Nota da Autora: Esse capitulo é particularmente grande. Muitas coisas acontecendo e pensei até em quebrar e estender a situação por mais tempo, porém não seria fiel a minha timeline da fic. Além do mais, temos uma situação complicada se desenhando, então... divirtam-se!
Cap.77
As gravações continuavam. Estavam no sétimo
dia. Dessa vez, a season finale teria dez dias de gravação. O ritmo era intenso
e havia muitas cenas puxadas. Depois de uma longa bateria, eles finalmente
pararam para almoçar naquela sexta por volta de três da tarde. A noite prometia
varar a madrugada do sábado. Já saudosa por ter que passar o fim de semana
longe do marido devido a compromissos dele na Emerald Com, ela mandou uma
mensagem para ele vir até seu trailer trazer seu almoço. O pretexto era outro.
Nathan riu das ideias da esposa. Ela não perdia
a chance de provocar. Ao passar por Lizbeth, como quem não quer nada, ele
agindo como inocente perguntou.
- Você sabe da Stana? Pediram para entregar o
almoço dela. Por acaso a viu por aí?
- Acabei de sair do trailer dela, está lá.
- Ah, tudo bem. Deixa eu ir, ela deve estar com
fome – caminhou com rapidez, bateu na porta e ouviu um “entre”. Ele obedeceu.
Ao observar o interior do trailer, viu a esposa deitada sobre a cama de
solteiro. Havia uma bela colcha branca nela – alguém pediu almoço?
- Hey, babe...
- O que você está fazendo deitada tão à vontade
nessa cama, Staninha?
- Estou pensando em tirar um cochilo...
- Ao estilo Castle e Beckett?
- Talvez...
- Não provoque... você sabe que não posso
demorar aqui dentro. Alguém pode desconfiar.
- Podemos ser rápidos, mas antes tira uma foto
minha – ela entregou o celular para o marido, fez uma pose a vontade, rindo
tirou a foto – ótimo – ela deu uma mexida rápida no celular e voltou sua
atenção para ele que já estava sentado ao lado dela praticamente a beijando –
falando em rapidez... – ele sorveu os lábios dela com vontade, as mãos
deslizavam direto para os seios dela fazendo Stana gemer durante o beijo. Tinha
razão, eles podiam ser rápidos, porém era muito arriscado. Lembrando-se disso,
Nathan quebrou o beijo e levantou-se da cama tentando ele mesmo recuperar-se do
pequeno incêndio que começaram em poucos minutos.
- O que você está fazendo?
- Indo embora. Está maluca? Por mais tentador
que seja, qualquer um pode entrar por aquela porta.
- Mas você vai viajar...
- Meu voo sai as nove da manhã. Tenho certeza
que arranjaremos um tempo para dar uma “rapidinha”. Comporte-se e resolvemos
isso mais tarde, aproveite seu almoço. Vejo você no set – ele saiu deixando-a
frustrada, morrendo de vontade de concluir o que começaram.
Eles trabalharam bastante naquela sexta. Por
volta de seis horas, Alexi os procurou perguntando se podiam filmar mais
algumas horas. Queriam acabar uma sequência de cenas. Assim aconteceu.
Excepcionalmente, foram escalados para adentrar o sábado trabalhando. Devido ao
compromisso de Nathan na Emerald Com em Seattle, eles deram prioridades a cenas
deles. Acabaram de filmar por volta de uma da manhã.
Alexi os agradeceu e comentou que receberiam o
resto do script na segunda.
- Está tudo muito estranho – disse Stana ao
dirigir-se ao estacionamento acompanhada de Nathan – Alexi está muito
misterioso sobre esse final. Acha que ele sabe de algo que nós não sabemos?
Será que ele sabe o destino da série?
- Não sei. Talvez sim, daí todo esse mistério
com o script. Ficaremos sabendo na segunda, teoricamente o último dia de
gravações da temporada. Você recebeu algum retorno da ABC sobre a sua proposta?
- Não ainda. Talvez estejam esperando para
finalizarmos o trabalho e então negociar. Eles só irão divulgar o destino de
Castle em maio mesmo. Não sei, estou com um pressentimento estranho.
- Esquece isso um pouco, tudo bem? Vamos para
casa. Alguém ficou me devendo uma rodada de sexo ou melhor uma “rapidinha”
antes de eu embarcar para Seattle.
- Devia te deixar era sem nada, só pela
provocação de hoje à tarde. Porém, ouvir dizer que você arrebentou na última
cena, estavam todos os câmeras comentando. Fiquei curiosa, por isso vou abrir
uma exceção – rindo, ela se dirigiu ao seu carro. Logo estariam em casa.
Claro que fizeram amor, namoraram, cochilaram
nos braços um do outro até o momento que ele precisava se arrumar para ir ao
aeroporto. Stana insistiu em leva-lo e acabou acompanhando-o até o
estacionamento do aeroporto. Dentro do carro, uma última conversa e a
despedida.
- Você vai ficar bem, não? Esse lance de gravar
a última cena na segunda não vai ficar colocando caraminholas na sua cabeça,
vai amor? Volto domingo à noite.
- Vou ficar bem. Com saudades, mas bem.
Aproveite a Con e não exagere. Quero você inteiro para filmar essas últimas
cenas comigo sejam lá quais forem – eles trocaram um beijo e Nathan seguiu para
pegar seu voo.
Durante o fim de semana, Stana tirou o tempo
para reler o script, digerir o que estava sendo proposto. Tinha uma noção do
que pretendiam fazer com a sua personagem e conforme a informação de Alexi,
filmariam mais de um final. Ela sabia que existia a possibilidade da série
continuar sem um de seus protagonistas, na verdade, tinha quase 100% de certeza
que seria sem ela. Não apenas pelo que escrevera em seu acordo, mas porque não
era de hoje que vinham colocando-a para escanteio.
Sentada na cama, ela resolveu verificar o que
rolava no twitter. Haviam várias fotos de fãs de Nathan com ele, fotos das
mercadorias, dos painéis que ele participava e obviamente fotos dele com os
amigos bebendo para comemorar o sucesso do evento. Dentre eles, estavam Lana
Parrilla e seu marido. Stana sabia que Nathan a conhecia há algum tempo e
gostava muito dela. Parecia estar bem, só esperava que não exagerasse.
Duas horas depois, ela vê outras fotos. Fim de
festa. Tiradas na rua por fãs que ainda estavam por lá. Nathan aparecia bem
bêbado caminhando pela rua. Depois outra mostrava Lana e o marido tentando
ajuda-lo e por fim entrando em um taxi deixando-o sozinho caminhando na rua.
Meu Deus! Era fim de noite no domingo. Ele estava bem chapado. Conhecia muito
bem a cara do marido quando bebia. Será que perdera o avião? Instintivamente,
ligou para ele. A chamada indicou que o celular estava fora da área ou
desligado. Embarcara ou caíra bêbado na cama e esqueceu-se do mundo ficando sem
bateria?
