sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.1



One Night Only?!
Autora: Karen Jobim
Classificação: NC-17
Gênero: AU
Advertências: Sex/Romance – Piloto – Flowers for your grave
Capítulos: Oneshot? Não! Capitulo 1 de ? 
Completa: [  ] Sim [ X ] Não

Resumo: A detetive Beckett se vê as voltas com um assassinato envolvendo cenas de livros de seu escritor favorito. Quando o próprio Rick Castle se oferece para ajuda-la na investigação, Kate está prestes a descobrir há mais sobre o escritor do que a imagem que fazia dele e um simples deslize pode coloca-la em uma situação bem complicada.  

Nota da autora: Essa ideia surgiu através de um post no grupo de Fanfics. Relutei bastante em escreve-la por querer retratar algo crível para todos e que não ferisse a imagem das personagens. Vocês serão as juízas. Vou logo avisando, a NC pode causar calor... ou não! Quanto ao caso, resumi ao máximo em partes que fossem interessantes. Miky, não sei se foi como imaginou, mas eu tentei. É oneshot, mas confesso que fiquei com gostinho de quero mais...


Atenção....NC17!





One Night Only?!  


Uma nova chamada. Alguém morrera.

As pessoas não escolhem quando morrer, não sabem sua data. Certas vezes, outros decidiam por elas.

Assim, Kate Beckett levantou-se do seu sofá para arrumar-se e enfrentar um novo homicídio. De frente para o espelho, refletia sua vida diante da imagem, ao mesmo tempo que colocava o cordão com o solitário da mãe no pescoço. Mais uma família desfeita em uma noite de sábado.

Depois do assassinato de sua mãe, até hoje sem solução, a vida de Beckett resumia-se a fazer justiça por aqueles que não podiam se defender. Desde que escolhera a Academia de polícia em detrimento ao curso de Direito, o que começou por causa de uma dita fatalidade, tornou-se sua profissão. Ela aprendeu a respeitar uma outra face da justiça diferente daquela que vivenciara em sua própria casa com os pais. Adorava o que fazia, mesmo quando significava sair de madrugada nas frias ruas de Manhattan para deparar-se com cenas nada agradáveis.

Não era o seu trabalho que a preocupava, era todo o resto. A perda da mãe moldou seu caráter e sua personalidade. Diante do universo apresentado, Kate escolheu se fechar para o mundo e nesse momento sentia que sua vida estagnara. Não que ela fosse dada a noitadas e extravagâncias. Aproveitara muito bem a vida durante a infância e a adolescência. Vivera uma fase rebelde, experimentara o novo, fizera intercâmbio. Namorados, sexo, bebidas, de tudo um pouco. Apaixonar-se? Pensara que sim, uma vez. Porém, logo descobrira que não era a sensação que tantas pessoas já descreveram algumas vezes para ela. Não, talvez seu primeiro amor, o que é natural para qualquer pessoa.

Era uma pessoa caseira, curtia teatro, boas conversas, boa comida e ler. Esse era um dos seus passatempos preferidos quando não estava trabalhando. Pequenos prazeres que vinham se perdendo, escapando de sua vida. A rotina e a monotonia começavam a incomodar. Falta aquela faísca natural que relembra o motivo de estar vivo. Aquele momento capaz de tirar-lhe o chão. O romance desaparecera. Por mais que tentasse, ela não conseguia encontrar um meio de reverter essa situação de vazio que dominava sua vida. Restava-lhe aquilo que a motivava todas as manhãs ao acordar. Ser a melhor detetive da NYPD.

Ajustando o coldre na lateral do corpo, ela prendeu o distintivo no cinto e vestiu o paletó. Alguém precisava dela.

A cena do crime indicava zelo e premeditação. Acompanhada dos detetives Ryan e Esposito, ela examinava cada parte do lugar. O corpo da mulher nua jazia deitado coberto de flores inclusive em seus olhos. A vítima era Allison Tisdale. Assistente social. Segundo a informação da legista e sua amiga Dr.Lanie Parrish, fora assassinada em casa. Tinha boa condição financeira, filhinha do papai.

- Não há marcas de luta. Ele a conhecia – concluiu Beckett observando a cena minuciosamente.

- Trouxe até flores. Quem disse que o romance está morto?

- Eu, todo sábado à noite.

- Um batom não seria nada mal. Só estou comentando. Dois tiros no peito, pequeno calibre – havia algo naquela cena que a intrigava, a forma como o corpo fora deixado. Ela conhecia aquela imagem.

- Isso parece familiar para algum de vocês? Mas os esquisitos exigem mais. Revelam mais. Olhem como ele a deixou, modestamente coberta. Apesar de todo empenho, toda preparação, não há sinal de abuso sexual.

- Você sacou tudo isso só olhando? – perguntou Esposito intrigado.

- Sim, e também porque já vi isso antes. Rosas pelo corpo, girassóis em seus olhos? – a pergunta a seguir era meio óbvia para Beckett, sabia de onde a cena viera - Vocês não leem? – os rapazes deram de ombro, a resposta era não – essa cena é de um livro de escritor famoso Richard Castle. Flowers for your grave. Alguém resolveu se inspirar na obra de mistério para forjar essa cena e matar Alison. Coordenem as atividades com o CSU, vejo vocês no distrito. Tenho alguém para visitar antes.  

Em seu carro, Beckett checou o endereço de Richard Castle apenas por rotina. Acontece que o autor era um dos seus favoritos e ela sabia exatamente onde ele se encontrava hoje. No lançamento de seu novo livro “Storm Fall”. 

A festa não podia estar mais badalada. Muita bebida, risadas, fãs. Mulheres bonitas sempre interessadas em serem autografadas por um dos solteiros mais cobiçados de Manhattan. Apesar de aparentar estar se divertindo, esse novo livro gerava uma certa insegurança para a sua editora e ex-mulher. Duvidava que Castle conseguisse seguir no ramo literário sem Storm. Ele era categórico em afirmar que estava errada. Storm era apenas um personagem, ele sim era a galinha dos ovos de ouro, escrevera vários best-sellers antes de Derrick e podia escrever tantos outros.  Precisava de algo novo, adorou escrever histórias sobre o investigador rebelde da CIA, mas de uns tempos para cá sentia que a diversão desaparecera.  O problema era que Gina estava parcialmente certa. Há meses ele não encontrava um plot interessante para escrever. E agora, ela o ameaçava. Tinha três semanas para desenvolver uma nova história e entregar o rascunho à editora. Ele voltou sua atenção à filha. Alexis, uma espécie de garota prodígio de quem Castle morria de orgulho, estava à volta com os livros.  A vó Martha estava ao seu lado saboreando champagne e procurando algo para se entreter.  Inadvertidamente, Castle ofereceu a menina uma taça de bebida.    

- Você sabe que só tenho 15 anos, não é?

- Você é uma alma velha.

- Eu e minha alma podemos esperar.

- Quando tinha sua idade... – ele ficou pensativo - Não posso contar essa história. É selvagemente inapropriada. O que é meu ponto. Não quer ter histórias selvagemente inapropriadas que não pode contar aos filhos?

- Você tem pra nós 2.

- A vida devia ser uma aventura. Quer saber por que matei Derrick? Não havia mais surpresas. Sabia o que aconteceria a cada momento das cenas. Como essas festas. Tornou-se muito previsível. "Sou sua maior fã. De onde tira suas ideias?" E a mais popular "autografe meu peito?" Isso, não me importo muito.

- Bem, só pra constar, eu me importo – disse Alexis.

- Só uma vez, gostaria que viesse comigo e dissesse algo novo.

- Sr. Castle?

- Onde quer que eu autografe?

- Detetive Kate Beckett, polícia de NY. Precisamos fazer perguntas sobre um homicídio que houve no início dessa noite.

- Isso é novidade – disse a filha tirando a caneta da mão dele ao ver a cara de surpresa do pai.

Isso era inesperado. A NYPD queria falar com ele sobre assassinato. Castle não estava apenas surpreso pela abordagem, mas também por quem o abordou. Ela era uma mulher linda. Esbelta, um rosto anguloso de pele limpa, os olhos amendoados, marcantes e uma boca divina.

