sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

[Castle Fic] A (Im)Perfect Love Story - Cap.2


Nota da Autora: Algumas coisas importantes sobre a S9: não será contada em episódios, terão momentos mais lights que angst, não me concentrarei em casos, claro que haverá alguns. Quanto à personagens, um recado importante para quem espera ver Alexis nessa fic : ela vai estar presente por um tempo, vou faze-la sentir um pouco de desprezo e dor e depois, bem digamos que ela não será fixa. Estou avisando para não reclamarem mais para frente. A mulher que terminou a S8 não é nem de longe a menina que começou a S2, só piorou... anyway... mais um capitulo e continua angst, sorry! Mas uma historia precisa ser contada.... enjoy!


Cap.2  

24 horas depois...

Esposito entregou um copo de café para Ryan. O parceiro agradeceu. Jim estava sentado a alguns metros de distância dos detetives. Martha e Alexis, no sofá. Ainda não tiveram a chance de ver seus entes queridos. A médica pediu paciência e cautela devido suas condições. 
Nas últimas horas, nada mudara. Ambos continuavam na situação comatosa e sem grandes avanços. Eles monitoravam com cuidado os sinais vitais e a urina, principalmente de Kate, a fim de ficarem alertas a infecções e falha de órgãos. Após uma longa conversa com o colega médico, a doutora Marshall veio até o saguão. 
— Sr. Beckett? Acho que podemos leva-lo para ver sua filha. Pode me acompanhar? 
— E quanto ao meu pai? – pulou Alexis. 
— O Dr. Gray está se certificando se poderá liberar o acesso de vocês. Logo virá vê-las. Com licença – a médica saiu lado a lado com Jim. O reencontro com um familiar em coma era sempre doloroso, quando se tratava de pais e filhos, esse sofrimento era bem maior. No caso desse senhor, deveria ser ainda mais complicado já que a filha era a única pessoa que lhe restava. 
— Sr. Beckett, antes de entrarmos, quero que me escute. Já lhe expliquei que o caso de sua filha é grave. Não quero que se assuste diante da imagem que verá. Ela está fraca, debilitada e coberta de aparelhos. Às vezes, algumas pessoas recriminam nós médicos por querer evitar esses encontros, sabemos o quanto são dolorosos, porém acabam sendo extremamente necessários, seja para o parente, seja para o paciente. O senhor não é obrigado a ficar, porém não pode ultrapassar quinze minutos. Qualquer contato externo pode significar uma ameaça devido ao estado dela. Temos que evitar infecções. Está pronto? 
Jim respirou fundo. 
— Sim, estou – a médica abriu a porta que dava acesso a UTI. Kate estava numa área isolada. Da porta da sala, Jim pode ter uma ideia do que a médica tentara lhe explicar. A imagem era impactante. Ali, numa cama enorme de hospital coberta por fios, tubos e aparelhos por todos os lados estava sua filha. Ele se aproximou devagar. O monitor ao lado direito acompanhava o ritmo da respiração. Do lado esquerdo, a outra máquina monitorava os batimentos cardíacos e a pressão. 
O encontro mais de perto, fez o coração de Jim doer. Kate estava incrivelmente pálida e magra. Não tinha outro aspecto para descreve-la senão doente. Era visível a perda de sangue que sofrera. Observou os braços finos. O abdômen estava coberto, porém ele sabia que estava enfaixado por causa das cicatrizes. 
Sua menina. Sua eterna menina possuía o corpo marcado por suas lutas. As lágrimas escorriam pelos olhos de um pai que pedia a cada minuto para que sua filha fosse curada e trazida de volta. 
— Oh, Katie... por que você foi herdar essa sede de justiça da sua mãe? Querida... por favor, reaja. Não pode ter lutado tanto para sucumbir no último minuto, na hora de ser feliz. 
Ele tocou a mão dela delicadamente. Estava fria. Percebeu que tomava soro. A ideia de vê-la deitada em uma cama inerte para o resto da vida o apavorava. Isso não poderia acontecer com sua menina. Preferia morrer a ter que presenciar isso. A médica apareceu fazendo sinal para ele. Hora de ir. Jim inclinou-se junto ao rosto da filha, beijou-o de leve e sussurrou em seu ouvido “eu te amo, Katie. Volte para nós”. 
Resignado, ele encontrou com Martha na companhia da neta e do outro médico. Deveria estar indo ver Castle. 
Novamente, as duas foram alertadas quanto ao que iriam ver. Relutantes, elas entraram na UTI. 
Castle assim como a esposa, estava pálido. O semblante visivelmente fraco embora em melhores condições que Beckett. O peito estava completamente enfaixado devido ao tiro e a costela quebrada. Havia tubos por todas as partes. Alexis não segurou o choro. Tocava a mão do pai com carinho. Martha observava o semblante do filho. Parecia angustiado. 
— Richard... Richard, você tem quer parar de dar esses sustos na gente. Precisa reagir, kiddo. Estamos todos esperando por você. Especialmente Katherine. Ela precisa de você, sabe disso, não? 
— Por que fica falando que Kate precisa dele, vó? E eu? Não preciso? – Martha balançou a cabeça e suspirou. Foi até a neta e a abraçou. 
— Oh, Alexis. É claro que você precisa de seu pai. Todos precisamos dele. Mas não podemos negar que sem Katherine, seu pai nunca será o mesmo. Não é uma questão de sobreviver. Um não vive sem o outro e seriamos egoístas em não considerar que a morte de qualquer um dos dois seria devastadora. Eles se amam, merecem estar juntos. Sua vó pode ser boba, mas ela acredita no poder do amor. Lembra quando a médica falou em milagres? O amor opera milagres. 
Ela beijou o rosto da menina e deixou-a se aproximar outra vez do pai para se despedir por hora. Depois, Martha fez o mesmo. Beijou a testa do filho, acariciou os cabelos e sussurrou ao seu ouvido “lute, Richard. Por Katherine”. 
De mãos dadas, elas deixaram a sala. Quando estavam de volta no saguão, Martha abraçou Jim. Ele contou o quanto ficara arrasado ao ver sua filha deitada e tão sem vida. Esse não podia ser o destino deles. 
— É tão injusto... logo com ela. 
— Eu sei, Jim. Mas Katherine é forte. Talvez a mulher mais forte que já conheci. Ela se recuperará. 
— Não basta se recuperar. Katie não pode viver se seu filho... se ele a deixar, e-ela não sobrevive, Martha. Ela não pode. 
— Sim, os dois se completam. Eles precisam um do outro. Precisamos acreditar que eles irão superar mais esse obstáculo. 
Esposito olhava o amigo com pena. 
— Bro, vá para casa. Jenny e as crianças precisam de você. Eu ficarei aqui. 
— Como estão as coisas no distrito? 
— Além do clima péssimo? Gates voltou para dar uma força. Ela está tentando manter todos ocupados. Entregou pessoalmente as informações de Loksat para o comandante e falou diretamente com o juiz sobre Caleb. Ela está trabalhando diretamente com Vikram para descobrir mais podres desses caras. Castle e Beckett não vieram parar aqui em vão. Vamos derruba-los, um a um. Será a nossa vingança. O juiz já expediu o mandado para revirarmos a vida de Caleb de ponta cabeça. 
— Isso é bom. Quero participar dessa investigação. 
— Kevin, você pode participar. Amanhã. Vá para casa descansar. Vejo você no 12th – ele abraçou o parceiro. Ryan se despediu dos demais e deixou o hospital. 
Meia hora depois, a enfermeira chamou o Dr. Gray pelo alto-falante para comparecer urgente na UTI. Ao ouvir o nome do médico, Alexis olhou para a vó. 
— Será que aconteceu alguma coisa? 
— Alexis, seu pai não é o único paciente na UTI – mas o coração estava apertado, pressentimento de mãe – não adianta nos precipitarmos, se algo acontecer, irão nos informar. 
Mais de meia hora se passara desde a chamada. Martha tentava parecer calma, por dentro estava aflita. Avistou o médico saindo do corredor e vindo na direção deles. Então, ela teve certeza que algo estava acontecendo. 
— Sra. Rodgers? Identificamos um problema na urina de Castle. Ele expeliu sangue, o que deduzirmos ser devido a uma infecção interna. Quando retiramos a bala, havia um coagulo que se rompeu dentro do pulmão, claro que fizemos todo o possível para retira-lo, porém, alguma secreção deve ter escapado para a corrente sanguínea e acabou contaminando o rim. Já ministramos antibióticos e aumentamos os fluidos que ele estava recebendo a fim de monitorarmos de hora em hora a situação de sua urina e o funcionamento de seus rins. Precisamos ter certeza que eliminamos completamente a infecção. 
