10th Date
Autora:
Karen Jobim
Classificação: NC-17
Gênero: AU
Advertências: Comédia, Romance – S2 baseado em The Third Man.
Capítulos: Oneshot
Completa: [ x ] Sim [ ] Não
Classificação: NC-17
Gênero: AU
Advertências: Comédia, Romance – S2 baseado em The Third Man.
Capítulos: Oneshot
Completa: [ x ] Sim [ ] Não
Resumo: Castle
é eleito o 9º solteiro mais cobiçado de NY. O problema é que o jornal fez
questão de mencionar um possível romance com Beckett. Agora, ele tenta esconder
a notícia a qualquer custo dela sem ser bem sucedido. No meio de um caso, eles
acabam por iniciar uma espécie de competição. E o resultado será bem diferente
do que ambos imaginavam.
Nota da
Autora: Essa fic é para diversão. Dei uma mexida no caso porque afinal de
contas, ele não é o foco principal dessa história. Desafio relâmpago proposto
no grupo do FB. A sugestão do episódio foi da Vanessa e acredito render boas
risadas e cuteness. Espero que curtam. Enjoy!
Atenção....NC17!!!
10th Date
Loft de Castle
Castle acordou
naquela manhã particularmente animado, especialmente ao checar o jornal. O New
York Ledger publicara sua famosa lista de solteiros mais cobiçados de New York.
E claro que ele estava novamente nela.
- Ah, sim. É
disso que falei!
- Tem que
falar tão alto? Tem gente acordando – reclamou Martha sonolenta - Por que está
tão feliz?
- Saiu a "New York Ledger's". A
lista anual dos 10 melhores solteirões. Adivinha quem está nela?
- Quem? –
disse Alexis somente para dar o gostinho de se gabar ao pai.
- Não sei,
deve ser o presidente do clube dos bonitões. Ranqueado em nono.
- Não foi o
sétimo ano passado? – Martha perguntou.
- Sim,
obrigado por destacar meus fracassos, mãe.
- É o meu
trabalho. Ainda bem que meus amigos não leem isso.
- Por que é
embaraçoso?
- É o sonho de
toda garota ter o pai ranqueado entre os solteiros mais desejados do ano.
- De acordo
com isso, seu pai não está mais disponível – disse Martha contemplando o jornal
- Não leu o resumo? – após perceber a cara de interrogação do filho -
"Apesar de solteiro, dizem que Richard Castle vive um romance com a
detetive Kate Beckett... A inspiração para Nikki Heat, a heroína do seu último
livro. O solteiro número 9 pode não estar disponível ano que vem".
- O quê? De
onde tiraram isso? Não disse nada disso na entrevista.
- Detetive
Beckett não vai gostar disso.
- Talvez ela
apenas ache engraçado.
- Como pode um
homem cercado por mulheres saber tão pouco sobre nós? – perguntou-se Martha
revirando os olhos. O celular de Castle tocou naquele instante.
- Falando no
diabo. Ela pode estar ligando por causa de um cadáver, ou por causa do artigo.
- Reze para
assassinato – disse Martha.
- Bom dia –
enquanto Beckett falava sobre um novo caso, ele tapou o microfone e falou - Cadáver.
Escapei – ao desligar ele comentou – pelo menos por enquanto. Minha missão é
não deixar Beckett chegar perto de nenhuma cópia do NYL.
- Boa sorte
com isso – disse Alexis.
Ao chegar no
apartamento onde o crime ocorrera, Castle viu logo sobre um aparador um
exemplar do jornal que tratou de esconder antes que alguém mencionasse qualquer
coisa. Ele estava um pouco distraído devido ao plano que maquinava em sua mente
para mantê-la longe dos comentários absurdos dos rapazes ou de qualquer pessoa.
Porém, ao deparar-se com a detetive concentrada junto à vítima examinando e
conversando com a legista, ele não pode deixar de pensar que a ideia não era
tão louca assim. Desde a primeira vez que colocara os olhos sobre ela,
sentira-se atraído. Após conhecê-la como pessoa, seus desafios, a frustração
pelo caso não solucionado da mãe, sabia que Kate além de uma bela mulher, era
inteligente, sagaz, competente e extremamente reservada. Não se abria muito,
não era dada a grandes noitadas e sobretudo, detestava publicidade. Ele a viu
remexendo no cabelo colocando-o atrás da orelha, a cena o fez inclinar a cabeça
para o lado admirando-a somente para ser pego de calças curtas.
- O quê? – ela
perguntou achando muito estranho o jeito dele.
-O quê? O quê?
– disse ele tentando disfarçar - Então o que temos?
Então
engajaram na análise da cena do crime e nos potenciais motivos para o
assassinato. Estavam cheios de perguntas. A causa da morte viera através de uma
seringa e nada muito conclusivo pode-se tirar da relação dos moradores com a
vítima. Encontraram uma câmera fotográfica com várias tomadas da casa dos
Dilsons e de outros lugares que não reconheciam à princípio. Parece que era uma
forma de desarrumar e depois retornar tudo ao seu lugar para que os verdadeiros
donos não desconfiassem. Beckett ordenou que Ryan examinasse o cartão de
memória. De volta ao distrito, os rapazes comentavam sobre a reportagem do NYL.
- Ela vai
matá-lo – disse Ryan.
- Ele está
morto – corrigiu Esposito.
- É verdade, Castle?
Está fora do mercado? – disse Ryan sacaneando enquanto Esposito balançava o
jornal na frente dele de propósito.
- Se algum de
vocês disser alguma palavra... Juro, vou fazê-los pagar... – ele calou-se ao
vê-la se aproximar. Novamente, Beckett sentiu que havia algo estranho no ar que
ainda não detectara o que poderia ser. Resolveu se ater ao caso. Lanie havia
informado um nome descoberto através de digitais. Douglas Bishop. Ele não tinha
uma ficha grande, preso por embriaguez e desordem. Pediu para que os rapazes
localizassem os parentes mais próximos. Talvez saibam o que ele fazia no apartamento.
Além disso, o laboratório revelou que fora injetado com cetamina, uma droga de
boate. Quem injetou não queria a vítima drogada. Aplicaram o suficiente para
derrubar um cavalo. Em seguida, partiu para a entrevista com a irmã da vítima.
A última vez que o vira fora nas festas do feriado. Eles se encontraram no
aeroporto onde Stan, marido da irmã, trabalha. Em seguida, foi a vez de Ryan trazer novidades
sobre o cartão de memória onde uma nova cara apareceu entre as fotos revelando
um novo suspeito. Doug não parecia um mau funcionário, nunca faltava trabalho
na agência que trabalhava. Eles ainda tinham que descobrir de quem era o outro
apartamento.
As peças do
quebra-cabeça ainda não se encaixavam. Havia muitas perguntas sem respostas,
vários gaps. Todos contribuíam com possíveis ideias e respostas, menos Castle
que aparentava estar em outro mundo, não dera um palpite sequer. Mais
estranheza que apenas servia para deixar Beckett incomodada.
- Nenhuma
grande teoria para compartilhar conosco?
- Honestamente?
