segunda-feira, 30 de março de 2015

[Stanathan] - Kiss and Don't Tell - Cap.42


Nota da Autora: Demorei mas consegui terminar um capítulo para vocês, aos poucos vou pagando minhas dívidas. É um capítulo angst até certo ponto, nada de prolongar essa angústia! Afinal, na ficção nosso casal existe e pode tudo, certo? Enjoy! 

Atenção.....NC17! 


Cap.42

Stana não derramou nenhuma lágrima a caminho de casa. Encontrava-se na fase da irritabilidade. A sensação de impotência era a pior que poderia sentir. Ainda não se recuperara do choque de ver aquela mulher se esfregando nele. Imagina se ela tivesse ouvido as propostas indecentes da tal Krista.

Estacionou o carro na garagem e entrou em sua sala. O apartamento estava bem cuidado. Sua irmã tinha um zelo muito grande pelas coisas. Dirigiu-se até a geladeira, pois sabia que Gigi teria uma garrafa de vinho esperando por ela. Tinha. Serviu-se de uma taça e bebeu-a de uma vez. Ia encher a segunda, porém decidiu-se por um banho e esperar a irmã para conversarem.

Ao sair do banheiro já em um roupão que encontrara no armário, Stana deu de cara com Gigi sentada na cama. Um único olhar bastou para perceber que a irmã não estava bem.

- Hey, sis... que bom que ainda faz dessa sua casa. Você me pegou de surpresa, me deixou preocupada. Quer comer alguma coisa? Posso fazer umas panquecas ou bolinhos... não, você está precisando de vinho ou sorvete.

- Vamos de vinho primeiro, pelo menos uma taça. Estou com muita dor. Cólica – pelo olhar de Gigi, ela confirmou – é isso mesmo. Estou naqueles dias e isso somente torna tudo pior.

- Vou servir a bebida, me encontre na cozinha assim que estiver pronta. Quinze minutos depois, ela encontrou a irmã na sala com um prato de queijos e nachos além das taças e a garrafa de vinho. Sentou-se ao lado dela para poderem conversar. A fim de criar coragem, Stana mordiscou um nacho, tomou um pouco do vinho ainda decidindo por onde começar. Gigi resolveu pela irmã.

- Deixe-me adivinhar. Nathan. Ele aprontou com você? Brigaram?

- Sim, não. Quer dizer, eu estou com raiva. Não quero falar com ele.

- Desse jeito você me deixa mais confusa. Afinal, brigaram ou não?

- Não ainda, porque sai sem falar com ele. Não podia. Gigi eu nem sei se há motivo para brigar, não posso afirmar que ele fez alguma coisa, eu estou irritada por causa dos hormônios e porque... eu tive uma crise de ciúmes!

- Ele te deu motivo para tal?

- Não por vontade. Inconscientemente. Tudo começou com uma atriz convidada – enquanto Stana contava o ocorrido na minicopa, o lance do café e a forma como Anne colocara ordem na casa, Gigi observava o comportamento da irmã. Para ela ficou claro que tudo se resumia a ciúmes, não apenas o sentir, mas o não expressar. Após terminar de contar a primeira história, Gigi quis dar sua opinião.

- Olha! Tenho que tirar o chapéu para Anne. Que garota ligada! Colocou a oferecida direitinho em seu lugar. Que orgulho dessa minha sobrinha. Stana, tenho que ser sincera com você. Pela historia que contou, eu não consigo entender porque está com raiva de Nathan. Ok, o lance do café foi uma pisada de bola, porém não há motivo claro e iminente que ele estaria dando bola para a mulher. Ela tentou, entregou até o telefone. Isso não quer dizer nada. Não tem como eu concordar com você.

- Eu sei, mas ainda teve outra situação. No dia seguinte, eu já tinha visto aquela mulher em uma foto com ele no evento de games que ele compareceu. Era apenas uma foto e não queria parecer paranoica, então guardei somente para mim a suspeita. Não fui com a cara dela e tinha razão. Krista Allen, esse nome lhe lembra algo?

- Não sei....Krista...ah, fala logo!

- Atriz pornô, Emanuelle... resumindo típica piriguete. A mulher é terrível.

- Stana é uma foto! Não está exagerando?

- Era uma foto, Gigi. Do nada a mulher apareceu no estúdio. Toda se insinuando para ele. Nathan tem uma mania de ser um ótimo anfitrião para quem chega ali. Trata todos bem, bajula, sorri demais e acaba mandando a reação errada. Principalmente quando se trata de mulheres interesseiras. Ele não percebe que faz isso, sabe aquele tipo de mulher que se aproxima apenas para ter ascensão pessoal e profissional? Olha, ela namora o Nathan Fillion, sortuda! Vamos convida-la para isso ou aquilo. Sempre foi assim, um bando de interesseiras, alpinistas sociais.

- Tudo bem, resume a história. O que ela fez?

- Ela o agarrou! Ela imprensou-o na parede e beijou-o, fez pior a mão dela apertou a calça dele. Eu não aguentei ver mais o resto, sai correndo. Dara deu um jeito, a piranha foi embora, mas eu não consigo parar de sentir raiva. Eu me sinto tão... ele é meu marido! Será que não tenho direito a uma crise de ciúmes?

- Espera, ele correspondeu? Ele a beijou de volta ou deu qualquer sinal de interesse?

- Não, acho que não. Por que eu nem posso expressar minha raiva? Eu devia dar uns socos nele!

- Stana, claro que não. Ele não fez nada para que você nutrisse essa raiva toda. Ele foi atacado. Você mesma disse que a piriguete não tinha vergonha na cara. Eu imagino como você está se sentindo. A raiva, a frustração e os hormônios não estão deixando você pensar corretamente. Há outra explicação para tudo isso, vou tentar... – Gigi foi interrompida pela campainha – quem será a essa hora?                 

Ao abrir a porta, deu de cara com Nathan. Pode perceber que tinha o semblante preocupado.

- Oi, Nathan.

- Ela está aqui?

- Sim, estava me contado o que aconteceu. Não é uma boa ideia vocês se falarem agora, ela está muito irritada, está tudo recente.

- Tudo o que, Gigi? Eu não fiz nada! Preciso falar com ela. Quero entender porque ela está me ignorando, me tratando como se fosse minha culpa.

- Nathan, é isso que estou tentando fazê-la enxergar, se for falar com Stana agora pode colocar mais lenha na fogueira, ela vai se irritar mais e pode dizer coisas que não deveria. Ela está com ciúmes, é natural. Tem esse direito apesar de não poder demonstrar. Esse é o problema. Deixe-me lidar com isso.

- Eu sinto muito, Gigi. Mas, eu preciso arriscar. Eu me recuso a ver Stana com raiva por algo que não fiz – ele entrou na sala contrariando o pedido de Gigi. Suspirou ao vê-lo ficar cara a cara com a irmã. Não seria nada bom esse encontro.

- Stana... amor, converse comigo.

- O que você está fazendo aqui, Nathan? Eu disse que não quero conversar.

- Sei o que disse, mas não concordo com a sua atitude. Não concordo em ser ignorado e desprezado sem ter feito absolutamente nada. Não saio daqui enquanto você não me falar o motivo dessa raiva toda.

- Motivo? É isso que você quer? Motivo? Que tal um bando de piriguetes dando em cima de você? Uma mulher descarada te passando o telefone, pedindo para ligar e eu sem poder botar ordem na casa?

- Stana, eu joguei o papel fora! Eu não ia ligar para ela. Como você pode pensar isso?

- E a sua amiguinha pornô? Meu Deus, Nathan como você pode atrair tanta gente interesseira? Uma mulher dissimulada, sem pudor algum. Ela te agarrou no seu trabalho, parecia um desentupidor de pia na sua boca e ainda fez pior. O que você quer que eu pense de uma mulher vulgar que é capaz de apertar suas partes intimas em pleno público? Coloque-se no meu lugar. Imagine como eu fiquei ao me deparar com aquela cena?

- Stana eu não tive culpa, ela me agarrou!

- Culpa ou não, de alguma forma você criou uma expectativa, uma brecha para que ela fizesse isso. Apesar de que acredito que ela é cara de pau o bastante para ataca-lo sem qualquer abertura. Eu tive que assistir a tudo, calada. Você é meu marido e simplesmente não posso fazer nada quando esse tipo de mulher se aproxima de você. Eu me sinto impotente, como um nada.

- Você está irritada e com ciúmes à toa, nenhuma mulher me interessa.

- Não estou com ciúmes à toa! – ela gritava – eu tenho o direito de ter ciúmes do meu marido especialmente se ele tem um péssimo habito de atrair piriguetes e aventureiras. Alpinistas sociais dispostas a trocar favores sexuais por aparição na mídia. Krista não foi a primeira nem será a última. Minha vontade era pular no pescoço dela e da-lhe um soco no meio das fuças. Mas não posso, isso é irritante. Não quero sofrer desse jeito, engolir calada cada sapo.

- Você está sendo exagerada. Entendo você sentir ciúmes, porém eu não tenho nada com essas mulheres. Minha paixão é você, só tenho olhos para você. Por que não esquece isso? Estamos juntos, casados. Temos tanto para aproveitar, não podemos nos deixar levar por essas brigas sem fundamentos... por favor, esqueça isso amor.

- Você acha que não quero? Eu me sinto sufocada por não poder agir nesses casos. Minha sobrinha me defendeu de uma oportunista, uma menina de sete anos, Nathan.

- Stana, você está dizendo que não quer continuar com o segredo?

- Não, eu não estou dizendo isso. Somente não sei se posso suportar esse tipo de situação, não sei. Quantas piriguetes você irá bajular a cada evento? Quantas vão se aproveitar do seu jeito galanteador, do seu sorriso e da sua ingenuidade? – ele viu os olhos brilharem com as lágrimas que se formavam.

- Espere, você realmente acha que faço isso de propósito? Que bajulo essas mulheres? É isso que pensa de mim? Porque agora você me ofendeu, se é assim, melhor eu ir embora e quando você recuperar o juízo talvez pense em se desculpar. Não posso ser acusado de algo que não fiz.

Ele rumou até a porta. Stana acompanhou-o com os olhos. Estava tudo errado, a briga, a raiva, ele e ela. Infelizmente não conseguia fazer nada agora. Precisava entender o que se passava com ela, acalmar-se.  Eu preciso de um tempo longe, preciso pensar, era tudo o que tinha a declarar, porém as palavras não saíram antes de Nathan fechar a porta atrás de si.

Stana sentou-se no sofá derrotada. O coração disparado diante da situação. Brigara com Nathan sem motivo? Ele tinha razão? Será que chegara ao seu limite? O segredo deles virara um peso para ela? O que fazer agora? Viu quando a irmã se aproximou agachando-se ao seu lado. Fitou-a com uma certa compreensão no olhar, mas Stana também notou um ar de preocupação.

- Stana, acho que você deveria se deitar, esfriar a cabeça.

