Nota da Autora: Nesse capítulo, temos a entrada de uma nova personagem. Ela é uma homenagem a linda Gillian Anderson, você verão o trocadilho no nome. Kate está muito confusa com os últimos acontecimentos que acontecera com Castle. Após ceder uma vez mais à tentaçào, ela estava determinada a evitar que isso voltasse a se repetir. Para isso, apelou para uma ajudinha. Ela só não contava com o aparecimento de alguém bem especial na vida de Castle.
Cap.6
Beckett fez
sua escolha ao surpreendê-lo ao final do lançamento do livro de Nikki Heat. Por
estar empolgado com a possibilidade de escrever sobre o suposto agente
britânico que não podia ser nomeado, acreditou que haveria uma grande chance de
abandonar a saga de sombra da detetive. Era um excelente plano quando Kate
pensou em executa-lo, uma espécie de despedida.
O que ela não
contava era com o sucesso de Heat Wave. Tinha suas dúvidas quanto ao
envolvimento de Castle no telefonema para o prefeito e para o seu capitão.
Sendo sincera, brigou, esperneou, porém após o desentendimento com o escritor
em plena festa de lançamento, percebeu que não estava totalmente pronta para
deixa-lo partir.
Diante da
constatação da existência de três outros livros, Kate precisava encarar o fato
de que Castle estaria cada vez mais em sua vida. Todos os dias, em cada
investigação. Iria ouvir besteiras, teorias malucas, cantadas, exibicionismos
típicos de homem. Também não podia deixar de reconhecer que ele a ajudaria ao
longo do caminho. Até aquele momento, era trabalho e responsabilidade para com
o seu capitão, com a NYPD. Por isso, acabou entrando em mares a muito tempo não
navegados, expondo sua sexualidade a priori, para um charmoso estranho,
abrindo-se para a experiência da conquista e do desejo. Um única noite,
transformou-se em várias outras transas deliciosas, deveria reconhecer, ao lado
do escritor.
Chegara o
momento de reflexão, de decisão. Não poderia ficar criando atmosferas e
joguinhos sensuais com Castle agora que sua presença no 12th distrito iria se
intensificar. O que começou como uma forma de dar uma chacoalhada na sua vida
ordinária, acabou se tornando uma atração capaz de dar a Beckett crises de
vontades, as quais não conseguia explicar. Sentia uma imensa vontade de
desabafar esse assunto com alguém. Queria dividir as dúvidas que pairavam em
sua mente, ter outro ponto de vista.
Pensara em
Lanie, mas conhecendo a amiga saberia que seu conselho seria o de aproveitar ao
máximo a oportunidade de ter um cara como Castle, rico, charmoso e divertido em
sua cama. Não era de alguém para botar ainda mais fogo nessa situação que Kate
precisava. Ela procurava entender se essa sua necessidade que batia de vez em
quando era apenas desejo e prazer sexual ou se havia algo diferente acontecendo
com ela ao pensar em Castle.
Análise. Teria
que usar a razão para avaliar o que sua mente estava querendo lhe dizer. Não
poderia ser somente suas conclusões, havia a necessidade de uma segunda
opinião. Suspirou fundo após colocar o colar com o solitário da sua mãe no
pescoço aquela manhã. Não iria adiar. Hoje mesmo ela faria a ligação para a sua
antiga terapeuta. Havia algo estranho na sua relação com Castle e apenas uma
pessoa que já a conhecia bem poderia ajuda-la a lidar com a confusão que
reinava em sua cabeça.
Meia hora
depois que chegara ao distrito, Castle surgira em frente a sua mesa com duas
canecas de café fumegante.
- Bom dia,
detetive Beckett! Linda manhã para pegarmos assassinos juntos, não?
- Ah, Castle!
Detesto acabar com sua alegria, mas parece que os loucos resolveram dar um
tempo nos homicídios e te decepcionar. Quer fazer papelada comigo? Estou com
dois relatórios atrasados por conta da sua festa de lançamento.
- Nem em um
milhão de anos faria esse trabalho chato!
- Deve ser por
isso que você é um escritor e eu carrego a arma. Ser detetive tem seus momentos
sem glamour, Castle. Bem-vindo ao mundo real.
- Confessa,
você adora implicar comigo como se eu vivesse no pais das maravilhas.
- E estou
errada, Alice?
- Haha! Estou
morrendo de rir, não está me vendo rolando no chão? – ele passou a mão nos
cabelos – certo, mesmo sabendo que você dirá que não está interessada, o que é
apenas uma demonstração sua de puro charme, irei aproveitar a falta de crimes
nessa cidade, fato raro, para ir assinar o meu contrato milionário para
escrever três novos livros de Nikki Heat. Sabe o que isso significa, detetive
Beckett?
- Eu pareço
interessada? – ela fazia cara de desdém.
- Muito... –
ele sussurrou com o rosto quase colado ao dela – significa que você não vai se
livrar tão cedo de mim. Isso não é ótimo? – ele a viu rolando os olhos e
sorriu. Adorava implicar com Kate. Ela ficava muito linda com raiva – se me dá
licença, vou assinar nossa parceira – afastou-se dela erguendo-se da cadeira –
se alguém morrer, não hesite em me ligar.
Assim que
Castle saiu, ela pegou o telefone entrando em contato com a sua terapeuta.
Marcara uma consulta para hoje logo após o expediente.
Consultório da
Dr. Anderson
Kate aguardava
na sala de espera. Apenas a secretaria no computador. Não podia negar que
estava ansiosa. Fora difícil tomar a decisão de vir até ali, expor problemas
pessoais por sua livre e espontânea vontade. Esse ambiente trazia recordações
nada agradáveis para ela, da última vez que estivera em um consultório assim,
precisamente nesse mesmo lugar, enfrentara a perda da mãe, a dura realidade de
ser resgatada de um buraco profundo que se metera ao investigar quase de
maneira doentia o assassinato da mãe. Uma dos pontos que se recordara com
precisão eram as olheiras profundas e seu peso na época, chegara aos 45 kg,
parecia uma caveira ambulante.