Não, nada – realmente ela ficava a cada hora mais intrigada, após dar tarefas
para os rapazes, ela distanciou-se deles pensando no que poderia estar
acontecendo com Castle. De certa forma, estava acostumada a ouvir as besteiras,
as maluquices ou comentários totalmente inapropriados, isso ajudava a passar o
dia especialmente quando uma investigação parecia andar em círculos.
Enquanto a
investigação tomava forma, Castle havia se saído bem em esconder a notícia do
jornal até ali. Um novo pânico se instalou ao vê-la calmamente folheando uma
cópia que encontrou na mesa de um colega.
- O que está
fazendo?
- Vou ver quem
ganhou o jogo.
- Nós
ganhamos.
- Sabe de que jogo
estou falando?
- Claro. O
grande jogo – era isso, precisava saber. Deixando o jornal de lado, ela
perguntou.
- Castle, o
que está acontecendo?
- Beckett,
olhe isso – salvo pelo gongo, ou melhor, pela interrupção de Esposito, Castle
tratou de esconder o jornal. Mas, sua maré de sorte estava prestes a mudar.
Durante a entrevista com a moradora do outro apartamento descoberto pelo
suposto assassino, eles conversaram com a dona para entender se existia alguma
ligação entre ela e a vítima. Estava fora da cidade sendo sua mãe a única
pessoa a saber disso. Ao final da conversa, Beckett agradeceu e o segredo que
Castle lutava tanto para manter longe dela, veio à tona.
- Obrigada por
vir, Sra. Langford.
- A propósito,
aquela foto no jornal não te fez justiça. Você é muito mais bonito pessoalmente.
- Tem uma foto
sua no jornal? – Beckett perguntou vendo que ele ficara todo errado.
- Então, você
é a namorada detetive?
- Desculpe, a
o quê? – não estava entendendo nada.
- Ele é um
ótimo partido – Beckett olhou fuzilando-o.
- Não. Mostre-me.
Agora – ela o arrastou para a minicopa.
-"Romanticamente
envolvidos"? - Por isso ele estava tão aéreo, agindo estranho. Filho da
mãe! Queria mata-lo!
-"Há
rumores".
- O que disse
a eles?
- Nada. Por
que faria isso?
- Tem ideia do
que isso faz à minha reputação?
- Sua
reputação? E quanto à minha? Estou tão chateado quanto você. Estou na sua
equipe. Isto é jornalismo barato e estou a 2 segundos de cancelar minha
assinatura. Minha assinatura – ele já não prestava atenção em nada do que ela
dizia, mas Beckett gravou cada comentário que ele despejara sobre ela e agora
estava ao telefone, ignorando-a.
- Tem ideia de
quão difícil é ser policial mulher? A última coisa que preciso é que dê...
- Sim, The New York Ledger, por favor.
- O que está
fazendo? Você não vai escapar dessa tão fácil, Castle.
- Langdon
disse que só a mãe sabia que estava de férias, mas é mentira. Se estava
fingindo estar doente, a última coisa que iria querer seriam jornais empilhando
na porta. Ela escondeu os jornais. Departamento de Assinaturas, por favor. Qualquer
pessoa com acesso à contenção de férias saberia, exatamente, quem está fora da
cidade e por qual período – disse Castle, retornando sua atenção a outra pessoa
na linha - É, queria verificar uma informação sobre contenção de 2 de seus
assinantes, por favor. Quem sou eu? Eu... – ele estendeu o celular para
Beckett, o embaraço presente em seu rosto - Às vezes, esqueço que, na verdade, não
sou policial.
- Eu não –
disse ela com um sorrisinho no rosto. Oi, aqui é a Det. Kate Beckett, NYPD. Gostaria
de falar com seu supervisor – assim que conseguiu o que queria, uma visita ao
NYL, devolveu o celular para Castle não sem antes fazer uma pequena ameaça –
essa conversa sobre relacionamento não acabou, assim que decifrar esse caso,
você e eu vamos conversar sobre limites, e acredite: não será nada romântico –
lançou o olhar que sempre o apavorava.
- C-certo... –
disse com a voz angustiada engolindo em seco.
A viagem até o
New York Ledger certamente liquidou algumas pontas soltas para Beckett, porém a
visita pareceu uma ótima oportunidade para Castle tirar a história da
reportagem a limpo. Enquanto ela cobria os detalhes das assinaturas, ele
avistou a jornalista responsável pela matéria que, até aquele ponto, podia
significar um abismo entre ele e sua musa. Castle estava determinado a não
deixar isso acontecer.
- Donna.
- Richard, o
que faz aqui? Não está com raiva pelo 9º lugar, está? Disse ao editor para te
manter em 7º.
- Não, não é
isso. Eu não me importo com isso... muito. Só que... por que disse que eu namoro
a Det. Beckett?
- Bem, eu só
presumi. Você ficou falando dela na entrevista.
- Não, não
falei.
- Com certeza,
falou. Não parava de falar nela. "Beckett disse a mais engraçada isso, é a
melhor aquilo".
- Sério? Eu
fiz isso? – a realização veio como um choque o qual ele tratou de disfarçar,
então não apenas a reportagem criou um desconforto entre os dois como foi
provocada por seu próprio subconsciente. Ele deixou-se mostrar, o rumor veio da
sua boca. Isso somente tornava as coisas piores para seu lado. A primeira coisa
que devia fazer era tirar essa impressão da jornalista.
- Ano passado,
só falou de você.
- Bem, Donna,
sou muito, muito solteiro.
- Sério? Por
que se não estiver envolvido, a solteira nº 3 perguntou de você hoje. Você a
viu?
- Não.
- Ou você é um
desses que nunca lê abaixo da dobra?
Eu leio abaixo
da dobra. É que tenho estado ocupado com meu 2º livro da Nikki Heat, e eu... –
Donna mostrou a foto - Meu Deus!
- Isso. Amanda
Livingston. Quer o telefone dela? Porque ela quer o seu – Castle ponderou se
deveria aceitar, sua situação com Beckett já estava melindrosa demais, um
encontro agora poderia quebrar o fino gelo no qual ele caminhava nesse momento
ou seria uma forma de invalidar o que o jornal pregou. Por que não?
- Ok. Pode dar
meu número.
A visita dera
resultado. Beckett trouxe um novo elemento para interrogatório. Um entregador e
coincidentemente o cara das fotos no apartamento dos Dysons. A história de
Michey Carlson, porém parecia algo saído diretamente de um filme de ação ou uma
dos romances de Rick Castle. Além da vítima morta, ele alegou a existência de
mais duas pessoas, um cara normal e um outro do mal com uma cicatriz de lua
crescente no rosto. Outro fato interessante colocado pelo rapaz foi o fato de
Doug ter saído em sua defesa. Estavam falando de grana alta. Três milhões.
Beckett ouviu tudo e o absurdo da história a deixou frustrada. Terminada a
entrevista, Beckett sentiu que estava longe de achar respostas para o caso,
portanto se concentrou em saber de outro assunto que a incomodava desde que
avistou Castle conversando com uma repórter no jornal.
- Quem é sua
amiga do jornal?