- Você não aprova o que eu fiz. Acha que exagerei, não?

- O que eu acho ou não, nesse momento não interessa. Você tem que pensar e ponderar. Depois, quando você se sentir melhor, podemos conversar. Vem, vamos para o quarto – Gigi colocou-a deitada, apagou as luzes do quarto e sentou-se ao lado dela na cama. Sabia que a irmã estava errada por acusar Nathan, porém compreendia a pressão de estar numa relação tolida de ações. Viver em segredo é difícil para qualquer um, para sua irmã deveria ser ainda pior apenas pelo fato de conviver com o marido 24 horas por dia. Gigi sentiu pena de Nathan, ele saiu derrotado. Não sabia até que ponto deveria se manter calada. Defender a irmã é sua obrigação, porém depois da cena que assistira entre os dois, qualquer comentário adicional poderia ser mal interpretado.  

Deitou-se fechando os olhos. Cerca de uma hora se passou até que ela ouvisse o choro da irmã cessar. Stana sentou-se na cama, começando a falar sozinha, mas certa de que Gigi estaria acordada para opinar caso achasse válido.

- Eu não agi corretamente. Forcei uma situação extrema. Eu sei que temos um acordo. Nosso segredo foi proposto por mim. Quis o anonimato porque imaginei que nos daria maior privacidade para usufruir da nossa relação, do nosso amor. Tem funcionado muito bem. O problema é que nunca pensei que pudesse ser dominada pelo ciúme. Ao manter a relação apenas no profissional, não tenho direito de opinar sobre o que ele faz da sua vida. Pelo menos aos olhos dos outros. Isso é estranho. Alguém flerta ou agarra meu marido e eu não posso externar que não gostei ou que estou com ciúmes ou mesmo marcar meu território porque realmente para quem nos vê, não há nenhum território, eu não mando absolutamente nada. É como se o nosso casamento, nossa união, existisse apenas na minha fantasia. Como posso lidar com isso?

Ela passou as mãos na cabeça, depois cobriu o rosto. Estaria conseguindo expressar sua frustração ou não estava falando nada coerente? Seu casamento com Nathan era real. Essa era uma briga de casal real. Queria poder dizer que ele errara para tornar seu fardo menos pesado, contudo não podia. Ele viera atrás dela, querendo uma explicação que Stana não sabia dar. Gigi sentou-se na cama. Passou a mão pelas costas dela, beijou-lhe o rosto e puxou-a num abraço para então falar.

- Primeiro de tudo, Nathan te ama. O que vocês tem é real. Sobre o segredo, bem, a decisão envolve sacrifício dos dois, vocês escolheram, está funcionando. No ambiente de trabalho onde estão inseridos, isso é importante. Uma união como essa causa burburinho. Já se deu conta que se tivessem ido a público com a noticia, talvez as brigas e intrigas fossem maiores? Ciúmes faz parte. Na relação de vocês, ele tem um peso diferente. Sabe o que deve fazer?

- O que? – perguntou Stana olhando concentrada para a irmã.

- Deve conversar com Nathan abertamente. Seja sincera e exponha seus sentimentos, como você se vê diante do ciúme. Mostre o quanto se importa. Eu duvido que ele ficará chateado diante disso. Aposto que se falar, ele vai perceber que tudo aconteceu por excesso de amor. Vai se sentir realizado, feliz. Mas primeiro você terá que pedir desculpas, Stana.

- Desculpas por sentir ciúmes?

- Não, desculpas por gritar com ele, despejar sobre Nathan uma frustração e reconhecer que ele não teve culpa. Não precisa ser de imediato, encare o problema e se convença de que o entendeu antes de falar com ele. Leve o tempo que precisar – Gigi acariciou os cabelos dela – vamos dormir. Você ainda terá trabalho amanhã.


Raleigh Studios


Stana chegou para trabalhar bem cedo. Tinha compromissos com o cronograma do episódio já que saíra no meio da tarde de ontem. A primeira pessoa que a viu foi Dara. Estava com o rosto abatido, um pouco de olheiras. Abraçou a amiga carinhosamente arrastando-a para a minicopa. Serviu café para elas sentando-se frente a frente.

- Dara, eu preciso ir gravar...

- Não se preocupe. Os rapazes ainda estão ajeitando as câmeras e a iluminação. Você está adiantada hoje. Está melhor? – Stana deu de ombros - Certo, é uma pergunta retórica. Bobagem minha. Preciso contar uma parte da historia que você não viu. Talvez isso ajude a tomar sua decisão ou melhorar seu humor.

- Quem disse que eu preciso tomar uma decisão?

- Ora, você brigou com seu marido por um motivo errado, não sabe como lidar com a situação e tem que resolver essa confusão entre você. Uma das decisões é voltar para sua casa. Outra é conversar de maneira civilizada com Nathan, deixando claro para ele como está se sentindo. Estou errada?

- Não, nem você nem Gigi. Ela falou sobre isso ontem depois que Nathan foi atrás de mim no meu apartamento.

- Então imagino que a conversa não foi promissora. Óbvio, basta olhar para você. Sendo assim, o que tenho para falar é válido. Apenas me escute. Vou contar exatamente como a cena de ontem terminou.

Dara relatou tudo o que presenciara entre Krista e Nathan, palavra por palavra além da saída muito desagradável da mulher do estúdio. Observava as reações de repulsa à mulher quando repetiu as palavras pronunciadas pela tal piriguete, vulgares e ofensivas para o ambiente. Também notou quando Stana mordeu os lábios no momento que relatava qual fora a atitude de Nathan. Naquele gesto estava a prova de que ela acreditava nele. Então, o que a impedia de fazer as pazes de vez com o marido? Esquecer tudo isso...

- Stana, você deveria conversar com ele. O que falta para se acertarem?

- Eu já entendi o que você está dizendo. Reconheço que Nathan não teve culpa, mas o problema é com a situação. Esse lance do ciúme, ainda não tinha sentido nada assim. Nunca fui uma pessoa ciumenta, isso também não quer dizer que aturo abusos. Sou uma pessoa que adora indiretas, sempre coloquei mulheres em seu lugar com palavras e olhares. Sou sagaz quanto a isso. Poderia colocar qualquer uma no chinelo que se atrevesse a dar em cima dos meus namorados. Já com Nathan, não posso fazer isso. Fico tolida diante dele porque não sou sua esposa oficialmente para todos. O que vão pensar de mim se resolvesse ficar dando lição de moral em mulheres que se jogam para o Nathan? Seria entitulada a chata da vez e sem motivo aos olhos deles.

- É, não é tão fácil assim. Consigo entender o seu dilema. Acredito que tudo é uma questão de diálogo. Tire um tempo para sua reflexão, pense no que irá dizer. Quando estiver preparada, chame-o para conversar. Iria sugerir um lugar neutro, mas na verdade o melhor lugar é a casa de vocês. Nas próximas horas, concentre-se em trabalhar. E por favor, sem agressão ou xingamento entre vocês. Já foi difícil o bastante convencer que tinha passado mal ontem.

- Tudo bem, Dara. Não vou sair na tapa ou rolando com o Nathan pelo estúdio. Sou profissional acima de tudo. Melhor ir para a maquiagem.

Stana sumiu pelos corredores. Para sua sorte, as cenas hoje eram do distrito. Não tinham cenas de casal. Era investigação pura. Nathan chegou meia hora depois dela. Estava emburrado, mal dormira. Era impressionante como ele se acostumara a tê-la ao seu lado. Ressentia a briga com a esposa, não admitia seu comportamento diante da injustiça que ela parecia inclinada em cometer. Ao passar pela frente da sala dos escritores, ele procurou por Dara. Ela não estava lá. Ás vezes, Nathan se surpreendia em quanto era bobo por aquela mulher. Ficara parado na frente do trailer dela por dez minutos, apenas querendo ouvir sua voz. Em outros tempos, consideraria a atitude um pouco patética, hoje culpava o bom e melancólico amor.

Achou Dara no set do distrito. Ao avista-lo, tratou de se aproximar do ator notando que ele tinha o mesmo semblante de Stana, aborrecido e cansado.

- Hey, Nathan...

- Onde ela está?

- No camarim, provavelmente terminando a maquiagem. Nathan, evite falar desse assunto com ela. Stana precisa desse tempo para então conversar adequadamente com você. Não force nada – ela percebeu que ele ia retrucar – antes que me diga, eu sei que você não fez nada. Eu presenciei tudo. Apenas quero que tenha em mente que essa situação é bastante complicada para Stana. Tente se colocar em seu lugar. Como você se sentiria se encontrasse alguém flertando com sua mulher, insinuando-se e de repente lhe agarrando bem na sua frente? Louco, não? Possivelmente, gostaria de avançar no sujeito, não? – ele assentiu com um suspiro. Dara deixou a mão pousar no ombro dele, sorriu.

- Exato! Só que você não iria poder bater no cara. Você teria que se controlar porque existe um acordo entre os dois. Um segredo. Estão casados, são marido e mulher, porém apenas aos olhos um do outro. Para o resto de nós, vocês são colegas de trabalho, nada mais. Entende porque é tão difícil para ela? Ter ciúmes e não poder se expressar, colocar ordem na casa? Dizer que você é somente dela?

- Eu sei, mas ela não precisa ter ciúmes. Eu sou dela, só quero essa mulher. Devia saber disso.

- Acredite em mim, ela o ama e sabe que você sente o mesmo. Porém, tem o direito de sentir ciúmes. Isso faz bem a qualquer relação e convenhamos, se o que aconteceu com você fosse com Chad, eu enchia você de porrada e depois ela, piriguete não tem vez comigo – isso fez Nathan sorrir pela primeira vez desde que começaram a conversar – agora sim, vamos nos concentrar no trabalho. Tenho certeza que logo vocês estarão numa boa – o diretor chamou por ele e novamente sorrindo, ele caminhou até o rapaz.

Stana apareceu no set bem na hora de gravar a cena, procurando evitar qualquer conversa com o marido. Uma hora depois, terminaram as duas cenas. Uma nova deveria ser gravada entre os três detetives. Ela pediu licença para ir ao banheiro antes de gravar. Quando retornou, Seamus se aproximou dela.

- Stana, está tudo bem? Você me parece cansada ou chateada com algo. Quer conversar?

- Estou bem, eu realmente não dormi direito. É somente isso.

- Certeza? – ela deu um sorriso para o amigo. Era incrível como eles prestavam atenção em tudo. Eram mesmo como uma família.

- Sim, apenas cansaço. Vamos logo gravar – ela sugeriu evitando prolongar a conversa.

A tarde passou bem rápido diante de todo o trabalho que tinha para fazer. Fizeram uma pequena pausa à noite por volta das sete horas. Ela contentou-se com um muffin e um café deixados por Dara na sala dos escritores. Nathan seguira o conselho da amiga e se recolheu em seu trailer. Estava odiando essa situação toda, não aguentava essa indiferença de Stana. Mesmo compreendendo o dilema devidamente exposto, ele queria acabar com tudo aquilo. Esquecer o que aconteceu. Estava com saudades de abraça-la, beija-la. Dormir mais uma noite sozinho seria uma tortura.