Dessa vez, o
motivo era outro. Tão pessoal quanto, porém nada doloroso comparado ao caso da
mãe. Kate consultou o relógio, passava quinze minutos da hora marcada. Sim,
estava ansiosa. Não seria fácil falar sobre Castle sem parecer algo banal para
uma terapeuta, mas conhecia a Dr. Dara Anderson o bastante para saber que ela
trataria a sua preocupação com todo o cuidado necessário simplesmente por
conhecer Kate o suficiente, saber como sua linha de pensamento funciona.
A porta do
consultório se abriu. A terapeuta despediu-se de seu paciente e sorriu para
ela.
- Olá, Kate.
Vamos entrar? – ela a acompanhou. A médica fechou a porta atrás de si indicando
o divã para que sentasse – aceita um café? Uma água? Lembro que você é viciada
em café com essência de baunilha.
- Sim, eu
aceito o café – sabia que era uma forma de controlar o nervosismo. Observou a
médica sentar-se na poltrona a sua frente. Ela entendia que estava sendo
analisada, cada gesto. Para Kate não era diferente, seus olhos eram treinados
para estarem sempre alerta tanto ou mais que a terapeuta. Tomando um novo gole
do café, ela suspirou.
- Então, Kate.
Fiquei surpresa quanto Susi me confirmou sua consulta. Faz muito tempo que não
te vejo. Continua muito bonita. Estou curiosa para saber o que a trás aqui. Estive
em um congresso e depois tirei férias, estava na Europa há um mês e meio. Estou
precisando de coisas novas. Quer começar?
- Estou aqui,
não? – ela suspirou – não pense que foi fácil.
- Sei que não.
Imagino que o assunto não é sobre sua mãe. Ainda na polícia, certo?
- Sim, o
assunto envolve o trabalho e uma pessoa – Beckett esperou que a médica a
interrompesse, mas não ocorreu – eu continuo trabalhando como detetive no 12th
distrito. Vivia minha vida normalmente, de casa para o trabalho, noites em
plantões e investigando crimes nas ruas de Nova York sem me importar com muita
coisa além de fazer justiça. Até uns meses atrás, dez meses para ser mais
exata. Eu fui chamada para resolver um homicídio, a filha de Jonathan Tisdale.
A cena do crime lembrava um caso que eu lera em um livro de mistérios de Rick Castle,
o escritor. Você conhece, não?
- Sim, Derrick
Storm. Li todos os seus livros menos o último no qual ele matou o investigador.
Espere, estou me lembrando de outra coisa – Dana checou as suas anotações de
Kate – é, tinha uma vaga lembrança. Foram os livros dele que a ajudaram durante
a recuperação da perda da sua mãe. Você me contou isso. O que tem ele? Era
suspeito?
- Não. Ele se
ofereceu para ajudar nas investigações, o que tornou-a um pesadelo. Ele é
teimoso, incapaz de obedecer alguém, irritante, narcisista e...
- Oh, calma!
Assim vai usar todos os maus adjetivos existentes para uma única pessoa. Por
que tanta irritação ao falar dele? O caso não foi resolvido?
- Foi. Castle
é charmoso, bonito, não posso negar. Durante a investigação, ele usou algumas
cantadas me provocando. Então eu fiz algo que não me imaginei fazendo em um
longo tempo. Eu cedi à tentação. Aceitei ter uma única noite com ele,
desestressar, sentir o momento do sexo outra vez, afinal que mal iria fazer? Eu
não o veria mais, somos de ciclos totalmente diferentes. Eu me entreguei e como
a muito não sentia, me senti revigorada, satisfeita. Então, o pesadelo começou.
No dia seguinte, meu superior me comunicou que Castle já tinha escolhido sua
nova personagem para o próximo livro. Por conta disso, ele alegou ter que fazer
pesquisa o que significa ser minha sombra. Não pude recusar apesar de deixar
claro para o meu capitão que não concordava com aquilo. Mas, era bom para a
NYPD, o Comandante aprovou, o prefeito recomendou. Ele tem o prefeito de Nova
York em discagem rápida!
- Então,
imagino que o fato de ter dormido com ele na noite anterior é o que a incomoda.
De alguma forma sente-se exposta, quase fragilizada como profissional na frente
dele. Problemas de autoridade.
- É, isso
também. Eu deixei claro que se seria obrigada atura-lo me seguindo todos os
dias, ele estava proibido de mencionar o ocorrido para qualquer pessoa,
especialmente dentro do distrito.
- Se está aqui
é porque ele a desobedeceu, presumo. Isso pôs em cheque sua carreira, sua
autoridade no comando de suas funções de detetive?
- Não,
realmente. Ele chegou a mencionar uma vez apenas para mim como um argumento e
logo o fiz esquecer. Esse não é o maior problema. O livro saiu. Aparentemente,
a história foi um sucesso.
- Aparentemente?
– questionou a terapeuta já supondo que ela lera.
- Certo, foi
um sucesso. Heat Wave é muito bom, bem no estilo de Castle. Por conta disso, ele
acaba de fechar um contrato para escrever mais três livros de Nikki Heat.
- Agora você
me deixou curiosa para ler o primeiro. O que há de tão errado em simplesmente
repetir o que já vinham fazendo, investigar, teorias, passaram dez meses do
suposto incidente, não fique racionalizando em um único ponto, é passado. Você
precisa aprender a simplesmente deixar de se preocupar tanto, deixar as coisas
para trás – a médica a observou por um minuto, Kate desviara o contato olhando
para o nada. Viu a agitação das mãos – a menos... – Dana se inclinou para focar
o rosto de Kate – existe algo que você não está me contando, Kate?
Ela engoliu em
seco. Fora para isso que viera até ali, não? Passando as mãos nos cabelos,
suspirou e fitou a terapeuta mais uma vez. Não tinha porque esconder dela.
