domingo, 29 de abril de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap.19


Nota da Autora: Esse capítulo é claro contém angst, agora sob o pov de Beckett. Era para ser ainda mais profundo mas acredito que acabei dando uma maneirada na escrita. Na parte final, fiz uma modificação já que acredito que segundo o episódio, Kate fez o mesmo que eu qdo passei por essa situação. Espero que gostem!


Cap. 19
Em Nova York, a noite todos os gatos são pardos. Na escuridão, assassinatos acontecem. Porém, por algumas horas, Kate Beckett aproveitava a companhia da amiga para compartilhar algo que vinha incomodando-a desde aquele caso da bomba. O assunto? Rick Castle.
Ela servia mais uma taça de vinho a Lanie.
- Estou dizendo, algo aconteceu, alguma coisa mudou. Tem ficado estranho entre nós ultimamente.
- Ultimamente? Kate, tem ficado estranho há 4 anos.
- Não, isso é diferente. Ele está diferente. É como se me afastasse.
- Pode culpá-lo? Talvez não queira mais esperar.
-Esperar o quê? Sim, Kate preferia relutar e se fazer de desentendida quando Lanie a pressionou mas a amiga não ia desistir tão facilmente.
-O que acha? O cara é louco por você. E, apesar do seu teatrinho, você é louca por ele – Kate entortou a boca e Lanie continuou apertando os botoões - O quê? Era para ser um grande segredo?
- Sim. Não – e uma certa dúvida trouxe a curiosidade de Kate à tona - Acha que ele sabe?
- Lembra de como ele era, uma mulher em cada braço? Você não vê muito desse cara agora. Por que será? Ele está esperando por você.
De certa forma, isso a fazia sorrir discretamente, quase como um sinal de vitória. Então, Kate lembrava do tal “but”, na vida dela. Não poderia ser tão simples...
- Sim, mas Lanie...
- Eu sei. Está lidando com as coisas. Mas não pode pedir a ele que espere para sempre. A não ser que esteja bem com a distância dele.
É claro que ela não estava satisfeita - E se não der certo? E se acabar como você e Javi?
- Ao menos nós tentamos. E não deu certo. E daí? Podemos seguir em frente e, de vez em quando, ficar.
- Eu só... não quero perder o que temos, sabe?
- Mulher, por favor. O que, exatamente, vocês têm?
- Amizade.
- Não. O que você e eu temos é amizade.
- O que você e Castle têm é um rolo. Quanto tempo mais vão ficar enrolando?
Lanie fazia paracer tão fácil. Apenas contar a ele, se expor. E talvez fosse. Simples assim. E o celular tocou a fazendo parar sua reflexão. Lanie a olhava ainda não satisfeita com a interrupção da conversa.
- Beckett.
E elas tinha uma cena de crime para investigar. Já no local determinado, Lanie continuava pressionando-a enquanto passavam pela fita amarela. 
- Não pense que foi salva pelo gongo, Kate Beckett. Como amiga, não deixarei isso de lado.
Sabendo que a amiga não desistiria, Kate perguntou.
-Devo dizer o que sinto?
-Deve. Você persegue assassinos. Vai conseguir.
- Tudo bem. Tudo bem. Eu só tenho que encontrar o momento certo.
- Nenhum momento é melhor que o presente.
Nesse instante, uma Ferrari vermelha para próximo a elas cantando pneus. Castle. Com uma mulher a tira-colo. Loira. Lanie não acreditava no que estava vendo.
- O que é isso?
Beckett a fitava como se dissesse então Sherlock, e agora? Lanie olhou para a amiga sem poder contesta-la diante daquilo.
- Pensando melhor, talvez devesse esperar mais. O que foi isso? Ryan está chamando. Tenho que ir.
Lanie se afasta e Beckett fica observando o jeito de Castle. Ele deixou ela dirigir a Ferrari?
- Te ligo em uma hora.
E a loira saiu cantando pneu.
- Olá.
- Sinto que entrei num episódio ruim de "Miami Vice".
- Primeiro, não há episódios ruins de "Miami Vice". Segundo, quem morreu?
- Você, ao que parece. Parece que foi atropelado por um caminhão.
- Por um caminhão entregando maravilhas. Só fui para Vegas no final de semana. Precisei de ares novos.
- E ganhou a loura numa partida de pôquer?
- Não, eu a conheci no voo de volta.
- E deu a ela seu carro? Beckett não podia acreditar no que ele dizia, mais ainda porque ele estava agindo como um adolescente?
- Jacinda se mostrou digna de confiança. É uma aeromoça da primeira classe. Não é como se tivesse dado meu CPF.
- Castle...- ela tocou-o no braço, tinha algo muito errado nisso tudo - está tudo bem?
- Melhor do que nunca.
Mas ela não se convenceu. Decidiu se concentrar no trabalho.
- Nossa vítima é Naomi Allen, 26 anos. O visto dela indica nacionalidade britânica. Ryan está notificando o Consulado.
- O endereço é em Soho. O que ela veio fazer aqui?
- Não sei, mas deu entrada duas horas antes de ser morta.
- Que o quarto esteja pago.
- A boa notícia é que temos uma testemunha. A empregada que achou o corpo viu um cara fugindo.
-Conseguiu vê-lo bem?
-Está descrevendo-o agora.
- Seja quem for, estava procurando algo. Este lugar foi vasculhado.
O que sabemos é que ela não foi assaltada. Carteira, relógio e dinheiro intocados.
-Lanie, o que acha?
-Que esperou demais. Ela não ia deixar de alfinetar a amiga.
- A vítima.
- Ela foi estrangulada, mas morreu lutando. Preliminar sugere sinais de luta. Levou um soco no rosto.
- Uma mulher bem vestida, atraente, num hotel barato e um cara que deixa a cena do crime...Pode ser um caso de uma noite que deu errado.
- Estamos falando da vítima ou do Castle? Lanie apertava a ferida com vontade isso deixava Beckett com mais raiva e ciúme apenas por lembrar do que vira. Ignorou a pergunta de Lanie.
