Nota da Autora: Era para ser o último, ainda não! Esse é o penúltimo capítulo da fic. Ficou grande, por isso acabei decidindo por um novo capítulo. Essa vai deixar saudades para mim como escritora. Boas emoções para vocês. Espero que gostem e esperem pelo capítulo final. Aproveitem e comentem, ok? Enjoy!
O blogger de brincadeira de novo , LOL. La Mer, aqui citada não me pertence. Apenas para fins de diversão.
Cap. 35
Segundos
preciosos. Pequenas frações de tempo capazes de mudar vidas. Castle tinha esta
missão exatamente nesse momento. A vida de um monstro em suas mãos. Seria tão
fácil adiar a ligação para a emergência, tão simples deixa-lo queimar entre as
ferragens do carro... e totalmente errado. Não fora assim que aprendera a fazer
justiça. Kate Beckett, sua esposa, jamais aprovaria isso. Com o celular em
mãos, ele discou para o 911. Assim que terminou de reportar o ocorrido, ele
correu para tirar a esposa do carro. Cuidadosamente, carregou-a ouvindo os
gemidos de Kate.
Em menos de
três minutos, ambulâncias e um carro de bombeiro surgiam fechando a parte da
estrada onde estavam. Rapidamente, os bombeiros procuravam apagar as chamas que
se alastravam no carro com a ajuda de um paramédico que ministrava oxigênio
para Bracken. Castle não estava realmente interessado no senador, queria cuidar
de Kate. Havia vários pedaços de vidro pelos braços dela, o rosto tinha um
corte perto do supercílio esquerdo. O ombro latejava e a simples tentativa de
acomodá-la em seu colo, arrancou gritos de dor dela. Fez sinal para um dos
paramédicos, mas antes de receber atendimento, ela queria saber o que estava
acontecendo com o seu algoz.
- Eles estão
trabalhando no carro para resgata-lo. Esqueça o senador por um instante, Kate.
Você precisa de atendimento médico. Como se sente?
- Muita dor,
acho que desloquei o braço. Minha cabeça vai explodir.
Castle estava
feliz por vê-la falando e consciente. Isso era um ótimo sinal. Ajudou-a a
erguer-se para verificar se havia alguma lesão nas pernas. Tudo normal. Retirara
os cacos de vidro maiores, tentado remover o máximo de sangue que podia. Kate
observava o trabalho dos bombeiros assustada com a dimensão que o acidente
tomara e nervosa para que conseguisse a chance de prender seu inimigo. Ele não
pode morrer, era tudo o que pedia em silêncio.
McQuinn chegou
às pressas no local. Chocado com a cena.
- Meu Deus! Como
isso tudo aconteceu? Como você está, Kate?
- Ele tentou
nos matar – de repente, ela lembrou-se do pendrive. Instintivamente, levou a
mão até o cordão. Não encontrou nada – Castle, o cordão, o dispositivo – o
pânico se instalou no rosto dela – as provas, não! Isso não está acontecendo! –
ela tentou chegar próximo ao local onde o carro de Bracken estava, mas Castle a
segurou para impedir. Puxou-a contra si sabendo que estaria machucando-a.
- Calma, Kate,
calma – ele a abraça forte – o dispositivo sofreu algumas avarias, eu retirei
do seu pescoço. McQuinn – ele chamou tirando o objeto do bolso – veja o que
pode ser feito para recuperar os documentos – entregou os pedaços de plásticos
e a placa de circuito quebrada – nem preciso dizer que todo o nosso esforço está
em suas mãos – o agente examinou minusciosamente o que lhe fora entregue em
pedaços.
- O chip de
memória não foi afetado. Podemos recupera-los. Vou deixar dois agentes aqui
para acompanhar a locomoção de Bracken para o hospital. Ficarão de prontidão na
porta do quarto dele, serão instruídos para tal. Preciso da sua câmera, Kate.
Jeff nos presenteou com um material de primeira.
- Como assim?
- Ele me ligou
assim que perdeu o contato da câmera com a batida. Você tem o vídeo da
discussão com o senador, a briga e a perseguição de carro. Gênio! Ele é fera! –
disse McQuinn empolgado. Retirou a câmera do colete de Kate – devia cuidar
desses machucados, os cortes podem infeccionar. Castle, certifique-se para que
ela receba cuidados médicos. Estou voltando para a sede do FBI quero cuidar
desse dispositivo pessoalmente. Pedi para Jeff me encontrar em uma hora lá.
Eles devem aparecer por aqui a qualquer momento. Era só Nadine conseguir um
assistente de câmera – ele viu Kate revirar os olhos – você duvidou que ela
fizesse isso? – gargalhou – vejo vocês mais tarde.
- Quero ir até
os paramédicos, o fogo cessou – disse Kate.
- Sim, você
irá até lá só que para se tratar – ele retrucou. Aproximaram-se da ambulância,
Bracken já tinha sido removido do carro e esperava sobre a maca. Kate passou um
bom tempo observando-o, um dos rapazes limpava superficialmente seus machucados.
Estava inconsciente, com o corpo coberto de queimaduras. Tinha um tubo de
oxigênio preso pela máscara ao nariz.
- Senhora,
precisamos removê-lo urgentemente. Precisamos tratar as quimaduras e verificar
a hemorragia interna. Pode nos dá licença?
- Espere! –
alguém gritou e Kate reconheceu a voz, Nadine – deixe-me captar ao menos uns
segundos disso tudo. Filma tudo que puder, Joseph – Castle afastou-se da
ambulância levando Kate consigo. Nadine falava sem parar e indicava tudo que
precisava ser registrado. O carro do senador, o estrago das ferragens após a
remoção da vítima, a ambulância sendo carregada e partindo. Em seguida, filmou
o carro que Kate dirigia comentando como tudo acontecera.
Enquanto
esperavam, Castle tirou vagarosamente e com cuidado o colete que ela ainda
vestia. Pegou alguns lenços com os paramédicos e gentilmente limpava o excesso
de sangue do rosto dela. Percebeu que as mãos de Kate tremiam. Quando Nadine
deu-se por satisfeita, fez sinal para desligar a câmera e pediu para que
colocasse o equipamento no carro. Aproximou-se dos amigos sorrindo.
- Nossa! Vocês
adoram se arriscar, não? Sua aparência está horrível, Kate.
- O que você
queria, Nad? Ela acabou de escapar da morte e o senador também.
- É o que
esperamos, ele não pode morrer na mesa de cirurgia. Precisamos ir para o
hospital – disse Kate.
- Disso não
tenho dúvidas, vem, levo vocês até lá e depois sigo com Jeff para o bureau.
A viagem até a
emergência foi rápida. Quinze minutos depois, eles adentravam o pronto-socorro
do hospital. Castle explicou em resumo o que faziam ali, Kate mostrou o
distintivo e identificou os agentes de McQuinn. A enfermeira explicou que o
senador fora levado para a sala de cirurgia há cinco minutos, portanto restava
a eles esperar por uma atualização. Vendo-se sem alternativas, enquanto os
médicos trabalhavam em Bracken, ela deixou a enfermeira conduzi-la até a área
de curativos para tratar de seus machucados.
O ombro estava
deslocado e o braço sofrera uma luxação feia, felizmente nenhum osso quebrado.
Limparam os cortes da testa, braços e pescoço. Ela levou ponto no supercílio e
recebeu dosagens de antibióticos. O residente ordenou uma tomografia para
afastar qualquer possibilidade de lesão interna no corpo devido à batida ter acertado
em cheio sua lateral sobressaindo as manchas roxas que tenderiam a ficar
piores. A dor de cabeça era abominável. Dizer que a cabeça latejava era no
mínimo um modo muito gentil de descrever o que sentia. Olhar para a cara de
preocupação de Castle apenas piorava tudo. Não gostava de vê-lo assim,
impotente. Diacho, ela também detestava essa situação. O médico já solicitara a
tomografia cerebral antes mesmo de vê-la gemendo pela dor de cabeça. Não queria
correr riscos.