- Pode me acompanhar até a delegacia? – ele despediu-se da filha, não deixaria de atender aquele pedido por nada nesse mundo. Ela tinha um andar elegante, postura excelente. Tudo nela demonstrava ser uma mulher decidida. Durante o trajeto, Castle permaneceu calado somente observando. Da mesma forma, Beckett manteve-se o mais profissional que pode. Por dentro, não podia deixar de sentir uma fisgada no estomago. Estava ao lado de seu autor preferido e, caramba, ele era ainda mais bonito pessoalmente. Foram direto para uma sala de interrogatório. 

- Você tem uma bela ficha criminal para um autor de best sellers. Conduta inapropriada, Resistir à prisão?

- Garotos sempre serão garotos.

- Aqui diz que o senhor roubou um cavalo da polícia?

- Emprestado.

- E o senhor estava nu.

- Era primavera.

- E todas às vezes, as queixas foram retiradas.

- O que posso dizer? O prefeito é meu fã. Mas se você sentir-se melhor, ficaria feliz em te deixar me bater – certo, lindo e atrevido. Vai ser bem difícil esse interrogatório, pensou Beckett. 

- Sr. Castle, todo esse charme de garoto mal que está jogando,pode funcionar com piranhas e pseudo-celebridades. Comigo? Eu trabalho pra viver. Isso faz de você uma de 2 coisas em meu mundo. O cara que torna minha vida fácil. Ou mais difícil. Confie em mim, não quer ser o que faz minha vida mais difícil.

- Certo.

- Allison Tisdale, Filha do magnata Jonathan Tisdale.

- É uma graça.

- Está morta. Você a conhecia? Noite de autógrafos? Evento de caridade?

- É possível. Ela não está no meu livrinho preto, se é isso que pergunta.

- E esse cara? Marvin Fisk, advogado de pequenas causas.

- A maioria das minhas causas tendem a ser, grandes. O que tem a ver comigo?

- Fisk foi encontrado morto em seu escritório há duas semanas. Não tinha ligado os crimes até a cena do crime dessa noite.

- "Flores para sua cova".

- E foi assim que encontramos Marvin Fisk, Igualzinho...

- "Inferno sem fúria." Parece que tenho um fã.

- Um fã bem desajustado.

- Você não parece desajustada pra mim.

- O quê?

- "Inferno sem fúria." Bruxos bravos sedentos por sangue. Só algumas gangues hard core leram esse livro.

- Algum deles já escreveu cartas?

- Cartas perturbadoras? Todos os meus fãs são perturbados. É uma profissão de risco.

- Pois, em casos como esse, descobrimos que o assassino tenta contatar o objeto de sua obsessão.

- Também sou grande conhecedor de metodologias psicopatas. Outra ocupação de risco. Sabia que você tem olhos lindos?

- Então penso que não há objeção em checarmos suas cartas.

- Fique à vontade. Posso ter cópias delas?

- Cópias?

- Tenho um jogo de pôquer. Na maioria outros escritores, Patterson, Cannell.Grande escritores. Você não tem ideia de como isso fará inveja.

- Inveja?

- Que tenho um copiador. Minha nossa. No meu mundo isso é o sinal vermelho da honra. É a calçada da fama do crime.

- Pessoas morreram, Mr. Castle.

- Não pedi os corpos, só as fotos.

- Acho que já terminamos.

Castle volta para casa ainda pensativo. Duas coisas o intrigavam em tudo que vira naquela delegacia, a relação de seus livros com o caso e a detetive que o investigava. Encontrou a mãe ao piano acompanhada do suposto paquera e a filha estudando. Já passava da meia-noite, mas Alexis decidiu espera-lo para saber o que a policia queria com o pai, julgando as loucuras do pai imaginava não ser boa coisa.

- Como foi o xadrez? Alguém te fez de vadia?

- Desculpe. Ainda sou seu. Um pouquinho? – ele espirrava o chantilly direto na boca.

- Já escovei os dentes.

- Quem perde é você.

- Vai me contar ou tenho que olhar nos sites de fãs?

- Não, tínhamos um acordo. Navegue na internet, fique longe dos sites de fãs.

- Sério pai, está com algum problema?

- Apesar dos meus esforços, não. Querem minha ajuda em um caso.

- Um caso?

- Estão matando pessoas, como foi descrito em meus livros.

- Isso é horrível! Quantos?

- Dois até agora.

- Você está bem?

- Sim. Só é tão sem sentido.

- Assassinatos geralmente são – retrucou Alexis.

- Não, assassinatos geralmente fazem sentido. Paixão, ganância, política. Sem sentido, são os livros que o assassino escolheu. "Inferno sem fúria", "Flores para seu túmulo"? Meus trabalhos mais fracos. Por que um fã psicótico os escolheria?

- Talvez porque seja psicótico. Vamos. Hora de dormir. Pode descobrir pela manhã.

Mas Castle não dormiu tão facilmente. Dessa vez, sua mente não estava povoada pelos seus livros ou crimes, o pensamento voltou-se para a bela detetive de olhar determinado e boca sensual. Havia algo de misterioso por trás daquela policial. Seu jeito, sua postura indicava que uma explicação transpunha o que os olhos conseguiam enxergar. Kate Beckett. Nome forte. Castle estava acostumado a ser cobiçado, receber cantadas de mulheres, difícil ficar sem uma acompanhante, nesse aspecto nada a reclamar da vida, porém fazia tempo que uma mulher não mexia com ele dessa forma, intrigando-o, querendo explorar e ser explorado. Parecia que a arte da conquista estava de volta a sua vida de solteirão. E ele sabia como faria para se manter ao lado dela caso precisasse. Seria o cidadão exemplar.

Em seu apartamento, Kate separava os livros de Rick Castle para leva-los para a delegacia a fim de servir como base para investigação. Sim, ela possuía todos os livros dele já lançados, claro que não iria afirmar que era seu escritor favorito. Contudo, Kate constatou que o escritor de trillers era bem diferente do homem da vida real. Fisicamente, caramba! Era ainda mais charmoso especialmente os olhos azuis. Quanto à personalidade, ele mostrou ser bem louco, superficial e extremamente irritante. Percebeu que ele a cantava descaradamente. Como pode ser tão diferente da pessoa que escreve aquelas aventuras ótimas de Storm? Se bem que não podia afirmar muito sobre sua pessoa exceto que era, qual palavra podia descrevê-lo melhor?  Por mais que forçasse a mente em busca de outra palavra, a única que parecia caber no momento era gostoso. O que dera nela? Isso era tão não-Kate Beckett! Precisava se livrar desses pensamentos e dormir, um possível serial killer estava à solta nas ruas de Nova York e cabia a ela caça-lo.

No dia seguinte, ela chega cedo trazendo uma caixa cheia de livros colocando-a na mesa de Ryan.    

- O que são esses?

- Os sucessos de Castle. Irão se familiarizar com todas as cenas de crime para que nenhuma passe em branco. Primeira vítima: Homem, advogado. Segunda vítima: mulher, assistente social. Em algum lugar nestes livros, estão conectados.

- "Da biblioteca de Katherine Beckett. " – leu Ryan na contracapa do livro.

- Tem problema com leitura, Ryan?

- Você é totalmente fã!

- Certo. Do gênero – procurando disfarçar sem sucesso.

- Certo. Gênero. Por isso está corando.

- Tem 12 anos? O perfil indica suspeito com pouca inteligência, que tem ou pensa que tem um relacionamento com o autor. É aí que começamos. Não está curioso? Como as pessoas podem fazer isso umas com as outras? Quem fez isso, leu os livros de Castle e em alguma página está a resposta de onde atacará novamente.

- São os e-mails do Castle? – Beckett se assustou ao ver a quantidade que o policial carregava em caixas - Seus fãs o amam, quase tanto como ele se ama. Pode levar de volta pro Arquivo por favor? Tivemos notícias do laboratório? – enquanto ela se atualizava no caso, percebeu que Castle zanzava pelo distrito. Aliás, estava com o seu capitão na sala dele.