- Donna
Vincennes? Foi ela que escreveu sobre nós.
- Não existe
um "nós" – ela retrucou embora o som disso tivesse causado um frio
involuntário em seu estomago.
- Eu sei
disso.
- Disse isso a
ela?
- Sim, eu disse
– ele aproveitou a deixa para comunicar que as paginas do Ledger continha mesmo
apenas rumores, talvez isso evitasse um ataque de raiva da detetive, o que ele
queria evitar a qualquer custo - O que funcionou, na verdade, muito bem para
mim. Ao que parece, a solteira nº 3 está interessada em me conhecer – ele puxou
a foto do jornal exibindo-a em frente de Beckett que de repente não se sentiu
confortável com a possibilidade de imaginar para onde isso iria - Assim que os tabloides
souberem dela comigo, eles esquecerão tudo sobre você e eu.
- Posso
simplesmente ver o título: 9º conhece 3ª em um jantar a 2 – disse ela como quem
brinca naturalmente sobre algo despretensioso. Ele não conseguiu decifrar a
mensagem no semblante de Beckett, podia ser algo relacionado à raiva ou
decepção, mas com certeza não era alivio. Estimulado por provoca-la e vê-la
mostrar seu verdadeiro sentimento, ele jogou a isca.
- Acredite ou
não, existem mulheres na cidade que gostam da ideia de estar romanticamente ligadas
a mim – ele se levantou deixando a foto sobre a mesa. Beckett não emitiu um som
sequer. Diante da imagem da próxima acompanhante de Castle, ela percebeu algo
que a tomou à princípio como surpresa apesar de ser justamente o sentimento que
ela tentava esconder todos os dias negligenciando a si mesma. Kate Beckett
estava com ciúmes.
Ela se
levantou rumo ao banheiro do distrito. Diante do espelho, ela contemplou seu
rosto. O que havia de errado com ela? Era bonita, tinha um jeito intimidador
que certamente afastava alguns homens, mas sabia ser provocante e sensual. Era
muito melhor que aquela loira sem graça com...com... rosto chupado! Droga, ele
realmente apertara os botões certos. Por que do nada ela não servia? Não era
boa o bastante para o escritor de Best Sellers Rick Castle? Ainda em seu
momento de raiva, ela saiu porta afora rumo ao elevador. Não queria ficar ali
naquele momento.
Sentada no
banco de seu carro oficial, ela revisava o seu último diálogo com Castle. Ele
parecia empolgado por ter esse encontro, não? Hum... talvez fosse apenas uma
tentativa de implicar, não desafia-la. Aquele tom que usara na última frase,
ele realmente estava querendo provar que ela não sabia o que estava perdendo?
Ela estava perdendo, não? Quer dizer, todos esses anos só pensava em trabalho.
Não havia noitadas, festas, sexo... ela sequer lembrava a última vez que
estivera com alguém. O que acontecera com ela? A resposta estava ali, bem na
sua cara por mais que Beckett não quisesse encara-la. Desde que Rick Castle
viera trabalhar como sua sombra, por mais irritante que parecesse no começo,
ela se acostumou a tê-lo ao seu lado. Eles tinham uma boa interação juntos, ele
a fazia rir. Deus! Ele era realmente charmoso com aquele risinho pretensioso e
lindos olhos azuis, eram tóxicos. Sentia-se atraída pelo escritor. Era loucura
pensar nisso, era complicado e totalmente fora de cogitação. Ela não podia
investir em algo que atrapalhasse o que tinham em seu lugar de trabalho.
Batendo no volante, ela grunhiu falando sozinha.
- Era isso que
ele queria com aquela frase, fazer com que ela perdesse o foco e entrasse de
cabeça nesse jogo mental questionando-se sobre o que poderia ser, seu valor,
inferno, considerei a possibilidade de não ser desejada por causa disso. Não
posso ceder a isso. Se Castle quer uma guerra, ele a terá. Não sou eu que devo
me sentir lisonjeada pela sua companhia, ele vai provar do seu próprio remédio
– confiante, ou era assim que ela se enganara mais uma vez, Beckett ligou o
carro e rumou para o necrotério. Precisava de ajuda para fazer seu plano
funcionar.
Lanie estava
absorta na autopsia de Bishop quando a amiga entrou como um furacão pela porta
da sala motivada por seu novo joguinho pessoal. Ao encarar a amiga, porém, todo
o sentimento que a dominou durante o momento da reflexão com o espelho voltou,
a sua confiança já não era a mesma de minutos atrás.
- Eu não tenho
vida – foram as primeiras palavras que escaparam de sua mente.
- Não, o Sr.
Bishop não tem vida, por isso está na minha mesa.
- Preciso de
um encontro.
- O quê? –
isso pegou Lanie despreparada.
- Um encontro.
Um cara, um homem. Está sempre tentando me arranjar pessoas, então aqui estou. Estou
no jogo. O que você tem?
- Certo. O que
deu em você? – esse comportamento não era normal para a detetive, certamente
algo a incomodava. Conhecendo a amiga, sabia que também não contaria exatamente
o que se passava em sua mente.
- Eu me
enrolei tanto no trabalho, que só quero ir para casa, onde é silencioso e estou
cansada do silêncio...Eu quero... barulho.
-Tudo bem – se
uma mãozinha era o que faltava para fazer a amiga clarear a mente e sair desse
dilema estranho que a tomara inesperadamente, que seja - Tenho a receita
perfeita para você.
- Um
bradekker?
- Não,
querida, é Brad Dekker, aquele bombeiro que quis te apresentar.
- Ele é
bonitinho? – tinha que ser melhor que a loira magrela de Castle, pensou.
- Ele foi Sr.
Julho no calendário dos bombeiros de N.Y. do ano passado.
- Julho? Eles
sempre colocam os gostosões nos meses de verão.
- Exatamente.
Beckett agradeceu a ajuda decidindo ir para casa. O jogo estava prestes a
começar.
Para Castle, a
volta para casa não pareceu tão prazerosa. Apesar de ter conseguido evitar uma
discussão com Beckett sobre a reportagem do jornal, Alexis não estava de bom humor.
Como a menina previra, sofrera uma espécie de bullying por ser filha de um
solteirão. O que acontecera com as mulheres? Com exceção de Amanda, todas o
tinham na sua lista negra? Sua filha ficou ao lado de Beckett, porém a detetive
aparentou estar satisfeita com o desfecho da história, não. Quer dizer, sorria
e inclusive brincou com o lance do encontro. Será que ele interpretara sua
reação erroneamente? Se sim, o que Beckett realmente pensava dessa decisão?
