir seu toque outra vez.
Ela colocou outra colher de sorvete na boca na esperança que fizesse o mesmo sentido que os beijos de Castle. Não chegava nem perto.
- É natural que sinta falta, Kate. Você estava acostumada. Essa é uma das consequências que você tem que lidar depois que optou por encerrar a parte dos benefícios. Eu não disse que seria fácil.
- Fácil? Você disse que seria complicado, insinuou que não resistiria. Dana, é terrivelmente difícil! Eu estou me sentindo uma adolescente que não consegue largar o namorado. Sabe aquela fase que você precisa estar junto, fazer amor várias vezes no dia tanto quanto puder? Isso não é normal! Devo estar enlouquecendo! – Dana riu. Era mais sério do que pensava.
- Kate, você terá que lidar com isso se quiser manter seu objetivo principal no foco. Lembre-se que foi sua escolha, não minha, não de Castle. Sua.
- Eu sei! Não esperava que fosse tão difícil... existe uma injeção de endorfina? Um remédio que iniba essa sensação ou que cause a mesma resposta que uma noite de sexo pode fazer, somente para eu me livrar desse aperto no peito? Usar minha mente para algo mais produtivo como meu tratamento?
- Não, Kate. Infelizmente, droga nenhuma substitui o poder de um orgasmo, do toque de alguém que a gente gosta. Não posso ajuda-la nessa área. Satisfaça uma curiosidade, nesse período que você está separada, digamos assim, de Castle, aconteceu algo mais complicado de lidar?
- Além do fato de que eu aparentemente liguei para ele três vezes no fim de semana e não me lembro?
- Oh, você fez isso e não se lembra? Você bebeu? – o jeito como Kate a olhou respondeu à pergunta – você tem ideia se disse algo?
- Não, ele apenas disse que havia três ligações perdidas na madrugada de sábado para domingo.
- Bem, pense pelo lado positivo, você poderia ter falado várias besteiras inclusive o que não devia.
- Essa não foi a pior parte... – Dana a olhou erguendo a sobrancelha questionando – eu...quando estávamos investigando o caso, ontem à noite, nós ficamos até tarde no distrito. Em algum momento, ele adormeceu no sofá. Eu me aproximei para juntar alguns papeis que ele deixara cair no chão. A proximidade, Dana, ele tinha alguns botões da camisa desfeitos, eu podia ver a pele exposta do peito dele, sentir seu cheiro. Isso é embaraçoso... – ela passou a mão nos cabelos – eu o cheirei, não sei se ele percebeu, mas se mexeu e eu perdi o equilibro. Cai pra trás, meu rosto quase colado no dele. Castle abriu os olhos e perguntou o que eu estava fazendo. Eu congelei! Por uns instantes, eu quase me rendi...
- Kate, tudo bem... foi quase um deslize, porém não aconteceu. Não se recrimine por isso.
- Dana, eu sonhei com ele. Naquele mesmo sofá... – o rosto dela estava vermelho.
- Você teve um sonho erótico com Castle? – Kate baixou o rosto. Não tinha condição de encarar a amiga – você acordou excitada – não era uma pergunta. Era uma afirmação – isso explica totalmente o jeito como está agindo.
- É ridículo... - ela sussurrou.
- Não, Kate. É humano. Você gosta dele. Tem duas opções: pode desistir da distância e voltar atrás no fim da parceria com benefícios ou concentra toda sua energia em seu tratamento se afogando no chocolate para conter esse desejo de agarra-lo. Não a recriminaria se voltasse atrás e acredito que Castle também não.
- Como não, Dana? O que ele vai pensar? Que não tenho palavra ou que estou tão carente que não consigo ficar longe dele ou...ou... pode achar que eu estou querendo mais...
Dana sorriu. Pobre Kate. Essa indecisão e teimosia ainda podia causar-lhe um ataque cardíaco ou pior, coloca-la em uma situação bem complicada.
- E se ele não a julgar de jeito nenhum? Se apenas ficar feliz por você se render e admitir que pode conviver com as duas coisas, seu tratamento e os momentos entre vocês?
- Você não conhece Castle. É claro que a primeira coisa que ele jogaria na minha cara é que sabia que não resistiria ao charme dele.
- E estaria errado ao dizer isso? Ah, Kate! Por favor! Novamente, a decisão é sua. Não vou dizer o que deve fazer. Contente-se com o sundae.
- Wow! Pensei que estava falando com a minha amiga, mas parece que a terapeuta entrou em ação...
- Não, quem está aqui é a sua amiga Dana, porém, mesmo que tenha uma opinião formada sobre o seu problema, essa decisão é inteiramente sua. Não quero que se volte contra mim qualquer que seja o rumo que escolha – ela esticou a mão tocando a da amiga – mas estarei sempre pronta a ouvir. Sempre que quiser desabafar, chorar ou mesmo gritar comigo para liberar essa tensão que a assombra.
Kate sorriu.
- Acho que sou a amiga e a paciente mais chata que você tem.
- Pelo contrário, Kate. Você é a melhor, o caso mais delicioso que já tratei até hoje. Um super desafio e os resultados são extremamente gratificantes. Mas como amiga, não me interessa a teoria, apenas sua felicidade – ela pode perceber que a amiga estava emocionada, querendo evitar o choro de Kate, ordenou - Acabe logo esse sundae, seu corpo grita por endorfina, detetive.
Mais tarde, Dana fez questão de pagar a conta. Ao caminharem em direção ao metro, ela percebeu que Kate estava um pouco mais relaxada mesmo que ainda indicasse estar pensativa sobre o assunto envolvendo Castle. Ao chegarem na estação que a terapeuta desceria, ela deu um último conselho.
- Não pense demais sobre isso, Kate. Você irá achar as respostas eventualmente.
- Eu já me decidi, Dana. Vou manter as coisas como estão.
- Tudo bem, assim seja. Boa noite, Kate.