- O que faz aqui?

- Talvez goste de você.

- Detetive Beckett.

- Capitão? – ele a chamou em sua sala - Pois não, Senhor?

- O Sr. Castle se ofereceu para ajudar nas investigações.

- Mesmo? – ela não estava gostando nada dessa ideia.

- É o mínimo que posso fazer para a cidade que amo.

- Considerando a natureza das cenas do crime, acho que é uma boa ideia – completou Montgomery.

- Sr. posso falar em particular por um minuto?

- Não – resignada, ela saiu da sala com Castle a seu encalço. Como não podia livrar-se do encosto, ela o obrigou a revisar toda a correspondência com ela, era uma maneira de evitar que fizesse qualquer besteira.

- O quê?

- Nada. Só... O jeito que suas sobrancelhas apertam quando pensa. É fofinho. Não se jogasse poquer. Seria mortal. De outra maneira...

- Posso fazer uma pergunta? – Beckett estava curiosa, embora irritada.

- Manda.

- Por que está aqui? Não liga pras vítimas, então não está aqui por justiça. Nem que esteja copiando seus livros. Então não está aqui porque está indignado. O que é, Rick? Está aqui pra encher o saco?

- Estou aqui pela história.

- História?

- Por que essas pessoas? Por que esses assassinatos?

- Às vezes não tem história. Às vezes o cara apenas é psicopata.

- Sempre tem uma história. Sempre uma cadeia de eventos que faz tudo ter sentido. Você, por exemplo. Em circunstâncias normais não deveria estar aqui. Mulheres inteligentes e bonitas se tornam advogadas. Não policiais. E você está aqui. Por quê?

- Não sei, Rick. Você é o escritor. Por que não me diz – apesar de irritante e estar atrasando sua investigação, ela se viu de repente interessada no que o escritor diria dela, duvidava que acertasse.

- Não é túnel e ponte. Sem traço da vizinhança quando fala. Significa Manhattan que significa dinheiro. Foi pra faculdade, provavelmente uma boa. Teve opções. É, teve muitas opções. Opções melhores, opções mais aceitas socialmente. E ainda escolheu isso – ele olhava para as expressões de Beckett com cuidado, percebendo suas reações à medida que falava. Estava certo até ali, a linguagem corporal conferia - Me diz que algo aconteceu. Não a você. Não. Está machucada, mas nem tanto. Foi alguém com quem se importava. Alguém que amava. Poderia ter vivido com isso, mas o responsável nunca foi pego. E por isso, detetive Beckett, é que está aqui – ele achava ter acertado em cheio, apesar de não saber o que isso poderia significar para manter uma relação amigável com a detetive já que ela, obviamente, não estava nem um pouco satisfeita diante da ideia de tê-lo a seu lado.

- Bom truque – disse por fim - Mas não pense que me conhece.

- O ponto é, sempre tem uma história – terreno neutro, melhor política, pensou - apenas tem que encontrá-la.

- Acho que acabei de encontrar – disse ela mostrando uma das cartas com o desenho da cena do crime. Enviou para o laboratório que afirmou ter algo na carta, porém levaria uma semana devido aos pedidos anteriores. Ela explicou a realidade para Castle que acabou mostrando-se indignado e usou uma das suas melhores conexões, o prefeito, deixando Beckett enfurecida e admirada não apenas pela audácia como também pelo fato dele ter uma autoridade em seus contatos íntimos e trata-lo como um colega qualquer.

- Terá suas digitais em uma hora.

- Sr. Castle? Metade das pessoas aqui espera por digitais. Não pode simplesmente furar a fila.

- Acho que alguém se sente ameaçada.

- Não estou ameaçada.

- Sei! Posso ligar pro prefeito e você não.

- Temos procedimentos, protocolos.

- E sempre para no sinal vermelho. E nunca sonega impostos. Diga-me – resolveu provoca-la - Você se diverte? Deixa o cabelo solto. Tira a blusa? Tem seu momento de "policial louca varrida"?

- Sabe que estou armada? – porém antes que pudesse continuar suas ameaças diante de Castle, Esposito avisou que encontraram um novo corpo no centro da cidade. A referência dessa vez era para "Morte da Rainha de formatura", outro livro de Castle. Kendra Pitney era a vítima. Beckett ordenou que ele ficasse num canto com aguardando por ela e que não tocasse em nada. Claro que Castle era incapaz de obedecer. Ele se aproximou de Lanie apresentando-se. Acabou descobrindo na médica legista outra fã. Ao vê-lo desobedecê-la e de papo com a médica, Beckett volta a chamar a atenção dele. Já era tarde. Quando indagou sobre a causa da morte, Castle intercedeu fazendo uma análise minuciosa do que vira no corpo, deixando Lanie realmente impressionada com as habilidades do escritor. O ocorrido serviu apenas para irritar, mesmo sem saber exatamente o porque, a detetive. Ela não perdeu a chance de ralhar com ele.

- Isto é uma investigação e não um dia na Disney. Se eu dei uma ordem, espero que obedeça.

- Então não me conhece muito bem. No livro, o vestido era azul.

- Pare de mudar o assunto – contudo o telefone de Beckett tocou. A digital encontrada na carta serviu para identificar o suspeito. Kyle Cabot. No Brooklin. Então partiu para lá.

Na frente da casa de Kyle, ela novamente orientou a Castle para não subir. Ele dá sua palavra de escoteiro. Depois do tradicional aviso da policia, Beckett invade o apartamento com os demais policiais. Aparentemente vazio, o local continha um belo cômodo recheado de informações sobre as obras de Castle, em especial os três livros usados de inspiração para montar as cenas dos crimes. Quando estão observando o que encontraram, Castle comenta que tudo aquilo era bem assustador, revelando também que nunca fora escoteiro. A blusa da Allison foi achada no local o que significava que o assassino colecionava troféus. Um barulho repetitivo numa espécie de armário chama a atenção deles, ao abri-lo dão de cara com Kyle, se balançando e parecendo aterrorizado.

No distrito acabam por descobrir que ele é autista, o que explica a fixação por algo ou alguém, nesse caso, o escritor. Allison era sua assistente social. Ela conversa com o suspeito e faz outras descobertas sobre a condição de Kyle. Inteligência limitada e muitos antipsicóticos. Para ela era caso encerrado. Provas no apartamento para liga-lo às três vítimas, duas da lanchonete que trabalhava e sua assistente social. Beckett pediu para acionar a promotoria. Castle estava indignado. Não era assim que imaginava o fim da história.      

- Está muito fácil. O leitor nunca aceitaria.

- Não é um livro seu, Castle. Aqui, o cara segurando uma arma do lado do corpo é o assassino.

Mais tarde, porém, ela ainda estava pensando sobre o caso quando Esposito se aproximou.

- Esse garoto ficou fora do sistema por anos. Não teve o tratamento correto até Tisdale pegar o caso. Arranjou o emprego na lanchonete. As anotações dela dizem que ele ia bem.

- Deixa que a promotoria se preocupa com isso agora. Nosso trabalho acabou – disse Esposito para a detetive.

- É. Pode deixar a caixa? Cuido dela amanhã – disse Beckett a Esposito. A verdade é que acabara ficando intrigada após prender o suposto culpado, algo não batia. Sorriu ao lembrar-se do monólogo de Castle sobre a importância da história. Será que ele realmente conseguira deixa-la na dúvida? Será que não se livraria da imagem e do falatório dele em sua mente? Bem, ele se fora agora. De qualquer forma, estava disposta a dar mais uma olhada nos detalhes do caso e especialmente na ficha de Cabot para ter certeza de que não fizera um julgamento errado. Voltando da minicopa, ela se deparou com Castle em sua mesa, bisbilhotando.

- O que está fazendo?

- Hábito de escritor. Bisbilhotar e-mails, procurar gavetas de remédios.

- Por que ainda está aqui?

- Só vim trazer isso – entrega uma caixa nas mãos dela - Algo para se lembrar da nossa breve parceria. Não seja tão desconfiada. Vamos, abra – ela obedece e se depara com uma copia de Storm Fall, último livro dele - Trouxe esse livro, nem saiu ainda. Está até assinado para você. Não que você seja uma fã – ele brincou.