Faltavam mais duas cenas da investigação a serem filmadas para que fosse dispensado. Ela ainda precisaria continuar no estúdio. Pelo menos foi o que ouvira o diretor conversando assim que terminaram a outra cena. Uma das assistentes veio chama-lo. Hora de voltar.

Primeiramente, eles avaliavam as posições na área para que fizessem um primeiro ensaio. Nathan não podia evitar de olha-la com ternura. Inconscientemente, ela passava a língua nos lábios, o gesto era tão ingênuo para os outros e tão sensual para ele que chegava a doer o coração. Outra vez, mexia no cabelo como quem não quer nada fazendo-o imaginar uma porção de coisas. Deus! Quanto tempo mais teria que aguentar essa distância, essa indiferença?

O diretor comentou algo perguntando a opinião de ambos. Foi a primeira vez que Stana encarou-o. Trocaram uma ideia e acabaram por concordar com a maneira para filmar, ele percebeu a forma como ela se perdeu um pouco mais, prolongando o contato. Aquele gesto, fez o coração de Nathan pular uma batida. Não percebeu que segurava a respiração. Os olhos estavam amendoados. Não sabia se era sua imaginação, porém em sua mente parecia que ela queria esboçar um sorriso. Ensaiaram a cena por duas vezes. Satisfeitos, deram o sinal para o diretor seguir em frente com a gravação.

Quarenta minutos depois, a última cena era finalizada. Nathan despediu-se de todos os integrantes no set. Ao passar por ela, tomou coragem e a cumprimentou.

- Boa noite, Stana. Se quiser conversar, sabe onde me encontrar. Bom trabalho para você.

- Boa noite, Nathan – respondeu quase sussurrando ainda sem querer demonstrar qualquer sinal de que estava próxima de terminar essa briga entre os dois. Percebeu o semblante cabisbaixo dele, sentiu-se culpada. Ainda iria trabalhar, não podia pensar nisso.

Depois de duas horas, Stana finalmente deixou o estúdio rumo ao seu apartamento. Os conselhos de Dara ficaram em sua mente por grande parte do dia. Reconhecera que precisava se desculpar, porém não se sentia completamente pronta para uma conversa cara a cara. Não negaria que estar longe dele era extremamente difícil. Encontrou Gigi na cozinha tomando uma tigela de cereal.

- Hey, sis... quer lanchar? Deve estar com fome. Sinceramente não a esperava aqui hoje. Coloquei um resto de comida chinesa na geladeira.

- Não se preocupe comigo – Stana pegou uma caixinha de blueberries, sentou-se ao lado da irmã jogando um pouco de granola e iogurte natural no recipiente. Gigi observava o jeito da irmã. Queria que ela decidisse de vez sua situação com Nathan. Ficar longe dele fazia mal aos dois. Percebeu que não estava usando a aliança. Seria esquecimento ou um mau sinal? O dilema para Gigi era grande. Sob qualquer circunstância, ela tinha a obrigação de ficar ao lado da irmã. O problema era que nesse caso, encontrava-se entre a cruz e a espada, era a única pessoa que podia abrir os olhos de Stana. Defender Nathan deveria ser sua prioridade, mas tinha medo da reação da irmã.  

- Stana, como foi seu dia?

- Trabalhoso. Cansativo – respondeu sem olhar para Gigi.  

- E Nathan? – ergueu os olhos para encontrar os da irmã. Suspirou. Antes que qualquer outro comentário fosse feito por Stana, Gigi continuou – sis, não me leve a mal ou fique chateada, mas eu realmente pensei que vocês tinham se acertado. Esperava que caísse em si e voltasse para sua casa, ao lado dele. Eu sou sua irmã e te amo, quero vê-la feliz. E definitivamente você não está feliz. Desculpe ter que falar isso novamente, contudo se isso é sua ideia de castigo para fazer Nathan provar do suposto veneno, não irá funcionar. Não quando a ação afeta a ambos. Por que não vai até ele, abre seu coração e pede desculpas de uma vez para se reconciliar e transar loucamente?

- Gigi! Você só pensa nisso?

- Claro que não. Estou apenas lhe dizendo o óbvio. Você está arrasada com a situação, machucada. Mas, sabe o que é pior? Você está se roendo por dentro, deixando o orgulho a dominar quando tudo o que queria era estar em seus braços. E sim, precisam de uma DR, precisa colocar para fora e sexo, minha querida Stana, é parte obrigatória do pacote. Descarte esse sentimento ridículo e besta, troque-o por carinho, amor e vários orgasmos.

Stana não aguentou a colocação da irmã rindo pela primeira vez desde que chegara em casa. Tinha razão. Deveria dar o braço a torcer, porém uma interrogação perdurava em sua cabeça.

- E se ele não tiver disposto a me perdoar? E se me acusar de insensível, neurótica ou outra coisa?

- Bem, isso pode acontecer. O risco existe – Gigi calou-se propositadamente ao ver o semblante da irmã demonstrar extrema preocupação – Stana como você pode ser tão insegura? Você é linda, talentosa, inteligente e tem um pedaço de homem ao seu lado. Ele podia arrasar com você se quisesse, mas não irá fazer isso. Ele é absolutamente louco por você! Qual a parte de que Nathan te ama que ainda não entendeu? Por que perder mais tempo remoendo essa briguinha idiota? Vai logo atrás dele, sis. Termine com essa agonia.

- Eu não sei... eu preciso pensar.

- Esqueça o pensamento, o coração é o que importa.           

Stana levantou-se calada. Deixou as louças na pia e seguiu para o quarto. Após um banho rápido, ela deitou-se na cama com o olhar fixo no celular. A vontade de ligar era imensa. Na sua cabeceira, estava o script com as cenas do dia seguinte. Folheando-o, percebeu que havia somente três cenas para amanhã. Duas no distrito e uma no loft. Cena de casal. Seria o último dia de gravação daquele episódio que tanto desconforto causara aos dois. Era bom virar a página, começar uma nova história. Contudo, não poderia iniciar um episódio brigada com Nathan. Na verdade, não poderia filmar essa cena estando de mal com ele.

Olhou mais uma vez para o celular, deciciu por não ligar. Levantou-se vestindo uma calça jeans e uma camiseta branca. A jaqueta de couro completava o visual. Pegou as chaves do carro, a bolsa e calçou seu tênis de corrida. Gigi estava certa, chega de sofrer criando um clima ruim entre os dois. Queria muito olhar para o rosto dele, toca-lo, estar perto dele. Antes, porém, tinha que dizer exatamente como se sentia.

Passava da meia-noite quando Stana girou sua chave na porta. O silêncio e a escuridão na sala provava que ele já deveria estar dormindo. Subiu as escadas vagarosamente mantendo o mesmo clima. A luz do quarto estava apagada exceto por uma nesca percebida pela fresta de baixo da porta. Provavelmente originária do abajur de cabeceira. Podia estar lendo ou apenas adormecera esquecendo-se de desliga-la.

Vagarosamente, abriu a porta. A silhueta dele despontava na cama por baixo do edredon. Stana parou no meio do quarto para observa-lo. Apenas por estar no mesmo lugar que ele sentia a leveza tomar conta de seu coração. Criando coragem, ela se aproximou dele, sentou-se no colchão ao lado dele, esticando a mão para toca-lo no rosto com cuidado.

- Nathan – sussurrou repetindo o gesto – Nathan... – viu quando ele abriu os olhos azuis sonolentos para fita-la. Virou-se no colchão para ter a certeza de            que não estava sonhando.

- Amor? É você? – esfregou os olhos erguendo-se no colchão ficando sentado a seu lado – você voltou...

- Eu sei que é tarde, mas eu preciso conversar – ele bateu palmas acendendo as luzes do quarto – desculpe pela hora. Acordei você e temos gravações cedo pela manhã.

- Tudo bem. Eu disse que quando quisesse, podia me procurar – ele abriu um sorriso. Ela estava ali, mesmo com os olhos cansados ainda estava linda – estou pronto para ouvi-la – Stana subitamente levantou-se da cama, começou a caminhar de um lado para o outro no quarto. Durante o caminho até a casa, ela pensara e repensara em tudo que ia dizer. Repetira e ensaiara tudo. Agora, sua mente era um branco total. Como um quadro de evidências ainda por ser montado.

- Droga! Eu achei que sabia tudo o que tinha para dizer. Eu não sei por onde começar.

- Pelo começo. Conte-me tudo o que está lhe incomodando. Ponha tudo para fora – permanecendo de pé, ela respirou fundo e deixou as palavras fluírem, oriundas diretamente do coração.  

- Nathan, eu sinto muito. Os dois últimos dias foram extremamente estressantes e frustrantes para mim. Devo considerar que para você também. Mas, não poderia deixar de ser afetada pelo que presenciei. Odiei o fato do ciúme ter subido à minha cabeça. Não irei me desculpar por sentir ciúmes, por ser passional e humana. Consegue entender o quanto me doeu ver aquela mulher vulgar se insinuar e agarra-lo sem que eu possa fazer exatamente nada? Minha vontade era dar uns tabefes naquela piriguete e mostrar que ninguém dá em cima do meu marido! Nunca me senti tão impotente na vida. Nós somos casados. Mesmo assim, não podia exercer meu direito de esposa – ela passou a mão pelos cabelos.

- Eu sei que concordamos com isso, temos um segredo a zelar, ainda assim não podia aceitar tão facilmente o fato de ver aquela demonstração ridícula de mau gosto. A mulher praticamente queria te engolir, Nathan! Como pode atrair tanta mulher aproveitadora? Meu estomago embrulhou, meu sangue ferveu. Eu precisava sair dali. É tão estranho não poder expressar o que sinto diante de uma situação como essa... – dessa vez, Stana se aproximou dele tornando a sentar-se na cama de frente para o marido.

- Desculpe, sei que você não teve culpa. Nunca duvidei de você. Eu te amo tanto... eu só... – segurou a mão dele – eu somente queria que entendesse meu lado.

- Você está dizendo que não quer manter nossa relação em segredo? Tem medo que isso se repita?

- Não. Precisamos do segredo porque muito provavelmente expostos, esse tipo de problema triplicaria. O segredo continua, não desisti disso. Eu apenas queria poder ter mais controle diante de uma situação dessas. Não sei se teremos como evitar uma nova briga no futuro, ou uma exposição seja de qualquer lado, quero que entenda que não fiz nem farei por mal.