— E se ele piorar? 
— Não acreditamos nisso, porém em último caso, teremos que fazer uma diálise. Filtrar seu sangue. Não queremos dobrar a dosagem do antibiótico porque consideramos que devido ao seu estado, o corpo está fraco demais para produzir anticorpos o bastante. Não queremos correr riscos. 
— E quanto a Kate? – perguntou Jim. 
— Continua apresentando o mesmo quadro de quando o senhor esteve com ela. Estável, porém sem qualquer melhora visível. Voltarei com mais notícias assim que possível. 
Martha sentou-se outra vez, com a cabeça entre as mãos, tentava assimilar o que acabara de saber. Será que esse pesadelo não ia acabar? 
O doutor Gray colocara uma enfermeira e um residente exclusivamente para fazer o acompanhamento de Castle nas próximas horas, ao mínimo sinal de mudança queria ser avisado. Mesmo assim, não confiava. De hora em hora aparecia na UTI. Ele também estava supervisionando Beckett, mandara a doutora Marshall para casa descansar. Ela retornaria ao hospital por volta das dez da noite para trocar de plantão com ele. 
Foram quatro longas horas até que ele estivesse satisfeito com a melhora de Castle. A última urina colhida e examinada estava bem clara e livre de qualquer resíduo de sangue. Respirou aliviado. Cansado, chegou o relógio. Marshall já deveria estar chegando no hospital. Precisava urgentemente descansar o corpo e dormir. Voltou ao saguão. Ao vê-lo, Alexis foi a primeira a pular pedindo notícias. 
— Está tudo bem. Monitoramos seu pai pelas últimas quatro horas e a sua última urina está limpa, livre de infecções. 
— Graças a Deus! – Martha sorriu – o que eu disse, querida? Seu pai é forte. Não se deixa abater fácil. 
— Ele continua lutando. Eu sugiro que vocês vão para casa agora. Estou trocando meu plantão com a doutora Marshall, mas qualquer nova situação ela irá me ligar. Vão descansar. Voltem pela manhã. Se eles passarem a noite bem, sem complicações, já é um ótimo sinal. 
— Obrigada, doutor. 
O médico sorriu. Torcia para que nada acontecesse. Esposito acabou convencendo a todos de irem para casa. Estariam de volta as nove da manhã. 
Paul encontrou Johanna na sala do conforto dos médicos. Sorriu cansado desabando no sofá. 
— Você está com uma cara péssima. 
— Tensão, muita tensão. Quatro horas de agonia. Castle urinou sangue. Devo ter deixado escapar alguma coisa do coágulo. Droga! Felizmente, os antibióticos fizeram efeito. Nem queria pensar em ter que expor o paciente a diálise. 
— Está sob controle? 
— Sim, mas se algo acontecer não hesite em me ligar – ela esfregou os olhos, pegou a mochila e beijando-lhe o rosto se despediu – bom plantão. Espero que amanhã tenhamos uma boa notícia. Custava esses dois reagirem e acordarem desse coma? 
— Estou torcendo por isso. 
A doutora Marshall tivera mais sorte com os pacientes. Felizmente nenhum apresentou recaídas ou quaisquer sinais de problemas, o que para o prognóstico deles era uma vitória. Curiosa, especialmente pela suposta coincidência de seu nome ser o mesmo da mãe de Kate, ela aproveitou as horas da madrugada para pesquisar sobre a vida da capitã. Ficou surpresa ao descobrir que além da corrupção, aquele senador que ela prendera era o culpado da morte de sua mãe. A capitã tinha um belo histórico na NYPD, era reconhecida. A parte que mais chamara sua atenção, contudo fora a da vida pessoal. O romance dela e de Castle começara através de uma inspiração e acabara em casamento. Uma história nada convencional, talvez um conto de fadas moderno se considerar o quanto que os dois já enfrentaram de perigos juntos. Suas fichas médicas eram recheadas de ocorrências. 
Após esse pequeno momento de pesquisa, ela torcia ainda mais para que os dois se recuperassem, mereciam outra chance de ser feliz. Um escritor e uma musa. As vezes ser médico tinha suas vantagens. Havia sempre historias interessantes cruzando seus caminhos. Ela conhecia o escritor, lera seus livros de Storm e também a série Heat, porém não havia ligado a sua paciente a tudo isso antes de pesquisar. 
Por volta das nove da manhã, a doutora Marshall acordou de um dos seus cochilos após uma cirurgia na madrugada. Lavou o rosto e se dirigiu a cafeteria do hospital sonhando com um café bem forte e um pedaço de pão quentinho. Ao tomar o primeiro gole de café, viu o residente que estava acompanhando os seus pós-operatórios na cantina. Estranhou. Pelo horário, ele deveria estar fazendo a ronda da manhã. 
— Dr. Jones. O que está fazendo aqui? Não deveria estar na ronda? 
— A doutora Robbins me substituiu. Precisava de um café, acabei de ajudar numa cirurgia. 
— Tudo bem. Sei como se sente – ela pegou o café e um pedaço de pão. Infelizmente, sua consciência não conseguia relaxar ao saber que suas ordens não foram cumpridas. Praticamente engolindo o café, ela deixou a cantina direto para o quarto de Kate. Encontrou a residente checando o prontuário – como ela está? 
— Nenhuma alteração. Será que podemos considerar isso como um bom sinal, Dr. Marshall? Quer dizer, ela não teve nenhuma recaída, parece estar livre de infecções, ainda assim nada de melhora. 
— Não tenho uma resposta exata para lhe dar. Claro que ela não ter tido qualquer infecção é um sinal positivo, porém já se passaram as 48 horas críticas e apesar dela estar estável, é uma situação complicada. Sem qualquer reação, talvez isso posso indicar que ela não acordará tão cedo. Isso é preocupante. 
— A aparência dela não parece melhor? Ou meus olhos estão me pregando peças? 
— Você está buscando esperanças, Dr. Robbins. Mas, não. Ela continua pálida, pelo menos conseguimos repor o nível de sangue em seu organismo. O que me lembra que precisamos de doações. Vou falar com os colegas detetives dela. E quanto ao marido? 
— Vou checa-lo agora. A enfermeira me disse que a urina estava bem clara há uma hora – Johanna suspirou. 
— Certo. Informe se encontrar algo estranho. 
Johanna deixou a UTI pegando seu celular. Após uma breve conversa com o detetive Esposito, ela agradeceu e desligou. Ao passar pelo saguão do hospital, viu que as duas ruivas, neta e avó estavam de volta ao hospital. Foi até onde estavam para cumprimenta-las e informa-las sobre a condição de seus familiares. 
Três horas depois, seu nome fora chamado pelos alto-falantes do hospital para comparecer ao banco de sangue. A médica ficara impressionada com os números que a assistente de enfermagem mostrara. Simplesmente receberam mais de quarenta pessoas da NYPD nas ultimas horas para doar sangue, segundo a moça ainda havia uma fila de pelo menos vinte pessoas esperando para fazer o gesto. Isso apenas demonstrava o quanto aqueles dois eram queridos. 
Paul retornou ao hospital por volta das cinco da tarde. Encontrou Johanna voltando da área cirúrgica. 
— Hey, como estão as coisas? 
— Nada novo. Acabei de sair de uma cirurgia, será que pode me acompanhar até a cantina? Preciso de algo doce. Estou me sentindo fraca. Eu não almocei. 
— São cinco da tarde. 
— Estava operando. Vai me seguir e deixar eu comer ou vai ficar me dando sermão até eu desmaiar? – suspirando, Paul a seguiu – voltando aos nossos pacientes. Estou realmente preocupada, Paul. Especialmente com Kate. Ela não apresentou qualquer melhora, estamos no terceiro dia após a cirurgia. Até quando ela ficará em coma? Estou com medo que não se recupere tão cedo. 
— Johanna, você está se deixando impressionar com esse caso. Eu sei que ela deveria ter apresentado qualquer variação, para o bem ou para o mal, porém tem que concordar comigo que ela ficar estável não é tão ruim. O coma pode durar dias, meses, anos. É uma experiência terrível para a família, mas você não acha que seria pior se ela tivesse uma parada cardiorrespiratória e morresse? Acredite, o coma diante do quadro dela é um bom cenário. E quanto ao marido? 
— A infecção urinaria desapareceu. Ele me parece bem. Estou confiante que irá acordar em breve. De qualquer forma, mandei ministrar um complexo vitamínico para ela. Apenas por segurança. 