Enquanto ela subia as escadas para sair da estação, Dana sorria. Tinha certeza que em algum momento, Kate seria vencida pelo próprio desejo de se entregar a Castle. Infelizmente para o azar de Kate, a atração que sentia era maior que sua própria resistência. O que, no ponto de vista de Dana, era perfeito.            

Continua...

domingo, 26 de junho de 2016

[Castle Fic] KaRma Castle




KaRma Castle

Autora: Karen Jobim
Classificação: NC17 – Romance
Histórias: Parte do projeto – Guilty Pleasures   
Quando: S7 – entre 7x17
Disclaimer: Castle e Beckett não me pertencem...são da ABC yada yada yada... conteúdo criado para diversão, todos os direitos da autora reservados!
Beckett começa a se questionar sobre carreira e estabilidade. Ela sente que todos estão avançando menos ela. Vendo a apreensão da esposa, Castle pensa em alegra-la com uma pequena surpresa. O tiro sai pela culatra e ele acaba machucado, o que pode lhe render algo bem interessante como recompensa.

Nota da Autora: Oitava história do projeto – Guilty Pleasures. Essa sugestão veio da Vanessa, conversamos e eu escrevi essa ideia. Não quero me ater ao que Kama Sutra prega ou como fazer sexo, daí o trocadilho no nome. Contexto é sempre importante em oneshots NCs. Obrigada, Van! Aliás, você sempre me salva em nossas discussões. Espero que gostem.

O próximo desafio talvez em Julho? Botem a cabeça para funcionar! Confesso que tenho duas ideias já, mas estão difíceis de desenvolver. Preciso de tempo! Desejo ou fantasia de Castle e Beckett, ok? Lugares... de preferências lugares públicos ou difíceis (não impossíveis, por favor!), cenários, roleplay...    

Lembrem-se é TOP15 a situação tem que ser boa! Deixem as ideias no post oficial do projeto.





KaRma Castle


Beckett entra no escritório com uma bandeja trazendo o almoço de Castle. Ele está sentado em frente ao seu notebook tentando escrever com apenas uma mão. O braço direito na tipoia deixava-o extremamente irritado. Seu rendimento digitando palavras caíra absurdamente.

– Você sabe o quanto é frustrante usar apenas uma mão para escrever? – disse visivelmente chateado. Não esperava que Beckett entendesse.

– Tem certeza que não quer comer na mesa da sala de jantar?

– Vou perder mais tempo se fizer isso.

– E como acha que vai escrever e comer com uma mão ao mesmo tempo?

– Você vai fazer aviãozinho? – perguntou com a carinha de cachorro pidão, o que fez ela balançar a cabeça e sorrir – por favor?

– Você não tem jeito. Devia ter pensado nisso quando decidiu testar a tal posição do Kama sutra.

– Ah! Então, agora a culpa é minha? Tudo que eu fiz foi para melhorar seu estado de espirito. Você estava chateada com o lance da detetive de Hong Kong, com a sua carreira, reclamando da vida. Então lembrei da promessa que fizemos, de nunca nos tornarmos chatos, um casal sem chama, que vive de rotina. E você ficou bem interessada na hora...

– Fiquei, mas o resultado...

– Hey! Eu sou a vítima aqui, você me empurrou!

– Nossa, Castle! Como você está rabugento! Por que homens são piores que criança quando ficam doentes?

– Você também estaria se ficasse sem um dos seus braços durante três semanas. Não sei porque essa droga de luxação demora tanto para melhorar – disse ele apontando para a tipoia em seu braço. Beckett o abraçou por trás, beijando-lhe o pescoço. A mão acariciava o braço machucado de leve. Podia imaginar o quanto aquilo o chateava. Talvez pudesse fazer algo para lhe confortar e colocar um sorriso naquele rosto. Ela fazia uma trilha de beijinhos na nuca dele.

– Desculpe, babe. Sei que não é fácil e acredite apesar de tudo adorei ver você tentando manter nossa relação apimentada. Cumprindo a promessa e confesso que não estava nos meus melhores dias. Vamos, saia da frente desse computador. Iremos comer na sala, juntos, como um casal – ele a fitou – e sim, eu faço aviãozinho – e beijou-lhe os lábios em seguida. De mãos dadas, seguiram para a sala de jantar.