- Eu sei que sim, Stana. Não se preocupe quanto a isso. Sentir ciúmes, achei bem bonitinho da sua parte e meio estranho, devo acrescentar. Você é linda, é a mulher que amo, como pode pensar que a trocaria por alguém? Ainda mais por uma mulher como Krista? Acho que precisamos esquecer tudo isso – ele ergueu a mão esquerda apontando para a aliança – vê essa aliança aqui? Ela é o símbolo do meu amor. Exibo-a com orgulho, mesmo que para tantos seja somente um objeto cenográfico. Eu e você sabemos que é real e isso basta – então Nathan percebeu que ela não usava a sua.  O olhar de ternura desapareceu de seu rosto dando lugar ao semblante sério. Stana sabia que a reação era pela ausência do mesmo objeto em sua mão.

- E-eu deixei a minha aliança no trailer. Eu esqueci de coloca-la quando terminei de me trocar hoje. Por favor, Nate, não fiz por mal. Minha cabeça estava confusa. Pode me perdoar?

- Você tirou a aliança... isso é... eu nunca pensei... – ele respirava profundamente várias vezes, puxava o ar querendo manter a calma. Murmurava mentalmente um pequeno mantra para que acreditasse que o gesto não fora proposital “tudo bem, ela estava nervosa, não fez por mal”. De repente, viu a mulher a sua frente se debulhar em lágrimas. A imagem de Stana chorando partia-lhe o coração.

- Nate, por favor... e-eu te amo...e-eu prometo que não tiro mais, me perdoa – Nathan enxugou as lágrimas com seus polegares. Ainda mantinha a expressão séria ao fazer esse pequeno gesto.

- Stana, eu não posso mentir para você. Sua atitude me magoou. A demonstração de dúvida quanto a uma possível traição foi algo que me ofendeu e irritou profundamente. Entendo que não foi fácil assistir ao ataque de Krista. Porém, não esperava que você considerasse ou escolhesse brigar ao invés de me ouvir. Perdoar? Sim, eu perdoo porque eu te amo. Mas meu coração ainda dói ao me lembrar disso.

- Nathan, eu... – ele a impediu de falar.

- Não, Stana, ainda não terminei. Mesmo com a dor, o problema é que simplesmente não consigo ficar longe de você. Eu preciso tê-la ao meu lado. É algo inexplicável. É mais forte que eu. Consegue entender isso? Você é meu vício, Stana. Um vício que não quero me livrar para o resto da nossa vida juntos – ele puxou o rosto dela com as duas mãos sorvendo os lábios em um beijo intenso. Dor, mágoa, amor e desejo misturados davam tom ao reencontro. A cada minuto de beijo, as sensações ruins desapareciam deixando o sentimento puro do coração reinar soberano enquanto o sentimento dominante do corpo explodiu em um gesto rápido e viril diante da bela mulher.

Nathan a deitou sobre o colchão, prendendo-a com as mãos enquanto suas pernas a prendiam embaixo de si. Seus lábios devoravam cada centímetro de pele que encontrara. Stana sequer reparou quando ele livrou-se da camiseta, da calça, da lingerie. Apenas as sensações de prazer dominavam seu corpo. A pele quente rendia-se ao toque por vezes bruto, por vezes excitante. Ele devorou-lhe os seios, mordiscando, instigando e sugando-os a ponto de fazê-la gritar. Stana sentia a umidade aumentar em seu centro. Arqueava o corpo clamando por mais. Quando os lábios de Nathan provaram o local mais desejado, ela imediatamente sentiu o corpo arrepiar-se e explodir de prazer.

Como um exímio comandante, ele fazia uma viagem saboreando cada centímetro do corpo de Stana. Encheu seu corpo de beijos, fazendo uma trilha até encontrar os lábios que tanto amava. Um novo beijo apaixonado se seguiu. As línguas realizavam um balé sincronizado que apenas aumentavam o prazer e necessidade de nunca parar de se tocarem. Se amarem. Ele a penetrou vagarosamente prolongando o prazer de vê-la contorcer-se e pedir por mais e mais. O ato de mordiscar o lábio inferior era um convite irrecusável para beija-la novamente.

Como acontecera tantas outras vezes, a sincronia de movimentos continuava perfeita. Ele amava voltar para casa. Deslizava dentro dela provocando sensações indescritíveis. Puxou-a em sua direção mantendo o contato de seus corpos mesmo sentados. Envolvendo seus braços no pescoço de Nathan, ela se dedicou a provoca-lo com movimentos eróticos que apenas aumentavam o prazer de tê-lo dentro de si. O orgasmo os arrebatou com força, quase como se os tirasse de seus próprios corpos findando em um último beijo avassalador.

Os corpos estavam jogados sobre o colchão. Stana sobre Nathan. Ele beijou-lhe o ombro.

- Deus! Como eu sou dependente de você, Staninha... dois dias sem estar aqui, foram dois dias mal dormidos. Seu corpo me completa na cama. Seu cheiro, seu calor. Adoro o meu vício.

- Não podemos nos magoar desse jeito. Ambos sofremos demais. Por que eu tenho que ser tão apaixonada por você a ponto de fazer besteira? Somos dois loucos, isso sim!

- Sim, tenho que concordar. Dois loucos de amor.

- Pelo menos amanhã não teremos que gravar emburrados um com o outro. Temos uma cena de casal...

- Esse foi o motivo de você ter vindo a essa hora me procurar? – perguntou Nathan intrigado – pelo trabalho?

- De certa maneira, sim. Mas, não foi o principal motivo.

- Era saudade, então?

- Também... – ela sorriu ao ver o arquear de sobrancelha de Nathan – principalmente o sexo.

- O que? – ela caiu na gargalhada.

- Sexo de reconciliação é o melhor que existe, não? Estava com saudades de tudo, sexo inclusive é parte fundamental dessa equação.

- Eu devia ficar chateado com essa declaração. Mas, confesso que você tem razão – eles trocaram um novo beijo – vamos dormir, Staninha. Amanhã tudo volta ao normal – aconchegando-a de conchinha ao seu corpo, dormiram quase que imediatamente.            

Na manhã seguinte, Stana acordou primeiro que ele. Quando Nathan a encontrou na cozinha, já totalmente pronta para sair, foi surpreendido com um café fresquinho e panquecas, exatamente como ele adorava. Meia hora de refeição, eles finalmente deixaram a casa rumo ao estúdio. Ela entrou primeiro, cumprimentando a todos com um belo sorriso. Ao passar pela sala dos escritores, deu um tchauzinho para Dara que entendeu na mesma hora que ela fizera as pazes com Nathan. Finalmente!

A atmosfera do set era ótima. O dia do trabalho fora um passeio. Depois de dois dias, ouvia-se a risada de Stana pelos corredores. A última cena gravada foi a Caskett. Quando Stana completou sua frase subindo no estomago de Nathan, sabia que o deixaria sem ação novamente. Foi exatamente o que aconteceu. Stana se projetou sobre o membro dele quando inclinou-se para beijar-lhe o pescoço, a surpresa foi tanta que Nathan sequer teve a atitude de toca-la. Ao ouvir o corta, ela deu um sorrisinho safado para Nathan. Quando fez menção de sair de cima dele, sentiu a mão a segurando. Stana entendera o recado. Afastou um pouco o corpo a fim de não estimular as partes íntimas dele. Cuidadosamente, sentou-se ao seu lado na cama.

- E encerramos por hoje. Chad acabou de me avisar que David e Rob estão esperando vocês na sala dos escritores, querem falar sobre o próximo episódio.

- Obrigada. Você vem, Nathan?

- Vou já. Preciso passar no meu trailer antes – ela entendia o motivo. Provavelmente, queria um tempo para se recompor antes de encarar uma reunião. Tudo estava bem novamente. Muito bem. Não conseguia tirar o sorriso do rosto. Dara quando a avistou entrando na sala, foi logo implicando.

- Parece que o dia de trabalho foi leve, não? Você está relaxada, sorrindo e são quase onze da noite...

- Foi um dia bom, sim. Isso não quer dizer que esteja querendo mais. Preciso comer alguma coisa.

- Tome um café para repor as energias. A reunião não deve demorar muito e tenho certeza que vai precisar estar bem para mais tarde – Dara a fitou com um sorriso sarcástico no rosto – cadê o Nathan?

- Ele foi ao trailer, disse que logo estaria aqui – encaminhou-se para a máquina de café servindo-se da bebida quando ele apareceu na porta também sorrindo.

- Estou louco por um café! – ele exclamou já se colocando ao lado de Stana. David apareceu com um calhamaço de papeis nas mãos. Deixou sobre a mesa.

- Sirvam-se de café e depois sentem-se. Prometo que serei rápido, sei que estão cansados e amanhã tem mais. Na verdade, talvez tenha uma boa noticia para os dois, diria até que bem melhor para Stana – ambos entreolharam-se e voltaram sua atenção ao produtor. Devidamente acomodados na mesa sorvendo o café quente, prepararam-se para ouvi-lo.

- Fiquei curiosa agora, David – ela disse.

- Bem, finalizamos o episódio de número dezessete hoje. Amanhã faremos qualquer ajuste fino necessário, porém já teremos nossa reunião de produção e as primeiras cenas para filmar. O episódio é centrado no Ryan, portanto a pessoa que mais irá trabalhar nele é Seamus. Já tive uma conversa preliminar com ele. O que me leva ao nosso assunto. Provavelmente vocês terão alguns dias de folga nesse período. De oito dias irão filmar quatro talvez. Ainda preciso repassar o cronograma completo com Rob. Animem-se, amanhã é sexta-feira e devo ter uma resposta para vocês na segunda.

- E não é somente isso. Meu episódio solo também pode proporcionar um novo break para você, Stana. Ainda não finalizei, mas vocês saberão quando possível – disse Dara.

- Alguma razão especial para vocês estarem dando essas folgas para nós? – perguntou Stana desconfiada.

- Não se anime muito. Estamos em inicio de fevereiro e as filmagens do meu episodio devem ocorrer no fim de março. É apenas uma questão de assuntos e cronogramas, nenhuma teoria da conspiração – disse Dara.

- Estão dispensados – disse David – amanhã estejam aqui às sete, ok? – entregou o script a ambos.

- Tudo bem. Boa noite a vocês – disse Nathan.     

- Até amanhã – respondeu Stana. Quando ia saindo da sala, Dara a puxou.

- Você não vai me contar o que rolou? Eu te ajudei!

- Depois, Dara. Boa noite – piscou para a escritora rindo.

No estacionamento, cada um pegou seu carro e deixaram o estúdio. Chegando em casa, Nathan foi direto ao refrigerador pegar uma cerveja. Estava com vontade de beber ao menos uma garrafa. Sabendo que ela preferia uma taça de vinho, tratou de servi-la já entregando a bebida a Stana assim que ela cruzara a sala de casa. Sentaram-se no sofá. Ela não resistiu e foi logo comentando.

- Você não achou estranho o fato de David nos comunicar que poderíamos ter dias de folga? Não lhe pareceu um pouco combinado ou forçado como se quisessem nos agradar de alguma forma?