- Não foi
apenas uma vez. Eu não resisti, nós não resistimos. Ele fica me provocando, me
dando motivos... – ela estava irritando-se, porém por trás desse sentimento
havia outros. Nervosismo, ansiedade e medo. Ela se levantou começou a caminhar
pela sala – eu não sei o que deu em mim, parece que depois de dormir com
Castle, de repente virei essa maníaca cheia de desejo. Eu não sou assim, quer
dizer, não muito. Mas ele tem que ficar me provocando com aquele sorrisinho
cínico e aqueles olhos azuis. Não posso simplesmente virar a válvula de escape
para Castle, nem ele para mim. Ele foi casado duas vezes isso não é um bom
sinal – ela calou-se por uns instantes, balançou a cabeça – já não estou
falando coisa com coisa.
- Na verdade,
está sim. Kate, o que há de errado em se sentir atraída por alguém? Pelo que me
contou, ele não é apenas irritante como você diz, há motivos que a atraem até
ele sem ser físicas. Seja honesta, fale um pouco mais sobre o escritor.
- Ele é
irritante sim, superficial! Ele transou com a ex-mulher que veio até Nova York!
- Isso a
deixou com ciúmes?
- Não... – mas
sua expressão não era convincente – não, Dana. Não foi ciúmes, eu só...
- Queria o que
ela tivera, outra oportunidade de ficar com ele – vendo que Beckett não a
contestou, continuou - As qualidades, Kate. Fale-me do que admira nele.
- É um ótimo escritor.
Ele é inteligente, vê uma investigação de maneira diferente da minha mesmo que
cheguemos a mesma conclusão juntos na maioria das vezes. Ele tem uma filha,
parece ser um bom pai. Só que nada disso muda o fato dele ser intrometido, não
aceitar ordens e achar que tudo pode ser resolvido com um dos seus amigos –
disse isso debochando de Castle.
- Entendo, da
forma que você descreveu-o, a personalidade dele não parece lhe incomodar
tanto.
- Ele mexeu no
caso da minha mãe! Eu pedi para não fazê-lo.
- Ah, isso
trás uma outra perspectiva ao caso. O que aconteceu?
- Eu o
expulsei do distrito, ele não contestou depois dos meus argumentos. Então, ele
voltou e se desculpou de uma forma que fez meu coração perceber a sinceridade
das suas palavras. E... nós transamos novamente. O caso se repetiu na festa de
lançamento de Heat Wave. Dessa vez, eu planejei. Quase desisti, é verdade,
porque discutimos no meio da festa. Como eu disse, ele consegue me irritar.
- Foi a última
vez? – Dana perguntou.
- Sim, mas esse
não é o problema.
- E qual é?
- Eu não sei o
que está acontecendo. Essa foi apenas a última vez porque aconteceu há dois
dias atrás. Eu me pego pensando em como vou conseguir resistir outra vez. O
problema é que às vezes não consigo separar o escritor do homem, meu desejo
insiste em dominar a razão. Isso não pode acontecer. É meu trabalho. Não quero
arriscar nada por umas horas de sexo. Por uns encontros e beijos e.... – ela
não terminou. Sentou-se escorada no divã tentando ordenar seus pensamentos.
- Eu consigo
entender a confusão que deve estar em sua mente. A pergunta que você gostaria
que eu respondesse era como parar isso? Como não pensar no seu desejo, tratar
Castle como se fosse qualquer um, estou certa? – Beckett meneou a cabeça em
concordância – a resposta que eu posso lhe dar é que... você está em meio a um
misto de sentimentos. Minha opinião? Você não quer apenas sexo com Castle, da
mesma forma que não quer, no fundo, perder a parceria dele. Mesmo que não tenha
admitido ainda para mim, eu a conheço. Hoje ele está ajudando-a em seu
trabalho, mas adivinha? Ele não é um detetive, não é da NYPD, portanto não tem
nenhuma objeção para que você tenha qualquer tipo de relacionamento com ele –
Kate fez menção de contestar, contudo a terapeuta a impediu.
- Ainda não,
Kate. Apenas escute. Você não sabe o que sente por Castle. Precisa entender
claramente. Existe um sentimento ou apenas atração? Precisa descobrir quem é
Castle para você, um escritor qualquer que entrou e sairá brevemente da sua
vida? Um possível parceiro de trabalho? Um rolo? Esse é o “X” da questão que
não vamos resolver hoje.
- Como assim?
- Por hora,
você já me contou uma boa parte da sua relação com Castle, porém para ajudar a
definir como lidar com ele e que tipo de relacionamento existe entre vocês,
terá que me fornecer um pouco mais de informações. Faremos isso juntas. Em várias
sessões. Quero maiores detalhes do comportamento nos casos e sua reação a ele.
Mesmo horário amanhã?
- Espera, eu
pensei que você fosse me dar uma solução ou abrir minha cabeça, chacoalhar meu
juízo para cair na real. Pensei que ia dizer que fiz besteira.
- Kate, não
funciona assim. Pelo pouco que me contou não é tão simples. Confie em mim
novamente. Não perca seu sono tentando achar respostas, se fosse fácil, se você
tivesse certeza, não teria vindo até aqui.
- Tudo bem,
mesmo horário amanhã. Obrigada, Dana.
- É um prazer,
Kate – a terapeuta a viu sair pela porta. Sorrindo, Dana Anderson já entendera
tudo. A chegada de Rick Castle provocara uma reviravolta na vida da detetive.
Ia demorar um pouco, era verdade, mas Kate ia perceber o que acontecia com seu
coração. Ela já estava apaixonada por Castle, apenas não conseguir enxergar ou
admitir. Levantando-se da poltrona, a terapeuta voltou a sua mesa para fazer
algumas anotações. Sua próxima parada seria numa livraria. Estava curiosa para
ler Heat Wave.
Quando chegou
em casa, tudo o que ela queria era banho e cama. A sessão com a terapeuta fora
interessante, contudo em nada ajudara para saber como agiria no dia seguinte.
