terça-feira, 30 de agosto de 2016

[Stanathan] Kiss and Don´t Tell - Cap.83




Nota da Autora: o que posso dizer....o angst continua! Também quero avisa-las que a partir desse capitulo, a história torna-se quase que completamente AU. Podem existir menções a twitters, fotos, porém chegou a hora de desvincular das redes sociais e avançar no futuro do nosso casal. Espero que curtam a abordagem, os plots e se não gostarem, pode comentar. Ao contrario do que a maioria espera com Nathan operado, a abordagem foi outra, vocês entenderão. E não adianta querer matar a escritora... Enjoy!  



Cap.83 


- Certo, babe. Antes de você cochilar na cadeira, vou fazer seu prato. Após o almoço, você se deita e descansa. Quando o médico disse que você pode tomar banho? Por causa dos curativos?

- Amanhã, mas ele disse que são resistentes a agua e não vão causar nenhum dano a cirurgia – ele se sentou na cadeira observando a esposa preparar seu prato. Stana se juntou a ele, trazendo dois pratos de comida.

- Acha que consegue comer com a mão esquerda ou eu terei que alimentá-lo? Já cortei todo o frango e é apenas purê, então não deve ser tão difícil. Quer tentar?

- Por que não? – ele sorriu para ela - mas não me importaria se você me desse na boca. Pode me mimar um pouquinho? – a carinha de cachorrinho pidão estava lá, isso a fez sorrir.

- Como esse meu marido é manhoso! – ela inclinou-se e beijou-o. em seguida, fez o que ele pediu. Ficaram entretidos ali até que Nathan sentiu a necessidade de conversar, faze-la falar para evitar que vagasse em pensamentos obscuros, ele sabia que ela não esquecera que dia era hoje e de qualquer forma, ele teria que tocar no assunto porque faria seu último live tweeting. Escolheu começar a conversa pelas beiradas, não diretamente no assunto.

- Como foi sua manhã com Gigi? Ela não te perturbou muito com os problemas domésticos dela e de Jeff, certo?

- Por que pergunta? Seu irmão reclamou depois daquela pequena discussão na nossa frente?

- Não diria reclamar, ele apenas perguntou se você tinha mania de limpeza, sabe para comparar? 

- É melhor Jeff não entrar nesse território, se ele mencionar que eu sou isso ou aquilo, conheço minha irmã, ela vai pirar. Vai dar briga.

- Não, Jeff é muito tranquilo com essas coisas. Ele já leu Gigi direitinho. Não chegarão nesse ponto, mas acho que ele irá implicar para deixa-la no limite – ela riu – se esse não foi o assunto...

- Falamos um pouco das nossas férias. Comentei onde pretendemos ir, o que quero fazer... tantos lugares, tanto tempo ao seu lado, queria que esse mês voasse para nós desaparecermos de Los Angeles o mais rápido possível.

- Sim, amor. Acho que estamos precisando dessa escapada. Infelizmente, eu tenho que lidar com o tratamento e com Alan antes de ir. Terá que ter um pouco de paciência.

- Eu sei – ela serviu a última colher e encheu a boca de Nathan. Terminou seu próprio almoço e ergueu-se da mesa com os pratos – agora podemos subir. Você vai para a cama e eu irei cuidar das louças – eles subiram as escadas, Nathan se livrou dos sapatos, ela ajudou-o a tirar a calça e vestir um short, abriu os botões da camisa deixando-o com o peito exposto à sua frente. Pela primeira vez, ela pode examinar o que acontecera com o marido. O curativo era pequeno, ela o tocou com delicadeza temendo que a área estivesse dolorida. Sorriu ao encontrar os olhos dele. Percebeu que estava grogue, caindo de sono devido a medicação – deite-se, babe – ela o ajudou. Após ajeitar os travesseiros, ela beijou-o nos lábios e já ia se distanciar para deixa-lo dormir quando Nathan segurou seu pulso com a mão esquerda.

- Será que você pode se deitar um pouquinho ao meu lado? Estou com saudades... – ela sorriu, aparentemente os próximos dias seriam assim, um marido manhoso ansiando por carinho, ela não se importava de fazer o papel da companheira e mima-lo. Gostava disso.

- Não quero te machucar, então você pode mudar de lado? Afaste-se um pouco mais para o centro da cama para que eu possa deitar do outro lado – ele obedeceu e Stana se aconchegou no peito dele com a cabeça em seu ombro bom. Nathan estava querendo mantê-la por perto porque queria evitar que Stana começasse a pensar muito sobre assuntos difíceis e sucumbisse a uma possível depressão.

- Você podia cantar para eu dormir...

- Menos, Nate. Você não precisa exagerar, além do mais está quase dormindo. Não vai levar nem cinco minutos para apagar.

- Você que pensa. Deveria dormir um pouco também, Staninha...ia aju...- ele não terminou de falar, já se entregara aos efeitos do remédio e aos braços de Morpheus. Ela ficou alguns minutos apenas ouvindo a respiração calma dele. Então, sua mente começou a vagar por mares impróprios, perigosos, a forma que estavam deitados a lembrou do que faziam no set. Era estranho estar nessa posição. Estava sempre do outro lado. Como Castle e Beckett. Eles transferiam seus próprios hábitos para as personagens. E assim, Stana começou a reviver momentos de tantos anos. Novamente, partes daquele filme de oito anos encheram sua mente.

As lembranças, sejam engraçadas ou intensas, a deixavam mexida. Conversas com Dara, ideias discutidas com Terri, Marlowe tirando sarro de sua paixão pelo casal e de seu lado shipper, as implicâncias de Nate com os rapazes, suas escapadas pessoais no set, eram tantas memórias perfeitamente arquivadas em sua mente, tantas emoções diferentes. Agora seriam apenas momentos saudosistas, parte de um tempo que não voltará mais. Destruído por ganancia e orgulho, por pessoas que não entendiam seu real significado, executivos despreparados e escritores invejosos por não serem capazes de criarem algo tão genuíno como Castle. Ela tinha certeza que não haveria outra história de amor tão completa e tão linda como a de Castle e Beckett. Talvez, apenas uma. A sua própria história com Nathan.

Então a onda de saudade e perda a atingiu outra vez. Deitada sobre um Nathan adormecido, Stana chorou por todos os maravilhosos momentos que não teria mais. Não poderia entrar naquele estúdio que fora sua casa por oito anos, era apenas o vazio agora. Não haveria uma mesa para a capitã, não haveria a máquina de café. O loft se fora, o lar de Castle e Beckett. O quarto, a sala onde momentos importantes da história deles foram criados, moldados. Tudo se fora. Era apenas um enorme galpão. A vida que existira uma vez dentro daquele pé direito tão alto desaparecera, se fora no vento. Perdera-se fisicamente para sempre, viveria apenas nas memórias de quem circulara pelos seus corredores e nos registros das imagens gravadas em cada um dos 42 minutos de 173 episódios. Tão perto dos duzentos... essa era uma marca no mundo da televisão que eles não iriam atingir. Um recorde que Castle não iria bater.

E ela chorou, soluçou e finalmente com a cabeça latejando e o coração apertado, ela fechou os olhos e adormeceu.

Quando Nathan acordou, percebeu que Stana se espremera ao lado dele procurando não acordá-lo e também não machuca-lo. Checou o relógio. Sete da noite. O remédio o derrubara de fato. Queria poder sentir-se um pouco mais esperto, mas as drogas pareciam estar ainda em seu corpo. Com sede, ele decidiu se levantar com muito cuidado para não acorda-la. Pelo jeito que ela dormia, sabia que ela simplesmente apagara ali depois dele. Não havia feito outra coisa. O que era bom, a menos que a razão de ter dormido não fosse cansaço e sim o resultado de choro e divagação. Ao checar o semblante da esposa, ele descobrira a resposta. Sim, a mente dela se perdera outra vez em pensamentos sobre os últimos acontecimentos difíceis que enfrentaram.

Ele suspirou. Queria poder arrancar essa dor de seu peito. Stana não superara o fim tão abrupto de sua personagem, da série e da sua vida profissional com a ABC. Claro que entendia sua dor e frustração. O processo, a forma como tudo acontecera fora muito amadora, antiética e desrespeitosa após oito anos de dedicação. Embora concordasse com sua revolta, ele não queria vê-la entregar-se ao lado ruim, a tristeza que o fim dessa parte de suas vidas representava. Stana não podia ceder a depressão.

Levantou-se da cama, inclinando-se para beijar-lhe o topo da cabeça. Deixaria que ela dormisse um pouco mais antes de desperta-la. Desceu as escadas, bebeu um pouco d´agua enquanto preparava um café fresco. Analisando suas opções na geladeira, ele decidiu que ao invés de cozinhar, pediria uma pizza. Hoje à noite ele tinha um compromisso que acabaria por leva-la as divagações. Não podia evitar. Porém, prometera a si mesmo que não deixaria sua esposa se entregar a depressão.

Ele discou o número do delivery e pediu a pizza preferida dela. Assim que a comida chegasse a acordaria e iriam para a sala de tv.

O plano de Nathan parecia perfeito, nenhum problema para executa-lo, exceto pelo poder da mente. Esquecera quão forte e poderosa a mente humana tendia a ser. Agindo por conta própria, tomando o lugar e fazendo do corpo, seu prisioneiro. Ele seria surpreendido por esse poder tão logo começasse a assistir o episódio essa noite.

A pizza chegou e Nathan após preparar a sala de tv, o que fez com alguma dificuldade de quem depende apenas de um braço, ele subiu as escadas para acorda-la. Com um beijo no pescoço, caricias e palavras carinhosas, ele a viu abrir os olhos.