A raiva começou a se apossar de Stana. O que
ele estava pensando? Por que bebera tanto? Vai chegar um trapo de Seattle e
terá que trabalhar amanhã. Sequer sabiam o nível de dificuldades das cenas. E se
exigisse algo mais físico? Essa season finale estava cheia de cenas assim. Como
ele filmaria de ressaca? Droga, Nathan! Por que enchera a cara? Irritada, ela
já se preparava para recebe-lo com uma bela de uma discussão. Não tinha o
direito de fazer isso com ela. Amanhã podia ser seu último dia naquele estúdio.
Lidar com um homem com ressaca não estava em seus planos.
Sim, os nervos de Stana estavam a flor da pele.
Ela queria muito ter um dia tranquilo amanhã, queria contar com o apoio do
marido naquele momento tão importante mesmo porque não sabia o que a esperava.
E se tivesse que gravar uma cena de morte, dele ou dela? Não sabia se estaria
psicologicamente preparada para isso.
Duas horas depois, ela ouve o barulho nas
escadas. Senta-se na cama e espera ansiosa. Uns dez minutos se passam até que
Nathan surja na porta do quarto cambaleando ainda. Ele tirou o casaco e Stana
percebeu que estava com a mesma camisa que vira na foto.
- Nathan, você pode me explicar porque está
chegando nesse estado, completamente bêbado? – ele apenas olha para ela, está
vendo com dificuldade e pisca várias vezes – por que você bebeu na comic,
Nathan? Poxa! Hoje é domingo, amanhã é o nosso último dia de filmagens, nem
sabemos o que nos espera. Eu ainda queria conversar com você e olha só! Mal se
aguenta em pé! Como vai gravar de ressaca?
Ele já tirara a camisa jogando-a no chão,
desabotoara as calças e as fazia escorregar pelas pernas. Tornou a olhar para a
esposa que obviamente estava muito irritada com tudo. Ele esfregou os olhos e
com dificuldade levantou indo até o banheiro. Lavou o rosto e colocou um pouco
de pasta de dente na boca bochechando. Voltou para cama e por pouco ao tropeçar
não caiu de cara no chão. Na verdade, ele se segurou as pernas dela. Então,
avançou para beija-la segurando em sua cintura. Queria um beijo de boas-vindas,
mas claramente não soube pedir porque só a agarrou. Stana empurrou-o para a
cama.
- Sai, Nathan...
- Mas achei que você... - Com o corpo pesado,
ele se deixou cair na cama.
- Nathan, você não ouviu o que disse? Estava
falando com você!
- Stana, se não quer... me beijar...eu...preciso
dormir... trabalho amanhã...
- Eu sei! Por que você acha que estou
reclamando do seu estado?
- Shhh...não fale tão alto...minha cabeça... –
emburrada, ela se ajeitou na cama e cutucou-o.
- Nathan...hey, Nathan...- tarde demais, ele
capotara começando a roncar. Bufando, Stana virou-se para o outro lado da cama,
cobriu-se e tentou dormir. Seus planos eram de expulsa-lo do quarto, faze-lo
dormir no quarto de Anne, mas ele fora mais rápido. Chateada, ela tenta se
concentrar em dormir, porém seus pensamentos estavam nele. Não tinha nenhuma
ideia do porque ele bebera tanto em Seattle. Será que era por causa dela? Do
possível fim da série? Talvez ela o tenha abalado quando afirmou que queria
deixar Castle. Ou não era nada de importante e ele aproveitou para encher a cara
com os amigos.
Mesmo irritada, ficou preocupada com o marido. Ele
podia passar mal durante a noite. Ou podia ter álcool suficiente em seu sangue
para entrar em coma alcoólico enquanto dormia. Sim, começara a pensar besteira
porque mesmo com raiva o amava. Ela não conseguia esquecer dele, precisava
saber se estava bem. Ela se aproximou colocando a mão abaixo do nariz dele.
Percebeu a respiração. Em seguida, tomou seu pulso. Estava forte e firme.
Relaxou um pouco mais com isso. Droga! Ela amava esse idiota bêbado. Sua
irritação não durava muito porque logo queria cuidar dele, zelar por ele. Isso
demonstrava o quanto era boba quando o assunto era Nathan. O dia seguinte seria
duro, não apenas pela carga emocional pois agora teria que lidar com a ressaca
e a raiva que sentia do marido.
De manhã bem cedo, ela levantou-se sem se
preocupar com ele. Arrumou-se, tomou café e foi para o estúdio bem antes. Sem
ao menos avisa-lo. Quando Nathan acordou, reparou no lado vazio da cama,
procurou-a pela casa, chamou seu nome e por fim deduziu que ela optara por não
espera-lo nem sequer tomar café em sua companhia. Tentando lembrar dos
acontecimentos da noite anterior, ele sentiu a cabeça latejar. Sim, sabia que
bebera na Con e ao chegar em casa ela parecia estar brigando com ele. Mas não
gravou nenhuma de suas palavras. Tinha sido um erro beber ainda mais com o
trabalho. Precisaria de muita agua e café para enfrentar aquele dia.
Ao chegar no estúdio, após cumprimentar quem
aparecia em sua frente, a próxima pergunta que fizera era sobre Stana. Ela, por
sua vez, chegara de óculos escuros e sem muita vontade de papear. Ficara meia
hora trancada no seu trailer tentando se convencer que precisava melhorar a sua
cara. Não podia misturar o profissional com o pessoal.
Lizbeth foi a primeira a conversar com Stana.
Notou um certo mal humor. Se perguntava se isso devia-se ao fato de ser fim de
temporada, talvez estivesse se sentindo cansada, triste. Esse lance da ABC de
manter a renovação de Castle em suspense por tanto tempo acabara por afetar a
todos. Assim que termina a maquiagem, ela agradece a Lisa que pergunta se está
tudo bem. Stana garante que sim, dando um sorriso para a maquiadora.
Ainda irritada por dentro, mas colocando a máscara
para não deixar as demais pessoas perceberem. Ela pegou seu celular e começou a
pensar sobre algumas coisas. Acabou tendo a ideia de expressar o que sentia
através de uma foto, um recado. Para bom entendedor...
Saiu do trailer indo direto a sala dos
escritores. Ficou surpresa ao ver que Nathan já estava lá e caracterizado como
Castle.
- Bom dia...
- Bom dia, Stana – disse Nathan em meio a um
sorriso que ela ignorou completamente. Porém, Alexi não os deixou interagir
muito. Mandou-os sentar.
- Certo, pessoal. Essa é a hora da verdade.