Tudo bem, ela sabia que essas coisas não se resolvem em duas horas apenas. Dana
certamente já tinha algo em mente ao mencionar as várias sessões. Isso não a
incomodava. Colocar para fora suas dúvidas, ter uma pessoa neutra para ouvi-la
e opinar era bom. Seguira o primeiro conselho de sua terapeuta, não pensaria
nisso essa noite.
No dia
seguinte, Kate voltou ao distrito começando um novo caso ao lado de Castle.
Tentou agir da mesma forma de antes, parecia estar surtindo efeito. Pelo menos
não discutiram muito com relação a teorias malucas e houveram especialmente por
se tratar de um crime na lua cheia.
À noite,
retornou ao consultório da terapeuta e contou mais detalhes sobre a
participação de Castle em seus casos. As boas e as más que no fundo somente se
tratavam de implicâncias quanto ao jeito dele encarar a vida. Os encontros se
estenderam pela semana toda, Kate estava gostando de ter alguém com quem
conversar. Nessa sexta-feira, ela comentou sobre o caso que estavam
investigando. Acabavam de prender o culpado e Kate não pode deixar de ressaltar
uma certa admiração pelo comportamento de Castle em relação a filha.
- Eu já
comentei para você que Castle tem uma filha, Alexis. É adolescente. Uma menina
ótima, centrada, posso dizer com toda a certeza bem mais responsável que o pai.
Entretanto, o que vi durante esse caso, uma roqueira que Alexis gostava muito
fora assassinada. Pude ver a relação dos dois, como ele se preocupa e faz tudo
para mima-la, talvez compensar a ausência da mãe. Nem parece o moleque de doze
anos que passa o dia falando besteiras ao me seguir. Foi impressionante ver
esse outro lado de Castle.
Dana sorriu.
Aos poucos, Kate deixava escapar suas predileções e admiração por Castle. Tinha
certeza que isso se repetira mais vezes. As semanas foram seguindo casos
aparecendo e Kate contava sua percepção dele em cada caso. Kate teve que reconhecer,
desde que começara a terapia, não houvera recaída. Pensamento e vontade, sim.
Contato físico ou beijo, não. Era uma terça e Kate chegara realmente bufando no
consultório. Irritada era pouco para descrevê-la.
- Você está
bastante agitada hoje, Kate. Sequer sentou-se – andava de um lado a outro do
consultório – quer me contar o que aconteceu?
- O que
aconteceu? Castle aconteceu! Não sei o que ele tem na cabeça. Simplesmente se
envolveu com uma das potenciais testemunhas, isso que ele fez. Pior, se deixou
enganar porque ela era, na verdade, a mandante e assassina. Ao menos admitiu
isso no fim.
- Quando você
fala se envolveu, quer dizer que ele dormiu com uma suspeita?
- Ele disse
que não, ela certamente queria. Mas, eu não sei.
- É isso que
está deixando você irritada, o fato dele estar se envolvendo com outra pessoa
que não seja você? Isso é ciúme?
- Eu? Com
ciúme de Castle? De onde tirou essa ideia? – não estava sendo convincente,
claro – não tenho qualquer ciúme dele, por que teria? – Dana deu de ombros – o
que você está insinuando, Dana?
- Nada. Eu fiz
uma simples pergunta. Considerando a raiva que você chegou aqui e a história
que contou, me pareceu óbvio.
- Óbvio? Acho
que você não está me entendendo. Eu cheguei aqui com raiva porque Castle quase
estragou uma investigação importante de assassinato por se encantar com uma
loira e pensar com a cabeça de baixo. Além de homicídio, havia prostituição
envolvida, coisa pesada.
- Desculpe-me,
Kate. Não é o que está parecendo.
- Você
entendeu tudo errado, Dana. Não foi nada disso – vendo que a terapeuta ficou
calada, insistiu – fala alguma coisa, não é esse seu papel? Analisar e dar um
parecer?
- Dessa vez
vou me dar o voto do silêncio. Deixar a reflexão a seu critério.
- Sendo assim,
você está errada em seu julgamento e acho que essa sessão terminou. Quero dar
um tempo, posso voltar na semana que vem. Kate saiu chateada com a terapeuta.
Não admitia que jogasse na sua cara uma resposta tão ridícula como ciúmes. Ela
não tinha esse tipo de sentimento por Castle, tinha? A pergunta da detetive
seria respondida no seu próximo caso, de uma maneira inesperada. Alguém
importante do passado de Castle cruzaria seu caminho fazendo-a encarar que a
possibilidade levantada pela terapeuta não era tão despropositada assim.
XXXXXXXXX
Naquela manhã,
Beckett ligara para Castle sem receber retorno, provavelmente andara ocupado.
Uma pena, esse era o tipo de assassinato que ele adoraria. Morte em um
casamento. A vítima era Sophie Ronson, viera de Los Angeles para ser dama de
honra no casamento. Asfixia, o assassino a sufocou por trás, tinha um brinco
faltando, parecia ter sido arrancado. Não estava no quarto. A chave foi usada
pela última vez às 3h18. Os demais estranharam a ausência de Castle, mas
continuaram suas tarefas. Beckett entrevistara os noivos mesmo não conseguindo
muita coisa deles.
Finalmente
suas maluquices foram resolvidas. Ele estava simulando uma cena para o próximo
livro de Nikki Heat estando todo amarrado numa cadeira. Ao checar o telefone,
pegou o endereço do crime e correu para encontrar a detetive. Porém, Castle ia
ter um encontro inesperado. Ao surgir no hotel, foi logo pegando detalhes com
Ryan e Espo sobre o crime. A conversa enveredou-se para os vestidos das damas
de honra. Espo teceu um comentário.
- Devia ter
visto os vestidos delas. Horríveis.
- Vestidos de
dama de honra devem ser horríveis.
- Por quê? –
perguntou Esposito.
- Pra noiva
parecer mais bonita – disse Beckett.