- Que horas são?

- Hora do jantar, amor. Vem, pedi pizza para nós. Está quentinha.

- Eu não estou com fome...

- Mas você vai comer. Pedi a sua favorita. Vem – ele estendeu a mão para ela – está na sala de tv – então ela se lembrou porque. Ele iria fazer um live tweeting. O último de Castle. Ela engoliu em seco levantando-se da cama e acompanhando-o até o sofá da sala. Sobre a mesa estava a pizza, guardanapos, café fresco e agua.

- Nada de álcool?

- Eu não posso beber. Se quiser, fique a vontade.

- Não. Quero café – pegou uma das canecas e despejou o liquido quente. Nathan sentou-se no sofá com Stana a seu lado. A televisão já estava ligada na ABC apenas esperando o começo do episódio. Ele pegou um pedaço de pizza e começou a comer, ela se distraia com o café acabando o conteúdo da caneca em dez minutos.

- Você ainda não tocou na pizza. Tem que comer ao menos dois pedaços.

- Eu pensei que era eu quem deveria estar preocupada com você. Sou eu que estou de babá, não?

- Seria, mas tenho que me certificar de que você está alimentada para aguentar cuidar de mim – ele reparou que ela voltara a encher a caneca com café, suspirando, ele pegou um pedaço de pizza e entregou na mão dela – coma, Stana. Não vou falar novamente – ela o olhou séria, pensando se deveria recusar e brigar com ele ou calar-se. Decidiu calar-se e comer porque lembrara-se que ele estava doente, a base de remédios e não era a sua vez de ser teimosa e chata. Mordiscou um pedaço da pizza e acomodou-se no sofá. Ainda sentia um pouco da dor de cabeça provocada certamente pelo choro de mais cedo.

Continuou comendo calada. Nathan não gostava desse silêncio. Era uma porta aberta para maus pensamentos. Querendo vencer esse obstáculo de estar ao lado de uma Stana apática e introspectiva, ele comentou.

- Amanhã, será que você pode me atualizar sobre a nossa viagem? Qual o roteiro, o que pretende fazer, lugares que iremos visitar. Quero estar a par do que faremos. O que acha? Você não vai me deixar no escuro, certo?

- Não. Posso te mostrar.

- Você já pensou onde poderemos ir após a Alemanha?

- Não, alguma sugestão?

- Ainda não sei. Talvez a Grécia ou a costa amalfitana. Estaremos perto da Itália de qualquer forma. Ou sempre podemos voltar ao Canada.

- Não quero ir a Grécia. Itália ou Londres podem ser algumas opções.

- Londres? Hum... talvez – a conversa foi interrompida por uma chamada de Castle na tv. Series finale. Cada vez que ouvia essas duas palavras, Stana sentia seu coração parar por alguns segundos. Ela virou o rosto lentamente da tv para encarar Nathan. Ele apertou a mão dela. Palavras não eram necessárias. Com muito custo, ela terminou seu segundo pedaço de pizza apenas para agrada-lo. Não tinha fome e sentia-se enjoada. Serviu-se de mais café. O episódio de “Dancing with the stars” acabou e Nathan já estava a postos com o celular na mão esquerda. Stana se aconchegou no sofá apoiando a cabeça no ombro bom. Suspirou. Mesmo não querendo passar pela dor, a curiosidade era maior.    

Calados, eles tinham os olhares voltados para a tela. Nathan dividia-se entre o episódio e o celular. Evitava comentar sobre Beckett, sobre emoções e principalmente sobre Stana. Era, para todos os efeitos, o cara indiferente, considerado traidor e sem coração por alguns fãs. Isso tudo estava presente em suas menções no twitter. Teria que conviver com esse estigma.

De vez em quando, virava seu rosto para observa-la. Ela estava atenta. Pressentia quando seu corpo estava mais tenso diante das imagens. A verdade era que rever cada uma daquelas cenas mexia com ambos, porém desconfiava que a atingia muito mais.

A cena filmada na externa, antes de entrarem no tiroteio, estava na tela. Ele sentiu-a apertando sua mão e um pequeno soluço diante da imagem. Ela e ele, testas coladas, lagrimas por cair e tanto sentimento. Aquele “eu te amo” fora deles, verdadeiro, puro. Ele lembrava de cada segundo assim como ela. Stana chorava. Ele inclinou-se e beijou-lhe a testa. Como ele gostaria de evitar que ela sentisse essa dor. Dava tudo para ouvir sua gargalhada outra vez, tirar aquela nuvem negra de tristeza e revolta de seu olhar. Aquilo estava longe de acabar.

Quando a cena dele com o soro da verdade foi ao ar, ela foi pega de surpresa. Sabia que todos elogiaram a performance dele, porém assisti-la conhecendo todo o significado e o sentimento envolvido era completamente diferente, era avassalador. A forma como Castle falara de Beckett, em se apaixonar, em faze-lo sorrir, em desafia-lo. Todas aquelas palavras, uma linda declaração de amor que certamente a fazia recordar-se de todos os momentos, seus momentos juntos. Ela soluçava. Não consegui para de chorar. A dor de Castle era sua dor agora. Nathan a envolvera em seu braço e beijara-lhe a cabeça. Odiava ser ele o causador de toda aquela tristeza.

- Eu sinto muito, amor... não chore, por favor... – ao ouvir o misto de preocupação e culpa em suas palavras, apenas a fez chorar mais. Não era culpa dele, embora fosse assim que ambos se sentiam culpados por ter que dizer adeus tão abruptamente a tudo. Ela não suportava assistir ainda assim, ao ver a interpretação de Nathan, ela não resistiu e puxou-o para um beijo.

- Eu te amo, meu Deus... Nate... – ela disse essas palavras no mesmo instante que suas personagens se encontraram naquele abraço que durara para os dois mais que os segundos na tela. Dali em diante, ela não precisou assistir. Simplesmente ouvira as falas, os tiros e chorava. Era o fim.

- Amor? – Nathan chamou por ela. Ao ouvir as falas do piloto, Stana levantou a cabeça para ver o que acontecia. E ali na sua frente estava o final mais improvável e triste para uma linda história de amor. Os sorrisos, os gêmeos, os olhares e a declaração de amor mais importante. Always.
Nathan puxou o rosto dela para fita-lo.

- Staninha... esse é o final deles, não é o nosso. Nossa história está só começando – ele limpou parte das lagrimas que marcavam seu rosto inutilmente já que ela não conseguia parar de chorar. Seus lábios tocaram os dela levemente, beijando-a com carinho – sinto muito, amor, eu te amo tanto... por favor... não se deixe levar por isso.

- Oh, Nate... e-eu não... consigo... desculpe... – ela balbuciava entre o choro, levantou-se e olhou-o mais uma vez – vou dormir... – e simplesmente desapareceu deixando-o sozinho. Arrasado por ver o que ela estava causando a si mesma, ele desligou a tv e escreveu seu último tweet. “Castle off. Mic drop”. Resignado e possesso pelo mal que fizeram a pessoa que mais amava na vida, ele seguiu para o quarto. Viu o remédio na cabeceira da cama. Analgésico, provavelmente sua cabeça estava estourando. Ele tomou o próprio remédio que deixara sobre a mesma cabeceira. Deitou-se ao lado dela. Apesar de estar de olhos fechados, Nathan sabia que ela não estava dormindo. Via o claro movimento de seu peito ainda perdido entre respirar e chorar. Essa noite a deixaria sentir a dor, a culpa, a tristeza. Esperava que assim, ela pudesse reergue-se e virar a página de vez. Beijou-lhe a testa e sussurrou.

- Eu te amo, Stana... – foi surpreendido por um sussurro claro e emotivo.

- Always.


XXXXXXX


Na manhã seguinte, Nathan foi o primeiro a acordar. Ao observa-la reparou que dormia. Melhor assim. Levantou-se com cuidado da cama e foi para o banheiro, após a higiene pessoal um pouco mais complicada por estar com pouca mobilidade, ele decidiu preparar um café para então acorda-la.

O que Nathan não sabia era que Stana não estava de fato dormindo. Na verdade, ela acordara de um sonho ruim por volta das três da manhã e não pregou mais o olho. Após vê-lo se levantar, ela pensou em tentar dormir. Talvez ele estivesse preparando café. Seria bom tomar um pouco do liquido e tentar dormir depois. Seu sonho fora com partes do episódio que assistira ontem exceto que não havia aquela última cena anos depois. Como o pesadelo de qualquer fã, ela acordara sobressaltada. Estava desperta o bastante para fechar os olhos na madrugada. Permaneceu deitada pois sabia que Nathan precisava descansar. Ele acabara de fazer uma cirurgia.

Ao ouvir passos na escada, ela rapidamente acomodou-se de volta a cama fingindo dormir. Nathan se aproximou com duas canecas na mão esquerda apoiada na tipoia. Nem sabia como conseguira subir as escadas. Deixando-as sobre a cabeceira, ele inclinou-se beijando a cabeça da esposa, a testa, e chamando por ela.

- Staninha... acorde... já é de manhã. Staninha... – fingindo estar se espreguiçando, ela abriu os olhos.

- Hey...

- Trouxe café – ela sentou-se na cama. Nathan deu uma das canecas a ela. Stana sorveu o liquido devagar – bom dia... – ele lhe deu um selinho.

- Bom dia, babe. Como está seu braço?

- Estou bem, um pouco dolorido, o que o médico disse ser normal pois o musculo teria que se adaptar a posição dos pinos. Estou com fome... que tal descermos para tomar um café decente?