Sentados à mesa, Kate comia e alternava sua atenção dando colheradas do almoço a Castle. Eles conversavam sobre diversos assuntos inclusive a decisão dela em se tornar capitã. Para ele, era difícil vê-la abandonando as ruas, porém a apoiava na escolha.

– Você pretende estudar hoje?

– Preciso se quiser passar no exame daqui a três semanas. Por que?

– Nada...

– Castle...

– É porque quando você estuda esquece de mim, sem o braço não posso me distrair no videogame, aí fico sozinho – ela ofereceu uma outra colher de comida para Castle sorrindo, beijou-lhe o rosto.

– Devia ter pensado antes, nas duas últimas semanas venho me dividindo entre cuidar de você, trabalhar, mal tenho tempo para ler os livros preparatórios, amor. Sei que não é o melhor momento, mas se não fizer isso agora...

– Você podia esperar um exame de Lieutenant... assim tinha uma promoção e continuava investigando nas ruas.

– Por que? Com o meu tempo de polícia, eu poderia chefiar um distrito. Gates concorda. Se eu não passar para capitã, penso no que você falou. Espera, você não me quer no comando?

– Não, amor. Claro que quero, sei que tem competência para isso, mas você não estaria mais investigando e sei o quanto ama as ruas e...

– E você não teria a chance de investigar comigo. É isso que o incomoda? Ou isso é um resultado do Castle ranzinza por dores e analgésicos?

– Um pouco de tudo? – ele sorriu como quem pede desculpas.

– É, quem diria que tentar apimentar nossa relação com Kama sutra nos traria tantos problemas. Tenho que concordar que foi muito bom, a experiência.

– Tem que ter sido bom para alguém – ele disse debochado – afinal foi por esse motivo que você me machucou.

– Eu não machuquei você. Eu me empolguei e então excitada eu...

– Exato. Eu lembro muito bem...


Três semanas antes...  


Fazia umas duas noites que ela estava muito irritada. Beckett fez uma reflexão dos últimos meses de sua vida e descobrira que tudo estava normal demais, certo demais, domestico. Essa foi a palavra que ela usara para descrever o momento da sua vida. Kate chegara a essa conclusão quando soube da promoção de um colega de academia para capitão. Percebeu que estava estagnada em sua carreira de detetive há anos e apesar de grandes feitos, agora sua vida parecia tão casual! Ela estava casada, feliz, trabalhando no 12th e só. Onde estava a faísca que nos deixa ansiosos pelo novo? Para onde foram os desafios? Nem ao menos os casos que investigara no último mês trouxeram algo diferente exceto por mais irritação durante o período devido a chinesa que a ajudou na investigação. No fim, após reclamar deitada ao lado de Castle sobre como estava sua vida, resmungando e revirando os olhos quando ele apenas tentava ajuda-la, ela tomou a decisão de prestar o exame para capitã.

Isso trouxe uma nova motivação para Beckett, porém todo aquele período de auto avaliação criou uma preocupação para Castle. Ele se recordara da promessa que fizera a ela sobre não deixar a relação deles cair na rotina. Talvez fosse um bom motivo para tentarem algo novo, entrar no embalo da mudança e propor algo que já quisera fazer antes. Na verdade, ele já tinha sugerido a Beckett para brincarem um pouco com o livro do Kama Sutra, testar algumas posições. A resposta da esposa foi um “não” enfático.

Ele tentaria outra vez. Estavam em casa naquela sexta-feira. Chegaram do distrito por volta das sete e Kate estava fazendo algo rápido para jantarem. Castle correu em seu escritório e após uma rápida pesquisa em seu notebook, pré-selecionou as posições que poderiam tentar. Algumas, ele tinha dúvidas se conseguiria fazer, mas estava disposto a tentar. A concentração era tão grande que sequer percebeu que ela entrara no escritório e se colocara atrás dele, pronta para surpreende-lo.

– Castle, você está vendo pornografia na internet? Qual o problema com você? Eu pensei que estava jogando! – ele tinha os olhos arregalados pelo susto, recuperou-se rapidamente e aproveitou a chance para convence-la.

– Claro que não! Eu não preciso da internet com a esposa que tenho! Não, Kate. Eu estava pesquisando e...

– Sabe, essa desculpa de pesquisar para um livro está ficando muito velha.

– Não é para um livro. Era para nós.

– Ok – ela botou as mãos na cintura – você elogia sua esposa e depois diz que fazer amor comigo está ficando chato? Porque se é isso que está parecendo, não se preocupe, eu posso parar de vez.

– Não! – o pavor foi tão grande que ele agarrou a mão dela e quase ajoelhou-se suplicando – não é nada disso, deixe-me explicar. Eu estava pensando em brincarmos um pouco. Que tal tentarmos algo novo, algo no estilo Kama Sutra?