Serviu-se de
um copo de vinho resolvendo ficar um pouco mais na sala. Ela estava rindo
quando contou sobre o encontro não estava? Aparentemente... então porque estava
tão intrigado com esses pensamentos? Por que essa masturbação mental o
perseguia? Se entendera bem a mensagem da detetive, ele não representava em
momento algum um potencial relacionamento. Aquilo o entristeceu. Sua admiração
por Beckett crescia a cada novo caso, a cada descoberta. Ela era incrível. Seu
jeito duro, a pose profissional, o caminhar... despertavam nele sentimentos que
ia além do reconhecimento. A bagagem de vida, suas vitórias e derrotas o
fizeram escolhe-la como musa. Não fora completamente honesto ao esconder o
outro motivo. Estar ao lado dela, observando-a doar-se um pouco todos os dias
por desconhecidos, inferniza-la com besteiras, despejar teorias malucas eram
parte de um disfarce maior. Ele queria o que não poderia ter. Beckett era
extremamente sexy, o fato de carregar uma arma apenas levava a atração que
sentia por ela a outro nível. A voz sussurrada em seu ouvido naquele primeiro
caso, nunca o abandonara. Será que Kate estava certa? Ele continuaria sem ter
ideia do que seria ser uma conquista sua? Uma sensação de tristeza o tomou
repentinamente. A realização desse fato era estranhamente doloroso. Rick Castle
não estava acostumado a perder. Terminando o seu vinho, ele decidiu esquecer o
assunto. Dessa vez ele estava destinado a ficar com o prêmio de consolação –
Amanda.
No dia
seguinte, eles estavam esperando notícias sobre uma nova pista do caso. Beckett
considerou o momento ideal para revelar suas intenções no campo dos encontros.
Hora de jogar.
- Já ouviu
falar do Drago? – perguntou.
- Já. Está no
Ledger como um dos dez restaurantes mais românticos. É caro e impossível de se
conseguir uma mesa, a menos que conheça alguém. Por quê?
- Só
procurando um lugar para ir.
- O quê? Tipo
em um encontro?
- Sim, um
encontro. Por que parece tão surpreso?
- Não... nunca
pensei em você como uma garota que gostasse de lá.
- Mesmo? E que
tipo de garota pensou que eu fosse, Castle? – se arrependeu do comentário assim
que ouviu a pergunta dela, ficara chateada. O pior era que ele gostaria muito
de dizer que tipo de mulher ela era. Descrevê-la como a mulher mais intrigante
e maravilhosa que conhecia. Exceto que não podia, não onde estavam e nem diante
da nova informação que acabara de por na mesa. Kate Beckett tinha um
encontro.
- Eu... é...
ali está o seu garoto – salvo pelo caso, novamente. A sorte estava mesmo
sorrindo para ele, não por muito tempo. Depois de discutir com os rapazes sobre
o paradeiro da outra família, o telefone dela toca.
- Beckett. Oi,
Brad. Não, não está em cima da hora – a conversa era descontraída - Na verdade,
acabei de cancelar meus planos para hoje à noite.
- Quem é o
Brad? – Castle perguntou com o pé atrás.
- Deve ser o
amigo da Lanie – disse Esposito.
- Você o
conhece?
- Sim, o
encontrei uma vez. Gente boa. Bombeiro. Estava no calendário dos Bombeiros de
N.Y. Tem um jeito de bonitão. Abdômen sarado – estava adorando a chance de
implicar com Castle, a cara dele era de quem não apreciava nenhuma das
informações que recebia - E tem isso... Certa vez, durante um incêndio, depois
de salvar os pais e os filhos, voltou para pegar os cachorrinhos.
- Ela mexeu no
cabelo? – Castle sentiu-se incomodado. Ela realmente estava investindo naquele
cara?
- Estou
dizendo, cara, cachorrinho... Consegue todas as vezes.
- Cachorrinhos.
Quando ela retornou, estava sorrindo. Havia esquecido como era bom ser
cortejada por alguém. O olhar no rosto de Castle também contribuiu para seu
sorriso. Conseguira deixa-lo um pouquinho intrigado talvez?
- O quê? – ela
perguntou ao perceber a forma como ela a olhava.
- Você está
sorrindo.
- E? – sim, o
intrigara. Infelizmente o joguinho entre os dois teria que ser postergado para
dar lugar a investigação. Ryan conseguira uma maneira de visitar o apartamento
dos Maitlands. Rumaram para o lugar. Assim que começaram as buscas, Castle
ficou fascinado com a arquitetura do local. O apartamento era da época do
pré-guerra, 1800s. Encontrara um elevador de carga antigo com um sistema de
áudio escondido.
- Não estamos
aqui para admirar, Castle.
- Como não
pode? Digo, olhe este lugar. Você vê este molde? É madeira original. Deslumbrante.
Aposto que o banheiro é revestido em mármore.
- Você é como
um metrossexual – comentou Beckett sorrindo.
- Sou. É
melhor que ser o garoto do calendário.
- Então, você
escutou? – ótimo, pensou. Um pouco de tempero iria fazer seu papel no jogo - E
é homem do calendário, Castle. Homem do calendário.
- Claro.Divirta-se
com sua mangueira e eu sairei com a 3ª melhor solteira de Nova Iorque.
- Acho que
isso significa que ela deve estar desesperada, ela é número 3 e você um mero número
9.
- Qual número
é o seu de novo? – ele retrucou fazendo-a sorrir.
- FYI, não
preciso de um número – com isso encerrou a discussão vendo os rapazes de volta
à sala.
- O lugar está
limpo. Sem arma, cetamina ou equipamento de alpinismo. Não tem nada aqui.
- Sim, tem sim.
Uma caixa de gelo, de mais ou menos 1.800. Sabia que antes da invenção da
refrigeração moderna, as pessoas mantinham seus produtos perecíveis em uma
caixa com gelo. Daí...uma caixa de gelo.
- Isso não é
uma festa, Castle.
Os Maitlands
foram muito inteligentes. Fizeram disso um armário. E bem do lado da geladeira
– ele abriu a porta e um cadáver caiu ao chão fazendo-o soltar um gritinho um
tanto quanto estranho - Não esperava por isso.
- Cicatriz em
forma de lua – afirmou Beckett - Parece que houve alguma verdade na história do
Mickey.
Seu nome é
Anton Francis. Fora morto pela seringa de cetamina como Doug, não somente
confirmava a história de Mickey, como o inocentava com um álibi. Tudo levava
aos três milhões e ao terceiro homem. A armação não parava por ai, os donos do
apartamento foram enganados por uma suposta promoção, um cruzeiro naquela exata
semana. Os bilhetes vieram da Agência de
viagens onde Doug Bishop trabalhava. A pergunta era por que aquela semana e por
que os Maitlands?
Então Castle
teve uma de suas ideias que felizmente contribuiu para o caso. Não era o
apartamento dos Maitlands, era o acesso, o equipamento áudio visual. As peças
começavam a se encaixar.
- Os Maitlands
vivem no segundo andar. Indo perpendicularmente pra baixo está o poço do
elevador. Em "Gathering Storm", tinha o Derrick Storm subindo pelo
elevador desviando do assassino tcheco, para salvar a filha do embaixador
suíço. Talvez os bandidos estejam usando o elevador para enganar a segurança que
está abaixo deles.
- O que
explicaria as cordas e o equipamento de alpinismo – concluiu Beckett
corroborando a teoria de Castle - Então, o que fica embaixo do apartamento dos
Maitlands?