Iremos ser bem sinceros com vocês. Não sabemos o destino de Castle. A emissora
não se pronunciou e imagino que também não os contatou para conversar sobre
renovações de contrato. Porém, temos um cronograma a cumprir. Duas semanas
atrás, eu e Terence tivemos uma reunião com a executiva da programação e
questionamos o que deveríamos esperar, pois as nossas gravações chegariam ao
fim na próxima semana. Após algumas discussões, ela nos pediu para revisar algo
com outros membros do conselho da emissora e voltou com o pedido da ABC no dia
seguinte.
- Imagino que continuamos no escuro – disse
Nathan.
- Sim, a emissora pediu que filmássemos dois
finais. Um que seria o nosso cliffhanger para uma possível nona temporada e
outro que seria usado no caso do cancelamento que indicaria o término. O
problema era como encaixar esse final no nosso roteiro original. Apenas para
vocês entenderem, o script que tem nas mãos está finalizado não entregamos as últimas
cenas para vocês porque queríamos conversar antes. Mas, ainda temos que falar
da outra cena. Tivemos muito pouco tempo para pensar em algo e menos ainda para
contratar o elenco que precisávamos. Só temos hoje para filmar, portanto a cena
será a mais simples possível, não terá falas, visto que o final original já é
complicado o bastante.
Stana e Nathan se entreolharam, aquilo parecia
muito estranho aos olhos deles. Uma cena final sem falas? O que Alexi tinha em
mente? Logo descobririam. O produtor entregou as páginas finais do script nas
mãos deles.
- Esse é o final original. Leiam antes que eu
possa comentar – ele deu um tempo aos dois. A medida que corria os olhos nas
páginas, Stana entendia o que estava por trás daquele pedido da emissora. Com
um final como esse tudo era possível numa nona temporada inclusive sua
ausência. Após terminar, ela olhou sorrateiramente para Nathan, apesar de estar
com raiva dele, esse era um momento sério para as suas carreiras, seu futuro.
Ele foi quem primeiro falou.
- Alexi, em resumo você está querendo nos dizer
que se houver uma nova temporada, um de nós poderá estar fora. Castle ou
Beckett.
- Não, Nathan. Essa não é a única interpretação
– mas ambos perceberam que o escritor ficou surpreso pela abordagem do ator,
eles sacaram muito rápido a possibilidade que a emissora pedira em segredo para
ele – ambos podem sobreviver, deixaremos no ar. É um ótimo cliffhanger.
- Acho que vocês não têm noção do que estão
fazendo. Se tem coisas ou segredos que não podem comentar conosco, tudo bem,
mas não desafie a nossa inteligência.
- Sim, está claro que um dos dois pode morrer –
disse Stana – e se tivesse que apostar seria em Beckett.
- Não, gente! Vocês estão levando isso para um
outro lado... e Terence, você pode me ajudar aqui? – Porém, Stana não deixou
Terence se pronunciar ainda. Continuou sua teoria.
- Alexi, vamos falar hipoteticamente. Digamos
que esse final vá ao ar dia 16 de maio. O fandom verá Castle e Beckett feridos
no chão do loft e terá que esperar até setembro para ver o que acontece. O
problema é que nossos fãs sabem que tanto eu quanto Nathan teremos que renovar
nossos contratos para a próxima temporada, caso aconteça. Você já pensou na
repercussão caso um de nós não assine? Você realmente acredita que a mesma base
de fãs irá assistir a um show sem um dos dois protagonistas? Porque se sua
resposta for sim, definitivamente você não entende nada de Castle.
- Stana, eu... – Alexi estava encurralado.
- Ela tem razão, Alexi. Castle não se sustenta
com um dos protagonistas. A série é sobre o casal. Beckett sem Castle é uma
policial como outra qualquer. Castle sozinho é uma bagunça porque ser PI apesar
de inteligente para a resolução de crimes não o faz um super detetive. É ridícula
a ideia – disse Nathan.
- Por que vocês insistem em dizer que não
haverá um dos protagonistas na nova temporada?
- Porque é isso que vem sendo jogado nas telas
durante toda essa temporada. Vocês minimizaram a participação de Beckett a
quase nada. Ela é uma mera supervisora. Reduziram as cenas Casketts mesmo
depois de verem o desastre na audiência por separa-los. A teimosia de vocês vai
custar caro – completou Stana. Terence finalmente resolveu se pronunciar.
- Entendemos o ponto de vista de vocês. Também
confirmo que tentamos explorar algumas coisas novas nessa temporada e você tem
razão, Stana, não deu certo – apenas pela olhada que Alexi deu em Terence,
Nathan sabia que as suas suspeitas eram coerentes – o problema é que precisamos
de dois finais. E o script que vocês têm nas mãos é um deles. Podemos falar do
outro?
- Por que vocês insistem em não entender? Esse
final tira um de nós da nona temporada. Nós sabemos disso, vocês sabem disso.
Parem de joguinhos – até Stana não entendia porque Nathan estava forçando tanto
uma resposta – quer saber? Vamos filmar logo. Qualquer que seja o teatro que a
ABC esteja planejando, vocês já escreveram torto e não é de agora.
- Nathan, por que está tão irritado? – Terence
perguntou. Ele respirou fundo. Além do efeito da ressaca, de não ter conversado
direito com a esposa, ele também conseguia ver o que podia se desenhar dali
para frente com clareza, estava odiando tudo.
- Desculpe – ele sentiu a mão dela apertar a
sua por breves segundos, depois Stana virou o rosto - Qual é o outro final?
- Seria o tal término. O final feliz do casal
como os fãs sempre quiseram – Nathan e Stana riram, as palavras de Terence
soavam tolas e o riso dos dois fora de deboche – algo que sempre pediram –
Terence entrega a outra cena no papel. Eles leem a ação. Stana balança a
cabeça. Não dava para acreditar.
- É isso? Seu final feliz depois de oito anos
se resume a isso? – ela olhou para Nathan que também não parecia nada
satisfeito – o que posso dizer, vamos acabar logo com isso.
- Você não gostou... – disse Alexi.
- Ah, eu adoraria esse final se tivesse uma
preparação adequada para ele. E Alexi quem julga não sou eu, são os fãs. Reze
para a ABC renovar nossos contratos – ela se levantou da cadeira - Vou me
arrumar para a cena original. Gravaremos primeiro, não?
- Sim, mas espere. Quero falar sobre as
crianças e o nosso planejamento de gravação – ela tornou a sentar-se – gravaremos
a cena original primeiro. Após isso, vocês farão uma pausa e conhecerão as
crianças. A ideia é filmarmos a cena adicional entre três e seis da tarde. Não
queremos irritar as crianças, especialmente os gêmeos. Sugiro vocês conversarem
com eles durante o almoço, ganharem sua confiança. A menina não será um
problema. Os meninos são bastante ativos. Vocês conhecerão os pais também. Eles
devem chegar por volta das duas da tarde, hora que espero já termos concluído a
cena final. Alguma pergunta adicional? – Alexi tinha medo do que poderia vir.
- Não. Está tudo resolvido – disse Stana.
- É, tenho que concordar. Está bem claro –
falou Nathan com um tom sarcástico na voz.