- Obrigada. Na verdade, é meio... meigo – sim, ela gostara do gesto - Bem...

- Bem... Foi bom te conhecer, detetive Beckett – beijando-lhe a bochecha, ele saiu do distrito deixando-a um pouco mexida com o momento que acabara de ocorrer entre os dois. Sorrindo, ela sentou-se a sua mesa. Começou a remexer em uns papeis quando o pensamento lhe ocorreu.

- Ele não... – Beckett checou todas as informações do caso que estavam numa pasta em sua mesa - Ele levou! – bufando, ela saiu à procura dele encontrando-o na biblioteca pública em flagrante analisando o arquivo.

- Richard Castle, está preso por roubo qualificado e obstrução da justiça.

- Esqueceu "te deixar mal".

- Sabe, por um instante me fez acreditar que você é humano. Algeme-o.

- Qual é a palavra de segurança? Não precisam ser gentis. E como me encontrou?

- Sou detetive, é o que faço.

- Minha mãe te disse, não foi? A propósito, as pétalas de rosa no assassinato da Tisdale? São grandiflora, não híbridas.

- Irei anotar.

- É, deveria. Porque prova que o Kyle Cabot é inocente.

Depois de receber a visita de Alexis e Martha, Beckett liberou Castle. Após algumas desculpas da mãe, soube que as queixas estavam sendo retiradas caso ele se comportasse. O capitão frisou para que ele não interferisse mais no caso. Castle até concordou, porém voltou a insistir. 

- Mas ainda estão com o cara errado.

Já tarde da noite, Esposito encontrou Beckett de volta ao quadro branco, analisando os detalhes do caso. Ele implicou com a colega dizendo que o escritor a convencera. Mas a detetive retrucou dizendo que fora Allison quem chamara sua atenção. Um assassinato oportuno, depois mata alguém que conhece muito bem e volta para outro assassinato oportuno? Não fazia sentido. Especialmente no rotulo de serial killer. Deveria ter alguém que lucrasse com a morte de Allison, um velho e bom assassino com motivo.

- Castle estava certo. Se estivesse seguindo seu livro, as flores no corpo da Allison estão erradas, Fisk deveria ser sufocado com um saco plástico, e não estrangulado com uma gravata. O vestido da Kendra deveria ser azul, não amarelo. Para um obsessivo seria difícil não seguir os detalhes.

- Se não foi ele quem foi?

- O assassino, precisaria conhecer a vítima e o Kyle muito bem. Só a vítima sabia da obsessão do Kyle por Allison Tisdale. Allison é a chave. O assassinato a ser encoberto. Alguém a queria morta – disse Beckett ainda olhando para o quadro.

Em outro canto da cidade, Castle também matutava sobre o caso para ele ainda aberto. Em suas avaliações, chegara às mesmas conclusões de Beckett. O assassino sabia da obsessão de Kyle, e Allison era o alvo. Somente precisava saber o porquê. E ele já tinha ideia por onde começar. 

- Olá. Eu sou Rick Castle. Tenho um horário com o Sr. Tisdale.

- Sim, Sr. Castle. Ele está esperando por você.

- Está mesmo? – Beckett falou entrando na recepção do prédio surpreendendo-o.

- Não é o que parece. Tá, é o que parece. Mas posso explicar.

- Você vem? – ela perguntou sem dar muita trela à explicação provavelmente fajuta que ele prepararia para dizer a ela.

O pai de Allison os recebeu. Respondeu muitas perguntas de Beckett e Castle, mas nada parecia indicar um inimigo ou um motivo para querê-la morta. A declaração era a mesma de tantas outras, ela era um amor de pessoa. Ao perguntar se alguém lucraria com sua morte, o pai respondeu contrariado que ela não era gananciosa, escolhera ser pobre. Doou o que podia a caridade. Beckett já intencionava encerrar a entrevista quando Castle insistiu no valor do patrimônio cerca de 100 milhões de dólares. A próxima pergunta não surpreendeu a detetive. Caso algo acontecesse com ele metade iria para a caridade e a outra para o seu único filho. De volta à rua, Castle fez a revelação. Ela realmente não tinha percebido isso.

- Ele está morrendo – disse Castle.

- Quem? Tisdale?

- Quer um cachorro quente? Eu quero.

- O que queria dizer... O que o fez achar que ele estava morrendo?

- Viu aquelas fotos em sua sala. Ele está mais magro. Por doença e não por malhar.

- A filha acabou de ser morta.

- E o modo que tocou o cabelo inconscientemente.

- Acha que é peruca?

- É das boas, Mas é novo pra ele. Deve ter começado a quimio agora. E usava maquiagem. Tentava parecer mais saudável do que é.

- Ou não quer mostrar a idade real. Ele tem câncer, não quer dizer terminal – insistiu a detetive para saber até onde ele ia.

- Mas a história fica melhor, se estiver. Entrevistou o irmão?

- Não tinha porquê.

- Agora você tem – infelizmente, ele tinha razão. Foram direto para a empresa do irmão de Allison. Ele os recebeu muito bem. Até cordial demais. Diante das perguntas da detetive, ele informou que não havia há cerca de um mês na casa do pai. Comentou que a irmã era um doce e ajudou mesmo a quem a matara. Ao ser questionado pela reação da irmã sobre a morte do pai, disse que todos ficaram chateados. Quando Castle afirmou que agora receberia a herança em dobro, ele entendeu onde queriam chegar e como autoproteção afirmou onde estava na noite do assassinato da irmã, fora do país, inclusive durante os três assassinatos mostrando o passaporte. De volta às ruas, Castle estava frustrado. 

- Passaporte dos EUA. Com certeza infalsificável. Estava certo que tinha sido ele.

- Não seja duro com você. Afinal, você é só um escritor.

- O que?

- Nada – mas ela não pode segurar o sorrisinho diante da expressão dele.

- Que?

- Ele estava mentindo. Entendo que sabia quando sua irmã tinha sido morta...mas as outras duas mortes? Ele nem pensou. Nem perguntou as datas. Nem olhou um calendário e já tinha um álibi pronto. Em minha experiência, inocentes não tem álibis prontos.

- Então eu estava certo – Castle disse quase festejando o que fez Beckett suspirar e revirar os olhos. De volta ao distrito, ela pediu para checar as datas dos voos enquanto ele continuava enchendo-a para que admitisse que ele estava certo. Não perdeu a oportunidade de dizer que o cara o fez de bobo por acreditar nos álibis. O cartão confirmou o pagamento das três passagens nas datas dos homicídios. Teoricamente, não estava no país. Castle não conseguiu entender onde a detetive queria chegar, estava confuso, pois se tudo indicava que não estava certo, o passaporte é prova irrefutável.   

- Significa que o passaporte foi forjado – disse Beckett – ligue para o departamento de emissão.

- Não é assim que eu faria.

- Tem uma ideia melhor, esquisito?

- Um segundo passaporte.

- E como ele teria um?

- Com o dinheiro dele, no mercado negro seria fácil.

- Então, ele deixa o país com o dele, volta ao país com o outro, assassina a irmã, sai com o outro e depois volta com o original. Álibi perfeito. Assassinato perfeito. Mas quase impossível de provar – concluiu Beckett.

- Só se achar o outro passaporte – disse Castle. A detetive manda os rapazes vigiarem o irmão. Enquanto isso, ela foi atrás de um mandado com Castle na sua cola. Para variar, ele conhecia o juiz. O mandado era para a casa e escritório de Harrison Tisdale. O juiz pareceu duvidar do que ela alegava, mas Castle contou a história da doença e da herança além de um cunho emocional. Ele cedeu.

Eles se mandaram para o apartamento de Harrison Tisdale. Antes de subirem a fim de pega-lo no flagra, Beckett jogou com Castle, afinal tinha que protegê-lo, era apenas um civil.

- Castle, se for conosco, é melhor estar armado. A minha reserva está no porta-luvas.