- Ainda estou com sono, mas está na hora de cuidar do meu paciente – ela deu um sorriso e levantou-se da cama indo até o banheiro. Dez minutos depois, desciam as escadas juntos. Ela preparou ovos, esquentou pães e serviu-o de suco de laranja. Colocou cereal e leite disponíveis sobre a mesa e Nathan acionou a cafeteira para uma nova dose de café. Mesmo sentados à mesa, ele reparou que ela não comera nada. Apenas bebera café.

- Não vai comer os ovos? Nem o cereal?

- Estou sem fome, eu disse que ainda queria dormir.

- Estava pensando em fazer uma visita a Alan para tratar do nosso cronograma de gravações e ajustar as datas para a nossa viagem.

- Nate, você acabou de ser operado. Não pode fazer nada que force seu braço. E além do mais, não pode dirigir.

- Eu pego um taxi. Afinal, você não quer que eu resolva logo tudo para que viajemos o mais rápido possível?

- Claro, mas você tem pelo menos um mês. Seu médico precisa lhe dar autorização para viajar. Não é simplesmente resolver tudo com Alan e pegar o avião. Você fez uma cirurgia, mesmo simples, ainda é uma cirurgia. Requer cuidado.

- Eu sei, amor. Não farei nada para prejudicar minha recuperação. Só quero conversar com o Alan, ele também vai precisar se programar – ela bocejou na frente dele. Então, Nathan observou o rosto da esposa. Ela tinha olheiras – você está mesmo com sono... faremos assim, você me ajuda a me arrumar, pego um taxi, vou conversar com Alan e você aproveita para dormir mais um pouco. Quando voltar almoçamos juntos. Trago comida.

- Parece um bom plano – juntos subiram as escadas. Ela o ajudou a se vestir e após um beijo, ela se despediu dele na porta de casa. Retornou ao quarto e tomou dois comprimidos para dormir. Em poucos minutos, ela apagou.  Eram dez horas da manhã.

Nathan chegou ao pequeno estúdio onde produziam ConMan em meia hora. O transito em Los Angeles estava caótico. Ao vê-lo de tipoia no braço, Alan se espantou.

- O que aconteceu com você? Levou uma surra na rua dos fãs de Castle?

- Haha! Sem graça. Eu fiz uma pequena cirurgia. Meus ligamentos resolveram parar de trabalhar de vez. É por isso que estou aqui. Quero revisar o cronograma de gravações da segunda temporada com você.

- Claro! Nem quero fazer você trabalhar em recuperação. Quanto tempo precisa ficar afastado?

- Esse é o problema. Na verdade, eu gostaria de saber se não podemos aproveitar essa pequena mudança e acrescenta-la em nossos roteiros, reescrever algumas cenas de modo que eu possa filmar sem prejudicar o pouco tempo que temos. Você vê algum problema nisso? Não devem ser muitas cenas.

- Problema, não. Mas, você não deveria ficar de repouso? Por que insiste em filmar?

- É que eu já tinha me programado para fechar esse compromisso e viajar. Preciso ficar um tempo longe de LA. Ainda tenho uma comic na Alemanha, então pensei em aproveitar minha ida e dar uma volta pela Europa. Preciso ficar longe desse meio hollywoodiano por um tempo.

- Nossa! O final de Castle mexeu tanto com você assim? Quer dizer, sei que são oito anos, tem o costume, as amizades. É triste ver essa rotina acabar. Onde você está pensando em ir?

- Talvez Croácia, Itália, Londres.

- Hum, Nathan isso tem alguma coisa a ver com o que aconteceu com a sua costar? Quer dizer, não me leve a mal. A forma que as coisas aconteceram... é estranho, ela gosta da Europa, não?

- Alan se você está me perguntando se eu tive algo a ver com a demissão de Stana, saiba que fiquei tão chocado como todo mundo. Aliás, o que fizeram com ela foi vergonhoso. Ela deu oito anos da vida dela pela série, construiu uma das personagens mais amadas pelo público. Eu trabalhava ao lado dela, sei o quanto ela se doou. Eu a admiro como atriz. Merecia respeito.

- Concordo. Eu sei que você a conhece um pouco. Você está com saudades da convivência.

- De certa forma, eram longas horas juntos.

- Você sabe que não é bem isso que estou dizendo, você gostava dela, era atraído por ela. É uma mulher linda e beija-la não era nenhum sacrifício.

- Alan, era trabalho. Somos profissionais.

- Nathan, para cima de mim? Sei o quanto você pode ser “profissional”, eu lembro da Morena. E o jeito que você fala dela é diferente. Há um brilho diferente no seu olhar, seu semblante muda.

- Alan, que droga você anda fumando? O que eu sinto pela Stana é admiração por uma colega de trabalho. Agora será que você pode focar nas nossas mudanças de roteiro? Você não me respondeu se é possível.

- Claro que é. Posso reescrever algumas cenas. Vou te mandando as mudanças aos poucos. Tem alguma ideia que já queira colocar em prática? Acho que com uma semana consigo revisar tudo.   

- E pelo volume de cenas, posso filmar tudo em dez dias. Posso já começar na semana que vem. Quer dar uma olhada em algumas adaptações agora? Eu pensei sobre algumas cenas...

- Claro, sente-se aqui – lado a lado de frente para o computador, Alan e Nathan entraram em um brainstorm sobre as mudanças das cenas de ConMan. Juntos, reescreveram alguns detalhes, pensaram em outros e o tempo passou sem que percebessem. Quando estavam próximos de terminar, Nathan se assustou ao checar o relógio. Três da tarde. Esquecera completamente do que prometera a Stana.

- Ah, droga! Eu tenho que ir. Estou atrasado para um compromisso. Você me manda o resto das mudanças ao longo da semana? Segunda-feira estarei aqui para começar a filmar.

- Fique tranquilo. Eu te ligo se precisar.

Nathan saiu apressado. Ela dever estar morrendo de fome, pensou. Vai acabar brigando. Passou em um dos restaurantes chinês que ela gostava e pegou a comida. Quando chegou em casa, estranhou o silencio, era quase quatro da tarde.

- Stana? Amor... hey, cadê você? – nenhuma resposta. Deixou a comida sobre o balcão e subiu as escadas. Nathan a encontrou dormindo. Parecia serena. A quanto tempo estava assim? Será que dormira esperando por ele? Ficou com pena de acorda-la. Resolveu comer e guardar algo para que ela comesse depois.

Ele almoçou, limpou a cozinha e foi para a sala de tv jogar. Acabou se distraindo demais porque o braço não conseguia fazer os comandos e jogar com uma mão somente era algo bem difícil. Por volta das sete da noite, ele estranhou que ela não tivesse aparecido. Entrou no quarto e a encontrou do mesmo jeito que há três horas atrás. Percebeu o vidro sobre a cabeceira. Remédio para dormir. Um arrepio percorreu seu corpo. Será que ela havia tomado comprimidos para dormir? Quantos? Ele se lembrou da reação dela de ontem ao ver o episódio. Não! Ela pode estar em crise, possível depressão. Não pensou duas vezes, iria acorda-la.

- Stana? Hey... – ele tocava o ombro dela de leve – amor, acorde – nada. Beijou-lhe o rosto e acariciou os cabelos – Staninha, acorda por favor... sou eu... Stana... – outro beijo e finalmente ela se mexeu, virou-se na cama e abriu os olhos vagarosamente. Um alivio percorreu o corpo de Nathan, suspirou – hey... você está bem? Desde que horas está dormindo?

- Não muito. Como foi a reunião com Alan? – ela perguntou sentado na cama.

- Foi boa. Acho que conseguiremos filmar tudo antes de viajar.

- Você trouxe o almoço? Quer que eu lhe sirva? 

- Stana são sete horas da noite. Desde quando você está dormindo?

- Desde que voce saiu...

- Meu Deus... amor, voce tomou remédio para dormir? – apesar de não responder, sua cara dizia tudo – quantos comprimidos?

- Nate...

- Quantos, Stana?

- Dois... eu só queria apagar. Estava tão cansada...

- Amor, não faça mais isso. Eu fiquei assustado. Por que você estava tão cansada?

- E-eu não dormi a noite... acordei três horas, não consegui mais dormir depois do meu sonho. Aquelas imagens de Castle e Beckett baleados passavam várias vezes na minha mente e... e-eu fui demitida e...Alexi queria você apenas... – Nathan não deixou que ela continuasse. Sentou-se ao lado dela na cama e com a mão esquerda ergueu o queixo dela para fita-lo.

- Hey... está tudo bem. Foi só um sonho ruim. Por que você não me disse antes? Tinha ficado em casa, com você. Procure esquecer isso, Stana. Por favor...

- É difícil. Ontem depois de ver aquelas cenas, eu me lembrei de tudo. Aquelas crianças, filhos de Castle e Beckett que nunca poderei contracenar, Castle não vai carregar seus filhos no colo, filmar o parto ou leva-los ao parque como fez com Alexis. Kate não vai dividir essas tarefas com ele, curtir a família....oh, Deus... – ela já estava chorando outra vez, automaticamente deitou-se na cama em posição fetal. Nathan se compadeceu da imagem tão frágil e triste da esposa. O que ele podia fazer? Precisava arranca-la daquela cama.

- Não, amor. Você não pode pensar assim. Castle e Beckett são personagens, eles não são nós. Pelo menos não totalmente, são parte de nós. Você precisa lembrar que essas pequenas coisas que imaginou para eles, serão feitas por nós dois. Eu e você, juntos iremos viver esses momentos pelos dois com os nossos filhos – ela continuava chorando – vem, levanta, não posso fazer esforço para tira-la dai. Quero abraça-la, mas preciso que me ajude. Por favor, Stana, não pode sucumbir assim... – o rosto dele era de pura preocupação, se ela entrasse nessa paranoia certamente seria vencida pela depressão. Ele não podia deixar isso acontecer, não agora que estavam melhor, próximos de viajar, fazendo planos.