– De novo essa história, Castle? Você já tentou me convencer no mês passado e eu disse não. O que o faz pensar que aceitarei agora?

– Porque você está mais excitada com seus novos desafios? – ele perguntou relutante sorrindo para tentar faze-la concordar – além do mais, você me pediu para não deixar nossa relação cair na rotina, isso é algo que podemos fazer. Vamos, Beckett. Cadê aquela mulher sexy que me provocava anos atrás dizendo ser flexível, me atiçando e me fazendo sonhar com as posições que ela era capaz de fazer?

– Você sonhava com isso? Comigo sendo flexível na cama?

– A inspiração para Nikki tinha que vir de algum lugar... como você acha que escrevi as cenas quentes dos meus livros antes de estar com você. Aquela cena com Rook em Frozen não se escreveu sozinha... a melhor ferramenta de um escritor são seus sonhos e a imaginação para descreve-los no papel – ela revirou os olhos por pura comodidade, gostou de saber que sempre povoara a mente dele, especialmente nesse quesito – esse não é o ponto da conversa. Quero mostrar algumas posições que podemos tentar.

– Castle, eu não acho que seja uma boa ideia.

– Ah, Beckett, por favor, apenas olhe as figuras. Dê uma chance – ele mostrou a primeira foto para a esposa – que tal?

– Desastre total, você pode se machucar.

– Hum, vejamos a segunda – ele clicou em outra – que tal?

– Essa podemos fazer sem qualquer desafio só precisamos estar no clima e bem a fim de sexo. Podemos encarar como uma rapidinha. Quem sabe um dia?

– Estou falando de hoje ou amanhã....

– Castle... vamos jantar.

– Não, espere... – ele a seguiu com o notebook na mão estava determinado em faze-la aceitar a brincadeira – volta aqui, Kate – ela já estava sentada na mesa colocando o risoto em seu prato quando ele deixou o notebook sobre o balcão e de pé ao lado dela, abaixou-se e sorveu-lhe os lábios apaixonadamente pegando-a de surpresa. O jeito como ele brincava com a língua no interior de sua boca a fazia gemer baixinho, quase ronronar como uma gata.

– Agora, tenho mais uma e particularmente, acho que tem tudo a ver conosco...

– Castle... não adianta chantagear. Não pense que porque me beijou assim que vai me convencer e... – ele a beijou outra vez, segundos depois, ele se afastou sorrindo.

– Ah, detetive Beckett posso fazer isso a noite toda... dê uma olhada...

– Depois do jantar, ok? – ela sussurrou – A comida vai esfriar.

Castle se satisfez com a promessa. Sentou-se ao lado dela e se ateve ao jantar que estava maravilhoso. Mudaram de assunto, riram e ele fez o possível para evitar a palavra naqueles instantes. Sabia que estava bem próximo de convence-la, Beckett sempre gostava de coisas diferentes não havia motivo para descartar uma experiência baseada em Kama Sutra. Ela cederia no fim. O jantar seguiu-se de uma taça de sorvete que ele serviu para dividir com ela no sofá. Estavam abraçados, quase terminando o sorvete quando com os lábios gelados, Castle começou a beijar seu pescoço causando cocegas e arrepios em Beckett. Ela ria e jogava a cabeça para trás.

– Pare, Castle... seus lábios estão gelados – ele estava adorando ver o jeito que sorria e apreciava o momento, ele abocanhou a orelha dele – hum, isso é bom... – sentiu as mãos dela em seus braços. O sorvete foi esquecido. Logo o lóbulo foi abandonado, trocado pelos lábios também gelados de Beckett. Ficaram vários minutos nessa troca de carinhos, beijos até que a temperatura começou a subir. Logo, ambos iam querer mais. Castle usou isso a seu favor. Desabotoou a calça dela, as mãos acariciavam o estomago. Beckett intensificou o beijo. Ele pretendia não mostrar a outra posição, queria apenas sugeri-la quando estivessem bem próximo ao ato.

Quando sentiu que ele já se livrara de sua calça, ela não perdeu tempo tirando a camisa dele e jogando sua própria camiseta no chão da sala. Ele deitou-se sobre o corpo dela no sofá, apenas queria excita-la para então seguirem para o quarto. Os toques, os gestos, faziam o corpo de ambos falarem, clamar por mais. Ele brincava com os seios dela, sugando-os, tocando-os, tudo sobre o tecido. Viu os mamilos enrijecerem sobre a renda quase implorando para serem provados. Abriu o fecho frontal descartando a peça, ao menos tirando-a de seu caminho. Os lábios não resistiram ao belo par de seios a amostra.

Castle beijou um dos mamilos antes de roçar seus dentes e abocanha-lo. O gemido dela disse tudo. Estava ficando excitada. Com um seio nas mãos e outro sendo literalmente degustado pela sua boca, ele não tinha pressa. A respiração de Kate tornou–se mais pesada, rápida. Queria muito mais. Sentiu a mão de Castle escorregar por entre suas pernas, apertou seu centro e pode perceber que ela já estava úmida. Sorriu ao levantar a cabeça do meio dos seios dela para fita-la.