Após ser
apalpada, examinada e exposta a equipamentos muito a contragosto, Kate foi
colocada em um quarto para receber analgésicos e descansar pelo menos por
algumas horas. O resultado da tomografia foi ótimo. Estava tudo bem com ela e
pela primeira vez desde que tudo acontecera, ela viu Castle esboçar um sorriso.
Antes de se livrar do médico por completo, perguntou.
- O paciente
que foi trazido de ambulância, queimado do acidente, ainda está em cirurgia?
- Sim, acabei
de me informar. Cirurgias envolvendo queimaduras são sempre mais demoradas e
complicadas. Prometo que assim que acabar, peço para avisa-la.
- Obrigada,
doutor.
- Descanse,
tenente. O mundo não vai parar porque você precisou ficar umas horas em
observação. Quando o médico saiu do quarto, Castle sentou-se na cama de frente
para a esposa. Pegou sua mão esquerda, tocando os curativos com a ponta dos
dedos para depois leva-la até os lábios beijando a aliança.
- Estava com
medo que houvesse algo errado com você. Não estou mais acostumado a vê-la em
perigo, Kate.
- Não,
ultimamente esse tem sido o meu papel. Estou bem, Cas. Só ansiosa para saber
notícias do senador. Quero terminar com esse caso de uma vez. Ficar algumas
horas aqui, apesar de ser tedioso, me deixa perto dele. Dessa vez Bracken não
vai escapar.
- Acredito
nisso. Um passo de cada vez. Primeiro sua recuperação, depois teremos que
contar com a recuperação apropriada do senador e por fim, você poderá prendê-lo.
Está quase acabando, amor.
- Sim... – ela
apertou a mão dele de leve, Castle beijou-lhe o rosto, mas ela mirou seus
lábios sorvendo-os em um beijo tenro – estou desejando um café, babe...
- Vou ver o
que posso fazer... – ele beijou-lhe a testa e sorrindo deixou-a sozinha.
Três horas
depois, Kate já estava de pé andando pelo saguão do hospital. A curiosidade de
saber o que estava acontecendo no bureau era apenas uma das inquietudes que ela
sentia nesse momento. Castle a proibiu de falar com McQuinn, felizmente Nadine
não conseguia manter as coisas somente para si. Mandou uma mensagem para eles
comentando que os documentos estavam a salvo. Kate respirou aliviada.
A porta que
dava acesso ao centro cirúrgico se abriu, o médico que operara Bracken viera à
procura de Beckett.
- Lieutenant
Beckett? Dr. Thomas. Acabei de sair da cirurgia do senador. Fui informado que
vocês sofreram um acidente. Estava escoltando o senador?
- Não
necessariamente. O que gostaria de saber é seu estado de saúde. Como ele está?
- Foi uma
cirurgia difícil. O senador tinha hemorragias internas que foram contornadas,
perdeu o baço. O corpo apresentava queimaduras de primeiro e segundo graus.
Tratamos cada uma delas, mas a verdade é que o corpo está 30% queimado. Cheguei
a pensar que não resistiria à cirurgia. De qualquer forma, ele ainda corre
risco de vida. Está em coma induzido e francamente não espero que acorde pelo
menos em dois dias. Está debilitado.
- Dr. Thomas é
de extrema importância deixar o quarto do senador monitorado. Preciso que
permita a presença dos dois agentes enviados pelo FBI em sua porta. Não podemos
correr riscos.
- Tudo bem,
eles tem permissão para ficar.
- Eu quero ser
avisada assim que ele acordar – ela pegou um cartão que encontrara na recepção
do hospital e escreveu seu nome e telefone entregando-o para o médico – aqui,
não se preocupe com horário. Estou disponível 24 horas, ossos do oficio.
- Entendo
perfeitamente. Com licença, tenente.
- Agora
podemos ir para o hotel, não?
- Hotel?
Não,Castle. Temos que nos encontrar com o pessoal no bureau.
- De jeito
nenhum! Você não dorme a mais de vinte quatro horas, não se alimentou direito,
sofreu um acidente, por Deus! Nada de trabalho. Você precisa descansar para
amanhã se preparar para prender o senador – ela abriu a boca para argumentar –
não adianta querer discutir. Não perderei meu tempo fazendo isso – ele a
aconchegou nos braços e mudou o tom de voz – pelo amor de Deus, Kate. Tivemos
muitas emoções para um dia. Vamos para o nosso hotel, você tomará um bom banho,
faremos uma refeição decente e dormiremos. Bracken não vai a lugar algum e
McQuinn certamente está se virando muito bem com seus assistentes.
- Eu estou
bem, Castle. Não preciso descansar – ele apertou a lateral do corpo fazendo-a
gemer alto – aii! Por que fez isso?
- Apenas
reafirmando que precisa seguir exatamente o que disse antes. Vamos.
Tomaram um
taxi com destino ao hotel. Para satisfazer a inquieta detetive, ele ligou para
McQuinn colocando o celular em vivavoz para que o agente atualizasse suas
atividades no caso. Como Castle imaginara, não fizeram muito além de coletar os
vídeos e resgatar os documentos do pendrive danificado. Nadine já estava com
sua matéria pronta esperando apenas pelo dossiê contra o senador ser concluído
para inserir os comentários apropriados a fim de jogar a bomba na mídia.
A ligação
acalmou Kate. O banho sugerido por Castle realmente a fez relaxar e após uma
refeição caprichada com um belo filé, ela aconchegou-se nos braços dele e
adormeceu quase instantaneamente. Castle permaneceu um tempo acordado pensando
na loucura que acabaram de enfrentar e que esperava ainda para ser concluída.
Nunca ele torcera tanto para um caso ser encerrado.
Na manhã
seguinte, eles vão ao FBI para ver o resultado do trabalho feito em campo.
Estava tudo lá. Junto com McQuinn, ela organizou informações, revisou os
documentos que seriam anexados ao processo e reviu os vídeos que, graças a
Jeff, comprovara a obsessão do senador para com ela. O acidente era mais uma
prova de que não somente foram ameaçados como perseguidos. O dossiê fora
montado cronologicamente expondo como o então suposto candidato à presidência
dos Estados Unidos começara sua carreira como deputado. Drogas, propinas, comércio
ilegal eram algumas das armas usadas por Bracken. Apesar de não ter matado
diretamente pessoas, suas ordens derramaram sangue de bandidos e de muitos
inocentes. Aquele dossiê era o passaporte do senador para a perpétua.
Levaram o dia
todo para concluir o melhor arquivo de evidências já feito por aquele time.
Reuniam dados de quase vinte anos de falcatruas e crimes. A pasta seria
apresentada à procuradoria do estado, ao promotor de justiça de New York,
diretores-assistentes do FBI, o comandante da polícia de New York. Sabiam não
haver necessidade de interrogatório. Estava tudo documentado. Bastava o senador
acordar e Beckett leria seus direitos prendendo-o em seguida. As honras do gesto
seriam concedidas a ela por sua longa história de luta contra William Bracken.
Deixaram o
Bureau por volta das oito da noite. Nadine insistiu para saírem e relaxar um
pouco, convite que Kate dispensou. Cansada, ela precisava de descanso e de um
tempo sozinha. Insistiu em passar no hospital para ter noticias do senador. Castle
a acompanhou.
A situação de
Bracken não mudara. Continuava desacordado e sendo monitorado de hora em hora.
As queimaduras pelo corpo pareciam mais brandas, ainda assim, ficara marcado
para sempre, pensou Beckett. Uma delas era em seu rosto. Castle não queria
entrar no quarto, respeitava a decisão dela, porém preferia ficar sem vê-lo,
queria o mínimo de contato possível com esse assassino.
De mãos dadas,
eles deixaram o hospital. Castle levou-a para jantar em um bom restaurante da
capital. Ordenou um bom vinho e pela primeira vez desde que se dedicaram ao
caso, conseguiram namorar um pouco.
- Estou
orgulhoso de você. É impressionante como você não se deixa abater diante de
tudo. Arrisca-se, luta. Conheço você muito bem para saber que torce pela
recuperação dele, não porque quer ter o prazer de prendê-lo, de vê-lo atrás das
grades. Esse é o seu principal motivo. Mas, apesar de ser um inimigo, você não
deseja a sua morte. Isso a torna uma pessoa muito melhor que eu.