- Viu? Não existe
uma mulher que não pense no casamento, nem Kate Beckett – disse Castle - Diga
que nunca tirou a foto de um vestido de noiva da revista.
- Nunca tirei
a foto de um vestido de noiva da revista.
- Você está
mentindo – Castle afirmou e repetiu para os rapazes - Ela está mentindo. Então,
quem é a noiva sortuda?
- O nome dela
é... – mas Castle reconheceu-a assim que ela virou-se. Alguém que não via a
muito tempo, alguém muito importante de seu passado.
- Kyra?
- Rick? Rick
Castle.
- Vocês se
conhecem? – perguntou Beckett ao presenciar os olhares íntimos entre os dois.
- Isso seria
uma meia verdade – disse Castle ainda olhando encantado para Kyra. Sua mente
estava a caminho de uma viagem a antigas memórias.
- Li em algum lugar
que estava trabalhando com a polícia, mas nunca teria esperado...Faz quanto
tempo?
- Muito tempo.
- Você está
exatamente o mesmo.
- E você está
melhor – respondeu Castle.
- Você sempre
soube como transformar uma frase. Isso é... Tão surreal. É o dia do meu
casamento, e você... aparece.
- Castle,
Lanie conseguiu algo para nós.
- Já vou – mas
ele não parecia se importar muito com que Beckett dizia. Eka seguiu para falar
com Lanie um pouco intrigada com a situação, era obvio que eles se conheciam em
outros sentidos, mas Castle parecia bem encantado com a noiva. Depois de pegar
as informações sobre o caso, ela comentou para a médica que Castle tinha uma
historia com a noiva. Ao perguntar se isso a incomodava, Beckett negou o que
não era verdade. Gostaria de saber mais sobre esse passado dele.
Após um
momento estranho com o noivo, Kyra acabou deixando-o. Beckett o encontrou ainda
aéreo observando a noiva partir.
- Kyra Blaine.
- Eu imagino
que ela seja alguém muito especial – jogou Beckett recebendo uma resposta que
não era do feitio de Castle.
- Ela foi
aquela que me deixou – aquela informação balançou Kate Beckett. Ela era
especial. Não sabia ao certo o que estava sentindo. Não podia pensar nisso
agora, tinha uma investigação para terminar. Continuou trabalhando, em busca de
pistas. Ainda havia muitas perguntas sem respostas quando Kate dividiu o
elevador com a noiva. Era um momento tenso para as duas, em especial para
Beckett. Só que ela precisava estabelecer uma conversa, queria descobrir um
pouco mais da relação dos dois.
- Era sobre o
Mike? – Kyra perguntou.
- Não. Só
seguindo umas pistas – Beckett respondeu e engatou a conversa - Seu vestido é
lindo, a propósito.
- Muito
obrigada. Kate, certo?
- Isso.
- Sinto como
te conhecesse de Nikki Heat, a dedicação. Ainda leio todos os livros do Rick -
confessou.
- Bem, grande
parte do livro é só resultado da imaginação hiperativa do Castle – Beckett
tentava ser descolada quanto ao assunto, fingir não ter importância.
- É engraçado
que o chame assim. Castle. Quando o conheci, era apenas Rick, seu 1º
best-seller ainda estava fresco – a porta do elevador abriu-se - Imaginação
hiperativa ou não, sei que só dedica seus livros à pessoas com quem realmente
se importa – deixou o elevador com um sorriso, confundindo ainda mais os
pensamentos de Beckett. Com o aparecimento do padrinho, eles descobriram que
Sophie drogara-o com ropinol. Estando ocupada com novos detalhes da
investigação, Castle aproveitou o momento para ter alguns minutos sozinho com
Kyra. Sabia onde acha-la.
Kyra estava
provando o bolo de seu casamento. Cortou um pedaço para Castle e comentou que a
essa hora deveria estar dançando com seu marido naquele salão. Era tudo tão
estranho. Então, ele perguntou movido por lembranças.
- Você se
lembra da última vez que dançamos?
- Sob o
relógio da Estação Grand Central. Ia para o JFK pegar um voo para Londres. Achei
que me seguiria - confessou.
-Disse que
precisava de espaço.
- Não quis
dizer para sempre – um silêncio incomodo pairou sobre os dois - Então, já fez
tudo isso antes.
- Duas vezes.
- E a cada
vez, pensou que era a certa?
- Parecia a
coisa certa a se fazer no momento – pela primeira vez Castle entendeu que nunca
casara por amor, pelo menos não o verdadeiro.
- Mas não era,
era? – ele balançou a cabeça concordando - Algumas garotas diriam que o que
houve foi um sinal.
- O
assassinato?
- E você – ele
a olhava examinando e pensando o que poderia ter sido a sua vida se estivesse
ido atrás de Kyra. Ela mexia com ele quase da mesma forma que...
- Castle – ele
virou-se para fita-la completando o pensamento. Beckett. - Estamos indo. Achei
que queria carona.
- Tenho que
subir. Devem estar me procurando – Kyra desconversou e saiu. Beckett observava
o jeito dele. Parecia perdido. Ela nunca tinha o visto daquela maneira. Sentiu
o coração apertar, um desconforto a tomava. Ela deu tempo para que ele se
ajustasse, para que pudesse retomar o que tinham a fazer. No elevador, o
silêncio ainda estava entre eles até que Castle resolveu quebra-lo.
- Nos
conhecemos na faculdade. Ficamos juntos por quase 3 anos.
- Eu não
perguntei.
- Perguntou,
mas não alto.
- Ela é
diferente de suas ex-esposas – Beckett comentou e era isso que a fazia especial,
pensou.
- O que quer dizer?
- Ela é real.
Não achei que tentaria algo real – ela percebeu a compreensão dele a ideia - Rompimento
difícil?
- Foi há muito
tempo.
Eles se
separaram. Castle decidiu que já tivera emoções demais por um dia. Beckett
atendeu a um chamado de Lanie sobre algumas descobertas no corpo da vítima.
Após a parte técnica, a amiga questionou a detetive.