- Stana... – finalmente ela o encarou. Ainda haviam muitas lágrimas em seu rosto, os olhos vermelhos. Como um clique de um interruptor, ela percebeu o que estava fazendo. Ele estava operado, precisava dela. Lentamente, sentou-se na cama.

- Desculpe... eu não sei como... eu queria esquecer, preciso te ajudar... e-eu sinto muito, babe – ela aproximou-se dele e beijou-lhe o rosto – eu vou tentar melhorar... – ela limpou os olhos e o rosto – você quer comer? Posso fazer o jantar. Eu preciso de um café para despertar.

- Você precisa se alimentar, amor ou ficará doente.

- Primeiro o café – ela se levantou da cama devagar. De pé, ela enroscou o braço no dele e juntos deixaram o quarto. Ela esquentou o resto da comida e o serviu. Nathan havia passado um novo café, Stana encheu a caneca e enrolou comendo apenas um pedaço minúsculo de frango. Ele estava preocupado com o estado dela. Stana perguntou se ele não queria tomar banho e pelas próximas duas horas se dedicou a cuidar de Nathan.

Deu banho, trocou de roupa, o fez tomar o remédio e deitou-se ao lado dele na cama enquanto assistiam a um filme juntos. Finalmente, ela disse estar com sono. Para não contrariá-la, ele resolveu dormir também, mal descansara nesse primeiro dia de recuperação. Ficou mais tranquilo ao ouvir a respiração dela indicando que estava dormindo pesado. Foi bem mais fácil adormecer em seguida.

Por volta das quatro da manhã, Stana desperta. Sua mente estava outra vez remoendo as cenas de Castle, a sua demissão e as lembranças que tinha daqueles oito anos. Sentou-se na cama com cuidado para não acordar Nathan. Não pregou o olho até as oito da manhã quando decidiu levantar-se e fazer um café. Ao descer as escadas, uma leve tonteira a acometeu. Sim, estava fraca, porém não tinha a mínima vontade de comer. Preparou o café e distribuiu-o em duas canecas. Um pouco de cafeína e açúcar a faria bem. Tomou metade da sua e serviu-se de mais. Pensou em retornar ao quarto para acorda-lo com o café, mas era melhor levar algo para comer. Assim, ela começou a preparar os ovos. Estava quase terminando quando ele apareceu na cozinha.

- Você levantou faz tempo?

- Uns quinze minutos. Estou fazendo seu café. Tenho que cuidar do meu paciente – ela bebia mais um gole de café – aqui estão os ovos. Quer cereal?

- Você não vai comer?

- Já tomei café e comi uma tigela de cereal – ela apontou para a pia onde havia uma tigela, estava mentindo, apenas não queria que ele a obrigasse a comer. Colocou a caneca de café quente a sua frente – quer torradas francesas, esquento para você.

- Claro – ela fez o que ele pediu e voltou sua atenção para a pia a fim de lavar as louças e não deixar rastros de sua própria mentira – você dormiu melhor essa noite?

- Dormi - outra mentira.

- Tem certeza?

- Sim.

- Você ainda tem olheiras, amor. Posso ver o negro abaixo dos seus olhos.

- Não me recuperei totalmente de ontem... – ele suspirou. Decidiu mudar de assunto.

- O que você acha de me mostrar o que vem programando para a nossa viagem juntos? Podemos traçar alguns passeios, escrever um roteiro e decidir os próximos destinos. O que acha?

- Sim, podemos fazer isso – ela não pareceu tão animada. Mesmo assim, ele iria insistir. Precisava ocupar a sua mente com algo que não a fizesse pensar na série, na sua personagem e nem na demissão. Ela teria que vivar essa página.

- Ótimo! Depois do café, vamos para a sala de vídeo, pegamos o notebook e iremos preparar nossas aventuras. Nathan a arrastou para a sala logo após o café. A princípio, ela estava animada, participando e mostrando a Dalmatia para ele. Comentou alguns passeios que podiam fazer, o que explorar e ele fazia perguntas para engaja-la na conversa. Ficaram umas duas horas trocando ideias, então Stana disse que ia ao banheiro e Nathan sugeriu que desse uma pausa para pensar no almoço. Iria para a cozinha e a esperaria lá.

Vinte minutos se passaram e ela não aparecera. Ele subiu as escadas e a encontrou deitada na cama, dormindo outra vez. Era fato, Stana estava em depressão. A ficha de Nathan caíra, ela não comera pela manhã. E provavelmente não dormira bem a noite. Stana mentira para ele. A realização disso o deixou apavorado. Será que ela tomara remédios novamente? Receoso, ele checou a cabeceira e os armários do banheiro onde colocara o vidro. Aparentemente não fora mexido, porém encontrou outro frasco no chão ao lado dela da cama. Queria acreditar que ela apenas cedera ao cansaço, mas seu instinto lhe dizia outra coisa. Ela tomara comprimidos. Sem querer entrar em pânico naquele momento, decidiu deixa-la descansar. Se não acordasse em três horas, ele começaria a se preocupar.

Dedicou um pouco do seu tempo ao ver o que Alan lhe mandara no email sobre os roteiros. Acabou ligando para ele e se entretendo com o trabalho. Ao terminar o que fazia, percebeu que já havia se passado quatro horas. Ele estava com fome. Ela também deveria estar. Ao sair da sala de vídeo, deparou-se com a esposa descendo as escadas. O semblante pálido, os olhos fundos e o rosto demonstrava que estava fraca. Visivelmente mais magra. Nathan sentiu um aperto no coração. Respirou fundo. Sabia que não adiantava se dirigir a ela cobrando, isso só pioraria o estágio da depressão. 

- Hey... você acordou. Estou morrendo de fome, quer almoçar? Podemos fazer apenas uns sanduiches, que tal?

- Posso fazer para você. Eu não quero.

- Não está com fome?

- Quero café.

- Stana... – nesse momento, ela descia os últimos degraus da escada. Por estar fraca, ela sentiu tudo rodar e quase caiu se não fosse o reflexo de Nathan que a apanhou quase sem jeito por estar usando o braço esquerdo – você está fraca. Precisa se alimentar. Vai acabar desmaiando.

- É só tomar café. Açúcar no sangue. Vem, faço seu sanduiche – ela caminhava lentamente até a cozinha. Nathan observava seus movimentos. Parecia um zumbi. Aquilo partia seu coração. Ele não sabia o que fazer. Levou mais tempo que o normal para preparar seu sanduiche, seu raciocínio estava lento. Ela estava passando por uma fase difícil, o problema era que ele não tinha ideia de como lidar com isso e faze-la melhorar, recuperar-se e voltar a ser a sua esposa. Palavras seriam suficientes?

Ele comeu o sanduiche enquanto pensava na melhor forma de aborda-la. Stana sentara-se a sua frente e bebia uma caneca de café. Pelo terceiro dia tudo o que ela ingerira fora café. Ela ficaria doente desse jeito. Nathan pensou em começar a conversa em território neutro.

- Nós não terminamos de discutir nosso roteiro, precisamos decidir qual o próximo destino depois que eu voltar da Alemanha.

- Temos tempo.

- Sim, mas teremos que providenciar passagens, hotéis, ver se não queremos assistir a algum espetáculo, essas coisas...

- Nate, eu não estou com cabeça para isso agora... podemos programar isso depois. Temos quase um mês.

- Você não está com cabeça. Por que?

- Estou cansada, não quero pensar sobre isso agora.

- Você não está cansada. Você está fraca, não se alimenta direito há três dias. Só toma café. Sei que mentiu para mim, não comeu cereal. Stana, por favor, converse comigo, eu não quero vê-la doente ou pior... se está triste, chateada e sofrendo, pode falar comigo. Sou eu, seu marido. Lembra o que prometemos? Na alegria e na tristeza... apenas converse comigo, me diga o que posso fazer. Não quero vê-la definhando dia após dia, amor. Quero minha esposa de volta, minha Staninha... – a dor nos olhos azuis era grande, perceptível. Ela mesma notara, ele estava triste e preocupado. Sabia que estava fazendo mal aos dois, infelizmente, ela não tinha forças para discutir, para lutar, estava cansada e tudo o que queria era dormir e chorar. Foi exatamente o que fez.

- Sinto muito, Nate... – as lágrimas voltavam a inundar-lhe o rosto – eu estou cansada...e-eu só quero...eu...dormir e... – desatou a chorar e saiu correndo de volta ao quarto. Com um ar de desespero, Nathan fechou os olhos e apelou para a única pessoa que talvez pudesse fazer Stana acordar, tira-la daquele estado catatônico e depressivo que se encontrava. Pegou o celular e discou o número da cunhada.  

- Hey, Nathan! Tudo bem?

- Gigi, eu preciso de você. Sua irmã... eu não sei mais o que fazer...Stana... eu estou desesperado. Por favor, venha para cá... – o tom de agonia na voz do cunhado acendeu todos os alertas na mente de Gigi. Com o coração apertado, ela respondeu.

- O que aconteceu? Algum acidente? Ela está passando mal?

- Não... ela apenas não é a minha Stana... ela está em depressão, Gigi. E-eu não sei, ela não me ouve... preciso de ajuda.


- Não faça nada. Estou a caminho.


Continua.... 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.63


Nota da Autora: Desculpem o atraso, gerenciar 3 histórias e mais uma ainda não publicada não é fácil. Angst é o tom da maioria do capitulo além de saudades. Sim, reflexões e saudades. É um periodo critico para Kate e ainda está longe de terminar, esperem por algumas revelações nos proximos. Maddie e Dana brilham nesse e no proximo...just saying... enjoy! 