- Castle, não
é bem assim...
- É sim. Eu
estava vendo o fogo alastrar-se pelo carro. Pensei, como seria fácil deixa-lo
queimar. Fora um acidente de toda a forma. Bracken estaria morto, nós livres e
a justiça feita de uma maneira diferente. Podíamos expor seus podres e acabar
com sua imagem frente ao público americano. Nada de honras políticas ou títulos
ou menções honrosas de cidadão exemplar do governo americano. Eu o deixaria
morrer. Não o fiz por você. É por isso que você é uma pessoa melhor que eu,
nunca duvide disso. Há bondade em seu coração mesmo com aqueles que não
merecem.
- Entretanto,
não seria a forma correta de justiça, a merecida – ele mantinha os dedos entrelaçados
ao dela, o nariz acariciava-lhe o rosto.
- Eu sei –
beijou-lhe o rosto – não se preocupe, você terá a sua oportunidade de
declara-lo preso, amor.
Voltaram a se
reunir na sede do FBI no dia seguinte, Nadine pedira a Kate para ajuda-la com
as informações pertinentes para montar sua matéria. Queria entregar uma bomba,
porém não podia revelar todas as nuances do caso. A reportagem renderia pelo
menos uma semana de audiência. A jornalista já insistira com Beckett para
entrevista-la em rede nacional. Uma exclusiva. Beckett não respondeu de
imediato, sabia que seria impossível escapar do alvo da imprensa. Nesse caso,
preferia a companhia de Nadine, pois estava acostumada a lidar com ela.
Por volta das
duas da tarde, ela precisava de café. Não apenas isso. Queria um tempo sozinha.
- Quer que eu pegue
café para você?
- Não, Castle.
Eu preciso tomar um ar. Minha cabeça está latejando.
- Está tudo
bem mesmo? Você quer um analgésico? Seu corte da cabeça ainda não está
totalmente curado. Se quiser eu posso...
- Não, Castle.
Somente preciso organizar uns pensamentos. Eu volto logo. Ajude McQuinn e Jeff
nos detalhes, sei que gosta de observar os geeks. Não demoro, prometo.
Ela desceu
pelos elevadores abriu as portas do prédio e recebeu o ar frio em seu rosto.
Apesar de ser final de verão ainda, Washington não é uma cidade realmente
quente. A temperatura no mês de setembro devia estar entre os dezoito e vinte e
três graus. Passou na cafeteria da esquina, a mesma que sempre frequentava
quando trabalhara ali. O vendedor a reconheceu e preparou o latte exatamente
como gostava. Atravessando o quarteirão, chegou em frente ao espelho d’água.
Ficou por um tempo admirando a paisagem. Sentou-se nos degraus da escada.
Sorvendo um
pouco da bebida quente, ela fechou os olhos por alguns instantes. Ao abrir,
passou a observar as pessoas repensando no capítulo que estava prestes a fechar
em sua vida. Às margens do espelho d’água, a visão do obelisco imponente
impressionava. Era estranho pensar que estando tão próximo do fim, sentisse que
ainda tinha uma dívida com sua mãe.
A alguns
metros de Kate, uma garotinha vestida de bailarina rodopiava alegremente
próxima ao lago aos olhos apaixonados da mãe. Observar aquela menina fazendo
pliê, mexeu bastante com a tenente. O movimento circular repetitivo que a criança
executava tinha uma certa familiaridade, algo que parecia escondido em algum
lugar do seu subconsciente. Tomou um pouco mais do café então, aconteceu. O
corpo relaxado ficou rijo, os olhos se arregalaram e a boca abriu-se
estarrecida diante da descoberta.
- La Mer...
meu Deus! Eu sei porque é especial... Castle, preciso de Castle! – pegou o
celular e discou. Sabia que ele estava entretido com os rapazes na sede do FBI
– Castle, preciso voltar para New York. Venha me encontrar em Dulles, rápido!
- Aconteceu
alguma coisa com Alex? – intrigado com a maneira que ela decidira deixar
Washington.
- Não, eu
acredito que solucionei de vez o mistério da canção e possivelmente o
assassinato da minha mãe. Não demore, por favor.
Eles
encontraram-se no aeroporto. Sem dar maiores explicações, Kate pediu para que
ele comprasse passagens de ida e volta, não pretendia demorar tanto em
Manhattan. Castle resolveu não pressiona-la nesse momento. Chegando ao loft,
ela correu para o closet que dividia com Castle. Na última prateleira, ela
retira uma caixa com imagens e dizeres de Paris. Senta-se na cama e respira
fundo enquanto acaricia a superfície.
- Eu já contei
a você a importância da música “La Mer” para minha mãe e eu. Hoje ao ver uma
garotinha vestida de bailarina perto do espelho d’água, eu me lembrei de um
objeto muito especial. Quando eu completei dezesseis anos, minha mãe queria me
presentear com algo diferente e único. Por mais que procurasse, ela não
encontrou o que queria ou julgara apropriado. Decidiu mandar confeccionar. Ela
tivera um cliente que tinha uma loja de instrumentos musicais e pediu para que
fizesse uma caixa de música daquelas bem tradicionais, porém com uma diferença.
Ela queria que a canção fosse “La Mer”.
Essa caixinha de música me acompanhou por anos. Quando fiz meu intercâmbio
na Europa, no meu quarto em casa e no dormitório da universidade. Ia comigo
para todo o lugar. Eu inclusive a levei para a Academia de polícia. Sempre que
olhava para aquela pequena bailarina dançando ao som da nossa música preferida,
lembrava o motivo que me levara até aquele lugar, que me fizera ser policial.
Castle
percebeu que a voz dela embargara. Sentou-se ao seu lado colocando sua mão
sobre a dela. Kate o encarou procurando pela compreensão em seu olhar,
continuou.
- Então, veio
o momento de loucura. A fixação pelo caso e o fundo do poço. Três anos intensos
e difíceis. Uma das decisões que tomei durante a terapia foi de guardar a
caixinha de música em um lugar longe dos meus olhos porque era um objeto que
lembrava muito a minha mãe, me fazia pensar nos momentos felizes interrompidos
naquele dia de janeiro, naquele beco fétido onde o sangue da minha mãe fora
derramado. Por isso demorei para entender a ligação. Há anos não abro essa
caixa. Está cheia de recordações da minha adolescência e juventude.
- Entendo que
a caixinha é importante para você e sua mãe. Sei o que a canção significa para
vocês, mas ainda não entendi como isso pode ajuda-la a solucionar o caso de
Johanna.
- Ao voltar
para casa durante aquele recesso, eu a trouxe comigo. Ela é um objeto único,
algo somente meu e dela. Se minha mãe tinha intenção de mandar uma mensagem,
deixar uma prova, esse seria o esconderijo perfeito. Não foi à toa que ela
transcreveu a letra da canção no diário, Castle. Ninguém sabia da existência
dela além de mim. Também tem mais um detalhe. Em meu primeiro encontro com
Montgomery, ele me perguntou sobre as pistas do caso de minha mãe. Insistiu em
saber se havia um áudio, uma fita. Tinha me esquecido disso depois que eu
vasculhei todo o arquivo de Bracken através do notebook de Jeff em busca de
provas. O tal áudio deveria ser a prova que acabou matando o capitão.
- E de alguma
forma, você acredita que esse áudio esteja na caixinha de música?
- Ou isso, ou
algo que me leve a ele. A única certeza que tenho é de poder encontrar a chave
para o enigma que já ultrapassa quinze anos.
- O que está
esperando? Abra essa caixa, Kate – ela passou as mãos pela superfície. Castle
percebeu que os dedos tremiam diante da excitação da possível descoberta.
Retirando a tampa, deixou-a ao seu lado sobre o colchão. Dentre vários
elementos, a caixinha de música estava no canto esquerdo superior. Feita de
madeira nobre, possuía desenhos lembrando a paisagem parisiense. Kate a pegou
nas mãos. Trocando mais um olhar com castle, a abriu.