– Vamos para o quarto, Castle... quero você.

Ele não esperou uma segunda ordem. De mãos dadas, eles quase correram para a cama. Ainda trocavam beijos. Castle tirou a calça que usava apenas para revelar o membro já extremamente excitado. Ela o tocou provocando espasmos de prazer por todo o corpo dele. Não ainda, ele pensou. Castle a deitou na cama, jogando seu peso sobre o corpo dela. As bocas mantiveram-se ocupadas numa dança prazerosa enquanto as mãos percorriam os caminhos disponíveis de pele. Ela sentiu a mão dele no meio de suas pernas e pediu.

– Agora, por favor...

– Não, ainda não... – ele se colocou entre as pernas dela afastando–as um pouco e flexionando-as contra o estomago dela. Ficou de joelhos. Antes de pensar em penetra-la, Kate já tinha entendido o que pretendia e confessava internamente a si mesma que parecia interessante, estava muito excitada para não se deixar levar pela novidade.

Ele queria apimentar um pouco mais, então usou a posição para estimular seu clitóris. Ao sentir os lábios dele em seu centro, ela gemeu contorcendo o corpo.

– Parece bom para você, detetive? – provocou.

– Sim, Castle...sim...faça... – satisfeito, ele brincou provando-a, massageando seu clitóris, querendo-a realmente a fim para possui-la.

– Vamos brincar de munição, Kate... – foram suas palavras ao se posicionar de joelhos com as pernas dela flexionadas contra a barriga. Os joelhos encostando em seu peito deixando a vagina exposta pronta para recebe–lo. Castle a moveu um pouco mais de maneira que seus pés ficassem contra seu tórax. Ele a penetrou de uma vez. Ela soltou um grito de prazer ao senti-lo dentro de si. Sorriu satisfeita. O desejo nítido em seu olhar.

– Sim, pode usar sua arma... isso é bom...oh! – ela gemeu quando Castle começou a se movimentar dentro dela. Segundo a segundo, eles se deixavam entrar cada vez mais no clima e Kate percebeu que a ideia dele não era tão ruim afinal. Sentia-o bombeando dentro dela, aprofundando-se, indo e vindo, criando sensações muito gostosas.

O corpo de Kate reagia a cada estocada, os arrepios, os toques. Apesar de estar se segurando em suas pernas para garantir seu equilíbrio, ele conseguia deixar suas mãos escaparem de vez em quando para apertar-lhe um dos seios. O desejo crescia a cada minuto. O ritmo das estocadas aumentavam levando seu corpo ao limite. A onda de prazer passava a atravessar o corpo de Kate fazendo-a começar a tremer. Os espasmos involuntários da proximidade do orgasmo, deixaram-na empolgada. Gemia mais alto e pedia mais. Castle obedecia aprofundando-se dentro dela. Então, quando Kate sentiu a explosão acontecer contorceu seu corpo e por puro reflexo, esticou as pernas com força contra o peito dele empurrando-o com vontade. O gesto o pegou de surpresa e Castle se desequilibrou caindo direto no chão soltando um grito.

Kate estava tão envolvida pelo orgasmo que levou alguns segundos para processar o que havia acontecido.

– Castle? – percebeu que ele estava no chão caído sobre o braço. Em seu rosto, uma careta de dor. Por impulso, ela se levantou para ajuda-lo – como isso aconteceu? Você caiu... da cama – ela começou a rir.

– Hey! Você me empurrou...

– Eu? – ela falou entre risos – eu só...oh... sinto muito, babe. Deixe-me ajuda-lo – ela foi tocar no ombro direito dele, mas Castle reclamou na hora – deve ter deslocado. Posso resolver isso. Sente na cama – ele sentou, porém foi logo acrescentando.

– Você não vai resolver nada, já me deu um empurrão. E logo quando estávamos chegando na melhor parte... aiii!

– Deixa de ser exagerado, Castle. Eu apenas toquei em seu braço. Deixe-me ver – relutante, ele deixou-a toca-lo – esse é o resultado da sua experiência com Kama Sutra, satisfeito agora? Apesar de que para mim estava bem prazerosa... não posso reclamar... – ele sorriu.

– Não, mesmo...você estava adorando...eu sei o que você gosta, Beckett...– ele falou sussurrando, viu o sorriso dela. Kate se aproximou e beijou-o nos lábios, provocando. Ele se deixara envolver a ponto de quando ela se afastou somente sentiu o estalo e a dor. Ela puxara seu braço para colocá-lo no lugar, exceto que não ajudara.

– Você me enganou! Usou seus truques de sedução e me enganou, Beckett.

– Você precisava de uma distração...

– Não funcionou...está doendo muito.

– Vai funcionar, só precisa de tempo e descanso. Vamos dormir, garoto da munição.

Contrariado, ele subiu na cama e acomodou-se ao lado dela deitado de barriga para cima a fim de evitar maior dano ao seu braço, ela se inclinou sobre o corpo dele tomando cuidado para não machuca-lo ainda mais e beijou-o carinhosamente.