Cap.63


De volta ao loft, Castle se trancou em seu escritório. Serviu-se de uma dose de whisky e bebeu-a de uma vez. Recarregou o copo. Sentou-se em sua cadeira colocou a garrafa da bebida de frente para o notebook que piscava “You should be writing” na tela de proteção.

Decepção.

Esse era o sentimento que inundava Rick Castle. Depois de quase quatro anos, tantas lutas, idas e vindas, ele não esperava ser apunhalado pelas costas por Beckett. Mentir. Tinha algo pior que a mentira? Todo esse tempo, ele esperando e ela jogando. Sentiu-se um tolo. Já tinha criado uma certa expectativa depois que ela contou sobre o tratamento naquela outra noite. Acreditara que estava próximo de tê-la em seus braços novamente. Beckett parecia querer isso em breve devido ao modo que falava. Mas ela já sabia, por que jogara? Por que escondera isso dele? Havia somente uma explicação. O sentimento não era reciproco.

Ele bebeu o whisky. Não fazia sentido. Ela o desejava, sentia-se atraída. Só que não podia ser apenas isso. Não podia simplesmente usá-lo porque ela já foi apaixonada por ele. Já estivera em outro nível. Viveram o tudo. Não sabia o que fazer. Deveria confronta-la? Ele poderia brigar e gritar com Kate por tudo o que ela o fez passar. E depois? Isso apenas o deixaria mais triste e zangado. E se ele perguntasse se ela o amava e fosse rejeitado? 

Volta a se servir de outra dose.

Não sabia. A única coisa que sabia com absoluta certeza era que a amava. A teimosa Kate.

Escuta algumas vozes e barulhos na sala. Então, os acordes entoados ao piano invadiram seu escritório na voz de Martha cantando. Era capaz de reconhecer a melodia em qualquer lugar. ”You Go to my Head”. As lembranças de um fim de semana longínquo vieram-lhe à mente. O primeiro final de semana nos Hamptons. Aquele Memorial Day. Beckett tocara essa canção ao piano para os dois. Ela estava tão linda, tão cativante. Não havia muros ou traumas. Apenas uma mulher sexy e maravilhosa aproveitando a companhia de um homem, um homem por quem se apaixonara uma vez. E na mente de Castle, ela ainda era, apesar de tudo. É apenas complicado, não? Ele se levantou para pegar um pouco mais de bebida, encheu o copo e escorou-se na estante. Seu cotovelo esbarrou num álbum de fotografias fazendo-o cair ao chão. Castle agachou-se para juntar percebendo que algumas fotos caíram pelo chão. Uma delas, a foto de Kate com flores que tirara próximo ao hotel de Roma. Linda, simplesmente linda. Juntou tudo e voltou a sentar-se em sua cadeira com o copo numa mão e a foto na outra. A voz de Martha continua cantando.  

“You go to my head with a smile that makes my temperature rise like a summer with a thousand Julys, you intoxicate my soul with your eyes. Though I'm certain that this heart of mine hasn't a ghost of a chance in this crazy romance. You go to my head”            

Sua mente fez uma viagem a partir dali. Castle constatou que o jogo de gato e rato sempre se repetia. Nos últimos quatro anos, eles rondaram os mesmos terrenos juntos. Uma noite de sexo. O jogo, a sedução e a amizade colorida. Então, ele suspende a parceria com benefícios porque precisa de mais. Separam-se. Ela luta, eles brigam. Ciumes, pessoas, balas, traumas. O relacionamento, a aceitação do tudo, a fase branda. E novamente o turbilhão, a PTSD, as ameaças, o tiro. A separação outra vez. A parceria com benefícios. O medo. O tratamento. Quatro anos que mais pareciam um loop infinito de encontros e desencontros. 

Ele ainda poderia ter esperança?

Esperança... não era o sentimento que o dominava naquele instante. Raiva, frustração combinava mais. Ele deveria deixá-la, seguir em frente, esquecer tudo, mas se ele escolher ir embora isso poderia devasta-la, destruí-la. Ela sofreria assim como ele agora, seria mais uma culpa nas costas de Beckett. Como tantas outras que ela já tomara para si ao longo dos anos.

Confrontação poderia ser uma opção. Isso era algo que ele não poderia decidir sozinho. Ele precisava falar com Dana, ela saberia o que fazer. Não ligou ou esperou nem mais um minuto. Pegando a chave do carro, saiu sem sequer dar atenção ao que a mãe dizia. Ao chegar no consultório de Dana, perguntou diretamente da secretaria como estava a agenda da terapeuta. Estava com um paciente e tinha mais dois logo em seguida. Não havia pausa até o fim da tarde.

- Quer agendar para outro dia?

- Não. Tenho que falar com Dana hoje. É urgente.

- Sr. Castle, sempre é – ele não se importou com o comentário da secretaria, ela não entendia que o seu problema era mais importante. Envolvia a vida de duas pessoas, seu futuro. Impaciente, ele caminhava de um lado para o outro da recepção. O paciente seguinte que já esperava por sua hora o olhava intrigado. Aquele homem devia estar à beira de uma crise, pensou.

- Tem certeza que não quer sentar? Aceita uma agua ou um café? – ao mencionar café, ele travou. Ela saberá que ele estivera no distrito, deixara um café sobre sua mesa. A quem queria enganar? Falara com Esposito. Claro que confirmaria sua presença ali.

- Estou bem. Quanto tempo para a próxima consulta? – ele não via a hora de falar com Dana.

- Quinze minutos aproximadamente – ele bufou. Foram os minutos mais longos da vida de Castle. Enquanto esperava, não conseguia desvencilhar sua mente das lembranças e de tudo o que acontecera entre ele e a detetive após o atentado dela. Meses seguindo-a, adulando-a, tentando provar que poderiam ser mais que parceiros e ela sabia de seus sentimentos. Idiota!

As sensações vinham até Castle como ondas, em seu pico a raiva e a decepção prevaleciam. Em sua baixa, ele recordava-se de quão frágil ela já estivera em seus braços. Durante as crises, o medo do ataque, o caso da mãe. Os pesadelos e a dor provocada pela PTSD. Então, seu coração amansava porque odiava vê-la sofrer.

Quando a porta do consultório de Dana se abriu, ele pulou. Quase não conseguiu deixa-la se despedir do paciente.

- Dana, eu preciso falar com você. É muito importante. É urgente.

- Doutora, eu já expliquei como está sua agenda e urgência não é algo que defina prioridade aqui.

- Castle, eu tenho agenda, compromissos. Não posso simplesmente esquece-los para te atender. Se você esperar, eu posso conversar depois com você.

- Ninguém tem um problema como o meu. E não afeta somente a mim.

- Castle, todos tem problemas, por que acha que os seus são maiores que os dos outros?

- Porque são meus – Dana revirou os olhos – Dana, estamos falando de Kate – havia desespero no olhar de Castle. Ao ver a mudança no semblante da terapeuta, o paciente que esperava falou.

- Dr. Anderson, eu não me importo de ceder a minha hora. Eu posso remarcar. Esse cara está à beira de um ataque de nervos, isso se o coração não for primeiro – a médica olhou para o seu paciente.

- Tem certeza, Miguel?

- Absoluta. Volto amanhã.

- Sendo assim, obrigada. Vamos, Castle. Parece que você sensibilizou alguém – ao fechar a porta atrás de si, Dana virou-se colocando as mãos na cintura encarando-o – certo, Castle. O que é tão importante para você praticamente invadir meu consultório e dizer que tem um problema que afeta você e Kate? – pela primeira vez, ela notou o semblante cansado e desiludido do homem a sua frente – não me diga que apareceu outra pista do caso da mãe dela...

- Não. É pior – ele tinha os olhos fixos em seus sapatos, ao erguer a cabeça, Dana pode ver que havia lágrimas em seus olhos – ela sabia. Esse tempo todo, ela se lembrava que eu a amo. Deus! Como fui idiota!

- Castle, do que você está falando?

- Do atentado de Kate. Ela mentiu para mim – Castle contou tudo o que aconteceu. Dana, como boa terapeuta, ouviu. Ao vê-lo calar-se, Dana sentou-se ao seu lado. Ali, ela era a terapeuta, porém também era a amiga. Se afeiçoara a Castle da mesma forma que adorava sua amizade com Kate. Os dois já viveram muitas coisas juntos, sofreram e continuam se evitando e driblando obstáculos ao invés de fazerem o que seus corações clamam. O que ela temia, aconteceu. A vida encontrara uma forma de fazer Kate encarar uma das difíceis perguntas que a terapeuta impusera a sua paciente.

- Castle, ela sabe que você ouviu isso?

- Não. Ela não sabia que eu estava atrás daquele vidro. E o que importa isso agora, Dana? Todo esse tempo, eu me desdobrei fazendo tudo para agrada-la, para não melindrá-la. Preocupado, querendo mostrar que me importava e para que? Ela sabia! Ela me usou! Estou com raiva dela e de mim por ser tão estúpido. Ao mesmo tempo, eu sei que nada entre nós é fácil. Lembro o quanto ela sofreu com a PTSD, eu vi o quanto ela ficou mexida com a tal experiência. Essa Kate, a que mentiu, ela não é a mesma que esteve em meu apartamento dizendo que estava lutando contra os muros, que me disse querer mais que Roma.... não... eu não sei o que fazer, o que pensar – Castle passou as mãos no rosto nervoso – e você sabia disso, não? Ela não escondeu de você.