- Não sei, Staninha. Na verdade, esse lance de folgas é meio difícil de acontecer, quer dizer “folga” deve ser um dia, dois no máximo. Você ouviu David dizer que o cronograma ainda não estava totalmente fechado. Não fique tão animada.

- Não estou animada e sim, preocupada. Será que estão tentando nos agradar por causa dos nossos contratos? Algo a ver com a negociação que deve ocorrer a partir do final de março, início de abril?

- É difícil dizer, talvez seja resultado do nosso bom trabalho. Estávamos atrasados, ainda acredito que estamos. Pode ser que após reverem as datas e a quantidade de episódios, perceberão que não estamos tão ruins assim – ele virou a garrafa bebendo o último gole restante da cerveja – esquece isso, amor. Que tal aproveitarmos um bom banho relaxante no chuveiro? Prometo esfregar suas costas direitinho – ele pegou a mão esquerda dela na sua, beijou o dedo com a aliança, feliz por vê-la usando-a novamente.
 .
- Você ficou bem animado com aquela última cena, não? – brincou Stana já acariciando o peito dele deixando a mão deslizar até as calças.

- O que você esperava depois daquela insinuação? Você não presta, Staninha... arrasa comigo com essas provocações. Foi sempre assim, e ainda se faz de desentendida. Que coisa feia... – ele ria já inclinando-se para beijar-lhe os lábios. O toque de Stana em seu membro apertando-o, fez Nathan gemer entre seus lábios.


- Vamos para o chuveiro, Nate. Quero relaxar – assim que ele levantou-se do sofá, ela mordiscou a orelha dele, provocando – quero ver estrelas durante o banho. Sua responsabilidade – apertou o bumbum dele gargalhando quando Nathan beijou-lhe a garganta. Não importava que horas dormiriam ou se estariam cansados amanhã, ela queria perder-se em seus braços agora, sem qualquer reservas. Aproveitar o hoje era seu objetivo. Carpe diem, pensou.


Continua.... 

sexta-feira, 13 de março de 2015

[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.41


Nota da Autora: Consegui escrever para postar antes de viajar. Que tal uns momentos tensos entre nossos amados? Está na hora de chacoalhar essa relação. E tem um pouco mais de Anne para vocês. E no próximo, Gigi está de volta! Mas... vai demorar! Tenham paciência, ok? 


Cap.41          


Como uma espécie de diversão, Nathan sugeriu a ideia de levar a menina para um passeio no estúdio. Stana adorou ficando encarregada de falar com Dara e claro, seu irmão. Aproveitaria um dos dias que não iria à escola para proporcionar esse momento à sobrinha. Conversou com Dara na segunda arranjando a visita para o dia seguinte. Não houve objeção da produtora, Dara sabia da paixão de Stana por Anne e diante do que acontecera, era uma forma de agradecer, afinal ela lhe contara o motivo pelo qual acabara quebrando o braço.

Stana conversou com o irmão no domingo ficando de confirmar tudo no dia seguinte. Realmente era uma boa ideia. Nathan acreditava que seria muito bom para todos. Uma criança sempre alegrava a atmosfera do estúdio. Teriam um começo de semana cheio, pois no mesmo dia, ela ainda atenderia a um evento da revista Elle. Uma noite para as mulheres. Também descobriu que Nathan tinha um lançamento de quadrinhos com entrevista e um coquetel depois.

- Então, nossa semana será agitada. Que evento é esse? Algum concurso de beleza? Porque eu adoraria participar e torcer para você ganhar, Staninha – eles conversavam enquanto se arrumavam para dormir.

- Nada de concurso, babe. É apenas uma noite especial para honrar as belas mulheres que contribuíram com a revista no ano de 2014. Momento de descontração.

- Hum, em outras palavras, uma espécie de clube da Luluzinha. Meninos não entram, sei. Você não irá falar mal de mim para suas amiguinhas vai?

- Deixa de ser bobo, eu bem que podia falar da sua performance, reclamar um pouco... quem sabe elas não dão algumas dicas para mim? Poderia perguntar da Angie ou da Kate...

- Performance? Você está reclamando da minha excelente participação em seus joguinhos? E que Angie? Harmon? – o olhar de pânico apareceu em seu rosto – não contaria nada, hein Stana? Você não está falando sério sobre, sabe, nós?

- Claro que não, Nate. Temos um segredo a zelar. Mas, sobre a performance... esses últimos dias não tivemos muitas demonstrações...

- Amor, estávamos envolvidos com essa história da Anne e foi você mesma que impôs a regra de nada de sexo perto dela, se quiser podemos brincar um pouquinho agora... – ele a agarrou pela cintura devorando o pescoço exposto pelo coque que usava. Stana ria da sensação de cócegas que tinha, acariciando os braços dele, beijou-lhe os lábios e se afastou.

- Por mais que quisesse, não é o melhor momento. Estou sentindo dores, acho que estou prestes a entrar no meu período. Sinto muito, amor.

- Ah, ótimo! Você só fez me eriçar e cai fora? Muito bom, Staninha, muito bom.

- Eu disse que não queria, mas não falei que não podia animar você – deitada na cama, ela desceu a mão para dentro da calça de moleton que ele usava. Assim que agarrou o membro, ele gemeu – preparado para a diversão? – e ouviu um novo gemido saindo da sua boca obrigando Nathan a fechar os olhos com o movimento.

Ela acordara sentindo uma cólica, logo estaria sendo agravada, pressentiu. Não importava, tinha que trabalhar. Não seria apenas a dor que incomodaria Stana naquela semana. A atmosfera ao seu redor estava prestes a mudar.  Na segunda, Stana conheceu a atriz que faria uma participação especial nesse episodio. Era linda. Assim como a história de Beckett, ela percebeu um certo clima de admiração e galanteios para a moça incluindo Nathan. Não gostaria de sentir-se incomodada com isso. A atriz era muito simpática, mesmo assim, não podia deixar de encara-la como competição. Fazia muito tempo que não se sentia assim, expressando certo ciúme dele. Poderia ser apenas besteira da sua cabeça, Nathan era sempre solicito com os visitantes e novos atores que se juntavam ao elenco ao longo do show. É, não seria nada.   

No dia seguinte, Stana saiu de casa com a missão de pegar Anne. Encontraria Nathan no estúdio. A menina estava sorrindo com as paredes, empolgada por voltar ao seu lugar preferido depois da casa da tia, que era na verdade agora a casa de Nathan. Assim que adentraram as portas do local, Dara estava esperando para abraçar a pequena Anne.

- Anne! É um prazer revê-la – ela se agachou perto da menina para falar baixinho – soube do que você fez, devo dizer que foi bastante corajoso e digno de um protetor do segredo. Toca aqui – Dara levantou a mão para fazer um hifive – agora, você está pronta para seu tour? Sei que não é a primeira vez, mas estou louca para assinar esse gesso, posso?

- Claro, tia Dara! – a menina respondeu sorridente.

- Vamos para a sala dos escritores. Você já tomou café? Tem uns cupcakes deliciosos para o nosso lanche e bolo de chocolate – os olhos de Anne brilharam com a notícia. Stana gostava de ver a sobrinha feliz. A menina puxou o casaco da tia.

- Cade o tio Nathan?

- Deve estar lá dentro. Vamos encontra-lo – segurando a mão da garota seguiu até a sala dos escritores. Infelizmente, não teve uma grata surpresa. Nathan estava às gargalhadas com a atriz convidada do episódio. Aquilo fez o sangue de Stana ferver, porém não poderia fazer nada para evitar tal cena nem mesmo argumentar algo por estar no trabalho e com Anne a tiracolo. Engolindo seu orgulho e raiva, ela suspirou profundamente antes de dirigir-se aos dois com a menina.

Felizmente, assim que avistou a pequena, Nathan pediu licença e veio ao seu encontro. Sorrindo, agachou-se para falar com a menina.

- Que visita especial! Andou aprontando, não? – apontando para o gesso – está tudo bem com você?

- Tudo bem. Anne quer muito andar pelo loft do moço bonito, o Castle. Quero deitar na cama dele, pode tio?

- Que fixação é essa das mulheres Katics com a cama de Castle? – olhou para Stana sorrindo recebendo em troca apenas um mero balançar de ombros – vou leva-la até lá, mas primeiro, que tal fazer um lanchinho? Dara está louca para te encher de guloseimas – Dara fez sinal para a menina se aproximar dando um tempo para os dois ficarem a sós – hey... tudo bem com você?

- Por que não estaria? – retrucou Stana.

- Exatamente pelo tipo de expressão que vejo em seu rosto agora. Algum problema? Posso ajudar? – Nathan insistia desconfiado.

- Não tem problemas, Nathan. Estou cuidando da minha sobrinha – ele teve sua confirmação justamente pela forma que o chamara. Seja o que for, não era hora nem lugar de conversar sobre isso. Mais tarde entenderia.

Stana afastou-se dele e tratou de se juntar a Dara que comia e assinava o gesso de Anne. Provou o doce, riu e tagarelava muito com as duas. Sua mente, porém não se desligara totalmente do que vira a pouco. Estaria exagerando? Terri e Chad se aproximaram brincando com a menina, ela resolveu dar uma escapada ao banheiro para se acalmar. Após lavar o rosto, sentia-se melhor. Fez uma analise individual e acabou se convencendo que estava vendo demais, levada por um outro motivo, a TPM.

Voltando à sala, foi pega de surpresa com os gritos alegres da menina.

- Tia,tia! Olha só o meu “coiso”. Tia Dara, tia Terri e tio Seamus assinaram – puxando a tia pela mão, ela a levou até o encontro com Nathan – o tio estava esperando para irmos ao quarto do Castle. Podemos ir agora?

- Claro que sim, docinho. Peça para o seu tio lhe mostrar o caminho – a menina pegou a mão dele. Trocaram um olhar no qual Nathan pode ver um sorriso da esposa, parece que estava tudo bem. Ao chegarem no set do loft, a menina foi correndo para o local onde estava o quarto de Castle. Pediu ajuda do tio para ergue-la. Sentada na cama, acariciava o lençol para então deitar-se no colchão.

- Essa cama é muito gostosa. É por isso que a tia e o tio gostam de deitar nela. A policial também. Ela faz sexo com o Castle aqui, não tia? – Stana mordeu os lábios.

- Anne, o que eu lhe falei sobre usar essa palavra?

- Mas tia, a policial pode. Ela é casada com Castle.

- Ela está certa – concordou Nathan sorrindo – o que mais você quer ver, princesa?

- Anne pode ver aquele lugar do velho oeste, da história que a tia contou?

- Infelizmente não, docinho – a tia explicou – esse cenário não foi daqui. Era um outro lugar. Uma fazenda um pouco longe.

- Poxa... Anne ia gostar muito.

- Tem um outro negócio muito bacana que você vai gostar. Uma espécie de foguete, quer ver? O pessoal ainda não desmontou – Nathan saiu de mãos dadas com a menina com Stana a seu encalço. A pequena distância deu a ela a oportunidade de observar novamente a maneira como ele tratava sua sobrinha, ou como ele próprio declarara, nossa sobrinha. Imediatamente, os pensamentos errados sumiram de sua cabeça.