XXXXX

Dois dias depois, a doutora Marshall estava dormindo no conforto quando seu bipe soou. Levantando-se assustava, ela percebeu que estavam chamando-a na UTI. Nervosa, ela vestiu o jaleco e saiu quase correndo em direção ao quarto de Castle. O coração batia apressado. Ninguém dissera nada claro. Seria uma código azul? Por favor, que não seja o pior. Ao chegar na porta do quarto, encontrou a enfermeira e um dos residentes tentando segurar o paciente que se debatia muito. Ele estava tendo uma convulsão? Os olhos arregalaram-se pensando no pior. 
— Meu Deus! O que aconteceu? Ele está convulsionando? 
— Não, doutora. Ele acordou agitado, puxou todos os tubos e mesmo não podendo se mover, ele tem uma força grande. 
— Kate! Cadê a Kate? – Castle perguntava várias vezes seguidas como se tivesse em um loop de fala infinito – Kate! Cadê a Kate? 
— Chamamos porque não sabíamos se deveríamos seda-lo outra vez. Ele está agitado, mas acabou de sair de um coma então... 
— Tudo bem – a médica se aproximou da enfermeira segurando com cuidado os braços de Castle forçando-o a ficar deitado na cama para não piorar a situação de suas costelas – Sr. Castle, me escute! Precisa ficar deitado, está fraco. Sr. Castle... – ela reparou que ele chorava. 
— Kate! Cadê a Kate? – ele repetia. Marshall colocou-o finalmente deitado no travesseiro. Rendera-se ao choro mesmo que não deixasse de perguntar pela esposa – Kate... – respirando fundo, a médica sentou-se ao lado dele e fez sinal para o residente aplicar um quarto da dose de um tranquilizante. Nada que o fizesse ficar desligado, apenas para diminuir a ansiedade a fim de poder examina-lo e conversar. 
— Sr. Castle? Pode me ouvir? Se a resposta for sim, balance a cabeça para mim – ela esperou. Ele balançou a cabeça e o olhar encontrou o da médica – sabe onde está? Qual a última coisa que se lembra? 
— Kate.... 
— Sim, o senhor foi encontrado com a sua esposa no apartamento de vocês e trazidos para o hospital. Ambos em estado muito grave. Compreende o que eu digo? – as mãos da médica estavam agora sobre o peito de Castle apalpando-o para ver se houve qualquer dano na região das costelas após o ataque de susto ao acordar do coma. Ao pressionar a região da costela quebrada, ele gemeu – vou ter que pedir para o seu médico dar uma olhada no curativo e no estado dos seus ferimentos – percebeu que ele estava ficando mais calmo pelo efeito do calmante que o residente aplicara. Bom. Ele não podia estar muito agitado quando ela tivesse que falar de sua mulher – feche os olhos, Sr. Castle. Eu prometo que volto para falar de Kate. Ele olhou para a médica e novamente mencionou o nome da esposa. 
— Kate... – Marshall apertou a mão dele com carinho. Voltou-se para o residente. 
— Dr. Jones, quero que fique com ele. Não arrede o pé daqui. Eu preciso falar com o Dr. Gray. Se ele voltar a se agitar ou apresentar qualquer outro sintoma diferente, me chame. Não vou demorar. 
Marshall estava preocupada. Castle parecia estar consciente, conseguia ouvi-la. Mas por que apenas dizia o nome da esposa e fazia somente a mesma pergunta? Será que o coma afetara seu cérebro? Será que acordar tão abruptamente causara algum dano cerebral? Ela precisava de Paul, afinal Castle era seu paciente. Deviam discutir o caso juntos e enquanto não tivesse certeza de que não havia sequelas, ela não contaria que ele acordara do coma para a família.  
Ela ligou para o médico. Ele deveria entrar apenas dali a duas horas, mas sabia que não hesitaria em vir para o hospital com a noticia que ela daria a ele. 
Vinte minutos depois, Paul acompanhava a médica pelos corredores em direção a UTI enquanto ela o atualizava sobre a situação de seu paciente. 
— Eu sei que é bom ter despertado do coma, porém a sua reação me assustou. Se o coma deixou sequelas, danificou sua memória ou o centro da fala? Eu deveria ter ordenado logo a ressonância, mas ele é seu paciente. Não achei justo. E você precisa checar se as costelas sofreram algum novo ferimento ou hematoma devido ao súbito ataque que ele teve ao acordar. 
— Tudo bem. Mas você estava no comando, podia ter feito isso. Vamos logo tirar essa dúvida e então contaremos as noticias a ele se tiver bem ou a família no pior dos casos. 
Ao chegarem na UTI, viram que Castle estava dormindo outra vez, efeito do calmante. Dando as instruções para o residente começaram a prepara-lo para a ressonância. Com Castle dentro da máquina, Marshall e Gray esperavam ansiosos pelas imagens aparecerem no monitor e dizer aos dois que estavam errados em suas previsões. 
As primeiras imagens apareceram na tela e pareciam limpas. Visão frontal. Em seguida, foi a vez da periférica. Marshall notou que estava segurando a respiração. Quando a foto do cérebro de Castle se formou na frente deles, ela soltou um longo suspiro. 
— Está limpa. Graças a Deus! – ela passou a mão no rosto, Paul sorriu – mas, por que ele continua repetindo as mesmas coisas? 
— Talvez porque acabara de acordar do trauma. Pode ser uma reação psicológica, a ultima coisa que vem a sua mente. Não sabemos o quanto ele se lembra dos últimos momentos após ser baleado. Precisaremos conversar com ele agora, ver o que faz parte de sua memória e contar o que aconteceu, especialmente sobre a esposa. Não saberemos qual será sua reação. Você acha que deveremos chamar um psicólogo para nos acompanhar? 
— Não, acho que podemos passar a ideia errada se chegarmos para falar com ele com alguém dessa área. Kate ainda luta por sua vida. Ainda está lá. 
Eles retornaram a unidade de terapia intensiva. Após checarem o status de Kate sem qualquer mudança, eles entraram na enfermaria vizinha onde Castle estava. A primeira vista, ele parecia estar dormindo, mas o residente informou que acordara outra vez e falara o nome da esposa. Castle percebeu a conversa no ambiente e virou-se para encarar a médica. Marshall deu um sorriso para ele. Paul se aproximou dele para um novo exame físico.      
— Olá, Sr. Castle. É bom vê-lo acordado. Sou o Dr. Gray. Irei fazer um rápido exame físico apenas para ver se você está se recuperando bem – ele começou a remover o curativo das costelas. Com as mãos, ele examinava a região previamente afetada. Ao ouvir os gemidos dele, imaginou que a dor persistia o que era esperado, ao contrario do que a médica pensara, não havia novo dano – tudo bem por aqui, a dor faz parte da recuperação – disse olhando o paciente. Em seguida, ele abriu o curativo do tiro – hum... você estava agitado, não? Rompeu um dos pontos de sua cirurgia. Dr. Jones, pode me arrumar um kit de sutura? Preciso arrumar isso aqui. e limpar. Tem um pouco de sangue. 
Castle observava o que o médico fazia. Ao ver o que estava por baixo do curativo que o medico retirara, sua mente trouxe de volta as imagens do tiroteio. Ele fechou os olhos. Reviveu a cena. A dor. Insuportável. Sentiu o coração acelerar o que foi notado no monitor ao seu lado, bem a frente da médica. 
— Os batimentos cardíacos estão subindo. Estranho. Você nem está fazendo a sutura. Sr. Castle? 
Kate caída. Ela sangrava. As mãos. Deus! Não! Ela não podia ter... Kate... ouvia alguém o chamando. Não era a voz de Kate. Por que eles não lhe diziam nada? 
— Sr. Castle? Consegue me ouvir? O que aconteceu? Está sentindo alguma dor? Marshall podia ver que seu rosto estava em agonia, a dor física foi a primeira coisa que lhe veio à mente, pois Paul estava mexendo na ferida do tiro outra vez, ela demorou para entender que a dor que Castle sentia era psicológica até o momento que ele finalmente fitou os olhos dela e tornou a dizer o nome da esposa. 
— Kate! Cadê a Kate? – Johanna se aproximou dele, acariciou sua mão procurando acalma-lo. 
— Sr. Castle, estamos cuidado de você nesse momento. Assim que o doutor Gray terminar, nós conversamos. Entende o que eu digo? – ela tinha que perguntar – se entende, fale sim – o silêncio que se seguiu na enfermaria foi sombrio. Apenas o bipe do monitor indicava que o coração de Castle continuava acelerado. Nenhuma palavra. Será que ele estava com dificuldade de falar? O exame mostrara que estava tudo bem, a não ser que o trauma... vinte segundos sem resposta – Sr. Castle, pode me responder? Diga sim. 
Gray terminara de ajeitar o curativo da bala e colocava os instrumentos de lado. Ambos fitavam o paciente esperando pela resposta. Finalmente, Castle tornou a fitar a médica. 
— S-sim... cadê a Kate? – Marshall fechou os olhos. Aquele pequeno “sim” foi um bom sinal, um alivio para ser bem sincera. Ela puxou a cadeira para próximo da cama. 
— Está confortável? Paul deveríamos senta-lo para conversar – juntos, eles ajudaram Castle a sentar-se com as costas apoiada no encosto da cama do hospital. Depois, ela sentou-se com Paul ao seu lado. Ele iria começar a conversa. 
— Sr. Castle, você e sua esposa foram trazidos para o hospital, ambos baleados. Tem alguma memória disso? 
— S-sim. Caleb...atirou em nós. Kate... – ele fechou os olhos para tentar ordenar os pensamentos, tornou a abri-los – atirou nele... ela... sangue... cadê a Kate? – dessa vez pelo menos a doutora ficara mais satisfeita de ver que ele falara mais do que o nome de sua paciente. 
— Como dizia, vocês foram trazidos em estado muito grave para o hospital. Foram direto para a cirurgia. Na verdade, soubemos que eram casados quando já estávamos operando-os. O seu tiro foi do lado direito do peito e não atingiu o coração, porém foi suficiente para quebrar sua costela e alojar a bala no pulmão. Foi uma cirurgia complicada e você ficou em coma por cinco dias. Houveram outras complicações durante sua recuperação, mas não acho que seja importante menciona-las nesse momento. A doutora Marshall irá comentar sobre sua esposa. 
— Sr. Castle, eu operei Kate. Ela chegou nessa emergência em pior estado que o senhor. Perdeu muito sangue com os tiros no abdômen. Teve o apêndice supurado e por pouco não a perdemos antes mesmo de retirar as balas – as palavras da médica eram como pequenas navalhas em seu coração – ela teve uma parada cardíaca no meio da cirurgia... – a médica engolira em seco, Castle arregalou os olhos. O monitor bipou indicando o aumento dos batimentos outra vez. Marshall apertou a mão dele para tentar passar um pouco de confiança. Não podia ser bom sinal. Kate já fora baleada no coração, não... – sei que ela tem histórico cardíaco, felizmente conseguimos traze-la de volta e continuar a cirurgia – ela percebeu um pequeno alivio no rosto dele, os batimentos desaceleraram um pouco – Sr. Castle, foi uma cirurgia muito delicada, as próximas 48 horas eram críticas para ambos. De repente, ela foi interrompida por Castle.
— E-ela... Kate, ela não... - Marshall entendeu a dor naquelas poucas palavras. 
— Não, Sr. Castle. Kate, assim como você entrou em coma. A diferença é que ela ainda está sob o efeito comatoso. Vocês estão há cinco dias internados na UTI. Ambos fracos. 
Castle não registrara mais nada após a médica dizer que Kate estava em coma. Mil pensamentos se formavam em sua mente. Ela estava fraca. Ela estava em coma. Perdera sangue. Deus! Ela estava em coma. Por que ele acordara e ela não? Por que, Kate? Não era justo. Ela o defendera, ela o salvara.... o tiro, Caleb... não podia imaginar sua vida sem Kate. 