- Espo! Pode contatar os parentes e examinar a área?
-Sem problema.
-Beckett. Encontrei um cartão no bolso lateral da bolsa. Parece que trabalha em Manhattan.
"Naomi Allen, Grupo Kittman".
Beckett e Castle foram interrogar as pessoas no local de trabalho de Naomi.
- Sim, eu era a agente dela nos EUA. Naomi era uma das melhores modelos.
- Então ela estava na cidade a trabalho?
- Ela dividia o tempo entre aqui e Londres. As melhores passam, ao menos, metade do ano em Nova Iorque.
- Tem ideia do porquê ela estava no Hotel Alexandria ontem? Castle perguntou.
- Não. Sequer conheço o lugar.
- É um desses lugares pagos por hora.
- Reconhece este homem? E Beckett mostrou o retrato falado.
- Não. Não o reconheço.
Mas tem ideia de quem ele pode ser?
É que... Ultimamente, Naomi estava fazendo algumas escolhas.
- Que tipo de escolhas?
- Ela pareceu perder o interesse em trabalhos padrões para modelos. Recentemente, ela vinha sendo agendada para apresentações não convencionais.
- Como o quê?
- Ouvi que a agendaram para comparecer à festa de aniversário de um estrangeiro honorário há alguns meses.
- Ela foi contratada para uma festa?
- É comum contratar modelos para embelezar um evento. Algumas fazem para conseguir dinheiro extra. E outras para conhecerem... homens ricos.
- Espere. Está dizendo que Naomi estava trabalhando como acompanhante?
- Não se vê garotas boas como Naomi em trabalhos assim. A menos que haja um grande pagamento envolvido.
- Sabe se ela fez algum desses shows recentemente?
- Não é realmente o que fazemos. Ela queria ir a um evento ontem à noite, uma festa de lançamento de um álbum no centro. Mas não tinha contato com ninguém.
-Ontem à noite?
-Sim.
De volta ao distrito, ela começou a desenhar sua teoria.
- Está pensando o mesmo que eu?
- Sim, em fazer uma festa com um monte de modelos.
- Não.
- Talvez, de alguma forma, Naomi foi a uma festa noite passada e conheceu seu assassino. Era nisso que eu pensava.
- Estranho. Costumávamos ter mais sintonia do que isso.
- Ryan, encontrou algo no apartamento da Naomi?
- Não, mas outra pessoa pode. Um vizinho disse ter visto um homem sair do prédio na noite passada. Ele nos deu um esboço. É o mesmo cara que fugiu da cena do crime.
- Ele não encontrou o que procurava no motel, então procurou na casa dela.
- Sim, mas deixou um rastro.
- Como assim?
- A policia interrogou a vizinhança. Ele comprou uma garrafa de malte no cartão de crédito a algumas quadras do local.
- Colin Hunt. O que temos sobre ele?
- Nada, mas rastreei o cartão de crédito. Ele se hospedou no Mondrian Soho esta manhã.
Beckett foi para o hotel fazer uma prisão. Com a arma em punho, ela abriu a porta do quarto e deu de cara com um homem recém-saído do chuveiro que tentava prender a toalha na cintura.
- NYPD, mãos para cima!
- Você está cometendo um erro.
- Já ouvi isso antes. Erga as mãos, agora!
- Já que insiste.
Sem o minino de pudor,ele ergueu as mãos fazendo a toalha deslizar para o chão ficando totalmente nu na frente deles.
- Cara!
Como instinto, Castle pos a mão no seu rosto e no de Beckett para impedi-la de ver o “brinquedo” do cara que ele julgou como abusado de imediato.
- Permita que me apresente. Detetive Colin Hunt, Scotland Yard.
E Beckett desviou-se da mão de Castle para apreciar a vista. Agora o interrogava.
- Está longe de casa, Detetive Hunt. Como acabou no quarto de uma mulher morta?
- Estava em um seminário na capital e Naomi ligou, nervosa. Estava em apuros e pediu minha ajuda.
-Então você a conhecia?
-Naomi era como uma irmã. Seu pai foi meu primeiro parceiro no trabalho. Quando faleceu, prometi à sua família que cuidaria dela. Quando ela ligou, peguei o primeiro voo, mas quando cheguei, era tarde demais.
- E seu primeiro instinto foi fugir da cena do crime?
- Eu não fugi. Fui embora.
- Ela estava morta. Não havia mais nada a fazer.
- Sim, exceto, talvez, chamar a polícia e dar seu depoimento.
- Nós sabemos que se fosse preso, seriam horas de interrogatório até me dizer: "Manteremos você informado."
- Mas você tinha algo mais importante a fazer.
- O quarto foi revistado. Quem a matou, estava procurando algo. Pensei que eles iriam ao seu apartamento. Mas quando cheguei, já os havia perdido. Sei que não deveria estar investigando, mas se você fosse estrangeira e perdesse alguém que ama, o que faria?
- O que eles estavam procurando?
- O pai de Naomi costumava esconder uma arma no piso do seu Kevlar. Quando Naomi começou como modelo, ele não queria vê-la só e sem proteção, então ensinou-a a cortar o tecido da jaqueta e esconder o spray de pimenta.
-É onde eu encontrei.
-Encontrou o quê?
- Uma mensagem para mim sobre seu assassino.
- Que tipo de mensagem?
- Não até eu entrar no caso.
- Como é?
- Detetive, por favor, devo isso a Naomi... e à sua família.
- Já notou que posso te prender por ocultar evidências?
- E já que desconhece essa evidência, poderia negá-la. E nada disso nos deixará mais perto de prender o assassino. Deixe-me trabalhar neste caso com você, pois se não fizer isso, eu juro, pegarei o desgraçado do meu jeito.
- Certo. Mas tenho que verificar com minha capitã, primeiro.
De volta ao distrito, Beckett estava conversando com Gates para conseguir a permissão para Hunt. Ele ficara do lado de fora com Castle.
- Como ela é? Sua capitã.