Anne se esbaldou na nave da ficção. Ela e Nathan se divertiam simulando uma cena de ataque. Eles gritavam, faziam barulhos estranhos e riam. Novamente, Stana sorriu e a sensação de amor invadiu seu corpo esquentando seu coração. Pensou na possibilidade de um bebê entre eles, não era algo difícil de acontecer ao ver seu marido amando cuidar de uma criança.

Quando retornaram para a minicopa porque Anne estava com sede, encontraram Dara e a atriz sentadas à mesa.

- Intervalo de gravações? – Nathan perguntou enquanto Stana seguia até a geladeira para servir a sobrinha.

- Sim, resolvi vir tomar um café, mas não consigo mexer nessa cafeteira – queixou-se a atriz. Muito solicito, Nathan prontamente dirigiu-se à maquina para preparar a bebida. Stana mesmo tomando conta da sobrinha ficou observando de longe aquela interação. Ele serviu uma xícara para ela e para si mesmo, esquecendo-se completamente dela. Não podia acreditar no que presenciara. Não, fora só um lapso. Nada importante. Porém, seus hormônios pareciam não concordar com as justificativas de sua mente.

Sem criar qualquer clima, ela se aproximou da máquina e preparou sua própria bebida indo sentar-se bem à frente dele. Anne surpreendeu novamente a tia quando escolheu sentar-se bem no meio entre Nathan e a atriz, como quem quisesse marcar território.

- Tia Dara, ainda tem cupcake? Anne queria um...

- Claro, querida. Você quer de chocolate ou de morango. Guardei dos dois para você.

- Tia Stana, pode os dois?

- Não agora, Anne. Por que não fazemos assim, você come um e depois do almoço pega o outro de sobremesa. Que tal? Se não sua mãe vai dizer que só lhe dou besteira para comer. O que não é verdade, em partes. Tudo bem?

- Tá, tia. Quero o de morango agora – quando Dara fez menção de levantar-se para buscar o doce, a menina a interrompeu – não, tia Dara. Deixa que o tio pega para mim. Por favor, tio Nathan – ela fez uma carinha doce que ninguém resistiria e ele levantou-se. No mesmo instante, Anne virou-se para a atriz e começou um pequeno interrogatório.

- Você vai trabalhar com a tia Stana em Castle? O que vai fazer?

- Sou uma detetive muito boa de Hong Kong que vem trabalhar com o Castle. Ela é fera em investigação.

- Por que o Castle ia querer trabalhar com você se tem a policial mais linda e esperta da NYPD? isso é tão chato. E você diz que é boa, mas a tia Stana é muito melhor. Ela prende você rapidinho. E se você quiser o Castle ai que vai morrer mesmo. Ele é da Kate. A tia mata você pelo moço bonito, melhor nem chegar perto.

- Mesmo? Mas, eu acho que posso lutar com ela e ganhar – Dara estava segurando a risada, Anne defendia a tia com unhas e dentes.

- Pode nada! A Kate é fera. Vai te deixar toda quebrada e o tio nunca vai gostar de você, nem o moço bonito porque eles amam a policial, não tia Dara?

- É sim, Anne nesse jogo só há um vencedor. Kate Beckett. E se Castle sonhar em pensar outra coisa, vai dormir no sofá depois de uma boa surra – Dara olhou de solaslio para Nathan e manteve o olhar fixo na atriz como quem diz, se toca!

Nathan voltou com o doce da menina e Anne após a primeira mordida, virou-se para o homem e perguntou.

- Tio, o que acontece se o moço bonito olhar para outra menina sem ser a detetive?

- Acho que nada – ele brincou olhando primeiro para Stana e depois para a sobrinha – por que aconteceria?

- Tio! Você vai apanhar! Kate chuta a bunda do Castle e nada de beijo. Ah, e tia Dara falou que você dorme no sofá. Acho certo. Castle só pode gostar da policial porque ela é linda e a melhor para prender bandidos. E também é casado.

- É, Anne, não tenho como argumentar. Está certa.

- Sei que estou – e virou-se para encarar a atriz. Stana virou-se de costas para evitar de rir na frente dele, sua admiração por sua sobrinha não podia ser maior. Controlando-se para não perder a seriedade na frente de Nathan e não demonstrar que adorara a lição de moral dada, ela acalmou-se antes de virar para a menina e dar a má noticia.

- Amor, está na hora de ir. Eu tenho que voltar a trabalhar, combinei com sua mãe que almoçaria em casa. São quase meio-dia. Vamos? Despeça-se de todos, pegue seu cupcake porque vou te deixar.

- Ah, tia! Eu queria ficar mais... queria ver a tia trabalhando.

- Você sabe que não pode. Já passeou, ganhou autógrafos no seu gesso, comeu, conversou. Chega por hoje – nesse minuto Chad surge na porta à procura de Dara, contudo ao ver a menina finge ficar impressionado com sua presença.

- Wow! Você veio trabalhar para ajudar sua tia a vencer a nova detetive? Ou já deu uma surra nela e por isso seu braço está no gesso? Você é bem valente, não?

- Não, tio. Anne não pode trabalhar porque não é atriz como a tia. Mas a policial não precisa de mim para acabar com essa aí. Ela faz isso sozinha. Quebrei o braço na escola, estava brincando de superherói.

- Mesmo? Quero assinar esse gesso! – Chad já pegou dois pinceis do quadro, um preto e um vermelho – você sabe das coisas, é claro que Beckett é melhor que qualquer detetive. Vou fazer um negócio especial aqui.

- Tá vendo? Todo mundo sabe que Kate é melhor, até o tio Chad – quando terminou, Chad sorriu e assinou seu nome.

- Que tal? Gostou? – Anne viu que ele tinha escrito Castle e desenhado o símbolo da caneta além de um par de algemas no gesso com gotas de sangue.

- Que lindo! Obrigada, tio Chad! – sapecou um beijo no rosto dele – viu que legal ficou, tia? A Alice vai morrer de inveja quando ver.

- Nossa! Caprichou, hein? Agora precisamos mesmo ir – Nathan foi o primeiro a receber um beijo estalado, depois Dara. Pegou seu saquinho com o cupcake, com a ajuda do tio, ela ficou de pé dando a mão para Stana – eu volto logo - Quando passou pela atriz, Anne virou-se para Nathan e falou.

- Comporte-se, tio Nathan! – ninguém aguentou caindo na gargalhada.

- Você não vai deixar eu assinar seu gesso? – perguntou a atriz. Na mesma hora recebeu uma resposta nada agradável, típica de uma criança.

- Não, você não é especial. Stana colocou a mão no rosto, envergonhada sim, porém satisfeita.

- Anne! Desculpe, crianças. Saiu com a menina.

- Espirituosa e decidida, não? Ela gosta mesmo de você, Nathan e da série pelo que vi.

- Esperta, muito esperta. Adora a Stana, você quer dizer. Bem, e o Castle também.

- Você queria o que, Nathan? Ela é uma Katic. Ninguém mexe com elas – disse Dara alfinetando olhando diretamente para a atriz a sua frente.

Depois que Stana voltara não houve tempo para qualquer conversa. Tinha muito para filmar, pois a visita de Anne atrapalhara um pouco o cronograma. Trabalharam até umas sete da noite. Ambos tinham que estar no evento às oito horas. Deixaram o estúdio as carreiras conseguindo cada um se arrumar e chegar nos seus respectivos compromissos ainda no tempo necessário. A noite de Stana fora bem divertida. Apesar de uns momentos bem estranhos e irritantes durante o dia, o evento com mulheres era o programa ideal para relaxar e rir bastante. Esperava que Nathan estivesse se divertindo também. Ele estava, só não esperava que isso fosse ser um estopim para a primeira briga do casal.

Stana voltou para casa por volta de uma da manhã, Nathan acabara de chegar, estava tirando a roupa.

- Hey, como foi sua noite?

- Muito boa. Estava precisando de diversão. Nada como umas horas em contato com o universo feminino. Vou tomar um banho e cama. Temos que estar às seis no estúdio, lembra? – ela foi para o banheiro. Nathan estava se contendo para perguntar o que ela tinha. Sabia que o humor dela estava alterado. Pensou se deveria. Talvez apenas a chateasse com coisas sem sentido ou pior, estragasse uma noite de sono. Melhor ficar quieto. Quando ela voltou, parou de frente para a sua cabeceira procurando por um comprimido com um copo na mão. A cólica a pegara de jeito. Deitou-se imediatamente na cama cobrindo-se com o lençol, Nathan aconchegou-se ao lado dela envolvendo-a em seus braços. Sentiu-a esquivar-se um pouco ao toque.

- O que foi, amor?

- Está quente e estou com dor.

- Posso fazer alguma coisa? Diminuo a temperatura do aquecedor se quiser.

- Sim, por favor – virou-se para fita-lo vendo a preocupação dele – desculpe, eu só quero descansar.

- Tudo bem, amor. Descanse – sua suspeita estava certa, ela não estava com o melhor humor, entendeu que o comportamento estranho devia-se ao período do mês que ela mesma o alertara, apesar de não se recordar de um outro tempo em que isso acontecera afetando sua convivência. Sem maiores preocupações na cabeça, adormeceu.

Os trabalhos começaram cedo no set essa manhã. Cena após cena, Stana entregou-se a sua atuação mesmo sentindo muitas dores. A primeira parada que fizeram era por volta de dez e meia. Ao escapar para a minicopa, ela lembrou-se da cena do dia anterior quando ela ficara sem café e Nathan servira alegremente a visitante. Esses hormônios estavam acabando com seu juízo, pensou ao sentir a raiva começar a aparecer novamente.

Nesse momento, Terri apareceu acompanhada de Dara. Ao verem a atriz, foram logo brincando.

- Stana, tenho que dizer que a nossa sala não é a mesma sem a presença de uma criança. Quer dizer, Nathan é o nosso menino, mas Anne é simplesmente apaixonante. Fico com saudades desses momentos genuínos de criança – disse Terri – ela me inspira a pensar em bebês, sinto falta mesmo. Pelo menos Dara ainda está passando por isso.

- Anne é uma menina adorável e inteligente. Não nega que é uma Katic. Causou um certo frisson ontem por aqui – disse Dara – autêntica e possui a inocência e a sinceridade de qualquer criança na sua idade. Ela não gostou de saber que haveria uma detetive se dizendo melhor que Beckett, aliás ela não gostou mesmo da atriz.

- Foi mesmo? – interessou-se Terri – Por que?

- Ora Terri, para defender sua tia ou Kate Beckett, sabe como é a cabeça de menina, acredita que Stana é realmente a policial e Castle seu par. Ela deu uma lição de moral em “Castle” dizendo que se gostasse da outra detetive a tia o mataria e à outra detetive que não se achasse melhor que a tia. Foi muito engraçado, menos para a pobre da atriz. Pessoalmente, adorei vê-la constrangida.