- Não consigo encontrá-la. Ela...- mas Beckett já havia prendido sua mão ao interior do carro com as algemas - Desta vez você fica.

- Volte aqui... Muito engraçado... A piada acabou. Ora, vamos – claro que a teimosia de Castle não o deixaria preso. Fazendo malabarismo ele conseguiu abrir a carteira em busca de, quem diria, uma chave de algemas. A detetive ia ter uma surpresa - Me algeme uma vez, vergonha sua. Algeme de novo, minha vergonha – mas nada era tão fácil, a chave escorregou de sua mão e caiu no chão, sinal de mais malabarismo.

No apartamento de Harrison Tisdale, Beckett gritava em nome da Polícia de NY dizendo ter um mandado. Pedindo para esperar um temo, ele ganhou tempo para escapar pela escada de incêndio. Ela percebeu e mandou que o cercassem lá em baixo. Quando Harrison desceu, foi surpreendido por Castle que acabara de conseguir se soltar. Infelizmente, por ser somente um civil além de não estar armado, ele foi dominado pelo assassino que o arrastou para um beco com Beckett em seu encalço já demonstrando preocupação com Castle. 

- Pare. É a polícia. Não se mexa. Eu pego ele.

- Se afaste. Não chegue perto – dizia Harrison apontando a arma para Castle.

- Largue ele. Castle, você está bem? – Beckett tinha o semblante tenso.

- Estou. Só o psicopata aqui precisa de pastilhas pro hálito.

- Fique quieto – disse o assassino.

- Se estava com dívidas, Por que não pediu dinheiro ao seu pai? - perguntou Castle vendo a raiva se formar no rosto dele pressionando ainda mais a arma contra ele.

- Você não está ajudando – gritou Beckett preocupada.

- Sabe o que acho? Acho que não pediu. E se pedisse diria não – insistiu Castle - Acho que sempre disse não. Independente como é, aposto que ele te chamou de fraco.

- Ele que é fraco. Tentava fazer algo na minha vida e ele só pensava nela – argumentou Harrison.

- Por isso a matou. Não era só pelo dinheiro. Você quis puni-lo depois de morto. Tirar o que mais amava. Mas que bela história.

- Quem é você? – nem Harrison acreditava no que ouvia.

- Deixe-o ir. Acabou – ordenou Beckett.

- Não acabou. Largue a arma ou juro por Deus que... – porém Harrison não completou a frase ao ser surpreendido por um movimento de Castle que o nocauteou com o cano e o fez perder a arma, segurando-a em suas mãos.

- Me diga que viu isso – disse Castle empolgado enquanto ela preparava-se para algema-lo - Vai por isso no seu relatório, né?

- As algemas, Castle.

- Sim, pegue – assim que prendeu o assassino, ela o empurrou contra a parede do beco, possessa e descontando parte de sua raiva e alívio.

- No que estava pensando? Podia ter morrido.

- Eu estava seguro o tempo todo – mostrando que a arma nunca fora engatilhada.

- Poderia ter me dito.

- E qual seria a graça? – sorriu. Após terminar de despachar o criminoso para o distrito e resolver algumas coisas indicando ao pessoal do CSU o que procurar na cena da fuga e no apartamento, Beckett finalmente podia ir para o 12th terminar seu relatório, liberar Kyle e encerrar o caso apropriadamente. Antes, porém, havia um escritor em seu caminho. De frente para ele, podia finalmente se despedir. O mais engraçado era que ao olhar para Castle naquele momento, ela admirava o charme do homem que também a olhava de maneira diferente. Sentia que estava prestes a receber uma nova cantada.

- Bem, acho que isso é tudo.

- Não precisa ser. Poderíamos jantar e nos interrogar – bingo, aí estava o flerte, resolveu brincar um pouco.

- E ser outra conquista sua?

- Ou eu poderia ser a sua – ele sugeriu. Ela suspirou pensando que a ideia não era de todo ruim, mesmo assim era um território complicado e Beckett decidiu não cair na sugestão dele.

- Prazer em conhecê-lo, Castle.

- Que pena. Seria ótimo – sem entender o que realmente acontecia ali, ela voltou a provocar mordendo os lábios. Aproximou-se dele sussurrando em seu ouvido.

- Você não tem ideia – vira-se de costas e caminha tranquilamente pela calçada sem saber que Castle a observava com um ar de desejo e admiração. Aquela era uma mulher absolutamente linda e misteriosa. O que não daria por mais algumas horas ao seu lado, pensou suspirando. Então, achou que não havia nada errado em deixar o caminho livre se, de repente, ela mudasse de ideia. Correndo ao seu encontro, Castle a deteve antes que entrasse no carro.

- Hey! Espere um minuto... – tirou de seu bolso um pedaço de papel. Com a caneta rabiscou um número de telefone – para você, quer dizer, nunca se sabe. Talvez precise da minha ajuda em um novo caso ou se quiser trocar a oferta de jantar por café e rosquinhas, não me importaria. Estarei a sua disposição, detetive Beckett – e mais uma vez, ele inclinou-se beijando-lhe o rosto para depois seguir seu caminho. Sentada em seu carro, ela brincava com o cartão entre os dedos, somente ali ela se deixou sorrir ao lembrar-se dos belos olhos azuis. Uma fisgada em seu estomago a pegara desprevenida.  

Kate Beckett terminou o relatório organizando tudo o que podia para despachar o caso para a promotoria. Satisfeita por encerrar mais um, pegou suas coisas e foi para casa. Checando o relógio, impressionou-se por ser apenas cinco horas da tarde. Depois de um banho relaxante, Beckett deitou-se na cama. Sobre o colchão estava a sua jaqueta. Remexendo os bolsos, ela voltou a pegar o cartão de Castle. Fitou-o por um longo minuto. Em sua cabeceira estava o exemplar de Storm Fall. Decidira dedicar-se à leitura do mais novo livro de seu escritor favorito. Leu a introdução, o primeiro capítulo e resolveu pular para os reconhecimentos, a curiosidade de entender um pouco de como ele vivia a vida a encorajou. Até que parecia uma pessoa normal e não o cara implicante, irritante e... Ah! Que droga! Ela estava atraída por Castle.

Além da fantasia por ser seu escritor preferido, ela não conseguia esquecer daqueles olhos azuis, o jeito de moleque e aquele traseiro era definitivamente um pedaço de pecado. Ela fica remoendo durante duas horas se deveria dar uma chance a ele, saciar sua curiosidade, provar que não era a policial certinha da qual ele a acusara. Sabia se divertir, ah, e como! Tudo bem que fazia meses que não saia com alguém. Esquecera-se da vida social.

Ela mordiscava os lábios olhando para o pedaço de papel. Uma noite apenas, umas horas do bom e relaxante sexo não faria mal, certo? Se é que realmente chegariam a esse ponto. Eram de mundos diferentes, ela uma trabalhadora árdua e pé no chão, ele, um milionário superficial e metido à celebridade. Quais as chances de se reencontrarem novamente em uma cidade como Nova York? Zero, pensou. Então, pega o telefone.

- Mr. Castle? Detetive Beckett.

- Olá, detetive! A que devo a honra de receber essa ligação sua – surpreso, porém imaginou que ela queria checar alguma última informação sobre o caso – aposto que está trabalhando ainda. Sentada de frente para o computador fazendo papelada com uma caneca cheia de café. As pessoas necessitam de uma noite agradável e boa comida, sabia? Diga, que informação faltou que a fez ligar para mim quase oito horas da noite? Estou a sua disposição, claro. Tudo pela justiça e pela cidade de Nova York.

- Definitivamente, você não é um bom detetive, Castle. Ao contrário do que pensa, estou em casa, o caso já está na mão da promotoria. Algumas pessoas são bem eficientes em seu trabalho, não enrolam alegando bloqueio criativo.

- Ouch! Assim você parte meu coração, detetive. Então, se não precisa de nada referente ao caso, por que está me ligando? Já sente a minha falta? – ele sorria e agradecia por ela não poder ver a satisfação em seu rosto.