- Já viu aquele vídeo no Youtube do urso pardo que decapita um alce só com uma patada?
-Reconfortante.
-Não é nada pessoal. Ela só não gosta de estranhos na delegacia.
- Não preciso que ela goste. Só preciso que permita. Essa coisa toda com Naomi não faz sentido. Rebaixando-se nesses trabalhos vulgares em festas privadas. Essa não é a Naomi que conheço.
- Às vezes aqueles que acreditamos conhecer são os de quem não sabemos nada. Ele falou isso olhando para Beckett e com uma certa amargura na voz. Beckett deixou a sala da Capitã e veio até eles.
- Bem... Você está dentro.
- Obrigado.
- O quê? Sério?
- Seu supervisor disse que você é um dos melhores. Até a capitã Gates ficou impressionada com sua ficha.
- Então não é de estranhos que ela não gosta, só de mim. Castle deixou escapar.
- Temos um acordo. O que Naomi te deixou?
- Isto. E mostrou a ela.
- Uma chave? Não era uma mensagem?
-Isto é a mensagem.
- Ela deixou onde eu pudesse achar. Eu garanto, envolve a sua morte.
-Isto parece comercial.
-É uma Arco-Rifkin 11-30-R, usada em armários de estações de trem e postos de saúde.
- Certo, vou com Ryan vasculhar na região do apartamento dela e do motel. Veremos se alguma empresa possui um armário para esta chave.
-Beckett. Consegui uma coisa.
- Detetive Esposito, esse é o Detetive Colin Hunt. Ele é da Scotland Yard e será consultor neste caso. Ele conhecia a vítima.
-Olá, como vai?
-Prazer.
-O que conseguiu?
- Naomi conseguiu ir ao evento do álbum na noite passada em um clube no centro, mas foi expulsa por volta das 22h.
-Por quê?
-Ela brigou com a anfitriã, uma rapper e ex-condenada, Nicky Jay. E ela não teve medo de apanhar na frente dos fotógrafos.
- Qual o motivo da briga?
- Não sei, mas estão trazendo-a para interrogar.
- Costumam interrogar sozinhos?
Castle verificou o celular.
- Não, Castle e eu costumamos ir juntos.
- Quer saber? Por que não ficam com este?
- Tem certeza? Beckett pareceu surpresa.
- Sim, totalmente. Colin tem interesse pessoal. E eu realmente não posso agora.
- Certo.
- Resolvido, então.
- É, acho que sim. Mas ela ainda estava perplexa ao vê-lo desistir e dar lugar a Colin. Isso realmente estava acontecendo, ele estava se afastando.
- É, além disso, meu almoço está aqui. Estarei de volta em poucas horas. Me liguem se encontrarem algo interessante.
Ela o viu sair abraçado com a mesma loira e rindo. Aquela situação, não estava nada bem.
Foi para a sala de interrogatório assim que a tal Nicky chegou. 
- É, eu bati nela. Ela estava dando em cima do meu homem.
-Seu homem é o Biggie Slim?
-Isso mesmo. Ela teve a coragem de dizer que ele anotou seu telefone.
-Ele anotou?
-Essa não é a questão! Aquela cadela nem deveria estar lá. Quando a questionei, ela disse que Drew, primo do Biggie Slim, falou da festa. Mas eu sabia que foi BS porque Drew nem foi convidado.
- Você deve ter ficado furiosa com alguém de olho no seu homem. Eu tinha uma namorada assim. Viajou a negócios. Ligou do aeroporto dizendo que o voo foi cancelado. Depois descobri que ela estava vendo outro cara.
- Me parece uma vadia.
- Quero dizer que entendo o seu instinto de agredir a pessoa que acredita ser responsável.
- Eu protejo o que é meu. Você deveria fazer o mesmo.
- Por isso você seguiu Naomi até o motel e a estrangulou com suas próprias mãos?
- Você deve estar drogada. Aquela branquela não merecia mais um segundo do meu tempo. Eu disse ao segurança para expulsá-la, e foi só.
- Sério? Você pode provar?
- Meu motorista nos levou para casa. E eu fiquei com Biggie Slim o resto da noite.
Beckett decidiu checar o álibi da mulher. Ao interrogar Biggie Slim ele confirmou e acrescentou que Naomi era apenas mais uma diversão mas que a garota parecia paranoica, disse que estava sendo seguida. 
- Naomi saiu da festa e 3 horas depois, foi morta.
- Pelo que disse para Biggie Slim, Naomi sabia que estavam atrás dela.
- Vamos vasculhar a área do local da festa, ver se ela estava sendo seguida. E cheque o motorista de Biggie Slim. Quero ver se foram para casa.
-Deixa comigo.
Quando ficou sozinha com Colin, ela resolveu perguntar já que algo martelava na sua cabeça.
- Então... essa história que contou para Nicky Jay sobre sua namorada...
- Papo furado. Só queria que ela pensasse que a entendo. E depois de conhecer Biggie Slim, eu entendo.
- Talvez estivesse aguentando, esperando que tudo mudasse. Beckett já não sabia se falava de Nicky ou dela. A resposta de Colin certamente não a ajudou.
- Caras como ele nunca mudam.
O celular de Beckett apitou.
- Nossa legista terminou a autópsia.
No necrotério, ele acompanhava Beckett.
- A laringe dela foi esmagada. Quem fez isso era forte. Mãos grandes, provavelmente homem.
- Parece com a metade da cidade.
- Poderemos detalhar um pouco mais do que isso. A pressão das mãos do assassino deixou uma impressão no pescoço dela.
-Conseguiu tirar uma digital?
-Recuperamos um parcial graças ao hidratante que ela usava.
- Está no sistema?
- O tamanho não é suficiente, mas se me trouxer uma impressão do suspeito, eu te digo se bate.
- Com licença. Tenho que fazer uma ligação. E Colin afastou-se.
Lanie cobriu o corpo e decidiu continuar a conversa interrompida com a amiga, ela sabia que Kate não estava bem.
- Um colírio para os olhos. Sotaque bonito também. Só tenho uma pergunta. Onde está Castle?