- O amor
perdido de Castle?
- O que tem? –
tentando fazer-se de inocente.
- Garota, vou
te bater. Você trabalham juntos, todos os dias, ele escreve uma cena de sexo sobre
você, que me fez beber água gelada e agora que a noivinha aparece não me diga que
não sente ciúme.
- Por favor!
Você inalou muitos fluídos de autópsia – disse Beckett se dirigindo a porta,
não podia falar desse assunto com Lanie.
- Não é porque
você não vê, que os outros não veem.
- Cale a boca!
– gritou do corredor.
De volta ao
distrito, ela foi lembrada uma vez mais sobre Kyra, os rapazes encontraram o
livro com a dedicatória de Castle a ela. Fingindo não se importar, Beckett
focou no seu quadro, quando teve um insight. O cartão magnético de Mike.
Coincidentemente, Castle voltara ao distrito com a mesma ideia. No hotel, não
apenas encontraram o brinco perdido da vítima como descobrirarm que o interesse
de Sophie era no noivo. Levado para interrogatório, Greg confessa que ele
estava em seu quarto e que já dormira com ela antes, isso deixou Castle
irritado obrigando Beckett a tira-lo da sala. As coisas não seriam fáceis
diante dessa situação.
Ao terminar,
Beckett teve que deixa-lo ir. Viu Castle um pouco desolado em sua mesa. Teria
que enfrenta-lo, dizer-lhe verdades. Infelizmente, ela precisava não se deixar
afetar por toda essa historia do passado de Castle.
- Não acredito
que deixará simplesmente ele ir embora.
- Não tenho
evidências suficientes para sentenciá-lo.
- Não me diga
que acredita nessa história. É um filme pornô ruim.
- Exatamente,
se você fosse inventar uma história, inventaria algo como aquilo?
- E daí? Esse
cara é um burocrata, não um contador de histórias. Não o torna menos culpado.
- Não me
entenda mal, ele continua sendo nosso melhor suspeito. Só não estou pronta para
sentenciá-lo assassino. Como parece estar.
- Por isso que
me tirou do interrogatório?
- Estava claro
que eu conseguiria mais sozinha. Está próximo demais do caso para ver isso.
- Quer dizer, estou
próximo demais dela.
- Sim, sabe
como sei disso? Se não estivesse você teria visto a possibilidade de Kyra ter
matado Sophie.
- Isso é
impossível.
- Vê, não é o
que Richard Castle diria. Ele descreveria uma cena da noite anterior ao
casamento, onde Kyra não conseguia dormir, então ela desceu e foi ver Greg.
Apenas para ver Sophie saindo do seu quarto e pensar que seu noivo poderia
traí-la, na noite anterior ao casamento, foi demais. E então ela seguiu Sophie
até o quarto dela e a enfrentou as coisas ficaram violentas, Sophie acabou
morta. Você tem que ficar longe dela, Castle, até esse caso ser concluído – era
um aviso, porém também era uma proteção para si mesma. Gostaria de evitar
sentir-se tão insegura, sem explicação.
Castle foi
para casa. Remexer em itens do passado. Também foi surpreendido com uma ligação
de Kyra. Contrariando todos os avisos e a própria razão, ele aceitou se
encontrar com ela em seu antigo lugar secreto, um telhado.
Ela chegou
primeiro, conversaram sobre os velhos tempos. De como passavam as tardes
naquele lugar. Kyra comentou que Greg dissera a verdade sobre ele e Sophie,
Castle perguntou se acreditava nele. Não queria vê-la sofrer, porém Kyra disse
ser muito tarde para isso. Estava frio, ele gentilmente envolveu-a em seus
braços.
- Senti sua
falta, Rick. Não tinha percebido o quanto, até te ver ontem.
- Senti sua
falta também – então ele a beijou, matando as saudades que julgava ter dela.
Era uma volta ao passado. Sim, porque naquela noite, Castle descobriu coisas
interessantes sobre ele mesmo e sobre o que esperava de sua vida no futuro.
De volta ao
seu loft, deitado pensativo na cama, Rick Castle se pegou encarando realidades
esquecidas. O encontro inesperado com Kyra o fez perceber que na verdade nunca
amara realmente as suas duas ex-esposas. Não como se deve amar alguém para toda
a vida. Meredith era a mãe de sua filha, era grato pelo presente que recebera
dela. Amava ser pai e Alexis era seu tesouro. Mas Meredith nunca poderia ser a
mulher de sua vida. Nem Gina. Esse sim foi um casamento de total empolgação.
Quando reencontrou Kyra, ele entendeu. Talvez ela tivesse sido a mulher da vida
dele, aquela que o deixou, a dúvida se ela era o amor da sua vida pairava até
hoje à noite. Sentira saudade de estar com ela, saber o que fizera. E só. Ao
beija-la esta noite, foi invadido por uma sensação de nostalgia. Kyra era o seu
passado e o fez perceber que nem que estivesse descomprometida eles teriam
chance. Seu coração não a queria. Mesmo confuso sobre tantas outras coisas, ele
não a queria. Fechou os olhos, suspirando. Um novo rosto povoava seus
pensamentos. Kate Beckett.
XXXXXXX
Antes de sair
da delegacia naquela noite, ela ordenou uma equipe de vigilância para seguir
Kyra. Conhecia Castle o suficiente para saber que ele estava propenso a fazer
alguma besteira. Ela odiava ter que coloca-lo na berlinda, mas o que
presenciara esses dois dias confirmaram o quão balançado estava com esse
encontro.
Seguiu até o
consultório da terapeuta. Ela não tinha sessão marcada hoje, contudo precisava
desesperadamente conversar. Esperaria até a saída do último paciente se fosse
preciso. Pela hora, ela devia estar quase livre. A secretaria estranhou quando
Kate entrou pela porta. Informou que estava em seu último cliente. Tinha um
compromisso em uma hora e que a probabilidade de atendê-la era quase nula.
Mesmo assim, Kate disse que esperaria.