- Não exatamente, mesmo porque ninguém tolera pessoas irritantes e extremamente desobedientes. Eu estava lendo seu livro quando me dei conta que nunca conversamos sobre o seu trabalho – ele entendeu a ênfase na palavra “seu” – saiba que sou uma leitora bastante crítica e posso ter algumas perguntas interessantes sobre o fim de Storm. Estava pensando se você não gostaria de discuti-las durante um jantar. Ou é tarde demais e você já comeu? – hum, isso era bem inesperado, pensou Castle.

- Não, ainda não comi. Adoraria sua companhia, Beckett. Tenho certeza que poderemos trocar ideias bem interessantes sobre todos os tipos de assunto, inclusive literatura. Se é que esse é o real motivo pelo qual me telefonou.

- Ok, tudo bem. Serei direta. Está disposto a ter um encontro comigo, ser realmente uma conquista minha? Sem amarras, sem culpa. Uma noite só por diversão. Então, Castle o que será? Está dentro ou passa? – perplexo, era como se sentia. Pelo pouco que conhecera dela não cogitara essa possibilidade, um convite aberto, direto. Não acreditava em seu golpe de sorte! – Castle? O gato comeu sua língua? Demais para você, certo? Posso entender isso como um não? – ele se antecipou.

- Não, não. Definitivamente estou dentro. Tem algum lugar de sua preferência para jantar?

- Castle, espere. Nada de pressa. Se vamos fazer isso, precisamos de alguns limites. Minha ideia, minhas regras.

- Certo, e quais seriam suas regras, Beckett?

- Tem que ser impessoal. Nem minha casa, nem a sua. Um lugar neutro. Uma noite, jantamos e vemos no que dá. Nada de ligações no dia seguinte, fui clara?

- Cristalina. Posso sugerir o Four Seasons como o lugar? Tem um restaurante ótimo e tenho passe livre lá, fique tranquila é bem reservado.

- Você tinha que jogar na minha cara, esbanjar seu lado de celebridade, não?

- Você pediu um lugar, este é reservado, elegante. Será de seu gosto. Se o problema é ser vista comigo para não manchar sua suposta reputação com a NYPD, podemos jantar no quarto. Depois, deixamos por conta da imaginação. Pode me dar alguns minutos para conseguir agendar? Já ligo de volta. Será uma ótima maneira de comemorar o fechamento de um caso de sucesso. Meu primeiro caso com a NYPD. Até mais, detetive.

Kate ficou olhando o telefone. De repente, seu lado racional começou a despontar fazendo-a se perguntar se deveria levar isso adiante. Não seria irresponsável demais? Por que ele parecia relutar? Será que não esperava esse tipo de atitude dela? Sua imagem estava tão vinculada a de alguém incapaz de fazer loucuras? Se era isso, ela iria provar que era capaz de se divertir como ninguém e Castle, bem ele estava prestes a conhecer um outro lado da detetive certinha e séria. Bastou um primeiro toque para ela atender.

- Detetive, tudo certo. Meia hora é pouco tempo para você se arrumar?

- Não, meia hora é suficiente.

- Ótimo! Passo para pega-la então, pode dizer seu endereço? – Beckett recitou a informação percebendo que estava ansiosa por fazer isso – excelente. Vou me arrumar.

- Castle, nada de detetive. Chame-me por meu nome, Kate está bem.

- Ok, Kate. Até logo.

Castle empolgado começa a se vestir. Escolhe a camisa num tom de violeta bem escuro quase lembrando um azul arroxeado. A gravata era de um tom mais claro quase chegando ao lilás. De frente para o espelho, ajeitava o paletó. Estava nervoso. Decidiu não ir de Ferrari, não que ela não merecesse, porém julgou ser melhor evitar um ataque de celebridade, seria demais para o perfil da bela detetive, ela já deixara claro que não curtia certos gestos considerados esnobes.

Conforme combinado, ele parou em frente ao prédio dela, deu um toque no celular para que soubesse da sua chegada. Olhando-se uma última vez no espelho, respirou fundo. O batom vermelho realçara os lábios. Os saltos destacavam as pernas longas e torneadas. É, acreditava que poderia deixar Castle boquiaberto. O vestido era curto, para provocar e quando ela saiu na rua, ele teve exatamente a reação que ela esperava. Sentiu-se sendo comida com os olhos. Entrou no carro, colocou o cinto e deu uma primeira olhada nele. Estava muito elegante. Coincidência ou não, o tom de seu vestido era o mesmo da gravata que Castle usava.

- Já pode fechar a boca e dirigir Castle. Não comece a babar porque não irá ajudar muito. Seja rápido porque estou com fome – recuperando-se do impacto, ele sorriu.

- Você se vestiu muito bem, Kate. Adorei a escolha das cores, especialmente o batom. Será um prazer tira-lo dos seus lábios.

- Devagar, Castle ou você me fará desistir da noite antes de começarmos – era uma afirmação da boca para fora. Somente de imaginar beijar aqueles lábios sentiu o corpo arrepiar.

Chegando ao Four Seasons, Beckett se impressionou ao ver que o local era distinto e reservado como Castle avisara. O Concierge prontamente os atendeu conduzindo-os ao andar onde ficava a suíte. Outra surpresa, era um andar privativo, nada de vizinhos. Isso a fez relaxar. Discrição era primordial em um momento como aquele especialmente após ver o que tinha à disposição, sua mente começou a maquinar safadezas. Ele colocou a mão em sua cintura e guiou-a para dentro da suíte. Era enorme, uma ampla sala de jantar onde a mesa já esperava pelo casal para jantar, um telão de 60 polegadas. O espaço do quarto era convidativo. A cama king size estava cheia de travesseiros, estava separada por uns cinco degraus da sala. O banheiro era maior que a sala de estar do seu apartamento. Definitivamente, estilos de vida completamente diferentes.

- Posso mandar servir o jantar, Kate? – já lhe entregando uma taça de champagne que servira enquanto observava o jeito dela caminhando pela suíte.   

- Claro – sorveu o liquido da taça, champagne de primeira. Sentou-se à mesa de frente para ele.

- Escolhi algo simples e leve. Peras gratinadas com cream cheese e como prato principal, frango ao molho de mostarda dijon acompanhado de purê de espinafre e pistache.

- Parece delicioso – vendo Castle colocar o prato da entrada a sua frente. Provando a primeira garfada, ela achou deliciosa – está muito bom. Acho que você deveria provar. Eles comiam conversando um pouco sobre amenidades, Kate comentou sobre o último livro que lera dele, colocando suas observações de maneira precisa e deixando Castle cada vez mais intrigado com a misteriosa mulher que o fazia companhia nessa noite. Ela era realmente fora do comum, a elegância, o porte, a beleza. Se a encontrasse na rua ou em uma festa, jamais deduziria que era uma policial. Kate podia ser uma top model. Mas como todo bom mistério, era discreta, reservada e aqueles olhos amendoados escondiam uma história de luta e determinação. Podia perceber isso.

- Castle, por que você decidiu matar Derrick Storm? – ela cruzou os talheres no prato indicando que estava satisfeita. Tomou o último gole do champagne. Castle limpou a boca, de certa forma ganhando tempo para responder à pergunta dela. Levantou-se segurando sua taça, serviu um pouco mais de bebida a ela e ofereceu a mão para que o acompanhasse até o sofá. Sentados, lado a lado, com o olhar fixo sobre ele, Kate insistiu – então, não vai responder?

- Decidi mata-lo porque escrever sobre ele tornou-se chato, previsível. Um trabalho.

- Wow! – ergueu as sobrancelhas – isso é interessante, deveria ser seu trabalho, não?

- Escrever histórias deve ser inspirador, excitante. Não conseguia captar esses sentimentos com Derrick, não como antes – ela se inclinou na direção dele, já começando a provoca-lo. O rosto quase colado ao dele – então, Rick, o que você fará agora? Como vai conseguir a inspiração necessária? – ela passou a mão pelos ombros dele livrando-se do paletó. Estava de joelhos no sofá, seus corpos ainda não tinham se encostado adequadamente. Ela puxou a gravata dele e sorveu seus lábios em um beijo intenso.