Imediatamente,
a canção começou a tocar. Uma pequena bailarina rodopiava ao som da melodia.
Contudo, não foi isso que chamou a atenção de Castle. Enquanto Kate se
emocionava observando o simples prazer que a caixa proporcionava, ele observava
as fotos presas na tampa superior. Uma era de mãe e filha, sorrindo. A outra
era de Kate de braços abertos aos pés da torre Eifel. Ele a pegou na ponta dos
dedos. Viu Kate sorrir.
- Essa foto
tirei no meu intercâmbio. Eu simplesmente adorei a França.
- Combina com
você. Talvez possamos fazer uma viagem até lá algum dia. Você é muito parecida
com sua mãe, tem o mesmo tipo de sorriso. Pronta para destruir essa memória? –
Kate suspirou mordiscando o lábio.
- Acho que sim
– Castle levantou-se da cama e sumiu para seu escritório. Voltou com uma chave
de fenda e um estilete – aqui, vai precisar de alguma ferramenta para ajudar a
levantar essa parte da madeira. Não tem parafusos. Deve ser colado – Kate
enfiou a chave de fenda na lateral da caixa e empurrou contra a parede onde o
pedaço fora grudado. Fazendo uma certa força não teve muito êxito. Castle
estendeu a mão pedindo permissão para tentar. Preferiu o estilete. Com uma
certa persistência, ele conseguiu quebrar um pouco da cola em excesso na
lateral. Tentou uma, duas e na terceira vez conseguiu levantar um pouco da
madeira. Usando a chave de fenda, ele arrancou o pedaço.
Ficaram
olhando para o fundo da caixa sem dizer uma palavra sequer. Uma fita pequena
daquelas usada em gravadores de jornalistas estava guardada ali, pelo que
Castle podia prever, por mais de quinze anos. Com os dedos trêmulos, Kate pegou
a fita nas mãos. Ficou olhando para ela por vários segundos. Ele levantou-se da
cama voltando do escritório com um saco de evidências e um gravador.
- Você
escolhe: podemos ouvir a fita agora ou ensacamos e levamos direto para o FBI.
Deve ter as digitais de sua mãe nela. Depende somente de você, Kate. Ela passou
as mãos pelos cabelos fitando-o com os olhos determinados de detetive.
- Toque –
Castle sentou-se novamente ao lado dela pegou a fita de sua mão e colocou no
gravador. Esperou por um sinal dela que se resumiu a um meneio de cabeça,
apertou o play. Ali em seu quarto, as vozes de Bracken e Montgomery ecoaram
quebrando o silêncio. Eles ouviram atentamente a conversa entre os dois homens.
Kate buscou a mão dele querendo apoio. No meio da conversa, as lágrimas já
rolavam de seu rosto até ouvir o nome da mãe ser pronunciado seguido da
sentença de morte.
O áudo acabou.
Ela permaneceu calada de olhos fechados. Castle desligou o gravador e colocou-o
no saco fazendo o mesmo com a caixinha de música destruída. Somente então, ele
tornou a olhar para a mulher ao seu lado. Erguendo o queixo dela para encontrar
seu olhar, sentiu os braços de Kate o envolverem. Com o rosto enterrado no
ombro, ela apertava seu corpo contra o dele querendo dividir aquele misto de
emoções que sentia. Castle beijava seus cabelos e acariciava suas costas
dando-lhe o conforto que podia.
Ao afastar-se
dele, havia marcas de lágrimas em seu rosto. O olhar, porém demonstrava a determinação
em acabar com esse mistério de uma vez por todas.
- Precisamos
voltar para Washington.
- Eu sei, vou
ligar para o aeroporto – ouviram a mexida na fechadura do apartamento – o que é
isso?
- Deve ser Amy
retornando do parque com Alex. São quase seis da tarde. Eles deixaram o quarto,
Kate tinha razão. Ao vê-los no loft, a babá tomou um susto.
- Meu Deus!
Quase me mataram de susto. Alex correu para abraçar as pernas da mãe. Kate o
ergueu no colo. Amy comentou que ia dar um banho nele antes do jantar. Ordenou
que cuidasse da comida enquanto ela ia dar o banho. Nada melhor nesse momento
que passar um tempo com o filho.
Castle
retornou ao quarto do filho dizendo que conseguira um voo apenas dez da noite.
Ela concordou em pegar esse voo. Kate entregou o menino para o pai enquanto ia
verificar se Amy já acabara. Sentaram-se à mesa para tomar um café preparado
pela babá com direito a ovos e pão quentinho. Kate se divertia alimentando o
filho. Levou-o para o quarto e o colocou para dormir. Despediram-se de Amy,
Castle guardou os objetos na mochila e seguiram para o aeroporto.
À meia-noite
eles posaram em Dulles. Não conseguiriam fazer nada a essa hora no bureau.
McQuinn e os demais já deveriam estar longe da sede. Retornaram para o hotel.
Na recepção, Castle recebeu vários recados deixados durante o dia para eles.
Imaginava ser de Nadine. Já em seu quarto, Kate foi direto para o banheiro. Um
banho a ajudaria para relaxar e dormir. As emoções desse dia foram grandes e já
sabia que teria dificuldades para fechar os olhos.
Quando
retornou ao quarto, Kate encontrou Castle com o telefone nas mãos.
- Acabei de
falar com Nadine. Não contei nada sobre a nossa descoberta, disse que estávamos
seguindo uma pista e pedi para que ela esteja no bureau às sete da manhã.
- Ótimo. Você
falou com McQuinn?
- Sim, também
tinha um recado dele – ela reparou que a mochila estava da mesma forma que
trouxeram, ele não devia ter mexido – deite-se para descansar. Pedi um chá e
torradas para comer algo antes de dormirmos. Vou tomar um banho. Dez minutos
depois, a campainha do quarto toca, Kate recebe o mensageiro e despacha-o quase
que no mesmo minuto. Castle saiu do banho e encontrou-a bebericando o chá e
mordiscando uma torrada com creamcheese.
Sentou-se ao
lado dela, beijou-lhe o ombro recebendo uma xícara das mãos dela. Comeram em
silêncio. Em seguida, Castle ligou a televisão esperando ver o último
noticiário, queria ter certeza de que a notícia sobre o acidente do senador não
havia chegado aos ouvidos da imprensa. Aparentemente, estava tudo sob controle.
Kate deitou-se ao seu lado cobrindo seu corpo com o edredom apoiando a cabeça
no peito dele. Ao contrário do que pensara, o estresse e as reviravoltas do dia
fizeram-na desabar na cama.
Kate sonhou
com a mãe naquela madrugada. Elas estavam passeando a pé em Paris. Dançavam em
plena rua, subiram a torre Eiffel e comeram guloseimas em cafeterias
deslumbrantes regadas ao champagne. Talvez o sonho leve devia-se à lembrança
despertada pela caixa de música e a certeza de que finalmente faria justiça à
vítima mais importante da sua vida.
Ao acordar na
manhã seguinte, Kate sentia-se relaxada. Pulou da cama às seis da manhã para se
arrumar. Castle ainda dormia quando ela apareceu completamente pronta no quarto
para acorda-lo com pequenas sacudidas. Esfreguiçando-se, ele se assustou ao
vê-la pronta para trabalhar.
- Vamos, babe.
Não quero me atrasar. Ainda vamos tomar café.
- Nossa! Você
parece muito bem para quem dormiu menos de cinco horas.
- Castle, por
favor...
- Tudo bem,
estou indo.
Às sete horas
em ponto, Castle e Beckett cruzavam as portas do bureau segurando cada um com seu
copo de café. Tomaram o elevador seguindo para o quinto andar onde se montara a
sala de guerra deles. Não se surpreenderam ao ver que Nadine e Jeff já estavam
ali.
- Bom dia,
McQuinn ainda não chegou?
- Foi pegar
café. Sente-se, Kate. Castle não quis contar o motivo pelo qual vocês sumiram o
dia inteiro. Quer saber a verdade? Estou me roendo de curiosidade. Por acaso
descobriram algo mais para o nosso caso?