Dez minutos
depois, a porta do consultório se abriu. O rapaz cumprimentou a terapeuta mais
uma vez, despediu-se da secretaria e saiu. Dana Anderson escorara-se na porta
fitando Kate.
- O que faz
aqui, Kate?
- Preciso
conversar. Aconteceu uma coisa séria.
- Kate, eu
tenho um compromisso em uma hora, estou com pouco tempo para atendê-la.
- Por favor,
Dana. Tentarei ser breve, mas preciso conversar ou posso comprometer um caso em
que estou trabalhando – a terapeuta fez sinal para que a seguisse ao
consultório. Assim que sentou-se na poltrona, percebeu que Kate continuava de
pé, felizmente começara a falar – não sei porque isso está me afetando tanto.
Não é como o caso da ex-mulher, é pior. É quase surreal.
- Primeiro
você terá que dizer exatamente do que se trata, lembre que estou com pouco
tempo. Você dormiu com Castle de novo?
- Não! –
replicou imediatamente – é esse caso. A morte de uma dama de honra. Castle
conhece a noiva, tem uma história com ela. Está envolvido pessoalmente e não
consegue ver as coisas com objetividade. Eu sei que ele vai fazer alguma
besteira, acho que ele vai atrás de Kyra. Eu pedi para ele se afastar, mas ele
nunca me ouve mesmo.
- E qual é o
real problema quanto a essa ex de Castle? Afinal sabemos que ele já namorou
muitas mulheres, é um solteirão milionário. Por que está te incomodando tanto
se ele não trabalhar nesse caso de maneira adequada? Pensei que você até
preferisse, vive reclamando de tê-lo a seguindo – a terapeuta foi bem na ferida
deixando Kate sem alternativa a não ser falar o que a consumia.
- Kyra não é
qualquer uma. O próprio Castle confirmou. Ela o deixou, ela se foi. Eu nunca o
vi tão mexido por encontrar uma pessoa. Ele deve tê-la amado muito. Foi
importante. Talvez ainda seja. O que me intriga é que eu não a imaginaria como
uma namorada ou até noiva de Castle. Ela é diferente, tão real...
- Como você? –
Dana perguntou. As sobrancelhas de Beckett ergueram-se e a fizeram sentar no
divã – Kyra não é uma socialite, uma atriz ou modelo. É uma pessoa normal, como
você detetive. Foi isso que a assustou? Não o fato de Castle ter se apaixonado
por alguém comum, mas ser capaz disso indicando que a ideia de apaixonar-se por
você não é ridícula ou inapropriada. Além do ciúme, claro.
- Não estou
com ciúmes – a terapeuta entortou a boca para ela – certo, eles tem
cumplicidade, intimidade. A reação dele foi totalmente diferente daquela com
Meredith. Ele a defendia do próprio noivo. Eu vi um lado de Castle que não
conhecia. Tocado e encantado. Ele a conheceu na faculdade, ficaram juntos três
anos, existe uma história.
- E o que a
faz pensar que esse mesmo comportamento ele não dispensa a você? Kate, eu li o
livro. A forma como ele fala de você é diferente, é com orgulho, sentimento. Se
dissesse que o livro é uma declaração de amor a você, não estaria exagerando
apesar de você provavelmente me odiar por isso. Por que não admite pelo menos o
ciúme? O resto você entenderá depois.
- E se eu
tiver com ciúmes não dele, mas da forma como ele a olhava, da ligação, do
entendimento silencioso. Por querer isso também para mim.
- Vindo dele?
– a terapeuta perguntou, Kate arregalou os olhos.
- Não! Na
minha vida. Por que tudo tem que ser sobre ele?
- Por que não
seria? Foi o que lhe trouxe aqui em primeiro lugar, não?
Ela permaneceu
calada. Sabia que a terapeuta tinha razão. Fora sua relação com ele que a
fizera chegar até ali. Sentir o que não queria sentir, expor-se a outro, sua
história, seus receios, sua vida.
- Eu entendi.
- O que
precisa, Kate? Por que veio aqui? Pelo que vejo, compreendeu bem o que esse
acontecimento significa para você e sua relação com Castle. Ao menos por hora. Você
concorda?
- E se eu
cometer um erro? Se eu acabar falhando e colocar o caso a perder? Ou fazê-lo
tomar uma decisão que não queira?
- Você só
saberá agindo. Confie em seus instintos.
- Obrigada –
ela levantou-se do divã, um pouco menos confusa de quando chegara ali. Ouvira
verdades que ainda não estava pronta para encarar, estava melhor. Só esperava
que ele também estivesse.
Quando chegou
ao distrito, recebeu em primeira mão as fotos da vigilância sobre Kyra e seu
maior pesadelo tornara-se realidade. Ele não somente se encontrara com a
ex-namorada como tiveram uma espécie de “revival”, ele a beijou. Um soco no
estomago. Ela respirou fundo. Estava com inveja por tudo o que aquilo
representava, ainda por cima teria que encontrar um meio do aborda-lo e seu
maior medo era que ele negasse.
Fingindo uma
situação diferente envolvendo o fato dele desobedecê-la e mexer em suas coisas,
Beckett pode perceber a culpa em seu semblante, como o de alguém que esconde
algo errado. Castle sabia que deveria ser honesto com ela, então abriu o jogo.
- Eu a vi
ontem à noite.
- Eu sei.
- O quê? –
mostrou as fotos tiradas - Você me tinha sob vigilância?
- Não você, a
Kyra.
- Por que tem
a Kyra sob vigilância?
- Ela é uma
suspeita de assassinato.
- Não, não,
veja, o assassinato de Sophie foi um crime isolado de paixão. Observar Kyra
após o fato seria um desperdício dos recursos da polícia, que ambos sabemos que
você não faria.
- Eu tinha que
ter certeza de que você não faria nada estúpido, coisa que fez – ela revelou por
fim.
- Apenas nos
beijamos. Isso é tudo o que aconteceu.