- Vou me arrumar – Stana se levantou deixando a
sala. Olhando para Nathan, Alexi perguntou.
- Por que ela está tão irritada hoje? Você
sabe?
- Final de temporada, as coisas não estão muito
claras e agora isso. Dava para imaginar sua reação, não? – disse Nathan embora
soubesse que parte de sua raiva ainda era com a situação do dia anterior, mesmo
assim os últimos minutos apenas serviram para piora-la – vou para o set esperar
para gravarmos – no caminho, porém, tentou alcançá-la. Tocando seu braço, ele
perguntou – hey, posso falar com você? – ela puxou o braço.
- Não, Nathan. Estamos em um cronograma
apertado, não dá para conversar agora. Preciso me arrumar – saiu apressada. Ele
bufou. Estava odiando esse clima. Era o pior momento para estarem brigados. Ele
sentou-se no sofá com o telefone nas mãos. Ao checar as redes sociais, ele
percebeu que ela postara uma foto bem intrigante. “Não tenho medo de amar um
homem, também não tenho medo de atirar nele”. Isso fora diretamente para
Nathan, ele sabia, estava com muita raiva. Se apenas ela o escutasse... não
poderiam gravar com raiva, especialmente a cena alternativa. Precisavam estar
bem.
Ela apareceu no set já tinha colocado as
almofadas com sangue falso. Kris também chegara no set. Ela ficara conversando
com ele embora não muito a fim de falar enquanto Nathan abria a camisa para
colocarem o artificio de sangue. Mesmo de longe, ele podia perceber que o papo
com o ator também não estava muito interessante. O diretor chamou os três para
conversarem sobre o posicionamento e as ações em cena. A conversa não foi muito
longa. Fizeram um pequeno ensaio antes de filmar para valer. Stana errou seu
posicionamento ao cair no chão baleada, estava quase em cima de Nathan.
Tentaram outra vez. Agora pareceu melhor. Rob decidiu fazer um primeiro take.
A entrada no loft fora boa, o diálogo, porém
ela errou o tempo de vir para a cozinha. Ele gritou corta e lembrou-a de olhar
o sinal que ela receberia no chão do quarto. Quando Stana se desculpou, Kris
aproximou-se de Nathan e perguntou.
- O que aconteceu com ela? Está assim pelo
final das gravações ou é outra coisa?
- Sim, ela está no limite com o fim dessa
temporada. Vou ter que conversar com ela caso contrário a outra cena que
teremos que gravar não irá funcionar.
- Eu estranhei. Ela é sempre tão risonha,
alegre e carinhosa.
- Carinhosa? Sei... – Nathan não gostou do
comentário – deixe que eu resolvo isso, Kris. Melhor não se meter ou perguntar.
Você não estava na nossa reunião com Alexi.
- Ah... tudo bem – ele podia jurar que sentiu
uma ponta de ciúmes por parte de Nathan naquele comentário.
Retomaram a cena e não houve problemas. Ela
acertou o passo, porém o pequeno saco de sangue não funcionou como deveria.
Teriam que regravar. A terceira vez, tudo saíra como planejado. Ao gritar
corta, Rob parecia satisfeito. Pediu que aguardassem um minuto para que
checasse a gravação. Stana resolveu fazer uma pergunta para Rob.
- Hey, por que não acrescentamos algo nessa
cena? Ao invés de Beckett rastejar e apenas ficar de mãos dadas com Castle,
devia se deitar junto dele, sobre ele, eu digo. Ficaria mais interessante, mais
poético porque claramente a ideia de vocês é passar um lance meio Romeu e Julieta,
não?
- É interessante sua ideia, mas talvez não
tenhamos tempo de executar isso. Especialmente se tivermos que colocar a outra
cena no final.
- São apenas uns segundos... ou vocês poderiam
cortar essa cena de tiro se o outro final fosse ao ar.
- Mas ficará sem pé nem cabeça – disse Rob.
- Já está, Rob – ela afirmou.
- Posso checar com Alexi.
- Não perca seu tempo. Deixa para lá.
Terminamos aqui? – Kris trocou um olhar com Nathan. Ele nada disse.
- Sim, terminamos. Vejo vocês mais tarde para a
próxima cena – Pohana se aproximou dela. Sorriu.
- Bem, é o fim da linha para mim, Stana. Espero
poder trabalhar com você em outra oportunidade. Foi um prazer fazer parte desse
time de Castle. Mereço um abraço? – ela sorriu e abraçou o ator. Nathan
observava de longe não querendo se meter e definitivamente chateado por estar
se deixando dominar por ciúmes. Viu que Kris falara algo no ouvido de Stana,
ele sussurrara – Stana, sei que é difícil, mas ficar irritada ou triste só
torna as coisas piores. Ponha um sorriso nesse belo rosto – ela afastou-se dele.
Sorriu.
- Obrigada, Kris. Foi um prazer trabalhar com
você. Se precisar de mim em qualquer outra campanha, pode me chamar – ela deu
um beijo no rosto dele. Nathan prendeu a respiração ao gesto. Quando o ator
veio lhe cumprimentar, agradeceu por tudo e apertou a mão dele. Pohana
arregalou os olhos ao sentir a força do aperto de mão de Nathan.
- Wow! Isso que é um aperto de mão, cara. Tenho
pena de quem for seu inimigo ou tentar uma queda de braço com você – eles riram
enquanto Stana o olhou curiosa ao ver Kris balançando a mão, aparentemente o
aperto de mão foi mais do que ele podia aguentar. Assim que o ator saiu do set,
ela decidiu voltar ao seu trailer. Não queria ficar perto de Nathan, iria se
limpar e trocar de roupa para almoçar com as crianças.
Era óbvio que estava menos chateada com o
marido pelo que ele dissera na reunião com Alexi, porém, ainda não a deixava
completamente de boa com ele. O problema era que sua irritação transparecia
muito em sua face e seus gestos. Todos notavam que ela não estava bem hoje.
Droga, Nathan! Parte da culpa é sua, pensou, a outra parte era de Alexi por
apresentar ideias tão idiotas para o final da temporada. Stana trocou de roupa
e resolveu ir até a minicopa tomar um café estava precisando se manter alerta,
dormira apenas três horas graças ao ronco de Nathan e sua própria raiva.
Nathan já trocara de roupa para gravar a próxima
cena. Ele se surpreendera quando Luke lhe dissera para colocar as roupas que
viera trabalhar hoje. A cena seria bem mais doméstica do que esperava. Era como
se fossem ele e Stana na vida real, gostava de imaginar algo assim, mas nada
iria funcionar se ela ainda estivesse com raiva dele. Conhecendo a esposa, ele
optou por ir até a minicopa para preparar um café para ela.