Kate que
sentara-se de frente para Nadine sorriu do jeito impulsivo de abordar da
jornalista. Tinha que admitir, ela possuía o verdadeiro dom jornalístico. Jeff
mantinha-se calado diante do pequeno tsunami que era sua namorada. Opostos que
davam certo, se completavam.
- Vamos
esperar McQuinn, dessa forma conto tudo uma única vez.
- Alguem me
chamou? Bom dia! – cumprimentou os colegas deixando as canecas com café sobre a
mesa. Sentou-se ao lado de Castle.
- Bom dia,
McQuinn – disse Kate – não vou tomar muito do nosso tempo porque a informação é
muito importante. Encontrei mais uma prova contra o senador. Essa, em especial,
é prova vital sobre o envolvimento dele no assassinato da minha mãe – ela olhou
para Castle pedindo para que ele mostrasse. Ele tirou o gravador da mochila
tirando-o do saco de evidência – essa é uma fita achada na caixa de música que
minha mãe me deu de presente há vários anos. Eu sabia da existência de um
áudio, porém não tinha ideia de que essa prova estava tão próxima a mim, até
ontem. Castle, aperte o play.
Em silêncio,
novamente Kate escutou a conversa entre Montgomery e Bracken. Ao final da
gravação, os olhos de Nadine estavam arregalados diante da revelação. McQuinn
estava sério e Jeff olhava fixamente para Kate.
- Então, de
posse dessa nova evidência, quero que você inclua a fita no processo. Antes
pode levar a caixinha que a guardava para teste de impressões digitais. Aposto
que encontrará as minhas e as dela. Faça uma gravação do áudio, será mais
seguro colocar a cópia no processo ao invés do original.
- Wow! Eu nem
sei o que dizer... e olha que isso é difícil de acontecer comigo – exclamou
Nadine.
- Qual o
próximo passo, McQuinn? – perguntou Castle.
- Chegou a
hora de expor os podres do senador, um a um. Vou agendar a reunião. Jeff, pode
criar a cópia do áudio como Kate sugeriu? – ele pegou a caixinha que protegera
a fita cassete durante anos – vou levar isso para o laboratório. Sei quem pode
dar prioridade zero a isso. Vou tentar reunir todos até às dez da manhã. Vou
precisar da sua ajuda para explicar o caso, Kate. Ninguém conhece o senador
como você.
- Pode contar
comigo.
Por volta das
dez e trinta, Beckett e Castle entravam em uma sala de reunião enorme
localizada no mesmo andar que estavam concentrados. Beckett reconheceu algumas
caras de diretores do FBI, o procurador do estado e o comandante da polícia de
New York. Para ela, havia apenas duas faces desconhecidas. McQuinn
apresentou-os para o time de alta cúpula que esperava uma excelente explicação
para dispor desse tempo para uma tenente da NYPD e um agente técnico da
procuradoria.
- Senhores,
não irei me demorar em fazer uma introdução do motivo que nos levou a reunir
todos aqui hoje. Como alguns devem saber, a tenente Kate Beckett já trabalhou
um tempo para o FBI onde esteve a frente do caso Denver, um dos maiores
esquemas de corrupção, entorpecentes e assassinatos já cometidos contra os
Estados Unidos. Infelizmente, a sujeira não parou por ali. Estive em New York
trabalhando em parceria com a tenente para desvendar outras ligações desse
escândalo nacional quando uma testemunha de suma importância foi assassinada –
enquanto falava, Beckett colocava fotos ilustrativas no telão.
- Collins
antes de morrer revelou o nome do mandante principal do esquema e não era o
ex-senador Robert Denver. Trata-se de ninguém menos que o senador eleito pela
cidade de New York, William Bracken. Lieutenant, por favor, continue – ao
colocar a foto do senador em evidência, Beckett pode perceber a fisionomia
surpresa da maioria. Diante do que viu, a coragem a dominou dissertanto
minuciosamente por todos os detalhes do caso que provara o quão crápula era o
senador.
A explanação
detalhada durou duas horas. A cada nova revelação, os homens a frente do
comando do FBI e da justiça ficavam cada vez mais surpresos. Beckett foi
sabatinada de perguntas às quais respondeu competentemente. Satisfeitos com as
explicações, Beckett comentou a última parte da notícia. O acidente
pré-meditado contra a vida dela. Quando questionada pelo procurador do estado
sobre a sua ligação e a obsessão do senador Bracken, ela respondeu.
- Durante meu
trabalho na NYPD, meu caminho e o do senador se cruzaram algumas vezes. Já tive
que protegê-lo, salvei sua vida, porém antes disso eu descobri que ele fora o
mandante do assassinato de minha mãe, um caso aberto e sem solução até hoje.
Não podia ataca-lo sem provas. Quando Collins contou de seu envolvimento com
Bracken, sabia que tinha uma oportunidade de fazer justiça, por isso estou
aqui.
- Você tem
alguma prova de que o senador mandou matar sua mãe?
- Tenho, veja
o quadro – McQuinn carregou todos os documentos, pistas e explicações do caso
Johanna Beckett – o que vão ouvir agora é uma gravação na qual o senador
confessa suas trapaças e assassinatos. É legítima e foi testada por reconhecimento
de voz. A fita original também apresentou as digitais dela e as minhas. McQuinn,
por favor.
Um silêncio
incômodo se instalou na sala após a reprodução do áudio. Talvez porque para a
maioria daqueles homens ali presentes, o senador fosse um exemplo de cidadania.
Um político que luta e respeita seu país, com uma caminhada longa, com muitas
batalhas e demonstrações de fidelidade aos Estados Unidos. Beckett quebrou o
silêncio diante do olhar atônito de todos na sala.
- Creio,
senhores, que diante dessas acusações, um interrogatório não se faz necessário.
O senador terá muito o que explicar sobre todos os crimes cometidos contra a
nação e pessoas comuns, cidadãos americanos.
- Conforme a
tenente Beckett afirmou, estamos apenas aguardando o retorno do hospital para
removê-lo de lá assim que pudermos. Essa investigação somente foi possível
devido ao trabalho exemplar feito pela tenente quando ainda era do FBI no caso
Denver e sua investigação pessoal que veio desenvolvendo durante os seus anos
de polícia sobre o caso Johanna Beckett. Diante disso, nada mais justo do que
dar a ela o direito à voz de prisão. No papel de agente responsável pelo caso,
concedo essa responsabilidade a Beckett. Acredito que os senhores não tem
qualquer objeção visto que grande parte dos crimes aconteceram na jurisdição de
New York. Ele será autuado em Washington também, afinal esse é um crime
federal.
- São
acusações e provas bastante completas. Confesso que estou um pouco atuardido
pela descoberta – disse o procurador do Estado – entretanto, não posso fechar
os olhos a tudo o que expuseram aqui. Um excelente trabalho investigativo.
Preciso de todo o material na minha mesa ainda hoje. E agente McQuinn, não há
problema algum da Lieutenant Beckett realizar a prisão, aliás tenente, posso
afirmar categoricamente que você foi uma perda enorme para o FBI. Poderia hoje
ser você no lugar de McQuinn, sem ofensas.
- Tudo bem, eu
concordo.
- Obrigada,
senhor. Tem um último detalhe, senhor. A extensão dos ferimentos do senador
ainda irão requerer cuidados especiais. Provavelmente o senhor queira um tempo
maior para desloca-lo a unidade de cuidados do exército ou uma cela preparada
para receber prisioneiros debilitados. Também gostaria de esclarecer outro
ponto. Parte do motivo de eu não estar no FBI tem a ver com o senador. Ele me
ameaçou e à minha família. Foi um dos motivos que não aceitei a oferta no
passado. Hoje posso concluir que foi a melhor ameaça que já recebi. Bracken me
fez um favor.
- É, parece
que seu caso com o senador é bem complicado e longo.
- E está
prestes a terminar, senhor. Se me permite – Beckett pegou um dossiê com mais de
quinhentas paginas e entregou ao procurador – aqui estão as provas em ordem
cronológica e também um disco contendo-as em formato digital.