Dana suspirou. Ia ser uma conversa difícil e ainda estava intrigada com o que Castle revelara. Ele estava confuso, entre sentimentos contraditórios. Ela precisava ajuda-lo se quisesse que os dois ficassem juntos.

- Castle, você tem ideia do que tem sido esses meses de tratamento e terapia para Kate? Como terapeuta, eu não posso revelar detalhes do que nós discutimos aqui. Eu a conheço há dez anos, porém nas últimas semanas eu descobri muito mais sobre essa mulher e minha amiga do que pensava antes. Eu arrisquei todo o meu tratamento em uma experiência complicada. Sabia que dependendo da reação que ela tivesse, eu poderia perder tudo o que consegui que ela evoluísse. Mesmo difícil e apavorante até para mim, Kate achou seu caminho, sua lógica. Ela me disse que queria tirar essa muralha de vez da sua vida. E sabe por que? Por você, Castle. Somente por você.

Ele ficou calado. Aquilo era real ou papo de terapeuta querendo se eximir da culpa? Sim, porque Dana era cúmplice da mentira de Kate. Não esperou pela resposta dele.

- Sei que dói, a descoberta que fez põe em cheque a pessoa que você admira. Mentir é grave. Deve estar pensando que ela não é digna da sua total confiança agora porque ela cometeu um erro. Quero deixar um pensamento para que reflita mais tarde. Mentira e omissão são iguais? Omitir algo visando proteger o outro é de fato um pecado mortal? Algo imperdoável?

- Sei porque ela mentiu, Dana. Porque tem vergonha, não sente o mesmo que eu.

- Você acredita nas palavras que está dizendo? De verdade? Castle, você a conhece há quatro anos, eu tenho seis a mais que você de vantagem. Durante todo esse tempo, por tudo que viveram. O flerte, as brigas, os ciúmes, o relacionamento e os traumas. Você ainda acredita que ela não se importa que não tem sentimentos por você? Kate Beckett já se apaixonou por Rick Castle. Viveram um belo romance. Acabou? É essa sua interpretação? Como explica esse desejo reprimido, a saudade de seus beijos, seu toque. É somente sexo?

- Esse é o ponto, Dana. Eu não sei mais! Antes de vir para cá, eu fiz uma retrospectiva. Passou um filme na minha cabeça nesses quatro anos. E constatei que estamos em loop infinito, andando em círculos. Começamos com uma transa única, desejo e sexo, depois virou escapadas casuais, amizade colorida então eu cortei após uma briga, veio o relacionamento, o trauma, o tiro, a separação e outra vez nos vimos correndo atrás de benefícios e nos distanciando novamente. Um jogo de gato e rato, por vezes eu, outras ela. Isso não pode continuar assim.

- Ao meu ver o próximo passo é o relacionamento.

- Dana, não estou falando disso para você me dizer o próximo passo. Não vê o quanto isso é complicado, louco?

- Não estava me referindo ao seu processo de loop infinito, estou dizendo qual o próximo passo na mente de Kate. Ela acabou com a parceria com benefícios porque não queria que fosse apenas sexo e amizade, não quando ela tem sentimentos por você. Ela está se tratando porque quer o tudo outra vez. Castle, Kate nunca deixou de ser apaixonada por você, eu nem deveria estar lhe dizendo isso, mas o tratamento dela não terminou porque existe alguns medos que ela precisa encarar.  Não se trata mais de você, reconhecer o que sente por você. Ela já assumiu seus sentimentos no momento que o procurou para dizer que estava lutando. Talvez nem tenha se dado conta disso. Uma vez resolvido algumas emoções conflitantes, ela estará livre para estar com você.

- Está se referindo ao caso da mãe?

- Sim, porém não apenas o assassinato em si. Kate tem sequelas emocionais. Aos dezenove anos, enfrentou muito mais do que muitos em uma vida toda. Não posso entrar em detalhes, Castle. As feridas foram abertas e sei que aos poucos estão sendo curadas. Não sei se consegue ter uma ideia da extensão do problema que estou falando. Se você tem dúvidas que ela o ama, nesse momento eu estou acabando com elas. Ela apenas não consegue se manifestar ainda porque ela é sim, péssima em reconhecer e falar de sentimentos, porém no fundo de seu coração, ela sabe exatamente o que sente por você.

- Talvez...

- Você ainda está confuso? Não vou perguntar sobre a mágoa porque sei a resposta. Ninguém esquece uma facada nas costas tão rapidamente. Acredito que a pergunta certa é você ainda quer o complicado? Ou chegou a sua hora de sair de cena?

- Eu a vi tombar e se reerguer antes, a encontrei em frangalhos, sangrando por causa das crises de PTSD, já tive a beira da morte com ela, vi Kate atirar no homem que executara sua mãe para salvar minha vida. Percebi sua mudança, sua luta, sempre disposto a esperar. Agora descobri que ela me enganou durante meses, qualquer pessoa consideraria isso a gota d´agua e viraria as costas para ela. Eu me sinto um trouxa ao dizer isso mas, não posso simplesmente ir embora. Apesar de tudo, eu a amo.

- O coração tem razões que a própria razão desconhece. Essa frase de Pascal se aplica a vocês dois muito bem. A Kate porque preferiu esconder que sabia de seus sentimentos até o momento que se considerasse pronta para retribui-los completamente, livre de todos os seus traumas. E a você, por mesmo após uma constatação tão grave, por perceber a guerra de sentimentos que vem travando ao longo dos anos, ainda consegue encontrar o real sentido de tudo isso. Suas feições mudam completamente quando diz que a ama. E Castle? Já disse uma vez e torno a repetir, você não é trouxa. É um homem apaixonado – ela apertou a mão dele sorrindo.

- Ainda não acabou, certo?

- Não. Estivemos bem mais longe, é verdade.

- Você acha que Kate irá conseguir separar ou esquecer o caso da mãe para ser feliz?

- Ela nunca esquecerá, Castle. Ninguém em uma situação assim esquece. O que espero é que Kate aprenda a superar o medo todas as vezes que se depara com isso. O medo e a impulsividade a tornam perigosa e ao mesmo tempo desesperada, ávida por respostas e isso pode lhe custar a vida. Ela teme que se perder a pista falhará, não terá respostas e decepcionará a mãe. Quando ela aprender a lidar com isso sem sucumbir a obsessão, ela poderá ter os dois mundos.

- Do jeito que fala, sinto que esperarei para sempre – Dana riu.

- Não. Também não é para tanto. Estamos mais perto do que você imagina.

- Talvez você tenha razão. Eu não contei antes, mas esse caso da bomba que estamos trabalhando, ele mexeu com Kate, conosco. Achei uma abertura para falar o que eu sinto por ela e a ironia é que se Ryan não tivesse nos atrapalhado isso teria acontecido, eu me declararia e não seria obrigado a saber da mentira. Entende porque não é tão fácil me livrar da mágoa? Mesmo a amando, eu preciso me afastar de alguma forma. Parecer indiferente. Eu preciso continuar nesse caso.

- Castle, você seriamente acredita que pode ser indiferente perto dela? Não existe um botão que você aperta e desliga o sentimento do amor. Não funciona assim.

- Não? Apenas observe.

- Castle... não vá fazer nada que se arrependa depois.

- Não vou, Dana. Acho que está na hora de sair de cena um pouco. Dar um tempo. Tenho uma turnê para realizar. Talvez não haja melhor momento. Fará bem a nós dois.

- Tudo bem, sempre que quiser conversar, eu estarei aqui.

- Obrigado, Dana.

Castle deixou o consultório da terapeuta retornando direto para o 12th. Ao encara-la pela primeira vez após a descoberta, Castle reparou que ela sorria, alheia a qualquer mal que tivesse causado. Ele preparou sua melhor cara de sério e indiferente para continuar a investigar ao lado dela. Depois de idas e vindas, ele desconfia da repórter e o caso chega ao fim. Gates agradece e parabeniza a todos pela dedicação e solução do caso.

Beckett tentando prolongar seus instantes ao lado de Castle sugeriu que todos fossem beber para comemorar o caso. Quando Ryan e Espo declinaram o convite, ela ficou feliz assim seria apenas ela e Castle, uma ótima oportunidade para retomarem a conversa que fora interrompida antes. Para sua surpresa, Castle também declinou o convite. Intrigada, ela perguntou.

- O que você queria me dizer antes?

- Nada importante. Deixa para lá – ele se despediu dela, porém Beckett notou que havia algo estranho no semblante de Castle, ele estava sério, talvez preocupado. Não sabia dizer com certeza. A recusa de passar algumas horas a mais ao seu lado especialmente sem ninguém do distrito soou estranha para Beckett. Ele sempre torcia por momentos assim. Vestiu o casaco e por falta de opção, seguiu para o seu apartamento.

Dois dias depois, Castle apareceu no distrito por volta das onze e meia da manhã. Beckett reparou que ele não trazia os copos de café.

- Bom dia, Castle.

- Oi, Beckett. Não tem um caso?

- Por enquanto não – ela pensou em perguntar sobre o café, mas desistiu. Reparou que ele vestia roupas esportivas. Estaria somente de passagem? A pergunta foi respondida em seguida.

- Passei somente para avisar que estou a caminho do aeroporto. Amanhã começa minha turnê na costa leste. Tenho vários compromissos. Sete cidades em cinco dias. Terá que investigar uma semana sem mim.

- Já? Assim tão depressa?

- Não foi de supetão, Beckett. Tinha comentado para você sobre a turnê.

- Sim, porém não mencionou datas. Era isso que queria me dizer durante o caso do protesto? – Castle viu nisso a oportunidade perfeita.