— Kate... eu preciso vê-la. 
Marshall trocou um olhar com o colega. Por mais dor que o seu paciente estivesse sentindo, por mais vontade que tivesse em ajuda-lo, sabia que ele não estava preparado para olhar a esposa. Apenas de falar sobre ela seu coração já disparara duas vezes. Não iria fazer bem a sua atual condição. Viu quando Paul balançou a cabeça negativamente em sua direção. Tomou a palavra. 
— Sr. Castle, eu acredito que não compreendeu a gravidade da situação. O senhor acabou de sair de um coma. Está acordado há apenas algumas horas. Não está livre de infecções ou complicações ainda. Sabemos que as ultimas lembranças que tem de sua esposa são complicadas e difíceis, porém vê-la não irá mudar nem ajudar em sua própria condição. Apenas de mencionar seu estado, seu coração já reagiu de maneira perigosa. Infelizmente, por ordens médicas, você não poderá vê-la ainda. Precisamos ter certeza de que está realmente bem. Fora de perigo. Você pode contudo ver sua mãe e sua filha. Posso traze-las aqui. 
— Mas, Kate... ela é... tudo... eu não posso...
— Nós entendemos, por isso mesmo que estamos recomendando que você não a veja agora. A doutora Marshall está cuidando muito bem dela. Algumas pessoas reagem em formas e tempos diferentes ao coma. No caso de sua esposa, ela perdeu muito sangue. Está bem mais debilitada que você. Essa é uma das explicações para ela não ter acordado ainda. 
— E se... – ele tinha medo de perguntar – e se, ela...
— Você quer saber se ela não acordar. Não podemos engana-lo. A possibilidade existe. Alguns pacientes levam anos, outros meses ou dias como foi seu caso. Outros acabam por ter sua vida decidida pelos familiares. É uma opção, embora não queremos sequer pensar nisso. Somos médicos e estamos aqui para salvar vidas. Sugerimos que não pense o pior. Mantenha a esperança. Você levou cinco dias para acordar. Por que Kate também não pode demorar um pouco mais e ter o mesmo destino que o seu? Johanna, você quer chamar a família do Sr. Castle aqui? – ao ouvir o nome, ele tornou a fitar a médica com um ar de curiosidade. 
— Johanna? Seu nome... 
— Sim, meu nome é Johanna e sei que era o mesmo da mãe dela. Sei quem ela é Sr. Castle, sei quem o senhor é, acredite ninguém está torcendo mais pela recuperação de vocês que eu. Volto já. 
Castle permaneceu calado. As novas informações trouxeram um outro sentimento a sua mente. Ele não era uma pessoa religiosa e não talvez não acreditasse em milagres porque nunca presenciara um. Tinha esperança. Porém, também não podia considerar isso uma simples coincidência. Kate Beckett, mesmo com todo seu lado racional, também não acreditaria. Por mais fora da caixa que fosse o pensamento que se formava em sua mente naquele instante, Castle decidiu toma-lo como possível. Para ele, o fato da médica de Kate chamar-se Johanna era um sinal. Será que a própria mãe estava olhando por sua filha agora através dessa estranha que cruzara seus caminhos? 
Filha. Johanna. Kate. Mãe e filha. O universo falava com ele? Mãe e filha. Por que essas palavras se repetiam em sua mente? 
— Por que ele não responde? Eu sou filha dele, por que não olha para mim? – perguntava Alexis aflita ao médico. 
— Querida, seu pai está frágil. Passou por um momento difícil e traumático. Você tem que dar um tempo a ele, ir com cuidado. 
— Mas você disse que ele acordou, estava conversando... – ela virou-se para a outra médica – e agora... ele não está aqui, não parece estar ouvindo. 
— Calma, tentaremos mais uma vez. Sr. Castle, é a Dr. Marshall. Sua mãe e filha estão aqui para vê-lo. Martha, sua mãe e Alexis, sua filha – vendo que ele não reagira, ela teve outra ideia. Sabia que sua mente estava viajando nas lembranças e nas possibilidades que Gray mencionara para ele sobre a esposa, então usou outra abordagem – Castle, é Johanna. Sua mãe e sua filha estão aqui. 
Ao ouvir o nome Johanna, ele voltara a fitar a médica guiado pelo som de sua voz. Então, compreendeu porque ouvia a palavra filha. Sua própria filha estava ao lado da médica. Alexis. 
— Pai? 
— Alexis... – ao ouvir a voz do pai, ela começou a chorar. 
— Pai... você acordou... – e aproximou-se do pai para um abraço cauteloso devido aos ferimentos e um beijo. Martha sorria ao lado da neta. Castle finalmente esboçou um sorriso. Sua mãe e sua filha estavam ali com ele. Mas, Kate não. 
— Você está sempre querendo nos assustar, kiddo. Acho que devia parar com essas ideias malucas de perseguir bandidos – disse Martha tentando ser engraçada porque no fundo, a mãe percebeu a dor do filho. A médica contara o que acontecera para ele e conhecendo seu filho, ele não conseguiria manter um semblante feliz enquanto não soubesse que a esposa estava bem e fora de perigo. isso iria afetar a ele e principalmente a Alexis. Duvidara que a menina entendesse o significado de Katherine para o pai. 
— Tive tanto medo, pai... mas agora está tudo bem. Você acordou, logo vamos para casa – ao mencionar casa, a imagem do loft retornou a mente de Castle. A cena repassada em sua mente agora com mais nitidez. O tiro, o aparecimento de Kate, novos tiros, o chão, as mãos, sangue... ela sobre o corpo dele. as palavras... Kate dissera “eu te amo”... os olhos de Castle tornaram a fitar o nada. As lágrimas se formaram outra vez. Kate. Ela o salvara. Não iria a lugar nenhum sem ela. 
— Não... Kate. Eu não posso, não sem Kate. 
As palavras de Castle atingiram Alexis em cheio. Não esperava que o pai recusasse voltar para casa com ela. 
— Pai, você irá voltar para casa comigo. Quando os médicos o liberarem, voltaremos ao loft. 
— Não, Alexis. Eu não vou sair desse hospital sem Kate - ele fora bem enfático. 
— Mas, pai... – Martha intercedeu segurando o braço da neta para evitar que ela dissesse algo mais que incitasse uma discussão com o pai, ele não estava em condições e a filha certamente ainda não entendera o que acontecera aos dois realmente. 
— Hey, doutor qual o status? Ainda é cedo para libera-lo? 
— Sim, ele precisa ser monitorado pelos menos por pelo menos dois dias, talvez mais. Não terá alta antes que eu tenha certeza de que está em condições de ter completo domínio de seu corpo. Pacientes que experimentaram coma precisam ter acompanhamento. Eu preciso coloca-lo para andar, sentir como está a respiração, afinal ele foi baleado no pulmão. Os pontos serão retirados com sete dias da cirurgia e haverá o processo de recuperação. 
— Viu, kiddo? É melhor que ele esteja aqui no hospital, sendo bem cuidado por esses médicos maravilhosos. Queremos que ele esteja 100% bem antes de voltar para casa. Temos que deixar os médicos trabalharem e você, Richard – disse virando-se para o filho – trate de obedecer aos dois. Nada de teimosia. Deus sabe que a única capaz de controla-lo é Katherine – ao ver a besteira que fizera ao mencionar a nora novamente, Martha se recriminou. Era a força do hábito. Ela queria evitar de falar o nome dela pela situação e acabara errando. Tentando consertar o que fizera, ela emendou – Richard, você está cansado, está quase cochilando. Deve ser o efeito dos remédios não, doutor? – ela olhou ansiosa esperando que o médico compreendesse o que ela estava sugerindo. Para sua sorte, Paul estava mais do que ciente do que a mãe de seu paciente estava tentando fazer. 
— Sim, ele está tomando vários remédios que o deixam sonolento. Como disse, ainda está fraco. Melhor deixarmos o Sr. Castle descansar. Amanhã vocês podem tornar a visita-lo obedecendo os horários de visita do hospital, se ele passar a noite bem, podemos transferi-lo para um quarto onde ficarão mais à vontade. 
— Mas nós nem conversamos direito – disse Alexis. 
— Querida, eu sei que os últimos dias foram pesados – disse a Dr. Marshall – para você com toda essa incerteza, porém seu pai está se recuperando, é um paciente de UTI, não pode ter tanto contato com o exterior ainda. Na verdade, nós não podemos sequer autorizar visitas a pacientes nessa unidade, contudo devido ao que aconteceu a ele, cedemos os quinze minutos. Precisamos seguir os procedimentos do hospital para que ele se recupere o quanto antes. Voltem amanhã. 
Alexis não estava nada satisfeita com o que ouvira dos médicos nem do seu pai. Era um absurdo não querer voltar para o loft. Era a casa deles, precisavam voltar. Emburrada, ela fechou a cara para a médica. Não gostava dela. No fundo, ela só se importava com Kate. Nem médica do seu pai era então porque ficava dizendo o que ele deveria fazer sem permissão, isso não entendia. Ela deu um beijo no rosto do pai. Castle tocou de leve a mão da filha e murmurou. 
— Sinto muito, Alexis... 
— É, imagino... – mas havia um certo tom ácido na resposta dela. Saiu do quarto. A mãe se aproximou da cama do filho, acariciou seus cabelos e olhando-o com um sorriso nos lábios, falou. 
— Deixe-a comigo, kiddo. Está abalada com tudo isso. Preocupe-se em ficar bem – Castle pegou a mão da mãe de leve na sua. Suspirou. 
— Kate... ela me salvou... e eu, eu não posso.... fazer nada... eles não me deixam, eu preciso ver Kate. 
— Eu sei, Richard. Mas você não é médico, deixe a doutora cuidar dela. Katherine é forte. Ela voltará, kiddo. Tenha um pouco de fé na sua esposa – ele fechou os olhos diante das palavras da mãe. Ao tornar a abri-los, ele falou. 
— Ela é tudo... tudo para mim – Martha beijou a testa de seu filho incapaz de dizer qualquer outra coisa capaz de tirar aquele olhar triste e angustiado do rosto de Castle. Ela meneou a cabeça cumprimentando os médicos e saiu. Ao puxar a porta, encontrou a neta com o rosto vermelho e os grandes olhos azuis arregalados, então soube que Alexis escutara as palavras do pai. Suspirando, ela abraçou a menina deixando-a chorar. Sabia que teria muito trabalho pela frente. 
Na enfermaria da UTI, o Dr. Gray aproximou-se de Castle. Ajustando algo em seu soro, falou. 
— Sua mãe tem razão. Você precisa descansar. Voltaremos na hora do jantar para ver como está passando – juntos, ele e a colega deixaram a unidade de tratamento intensivo. Quando estavam de volta no corredor, Johanna o abordou. 
— Paul, você reparou em como ele agiu na presença da mãe e da filha? Tive que chama-lo três vezes e algo me diz que ele somente saiu daquele mini transe porque falei o nome Johanna que o fez correlacionar com a esposa. Ele está traumatizado. Antes de pensarmos em deixa-lo ver Kate, precisamos da opinião de um profissional. Teremos que chamar um psicólogo. 
— Concordo. Temos que saber o nível do trauma de Castle antes que causemos mais mal ao autorizarmos que ele veja a esposa. Diante do seu quadro, ele pode piorar com esse encontro. Ele se recusa a ir para casa sem ela. 
— Ele a ama, Paul, você o ouviu. Ninguém fala isso de mulher à toa, ela é tudo. 
— Quem disse que médicos não tem direito a presenciar historias de amor? 
— Só espero que tenham um final feliz como nos livros do escritor. 
— Oh, você por acaso é fã? – ela enrubesceu – ah! Essa história eu quero ouvir. 