- É tudo o que
aconteceu até agora – disse irritada. Ela ia levar a discussão adiante se
Esposito não os tivesse atrapalhado.
- O
financiamento... Tudo bem?
- Sim – ela
respondeu.
- Não – ele
retrucou.
Então Esposito
recebeu a permissão de Beckett para compartilhar o que descobrira. Dentre as
diversas descobertas, Sophie estava quebrada, o que levantava as suspeitas
sobre como pagara pelo vestido, as drogas e todos os apetrechos necessários
para uma dama de honra. Checando um vídeo da loja de noivas, eles acharam a
resposta. Ted, o tio de Greg. Juntos, ela e Castle trabalharam em sincronia
para arrancar uma confissão do velho.
Depois, Castle
mostrou a gravação feita por Sophie quando esteve no quarto de Greg para Kyra.
- O plano de
Teddy funcionaria também, só que ele não contava com uma coisa – Castle admitiu
- Greg. Ele é um homem bom, Kyra. Um homem confiável. E ele ama você.
- Eu sei. E eu
o amo, também. Mas isso não significa que eu não vou pensar em você de vez em
quando.
- É melhor –
ela pegou o casaco levantando-se.
- De todos os
assassinatos... De todas as cidades, de todos os casamentos...Você apareceu
justo no meu.
- Estou feliz
por isso – disse Castle vendo Kyra sorrir. Ela inclinou-se e beijou-lhe o
rosto. Beckett assistia a tudo.
- Obrigado,
Rick – quando viu que Kyra ia deixar a sala, ela disfarçou fingindo trabalhar.
A noiva aproximou-se dela. Kate ergueu os olhos do papel para encara-la.
- Ele é todo
seu – e sorrindo, Kyra deixa a delegacia. Beckett volta a fitar a sala onde
Castle estava. Ele continuava com um olhar perdido, não sabia se conseguiria
ser boa companhia para ele essa noite, não custava tentar. Levantou-se chamando
a atenção dele ao bater de leve na porta.
- Hey, está
com fome? Estou pensando em passar em algum lugar antes de ir para casa. Pode
me acompanhar se quiser.
- Não sei se
estou a fim. Você já quer conversar comigo? Pensei que estivesse com raiva por
ter desobedecido suas ordens.
- Lembre-me
novamente, Rick – enfatizando o nome dele – quando você as obedeceu? – ele fez
uma careta de culpado – foi o que pensei. Então, última chance, vai ou fica?
- Acho que um
sundae de chocolate cairia bem – ele se levantou. Kate pegou seu casaco e saíram
juntos rumo ao elevador – você não esqueceu que tem um casamento amanhã, certo?
Kyra me convidou, nada mais justo você me acompanhar.
- Eu não tenho
roupa, Castle.
- Você já foi
dama de honra seis vezes, vai saber achar alguma coisa.
Na lanchonete,
nada demais ocorrera. Eles não comentaram o assunto. Preferiram conversar sobre
outras coisas, até o momento quando Castle pagou a conta. Ele olhou-a
calmamente, esticou a mão para toca-la. Kate estranhou o gesto, afinal ele
ainda estava com o olhar enfeitiçado por Kyra, na sua opinião.
- Desculpe.
Você me alertou quanto ao meu envolvimento. Pediu para que eu tivesse cuidado e
eu fiz tudo errado. Deixei-me envolver pessoalmente e não participei da
investigação como deveria. Eu a decepcionei.
- Você não é
obrigado a participar de todos os casos, especialmente quando há um vínculo
pessoal. Não precisa se desculpar – ela tirou a mão debaixo da dele evitando um
maior contato que poderia levar a outro patamar se não tivesse cuidado – “A
Rose for everafter”, esse foi o livro que dedicou a Kyra. Você gostava muito
dela, eu me recordo da história. Não, você a amou – ela corrigiu com um sorriso
sincero – por que não deu certo, Castle?
Ele pensou por
um instante. Ele se fizera essa pergunta nos últimos dois dias. Finalmente
sabia a resposta, apenas não podia compartilha-la de maneira apropriada.
- Não era para
acontecer. Ela não era a escolhida – o sorriso sincero de Kate acalmou seu
coração da mesma forma que fez com o da detetive.
No dia
seguinte, eles compareceram ao casamento de Kyra e Greg. Dessa vez, nenhum
contratempo. A celebração ocorreu como deveria. A noiva propositalmente mirou
Beckett com seu buque. Surpresa, a detetive sorriu. Não acreditava em
superstições de casamento. Às vezes, até se perguntava se haveria de se casar
um dia.
Continua....
4 comentários:
Show esse capítulo!!!
Adorei a Dana. Ela me lembrou muito a Dra. Mira *-*
Kate perdidinha com o que sente pelo Castle, oh tadinha haha
E o ciúmes?? Adoro!
O melhor foi a Dana cutucando ela.
A Kate falando: - E se eu tiver com ciúmes não dele, mas da forma como ele a olhava, da ligação, do entendimento silencioso. Por querer isso também para mim.
Ai gente, isso foi tão sentimental!
Nossa, se eu for falar cada parte que gostei vou citar o capítulo todo!
Foi tudo sensacional... Espero ver mais da Dana nos próximos capítulos!
Parabéns, Karen, essa fic sem dúvidas é a melhor que já li. Não tô falando isso para puxar saco porque não é do meu feitio fazer isso.
Beijão! Até o próximo...
Oh! A Kate está com os quatro pneus arreados pelo Castle, e não quer admitir.
"MAS EU ME MORDO DE CIÚMES... "
HAHAHAHA Adooooooooro!!!!!!
Tá difícil resistir ao charme do escritor hein Beckett?!
Amei a Dana super mais que demais ao quadrado,a chegada da Kyra foi tudoooo,a coisa ficou tensa e estranha só que no fim tudo se resolveu. A cada cap mais apaixonada estou :)
Prazer "Meu nome é Kate mais meu sobrenome é ciúmes",Kkkkkkkk. Gamada no escritor né dona Kate!!!
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