- Vocês vieram
preparados. Bom trabalho. Tenente, você é uma pessoa admirável. Consegue se
preocupar com a saúde daquele que matou sua mãe, a ameaçou e quase a deixa
viúva. Em meus trinta anos como defensor do Estado nunca presenciei algo assim.
Louvável, simplesmente – ele se vira para os demais – senhores, acredito que
temos muito a conversar antes que eu leve esse assunto delicado ao presidente.
Agente, tenente, ficamos no aguardo do hospital. Podem nos dar licença?
Beckett e
McQuinn deixam a sala. Assim que avista Castle, ela anda até ele desesperada
por toca-lo.
- Como foi?
- Tudo bem. Um
choque para todos, mas o objetivo foi alcançado. Esperamos apenas a ligação do
médico para que Kate possa efetuar a prisão. Eles realmente gostariam de ter
você por aqui, Kate.
- Esse trem já
passou, McQuinn. E não volta mais.
- Acho que merecemos
um belo almoço, não? – sugeriu Nadine – essa expectativa deu fome. Eles riram e
saíram juntos com a jornalista para comer.
Passava das
seis da tarde quando Kate voltara ao hotel acompanhada de Castle. Queria ligar
para casa e saber como estava Alex, porém no instante que pegou o celular, a
ligação apareceu no visor. Um número desconhecido.
- Beckett.
- Tenente,
aqui é o Dr. Thomas. Você pediu para ligar de volta. O senador acordou.
- Obrigada,
estamos a caminho – desligou e fitou Castle – Bracken acordou.
Castle e
Beckett saíram às pressas para o hospital. No caminho, ligaram para Nadine
encontrar-los lá, também avisaram McQuinn. Na recepção, ela perguntou pelo
médico, pois precisava da permissão dele para entrar na área de doentes. Além
disso, precisava saber as reais condições do senador. O Dr. Thomas levou cerca
de cinco minutos para encontra-la.
- Tenente,
desculpe. Estava com um paciente.
- Tudo bem.
Qual a condição dele, doutor?
- Estável. A
maior preocupação é com as queimaduras. Ainda estão em processo de
cicatrização, requerem cuidados. E devido à perda do baço, ele terá que tomar
umas injeções para aumentar sua imunidade ou o risco de infecção poderá se
agravar. Com um certo zelo, ficará muito bem.
- Pode ser
removido para outro lugar?
- Para casa?
Talvez se continuar estável amanhã possamos libera-lo aos cuidados de uma
enfermeira. Os curativos precisam ser muito bem administrados. Um ambiente asséptico
é primordial nesse caso. Por que pergunta?
- Precisaremos
removê-lo para um hospital do exército. O senador está a partir desse momento
respondendo a um inquérito policial e um processo federal. Estou aqui na
qualidade de representante da lei para informa-lo que será preso.
- Entendo.
Nesse caso, posso providenciar toda a papelada e o que for necessário para a
transferência.
- Ótimo. Ligue
para esse número – ela avistou McQuinn chegando à recepção e fez sinal para que
ele se juntasse a ela – esse é o agente McQuinn, o telefone que tem em mãos é
do Major Ryan. Ele é médico do exército, saberá explicar o que o senhor precisa
saber. Pode nos levar até o senador?
- Claro, me
acompanhe. Seguiram pelo corredor enquanto Castle e Nadine já completamente
equipada esperava para ter seu momento de glória com a reportagem sobre a
prisão do senador. Na porta do quarto, estavam os agentes designados por
McQuinn. A vigília tinha funcionado e deveria continuar até a remoção do preso
para o outro hospital. Kate trocou uma ideia com o agente para que tivessem a
mesma opinião sobre o que fariam, respirou fundo antes de entrar no quarto.
O senador
estava deitado observando a TV, provavelmente notícias econômicas e curioso
para saber se havia repercussão de seu acidente. Ao deparar-se com Beckett
olhando-o, um semblante sério, percebeu que não fora dessa vez que a matara.
Mesmo em uma cama de hospital, ele não perdia a pose e nem a arrogância como a
própria Beckett ia constatar em seguida.
- Ora, ora
detetive... a que devo a honra da sua visita? Veio se certificar se eu
sobrevivi?
- Olá, senador
Bracken. Vejo que para um homem que sobreviveu a um acidente grave, o senhor
está bem. Pelo menos não houve dados cerebrais. Continua com a mente aguçada –
pra não dizer arrogante, pensou – imagino que saiba por que eu e o agente
McQuinn estamos aqui. O FBI autorizou uma investigação mais aprofundada depois
do que aconteceu ao empresário da indústria têxtil, Jack Collins, lembra-se
dele? Foi assassinado. Eu mesma investiguei o homicídio. Infelizmente, o
criminoso ainda não foi achado. Descobri também que foi a mesma pessoa que
tentou matar Nadine. Sabe quem o pagava? Você, senador – ela se aproximou um
pouco mais da cama onde ele estava. Cruzou os braços. Calou-se por uns
instantes. Nada de pressa. Circulou toda a extensão da cama – isso não é
novidade, afinal aposto que mandou-o sumir do mapa. Ninguém some para sempre,
nem mesmo fica impune. Um dia, ele também pagará pelo crime que cometeu. Eu
cuidarei para que isso aconteça.
- Quer ouvir
uma ironia, senador? O assassinato de Collins foi em vão. Completamente fora de
timing. Na ocasião da sua morte, Collins já havia sido interrogado e mencionado
o envolvimento com seus negócios ilícitos. As gravações existem, estão em pose
do FBI. A partir daí, foi bem interessante investigar o quanto você caminhou
por rotas ilegais, desvios de dinheiro, assassinatos. Tudo pelo poder, não
senador? Posou de bom moço ao destituir o senador Denver de seu cargo, fez
média com a imprensa. Inclusive me elogiou para o Comandante da polícia e meu
chefe no FBI! Aqueles que não o conhecem podem cair nesse jogo manipulador que
usa para ludibriar as pessoas. Não a mim – Beckett inclinou-se na direção dele.
Não desviava o olhar.
- Para ser
presidente dos Estados Unidos vale tudo, não? O senhor estava disposto a fazer
o que fosse preciso, legal ou ilegalmente. Foi sempre assim. Roubar, enganar,
ameaçar e executar qualquer um que cruzasse seu caminho para a vitória, como
fez com a minha mãe.
- Por favor,
detetive essa história novamente? Que tal mudar esse disco furado?
- Você matou
minha mãe porque ela descobriu parte do seu esquema de drogas com Vulcan
Simmons, porque ela viu o que mandou fazer com o agente do FBI. Foi deixada lá,
esfaqueada, sangrando no beco próximo ao covil de traficantes e criminosos que
trabalhavam para você. Felizmente senador, essa história, o tal disco furado a
que o senhor se refere, chegou ao fim. Não há como fugir, Bracken – Beckett
estava muito próximo ao rosto dele agora, o olhar furioso e fatal da tenente
fixo no semblante dele – acabou, eu encontrei a fita. Sua confissão.
Percebeu o
semblante de Bracken mudar. Mesmo com as marcas de queimadura no lado esquerdo
do rosto que se estendiam pelo pescoço, conhecia muito bem as expressões
daquele homem para entender que conseguira encurrala-lo. Um pequeno risinho
formou-se no canto dos lábios de Beckett. Afastou-se do seu inimigo, virando-se
para McQuinn.
- Agente
McQuinn, pode explicar ao senador qual será seu próximo destino?
- Certamente,
tenente. Senador, devido suas condições de saúde, o FBI está solicitando sua
remoção para um hospital militar aqui mesmo em Washington para que receba o
tratamento necessário devido ao seu acidente. Terá uma enfermeira a sua
disposição e um médico do exército para supervisionar sua recuperação. Não se
preocupe, estaremos levando você para a prisão de segurança máxima em três
dias. Tempo suficiente segundo os médicos. O seu processo está sendo avaliado
pelo procurador do Estado e autoridades do FBI. Receio dizer que perderá seu
cargo federal, senador.
- Acredito que
não temos mais o que conversar. Tem alguma pergunta, senador? – mas logicamente
ele não tinha, aprendera que em situações como essa era melhor permanecer
calado. Sem grandes comentários.