— Outro dia. Precisamos contatar a doutora Jessica Mueller. Ela é a melhor nesses casos. Os pacientes e o dever sempre em primeiro lugar, Dr. Gray.   

Continua...

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.97


Nota da Autora: Juro que ia postar algo light, mas esqueci das bombinhas... esse capitulo está com duas delas... não foi de propósito, mesmo assim, ainda acredito que vão gostar. Não é um angst realmente, apenas uma maneira de demonstrar sentimentos verdadeiros sobre um diferente ponto de vista. Por favor, don't kill the messenger... Enjoy! 


Cap.97    

Nathan pegou as chaves do carro, o celular dos dois e voltou para ajudar Stana. 
— Você consegue andar? E-eu posso tentar, eu carrego você. 
— Não! Eu vou andando. Só preciso ir devagar - ele a olhava apreensivo. Passava as mãos nos cabelos. Correu até o carro, ligou-o - Nate, ligue para a doutora. Não vou a qualquer hospital. Va-vamos… - ela sentiu outra dor, fechou os olhos por alguns segundos - para a clinica. 
— E-eu não sei se teremos tempo e, meu Deus! É da nossa filha que estamos falando, vamos para uma emergência, eu não ligo se alguém nos ver, não me importa e… 
— Mas eu ligo! - ela gritou - Nathan, ligue… minha médica… agora - ele viu que Stana falava muito sério. 
— Tu-tudo bem… - ele pegou o telefone dela, discou. Enquanto falava com a médica ajudava Stana a entrar no carro. Sentou-se no lugar do motorista e saiu de casa. Ele dirigia com pressa, mas a esposa lembrava que ele não podia correr ou pegar uma multa. Ela ainda sentiu pontadas de dor até o meio do caminho. Depois, tudo desaparecera. Ela se sentia bem. 
— Nate, acho que devemos voltar para casa. Eu estou bem. Não sinto dor. Passou. 
— De jeito nenhum. Você estava pálida e com dores, disse que sentiu um liquido nas suas pernas e se Katherine estiver nascendo? Não, vamos ver a doutora, não irei arriscar nada com a minha filha. 
— Eu estou bem. 
— Não vai me convencer. 
Eles chegaram a clínica. A médica já estava esperando por eles com uma cadeira de rodas. Levou Stana para dentro e pediu ajuda a uma enfermeira para despi-la e coloca-la na mesa para ser examinada. Stana insistia que estava bem. A médica pediu para Nathan contar exatamente o que acontecera antes dela sentir a dor e durante as possíveis contrações. Sobre a mesa de exame, contrariada, ela permaneceu calada. Sim, não tinha mais contrações, porém não iria ficar repetindo o discurso se o cabeça dura do seu marido não ouvia. 
A médica fez o exame do toque, checou as pernas de Stana, a enfermeira avisara que não havia sangue nas roupas. Enquanto examinava, ela fazia alguns sons que começaram a preocupar ainda mais Nathan e passaram a chamar a atenção de Stana. 
Finalmente, ela tirou as luvas e sentou-se olhando para os dois. Disse que Stana podia se levantar e vestir-se antes de ouvir o que ela tinha a dizer. Dez minutos depois, eles estavam sentados de frente para a médica no escritório. 
— Então, doutora. O que está acontecendo? Nossa filha está bem? E-ela quis nascer? - Nathan estava muito nervoso. Stana suspirou pegando a mão do marido. 
— Não necessariamente. O que aconteceu foi um pequeno stress de fim de gravidez. A verdade é que no terceiro trimestre, a mãe tende a ficar mais sensível e ansiosa com a chegada da criança. Está sensível. Você a assustou, o que desencadeou uma reação de stress na mãe e consequentemente no bebê. Aliado a isso, está o exagero de açúcar e gordura que Stana ingeriu. Ela teve um principio de trabalho de parto, porem Katherine ainda não está pronta para nascer, tanto que não houve dilatação. Felizmente a reação do corpo da mamãe não foi grande a ponto de comprometer a criança. Ela perdeu um pouco do liquido aminiótico, contudo nada que prejudique a gravidez, se tivesse sido mais talvez tivéssemos que fazer uma cesária de emergência. Não foi o caso. 
— E-ela está bem? - Nathan perguntou nervoso. 
— Sim, as duas estão bem, porém precisamos tomar alguns cuidados. Primeiro, quem mandou você comer chocolate em exagero, Stana? Gordura, açúcar, e escondido? 
— Isso porque ela já tinha comido demais na semana. 
— O stress e a indigestão provocaram a indução do parto. Segundo ponto, Nathan, você não pode sair por ai pregando sustos ou causando preocupação e stress a sua esposa. Ela precisa de um final de gravidez tranquilo especialmente porque quer ter parto normal. 
— E-eu acho que me excedi. 
— Claro que sim - disse a médica - terceiro e mais importante. Eu quero que você passe os próximos três dias em repouso absoluto. Nada de exageros com comida. Preciso que monitore os movimentos do bebê e se sentir qualquer dor, contração ou indicio de perda de liquido, me ligue imediatamente. Não acredito que vá acontecer, você chegou aqui sem dor, mas temos que ter certeza. E nada de superproteção, Nathan. Isso também causa stress. Stana está bem, teve uma gravidez tranquila até aqui, vamos continuar assim. Alguma pergunta? 
— Não, doutora. Está tudo claro - disse Stana. 
— Ótimo. Você consegue andar ou quer ir de cadeira de rodas até o carro. Eu preferia que você não forçasse nada mesmo estando bem. Você mencionou em uma de nossas consultas que tem escadas em casa. Evite subir e descer muitas vezes ao dia. Aliás, nesses dias de descanso não as desça. Consegue fazer isso? 
— Mas isso quer dizer que ficarei presa ao meu quarto, minha cama? 
— Sim, infelizmente. Pelo menos esses três dias. Para o seu próprio bem e da sua filha. 
— Ela irá ficar doutora. Não se preocupe, dona Rada vai ajuda-la - Stana suspirou, não adiantava discutir. Seguiria as recomendações da médica por Katherine. Eles agradeceram o tempo da médica e deixaram a clinica. 
Quando chegaram em casa, encontraram dona Rada sentada no sofá, nervosa. 
— Graças a Deus! Onde vocês se meteram? Eu liguei para os celulares de vocês. Desci para beber agua e encontrei um prato de bolo de chocolate inacabado, garfo sujo e a porta de entrada aberta, chequei a garagem não vi o carro. Entrei em pânico. Está tudo bem? Filha? 
— Está tudo bem, mãe. Alarme falso - Rada já foi colocando a filha sentada. Examinava as pernas, a barriga, pegou o rosto dela com as duas mãos para fitar seus olhos. Ela deixou. Preocupação de mãe. Com calma, Stana explicou tudo para uma nervosa vovó. Rada, como toda mãe, se preocupou de imediato com a filha. Se prontificou a cuidar dela, dar as refeições e garantir que ela não usasse as escadas por três dias. Também brigou com Nathan e disse que se ele fizesse qualquer coisa para estressar sua filha, ela o proibiria de vê-la. 
— Não precisa tanto, dona Rada. Já passou. Vamos, amor, vou te ajudar nas escadas - devagar, eles subiram parte das escadas, no meio delas, Nathan a carregou até o quarto. Stana pediu aos dois que não mencionasse o que acontecera a irmã. Ela não precisava de mais uma pessoa preocupada com ela e Katherine, além do mais, Gigi já tinha muito com que se ocupar. 
Nisso Stana estava coberta de razão. Embora aparentasse estar feliz e bem adiantada nos planos de casamento, por dentro Gigi estava uma pilha. Além de preocupada com cada detalhe, ansiosa com as coisas que ainda precisava resolver ainda tinha o trabalho. Encontrava-se em um dilema, queria que o tempo voasse e junho batesse a porta para casar e tudo isso terminar, por outro lado, com tanto para resolver queria que o tempo parasse a fim de ter tudo pronto com antecedência. Ela tentava não transparecer o stress interno a Jeff, mas o noivo percebia o quanto ela estava nervosa e agitada. 
Naquela noite, ele viu que Gigi chegara com um aspecto cansado, porém ao cumprimenta-la sentiu a tensão gritante em seus ombros. Após o jantar, eles se deitaram na cama. Jeff ligara a tv no canal de noticias. Ao ouvir sobre protestos e violência, ela pegou o controle e mudou de canal. Deixou em um daqueles programas culinários. Essa foi a brecha para Jeff conversar com ela e faze-la relaxar. 
— Sente aqui, entre minhas pernas, Gi. 
— O que você vai fazer? - ela perguntou já fazendo o que ele pedira. 
— Uma massagem. Você está precisando. Está cheia de nós nos ombros e no pescoço - ele beijou a nuca, sorriu - você pensa que me engana. Gigi, eu sei que você está preocupada com as coisas do casamento, está querendo disfarçar, mas não funciona comigo. Por que está nervosa? As coisas estão andando bem. Estamos na primeira semana de março e falta pouco para organizar. Depois de amanhã resolveremos o buffet, o fotografo na próxima semana e o resto são detalhes, flores, decoração. O casamento é em junho. Está tudo dentro do tempo. 
— Eu nem sei se as pessoas receberam o convite. 
— Se isso é um problema posso perguntar aos rapazes no escritório. O que me lembra, quer saber para onde vamos na lua de mel? 
— Você conseguiu definir? - ela olhou para ele como quem está incrédula e louca para falar mais - aleluia! O que você escolheu? - rindo, ele massageava os ombros dela fazendo Gigi fechar os olhos, começar a relaxar. 
— Eu pensei em vários destinos como Paris ou Grécia. Viena… mas nenhum deles realmente combina com o que merecemos. Sao lugares românticos, o que é ótimo para a ocasião. Pensei em algo melhor. Que tal o Caribe? Podemos ir ao Mexico, depois pegar um cruzeiro por Cancun, Cozumel e tantas outras ilhas maravilhosas. Uma viagem tropical. Será junho, quase inicio do verão, sol, mar, praia e tequila. 
— Você quer me embebedar na lua de mel, Jeff? Posso saber por que? 
— Quero comemorar e quer coisa melhor que tequila? Ela nos uniu… além disso não preciso te embebedar, você já estará usando um bambolê no dedo. Será minha esposa - ela riu - então? Você gosta ou quer ir a outro lugar? - ele beijava os ombros dela. As mãos deslizavam para tocar-lhe os seios - Podemos ficar com a Polinesia francesa também.  
— Não… gosto do Mexico e da ideia de… - ela gemeu - de me perder…com a tequila e você… Jeff! - ela gemeu ao senti-lo apertando seu mamilo. 
— Sente-se melhor, amor? 
— Muito… - ela virou o rosto procurando os lábios dele, com uma das mãos puxou-o ao seu encontro. 
Ao final da semana, Stana recebera uma overdose de cuidados da mãe e de Nathan. Estava ótima. Ele voltou ao estúdio para filmar um novo arco de Modern Family. Estava muito cuidadoso quanto ao tratamento com a esposa. Nada de estressa-la. Stana decidiu começar a arrumar a bolsa que pretendia levar para o hospital com as coisas de Katherine. Algo dizia a ela que sua filha não esperaria muito mais para nascer. 