Não deu outra. Quando ele terminara de fazer o
latte, ela surgiu na cozinha indo direto para a máquina de café. Ao vê-lo, já
pensou em recuar e dar meia volta. Ele não deixou. Ofereceu o café e quando a
viu balançar a cabeça e virando-se para ir embora, ele segurou-a pelo braço.
- Não, você não vai a lugar nenhum. Vai sentar,
tomar o café porque sei que está precisando e irá conversar comigo. Esse é o
nosso último dia nesse set, último dia que estaremos gravando nossas
personagens porque depois do que ouvi hoje sabemos que as próximas negociações
não serão nada fáceis. Não podemos simplesmente passar esse dia nos evitando e
fingir que podemos filmar tudo numa boa, porque claramente não podemos.
- Devia ter pensado nisso antes de encher a
cara em Seattle. Eu vi as fotos, ninguém me contou. Estava lá bebendo com seus
amigos, Lana, o marido, Alan, todos seus amigos. E depois, ainda quis bancar o
machão recusando a ajuda da sua amiguinha.
- Stana, não admito que fale assim da Lana. Ela
é minha amiga e como você mesma disse, estava querendo me ajudar. Sente-se,
precisamos conversar. Quero contar o que aconteceu – ela obedeceu ainda de cara
amarrada. Ele respirou fundo – eu fui para Seattle trabalhar. Estava feliz com
o sucesso de Con Man, satisfeito com as respostas dos fãs. Assinei DVDs, tirei
fotos, aí o sábado terminou. Fomos nos reunir no bar para comemorar o sucesso
da con. Já havia falado com Lana mais cedo e ela me convidara para nos
reunirmos. O painel da série dela tinha sido bem movimentado. Ela estava
radiante. No bar conversamos sobre o evento, bebemos e de repente, todos
começaram a se dispersar. Eu não queria voltar para ficar sozinho em um quarto
de hotel. Infelizmente, ficar no bar estava sendo pior. Ao ver Lana e Fred aos
beijos sem cerimônia me senti mal, me senti só, Stana. Triste e miserável você
pode acrescentar. Estava sozinho. Pensando em você. E comecei a descer um copo
atrás do outro.
Ele tomou um pouco do café. Suspirou.
- Sim, eu bebi para tentar acabar com a
sensação incômoda no meu peito. Estava com saudades, Stana. Ver Lana e o marido
se divertindo, namorando abertamente sem se preocupar em serem vistos ou
filmados, eu senti inveja. Lembrei que não podemos fazer isso, não tão cedo.
Também não ajudava querer tê-la em meus braços. O pior foi alguns deles me
mostrando mulheres solteiras no bar. O que você preferia? Que fosse conversar
com desconhecidas ou bebesse? – o olhar dela era frio – foi o que pensei. Dei
graças a Deus quando Lana decidiu ir embora. Também voltei ao hotel. Capotei na
cama. Nem consegui ligar para você, eu tentei.
- Sei, e se tinha sido tão ruim, por que foi
fazer a mesma coisa no domingo sabendo que tinha um avião para pegar?
- Porque não queria ficar sozinho! Porque
depois da noite de sábado, a primeira coisa que Lana fez foi me procurar.
Queria saber se eu estava bem. Ela foi até o meu quarto e...
- Ela foi até o seu quarto? – Stana ficava
vermelha de raiva, era o bicho do ciúme se apossando outra vez dela.
- Foi. Já disse que ela queria saber se eu
estava bem.
- Ah, claro! Tão preocupada. Você de ressaca ou
ainda bêbado e uma outra mulher em seu quarto de hotel, quando isso não
significa uma tragédia?
- Stana, você está exagerando. Lana é minha
amiga e caso você tenha esquecido é casada e muito feliz com o marido, assim
como eu também, ou pelo menos acho que sou. Quer parar de dar ataque de ciúmes
agora?
- Não é ciúmes... – emburrada ela cruzou os
braços. Ele riu.
- Certo, não é ciúmes. Olha para você, está
vermelha e desfaça esse bico. Ela estava lá preocupada comigo. Você sequer me
ligou.
- Eu liguei, no domingo depois de ver seu
estado na rua. Achei que podia ter perdido o avião. Eu....eu não liguei no
sábado porque... ah que droga! Eu estava com raiva!
- Pelo menos admite. Já é alguma coisa.
- Se ela estava preocupada com você, porque o
levou para um bar outra vez?
- Ela não levou. Alan foi quem me arrastou. Ela
nos encontrou no meio do caminho e convenceu o marido a nos acompanhar. Por
preocupação – ele viu os olhos dela suavizarem com as últimas palavras, a
expressão do rosto também começava a ceder. A veia da testa desaparecera. Ela
iria ceder finalmente, ele pensou e acabou soltando um suspiro de alivio – eles
tentaram me persuadir a não beber, ela queria saber porque eu parecia desatento
até cabisbaixo, Lana está acostumada a ver meu lado cômico. Não podia dizer o porquê,
apenas comentei que estava com alguns problemas e não podia conversar mesmo
sabendo que ela queria me ajudar.
- Você não tem ideia de como queria estar ali
com você. Poder beija-la. Fiquei ainda mais arrasado quando cheguei e você não
quis saber de mim, rejeitou meu beijo.
- Você estava bêbado, mal se aguentava em pé,
Nathan. Droga! Eu estava morrendo de preocupação porque tínhamos as gravações
hoje e como imaginei não seriam fáceis. Não, deixe-me corrigir, estão sendo e a
nossa situação não ajuda em nada – ela passou a mão no rosto – Deus! Por que é
tão difícil?
- Quem disse que seria fácil, Staninha? São
oito anos. Muitas histórias. Algumas que pertencem apenas a nós dois e mesmo
não parecendo ainda o fim, depois do que escutamos hoje, nossos pressentimentos
estavam corretos. É por isso que não podemos passar esse dia brigados,
precisamos estar bem – ele estendeu a mão para toca-la, apertou os dedos dela
suavemente – me perdoa por ter feito você se preocupar, por ter agido como um
babaca. Podia culpar o álcool, mesmo assim não seria justo com você.
Ela fitava os olhos azuis que a observavam
intensamente com uma ternura tão doce. Esse era o homem que ela amava, a pessoa
que escolhera para passar o resto de sua vida, o futuro pai de seus filhos na
realidade e na ficção.
- Pode me perdoar para que possamos aproveitar
esse dia como deveríamos? Fazendo uma cena que tem apenas alegrias? Será que
podemos ter ao menos a sensação de dever cumprindo juntos? Vamos aproveitar
essas três horas para nos lembrarmos porque tudo isso é tão importante para
nós. Por favor?
- Tudo bem. Você está certo. Desculpa pela
minha demonstração ridícula de ciúmes. Mas parece que eu não fui a única. O que
foi aquele aperto de mão em Kris?
- Você provocou. O que ele estava falando em
seu ouvido?
- Disse para eu sorrir. Ele tinha razão – ela
sorria apertando a mão dele.
- Estamos bem? – ele perguntou.