Eles
descobriram ser um pet-shop. Castle e Beckett visitaram o lugar, conversaram
com o dono e descobriram que a entrada para o elevador suspenso havia sido
usada recentemente. Também, segundo o inglês proprietário dava acesso a um
banco. Foi fácil imaginar que esse era o destino final do golpe e que
possivelmente o terceiro homem traiu os demais sócios. Mesmo assim, soava
estranho livrar-se dos parceiros antes de se obter a grana. Castle novamente
sugeriu um novo ângulo para a história, um possível cliente de Doug. Montgomery
gostou da ideia e Beckett pediu para que os rapazes procurassem por alguém
estranho na esperança que Mickey conseguisse identifica-lo. Diante do novo
fato, ela estava pensando seriamente em cancelar o encontro.
- Talvez
devesse cancelar meu encontro desta noite.
- Cancelará
com o cara que arriscou a vida por uns cachorrinhos?
- Senhor, sabe
do meu encontro?
- Sim e apesar
do que pensa,o mundo não acabará só porque você sumiu por uma noite. E se
acabar, os dois tomarão conta de tudo.
- Sim. Vá em
frente – disse Ryan.
- Claro,
preciso de horas extras – concordou Espo.
- Certo, mas
me chamem se algo acontecer.
- Tudo bem, divirta-se
– de uma maneira estranha, Castle quase vibrou com o que acabara de ver.
- Viu ela
pronta para cancelar o encontro?
- O que há com
você, Castle? – Esposito pressionou.
- É, por que
você se importa? – Ryan provocou.
- Só estou
dizendo... – mas desistiu de discutir com aqueles dois, eles certamente não
entendiam o significado disso. na verdade, ele mesmo ficou perdido. Será que
ela não queria estar com o garoto do calendário ou era apenas a
responsabilidade de policial falando mais alto? Não seria algo que descobriria
agora, além disso tinha um encontro também.
Ele
experimentava gravatas em frente ao espelho. Alexis viu que se arrumava e
ajudou-o. Notou que ela ainda estava chateada com os acontecimentos. O encontro
dessa noite fazia parte disso.
- Sei que isso
pode ser estranho para você, e que os pais não devem sair.
- Eu sei que
está saindo, pai. Sei que você provavelmente vai fazer coisas que eu não vou
pensar e que nós nunca mencionaremos.
- Justo.
Então, o que há de errado?
- Eu não sei. Não
vou ficar aqui para sempre, então, quem cuidará de você, a solteira número 3?
- Calma aí. Não
vamos comprar anéis tão cedo. É só um encontro.
- Eu sei. E
ela parece legal e tudo, mas... se é com quem você sai... Digo, vai encontrar a
felicidade com o tipo de pessoa que é só um número em uma lista?
- Já encontrei.
Você é a número 1 na minha. É o meu trabalho preocupar-se com você e não o
contrário. Ficarei bem.
- Claro. Isso é
o que você disse quando você tentou fritar um peru. E todos sabemos como isso
acabou – Alexis ajudou-o a terminar de se arrumar. No minuto que deixou o
quarto, ele ficou pensativo sobre as colocações da filha. Claro que essa noite
era apenas um encontro, mas sua pequena gênio tinha um ponto a seu favor. Era
assim mesmo que pretendia seguir pela vida? Encontros após encontros? Noites
sem significado com mulheres descartáveis? Seu pensamento voltou-se para
Beckett. Ela mesma dissera que não era um numero numa lista. Ele brigou com sua
imagem ao espelho. Não racionalize demais, disse. Divirta-se.
Restaurante
Drago
- Ouvi falar
que esse lugar é impossível entrar – disse Amanda.
- Ricky!
- Frankie vem
aqui. É bom vê-lo novamente.
-Também acho. Sua
mesa estará pronta em instantes.
- Castle? –
reconheceu a voz, no entanto foi pego de surpresa pelo visual da mulher a sua
frente.
- Beckett? –
estava deslumbrante em vermelho.
- Acho que
você dois se conhecem – disse Brad.
- Sim, Brad. Este
é o Richard Castle.Trabalhamos juntos.
- Amanda, esta
é a Beckett. Trabalhamos juntos.
- Oi. Prazer
em conhecê-la – isso não era o que Beckett esperava para sua noite, de jeito
nenhum. Queria um encontro que pudesse se divertir e jogar insinuações
diretamente na cara dele, esse era o plano, e agora... droga! Seria como se
estivesse sendo vigiada. Ela arrastou-o pelo braço, nada satisfeita.
- O que está
fazendo aqui? Sabia que eu viria aqui.
- Eu sabia que
queria vir. Não achei que conseguiria uma mesa na última hora.
- Você pegou
uma mesa de última hora – retrucou Kate.
- Claro, tenho
contatos – ele gabou-se.
- Eu também, inspetor
de saúde.
- Olha, belo
abuso de poder – implicando, tocando na ferida da integridade que Beckett tanto
valorizava.
- Então,
Richard, é um tira também? – Beckett aproveitou a oportunidade para retrucar
diminuindo sua importância na frente de Brad.
- Não, é um
escritor e sombra, nos meus casos de assassinato.
- Sou um pouco
mais do que sombra – quando estava prestes a continuar a discussão de egos com
ela, alguém o chamou.
- Sua mesa
está pronta.
- Os dois
estão trabalhando em algo? – foi a primeira pergunta de Brad e certamente seu
maior erro que acabou por definir como a noite iria ser conduzida. No instante
seguinte, Beckett e Castle, cada um em sua mesa tagarelava sozinho sobre as
nuances do caso de duplo homicídio e suas possibilidades. Ela estava intrigada
com o pet-shop. Amanda começava a ficar entediada com o assunto, tentara mudar
o rumo da conversa, sendo infeliz no resultado. Tudo o que Castle fazia era
manter o monologo em busca de conexões para preencher as lacunas do caso.
Beckett não agira diferente, tanto que mesmo o convite de Brad para fazer sexo
naquela noite se perdera no vento, ao invés de respondê-lo, ela pediu licença
para fazer uma ligação. Ao vê-la levantar-se da mesa, a curiosidade de Castle
falou mais alto, usando a desculpa do banheiro, ele correu para descobrir o que
Beckett tinha em mente. Ele a encontrou voltando do corredor onde ficavam os toaletes.
- Conseguiu
algo?
- Só ia pedir
ao Ryan e Esposito pesquisarem algo para mim.
- O pet-shop.
- Sim, como
sabia?
- Estava
pensando a mesma coisa. Provavelmente é fachada pra algo.
- Certo,
pesquisarão tudo sobre o dono. Ele deve estar escondendo algo.
- Boa.
- Bem, tenho
que voltar ao encontro – disse Beckett - Como vai indo o seu?
- Ótimo. O
seu?
- Fantástico –
o que sabia ser uma mentira deslavada - Bem, vou voltar... até mais.
Para desespero
de Brad e Amanda, a paranoia de ambos continuou. Quando pareciam ter finalmente
engajado no jantar e esquecido o pequeno incidente do inicio do encontro, o
celular de Beckett toca atraindo a atenção de Castle.
- Sinto muito,
é do distrito.
-Você me dá
licença? – Castle desculpou-se.