– Eu sinto muito, babe. Não foi minha intenção e para sua informação, estava muito bom. Você tinha razão. Amanhã tudo ficará melhor. Vamos dormir.

Infelizmente, Beckett estava errada e na manhã seguinte, o braço direito de Castle amanheceu inchado e muito dolorido, após irem no médico não deu outra. Ele tinha uma luxação e precisava ficar com o braço imobilizado na tipoia por três semanas. Ela não aguentou as palavras dele.

– Definitivamente eu odeio Kama Sutra.


Dias atuais...


– Tudo bem, foi minha culpa. Por que você acha que estou cuidando de você? Fazendo as refeições, ajudando-o com o banho, administrando remédios, compressas, tendo o maior cuidado com o seu braço? Eu sei que foi minha culpa. Estraguei sua fantasia, babe.

– Se você se sente tão culpada, talvez possamos tentar de novo, não apenas a munição... outras posições?  – a carinha dele de antecipação fez Beckett sorrir.

– Castle, essa ideia está completamente descartada. Não aceito. Eu não quero vê-lo machucado outra vez, além disso estou convencida que nós não precisamos de Kama Sutra quando o assunto é se divertir na cama. Ambos temos muita imaginação... e se você se machucar, serão mais semanas sem diversão... já pensou nisso?

– E sua lógica acaba de me lembrar porque eu não gosto mais de Kama Sutra. Somos melhores juntos do que um livro estúpido. Bobagem minha. Eu sei que você inclusive negligenciou seus estudos por causa disso. Obrigado, amor. Felizmente, amanhã acaba essa tortura. Você vai na consulta comigo?

– Vou. Agora, vamos trocar de roupa que eu preciso ler ao menos um capitulo – com toda a paciência do mundo, Kate ajudou-o a tirar a roupa, esperou ele lavar o rosto. Sentou-se na pia e calmamente passou o creme de barbear no rosto de Castle. Ele sempre aproveitador da boa vontade e da disponibilidade de Kate, resolveu brincar com ela. Buscou seus lábios sujando-lhe o rosto de creme.

– Castle! Assim não está ajudando... deixa eu terminar de fazer sua barba.

– Pensei que gostasse quando ela está ralinha assim... – provocou.

– Gosto, mas amanhã você tem médico e não é como se eu fosse usufruir dela agora.

– Meu ombro está luxado, minha boca está funcionando muito bem, assim como o resto do corpo. Quer testar? – ele voltou a beija-la lambuzando o rosto e o pescoço de Kate com o creme.

– Você não está ajudando... preciso estudar... – ela falava quase sem forças – por favor...

– Tudo bem, mas deixa eu tirar esse negócio e o médico dizer que estou curado. Você não me escapa – ela riu. Tornou a passar o creme em Castle e deslizou o aparelho com delicadeza na pele fazendo a barba do marido. Depois lavou o próprio rosto tirando o creme também de seu pescoço. Aplicou a loção e beijou-o ao terminar. Depois, ajudou-o a vestir o pijama e foi buscar a bolsa de agua quente para a última compressa da noite. Para que ele não se sentisse sozinho, ela ficou deitada em seu peito acariciando-o enquanto a bolsa perdia seu efeito. Ao acabar o tempo, ela beijou-o outra vez e saiu na direção da cozinha. Deu o remédio da hora e deitou-se ao seu lado com o livro nas mãos. Em poucos minutos, ele se acomodara para dormir, ela percebeu ao ouvir a mudança no ritmo de sua respiração. Cansada, colocou o livro na cabeceira e rendeu-se ao sono deitada com o corpo colado ao dele.

No dia seguinte, a visita ao médico foi o que Castle esperava. O braço estava bem e podia realizar a maioria das funções. Apesar de ainda precisar tomar algumas medicações, ele estava liberado para se alimentar, escrever e fazer o básico. Nada de exageros com pesos pelas próximas duas semanas para evitar que a luxação voltasse. Kate ouviu todas as recomendações do doutor e ficou maquinando uma ideia em sua mente.

Queria encontrar uma maneira de deixa-lo feliz após a tentativa frustrada do Kama Sutra. O médico acabara de lhe dar essa ideia, precisava apenas conseguir alguns acessórios. Podia ser clichê, porém ela tinha certeza que Castle não se importaria.

Duas noites depois, Castle estava no escritório empolgado por poder escrever outra vez. Passara a tarde inteira trabalhando em seu livro o que deu a Beckett a chance de estudar também. Dizendo a ele que ia tomar um banho, ela inclinou-se para beija-lo.

– Não se esqueça, seu próximo remédio é as oito da noite! – ela repetiu o gesto brincando com os lábios dele, mordiscando-os – e escreva por mais quinze minutos apenas, não quero você reclamando de dor depois. Nada de exageros, lembra? – sorrindo, entrou no quarto para se preparar para a pequena surpresa que faria para Castle.