- Era. Não era tão importante. Quer dizer, você pode investigar casos sem mim. Já fez isso. Tenho um avião para pegar, Beckett. Você sobrevive uma semana sem mim, certo? Espera, talvez não seja uma semana somente. Ainda terei a costa oeste. Ah, você vai ficar bem.

- É... – Beckett não sabia o que dizer, estava intrigada com o jeito do escritor – então, boa viagem?

- Obrigado. Te vejo em uma semana, Beckett – e da mesma forma abrupta que apareceu naquele fim de manhã no distrito, Castle desapareceu sem maiores explicações deixando a detetive com a pulga atrás da orelha. Ela deu de ombros e continuou seu trabalho comentando para si mesma.

- Aproveite sua turnê e sua viagem, você não fará falta. Já investiguei casos sem você antes.

Dessa vez, porém, Beckett estava enganada. Durante a semana que trabalhou sem parceiro, ela sentiu-se incompleta. Quando queria dividir uma teoria, não havia alguém ao seu lado. Ryan e Esposito eram bons, mas não sacavam as coisas como Castle. Muitas vezes ela nem dizia a palavra e Castle já completava a ideia. Em alguns casos, ela se viu pensando: como Castle contaria essa história? Trabalhar sem ele ao seu lado provara ser um desafio. Não era somente de debater o caso que sentia falta. Por vezes pegara-se fitando a cadeira vazia ao seu lado. Pensando no que ele estava fazendo e querendo saber se ele lembrava-se dela em algum momento.

Havia as piadas, as tiradas inteligentes, os olhares, sorrisos e os copos de café. Os momentos que apenas sentavam-se um de frente para o outro saboreando a bebida. Ela continuou indo as sessões de terapia, informara Dana de que ele viajara em turnê, mas não estendera a conversa, algo que a terapeuta acatou. Queria se ater ao outro lado do tratamento, aquele que realmente lhe tornaria livre para ser feliz.

Quando Castle voltou a Nova York, ele percebeu a forma como a detetive o recebeu de volta. Um belo sorriso, um olhar diferente.

- Hey, Castle! Bem-vindo de volta! – foi surpreendido por um abraço no meio do distrito – como foi a turnê? Você me parece cansado – além de surpreso, ele se viu encurralado entre seu caldeirão de emoções. Feliz por perceber que ela sentira sua falta, chateado porque para Beckett nada mudara enquanto Castle tinha a sua mentira martelando na cabeça.

- Muitas cidades, voos curtos outros longos, filas, muitos autógrafos. Noites mal dormidas, só isso. Posso me recuperar e voltar para outra rodada na próxima semana.

- De novo?

- Sim, mais uma semana. Com a última parada em Vegas. Quantos casos aconteceram na minha ausência?

- Uns três.

- Algum interessante?

- Apenas um... envolvendo a CIA.

- Você está brincando? Não aconteceu, certo? Espo? Ryan?

- Ah, sim era sobre alienígenas – disse Ryan – assustador.

- Há! Não vão me enganar... e você, Beckett – ele virou-se para fita-la sério – detesto mentiras. São atos de covardia – ela franziu a testa. De repente uma brincadeira já tantas vezes motivo de risada entre eles se tornara algo estranho. Ele parecia chateado.

- Você está bem? Quer descansar?

- Estou ótimo. Mas se não temos um caso, tenho outros assuntos para resolver.

- É... n-nós não temos um caso, ainda.

- Certo, então me ligue se tiver.

Ela, de fato, ligou para Castle duas horas depois quando um morto fora achado em um beco no Chelsea. Apesar de tê-lo ao seu lado, as coisas entre eles estavam diferentes. Aquela conexão que sempre fora sua marca registrada, os pensamentos similares, não estavam acontecendo. E sorrisos? Tornaram-se raros. Beckett também reparara que ele não trouxera café no dia seguinte, o que serviu de prova para que ela soubesse que havia algo muito errado.

A investigação do caso continuou normalmente. Juntando evidências como sempre faziam chegaram ao assassino. Após arrancarem a confissão, Beckett organizava os papeis e desmontava o quadro. Castle a ajudava. Aproveitando que estavam sozinhos, ela iniciou uma conversa.

- Quando é sua próxima viagem? Para a turnê da costa oeste?

- Sexta à noite. As aventuras começam sábado.

- Você parece cansado. Está tudo bem?

- Estou ótimo – ela colocou as fotos dentro do arquivo e fechou a pasta. Talvez devesse tentar passar um tempo com ele, um jantar, nada demais. Queria desesperadamente entender porque ele parecia diferente.

- Estou com fome. Que tal um cheeseburguer do Remy´s? Eu pago.

- Desculpe, não vai dar. Tenho compromisso, Beckett. Vou jantar com Alexis.

- Oh! Claro, tudo bem. Depois de uma semana longe, ela também deve ser com saudades – Castle percebeu a ênfase na palavra “também”, porém optou por se fazer de desentendido.

- Nem todos conseguem esconder seus sentimentos. Até amanhã, Beckett – ela abriu a boca pretendendo falar algo, mas não conseguiu. O que foi isso? Ela pegou o celular e discou o número de Dana.

- Oi, Kate. Tudo bem?

- Não. Acho que perdi a minha chance. Pode me encontrar no meu apartamento em uma hora?

- Claro – problemas no paraíso, Castle certamente começara a jogar pesado.

Uma hora depois a campainha toca. Kate abre a porta para a amiga que traz uma garrafa de vinho consigo.

- Julguei por se tratar de uma emergência, vinho caia bem. Já jantou?

- Não, estou fazendo um risoto. Sirva esse vinho e venha comigo para a cozinha ou não teremos jantar – Dana caminhou seguindo-a, após sentar-se ficou observando Kate cozinhar. Concentrada, mexia os temperos, provava.

- Tem algo no forno?

- Um bolo de carne, polpetone recheado com muzzarela.

- E risoto não é um prato único?

- Sim, mas eu não almocei hoje e estava com vontade de comer isso. E nem é um risoto propriamente dito, é mais um arroz cremoso com queijo, tomate e manjericão. Está pronto. Quer provar logo? A carne precisa de mais dez minutos. 

- Por mim, tudo bem – Dana serviu-se do arroz, esperou que a amiga fizesse o mesmo e senta-se a sua frente 

- Certo, o que você quis dizer ao telefone com perder sua chance? Não está sendo um pouco drástica?

- Acho que não, Dana. Castle está diferente. Eu não sei o que aconteceu. Achei que estávamos bem depois que conversei com ele, sobre estar lutando, por querer mais. Só que minha conversa deve ter tido o efeito errado.

- Por que diz isso?

- Porque ele está diferente. Depois do caso da bomba, ele resolveu viajar. Sair em turnê. Ao voltar, está agindo diferente. O semblante está mais sério, carrancudo. Nada das piadinhas inteligentes com os rapazes, trabalhamos nos casos, porém não teorizamos juntos. É estranho e eu não sei porque. Eu pensei que ao dizer para ter paciência, mostrar que me importo, isso serviria para que Castle entendesse que quero mais. Dana, eu mencionei Roma. Não foi suficiente para que compreendesse que estava falando de nós? A última de hoje foi: nem todos conseguem esconder seus sentimentos! Isso foi uma direta para mim. E eu acabava de mencionar saudades.

- Posso falar como amiga? – Kate olhou séria para Dana, ao ver a boca torta sabia que teria que continuar – Lembra quando você me contou que ficou mais aliviada por saber que tinha se explicado do seu jeito para Castle? Eu sei exatamente o que pretendia. Castle, por outro lado, não. Lógico que não tenho dúvidas que ficou feliz de ver que você está decidida, está lutando. Mas será o suficiente? Você se deu conta do que fez, Kate?

- Está dizendo que é minha culpa ele estar diferente?

- Não, Kate... mas o que você esperava? O cara é louco por você, faz de tudo para te agradar, te proteger, respeita suas imposições, então você decide conversar com ele e falar que está lutando, que quer mais... de repente, ele se sentiu estranho. Isso pode acontecer, como se tivesse pisando em ovos. Será que se eu fizer isso, ela vai achar que ultrapassei um limite... esse tipo de coisa.

- Não tinha pensado por esse lado... mas...

- Mas?

- Ele parou de levar café. Não era isso que queria. O café, Dana. Todas as vezes que ele fez isso era porque estava chateado comigo, magoado. Eu não consigo entender, nem pensar em nada que possa ter feito para ele agir assim – o apito do forno soou e Kate tirou o polpetone. Serviu a Dana e ela. A terapeuta começava a se compadecer dela, talvez seria uma boa oportunidade para revisitar a pergunta.

- Hum... esse polpetone é delicioso. Como aprendeu a fazer?

- Receitas de Johanna Beckett. Castle adora....eu já fiz algumas vezes e... – de repente parou de falar. O rosto triste, baixou a cabeça.

- Kate... não é para ficar assim.

- E se ele desistir de mim, Dana? – a amiga suspirou. Insegurança das grandes essa, como pode alguém tão bonita e inteligente ser assim?

- Kate, vamos terminar nosso jantar. Eu prometo que conversamos mais depois – elas passaram alguns minutos comendo, Kate tomou mais um pouco do vinho. Deixou metade da comida no prato, mas nenhum pedaço do polpetone. Dana acabou e pegando a garrafa de vinho e a taça fez sinal para Kate acompanha-la até a sala. Devidamente sentadas, ela volta a falar – agora, podemos conversar. Qual o seu medo, Kate?

- E se Castle desistir de mim? Se for isso que está mostrando?