- Ele saiu... para almoçar com alguém.
- Numa Ferrari cheia de aeromoças?
- É, deve estar tentando acumular milhas aéreas.
- Eu sinto muito – ela viu a tristeza nos olhos da amiga - Mas você sabe que é coisa passageira.
- Eu sei? Ele se divorciou duas vezes e continua atrás de aproveitadoras. Talvez ele seja assim.
- Talvez seja a hora errada ou ele seja o cara errado, mas se for, quanto tempo esperará para descobrir? – Lanie não ia deixar Kate desistir de tudo agora, precisava mostrar a ela - Faz 10 anos que tenho sido a companhia deles enquanto passam uma ou duas noites aqui a caminho de onde todos nós vamos. Todos eles tinham planos, Kate, coisas que iriam fazer quando pudessem... fazer um cruzeiro, perder 4 Kg, apaixonar-se. Eles achavam que tinham todo o tempo do mundo. Mas ninguém tem.
O ar de solidão e sofrimento estava estampado no rosto de Kate, ela sabia. Mas será que Lanie realmente tinha razão? Seria algo passageiro ou apenas parte de quem Castle sempre foi? Ela deixou a sala e encontrou Colin encostado na parede mexendo no celular.
- Casos pessoais são os piores. Nenhuma ligação.
- O que me entregou?
- O ar pensativo.
- Sim. Coisa de novato. Mesmo com aparelho dentário, ela era a garota mais linda da classe. Apesar de ter um pai policial não ajudar a sua vida social. Terry costumava interrogar quem saía com ela quando iam buscá-la em casa.
- Posso ver como isso eliminava os pesos leves. Beckett sorriu para ele dando um pouco de simpatia pelo que passava, conhecia bem o que era estar do outro lado.
- Então aos 22 anos, ela se apaixonou por médico, um cara legal. Ele morreu ano passado na África fazendo o trabalho de Deus. Não acho que ela superou. Ouvir o que ela estava fazendo, é como se ela fosse uma pessoa diferente.
- As pessoas mudam quando não estamos olhando – e o celular dela tocou - Com licença. Hey, Ryan. E aí? Tem certeza? Onde? Tudo bem, ótimo. Consiga um mandado.
- Acharam uma academia perto do motel. Naomi pagou uma diária na noite em que morreu e o funcionário diz que ela entrou e saiu em 3 min.
- Só o tempo de entrar e esconder algo nos armários.
Beckett foi com ele e Ryan a academia, direto a procura do armário. Tirou de lá um papel com uma sequencia de números.
- Ela comprou o passe para um dia às 22h24. Isso foi 20 minutos após ela me ligar para dizer que estava com problemas. Ela estava me deixando uma mensagem.
- Fez mais que deixar uma mensagem sobre o assassino. Ela nos deixou um retrato dele também.
De volta ao distrito, Beckett queria seguir a pista de Naomi o mais rápido possível.
- Algo sobre a sequência de números?
- Em nenhum banco de dados até agora.
- Naomi escreveu ali por uma razão.
- E sobre a foto?
- Com base na luz e arquitetura de fundo, foi tirada no centro de Nova Iorque.
E Castle finalmente apareceu.
-Oi! O que eu perdi?
-Não muito. Conseguimos encontrar aquele misterioso armário. E aquele cara na foto, provavelmente é o assassino. Como foi seu almoço? Ela precisava saber.
-Eu amei o especial.
- Aposto que sim. Ela alfinetou mas no fundo aquilo a deixou enciumada e arrasada.
- Espere um minuto. Pode aumentar só esta parte?
- Sim, claro.
- Arredondado e dourado? É uma placa.
- É o selo britânico. É na frente do Consulado Britânico.
Puxe uma lista dos empregados do consulado.
- Aí está. Os dados apareceram disponíveis na tela. Colin começou a procurar pelo rosto da foto.
- Ele não está nesta página.
- Aí está ele.
- Nigel Wyndham.
-Diretor Geral do Consulado Britânico.
- O que significa que está abaixo apenas do Cônsul, é responsável pelas operações diárias nas questões financeiras e logísticas.
- Por que Naomi foi se misturar com esse cara?
Colin fez algumas ligações e obteve mais informações. Gates também juntou-se a eles para atualizar-se no caso.
- Era o meu parceiro na Scotland Yard. Descobriu detalhes intrigantes sobre Nigel Wyndham. Como a morte misteriosa de uma namorada da faculdade enquanto estavam de férias em Roma.
-Ele nunca foi indiciado? Gates perguntou.
-Não, e depois disso fez vários investimentos ruins até casar com Cynthia Wadlow. Foi sua família influente quem o colocou nesse cargo. Primeiro no Minist. da Cultura e depois, no Consulado.
Esposito aproximasse deles com mais novidades.
- Reconstruímos os passos de Naomi desde que chegou em NY há 2 semanas. As finanças indicam que reservou um carro na semana passada para deixá-la no Nobu. Mostramos a foto de Nigel ao anfitrião e confirmou que jantaram juntos.
-O anfitrião notou algo?
-Sim, notou o dinheiro que Nigel deu para segurar a mesa romântica nos fundos.
- Acabei de ligar para o consulado – Ryan interrompeu - No dia depois do jantar romântico no Nobu, a segurança retirou Naomi do escritório de Nigel.
- Parece ser uma briga. Gates apontou.
- O segurança ouviu Naomi gritar algo sobre Cynthia ao levá-la para fora.
- Faz total sentido – e Castle começou a teorizar - Preso em um casamento por interesse, Nigel conhece a jovem e bonita Naomi, acha-a irresistível. O encontro por acaso acaba em jantar e o jantar se torna um caso. Mas Naomi quer mais. Nigel percebe que seu caso se tornou uma ameaça para sua posição, reputação, para a vida que construiu nas costas da sua esposa e da família dela.
- Senhora, se a esposa de Nigel descobriu sobre o caso, acabaria com o casamento e com a carreira dele.