-Banheiro de
novo? – disse Amanda com cara de poucos amigos. O que pareceu não importar
muito para ele, somente tinha olhos e ouvidos para Beckett, curioso por saber
se havia novidades. Encontrou-a no mesmo local, já acionando o viva-voz ao
vê-lo aproximar-se.
- Então, o que
eles descobriram?
- Beleza. Pesquisamos
o dono do pet-shop, Noel Du Preez. Tudo limpo.
- Sério?
- E os últimos
dias? – perguntou Beckett - Nada incomum?
- Anteontem, a
alfândega confiscou meia dúzia de papagaios cinzentos africanos, quatro
tarântulas e duas jiboias de cauda preta, todas da África do Sul.
-Espere um
pouco. Você... disse jiboias de cauda preta da África do Sul?
-Sim, por quê?
-Porque jiboias
desse tipo, também conhecidas como jiboias indianas, não são nativas de lá. Por
que viriam da África?
- Por que se
importa com algumas jiboias em uma merda de voo? – perguntou Esposito. Castle
confiante na possível descoberta que fizera, tomara o celular de Beckett em
suas mãos e explicou.
- Porque como
escritor de assassinatos, sou bem pago para pensar como bandidos. Alguns fatos
curiosos sobre cobras...Têm sangue frio, tem alta capacidade estomacal e
digerem os alimentos bem devagar.
- Perfeito
para contrabando – exclamou Beckett agora bem engajada no que Castle queria
provar.
- Não seria a
1ª vez. Se essas cobras estão vindo da África do Sul...Há duas coisas aos
montes na África do Sul, racismo e diamantes.
- Tráfico
ilegal de diamantes em cobras vivas – concluiu Esposito.
- Quem atacou
o Mickey disse que tinha milhões em jogo – lembrou Beckett não tirando os olhos
dele.
- E o elevador
ia direto para dentro do pet-shop – complementou Castle - Por isso, a viagem
dos Maitlands devia ser esta semana. Sabiam que a remessa ia chegar. E a
cetamina...
- Eram pra
dopar as cobras, assim não resistiriam...Quando fomos à loja... – Beckett
disse.
- O dono não
diria nada, ou se incriminaria por contrabando – Castle continuou a ideia.
- Achando o
autor do roubo... – disse Beckett.
- Encontramos o
terceiro homem – concluiu Castle.
- Eles sabem
que estão terminando as frases um do outro? – perguntou Ryan.
- Peça pros
fardados acharem o dono, os encontraremos na loja – foi a ordem de Beckett
desligando o celular. Ao retornarem ao salão, Beckett percebeu que Brad estava
sentado com Amanda.
- O que
diremos a eles? – ela perguntou.
- Isso vai ser
estranho – comentou Castle.
- Eles ficarão
bem – concluiu Beckett saindo do restaurante acompanhada de Castle. Os quatro
invadiram o pet-shop para capturar o dono, foram surpreendidos por um tiro, mas
felizmente nada grave ocorreu. Levado sob custódia, Beckett o interrogou sem
conseguir fazê-lo admitir nada visto que isso o implicava quanto a contrabando.
Faltava uma única peça do quebra-cabeça, alguém conhecia a rotina de embarques
e recebimentos da loja, algum ex-empregado talvez... ou como sugerira Castle,
alguém que já fez isso antes para ele, que já buscou cargas no aeroporto. Foi
isso que fez ela entender quem era o terceiro homem. Pediu uma rápida pesquisa
aos rapazes e chamou a irmã de Doug até a delegacia. O assassino era o próprio
cunhado da vítima, Stan.
Beckett
agradeceu a ajuda de Mickey em identificar o terceiro homem, por isso suspendeu
sua condenação. Ele ficaria em condicional por cinco anos. Ela estava cansada,
a noite, o encontro, nada saíra como planejara. Pelo menos prendeu um
assassino. No fim, percebeu que acabara passando sua noite de diversão ao lado
de Castle, o que não fora nada difícil de fazer.
- Certo. Caramba,
só quero chegar em casa e tomar um banho quente – ela deixou escapar.
- Eu...-
Castle estava perto de mencionar algo que ela já imaginara se tratar de alguma
besteira.
- Não. Por
favor, não.
- Só ia dizer que
estou morrendo de fome. Viemos embora, antes de eu terminar minha
"entrada".
- Bem, não
importaria se tivesse comido. As porções eram minúsculas.
- Sabe, Remy
fica aberto a noite toda. Com aqueles hambúrgueres...
- Aqueles
milk-shakes... – de repente a ideia de passar mais algum tempo ao lado dele não
lhe pareceu ruim, definitivamente poderia ser agradável - Por que não? – ele
pegou o cabide protetor onde ela guardara seu vestido. Ofereceu o braço que
Beckett aceitou de bom grado caminhando lado a lado rumo ao elevador - E como
foi seu encontro? – perguntou curiosa.
- Ela era meio
chata. Não falava muito – ele percebeu que Beckett brincava com o cabelo.
- Sr. Julho? Um
pouco egocêntrico.
- Eu vi –
feliz por poder desbancar o rival.
- Sério?
- Certeza. Algumas
pessoas não sabem mesmo como ter um encontro – disse Castle enquanto a porta do
elevador fechava-se.
- Especialmente
um primeiro encontro – complementou Beckett.
- Exatamente.
Remy’s
Castle
escolheu uma das mesas de canto. O ambiente da lanchonete lembrava aqueles
drive-ins antigos. Sentaram-se lado a lado no sofá, usualmente uma maneira que
agradava os namorados. Ele colocou a roupa dela cuidadosamente no outro banco.
Uma das atendentes aproximou-se entregando-lhes os cardápios. Ela, antes da
primeira olhada no cardápio, pediu água. Castle conhecia o cardápio da
lanchonete de cor. Já decidira o que queria comer, porém esperou pela escolha
dela.
- Eu vou
querer o sanduiche de brisket e um milk-shake de morango.
- Eu vou de
sanduiche de porco e milk-shake de chocolate.
Assim que a
garçonete afastou-se, ele aproveitou para observa-la. O rosto continha uma maquiagem
leve ressaltando os olhos amendoados. A pele era tão limpa e perfeita que nem
merecia ser coberta de cosméticos. Beckett pensava sobre a noite em questão.
Ela esperava competir com Castle sobre quem tivera o melhor encontro, queria
provocar ciúmes nele, no entanto, aqui estava ao lado da sua sombra,
preparando-se para ter uma refeição bem mais prazerosa que a do Drago. Será que
isso dizia algo sobre si mesma? Ela era tão antisocial, seu comportamento não
era sofisticado o bastante para frequentar um lugar como aquele?
- Hey... um
dólar pelos seus pensamentos. Você deve estar mesmo cansada por estar calada
desse jeito. Se quiser, posso pedir para viagem e você pode ir para casa.
- Não, Castle.
Estava pensando em algo que você me disse ontem. Sobre o tipo de garota que
sou. Vou te dizer, hoje naquele restaurante chique e famoso eu me senti um
peixe fora d’água. Tão diferente de estar aqui ou numa pizzaria. Talvez eu não
seja uma pessoa sofisticada afinal, foi isso que você quis dizer, não?