XXXXXXXXX

Na segunda semana de março, Jeff e Gigi estavam em casa revisando alguns detalhes da decoração do casamento. Dividiam um pote de sorvete sentados no chão da sala com os papeis e o notebook sobre a mesinha de centro. Ele fazia uma massagem nos pés de Gigi enquanto ela falava das flores. De repente, o telefone começou a tocar. Sem qualquer disposição para levantar, ela falou. 
— Deixe cair na secretaria. 
— E se for uma emergência com a sua irmã? 
— Saberemos do mesmo jeito. E não é como se pudéssemos fazer muita coisa - nada preparara Gigi para o que estava prestes a ouvir. Assim que o bipe soou para deixar uma mensagem, a voz irritante começou a falar. 
— Hey, Jeff. É a Linda. Não acreditei que você ia casar quando me disse, achei que era fogo de palha. Imagina minha surpresa ao receber o convite, querido? Tem certeza que quer ficar fora do mercado? Colocar a coleira? Wow! Confesso que estou surpresa e decepcionada. Pensei que tinha chance. Talvez ainda dê tempo de desistir… quem sabe? Tudo pode acontecer antes do “sim”. Vou RSVP de qualquer forma. Ansiosa para ouvir mais sobre esse acontecimento de você. Um beijo, bonitão.
Ao fim da mensagem, Jeff olhava intensamente para Gigi. Ela já puxara os pés de perto dele. Levantara-se e a raiva era visível em seus olhos. Ela estava vermelha. 
— Gi, e-eu não…
— Cala a boca, Jeff. Não ouse falar absolutamente nada - ela passava a mão no rosto, nervosa - eu sabia! Nunca devia ter acreditado que essa…essa… vaca era apenas uma colega de trabalho! Você ouviu, Jeff? Tinha razão quando disse da primeira vez que ela estava se atirando para você, não Gigi você está enganada… - ela disse imitando a voz dele - Ha! Não me engano, eu conheço o tipo. Quem ela pensa que é? Ligando para a nossa casa, se oferecendo? - ela gritava agora - e você… Jeff, o que ela quis dizer com chance? Você deu abertura para essa piranha? 
— Não, Gigi! Não. 
— Como ela faz isso? O recado da secretaria diz que é a nossa casa, minha e sua. Coleira… eu…eu… meu Deus! Como pude ser tão idiota! Vocês ja tiveram um caso, já dormiram juntos. Fala a verdade, Jeff… você já…já… - ela não conseguia completar a frase como queria, as mãos tremiam, a cabeça girava, nervosa - eu planejando…e…
— Gigi, eu não… - ele tentou toca-la, mas o ciúme e a insegurança que há muito tempo não sentia se apossava dela criando cenários em sua mente, um pior que o outro. Todo o nervosismo e o stress do casamento apenas tornavam o momento mais tenso e difícil. 
— Você não vai dizer nada? Negar? - ele a olhava querendo um contato - você dormiu com ela. Transou com ela! 
— Não, Gigi, você está exagerando, não… - mas ela não queria ouvir. 
— Exagerando? Essa mulher oferecida liga para a minha casa, me ofende, se oferecendo para o meu futuro marido e eu estou exagerando? Vai defende-la? É isso? Eu sou a louca? Ela não estava se atirando no telefone. E ainda diz que quer te encontrar? Eu quero dar na cara dessa vagabunda! Você está defendendo… eu sabia! Se ela for para o casamento, você casa sozinho! Melhor, case com ela! - ela chorava - onde estava com a cabeça achando que devia casar? Nenhum relacionamento dá certo comigo… por que me iludi? idiota, porque sou idiota. E-eu preciso… 
— Gigi, quer parar? - ele tentou a abraçar, mas ela se esquivou. 
— Não me toque! Está errado, nós somos errados. Esse casamento, essa festa… tudo! Você quer a Linda… e eu…. eu não quero mais ver você, sai da minha frente e não fala comigo! - o furacão passou por ele, pegou o telefone e atirou longe. Com as chaves do carro e a bolsa nas mãos, ela se dirigia para a porta. Jeff correu para alcança-la. 
— Gi, o que deu em você? Por que está agindo desse jeito? Fala comigo, amor… eu estou tão surpreso quanto você… e-eu não sei o que dizer. 
— Me solta, Jeff! Eu não sou seu amor. Acabou a palhaçada. Isso é errado, eu não posso fazer isso, não posso casar… e essa mulher… nós sequer temos uma musica! E não espere que devolva o anel! Chega! - ela se soltou da mão dele, afinal Jeff não segurava forte, pois não queria machuca-la. Meu Deus! O que deu nela? Ele ficou tão atônito que apenas se deu conta que ela estava indo embora realmente quando Gigi estava na calçada correndo, ele gritou. 
— Kristina, volta aqui! 
— Me esquece, Jeff - ela chorava. Saia correndo. Ele foi atrás. Na esquina, ela fez sinal para um taxi. 
— Kristina! - quando ele ia alcança-la, era tarde demais, o taxi ja arrancara a pedido dela. Ele parou incrédulo, levou as mãos à cabeça, o desespero finalmente o atingiu. Ela o deixara.
Gigi pedira para o taxista rodar pelo centro de Los Angeles. Ela estava sentada no banco de trás, chorava copiosamente. Em sua mente, a voz irritante da mulher repetia a mensagem várias vezes. Seu fracasso. Ela fora desafiada em sua própria casa, sentia-se traída, humilhada. O gosto amargo de bile se formava na boca do estômago. Enjoada, ela pediu para o taxista parar o carro. Abriu a porta e colocou todo o jantar para fora. Respirando fundo, deu o endereço de Nathan. 
Jeff andava de um lado para o outro na sala de sua casa. Precisava pensar em como faria para resolver essa situação. Gigi estava louca se achava que ia escapar do futuro deles daquele jeito. Não. Ele não deixaria. 
Sabia que ela estava nervosa, estressada. Deus! Entendia que ela pudesse ter dúvidas, que noiva já não teve? Era pressão demais, mas duvidar de seu amor? Isso ele não podia aceitar. Até agora, também estava sem entender o que Linda queria. A primeira vez que brigaram por causa dela, ele negou qualquer coisa e disse que Gigi estava enganada, que não havia nada entre eles. Colegas de trabalho. Ao menos era assim que ele via. Podia falar por si. Não tinha nenhum interesse em Linda. Hoje, ele percebeu que ela não pensava do mesmo jeito. Isso era um problema. Ela passara dos limites. 
Finalmente ele se sentou no sofá. Respirou fundo. Daria um tempo para Gigi. Ela precisava esfriar a cabeça, se acalmar então conseguiria ver a loucura que estava fazendo, eles não iam se separar. Eles pertenciam um ao outro. E se ela não caísse em si, ele a lembraria, quantas vezes fosse preciso, estava disposto a tudo. Se humilharia se fosse necessário, mas ele não ia perder sua Gigi. Nunca. 
Não ia sair feito louco pela rua, ele sabia onde ela iria em seguida. Jeff se levantou. Pegou a garrafa de whisky, serviu-se de um copo. E outro, mais outro… olhou para o telefone que ela jogara contra a parede. Estava no chão. Tomou outro copo da bebida, jogou-o sobre a mesa, os pedaços de vidro espalhados. Voltou sua atenção ao aparelho e pisou-o. Uma, duas, três vezes. Pegou a chave do carro. Saiu. 
A campainha da casa de Nathan tocava insistentemente. Quando ele abriu a porta, Gigi pálida entrou depressa correndo para o lavabo. 
— Gigi? - ele foi atrás dela - Gigi, tudo bem? - ela não respondeu. Quando saiu do banheiro, ele viu que ela estava com os olhos vermelhos, os lábios brancos, descabelada - o que aconteceu? 
— Seu irmão aconteceu, e-eu preciso…Stana… quero falar com a minha sis. 
— Gigi, melhor não, sua irmã não pode se estressar e… - mas a cunhada não o ouviu subindo as escadas. Encontrou Stana no quarto de Katherine com umas roupas no colo. A mãe remexia na cômoda. Ao vê-la, assustou-se. 
— Filha, o que aconteceu? - Stana reparou a mesma coisa que Nathan. Algo estava muito errado. 
— Mãe, e-eu preciso falar com a sis… sozinha… por favor… 
— Tudo bem. Vou para o meu quarto - assim que dona Rada saiu, Gigi desabou aos pés da irmã aos prantos. Stana, mesmo preocupada, não disse nada, apenas acariciava os cabelos de Gigi, deixando-a chorar. Imaginava que depois saberia o que se passara. 
Ela demorou quase meia hora para começar a falar. Gaguejando e chorando, Gigi contou o que aconteceu a irmã. Stana ouviu tudo sem contestar. Nessas horas era melhor manter-se calada até que o desabafo terminasse. Gigi sentiu outra ânsia de vômito, correu para o banheiro. Quando voltou, a irmã fez sinal para que se sentasse a seus pés. 
— Sis, ele e eu… nós… acabou, não posso casar… é loucura. E e-eu… droga! Dói muito, sis… n-nós sequer temos uma mu-musica… dói…
— Por que dói, Gigi? 
— Porque… eu posso não ser a única, outras mulheres o desejam e dói porque… porque e-eu amo aquele idiota…demais! - Stana sorriu. 
— Gigi, olha para mim - ela obedeceu - o que quer que essa mulher tenha dito, não interessa. Não importa. 
— Como não? Ela deu em cima do meu noivo descaradamente! É claro que importa. 
— Não, ela apenas está conseguindo o que queria. Desestabilizar você. Não importa porque o idiota em questão é louco por você. Sabe o que está acontecendo aqui? Você está nervosa, tensão pre-casamento. Acha que está fazendo tudo errado, que não vai dar certo, que o stress é inútil… quase toda noiva passa por isso. Sis, Jeff não a traiu. Ele a ama. 
— Então por que ele não disse isso? Por que me deixou sair de casa? 
— Se eu te conheço bem, não deve ter deixado o coitado falar. 
— E-eu estou passando mal… eu acho que vou vomitar outra vez - ela se arrastou para o banheiro. Ao retornar ao quarto, estava mais branca que antes - sis, meu Deus, e-eu acho que estou gravida… aquele filho da… - ela ia dizer o palavrão quando se lembrou da sogra - não, dona Cookie não merece isso. Aquele filho da mãe me engravidou. 
— Deixa de bobagem, Gigi. 
— Eu estou enjoada! Vomitando! 
— Você está tendo uma crise nervosa. Está sofrendo, morrendo de medo de perder Jeff. Não está grávida. 
— Eu não acredito em você. Preciso fazer um teste. 
— Você precisa se acalmar e se deitar. Vem comigo. Você vai deitar na minha cama. E precisa de agua com açúcar. 
— Sis, eu preciso saber se não estou grávida. Por favor… - revirando os olhos, Stana deixou o quarto. Ela podia ouvir vozes na sala. Nathan discutia com Jeff. 
— Se a Stana passar mal, eu vou matar a Gigi. 
— Nem pense nisso. Eu não vou deixar você encostar um dedo nela. 
— O que está acontecendo aqui? Vocês estão brigando? - Jeff olhou para a cunhada com ar de desespero. Percebeu na hora que ele não estava bem. 
— Cadê a Gigi? Eu quero falar com ela, eu preciso e…
— Pare, Jeff! - Nathan o segurou a tempo de ir as escadas - você não vai falar com Gigi antes dela se acalmar, Deus! Você bebeu? 
— Stana não quero saber se Jeff e Gigi estão com problemas, você não pode se estressar com isso, não depois do que aconteceu alguns dias atrás, não quero que nada aconteça a Kate, precisa me ouvir, por favor. 
— Eu estou bem. Agora escutem vocês dois. Se não quiserem me irritar, vão me obedecer. Sentem-se - os dois fizeram o que ela mandara - Você vai ficar quieto. Minha irmã está nervosa e de nada irá adiantar você pressiona-la agora. E olha para você… está horrível - sim, a cara de Jeff, o bafo, ele estava vermelho, nervoso - Nathan, preciso que vá ate a farmácia e compre um teste de gravidez igual aquele que usei - ao ouvir as palavras de Stana, Jeff cobriu o rosto, olhou para a cunhada assustado. 
— É claro que essa briga, as acusações não podiam ser somente por causa de Linda. Como fui burro! Meu Deus! E-ela… a Gi… está grávida? 