- Detetive Hunt, pelo seu silêncio interpreto que não concorda.
- A Naomi que conheço não se apaixonaria pelo tipo de Wyndham, mas ela não deixaria a foto dele se não estivesse ligado ao caso.
- A posição de Nigel no consulado inclui imunidade diplomática. Gates explicou.
- Que seria retirada se ele fosse suspeito de assassinato. Beckett acrescentou.
- Para eu ligar para alguém fazendo esse pedido, preciso de algo mais concreto do que uma teoria.
- Senhora, Lanie extraiu a digital do assassino do pescoço da vítima. E dado tudo que já sabemos, aposto que é compatível com a de Nigel.
- Uma aposta não é suficiente. Mas se conseguir as digitais, aí é outra história.
Todos se olharam sem saber qual seria o próximo passo. Já era tarde da noite e os rapazes ainda trabalhavam. Espósito tentava uma linha de raciocínio com Ryan.
- O problema é que dignitários estrangeiros não registram suas digitais com a polícia local.
- Se pedirmos ao consulado, mandarão que nos retiremos e dirão a Nigel que é suspeito.
-Achei que o inglês as pegaria.
- Mesmo com os contatos dele, nós o superamos.
- Certo, garotos. Aqui está. Castle empurrou um quadro cheio de desenhos na frente deles.
- O quê?
- Meu plano infalível para pegar as digitais de Nigel. Nigel mora em um apartamento de alto nível na Avenida Park.
-Sim, com alta segurança.
- Exatamente. Ryan, você ficará aqui, na porta da frente, vestido de entregador de flores. Esposito, você ficará aqui, vestido de mendigo.
Pergunta. Por que o moreno tem que ser o mendigo?
-Quer as flores?
-Fico com o mendigo.
- Vocês causarão uma distração aqui, enquanto escalo as laterais do prédio com Nicolai.
- Quem é Nicolai?
- Um ginasta romeno que encontrei no Youtube. É extremamente flexível e cabe em uma mala de mão.
- Usando um cortador de vidro...
- Com licença – Colin Hunt aparece trajando um smoking impecável - Alguém viu a detetive Beckett?
E ela aparece deslumbrante num vestido preto longo que destaca as curvas do seu corpo com precisão. Ela tem um sorriso no rosto e ao que parece pegou Castle totalmente de surpresa. Ele estava boquiaberto.
- Vão sair?
- Dei um jeito de entrarmos em uma festa no Consulado Britânico hoje à noite. Nigel estará lá.
Colin foi até ela e ofereceu o braço que ela certamente aceitou.
- Pegaremos as digitais e ele nem saberá.
- Saúde, garotos.
- Saúde.
E Castle a viu saindo de braço dado com o tal britânico ainda de boca aberta completamente abobalhado com a beleza dela e com a cena que acabara de presenciar. Parece que ele não estava ainda totalmente imune aos encantos de Kate Beckett como pensara. Saindo de costas para ele, Kate não podia evitar sorrir, a imagem do rosto de Castle fora impagável.
- Ou eles podem fazer isso.
- Claro, se quiser fazer do jeito fácil.
Na festa...
Colin oferece uma taça de champagne a ela.
- Obrigada. Quem é Sir Alfred Heath?
- Hoje à noite, sou eu. Tive informações que o verdadeiro Sir Alfred não comparecerá. Está com gota ou algo assim.
- Mas e se Nigel também não aparecer?
- Ele virá. Acredito que dispensará o champanhe, beberá algo elegante e pretensioso, deixando a digital no copo.
- E se ele não beber?
- Ele é britânico. Confie em mim, ele bebe – ele pegou a mão dela e pediu permissão para leva-la a pista de dança - Posso?
- Não sabia que dançar fazia parte do plano.
- Bom...- ele a rodopiou uma vez e firmou sua mão na cintura dela - Isso oferece uma visão perfeita.
Kate franziu o cenho e cedeu a dança.
-Vem muito a estes eventos?
-Não, graças a Deus. Por quê?
- Parece muito confiante.
- É porque a minha acompanhante é a mais bonita do salão.
Ow! Ele acaba de me cantar? Pensou Beckett. Tinha que frear isso.
- Claramente, é o champanhe falando. Certamente se sente confortável porque está entre a sua gente.
- Não são a minha gente. Minha gente são as pessoas carregando bandejas. Sim. Cresci no leste.
E ele continuou falando de si. Agora ela tinha certeza que ele queria flertar e se fazer de um cara legal, se mostrar interessante. Porém, enquanto ele fazia isso, os acordes da música do salão apenas a remetiam a uma pessoa – Rick Castle. Os versos falavam por si só – It had to be you...
- Minha mãe limpava casas e papai trabalhava numa fábrica. Eles queriam algo melhor, só que não conseguiram.
- E depois?
- Fui aceito na Eton com uma bolsa de estudos, onde eu era a minoria. E você?
- Cresci na cidade grande e estudei em uma faculdade na Califórnia.
- Poderia fazer qualquer coisa que pusesse na cabeça. Por que ser policial?
-Acho que foi o meu chamado.
- Uma cruzada. Conheço o tipo. Mas não tem muito tempo para a vida pessoal, não é?
- E você? É do mesmo tipo?
- Sou casado com a causa. O trabalho vem primeiro. Às vezes, queria que não fosse assim.
- Sei como é. Ela respondeu pensando justamente no momento atual de sua vida.
Então, ele a rodopiou mais uma vez e ao se encontrarem novamente, Beckett percebeu quem eles procuravam e chamou a atenção de Colin.
- Espere um pouco. Olhe ali, perto do bar. À minha direita.
- Que comece o jogo.
Beckett caminhou decidida até o bar se colocando exatamente ao lado de Nigel. Ela o olha e percebe o copo de bebida nas mãos dele. A beleza dela chama a atenção dele e o homem não perde tempo em cumprimentá-la.
- Boa noite. Nigel Wyndham. Diretor Geral.
Ele ofereceu a mão a ela que o cumprimentou reparando no copo sobre o balcão.
- Jean Harrington. Entediada.