- Desistir? São quatro anos, ele acatando tudo o que você quer, não jogaria tudo fora sem saber onde isso vai acabar. Kate, o que você conversou com Castle pode ter gerado um desconforto, uma preocupação a mais em seu modo de agir, mas isso não tem volta. Você não irá desdizer, as palavras foram lançadas. Quando ao comportamento no caso, ele pode estar cansado, acabou de sair de uma maratona de viagens ainda não se recuperou. Todos nós temos nosso dia ruim.

Claro que Dana estava tentando driblar o real motivo do comportamento de Castle sem deixa-lo em uma situação difícil, algo que fizesse a detetive recuar.

- Ele vai viajar outra vez no fim de semana. Para a costa oeste.

- Imagino que tenha um monte de assuntos pendentes em mente, que está administrando em paralelo aos casos que investiga com você. Não seja tão analítica, dê uma folga para o cara.

- Talvez você tenha razão. Vai ser duro mais uma semana sem ele – o pensamento saiu sem querer.

- Você sentiu falta, Kate?

- Senti – ela ficou vermelha olhando para Dana – cheguei até a me perguntar como Castle contaria a história. Tinha dias que olhava fixamente para a cadeira vazia. Isso não pode ser normal.

- E ainda assim é, completamente normal quando se ama – Kate ignorou a alfinetada de Dana, mas a terapeuta continuou ao seu jeito – quando se está acostumada com a rotina, a pessoa do seu lado. Tudo porque nos importamos – ao ver o semblante tenso de Kate, ela mudou de assunto abruptamente – o que temos para a sobremesa?

- Desculpe, não preparei nada.

- Acabou seu estoque de chocolate? – Beckett afirmou ficando vermelha na mesma hora - Hum... nada que a super Dana não consiga resolver apenas de olhar o que tem em seus armários e geladeira – vinte minutos depois, Dana entregava uma sobremesa de sua autoria feita com vários ingredientes diferentes encontrados na cozinha de Kate. Após saborearem, Dana sorriu – parece que meu curso de pâtisserie valeu para alguma coisa afinal. Preciso ir. Não racionalize demais esse lance com Castle e espero você no consultório. Quem sabe após essa semana você não tenha uma boa notícia para dar a ele?

- O que quer dizer com isso, Dana?

- O óbvio não precisa ser dito, Kate. Ainda assim, no seu caso, o óbvio é bem obscuro.

- Hey! O que isso significa?

- Conversaremos no consultório. Boa noite, Kate.       

Castle e Beckett encerraram o caso em que estavam trabalhando na quinta-feira. Durante todo o tempo, ele não trouxera café para a detetive, chegou a servi-la com a máquina de expresso da delegacia, mas não comprara o tão desejado café como sempre fazia. Assim que fecharam o caso, ele se despediu alegando que tinha uns últimos detalhes da viagem para acertar e desejou um bom trabalho para a detetive.

- Vejo você na outra segunda.

- Você não disse que sua turnê era de uma semana? Deveria voltar na sexta não?

- Sim, conforme o cronograma. Mas como estarei em Vegas, talvez seja uma ótima hora para aproveitar e relaxar. Ainda estou pensando sobre isso... de qualquer forma, se cuide e não se atole em papelada.

- Boa viagem, Castle – ele acenou e seguiu para o elevador.

Outra vez, Kate Beckett se viu presa a um sentimento difícil de explicar: saudade. Eles acabaram pegando um caso na sexta-feira cedo e trabalharam sábado investigando. Beckett queria usar o domingo também, tudo para manter sua cabeça focada em algo que a livrasse do pensamento em Castle. Infelizmente, seus planos foram interrompidos por Gates. Ela ralhou com eles dizendo que não iria pagar hora extra ou expor seus detetives ao trabalho de fim de semana em um caso de homicídio comum. Foi o jeito Beckett se contentar em passar o domingo em casa, acompanhada de sua tv, o controle remoto e um cobertor.

Sem muita alternativa do que fazer, após uma bela caminhada seguida de uma corrida no Central Park, Beckett retornou ao seu apartamento com uma sacola de compras que fizera no mercado próximo. Tomou uma ducha e com uma ameixa e um pratinho com uvas nas mãos, ela sentou-se no sofá para buscar um programa ou filme na tv, queria se manter distraída.

Ao zapear pelos canais da tv a cabo, um deles lhe chamou a atenção pelo diálogo e as imagens do filme. Havia começado a assistir sem saber quanto tempo de filme teria passado. Ao consultar a programação, Beckett descobriu se tratar de um filme de Woody Allen. O nome? “Quando em Roma”. A vida adorava mexer com ela provocando-a com esses pequenos momentos.       

E Kate Beckett fez uma nova viagem as lembranças. Os passeios, os jantares, os sorrisos e principalmente os carinhos, o beijo e as sensações experimentadas de quando se está apaixonada. Por mais que tentasse recordar, Kate não conseguia elencar um outro momento em sua vida que tivesse sido tão feliz. Pensar sobre isso, trouxe a imagem de Castle a sua mente. Não aquele Rick de Roma e sim um homem sério, indiferente, nada parecido com o escritor que a instigava, a irritava, a amava. A constatação da mudança trouxe lágrimas aos seus olhos. Ela não queria acreditar que ele mudara, não queria pensar que perdera essa batalha. Rick Castle não podia desistir dela, ou podia?

Os pensamentos a entristeceram. O peito ardia e embora não soubesse explicar, o sentimento que a dominava era saudade.

O resto da semana não fora diferente. Ela sofrera com a ausência do parceiro, do café, dos momentos tão simbólicos que diziam respeito apenas a eles dois. A terapia focava em suas relações familiares, no caso da mãe. Dana não mencionara uma única vez o nome de Castle. Por que? Era um novo teste? Queria saber até quando ela aguentaria não comentar sobre sua ausência? Se estava esperando que ela falasse de como estava sentindo falta dele, Dana podia esperar sentada. Beckett decidira que não iria falar de Castle, simplesmente porque doía, ela ficava mal. Era isso.

Nas vésperas da volta de Castle a Nova York, ela foi surpreendida por uma visita inesperada no domingo. Por volta de umas cinco da tarde, Maddie telefonou dizendo estar a cinco minutos de sua casa. Queria leva-la para jantar. Acabara de sair do restaurante, estava de folga a noite e estava louca para comer sushi. Não aceitaria um não como resposta. Não tendo outra alternativa, Kate sairia com a amiga.

Maddie a levou em um restaurante japonês de um amigo. Rapidamente foram guiadas até sua mesa e atendidas. Após fazer o pedido, ela esperou o garçom se ausentar para puxar conversa com Kate. Já percebera que a amiga não estava bem, ou pelo menos não em um bom dia. Sabendo que ela não era de se abrir de imediato, Maddie optou por falar primeiro de si.

- Nossa! Estou tão cansada. Ando trabalhando direto, me dividindo entre os dois restaurantes. Preciso arranjar um novo gerente. Acredita que esse é a primeira noite de domingo que tenho livre em dois meses? Não posso reclamar de Rocco. Ele está sempre disposto a me ajudar. Está lá, trabalhando. Não sei o que faria sem ele. Não tenho vocação para ficar sozinha. Dividir o fardo com alguém é fundamental para o nosso bem-estar e nossa felicidade, não acha? Aposto que pensa o mesmo de Castle. Ele é seu parceiro, afinal.

Kate permaneceu calada. Maddie cutucou.

- Falando nele, onde anda? Estão de folga? Ninguém quis morrer hoje?

- Ele está em turnê na costa oeste. Há uma semana.

- Ah... isso explica muito.

- O que você está insinuando, Maddie?

- Sou sua amiga, conheço pelo menos um pouquinho você. Está se sentindo sozinha, um pouco triste. Tudo isso é saudade?

- Você fala como se eu e Castle tivéssemos um relacionamento como você e Rocco.

- Não como o meu, a propósito porque você é teimosa demais e não dá o braço a torcer quanto aos seus sentimentos, mas vocês têm um relacionamento. A parceria de vocês – Beckett revirou os olhos. Maddie ia continuar sua teoria quando foram interrompidas pelo celular de Kate. Ao checar o visor, percebeu que era Dana.

- Oi, Dana.

- Hey, Kate. Estou ligando para saber como você está. Já jantou? Quer fazer alguma coisa? – a terapeuta estava preocupada com a ausência de comentários da amiga sobre Castle e estando sozinha não queria dar margem para Kate pensar besteiras.

- Eu não estou em casa...

- É a Dana? – perguntou Maddie e Kate confirmou – manda um beijo para ela.

- Estou com Maddie, ela me arrastou para jantar. Está te mandando um beijo.

- Ótimo! Fico feliz em saber que você não está sozinha – de repente, Kate sente o celular ser roubado de suas mãos, Maddie já tagarelava com Dana.

- O que você está fazendo? De bobeira? Que tal se juntar a nós para um excelente jantar japonês e uma conversa somente entre garotas? Algo me diz que alguém precisa se alegrar e ouvir uns conselhos. Topa? – ao ouvir a resposta do outro lado da linha, Maddie vibrou – ótimo! Pode anotar o endereço? – após ter certeza de que a terapeuta chegaria em pouco tempo, sorriu e se despediu – vou pedir algumas coisinhas a mais. Não demore! – desligou e devolveu o aparelho a Kate – ela já está a caminho. Será uma excelente noite entre garotas.


Kate suspirou. Era tudo o que ela não precisava. Dana e Maddie falando sobre Castle e relacionamentos. Agora era tarde, a única forma de desaparecer dali era com um homicídio e pela nova política de Gates. Detetives não trabalhavam no fim de semana. Teria que enfrentar as feras e ficar na berlinda.  


Continua...