- Estamos – ela mordiscou os lábios e sorriu –
pronto para conhecer nossos filhos da ficção? Confesso que estou um pouco
nervosa. E se não gostar deles? Se não tivermos química?
- Você não gostar de crianças, Stana? Em que
mundo? Vamos lá, sei que está ansiosa – eles se levantaram da mesa e seguiram
para a cantina do estúdio onde os atores mirins já deveriam estar. Ao chegarem
no local, Stana viu de longe um casal segurando a mão de dois meninos. Estavam
de costas para eles e havia uma outra mulher com uma garotinha de cabelo curto
como a Kate usava na primeira temporada. Ela engoliu em seco. Respirou fundo.
Sim, ele tinha razão. Ela estava nervosa e ansiosa. A diretora de elenco virou-se mediante aos
passos e sorriu.
- Olha quem está aqui. Nathan, Stana, conheçam
Rainey, Tyler e Brady – as crianças viraram para encara-los. A menina tinha um
lindo sorriso no rosto. Stana ficou boquiaberta ao vê-la diante da semelhança,
foi Nathan quem comentou.
- Meu Deus, Stana! Ela é a sua cara na primeira
temporada! Incrível... olá, princesa! Prazer em conhece-la, posso ganhar um
beijo? – sorridente a menina se aproximou ao ver Nathan se agachar e beijou-o
no rosto.
- Você é mais bonito que na tv. E você... – a
menina olhava encantada para Stana – é perfeita. Parece uma princesa – Stana se
agachou ao lado de Nathan e cumprimentou a menina. Ele respondeu.
- Na verdade, ela é a rainha do castelo o que
faz de você a princesa. Entendeu?
- Você é uma gracinha. Muito parecida comigo
mesmo – Stana brincou com o indicador no nariz dela e deu uma bitoca nele – e
quem são esses garotos fofos? – os meninos se apressaram para ficarem de frente
para os dois. O primeiro, e obviamente o mais danado, já esticou o braço para
cumprimenta-los.
- Sou Tyler – o irmão imitou.
- Sou Brady!
- Mas vocês são muito iguais! – Stana
cumprimentou cada um deles e completou – mas eu quero beijos também – Tyler se
atracou logo no pescoço da mãe postiça beijando-lhe a bochecha, Brady sorriu e
beijou o outro lado.
- Somos gêmeos.
- Ah! Entendido!
- Hey! E quanto a mim? Não ganho nem um abraço?
– os meninos se voltaram para Nathan e obedeceram o que o ator pedira, depois
ele ainda completou – que tal um hi-five? – eles adoraram o jeito que Nathan
ria com eles.
- Isso, vão se inteirando porque eles são seus
filhos em cena. De Castle e Beckett. E esses são os pais verdadeiros. Vocês
fiquem à vontade para conversar com os pais, as crianças e se familiarizarem
com tudo.
- Certo – disse Nathan – por que não sentamos
todos juntos nessa mesa? Podemos almoçar, conhecer vocês e ouvir seus pais. Por
favor, sentando – todos se reuniram na mesa. A mãe serviu os gêmeos enquanto a
própria Stana ajudava Rainey a se servir enquanto conversava com a menina.
Depois, enquanto as crianças comiam sob os olhos vigilantes dos pais, eles
ouviam atentos sobre a pequena atriz e os gêmeos. Stana soubera de cara quem era
o mais danado e a mãe confirmou ser Tyler. Mas disse para não se iludir, quando
juntos podem ser uma loucura. Acredite, dizia ela, cuidar de gêmeos não é
fácil. Também comentou que as filhas mais velhas ajudavam, além do marido. Eles
tinham três anos, porém sempre foram despachados daí a mãe levou-os em um teste
para um comercial, depois que eles fizeram o primeiro com sucesso decidiram
continuar apostando na carreira. Era uma forma de juntar dinheiro para os
estudos deles no futuro.
Tyler se aproximou de Stana sentando-se no colo
dela. As mãozinhas gorduchas acariciavam o rosto dela olhando quase
hipnotizado.
- Gostou dela, filho? – perguntou o pai – ela é
a sua mãe na ficção. Nesse pequeno filme que vão fazer.
- Muito linda – ele roçou o narizinho no dela
fazendo o coração de Stana encher-se de alegria. Ela estava adorando esse
momento com os filhos falsos. Os gêmeos lembravam demais Nathan com exceção dos
olhos que eram amendoados. Mas o rosto gordinho, o corte de cabelo, ela podia vê-los
como filhos do Nathan. Ela virou-se para fita-lo e encontrou Nathan olhando com
cara de bobo para ela com o menino. Tudo o que passava na mente dele era que
brevemente essa cena poderia ser real, Stana poderia estar segurando o filho ou
a filha dos dois.
- Eles parecem com você. Exceto pelos olhos,
mas olha o cabelo. Não dá para negar que são filhos de Castle.
- Sim, acho que foram muito bem escolhidos. Eu
volto já – Nathan sumiu pelo corredor deixando Stana se divertindo com os
meninos. Ao retornar, trouxe um chocolate para cada um. As crianças amaram.
Também perguntou qual era o super-herói favorito de cada um deles. Quando
responderam capitão américa e spider man, Nathan riu sozinho virando-se para
Stana e falando empolgado – eles definitivamente são filhos de Castle, podiam
ser meus.
- Ué, e o que aconteceu com Batman? Bruce Wayne
não é o herói do Castle, quem ele queria ser?
- Claro que é, mas eles são muito novos para
curtirem Batman, honey... – Stana tomou um susto com a naturalidade que ele a
chamara de honey, mas ninguém exceto ela pareceu notar o que acontecera. Nathan
já estava entrando no clima de Castle, ou já estava imaginando-se no futuro.
Nesse momento, ela não sabia dizer o que acontecia com ele.
Rob se aproximou deles dizendo que era a hora
de começarem a estudar a cena e o posicionamento. Stana se surpreendeu quando
retornou ao cenário do loft. Em menos de duas horas, os rapazes da técnica
encheram o local de brinquedos, colocaram uma mesa de café enorme com suco,
leite, pães, muffins. Um verdadeiro banquete. Ela conseguia sentir o clima doméstico
no loft, o ambiente familiar.
Eles ficaram lado a lado observando o trabalho
de Rob e da diretora de elenco junto com os pais para fazerem as crianças
entenderem como deveriam atuar. Ali, ela começava a ter uma vaga ideia do que
poderia se tornar a casa deles. Aquele monte de brinquedos, era a cara e o
exagero de Castle, porém ela sabia que nesse quesito, Nathan não ficava atrás.
- Você já parou para pensar que daqui a alguns
anos essa cena poderá acontecer na nossa casa? Em um domingo qualquer, Stana? –
ele falava baixinho para não serem ouvidos – brinquedos espalhados pela casa,
nós preparando o café da manhã, os gritinhos de alegria, as risadas... consegue
imaginar as cenas?