- Teremos que cuidar disso, srta. Harrington. Um para a dama, por favor.
- Um anel. Isso é desencorajador.
- Não precisa ser. À novas amizades.
E eles brindam e bebem.
- Diga-me, srta. Harrington, está aqui sozinha? Se estiver, será uma grave injustiça.
- Meu acompanhante está mais preocupado em fazer contatos.
- Nesse caso, ele não fará objeção se eu convidá-la para uma dança.
- Sabe de uma coisa? Não me importaria se ele o fizesse.
- Vamos? E sai com o copo de bebida na mão guiando-a ate o salão. Já dançando, o galante Nigel começa a questiona-la. Kate não se faz de rogada e entra no jogo usando o charme para conseguir o que quer.
- Diga-me, srta. Harrington, o que devo saber sobre você?
- Sou mais do que aparento.
- A aparência é irresistível.
- Ações falam mais alto que palavras.
- Como assim?
- Se sou tão irresistível, por que não está usando ambas as mãos?
Tomando o último gole da bebida, Nigel descansou o copo na primeira bandeja que passou por eles. Beckett fez sinal para Hunt e continuou a dançar enquanto ele desviava-se com pressa entre os convidados para pegar o copo com as digitais, esbarrando neles até ser parado por um homem.
- Com licença, Vossa Excelência. Com licença. Perdão. Passando. Desculpe, senhor,
-Que grosseria.
- Com licença. Licença.
- Sir Alfred Heath?
-Isso.
-Podemos conversar, senhor? Parece haver dois de você aqui esta noite.
Beckett tentava observar da pista o que estava acontecendo claramente fazendo a dança ser mais rápida do que deveria.
- Desculpe. Preciso perguntar. É tão agressiva em suas outras atividades quanto é na pista de dança?
- Sabe como é. O que posso dizer? Gosto de conduzir o tempo todo – disse Beckett quase dando bandeira por tentar descobrir o que estava acontecendo ao Agente Hunt.
- Sou o verdadeiro sir Alfred, então se há outro, claramente é um impostor.
- Tem alguma identificação?
- Não, na verdade não.
Beckett acompanhava a pequena comoção preocupada se estariam com problemas, isso claro não passou despercebido a Nigel.
- Está tudo bem?
- De repente, fiquei com fome. Com licença – ela pegou um pouco de caviar, hora do plano B - Quer um? Soube que são maravilhosos.
- Não gosto muito de caviar.
- Mas soube que são afrodisíacos – ela insistiu.
- Não para mim, receio.
- Lamento interromper, sr. Wyndham.
-O que é, Bryson?
-A jovem precisa vir comigo.
-Por qual motivo?
-Não se preocupe, querido – ela se aproximou dele e sussurrou ao pé do ouvido - Sei que nos veremos novamente muito em breve.
Ela acompanhou o rapaz e acabou se juntando a Hunt.
- Estava atrás do garçom, mas o perdi. Estraguei o plano e agora não temos nada.
- Eu não diria "nada" – ela puxa do decote o objeto prata - Roubei o porta-cartão dele. Está cheio de digitais.
- Sua ladrazinha safada! Isso é brilhante.
- Obrigada. Agora vamos pegar esse filho da mãe.
Beckett foi em casa para trocar a roupa e combinou de encontrar Hunt meia hora depois no distrito. Enquanto tirava o vestido, Kate se pegou pensando em como ela e Hunt eram parecidos, viviam para o trabalho, ele era charmoso, tinha um sotaque envolvente e ambos não tinham vida social. Mas então, ela se viu pensando em porque não se importava tanto em trabalhar, lembrou-se de como adorava ir para o distrito e encontrar aquele copo de café sobre sua mesa e um sorriso cativante de um Castle que a instigava e a irritava algumas vezes com suas teorias malucas. Ela sentia falta disso. Não gostava da distância que parecia crescer entre eles.
Inconscientemente, ela murmurava a canção que dançara naquela noite enquanto rumava para o distrito: It had to be you, it had to be you ... i wondering around and finally found somebody who…
Ao chegar no distrito, ela logo quis saber do resultado da digital. Esposito foi o responsável por dar a má noticia. Hunt também já estava lá.   
-A digital não bateu.
-O quê?
- A perícia comparou as digitais do porta-cartão com a que Lanie encontrou no corpo de Naomi. Não era de Nigel Wyndham.
- Não é possível. Compare novamente.
- Ryan já fez isso três vezes. Não é ele.
Ele está por trás disso. Por isso Naomi deixou sua foto.
- Talvez contratou alguém para fazer o trabalho sujo.
-Um segurança.
-Pode pedir à Scotland Yard para checar os seguranças dele?
- Ou talvez seja melhor olhar este número misterioso que Naomi escreveu atrás da foto e que não é mais um mistério.
Castle falou e estendeu uma embalagem para Esposito.
- É lagosta, cara?
- Para sua sorte, Jacinda come pouco. Esquente com um pouco de manteiga...
Aquele nome de novo e mais um encontro? - Sabe o significado? Como?
- Jacinda e eu aproveitávamos nossas suculentas lagostas do Maine, com um terroso, porém elegante, Pinot Noir do Sonoma Valley...
Ela o cortou.
-Castle, os números.
- Estávamos vendo os arquivos e ela é boa em resolver crimes.
Sim, ele a alfinetara. - Mostrou as evidências para a aeromoça?
- Não. Tirei uma foto delas com meu celular. E elas preferem o termo "comissária de bordo". O código se refere a um malote diplomático.
-Como sabe disso?
-Jacinda reconheceu o formato. Ela ainda disse que os últimos três dígitos é o código de referência da Royal Eastern Airlines.
- Então o malote foi entregue por essa empresa.
- Isso.
- O "W4" é o tamanho do malote, o "1949" indica qual é o malote na sequência do consulado.
- Como Diretor Geral, Nigel assina por todos.
- Pode não ter sido um caso que deu errado entre os dois.
-É contrabando.