- Você está
adorando tudo isso, não? Sonhava em prender-me. Era parte de seu objetivo
pessoal, detetive.
- Não, meu
objetivo e lema é proteger e servir, senhor. A justiça é minha base, a ordem
meu compromisso. Mantê-las é minha responsabilidade. Desfrute do pouco de
liberdade que ainda tem antes que façamos sua prisão oficialmente. Uma pequena correção,
sou tenente e não detetive. Passar bem.
Beckett deixou
o quarto do senador aliviada. Não deu voz de prisão porque quando o fizesse,
teria o prazer de algema-lo. Podia esperar mais três dias. Nadine não escondeu
a frustração de vê-la contar que o senador seria transferido no dia seguinte,
portanto nada de coberturas ao vivo. A jornalista era insistente, adulou Kate o
quanto pode para gravarem a entrevista exclusiva, tanto que a tenente acabou
cedendo para evitar ouvir Nadine resmungando ao seu ouvido. Ao final da tarde,
o procurador geral voltou a pedir a presença dela e de McQuinn para
esclarecimentos adicionais em seu gabinete. Durante a reunião, Beckett recebeu
a ligação do Dr.Thomas que infelizmente não poderia atender, porém o médico
teve o bom senso de enviar uma mensagem informando que a transferência de
Bracken estava agendada para nove horas da manhã.
No hospital,
cedo pela manhã os preparativos estavam adiantados. Do lado de fora, uma equipe
de segurança liderada pelo FBI já se encontrava a postos. Beckett aguardava na
recepção pelo sinal de McQuinn para começar o transporte. Fez questão de acompanha-lo
até o hospital militar. Não via a hora de colocar um par de algemas nele.
Nadine acompanhada de um cinegrafista, começara a contar sobre o acidente do
senador destacando seu estado de saúde. Para todos os efeitos, a transferência
para o hospital militar fora apenas uma precaução adicional devido à
importância da pessoa de alto escalão do governo, para sua própria segurança.
Três dias
depois...
Kate Beckett
estava pronta, de frente para o espelho. Sabia da jornada que enfrentara até
ali, as dores, as lagrimas, as noites mal dormidas. O fundo do poço, o risco de
vida e finalmente a rendição. Por mais de quinze anos sonhara com esse momento.
Desejava dizer algumas palavras para aquele homem. Estava acima dele pela
primeira vez, combateria seu poder com um par de algemas. Castle se aproximou
dela, colocando as mãos em seus ombros, sorriu beijando-lhe o topo da cabeça.
- Está pronta,
amor?
- Sim. Vamos
acabar logo com isso. Precisamos voltar para New York.
Na frente do
Hospital Militar, uma viatura do FBI já aguardava para a remoção do senador até
a prisão de segurança máxima. A imprensa representada por Nadine e mais dois
carros da polícia para escolta-los além da própria condução de Castle e
Beckett. Acompanhados do médico Major, receberam as últimas informações sobre a
condição de saúde de Bracken e um documento assinado liberando sua
transferência.
Ao entrar no
quarto acompanhada de McQuinn e dois guardas, ela colocou as mãos
automaticamente nas algemas. O senador estava sentado na cama com a enfermeira
ao seu lado. Vestia um de seus ternos. Melhor assim, Beckett pensou. Seus dias
de glórias chegaram ao fim.
- Bom dia,
senador – ela foi direto ao ponto - Pode ficar de pé para que eu recite seus
direitos? – observou o homem tão metido a onipotente erguer-se a sua frente com
um olhar bem diferente de outros tempos. Um olhar de derrota. Ela se aproximou
dele a passos firmes – William Bracken, você está preso por crimes contra os
Estados Unidos da America, fraudes, roubos, comercio ilegal de drogas, sonegação
de impostos e assassinatos, incluindo o homicídio da minha mãe, Johanna
Beckett. Você tem o direito de permanecer em silêncio, tudo que dizer pode e
será usado contra você no tribunal. Tem direito a um advogado se não puder
pagar o Estado fornecerá um para você – ela o algemou com vontade sem deixar de
encara-lo nem por um segundo.
Deixaram o
hospital levando-o para a viatura. Nadine tentava arrancar uma declaração dele.
Sem comentários era tudo o que dizia. Focalizou bem o rosto de Beckett naquele momento.
Castle assistia tudo a uma certa distância, o sorriso no rosto cheio de orgulho
por ver sua esposa e excepcional profissional finalmente fechar o caso mais
importante da sua vida. Ela seguiria levando-o até a prisão, ele iria atrás
acompanhando. Era o seu momento.
Fichado,
fotografado e já nas roupas de prisioneiro, o bom e velho uniforme alaranjado,
Bracken parecia bem diferente do homem arrogante e poderoso que roubava a cena
quando aparecia na TV com seus discursos decorados e cheios de clichê demostrando
um respeito que nunca teve pelo povo americano. Beckett acompanhou-o até o
instante que os guardas abriram a cela. Solicitou alguns minutos sozinha com
ele. McQuinn autorizou.
- Cinco
minutos, Kate – a porta fechou-se atrás de si. Ela permaneceu calada apenas
observando-o.
- Não vai dar
pulos de alegria, Kate? Aposto que irá abrir uma garrafa de champagne logo mais
com o superficial do seu marido. Isso é o tipo de coisa que ele é capaz de
propor.
- Não estou
aqui para bater papo. Somente quero dizer que novamente a justiça venceu. Foi
preciso ameaças de morte, acidentes e uma última tentativa desesperada de me
matar. Passei mais de quinze anos da minha vida atrás de respostas, honrar a
memória da minha mãe lutando com um sistema de cobiça e poder em busca das
provas certas. Aqui estamos nós, senador. Agora é sua vez de sofrer – ela
observou o ambiente da cela – não há espelhos. Vou pedir para providenciarem
um, assim cada vez que se olhar nele lembrará de mim, ao ver as cicatrizes na
sua pele queimada saberá que estou viva. Serei uma lembrança do seu fracasso.
Aquela detetive atrevida que lutou para coloca-lo no seu verdadeiro lugar,
atrás das grades. Isso é um adeus, Bracken. Pouco me importa seu julgamento.
Esse capítulo da minha vida acaba exatamente aqui.
Ela abriu a
porta, mas antes de sair deu uma nova olhada nele.
- O laranja
combina com você. Saiu fechando não somente a porta, mas também uma conexão com
o passado que faria questão de esquecer.
Castle a
aguardava do lado de fora. Não havia necessidade de palavras. Ele a tomou nos
braços sentindo o corpo dela relaxar pela primeira vez naquele dia. Beijou-lhe
o pescoço e deixou um sussurro escapar pelos lábios.
- Eu te amo,
Cas... – permaneceram abraçados por um bom tempo até entrarem no carro e
rumarem para o hotel. Kate recebeu uma ligação do procurador geral agradecendo
seu empenho e seu trabalho. Ao ser perguntada se gostaria de acompanhar o
julgamento, ela recusou educadamente dizendo que precisava voltar para sua
cidade, afinal os assassinatos não paravam em New York.
Castle
agendara um voo pela manhã. Também arrumara uma forma de levar seu carro de
volta a Manhattan. Não via a hora de voltar para casa. O canal da ABC
interrompera sua programação normal para colocar no ar a reportagem exclusiva
sobre a prisão do senador. Tinha que admitir, Nadine Furst fez um excelente
trabalho com o caso. Nunca esqueceria que fora ela quem insistiu na
investigação. Sem seu jeito irritante pressionando-a talvez não tivesse
conseguido tudo aquilo. Tinha uma divida de gratidão com ela e Jeff.
- Nadine está
deitando e rolando com esse furo na ABC. Está onde adora.
- Ela mereceu
cada segundo disso. Eu vou tomar um banho, quer sair para jantar? – ela perguntou
mesmo não estando muito a fim – acho que o dia hoje pede uma garrafa de
champagne – sorriu lembrando-se do comentário do senador – quer saber? Podemos
ficar por aqui mesmo.