Quando terminou de se arrumar, ela espiou da porta do banheiro se ele estava no quarto. Sorriu ao perceber que não. Então, pegou o comprimido da vez e um copo com agua ficando no meio do quarto, chamou por ele.

– Castle... hora do remédio. Vem aqui...

Castle não acreditou no que via ao entrar no quarto. Kate Beckett vestia um uniforme branco de enfermeira. Não um qualquer, era uma enfermeira vadia. O decote bem cavado revelava a curva dos seios praticamente a amostra, a saia era micro, mal cobrindo a calcinha e deixando as pernas expostas para seu deleite. Ela fizera um coque nos cabelos e o pequeno chapéu com a cruz vermelha estava preso na cabeça. Usava um batom vermelho convidativo a devorar-lhe os lábios. Nas mãos, o remédio. Ele sorriu.

– Oh meu Deus! É você, Beckett ou essa seria a Nikki?

– Posso ser a Nikki, afinal ela é um pouco safadinha demais, não? Enfermeira Heat para você, Sr. Castle. Está na hora de seu remédio se quiser melhorar e receber um tratamento especial.

– Claro que sim, enfermeira Heat, jamais desobedeceria a ordens suas – ele tomou o comprimido bebendo a agua bem devagar fixando seu olhar nos lábios vermelhos dela. Desejava aqueles lábios tão intensamente... – eu preciso desesperadamente beijar sua boca. Esse batom está me deixando louco...

– E está esperando o que? – ele avançou contra Beckett tomando-a em um beijo avassalador. Não sabia dizer se era o jejum das três semanas, o batom vermelho ou a roupa que usava, mas certamente algo no conjunto fez Castle simplesmente surtar. Aquele beijo trouxe lembranças de outras vezes em que se beijaram com uma paixão, um desejo fulminante se apossando de seus corpos. Como ela gostava quando ele a pegava de jeito. Gemia em seus lábios, incentivando-o a continuar. Porém, ela devia estar no comando, ele era o paciente. Contra sua própria vontade, ela quebrou o beijo.

Olhando para a intensidade daqueles olhos azuis, ela sorriu.

– Hum, Sr. Castle... hora de descansar. Já para a cama.

– Esse descansar tem um sinônimo, tipo cochilo?

– Você não deve exagerar, ainda está se recuperando. Lembra-se das ordens médicas? Estou aqui para fazê-lo relaxar. Está a fim de relaxar e descansar, Sr. Castle? Conheço uns truques interessantes. Deite-se.

Castle sorrindo feito um bobo, deitou-se na cama. Kate o fez realmente deitar como se fosse dormir. Ela subiu ficando de joelhos na cama. Empurrando-o para o centro. Devagar, começou a puxar a calça de moletom que usava trazendo consigo a boxer. Com cuidado, ela o fez erguer o peito e tirou a camiseta cautelosa com o ombro direito. Empurrou-o outra vez contra o colchão.

Agora foi a sua vez de posicionar-se como gostaria sobre o corpo de Castle. Ela sentou-se em suas pernas para que ele tivesse a visão do que pretendia fazer em seguida. Com o membro dele nas mãos, ela começou a acaricia-lo inclinando-se de modo provocativo para que ele prestasse atenção em seu decote. Ao inclinar, seios ficavam a amostra.

– Hum... está calor aqui, não? – ela abriu o único botão da blusa do uniforme e logo os seios ficaram a amostra. As mãos de Castle foram direto ao seu encontro – devagar, pode aperta-los, faz parte da sua fisioterapia. Mas ele não queria apenas toca-los ou aperta-los, queria prova-los. Teimosamente, ele ergueu o tronco da cama caindo de boca no meio dos seios dela. Kate deixou-o sugar e provar um deles porque ela também precisava de estimulo, então voltou ao comando após um gemido. Afastou-o e pode ver toda a luxuria em seu olhar. Empurrou-o outra vez – disse para tocar, obedeça.

– Já que você não sabe ouvir, vou cuidar da minha parte – dizendo isso, ela voltou sua atenção ao membro dele, massageava-o de cima a baixo, viu-o crescer em suas mãos, Kate abaixou-se e provou a ponta com a língua deslizando-a ao longo de toda a extensão ouvindo Castle gemer seu nome. A brincadeira estava apenas começando.

Propositadamente, ela saiu de cima dele apenas para mudar a posição. Ao fazer isso, o primeiro som que ouviu foi de reclamação. Somente ao perceber o que ela iria fazer, foi que ele deixou escapar um gemido de prazer. Beckett se posicionara com o bumbum na direção dele, não sobre o seu corpo, mas ao seu lado no colchão. Inclinou-se para alcançar o membro, ação que deixou o bumbum empinado para a apreciação de Castle. Foi quando notou que ela usava uma calcinha mínima, fio dental branca. Aquilo o fez gemer e causou-lhe uma dor imediatamente na virilha. O membro já excitado não via a hora de estar dentro dela.