- Dara! Pare com isso. Eu morri de vergonha – disse Stana – foi falta de educação de Anne.

- Não, foi sinceridade. Aposto que você não chamou a atenção dela, chamou? – Stana ficou vermelha – é claro! Anne apenas falou o que você gostaria ou pensa que não percebi sua reação a tudo que acontecia?

- Dara! – o que ela estava fazendo? Esquecera que Terri estava ali? – não sei do que você está falando.

- Stana, você não gostou da atriz? – perguntou Terri já quase rindo da forma que Stana ficara embaraçada na frente dela.

- Não é nada disso, Dara está vendo coisas demais.

- Eu também não gostaria se ela começasse a puxar muita conversa ou ficasse de sorrisinhos para o Andrew... – sem conseguir disfarçar, Stana sentou-se boquiaberta na frente de Terri que entregou uma caneca de café para ela – querida, não negue os ciúmes que sente de Nathan. Qualquer uma que demonstre qualquer interesse nele, irá provocar isso em você. Não é motivo para vergonha, estamos somente nós, as garotas.

Stana suspirou. Era tão transparente assim? Resolveu colocar a culpa nos hormônios para acabar com a conversa antes que Dara acabasse comprometendo a relação dos dois.

- Eu não estou com ciúmes. Meu humor está alterado. Hormônios. Estou naqueles dias, entendem? Não tenho nada contra a atriz. É só estado de espírito. Nada demais.

- Certo. Bem, espero que melhore – Terri disse dando um tapinha no ombro da sua protegida saindo da minicopa em seguida. Sozinha com Dara, ela quase fuzilou a amiga com o olhar.

- O que deu em você? Como pode ficar comentando sobre Nathan na frente de Terri? Quer botar tudo a perder?

- Hey! Antes de me acusar de algo saiba que foi a própria Terri quem abordou o assunto comigo sobre a sua sobrinha e sobre a sua companheira de elenco. Eu apenas escutei e concordei com alguns pontos. Tenho a impressão que ela também não gostou da moça. Devo acrescentar que o comportamento dela é meio audacioso demais. Não esquente com isso. A participação dela termina amanhã. Espero que tudo volte ao normal porque eu não acreditei nessa sua história de hormônios. Está chateada e evitando Nathan, não finja que não é verdade. Eu sei.

- Fiquei com raiva, sim. Ele esqueceu de fazer o meu café! Mas estava todo sorridente para a outra. Quer saber? Adorei o que a Anne fez. É horrível porque como tia e madrinha eu devia repreendê-la, mas não consegui. Desde o primeiro momento que a vi, não gostei dela. Acho que esse episódio está me afetando. Parece que estou me sentindo como Beckett. Isso é loucura. Mas, eu nunca tive uma crise de ciúmes realmente em todo esse tempo com Nathan. Ok, isso não é de todo verdade, já tive e tinha minhas razões. Isso não acontecia a um bom tempo, especialmente depois que casamos.

- Não há nada de errado em sentir ciúmes. Se aceita minha opinião, não vi nada demais nos gestos dele. Estava sendo Nathan, sempre encantador e brincalhão como é com cada convidado que frequenta esse estúdio. Se ele der motivos, serei a primeira a lhe apoiar. Pode deixar que fico de olho nela – piscou para a amiga.

- Obrigada, Nathan parece ter um radar que atrai piriguetes só que ele não se dá conta... – tomando o resto do café, Stana se entreteu olhando as redes sociais. Tudo relacionado ao marido vinha para ela como feeds. Foi assim que ela se deparou com fotos do evento do dia anterior e um nome que acendeu o radar dela. Krista. Onde ela tinha ouvido aquele nome? Usando o Google, ela descobriu o porque da familiaridade. Ex-atriz pornô - Que droga! - Na mesma hora, colocou um aviso de respostas para qualquer menção dela nas redes sociais. Não falaria nada para Nathan, apenas observaria. Esquecera que Dara ainda estava por ali.

- O que foi, Stana?

- Nada, por hora. Espero que fique por isso mesmo. Preciso voltar ao trabalho – quando se levantou para sair, Dara segurou-a pela mão.

- O que quer que seja, estou aqui se precisar conversar. Lembre-se disso – Stana anuiu com a cabeça.

O resto do dia se deu calmo exceto pela quantidade de cenas que eles tiveram para gravar. Stana estava determinada a não se deixar abater pelas fotos que vira essa manhã. Nem pelo twitter, esse assunto teria hora para ser discutido, somente entre os dois. Deixaram o estúdio depois das nove horas da noite, David já sinalizara que precisariam estar de volta às seis da manhã no outro dia.

Stana queria mesmo um bom banho quente. As cenas de ação deixaram seus músculos ainda mais doloridos aliados à situação em que se encontrava, especialmente as batatas das pernas. Nathan sugeriu comprarem algo leve para comer, uma sopa chinesa podia ser uma boa pedida. Ela aceitou, esquentar o estomago antes de dormir era uma boa ideia. Não pretendia conversar sobre o tal fato que descobrira hoje. Queria mais informações. O problema era que seu temperamento estava alterado e sua ansiedade acabara por fazê-la se antecipar nas perguntas e descobertas.

Depois do banho já em seus pijamas, Stana tomava a sopa calmamente. Nathan estava ao seu lado comendo calado até o momento que deixou escapar um gemido de dor.

- Hoje quem precisa de um analgésico sou eu. Minhas costas estão muito doidas. Acho que exagerei ontem e somente se agravou com o trabalho.

- Entao se divertiu bastante na festa? Dançou muito? Geralmente sente as costas quando exagera na dança. Foi isso ou teve outro motivo?

- Não dancei. Acho que foi a posição do videogame. Um dos caras me desafiou para uma partida e não pude resistir.

- Você está acontumado em jogar sem ter dores. Por que isso agora? – perguntou ela já imaginando um monte de coisas.

- Estava de pé e me curvei muito, devo ter ficado de mal jeito em alguma posição.

- Quer dizer que foi somente isso?

- Foi, um bando de fanáticos, seus videogames e as revistas em quadrinhos. Isso que dá ter um marido geek, Staninha. Na verdade, encontrei algumas pessoas que não via há algum tempo – aquilo chamou a atenção dela – me fez perceber que estou ficando velho. Encontrei Tom, um cara que estudou no ensino médio comigo. É engenheiro de games, acredita? E outra pessoa que não via há, pelo menos, dez anos. Talvez você a conheça. Krista Allen.

- Foi sua ex-namorada? – ele percebeu o tom da voz indicando irritação – uma das suas paixões?

- Não, a conheci através de um amigo. Ele trabalhou com ela. Frequentamos algumas festas juntos na época, Ela era, estava enrolada com meu amigo.

- Eu sei quem é Krista. Você tem certeza que ela não estava interessada em você?

- Stana, por que isso agora? Foi há dez anos atrás, eu não via nada demais e também não vi no nosso reencontro. Estou com você, não? – ela ficou calada. Isso era verdade. A foto apesar de Nathan estar abraçando-a, não significava um interesse da parte dele, o mesmo já não podia dizer da mulher. Conhecia aquele jeito de aproveitadora, aquele olhar de quem quer tirar proveito. Resolveu não dizer mais nada sobre esse assunto. Podia ser aqueles encontros de uma vez e nunca mais a veria. Por que não?

- Vamos deitar, Nate. Estamos os dois cansados – ele entrelaçou a mão na dela subindo juntos para o quarto. Deitar na cama era um prazer surreal diante dos dias difíceis e cansativos que estavam tendo. Ela gostaria de pensar que uma vez esse episódio tivesse terminado, poderiam se dar um descanso ou pelo menos tentar. Ele parecia ler seus pensamentos.

- Talvez depois desses dias cansativos, nós pudéssemos nos dedicar a um pouco de diversão. Seria muito bom para nós. Acredito que ambos estejamos merecendo. Ainda nos faltam seis episódios para filmar, muito trabalho pela frente e – ele soltou a mão dela para que se aconchegassem debaixo do edredon – algumas decisões para tomar, portanto um tempo de descanso nos fará muito bem, mesmo que seja apenas um final de semana.

- Nate... não precisamos pensar nisso agora. Depois resolvemos – ele acariciou o rosto dela sorvendo seus lábios em um beijo simples e carinhoso – boa noite.

- Boa noite, amor.

Antes de dormir realmente, Stana passou um tempo pensando no que Nathan falara sobre a festa e Krista. Talvez estivesse mesmo fazendo tempestade em um copo d’agua devido aos seus excesos de hormônios ou havia algo incomodando seu sexto sentido. Dois dias depois, ela descobriria que suas suspeitas não eram infundadas.

No dia seguinte, eles filmaram juntos da manhã até a noite. No meio da tarde, os atores encerraram suas participações especiais. Despediram-se de todos. O cumprimento a Stana foi seco, sem maiores elogios, já com Nathan houve toques, risos e ela percebeu que estendeu um papel colocando-o nas mãos dele, o que ele recebeu de maneira intrigada apesar de manter o sorriso no rosto. Viu quando a mulher falou silenciosamente “me ligue”. O que provava que Stana tinha toda a razão em desconfiar da atriz como o fez desde o inicio.

No próximo dia, outra surpresa aguardava Stana. Eles acabavam de gravar uma cena no distrito quando David se aproxima deles dizendo que havia uma visita procurando por Nathan na entrada do estúdio.

- Visita? A pessoa se identificou? – perguntou ele intrigado, não esperava ninguém.

- Não, apenas disse que era sua amiga – ele e Stana se entreolharam – melhor você checar. Nathan seguiu o conselho de David ainda incerto sobre o que deveria encontrar. Ela, também curiosa, acabou indo atrás. Na porta do estúdio, ambos deram de cara com alguém inesperado. Stana engoliu em seco ao ver a mulher.

- Krista? O que faz aqui? – Nathan perguntou.

- Resolvi aproveitar que estou em Los Angeles para conhecer o local onde trabalha, o que você faz e quem encanta com todo esse charme – ela se aproximou dele já passando a mão em seu peito sem qualquer cerimônia. Não interessava se estava em ambiente profissional ou se ele era comprometido. Falta de senso total – pode me mostrar o estúdio? – já se enroscando no braço dele, como se fosse sua dona. 

Stana escondeu-se numa das salas ali perto para não ser vista. O sangue fervilhava diante do abuso daquela mulher. Uma aproveitadora, mais uma piriguete na vida do Nathan. Claro que reparara no constrangimento dele ao se deparar com a biscate, mas conhecia o marido muito bem para saber que ele iria trata-la bem, fazer as honras da casa e certamente daria uma impressão errada para a mulher que buscava apenas ascensão social em plena Hollywood.