— Lógico que não é por causa dessa mulherzinha ridícula, Jeff. É sobre algo bem mais importante e não, Gigi não está grávida. Eu só preciso do teste para provar isso a ela. Nate? - ele suspirou, pegou as chaves do carro. Stana sentou-se ao lado do cunhado. Pegou a mão dele - ela vai ficar bem. Está nervosa, angustiada, sabe aquela confusão que se passa na cabeça da noiva pré-casamento? É isso que ela está vivendo, Jeff. São dúvidas e o tal telefonema não ajudou. 
— E-ela não quer mais casar comigo? E-ela vai me deixar, é isso? E-eu… não posso ficar sem minha Gigi, Stana… ela é… eu não consigo imaginar minha vida sem ela, eu amo minha doidinha, não… está errado - ela viu o olhar do homem a sua frente encher-se de lágrimas. Um homem desses tão forte, sofrendo por amor. Ela sorriu. 
— Você duvida que ela o ama, Jeff? 
— Não, e-eu não sei… não, ela me ama. Eu preciso dela… minha Gi… ela está sofrendo, não? 
— Sim, Jeff. Está. Mas vai passar. Eu preciso voltar… para que ela se acalme. Vim buscar agua com açúcar. Não faça nenhuma besteira - ela se levantou, foi até a cozinha e voltou com um copo nas mãos. 
— Você dirá que a amo? Dirá que estou esperando por ela? 
— Ela sabe, Jeff… - então Stana foi surpreendida com um grito dele. 
— Gi! Eu te amo, Gi… por favor! 
— Jeff… - nesse instante, Nathan aparece na sala entrega para a esposa um saquinho de papel - Nate, tire-o daqui. Fique longe por umas duas horas, dê um cafe para ele pelo amor de Deus! Não quero que esteja cheirando a bebida quando for falar com Gigi. 
— Stana, você está bem? - ela acariciou o rosto do marido, deu um beijo em seus lábios. 
— Estou bem. Cuide do seu irmão - antes de sair com Nathan, Jeff gritou outra vez. 
— Kristina!!! - Stana subiu as escadas, parecia a cena de “Um bonde chamado desejo”, mas em vez de Stella, era Kristina. Quando chegou em seu quarto, viu que a irmã estava deitada com a cabeça pressionada no travesseiro, dona Rada acariciava os cabelos da filha. 
— O que foi isso, Stana? - Rada perguntou. 
— Sis, beba um pouco disso para se acalmar - Gigi levantou devagar sentando-se ao lado da mãe, o rosto marcado pelas lágrimas. Segurou o copo com as mãos tremulas. Bebeu. 
— O que ele veio fazer aqui… não quero vê-lo. Não quero… ele fica falando isso… 
— Eu vou manda-lo embora - disse dona Rada se levantando. Stana a impediu. 
— Ninguém vai fazer nada. Nathan levou-o para esfriar a cabeça. Mãe, se quer ajudar, faça um caldo para Gigi se alimentar. Ela colocou tudo o que tinha no estômago para fora. 
— Mas, Stana… ela é minha filha se Jeff fez mal a Gigi, eu preciso saber. Preciso defender a minha menina. Não vou admitir que homem algum faça minhas meninas sofrerem. E você está gravida se…eu… 
— Mãe, por favor, não discuta. Eu sei o que vai falar e já aviso que não vai funcionar. Eu não estou estressada, mas posso ficar se a senhora continuar com o mesmo discurso do Nathan.  Deixe que eu cuido da minha irmã. E não vá fazer nada ou discutir com Jeff. Não tem esse direito. 
— E-eu vou preparar uma sopa. 
— Desculpa, sis. Eu não devia estar aqui. Você está gravida e… como eu vou cuidar de uma criança? Eu não posso… o que esse idiota veio fazer aqui? 
— Gigi, você não está gravida. Aqui - ela tirou o pacote do saco - vou provar para você. Faça o teste. Vamos, você não quer saber? - ela podia ver o medo no olhar da irmã - Gigi… - a irmã levantou-se da cama em direção do banheiro. Stana acariciou a barriga - Quanta revolução antes de você nascer, não minha Katie? Mamãe espera que você não se afete com tanta loucura e se prepare, essa doidinha é a sua madrinha. Espere muita confusão vinda dela - sentiu a filha mexendo. Sorriu. Gigi reapareceu no quarto segurando o objeto. 
— E agora? 
— Agora, nós esperamos cinco minutos enquanto isso, você respira e me diz o que realmente está sentindo. É o medo de passar uma vida com uma única pessoa, não? 
— Eu fiz tudo errado. Não deveria ter concordado com esse casamento. Devíamos ter ido direto para o tribunal e pronto! Flores, buffet, bolo… é muito estresse para um dia só e droga! É minha culpa aquela piriguete estar se jogando para Jeff. Eu convidei. Onde eu estava com a cabeça, sis? Nunca conseguiria ficar no mesmo ambiente com alguém que mesmo por alguns segundos plantou uma sementinha de dúvida na minha cabeça… foi idiota! Eu sou idiota. E se não der certo? Nós estávamos bem antes, vivemos bem, por que casar? E se daqui a um ano ele pedir o divórcio e… 
— Gigi, oh sis… relaxe. Você e Jeff se amam. Vão se casar, você será uma noiva linda. Não ouviu o que ele disse? Ele te ama… por que você está querendo brigar quando tudo na sua vida faz sentido? Está tudo bem ficar nervosa, ansiosa, mas não é momento para desistir do dia mais importante da sua vida, da pessoa mais importante, Gigi. Você sabe disso, não houve traição, não houve retribuição a provocações. E quanto a sua insegurança, desconvide a pessoa. Esqueça que ela existe. Não estrague o dia do seu casamento por ela. 
Stana se levantou, pegou o teste sobre a cabeceira da cama. Sorriu. 
— O que eu disse? Negativo. Jeff nunca irá fazer nada que você não queira, sis. Será que pode parar com essa besteira agora? 
— E-eu não estou grávida? - ela olhava para a irmã, os olhos cheios de lágrimas outra vez. 
— Decepcionada? 
— Não! Meu Deus, não… por que estou assim, sis? Essa bagunça de sentimentos? Eu o amo, ele me ama, pode ser idiota… não, ele não é idiota. Ele é maravilhoso e eu o fiz sofrer, acusei de ter feito coisas que… - ela cobriu o rosto - como vou olhar para ele agora? Depois desse espetáculo ridículo que aprontei? - Stana se sentou ao lado dela. Beijou-lhe o rosto e abraçou a irmã. 
— Você vai olhar para Jeff da mesma maneira que sempre olhou. Com um sorriso, o olhar apaixonado. E se lembrando de tudo o que isso - ela pegou o pingente da gota da irmã em sua mão - representa, Gigi. Você vai ouvi-lo falar, mesmo que não queira, e se ele pedir desculpas, você vai também fazer o mesmo. Vai ficar tudo bem - ela ouviu a mãe chamando - vem, lave esse rosto e venha comer algo. 
Elas desceram as escadas rumo a cozinha. Gigi sentou-se à mesa onde dona Rada colocara o prato de sopa, a mãe fizera para as duas comerem. Stana não reclamou. A mãe estava sendo bem compreensiva diante da situação. Estava melhor vendo a irmã comer e mais calma. Ao terminarem, ela disse para Gigi espera-la no sofá da sala. A mãe entregou duas canecas de chá para a filha. Sentaram-se lado a lado e por vários minutos ninguém falou.   
— Sente-se melhor? 
— Um pouco, obrigada sis - ela fitava o anel em seus dedos, a mão tocou o pingente - onde ele está? Será que desistiu de mim? 
— Gigi… quer parar? 
— Eu não consigo, sis. Minha cabeça não deixa, e-eu preciso saber se não estraguei tudo, eu… - nesse instante, a porta da sala se abre e Nathan aparece com Jeff ao seu lado. 
— Stana… nós voltamos e… 
— Vem, Nate, vamos subir. Mamãe, venha conosco. Esses dois precisam conversar - eles subiram as escadas, Jeff permaneceu no mesmo lugar observando a noiva. Ela estava pálida. Os cabelos desalinhados. Fitava as mãos evitando olhar em sua direção. Devagar, ele se aproximou do sofá. Sentou-se na mesa de centro de frente para ela. Temeroso, ele esticou a mão para toca-la. Primeiro no joelho. Vendo que ela não se esquivara, ele direcionou a mão até a dela, apertou-a. 
— Gigi, olhe para mim. Por favor… - em um único movimento que pareceu uma eternidade, ela o fitou - por que faz isso, Kristina? Por que duvida do meu amor por você? E-eu não sabia o que fazer quando a vi correndo pela rua. Entrei em pânico. Ao invés de segui-la, eu bebi. Sou um idiota, devia te dito tudo que precisava para você não sair de casa, devia ter te carregado à força para o nosso quarto. E-eu não sei o que você está sentindo, mas eu não quero ver essa tristeza em seu olhar. Se você não quiser casar, não precisamos casar, e-eu vou continuar te amando da mesma forma, Kristina. Por favor, diga o que eu posso fazer para isso passar, você sabe o quanto doeu ouvir que você não é o meu amor? Foi como um tiro, direto no coração. Era melhor disparar uma arma bem aqui - ele apontou para o coração - eu sinto muito, sinto tanto. Eu te amo, Gi… por favor, volta para mim. 
Ela pareceu olhar para Jeff apática. Ele sentou-se no chão, sem largar a mão dela. Encostou a cabeça no joelho dela e ficou ali. De olhos fechados, calado. Gigi engoliu em seco. Uma das mãos afagou os cabelos dele. 
— E-eu sinto muito, Jeff - ele ergueu a cabeça para fita-la, ela chorava - eu sou uma idiota insegura, e-eu… que droga! E-eu te amo, eu sou sua. Preciso que seja meu… seja meu, por favor. Eu quero casar com você, não tem coisa que mais quero na vida. Eu não quero que duvide disso. Desculpe… - ele finalmente sentou-se ao lado dela, puxou-a contra o seu peito, abraçando-a, beijou-lhe a cabeça, sentiu as lágrimas dela molhando sua camisa. 
— Está tudo bem, eu te amo minha Gi. Nós vamos casar do jeito que você quiser e quanto a Linda eu… - ela colocou o indicador nos lábios dele impedindo de falar. 
— Não fale mais nada. Está desconvidada. 
— Se quiser eu peço uma ordem de restrição para ela - Gigi riu, pela primeira vez desde que essa loucura começara - estou falando sério, faço o que você quiser. 
— Só vamos desconvidar… - eles ficaram em silêncio por uns instantes - Jeff? 
— Hum… 
— Eu detesto quando você me chama de Kristina. 
— Eu sei, mas é a única forma que eu consigo sua atenção quando o assunto é sério - ele riu recebendo um soco no peito - hey! Então… você não está grávida? 
— Não… v-você queria que eu… 
— Eu não quero nada se você não quiser, Gi.  
— Jeff… - ela o fitou - eu falei sério quando disse que não tínhamos uma música. 
— Mesmo? - ele pegou o rosto dela com as duas mãos, sorriu - acho que teremos que mudar isso, não? Como faremos nossa primeira dança como Mr. e Mrs. Fillion? Eu te amo demais, sua louca. Demais - ele beijou-a com vontade. 
— Eu não sou louca… só gosto de fazer papel de idiota. 
— Nunca, Gi. Você não é idiota. É a mulher que eu amo. 
— Vamos para casa… - ela se levantou puxando-o pela mão. Jeff dirigiu calado, mas a mão estava na coxa dela. Ao entrar em casa, Gigi viu a garrafa de whisky aberta na mesa pela metade. Um copo quebrado. E o resto da secretária e o telefone esmigalhados no chão. 
— Jeff? 
— E-eu acho que queria destruir a lembrança e… - ela sorveu os lábios dele apaixonadamente. 
— Obrigada. 
No dia seguinte, Stana liga para a irmã. 
— Hey, sis. Como você está? Melhor imagino. 
— Sim, e-eu… pedi desculpas. Estamos bem, Stana. Eu amo esse homem como uma idiota. 
— Ele está com você? 
— Dormindo ao meu lado. Acho que nunca vi o Jeff tão derrotado, sis. Doeu demais. 
— Já passou, Gigi. 
— Sim, passou. Pode avisar para a mamãe que vai ter casamento - ela riu. 
— Nunca duvidei, sis. 
Ao desligar o telefone, ela olhou para o marido. 
— Tudo bem? 
— Sim, a paz reina. 
— Imagino o tipo de paz… - disse Nathan rindo. 
— Pela primeira vez, Gigi não falou nada disso, Nate. Acho que a briga afetou demais os dois para que fossem resolver tudo na cama. 
— Não acredito, logo a Gigi? 
— Acredite, foi sério o suficiente. 
— Se você diz, mais tarde vou ligar para o mano. Tenho que trabalhar - beijou os lábios da esposa e saiu. 