- Sim... demais. Por favor, pare de falar assim
porque já está me dando vontade de chorar. Não era para acontecer assim, com um
pulo no tempo. Era para curtirmos esse tempo.
- É triste, concordo. Mas faremos isso na vida
real, Stana... nossos momentos, nossos filhos – ele a fitou e viu os olhos
cheios de lágrimas – queria tanto poder te abraçar agora, não chore por favor.
- Estou tentando... – de repente, Tyler corre
como um furacão até as pernas de Stana agarrando-a e gritando “mamãe” com um
sorriso lindo. A verdadeira mãe chega logo em seguida rindo.
- Não, Tyler. Você não precisa chama-la de mãe,
lembra o que o tio falou ali? Não precisa falar se não quiser – então ela olhou
para Stana e viu que ela chorava. A atriz tentava limpar a lágrima teimosa que caíra,
o coração de Nathan estava apertado. A esposa estava emocionada com tudo aquilo
– você está bem?
- Sim, sim. Desculpa, não é nada com eles.
- Sim, ela está emotiva por causa das cenas, é
nosso último dia hoje. Vai ficar tudo bem – a mãe dos gêmeos apenas sorria.
Nathan passava a mão nas costas de Stana para cima e para baixo tentando
acalma-la. Lizbeth se aproximou dos dois.
- Hey, Rob disse para você se vestir e eu
preparar a maquiagem, vão filmar em vinte minutos. Você está bem, Stana? – ela
balançou a cabeça – muita emoção para um dia só? Relaxa, as coisas vão se
acertar – as duas saíram caminhando para os camarins. Nathan suspirou. Seria um
longo dia e uma longa noite. Sua esposa estava muito mexida com tudo o que
acontecia e Alexi não facilitou em nada a situação para os dois. Por hora,
restava aos dois aproveitarem a cena, o momento.
Quando Stana voltou estava melhor sorria ao ver
os meninos examinando os cenários já prontos com as roupas que iriam filmar. A
pequena Lily, nome que recebera a filha de Caskett, estava sentada numa das
cadeiras admirando os gêmeos. Stana se sentou ao lado dela.
- Então, o que você acha desse trabalho?
- Eu gosto de atuar. Quero ser uma grande atriz
um dia. E também gosto da série. Pena que só participei no final. Adoro a
Beckett, ela é uma super detetive.
- Obrigada, não estava brincando quando disse
que você se parece comigo do início.
- Eu sei, vi umas fotos comparando que os fãs
postaram no twitter. Parece mesmo. Eles já estão dizendo que sou filha de
vocês, mas acham que você vai morrer.
- Sabe, depois de oito anos, tudo o que os fãs
de Castle e Beckett querem é ver os dois felizes e com bebês.
- Mas não tem nenhum bebê aqui, pelo que sei
não terá.
- É verdade, eles terão que se contentar com a
passagem do tempo, assim espero – Stana sorriu.
- Eles adoram a série, não? E você. Amam a
Beckett.
- Também adoram Castle, na verdade eles amam o
casal. Porque essa sempre foi a essência da série. Quando você estiver maior,
se assistir Castle completo, vai entender o que quero dizer – Stana desviou o
olhar para se deparar com uma cena inusitada. Nathan sentado no chão no meio
dos meninos com carros e helicópteros brincando. Abriu um sorriso lindo. Esse
era o futuro pai de seu bebê, o olhar apaixonado dela encontrou o dele. Nathan
retribuiu o sorriso. Nesse instante, ele murmurou algo com os lábios “quer
brincar de casinha? ”. Ela mordiscou o lábio “mais tarde? ”.
O diretor chamou aos dois. Rob conversou com
Nathan e Stana explicando como a cena seria filmada. A ideia era deixar as
coisas acontecerem naturalmente. Iriam filmar pelos menos quatro takes
similares e tudo o que eles, como atores principais, deveriam fazer era seguir
o roteiro e agir como imaginariam que suas personagens fariam nessa situação.
Não havia pressão.
- Não se preocupem com palavras que as crianças
disserem ou os gritinhos. Iremos limpar na edição para incluir as frases de
vocês que estão no script, nem precisarão regravar o áudio. Querem andar um
pouco no espaço, se ambientarem antes de gravarem? Não é mais o lugar que
conheciam bem. Fiquem à vontade, explorem por uns dez minutos os objetos de cena
para entender como agirão e quando se sentirem prontos, avisem e começamos a
gravar.
Nathan e Stana começaram a andar pelo cenário.
Ao ver o que eles faziam, as três crianças foram atrás. Caminhavam observando
os supostos pais. Ela estudou a mesa, os lugares. Era claro onde eles sentariam
e onde as crianças ficariam. Stana tomou noção de espaço. Sabia que viriam do
escritório, os filhos na frente, eles atrás. Olhou para Nathan que estava
admirando a mesa com um sorriso. Ela sabia que ele estava pensando no futuro.
Manhãs de domingo como falara. Um dia, ela pensou. Um dia qualquer.
Stana virou-se para encara-lo. Ao encontrar os
olhos azuis, ela meneou a cabeça. Ele concordou.
- Tudo bem, estamos prontos. Vamos gravar? – as
crianças responderam com gritinhos de excitação. Ela teve que sorrir feito
boba. Crianças sempre tornavam tudo mais fácil. Eles se colocaram em suas
posições e esperaram o sinal do diretor. Ao gritar ação a câmera fazia a
panorâmica da sala do loft parando na ligação entre o escritório esperando
pelos atores para darem vida a cena.
Rainey foi a primeira a aparecer seguida dos
gêmeos que correram cada um numa direção. Stana entrara sorrindo observando o
jeito das crianças e Nathan vinha logo em seguida. A entrada fora praticamente
a mesma exceto pela terceira vez que Tyler tropeça logo na entrada da sala
fazendo Stana se assustar com a queda e soltar um “oh, meu Deus!” rindo e
correndo atrás dele que já escapava para o outro lado da sala. Em cena, eles
trocaram os papeis durante as quatro vezes que filmaram. Umas vezes, Nathan
servia os meninos, outra vez Stana tinha o suco de laranja nas mãos, em outra
cena ela abaixava quase fazendo um carinho nos supostos filhos.
Da mesma forma, ao sentarem-se fizeram
diferentes gestos, seja um brinde com mamadeiras ou de suas próprias xicaras e
todas terminavam em sorrisos e olhares com os dedos entrelaçados de Castle e
Beckett. Era como se Nathan a perguntasse com o olhar se ela queria isso, e
Stana confirmasse com o sorriso. A dinâmica dos dois era perfeita como se
fizessem isso há anos. Na verdade, faziam isso há oito anos, o clima doméstico
era novidade, ao menos dessa forma em cena. Satisfeito, o diretor gritou corta.