- Não
necessariamente. Você é uma pessoa elegante, tem pose, merece estar em lugares
chiques com a nata de Manhattan. Esqueci de mencionar que estava linda e
sensual naquele vestido vermelho. A cor combina com você, com seu ar de
mistério. Mas, Kate Beckett também é uma pessoa normal, real. Capaz de correr
ruas da cidade atrás de assassinos, lutar com homens de igual para igual,
inteligente e apreciadora de boas e simples coisas que a vida oferece. Não foi
o restaurante que a fez sentir-se desconfortável, foi a companhia, o momento.
- Talvez, eu
estava realmente preocupada com o caso. Minha mente dava voltas tentando achar
o furo na teoria. Não dei muita atenção ao Brad. E aqui estou eu, conversando
com você numa boa. Prestes a comer uma refeição nada correta para um primeiro
encontro. Ainda assim, você deve estar preocupado. Afirmou categoricamente que
qualquer envolvimento comigo era ruim para sua reputação – Castle pressentiu
uma certa mágoa na colocação. Então, ela estava incomodada por não ser
considerada elegível para sair com ele? Entendera corretamente?
- Não admito
que se considere uma pessoa comum. Está bem longe disso, Kate. Não precisa
correr atrás de homens do calendário ou qualquer outro que considere possível
de leva-la a um encontro. Deixe-os vir até você. Não precisa se esforçar para
encontrar alguém. Basta se olhar no espelho. Fica sexy usando apenas uma calça
jeans e uma camiseta. Pode ter muitos encontros na vida, mas amor, alguém que
se preocupe e a entenda, aceite quem você é, isso é outra história.
As palavras de
Castle trouxeram conforto a sua mente, as dúvidas que a perseguiram durante
essa competição idiota que criara para provar a si mesma que não sentia ciúmes
dele ou mesmo que não queria se sentir ameaçada por uma mulher em uma lista. Tudo
havia sumido deixando a certeza que a atração que sentia por ele era
verdadeira. Gostava dele, mais do que estava disposta a admitir até dois dias atrás.
- Você não
acredita que o amor possa surgir de uma série de encontros? – ela perguntou
querendo ter certeza do porque ele mencionara amor.
- Claro que
sim. É claro que essa não é a única forma. O amor é um sentimento poderoso e
misterioso. Às vezes basta um olhar, um toque de mãos. Outras vezes, ele se
apresenta por afinidades, usa a amizade e um clássico: as melhores histórias e
as mais duradoras tendem a surgir do ódio, aquele lance de se odiar uma pessoa,
do simples fato de serem pessoas completamente diferentes. Yin e yang.
- Típico papo
de escritor – ela comentou apenas para implicar com ele. Havia uma mensagem
escondida ali. Queria ouvi-la por completo.
- Não,
deixe-me exemplificar. Veja eu e você. Nós nos conhecemos em uma situação
adversa. Você caça assassinos, eu escrevo sobre eles. Temos modos diferentes de
analisar um crime mesmo que isso acabe se complementando para solucionar vários
casos como já vivenciamos. Você odeia a ideia de me ter ao seu lado, seguindo-a
por cada cena de crime e ainda assim, não se esquece de me telefonar sempre que
um corpo aparece ou mesmo hoje à noite quando ambos deveríamos nos concentrar
em nossos jantares, acabamos juntos desenvolvendo teorias e sabotando nossos
encontros. O problema no nosso exemplo é que aparentemente um de nós está em outro
nível. Eu não me importo de segui-la, de ouvir você mandando em mim, dizendo o
que posso ou não fazer, eu não a odeio Kate, eu a admiro. A cada dia você torna
a minha vida extremamente difícil com essa luta fracassada para não me render a
você. Quer saber? Não funciona mais. Eu já me apaixonei. O resto é só uma
tentativa patética de enganar a mim e a você, fingindo querer encontros e
noitadas quando na verdade trocaria tudo para estar debaixo das cobertas ao seu
lado com uma boa caneca de café.
Ela olhava-o
fixamente. Sentia o coração disparar no peito. Castle acabava de se declarar
apaixonado por ela.
- Castle,
eu... – Kate buscou a mão dele – eu fiquei com muita raiva por você ter
escondido sobre a matéria do jornal, mas não foi o que me magoou. Ver você
querer sair com uma loira sem cérebro me irritou bem mais. Você parece ter esse
poder sobre mim. A sua capacidade de me provocar, de me testar. Parece que foi
um feitiço que lançou contra mim, você não sai da minha cabeça. Minha irritação
desaparece cada vez que você me traz um café, que me olha com esses olhos azuis
com quem quer me hipnotizar. Eu não odeio você, odeio a ideia de você com outra
mulher, senti ciúmes da número 3. Isso é loucura, trabalhamos juntos e qual
seria o resultado de um relacionamento assim e...
Não houve
complemento àquela frase. Castle sorveu os lábios dela em um beijo que fez cada
parte do corpo de Kate Beckett amolecer. Deixou suas mãos se perderem sobre o
peito dele correspondendo ao contato daqueles lábios extremamente convidativos
junto aos seus. Havia uma certa urgência no ritmo, como se ansiassem a muito
tempo por esse momento, o que não deixava de ser verdade. Quando afastaram-se
mutuamente, ele permaneceu com o olhar fixo no dela.
- Você sabe
como derrubar meus argumentos, não?
- Admita, não
sou o único apaixonado por aqui.
- Castle, não
é esse o ponto. Como podemos começar um relacionamento, enfrentar todos os
difíceis momentos de um primeiro encontro? Toda a ansiedade e incerteza? Não
sei se estamos preparados para isso.
- Não
precisamos, Kate. Nós já passamos dessa fase. Já tivemos vários encontros, dançamos
juntos, jogamos pôquer, discutimos como um casal, nossa grande briga foi bem
intensa. Conhecemos um pouco dos gostos e manias um do outro. Eu diria que esse
é o nosso décimo encontro, no mínimo.
- Certo.
Simples assim – ela se fazia de difícil, mas por dentro estava saltitando de
alegria - Você está conseguindo me convencer que isso realmente pode funcionar.
Estou me sentindo uma idiota.
- Sentir-se
idiota é bom. Toda pessoa apaixonada é um pouco idiota. Um dos melhores efeitos
do amor, Kate. Não me importo por fazer papel de bobo para você.
A garçonete
chegou com o pedido justamente quando Kate pretendia agarra-lo novamente. Ela
esperou a moça se afastar para inclinar seu corpo na direção dele para
beija-lo, dessa vez sem qualquer reserva. As mãos de Castle passeavam pelo
corpo dela apreciando a silhueta esbelta da mulher a sua frente. Sentia a
temperatura aumentar à medida que aprofundava o beijo e colava seu corpo ao
dele. Seu cérebro começava a entrar em um estágio lento, enquanto a umidade se
formava em seu centro. Ela quebrou o beijo antes que se sentisse compelida a
arrancar a camisa dele ali mesmo. Suspirando profundamente, Castle tomou fôlego
bebendo um pouco do milk-shake. A pressão nas suas calças tiraram um pouco do
raciocínio lógico. Mesmo assim, ele era capaz de insinuar exatamente o que
queria.