XXXXXX

Jeff acordou apenas para encontrar a noiva sentada na cama o observando. 
— Que horas são? Dormi demais… eu acho - ele disse esfregando os olhos. 
— Dez da manhã - ela parecia séria. 
— O que você está fazendo? 
— Observando você dormir. Está com fome? 
— Um pouco - ele se sentou na cama, segurou a mão dela - Gi, estamos bem? 
— Sim - ela respondeu acariciando o rosto dele - por que pergunta? 
— Porque essa conversa, não somos nós. Porque nós tivemos uma briga séria, dissemos coisas que não deveríamos e mesmo depois de reafirmarmos que nos amamos e vamos casar, eu sinto que falta alguma coisa. V-Você não.. nós não… Deus, você não me deixou toca-la, Gi. 
— Acho que estávamos muito mexidos para… 
— Fazer amor? Depois de uma briga como essa? Gi, como pode dizer que está tudo bem se você não me deixou toca-la, eu preciso toca-la, Gigi. 
O sorriso despontou no rosto. Gigi tirou a camisa que usava. Pegou a mão dele e colocou sobre o seio esquerdo. 
— Pode sentir, Jeff? Meu coração? Me toque, me ame… - ela o puxou pelos ombros colando os lábios nos dele. As mãos deslizando pelo peito dele, quebrou o beijo - você me faz tão bem… eu amo você… - ele a deitou no colchão, acariciou o rosto dela. Os olhos azuis fitavam-na profundamente. 

— Vou te amar para sempre, Gigi - sorveu os lábios dela sentindo as mãos deslizando em suas costas. 

Continua...