A princípio, ele não reagiu, mas o gosto daquela língua pedindo licença para invadir sua boca o fez agarra-la pela nuca aprofundando o beijo. Os dedos de Kate trabalhavam agilmente desfazendo os botões da camisa, sentiu o toque dos dedos macios em sua própria pele, isso apenas serviu para atiçar sua excitação que já começara a despontar nas calças que vestia. Ele tentou deita-la no sofá, porém Kate acabou por quebrar o beijo invadindo seu peito com os lábios, provando o gosto masculino com um toque de perfume da pele. Roçou os dentes sobre um dos mamilos. Castle deixou suas mãos deslizarem pelas costas dela rumo ao bumbum. Quando fez menção de puxa-la para um novo encontro de lábios, Kate se ergueu do sofá segurando sua mão o puxando, pelo que Castle podia deduzir, para a cama. Estava para descobrir que estava totalmente equivocado.

Kate se colocou de costas para ele, indicando que espera um ajuda para livrar-se do vestido. Abrindo o fecho, Castle fez a roupa deslizar sobre a silhueta chegando ao chão. Ao vê-la virar-se, contemplou pela primeira vez o corpo por inteiro. Era linda, da cabeça aos pés. Esbelta, de pele clara, seios pequenos e delicados. O abdômen reto era uma pista convidativa para o centro de suas atenções e prazer. A pontada na virilha o fez gemer. Castle estava vidrado nela. Beckett, ao contrário do que ele pensara, não via a hora de fazer uso daquele corpo charmoso a sua frente. Caminhando até ele, arrancou a gravata com rapidez sobre o pescoço. A camisa jogada próximo ao chão onde ele estava de pé. Então, sua atenção voltou-se para as calças. Desabotoou-a puxando a peça para baixo juntamente com o boxer que ele vestia. A ereção despontou bravamente a sua frente.

Sorrindo e satisfeita com o que viu, ela avançou na direção de Castle devorando-lhe os lábios. Ele quis leva-la em direção a cama, mas Kate gemeu um “não” entre os lábios. Empurrou-o colocando-o de costas para os degraus que separavam os níveis do quarto próximo à cama. Debruçou o corpo sobre o dele sem quebrar o beijo, as mãos já passeavam sobre o peito dele enquanto sentia o membro ereto e insistente contra sua coxa. Estava apenas começando.

Os dedos de Castle agarraram sua calcinha querendo livrar-se do tecido incômodo que o impedia de senti-la completamente rente ao seu corpo. Trocaram de posição. Ele, por cima, conseguia tirar a peça usando os lábios para entretê-la provando-lhe a pele macia e quente. Admirou a imagem a sua frente. Via o desejo excita-la dilatando as pupilas. Ele se afastou um pouco ficando no último degrau, bem rente ao chão, onde poderia erguer uma de suas longas pernas para beija-la até o interior das coxas. Em seguida dirigiu-se aos seios. Provou-os vagarosamente, um a um, contornando-os com a língua até suga-los com os lábios arrancando vários gemidos seguidos de Kate que se contorcia por baixo do corpo dele.

Então, Castle a penetrou. Em reflexo, Kate arqueou o corpo para recebê-lo. Os primeiros movimentos deles ainda que desengonçados foram suficientes para excita-la quase ao limite de um orgasmo. Por conta disso, ela revirou o corpo para ficar por cima dele. Espalmando seu peito com ambas as mãos, Kate movimentava-se sobre Castle com desenvoltura. Claramente, não era a primeira vez que ela usava degraus de uma escada para fazer sexo. Inclinou o corpo para frente e para trás em um ritmo que apenas aumentava o prazer deles. Kate mordicou os lábios dele antes de beija-lo novamente, Castle apertava seu bumbum, segurando-a, incentivando-a até perceber que ela estava no limite. Como um raio certeiro, o orgasmo aconteceu.

Isso não impediu a Castle de continuar a devoção e a exploração do corpo colado ao seu. Sentando-se agora no degrau, levou sua boca à altura dos seios dela, abocanhando-os novamente. Kate acariciava os ombros e os cabelos dele incentivando-o a continuar ainda sob o efeito dos orgasmos múltiplos. Ofegante, sabia que a brincadeira não parara por ali. Queria mais. Sussurrando ao ouvido dele, fez o próximo convite.

- Que tal uma experiência na cama, Rick? Tenho algo que fará sua pele esquentar...

- Será um prazer leva-la a cama, Kate – ele ergueu-se da pequena escada com ela em seus braços, surpreendendo-a. Terminando de subir os degraus, andou mais uns passos com Kate devorando sua orelha para coloca-la sobre o colchão. Não perdeu tempo em abrir suas pernas e mergulhar em meio a elas para prova-la de verdade. O grito prazeroso de Kate o fez sorrir. A forma como os lábios e a língua de Castle a exploravam fazia seu corpo contorcer-se de prazer. Agarrou um travesseiro com cada mão e arqueou o corpo sentindo-o tremer e o poder de uma nova onda de prazer a invadir como uma espécie de furacão. Castle voltou sua atenção ao abdômen, beijando a pele vagarosamente. Kate se desvencilhou dele fazendo-o deitar de costas para o colchão. Levantando-se, sussurrou para o belo de olhos azuis.

- Fique aí, prometo não demorar – ela foi até onde deixara sua bolsa e tirou o par de algemas que trouxera, suas próprias ferramentas de trabalho, um par sobressalente. Já havia notado velas no balcão do banheiro. Pegou uma pequena redonda e bege, liberava essência de canela quando acesa. Claro que não faltara o instrumento para acendê-la. Kate escondia o par de algemas nas costas. Primeiro, colocou a vela sobre a cabeceira. Pegou a mão direita de Castle e prendeu-a com a algema, repetiu o gesto com o pulso esquerdo.

- O que está fazendo, detetive? Vai me punir?

- Acho que você precisa de uma correção mais drástica Mr. Castle... – colocou os braços dele para cima – nada de querer livrar-se das algemas ou mover os braços, não quero ver marcas de sangue em seus pulsos – ela acendeu a vela, trazendo-a na mão para a cama. Kate se posicionou sobre as pernas dele para mantê-lo sob seu controle. Segurando a vela, Kate começou beijando-lhe os lábios. Um beijo lento e estimulante, o prazer de sentir sua língua em contato com a dele era incrível. Não se enganara, Castle beijava como poucos, conseguia transformar o gesto em um item de prazer que a amolecia. O aroma de canela começava a tomar conta do ar envolta deles. Foi assim que ela o levou a um novo patamar de pequenos prazeres, brincando com o desejo.

Quebrando o beijo, os lábios dela começavam a deslizar pelo pescoço, peito e mordiscando de leve a pele, Kate usava uma das mãos para acariciar-lhe o corpo. Cuidadosamente, lambeu a pele no meio do peito dele para logo em seguida deixar a vela pingar um pouco da cera que formava. O contato do quente com a pele recentemente úmida pegou Castle de surpresa fazendo-o erguer as costas do colchão. Pingou novamente, uma, duas, três vezes. Desenhou uma trilha quente do peito ao estomago dele parando bem próximo do membro. Deixou a vela na cabeceira e refez o caminho que traçara com a cera usando os lábios cobrindo-o de beijos. Sabia que ele estava gemendo e curtindo cada segundo. O membro estava tão ereto que não iria demorar para que gozasse sozinho, mas ela ainda queria dar uma ajudinha.

Tornando a beija-lo, acariciou com as mãos o membro dele quase deixando-o ofegante. Posicionou-se rente a ele e encaixou-o perfeitamente sentindo-o deslizar suavemente para dentro de si. Recomeçou a movimentar-se sobre ele. Via a agonia de Castle ao querer toca-la, batendo os pulsos constantemente contra o metal das algemas. Decidiu tortura-lo somente mais um pouco, até ela sentir-se muito próxima de um novo orgasmo. Cinco minutos depois, ela já não tinha tanto domínio sobre o corpo. Esticando-se para próximo da cabeça dele, pegou a chave que deixara sobre o colchão e o libertou. No instante que o fez, ele a agarrou com as mãos mordiscando-lhe os lábios e colocando-a de contra o colchão. Aumentou o ritmo das estocadas sendo rápido e preciso, estava à beira da loucura causada por momentos de prazer intenso. Não conseguiu mais segurar, felizmente ela já tremia abaixo dele e juntos sentiram os corpos serem dominados pelo orgasmo que os atingiu.