- Excelente. Bom trabalho, pessoal. Tenho
imagens suficientes para escolher e usar na edição. Vocês foram ótimos. Stana,
Nathan, como sempre foi um prazer dirigi-los ainda fico impressionado com o
jeito como vocês conseguem ser tão perfeitos juntos, tanta sincronia. Vocês são
um caso a ser estudado – ele deu um abraço em Nathan e Stana. Depois, os dois
ficaram olhando as crianças.
- Foi uma bela cena, Stana. Quase uma imagem do
nosso próprio futuro. Parece que acabamos aqui, devemos nos despedir das
crianças e ir embora? Afinal nosso trabalho terminou.
- Nathan, teremos que falar com o Alexi. Não
tem jeito. Vamos, quero falar com as crianças, tirar fotos e então olhar para a
cara do Alexi. Acho que será mais uma questão de educação. Depois podemos ir
para a nossa casa.
- Você está esquecendo de um ponto importante.
Essa pode ser a nossa última vez aqui. Não vai querer se despedir dos cenários,
dos ambientes que fizeram a nossa vida nesses últimos oito anos? – ela olhou
para o marido, fechou os olhos e tornou a abri-los devagar.
- Vou, eu só não sei se consigo fazer tudo isso
hoje. Talvez tenha que voltar amanhã. Vamos, quero apertar essas coisas fofas.
Stana correu para perto dos meninos. Pegou um
deles pela cintura e ergueu-o devorando sua barriga fazendo cocegas. De
repente, ela se viu no chão abraçando-os brincando com os dois. Para Nathan,
aquele momento era um presente, talvez o único instante em que viu Stana feliz
durante todo esse dia foi com as crianças. Parece que as escolhas, mesmo que
tortas ou forçadas, estavam mostrando o caminho ideal para os dois.
Ele se juntou a ela, bateu as fotos, riu um
pouco mais com os meninos e deixou Stana puxar a pequena para o lado a fim de
conversar um pouco, dando conselhos. Viu quando ela acariciou o rosto da menina
a exemplo de como fazia com Anne. Naquele momento, o coração de Nathan falou mais
alto. Torcia para que o primeiro bebê fosse realmente uma menina. Após as
despedidas, eles seguiram caminhando pelo cenário.
No quarto do loft, lugar de tantas cenas juntos
e inclusive brincadeiras entre os dois, Stana aproveitou que estavam sozinhos e
entrelaçou os dedos na mão de Nathan.
- Castle e Beckett foram felizes aqui, não?
- Sim, muito felizes, por anos e anos – ele
respondeu. Ela passava a mão pelas prateleiras da estante do escritório,
contemplando os livros de Castle. Todos ali. Sorriu. Seguiu para a cozinha.
Acariciou o balcão – boas lembranças, não? Castle sabe cozinhar. Vou sentir
falta dos chomeletes. Acho que tentarei fazer em casa, aperfeiçoar a receita.
- Nem quero ver isso – ela caminhou até a saída
– vamos fechar a porta? – caminhando até onde ela estava, ele puxou a maçaneta.
Stana contemplou a peça. A cena de Always fora gravada bem ali. O beijo que
mudara completamente suas vidas. Ela deu um outra espiada geral e disse –
adeus, loft – Nathan estava parado no canto observando tudo como quem quer
gravar uma fotografia na memória. Suspirou.
- Vamos... – deixou ela passar e fechou a porta
atrás de si. Não tiveram coragem de fazer o mesmo processo no set da delegacia.
Stana apenas queria ir embora. Passaram na sala dos escritores e encontraram
Alexi e Terence.
- É isso. Terminamos mais uma etapa, não? Bom
trabalho pessoal, Rob elogiou muito aos dois. E vamos cruzar os dedos, tenho
certeza que estaremos de volta em julho para filmar novas aventuras.
- Você está bem confiante, não Alexi? –
comentou Nathan.
- Tenho que estar. A ABC quer o show.
Voltaremos aqui. Não quero usar o final que gravamos, o alternativo. Quero
gravar outras cenas aqui. Aproveitem o hiatus e vejo vocês logo mais – Nathan
acenou com a mão e Stana balançou a cabeça. Havia um nó na garganta dela a
impedindo de fazer qualquer coisa além de lutar para manter a concentração. Ao
chegar no estacionamento, lembrou-se que viera de bicicleta. Não tinha forças
para voltar pedalando. Entrou no carro com Nathan, quando passaram pela
guarita, ela falou para o guarda.
- Deixei minha bicicleta aí. Amanhã venho
busca-la, tudo bem?
- Claro, sem problemas.
Quando Nathan virou a esquina, ambos deram uma
última olhada para o estúdio. Suas fotos expostas nos cartazes do lado de fora.
O aperto que Stana sentia no peito começava a ficar insuportável. Não podendo
mais conter a emoção, ela desabou chorando ao lado de Nathan que dirigia. Com
carinho, ele colocou a mão sobre a coxa dela em sinal de compreensão. Isso era
apenas o começo para os dois.
Continua...
7 comentários:
Ai! A cada capítulo postado, sinto que está perto do fim. Tão lindos interagindo com as crianças. Quero deixar meu voto registrado que se na fic eles tiverem um filho, que seja menino, kkkk.
"Vocês são um caso a ser estudado" Nem a NASA explicaria.
Por Ka não faz isso 😢😭 fico per como sempre Ka Me fazendo chora de novo 😭😭
Ai meu coração... só quero expressar aqui que mesmo acabando a série não quero que essa fic acabe, ainda tem muita história para rolar não? espero que sim!! Ainda quero quero ver passo a passo uma gravidez da Stana e o Nathan babando! AH deixando uma sugestão também kkk sou team Nathan em relação ao sexo do filho deles kkk quero uma menina assim como o Nathan quer hahahahah
😢😢😭😭 fico super emotiva depois de calitulos como esse
Excelente capítulo! Triste porque sabemos como será o final. Parabéns e obrigada Karen. Beijos mil no seu coração.
Chorando feito criança!!Você mexe com meu psicológico a cada capítulo.
EU achei q seria pior, mas como foi só uma introdução da pior parte,nem falo nada...
Eu amei ela estar brava com ele pela bebedeira... Usou bem a postagem dela do instagram. Aliás adoro isso, eles te dão migalhas e vc vai e transforma em algo grande.
Adoro como vc desabafa e a gente embarca junto. Usando N ou S pra falar o q a gente sente... Sem falar do seu amor pelo Alexi kkkkk
Essa interação com as crianças e pensando no futuro, foi tao lindo. Amei!
Terminar com ela chorando...Aí! Em pensar que é só o começo. Acho bom tanto Stananinha qto nós, irmos tomando bastante água para nos hidratarmos bem... Pq não vai ser fácil. Confio em vc!
P.S Prefiro um spin off de Giff que um de Castle hahaha I Love Giff! 💕💕💕
(Eu sei que o foco é SN, mas sonhar é free ne?) kkkk
Esperando o próximo.
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