Castle ordenou
o champagne, o jantar e pediu para ser entregue dali a três horas. Sem fazer
barulho, ele tirou as roupas ficando completamente nu. Seguiu para o banheiro.
Kate estava de costas deixando a água lavar o shampoo de seus cabelos. Mantinha
os olhos fechados. Percebeu o barulho da porta se abrindo, mas não se incomodou
com isso. Castle afastou a porta do blindex entrando no espaço relativamente
bom para caber duas pessoas. Abraçou-a por trás beijando-lhe o ombro.
- Vim ver
porque você demora tanto nesse banho...
- Pensei que
iria ter que chama-lo. Estou precisando de alguém para esfregar minhas costas –
ela brincou.
- Que assim
seja, sou muito bom nisso – ele pegou o sabonete liquido espalhou um pouco em
suas mãos fazendo-as descer pelos ombros e toda a extensão das costas de Kate
tomando a direção do abdômen e dos seios. Ele os acariciou, apertou os mamilos
puxando-os para provocar prazer. Os lábios roçavam sua nuca, os dentes marcavam
os ombros. Uma das mãos deslizou para o meio de suas pernas fazendo-a gemer em
antecipação. Os dedos dele penetraram-na no instante em que sua boca fechava a
dele em busca de um beijo.
Aos poucos
sentia as pernas amolescerem devido ao contato mágico com seu clitóris. Sentia
a ereção crescer contra suas costas. O movimento da mão aumentara, ela apoiara
o corpo nele para resistir aos tremores do orgasmo que fazia seu corpo arquear.
Castle a segurava abocanhando-lhe um dos seios, sugando-o somente para aumentar
o prazer que sentia. Então, colocou-a de costas para a parede. Kate o puxou
pela nuca sorvendo os lábios com paixão. O contato com o peito dele, sentir a
pressão contra o próprio corpo, tudo a motivara a querer mais. Kate ergueu as
pernas atracando-as em sua cintura. Não conseguia parar de beija-lo.
Quando Castle
a penetrou ela gritou já quase em êxtase. Ele deslizara de uma única vez.
Movimentava-se rapidamente dentro dela. Kate segurava-se em seu pescoço
cravando os dentes no ombro quando sentiu a explosão de um novo orgasmo. Pedia
para que ele não parasse. Sussurrava ao seu ouvido que queria mais. Prestes a
deixar o prazer o dominar, Castle tomou-lhe os lábios em um beijo ardente, introduzindo-se
completamente dentro dela, apoiando-se na parede para não deixa-la cair.
Passado o
resultado do primeiro ato, ela deslizou as pernas até o chão procurando a
firmeza para se manter em pé. Sorria acariciar o peito dele. Trocando de lugar,
Kate o beijou apaixonadamente. Pegou o sabonete liquido em suas mãos e deu
inicio a uma nova brincadeira. Tomou o membro dele em suas mãos espalhando o
sabão ao longo da superfície. O simples gesto já causara uma pontada na virilha
recebida por Castle como extremamente prazerosa. Terminaram o banho apenas para
caírem na cama ainda molhados e recomeçar mais uma noite de amor.
De volta a New
York, Kate tem uma bela surpresa ao chegar em casa. Mal abrira a porta do loft,
o filho correu para abraça-la.
- Mommy,
mommy, mommy.... – Alex abriu os bracinhos agarrando-se nas pernas da mãe. Kate
estava maravilhada com o fato do filho chama-la assim.
- Meu amor...
você aprendeu a falar “mommy”? Que coisa mais linda – Castle abraçou a filha
que ria do jeito bobo de Kate diante da descoberta.
- Ele aprendeu
há uns dois dias, foi um bom aluno. Estava torcendo para que você não falasse
com ele esses dias porque iria estragar a surpresa – disse Alexis – eu e Amy
nos divertimos muito com ele nos últimos dias.
- Espera, você
ensinou isso ao Alex? E quanto a “daddy”? Custava? – Alexis ria da cara de
indignação do pai.
- Logo ele vai
estar dizendo isso também. Já fala “Apple”, Nikki, “juju” é suco, “meat”, bola
e eu sou “Xis”.
- Que
maravilha - disse Kate pegando Alex nos braços – diga quem é a mais bonita
nessa casa, Alex. Diz pro papai.
-
Mommy...mommy.
- E quem é
esse? – Kate perguntou apontando pra Castle.
- Nikki. Kate
e Alexis caíram na gargalhada.
- Não, filho.
Sou “daddy” repita “daddy”.
- Nikki.
Apple...
- Vou preparar
um café – disse Kate caminhando para a cozinha – que tal fazermos um bolo,
Alexis? Essa aula vai demorar...
Nos dias que
se seguiram, os noticiários falavam apenas da prisão do ex-senador Bracken. A
repercussão do trabalho conjunto do FBI e da NYPD rendeu por uma semana.
Beckett foi chamada até a central com Gates para receber os cumprimentos
diretamente do Comandante e do Chefe de justiça do Estado. Vários repórteres
queriam entrevistas e sua participação em programas de televisão, Beckett
recusara educadamente a todos. Sua lealdade continuava a ser de Nadine.
Logo no fim do
mês, o resultado do julgamento de Bracken era decretado. Prisão perpétua, todos
os seus bens foram confiscados. E um novo escândalo povoou a mídia, finalmente deixando
Beckett trabalhar em paz. Seu curso em direito criminal seguia de vento em
polpa. Casos e mais casos eram levados ao 12th distrito necessitando de sua investigação.
Voltara a escrever com Castle o final da nova aventura de Nikki Heat. Tudo
estava exatamente como deveria.
Cinco meses se
passaram. Fevereiro já registrava temperaturas bem abaixo do normal, nevara na
noite anterior e os termômetros marcavam 10 graus negativos. Agasalhada com
casaco, luvas e cachecol, Kate esperava por Castle esquentando o corpo no
interior da cafeteria. A vítima de seu novo caso estava a dois quarteirões dali,
mas ela se recusava enfrentar o frio sem uma boa dose de café.
- Aqui, amor. Grande skinny latte two pumps sugarfree vanilla.
Todo seu – ela pegou o copo sorvendo o liquido com vontade – onde está
nosso presunto?
- Castle! Não fale
assim! A dois blocos. Vamos antes que Lanie tenha um colapso, já mandou quatro
mensagens e dois áudios.
- Nossa! Que insistência...
investigar assassinatos nesse frio não é um programa agradável. Quer saber? Se solucionarmos
esse caso até amanhã, prometo uma noite inesquecível para você, Lieutenant
Beckett. Com direito a conhaque e lareira.
- Faria isso
por mim? Ahhh – ela revirou os olhos sonhando com a imagem – o que estamos
esperando? Nada como uma tórrida noite de amor para espantar esse frio.
Como pretendido,
Beckett encerrou o caso na tarde seguinte. Não tinha sido tão difícil especialmente
por ser um crime passional. As pessoas ainda faziam muitas loucuras por amor,
inclusive matar. Estava de saída já sonhando com as maravilhas da noite que Castle
preparara para os dois, saíra cedo do distrito para preparar-se sem dizer
absolutamente nada, deixando-a ainda mais curiosa. De bolsa em punho, foi
interceptada pela Capitã.
- Lieutenant,
tem um minuto?
- Claro.
- Entre e sente-se, por favor – Beckett obedeceu
pensando em maneiras de surpreender Castle – prometo não me demorar muito. O
assunto é do seu interesse e afirmo sigiloso – a última palavra prendeu a atenção
de Beckett – tenente, acredito que mudanças estão por vir muito em breve. Mudanças
que afetam diretamente a você.
Um comentário:
Game Over para o senador!!!!
Meu emocional abalado mais aliviado,todos tiveram um papel fundamental para que a justiça fosse feita. Agora é correr para o abraço,Kate foi super digna fez do seu jeito e sambou. A comemoração particular no banheiro 66666666
O Alex "mommy", para que preciso vomitar arco-íris foi lindo demais ♡♡♡♡♡ fiquei até com dó do castelinho kkkkkkkkkkk
Agora o que Gates quer com Katherine????
=0
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