Castle ainda levou um bom tempo movimentando-se com ela até deixar seu corpo desabar na cama, ainda envolto nas sensações incríveis que ela proporcionara naqueles instantes. Por alguns minutos, apenas as respirações de ambos eram ouvidas no quarto. Ainda era possível sentir o aroma da canela no ar.

Kate passou a mão no rosto ainda mantendo os olhos fechados. Castle se apoiou no braço com a cabeça sobre a mão, ficando de lado para contempla-la. Os dedos deslizaram suavemente pelo colo rumo ao estomago. Inclinou-se e beijou-a carinhosamente, um simples selinho. Isso a fez abrir os olhos. Suspirou, fitando os olhos azuis profundos, antes escondidos pela pupila, agora voltavam a dominar o olhar.

- Isso foi... sensacional... – Castle roçava o polegar em um dos mamilos dela que logo se mostraram rijos – não fazia mesmo ideia. Foi além de tudo o que imaginei da policial, Kate Beckett.

- Quem disse que não sei me divertir? Acredito que provei que estava errado a meu respeito.

- Definitivamente. Uma bela e explosiva surpresa. Muito, muito quente.

- Bem, devo reconhecer que você também não é de se jogar fora. Não sei se devo dizer isso, afinal modéstia não é exatamente uma característica sua.

- Por favor, detetive. Você é capaz de me fazer um elogio.

- Que beijo, Mr. Castle e devo acrescentar que tem um belo traseiro, Rick.

- Obrigada, Kate. Sempre um prazer, posso fazer uma nova demonstração nesse instante – antes que ela respondesse, ele a envolveu em outro beijo sedutor. Ao se separarem, Kate sentou-se na cama. Fora uma excelente experiência. Levantou-se da cama em busca de seu vestido. Ao vê-la colocando a roupa, ele reclamou – não, Kate... onde pensa que vai? Está cedo. Deite-se e durma um pouco.

- Não, Rick. Já passa das duas da manhã. Preciso ir para casa. Alguns de nós acordam cedo para trabalhar. Não se preocupe, eu mesma acho a saída. Descanse, tenho certeza que está esgotado com toda a atividade de hoje – sorriu maliciosa chegando próxima a ele, roubando-lhe mais um beijo dos lábios – foi um prazer conhecê-lo, Rick Castle. Boa sorte com qualquer que seja seu novo livro de aventuras.

- Não, Kate, não vá... ainda não.

- Tínhamos um acordo, uma noite e só. Sem expectativas, era o combinado.

- Isso foi antes de você se tornar uma das melhores noites da minha vida.

- O prazer também foi meu – disse rindo – adeus, Castle – e saiu rebolando na frente dele satisfeita com a loucura que acabara de cometer. O frison de estar viva, da emoção esquecida, surgiu exatamente naquele instante. Acabara de perceber que uma nova sensação dominara seu estomago. Borboletas, milhares delas. Sorrindo, a volta para casa teve um outro sabor. O de prazer extremo. Rick Castle alera a pena, mais do que ela poderia ter imaginado.  

Ele ficou deitado contemplando o teto. O cheiro, o gosto, a imagem dela dominando-lhe a mente completamente. Era uma mulher bela e misteriosa a detetive Beckett. Capaz de atiçar a sua imaginação em um patamar totalmente novo. Suspirou. Sabia que mesmo dormindo, ela não lhe sairia do pensamento.                              


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Dia Seguinte...


- Queria me ver Capitão?

- Sim. Acabei de receber um telefonema do prefeito. Parece que tem um fã.

- Um fã?

- Parece que achou a protagonista de sua nova série de romances. Uma rígida, mas adorável detetive.

- Estou lisonjeada? – ela perguntou erguendo as sobrancelhas.

- Não esteja. Ele precisará fazer pesquisa.

- Ah, não.

- Ah, sim.

- Não. Ele parece uma criança correndo atrás de um doce. É incapaz de levar algo a sério.

- Mas ajudou a resolver o caso. E se o prefeito e o comissário estão felizes, eu também fico.

- Por quanto tempo?

- Isto é com ele – Montgomery indicou a porta da sala. Rick Castle com um olhar maroto e um sorrisinho triunfante nos lábios a fitava. A cara de pânico de Beckett transparecia. Isso não poderia estar acontecendo, não! Isso não era justo. Ela queria mata-lo.

- Olá, detetive Beckett! É um enorme prazer encontra-la novamente.

Beckett o arrastou até uma das salas de interrogatório. Desligando a conexão de áudio para que ninguém ouvisse sua conversa, ela obrigou-o a sentar. Os olhos estavam soltando faíscas, era a primeira vez que vira a fúria da detetive.

- Como você pode fazer isso? Você deveria ter desaparecido da minha vida, Castle! Ir até o prefeito, inventar essa historia de livro para me perseguir? Quer me torturar? É isso que pretende fazer estando aqui nesse distrito?

- Ao contrário, quero mesmo escrever meu próximo livro baseado em você, a sagaz, determinada e bela detetive da NYPD.

- Isso só pode ser brincadeira! – ela andava de um lado a outro. Não esperava por essa surpresa. Não levara em consideração essa possibilidade quando decidiu se aventurar naquela noite de prazer com Castle. Agora, como poderia olhar para ele sem saber se ele estava prestando atenção nela ou lembrando-se do momento junto ou mesmo analisando o que estava por baixo da sua roupa.

- Kate, olhe...

- Aqui é Detetive Beckett – ela retrucou.

- Tudo bem, detetive Beckett. Estou aqui pelo trabalho, pela história. Você me trouxe inspiração para querer escrever um novo livro. Quero fazer de você minha musa – ela passou a mão nos cabelos expirando.

- Ok, claramente não tenho autoridade nem sou amiguinha do prefeito a ponto de chutar seu traseiro desse distrito. Portanto, se vou ter que atura-lo pisando em meus calcanhares, teremos que deixar uma regra bem clara. A noite passada nunca aconteceu, você não irá menciona-la, nem cogita-la ou induzir as pessoas a qualquer pensamento relacionado com o que aconteceu entre nós, fui clara ou quer que eu escreva para não esquecer?

- Detetive, será bem difícil apagar da minha mente aquelas horas de prazer e a imagem que gravei na memória...- apoiando os dois braços na mesa ela se inclina na direção dele, a vontade era de soca-lo.

- Escute aqui, se você contar para alguém ou indicar que tem o mínimo de interesse em mim, farei da sua vida aqui um inferno e acredite, será tão difícil a ponto de implorar para o Capitão que quer cair fora desse distrito. Não brinque comigo, Castle.

- Detetive, você só está me deixando mais excitado com essas palavras – ela grunhiu e avançou puxando-o pelo colarinho. Com os rostos quase colados, ela sentiu uma vontade louca de beijar aqueles lábios. Deus! Não podia ceder aquela tentação.  

- Vai se comportar? É uma pergunta simples de resposta objetiva: sim ou não?

- Tá certo, tudo bem. Irei me comportar com relação a isso. Mas, Beckett, meu pensamento sempre recordará do sabor desses lábios. Não pode tirar isso de mim. De certa forma, sou um homem paciente. Se a história de nós dois tiver que acontecer, você não poderá mudar isso. Se for obra do destino, nem mesmo Kate Beckett pode fugir dele.

As palavras de Castle a tocaram fazendo seu corpo estremecer, mesmo que por um breve momento. Logo replicou.

- Ótimo! Tenho novidades para você, Castle. Eu não acredito em destino – suspirando, saiu da sala batendo a porta deixando-o sozinho. Castle abriu um sorriso por saber que encontrara a musa perfeita.

- Veremos, detetive, veremos...


Continua...