Não podia tolerar isso, contudo, não podia também mostrar-se incomodada. Para todos os efeitos, ela não tinha nada com Nathan, ele era solteiro e livre para fazer o que quisesse. Precisava se acalmar. Dara. A amiga iria ajuda-la. Antes de seguir para a sala dos escritores em busca da única pessoa capaz de lhe entender nesse instante, viu quando Nathan passou pelo corredor conversando e rindo animadamente com a tal zinha.

- Dara? – Stana chamou pela amiga com uma certa urgência na voz – Dara? Você está aí?

- Não, ela foi até o set do loft atrás de Chad – falou Terri que percebeu o semblante de Stana – algum problema?

- Não, nada. Eu só... preciso de uma ajuda, numa cena... vou atrás dela – sem dar maiores explicações, ela saiu apressada. Conforme Terri dissera, Dara estava por lá conversando com o marido. Também percebeu que Nathan e a tal Krista estavam por lá. Ele mostrava o loft de Castle para a mulher irritante que ria exageradamente e não perdia a chance de esfregar-se nele ou toca-lo de uma maneira inconveniente. Ao avista-la chegando, Dara veio ao seu encontro com um semblante preocupado.

- Stana, eu preciso falar com você – saiu puxando a amiga até uma sala vazia. A escritora não sabia que Stana tinha visto o que a tal mulher estava aprontando por isso tratou de tira-la do caminho antes que a atrix acabasse fazendo uma besteira. O rosto de Stana revelava que não apenas tinha visto como estava bufando de raiva. Percebendo que estavam seguras para conversar, Dara tornou a perguntar – quem é essa mulher com o Nathan?

- Você quer dizer essa aproveitadora. O nome dela é Krista. Eu vi uma foto que dela no twitter dele. Encontrou-a num evento. Agora ela deve achar que são melhores amigos. Típico do Nathan, não sei como ele consegue atrair tanta piriguete! Acho que tem o radar estragado, só pode! – ela estava irritada, nervosa e se roendo de ciúmes por ver uma outra mulher roçar seu corpo no do seu marido e não poder fazer nada.

- Calma, Stana. De nada vai adiantar você ficar com raiva. Nathan não tem escolha se não entrete-la um pouco. Do jeito que essas mulheres são, mesmo se colocássemos vocês para fazer uma cena agora, aposto que ela não arredaria o pé daqui.

- Esse não é o problema. Você sabe como Nathan é. Quer ser solicito com todos, bancar o melhor anfitrião e acaba enviando todos os sinais errados. Dara acha que essa mulher veio aqui por curiosidade sobre o trabalho dele? Nada! Ela veio sonda-lo, tentar ganhar um jantar e você sabe mais o que... – ela andava de um lado para outro – droga! Droga! Por que você tem que ser assim, Nate? Tenho vontade de socar a cara dela.

- Hey! Se continuar assim, vai acabar deixando transparecer sua raiva. Ai, além de explicar o ataque de possível ciúmes, ainda vai atrair a desconfiança dos demais. Não confia no Nathan?

- É claro que confio nele. Não confio é nessas mulheres. Você mesma viu o jeito daquela atriz com ele ontem. Agora isso! Dara, ele a conhecia de anos, ela era atriz pornô!

- Quem? Krista? – então era essa a preocupação de Stana, que Nathan e a atriz tivessem um passado, na cama – faz mais sentido agora.

- O que? – ela olhou para amiga com um olhar digno de Kate Beckett.

- Já entendi seus ciúmes, não a culpo. Mas, Stana você precisa esquecer sua crise de ciúmes, se concentrar para atuar porque caso contrario será você quem vai colocar o segredo de vocês a perder.

- Eu sei, eu sei. Só que não tenho sangue de barata! Eu juro, se essa mulher tentar qualquer coisa mais ousada com ele, eu não respondo por mim – vendo o nervosismo de Stana sair do controle, Dara a segurou pelos braços chacoalhando-a.

- Escute! Nada de loucuras, está entendendo? Controle-se! – viu as lágrimas se formarem nos olhos dela – me escute, Stana, você não fará nada do que poderá se arrepender. Está com a cabeça quente, imaginando mil coisas que nem aconteceram. Nós iremos até o banheiro, você irá lavar o rosto, respirar fundo e refazer a maquiagem. Eu vou dar um jeito de encurtar esse encontro colocando-os de volta no set. Vamos trabalhar, é o melhor que fazemos.

As suas saíram da sala apenas para dar de cara com Nathan e Krista no corredor. A cena, Dara reconheceu, deixaria qualquer pessoa louca de raiva. A mulher se projetava no corpo dele pressionando-o contra a parede. Então, as duas pressenciaram algo de cair o queixo. A tal Krista avançou sobre ele beijando-o, ou melhor dizendo, devorando-o enquanto suas mãos deslizavam pelo corpo de Nathan até apertar o meio de suas calças. Sem saída, por conta da arapuca em que se metera, ele se viu envolvido por uma mulher persistente que sabia exatamente o que queria.

O queixo de Stana caiu ao ver aquilo. Cerrou os punhos e impulsionou o corpo para avançar na piriguete, mas Dara com muita força conseguiu dete-la evitando o pior. Involuntariamente, ela deixou escapar um gemido angustiado seguido de uma palavra  sussurrada em meio a dor.

- Não...

Stana saiu quase correndo dali. As lágrimas começavam a escapar. Entrou no banheiro trancando-se em um dos cubículos dexando as lágrimas escaparem. Dara certificando-se que ela estava segura, apenas precisando de um momento para se recompor do choque, voltou ao corredor onde Nathan estava. Surpresa ao ver que a mulher ainda o atacava, apesar de vê-lo afastando-a de si.

- Pare, Krista! Quem lhe deu o direito?

- Ah, qual é, Nathan. Você estava querendo isso desde aquele evento. Agora mesmo ficou todo galanteador, sorrindo, se autopromovendo, estava na cara que queria um beijo e muito mais que isso. Podemos sair daqui agora direto para um festival de sexo que você nem conseguiria imaginar, meu amor. Posso te levar a loucura de tantas formas... e sabe o que é melhor? Você pode colocar onde quiser...tome tudo! Tudinho...

Dara não estava acreditando naquela cena. Que safada! Vulgar! Nathan não podia....simplesmente não podia fazer isso com Stana.

- Krista, eu.... – reunindo forças diante do choque, falou – é melhor você ir andando.

- Está me dispensando, Nathan? Não quer uma tarde de prazer intenso ou você não dá conta? – ela provocou.

- Não posso, tenho que trabalhar. Vá embora.

- Tão certinho... podemos fazer isso hoje à noite, eu te dou meu número , no meu hotel. Que tal? – novamente ela apertou as partes dele.

- Não! – ele tentou ser mais enfático sem ser grosseiro – eu disse que não posso. Krista, vá embora. Eu não quero me envolver em relacionamentos agora.

- E quem falou em relacionamentos? Estamos falando de sexo, excelente sexo. Quero transar até seus neurônios explodirem. Eu posso fazer isso... – quando ela tentou agarra-lo novamente, ele se desvensilhou dela com determinação.

- Já disse não. E por favor, não me procure – ao virar-se deu de cara com Dara – a quanto tempo você está aí?

- Tempo suficiente para saber que você está em apuros...

- Cadê ela? – Dara o calou por um momento, apontando com a cabeça na direção de Krista que ainda estava ali, aparentemente possessa.

- Com licença, você quer que eu lhe mostre a saída? – Dara olhava para ela com desdém.

- O que foi? É você que ele está comendo? Que desperdício! Você é um frouxo, Nathan. Covarde e frouxo. Negando fogo! Quer saber? Tenho mais o que fazer. Eu sempre achei que você era gay, talvez não tivesse tão errada.

- Saia daqui antes que eu chame a segurança para escolta-la.

- Quanta gentileza! – ironizou e saiu pisando duro pelo corredor. Dara pode ver o pavor no rosto de Nathan.

- Cadê a Stana? Dara, eu não... oh, Deus! Ela viu?

- Uma parte. Ela está louca de ciúmes e esse amasso foi a gota d’agua. Você terá que ser paciente. Não vai dobra-la tão facilmente.

- Mas eu não fiz nada! Ela não pode...

- Sei que não fez, mas o simples fato dessa mulher estar aqui, não torna nada mais fácil. Você precisa consertar isso. Eu poderia te ajudar, mas nesse momento, ela não ouviria. Está no banheiro feminino, vem comigo.

Dara o levou até o banheiro onde Stana ficara se acabando de chorar. Pedindo para ele esperar do lado de fora, ela entrou para ver como a amiga estava e se ainda era a única pessoa no banheiro. Stana olhava-se no espelho. O rosto estava seco apesar dos olhos não esconderem o quanto chorara.

- Como você está?

- Como você acha? Confusa, chateada, irritada... o que você está fazendo aqui? Disse que ia cuidar de livrar-se daquela, daquela zinha!

- Ela já foi... Stana, olhe, Nathan está aí fora. Ele quer falar com você... ele insiste.

- Não quero falar com ele – resoluta. A porta do banheiro se abriu, Nathan entrou. Aproximou-se dela procurando toca-la, porém ela se esquivou. Não conseguia olhar para ele. Não queria. Estava demais irritada para encara-lo agora. A imagem do beijo, o jeito como a pirirguete o agarrara. Era demais, um soco no estomago. Sentia-se enjoada.

- Stana... eu não fiz nada... por favor, fale comigo. Por favor, amor! – os olhos dele suplicavam por uma palavra. Dara sentiu pena da maneira como os dois escolhiam lidar com isso. Saber que essa briga era por nada, somente a tornava mais irracional. Porém, em relacionamentos, nada se resolvia de cabeça quente. Ela ergueu os olhos para fita-lo pela primeira vez. Ele estava triste, preocupado, estava ali nos belos olhos azuis. O aperto no peito voltou a incomoda-la.

- Não posso falar com você agora, Nathan. Simplesmente não posso! – fugindo do seu contato, ela caminhou até a porta – Dara, eu não posso ficar, não tenho condições. Você inventa uma desculpa? Eu não vou para casa hoje. Vou ficar no meu apartamento com Gigi.

- Stana, espera! – quando ele fez menção de sair atrás dela, Dara o segurou.

- Não, deixe-a. É melhor que passe um tempo sozinha. Precisa esfriar a cabeça.

- Mas eu não fiz nada, Dara!

- Eu sei. Só que não é apenas o fazer que está corroendo seus pensamentos. É a possibilidade de isso acontecer, o domínio do ciúme a envolver e ela não puder colocar seus medos e sentimentos para fora como qualquer pessoa em um relacionamento normal. Apenas espere, ela mesma cairá em si.

Stana passou feito um furacão pelos corredores do estúdio. Chegando em seu carro, pegou seu celular e discou.

- Gigi?

- Hey, sis. Tudo bem?

- Não, não está nada bem. Estou indo para o apartamento – alarmada, Gigi fez o que podia.

- Eu te encontro lá.



Continua....