A brincadeira não acabara ali. Beckett tomou-o na boca, provando, usando-o, provocando-o. Ele sentia-se perdido, completamente entregue nas mãos delas embora soubesse que seu destino, em algum momento, era o paraíso. Ela tinha seu próprio ritmo, seu próprio jeito de prova-lo e desfrutar do momento. Ouvir os gemidos e o seu nome ser pronunciado várias vezes era a sua recompensa. Sentiu quando a mão dele começou a acariciar as pernas dela subindo em direção ao bumbum. As mãos dele chegaram ao meio de suas pernas e apertaram-na como se pedisse licença para entrar. O arrepio de prazer percorreu-lhe o corpo. Aumentou o ritmo no membro de Castle e apertou-lhe as bolas. Ele gritou.

– Meu Deus...

Ela sentiu acariciando seu centro. Instigando-a. pagou na mesma moeda. Sabia que ele estaria em ponto de bala em poucos minutos. Para mexer ainda mais com sua mente e também com a dele, ela falou.

– Sr. Castle, pode tirar minha calcinha? Ela está atrapalhando... – ao vê-lo erguer uma das mãos, ela brigou – nada de mãos, ela é descartável. Use os dentes – e tornou a colocá-lo em sua boca chupando para servir de incentivo. Castle estava perto dos céus. Ele certamente iria usar os dentes, ah se ia! Debruçou-se na direção do traseiro dela e roçou os dentes na pele de uma das bochechas para depois beija-la. Somente então, ele usou os dentes como ela pedira para romper a calcinha. Não resistindo, ele a provou fazendo Kate gemer e umedecer ainda mais com o gesto. Ela não estava mais aguentando queria tê-lo dentro de si, precisava senti-lo dentro de si.

Ela continuava com o membro na boca, mas as pernas estavam quase bambas diante do incentivo que Castle lhe dava. Quando ele se afastou, ela viu a oportunidade de recompor-se e concluir o ato. Engatinhou pelo colchão até poder sentar-se nas coxas dele. Trocaram um olhar e Castle sabia o que viria a seguir.

– Cure a minha dor, Nikki...

Ela não se importou com as palavras dele. Apenas se deixou deslizar sobre o membro de Castle extasiada pela sensação de preenchimento envolvendo seu corpo. Apoiou suas mãos no peito dele e começou a mexer-se. Em poucos minutos, ela já imprimia um ritmo acelerado, com o desejo aflorando por todos os seus poros levando-a ao caminho do prazer. Castle espalmou as mãos no traseiro dela e ajudava nos movimentos. Não demoraria muito.

O orgasmo a fez gritar. Castle a seguiu sentindo o peso dela sobre seu corpo, tremia e gemia. Ele ainda estocava não querendo ceder ao que era iminente. Ao ouvi-la dizer seu nome, ele não se segurou e gemeu recebendo o alivio do orgasmo com vontade. Chegara ao paraíso.

Não sabia quanto tempo ficaram naquela posição apenas ouvindo a respiração um do outro. Não importava. O coração dela estava mais calmo agora. Ainda tinha a blusa e a microssaia em sua cintura. Ela beijou o peito dele para em seguida buscar-lhe os lábios. Ele agarrou-lhe parte dos cabelos próximos a nuca acariciando e trazendo sua boca de encontro a dele. O beijo foi sedutor e ainda assim, apaixonado. Pequenos gemidos escapavam dos lábios de Kate. Ela sorria. Quebrou o contato fazendo sua boca provar a pele dele, o gosto masculino. Suspirou apoiando a cabeça no peito dele. Castle voltara a acariciar os cabelos dela.

– Tudo bem?

– Bem nem começa a descrever o que estou sentindo. Você sabe como cuidar de um homem adoentado, Nikki.

– Não sou a Nikki, sou a Kate. E você estava merecendo um agrado após eu estragar sua fantasia.

– Se soubesse que uma queda da cama a faria se vestir de enfermeira safada para mim, acredite Kate, teria tentado o Kama Sutra há mais tempo. E para sua informação, quem precisa de um livro de relações sexuais quando se tem um furacão chamado Kate Beckett como esposa? Eles não têm ideia... – ela ria satisfeita por ver o quanto Castle apreciara sua pequena brincadeira.

– Agora, acho que é a minha vez de retribuir essa fantasia realizada.

– E o que você pretende fazer para se igualar ao que fiz, Castle?

– O melhor gesto que um marido pode fazer para sua esposa.

– Que seria? – ela perguntou curiosa.

– Fazer amor lentamente, provocando e despertando desejos. Tocando, sentindo e beijando e dizendo o quanto a ama através de gestos – o sorriso alargou-se no rosto de Beckett. Castle e suas palavras.

– Eu amo você, Rick... – ela disse fitando os olhos azuis. Castle sorriu e ao invés da tradicional resposta, perguntou.

– Você quer que demonstre qual seria a resposta adequada a sua colocação?

– Por favor, nem preciso responder... faça! – Castle tomou-lhe os lábios em um beijo sedutor que fora o primeiro de muitos que trocariam pela próxima hora em que fizeram amor.      



THE END