-Isso faz sentido. Esses malotes são lacrados e seus conteúdos não passam pela Segurança nem pela Alfândega.
- Naomi descobriu o que Wyndham fazia.
-Precisamos saber o conteúdo.
-Não nos darão essa informação.
- Esqueça o Consulado. A companhia aérea tem uma cópia da documentação.
- Ligue para a companhia. Vamos conseguir a documentação.
- Ryan, pegue uma caneta. Disse Esposito ao telefonar para o parceiro.
Beckett decidiu se servir de café, afinal mais uma vez, ele não parecia se preocupar com isso. Alem disso, ela estava chateada de ouvir o nome daquela mulherzinha na boca de Castle. Jacinda, que diacho de nome é esse?
Ele estava na máquina. Ela remoia como iria abordá-lo, queria alguma coisa nem que fosse para brigar. Ela entendera certo? Ele parecia estar substituindo-a por ela? Beckett fitou por uns instantes. Ele percebeu.
-O quê?
-Castle, não pode compartilhar informações confidenciais com alguém de fora.
- Mesmo que tenha resolvido o caso? Ela nos deu uma pista. Mais do que conseguiram no Consulado.
- E por isso fica tudo bem?
- Jacinda quis ajudar. Qual o problema?
E ele ainda defende a tal! Beckett estava visivelmente irritada.
-Você não entende, não é?
-Não, acho que não.
- Não. Acho que não.
Ela nem pode insistir, pois Ryan os interrompeu. - Achamos algo que vocês vão querer ver.
Castle o seguiu e Beckett resignada, fez o mesmo.
- A companhia enviou a guia. Uma mala que bate com o número foi enviada pelo consulado britânico há cerca de um ano. Ela saiu do Aeroporto JFK para Kampala, Uganda.
- Uganda? Não pode ser coincidência – disse Hunt.
- Como assim?
- O namorado falecido de Naomi foi morto em Uganda.
- Alguma ideia do que foi enviado?
- Só diz que pesava 90kg.
- Bem pesado para um malote.
- Um malote diplomático pode ser desde um envelope até um contêiner de carga. E Esposito interrompeu.
- O que for, é enviado uma vez por mês. Olhei no histórico da companhia do último ano. Outros 10 malotes, do mesmo peso, foram enviados daqui para Uganda. Um deles está na área segura de bagagens do JKF.
- Um desses malotes está no aeroporto agora?
- Descobrir o que há nele pode nos dizer quem matou Naomi.
- Mas não temos jurisdição, Castle. Se a NYPD tentar abrir um malote diplomático britânico, podemos causar incidente internacional.
- Que bom que não sou da NYPD – disse Hunt.
No aeroporto...
- Boa noite, senhor. Sou o agente Bauer da Segurança Nacional. Vim fazer a inspeção.
E mostrou uma identificação.
- Ninguém me avisou de inspeção alguma.
- É claro que não. São checagens aleatórias para conferir a segurança. Avisar acabaria com o propósito, não é? Mostraríamos nossas cartas, por assim dizer.
- Trabalho aqui há dois anos e nunca ouvi nada...
- Morgan, sei que é firme aqui. Se tudo lá dentro estiver seguro, falarei com que seus chefes sobre isso e isso vai pegar bem para você. Estamos no mesmo time, amigo.
- Preciso verificar com meu supervisor.
- Faça isso.
E entrou na área das cargas. Pegou o telefone e ligou para Beckett que esperava junto com os outros no distrito.
- Estou ficando melhor em mentir para entrar nos lugares. Deve ser a prática.
-Está na área de bagagem?
- Estou, mas não tenho muito tempo. Talvez um minuto até ele chamar o supervisor para conferir minha história.
- Certo, pelo código, o malote que procura tem 1,5m de altura.
- A guia diz se é um caixote, baú, caixa de papelão, ou o quê?
- Não, lamento, cara.
- Mas tem 90kg, então deve ser algo robusto.
- Algo robusto. Certo – ele continuou procurando - Encontrei. É um caixote.
- Agente Bauer! Preciso que saia daí, por favor.
- Isso não pareceu bom.
- Agente Bauer? O que ele esperava?
- Ouvi isso. Estou terminando.
- Senhor, meu supervisor chegará e ele...
- E ele ficará muito satisfeito com seu trabalho, Morgan, muito satisfeito. Vejo que trabalha mais... – ele tentava abrir a caixa na base da força - que bombeiro do Titanic.
- Saia daí agora, senhor. Não falarei de novo.
Ele finalmente abriu a caixa.
- Olá! Está aí? Oi?
- Essa não!
- O que há no caixote?
- Mísseis.
De volta ao distrito, Hunt atualiza-os do ocorrido no aeroporto.
- Alfândega e a Segurança Interna apreenderam a caixa e a Interpol está à caminho do aeroporto.
- E a questão de abrir um malote diplomático? Beckett pergunta.
- Estão mais interessados nos mísseis agora, mas espero ficar com problemas logo.
- Como isso deixa Wyndham?
- Intocado.
- Como assim? Ele contrabandeou armas.
- Haverá um inquérito, mas não podem provar que ele sabia.
- Abrimos o caixote ilegalmente, então não podemos usá-lo como prova. Disse Beckett.
- Pelo menos tudo começou a fazer sentido agora. Naomi tentava resolver o assassinato de Aiden.
- Este é o namorado dela, Aiden Miller – disee Ryan anexando uma foto ao quadro - Ele trabalhava no Médicos Sem Fronteiras em Uganda, até seu helicóptero ser atacado pela guerrilha há um ano.
- O Governo Britânico investigou, mas não descobriu de que forma conseguiram um míssil Stinger.
- Que agora sabemos serem cortesia de Nigel Wyndham.
- Só que Nigel não faz o tipo que suja as mãos com mísseis ou assassinatos.
- Ele devia ter um cúmplice que cuidava dos mísseis.
- Se Naomi começou a investigar essa operação...
- Talvez seja esse cúmplice quem se livrou dela.
- A questão é, quem é esse cúmplice?