- Sabe, Kate.
Se esse é o nosso décimo encontro tem algo faltando. Na regra dos
relacionamentos, as pessoas normalmente já experimentaram, você sabe, algo mais
intimo e...
- Não diga
mais nada, Castle. Peça a conta e mande embrulhar tudo para a viagem.
Em quinze
minutos, eles estavam em um taxi. Kate deu seu endereço com uma simples
explicação, morava sozinha. Em seu apartamento, ela o puxou pelo paletó
empurrando-o contra a parede da sala. Suas duas mãos seguravam o rosto dele
envolvendo-o em um beijo intenso enquanto seu corpo o pressionava contra o
concreto. Novamente, ela pode apreciar o toque das mãos firmes em seu corpo,
cintura, costas, Castle despiu o blazer que ela vestia. Os dedos dela passeavam
vagarosamente pelo seu peito e o mero toque despertava o desejo de sentir a
pele dele com suas mãos.
Ele trocou de
posição encurralando-a contra a parede. Os lábios devoravam seu pescoço. Kate
pode sentir a excitação do membro pressionado contra si. Gemeu ao senti-lo
afagar seus seios. O paletó dele estava no chão. Os lábios de Castle começaram
a descer beijando e provocando mesmo sobre a roupa. Perdeu um tempo
considerável brincando com um dos seios enquanto o outro era acariciado pelo
polegar que roçava sobre o tecido instigando e enrijecendo um dos mamilos,
deixando-a ainda mais excitada. A voz saiu rouca e sensual.
- Muitas
roupas... Castle...
De repente,
ela o empurrou afastando-o de seu corpo. Ele pode perceber as pupilas dilatadas
revelando o tamanho do desejo que a dominava. Kate o puxou pela gravata
guiando-o até o quarto. Rapidamente desfez o nó, livrando-se da peça. Em
seguida, retirou a própria blusa como um incentivo para Castle fazer o mesmo.
Bastaram uns segundos para estarem praticamente nus, exceto pela calcinha e o
boxer. Aproximou-se dela tomando-a em seus braços. O contato de pele contra
pele nunca pareceu tão gostoso. Castle estava quente. Ele ansiara por tocar aquela
pele. Erguendo-a pela cintura, colocando-a cuidadosamente sobre a cama.
Não tinha
pressa para explorar aquele corpo. Ela era ainda mais linda sem roupa. O corpo
firme e bem delineado, a pele extremamente macia como seda o encantava. Usando os
lábios sentiu o perfume tão característico da pele. Cerejas. Sorriu ao circular
um dos mamilos com sua língua antes de sugar-lhe o seio completamente
arrancando gemidos dela fazendo-a arquear o corpo. Descia vagarosamente
beijando o abdômen, o umbigo vendo o corpo dela se contorcer em antecipação ao
que estava por vir. Mas Castle a surpreendeu tornando a colocar o peso do corpo
completamente sobre ela, beijando-a carinhosamente. Kate conseguia sentir a
umidade em seu centro aumentar, ansiando por tê-lo dentro de si.
Castle distraiu-a
o suficiente para sorrateiramente retirar a calcinha preta que ela usava. Livrou-se
do próprio boxer, mas não ia apressar as coisas. Tinha um desejo em mente a ser
realizado antes de se lançar dentro dela. Kate afastou as pernas gemendo
ansiosa pelo toque e pelo orgasmo. Então, Castle a provou. Com sua língua, ele
fazia maravilhas. Ela agarrou-se aos lençóis, fechando os olhos deixando-se
levar pelas sensações que invadiam seu corpo. O tremor espalhou-se pelo seu
corpo, ainda sob os efeitos da boca de Castle até que a explosão aconteceu. Arqueando
o corpo, sentiu a palma da mão dele deslizar de seu estomago até o meio de seus
seios ao mesmo tempo, ele a penetrou. Kate gemeu prazerosamente com aquele
encontro. Fazia muito tempo que não se sentia tão bem. Ela já tivera alguns
parceiros, bons parceiros. Mas, agora sentia-se totalmente diferente. Seu corpo
fora inundado por um prazer inigualável. O toque das mãos dele energizavam sua
pele, seu corpo. Como uma descarga elétrica capaz de deixa-la zonza e
completamente entregue a ele.
O ritmo dos
movimentos era suficiente para atiça-la. Para desejar seu beijo. Ele mordiscou
o queixo dela antes de beija-la mais uma vez. Sentia que estava próxima de
receber outro orgasmo. Sabendo disso, ele roçou seus lábios nos dela pedindo.
- Abra seus
olhos, Kate. Olhe para mim – ela obedeceu. Um sorriso lindo se formara naquele
rosto de porcelana, beijou-a novamente, penetrando-a mais profundamente –
entregue-se, babe... apenas sinta. Kate gemeu seu nome recebendo a onda de
prazer tremendo por baixo dele. Castle a acompanhou debruçando-se sobre o corpo
dela.
A cabeça dele
entre o ombro e os cabelos dela, podia sentir a respiração descompassada
causada pelo desejo satisfeito há pouco. Deslizou para o lado da cama dando espaço
para que ela se recuperasse. Nem bem atingiu o colchão, ela se acomodou sobre
seu peito, fechando os olhos. Os dedos seguiram para cima e para baixo
acariciando o peito dele. Sentiu os dedos dele em seus cabelos. Sorria da
loucura que acabaram de cometer, estava muito feliz por tê-la cometido. Dando um
rápido beijo no tórax, ela se levantou da cama. Castle se perguntara aonde ela
ia com tanta pressa.
Minutos depois,
ela retorna com uma bandeja. Os sanduiches e os milk-shakes arrumados
cuidadosamente. Ele se sentou na cama enrolado nos lençóis. Ela colocou a bandeja
na frente dele sentando-se ao seu lado.
- Eu não sei
quanto a você, mas estou morrendo de fome – pegou o seu milk-shake erguendo-o a
sua frente, ele entendeu que deveria fazer o mesmo – então, tecnicamente esse é
o nosso décimo primeiro encontro, acha que chegamos ao vigésimo, Castle?
- Vigésimo? Pense
em centésimo. Eu aposto que passamos disso. Se depender de mim, você está presa
a mim pela vida toda, detetive Beckett.
- Pela
primeira vez, eu não quero provar que está errado, Castle – eles brindaram com
os milk-shakes e sorrindo comeram os sanduiches gordurosos e saborosos em meio
à troca de carícias que terminaram por leva-los a outra sessão prazerosa,
fazendo amor até o amanhecer.
THE END
2 comentários:
Ótimo. Quem dera que na série acontecesse metade disso.
Esse epi é um dos meus favoritos e agora ganhou um tempero a mais ñ?!
Acho muita graça com a piada que ela faz sobre os números, sim o bombeiro era um gato mas o Rick é o Rick. Ñ o trocaria por um batalhão de gatos gostosos e a primeira vez deles sempre me faz ficar com calor.
Parabéns Ká
Postar um comentário