- Tudo que Naomi fez foi para descobrir quem forneceu a arma que matou o namorado – Castle continuou - Por isso parou de modelar. Por isso veio a Nova Iorque... Pode ter alguém na lista de convidados na festa daquele dignitário estrangeiro. Tudo começou quando ela foi à festa há alguns meses.
Hunt avaliava a lista até que achou um nome.
-Paulo Makuzi.
-Quem é ele?
- Líder do exército rebelde em Uganda.
- Naomi deve ter ouvido algo lá. É isso que a levou ao Consulado.
- E o jantar romântico com Nigel foi parte do plano para conseguir o número do malote.
- Há só uma peça que não encaixa na investigação dela – Castle insistiu - O que ela fazia com Biggie Slim?
Beckett voltou a chamar Biggie Slim para interrogatório. Hunt estava num canto da sala observando.
- Quero que olhe bem para esta foto.
- Já vi essa. Paparazzi pegaram Nija Jay e eu no estúdio há umas semanas.
- Esse SUV preto é de Nicky Jay, não é?
- Comprado pessoalmente por Biggie Slim. Oferta e demanda. Ela demanda, eu dou.
- O que acho intrigante, é que antes de ser Biggie Slim, seu nome era Darius Young, que desenvolvia programas de computador fracassados.
- Um homem à frente de meu tempo.
- A SEC considerou que estava tentando enganar investidores. Falou Hunt.
- Nunca fui acusado por isso.
Um dos empreendimentos, um compartilhamento de música no Reino Unido, chamou a atenção das autoridades. Ao tentarem fechá-lo, você foi apoiado por um assessor do Ministro da Cultura. Sabe quem era o assessor? Nigel Wyndham. Aliás... – Beckett puxou outra foto - aqui está Nigel saindo da mesma SUV preta.
- Não parece a mesma.
- Por que não olha mais de perto? Possui os mesmos desenhos customizados na porta.
- É o carro de outra pessoa com desenhos iguais.
- Seu motorista admitiu te levar até esse encontro no Consulado.
- Sabemos que seu primo é militar. Drew Harris?
- Atua em um depósito de armas. Ele forneceu os mísseis. Hunt falou.
- Sabia que Wyndham tinha acesso a malotes diplomáticos e viu uma oportunidade.
-Oferta e demanda. Hunt provocou.
- Há muita especulação aí, colegas.
- Não fomos os únicos que juntamos as peças.
- Naomi não estava te dando o número de telefone.
- Ela procurava provas.
- Quando percebeu que ela era a garota que Wyndham pegou fuçando, seguiu-a até o motel e a matou.
- E como provarão isso?
- Uma digital parcial no corpo de Naomi... bateu com a sua.
- O que ainda não entendo é por que Uganda. Por que se importaria?
- Não era por causa de Uganda. Era só pelo dinheiro. Nem sabia aonde Wyndham mandava o produto.
Beckett trocou olhares com Hunt. Já sabia qual seria o próximo passo. Consulado.
- Ótimo. Ligue para meu assistente. Estou livre a semana toda.
- Não está, não. Nem na semana seguinte.
Hunt e Beckett invadiram a sala dele. Ela falou.
-Falei que te veria em breve.
-O que é isto? Serem expulsos daqui uma vez não foi o suficiente? Segurança!
- Não podem te ajudar – Hunt falou - Ninguém pode. Nem seus amigos bem financiados de Uganda. Está preso por tráfico internacional de armas e como cúmplice na morte de uma cidadã britânica.
E Nigel foi algemado.
De volta ao distrito, Colin Hunt ajudava Beckett a fechar o caso.
- O pai dela ficaria orgulhoso... por sua coragem enfrentando esses homens. Mas preferia que ela não o tivesse feito.
- E agora? Voltará para Washington?
- Londres, infelizmente. Aceitar minha punição.
- Deveriam é te dar uma menção honrosa.
- Isso é altamente improvável. Detetive Beckett... foi um prazer.
- O prazer foi todo meu, Detetive Hunt. E abriu um sorriso.
- Por favor. Colin.
- Kate.
E de repente, os dois perderam-se em olhares.
- Tenho algumas horas até embarcar, Kate. Posso te convencer a me deixar te pagar uma bebida?
Ela imediatamente olha pra Castle que estava ao telefone e dá uma desculpa.
- Sinto muito. Tenho papelada para preencher.
- Outra hora então. E encaminhou-se para a saída do distrito.
Castle já havia desligado o celular e se aproximando dela perguntou.
- Para onde o Scotland Yard foi?
- Voltará para Londres – de repente, ela se decidiu, era agora ou nunca - Castle, tem um tempinho? Podemos conversar?
Rapidamente, ele a cortou.
- Não tenho. Jacinda parou o carro em área de carga e descarga.
- 4 encontros em 3 dias. Você gosta dela.
Aquilo a deixou quase sem chão. Uma pontada no coração, não uma facada.
- Gosto. Por quê?
Ela lutava contra as emoções.
- Ela não parece fazer seu tipo.
- Ela é divertida e descomplicada. Acho que é disso que minha vida precisa agora.
E deixou o distrito às pressas, nem ao menos desejou boa noite a ela. Beckett sentou-se na cadeira pensativa. Castle quase a distratou. Ele parecia bem... distante. Pegou o celular. Ah, que se dane! Discou.
- Oi. É Kate. Ainda quer me pagar uma bebida?   
Ela saiu do distrito e rumou para o endereço que Colin tinha informado do hotel que estava hospedado. Iam se encontrar no bar do lounge. Se Castle podia se divertir, ela também podia. Afinal, não eram exclusivos e nem sequer estavam juntos. A verdade era que o comportamento de Castle durante esse caso e todo o descaso que ele parecia ter com ela especialmente agora quando Beckett tentou conversar, a deixara profundamente irritada. Poderia até ser birra ou mesmo uma maneira de extravasar a raiva, porém se ele tinha companhia, ela também teria.
Ao chegar ao hotel, avistou Colin sentado no bar. Dirigiu-se a ele.
- Oi...
- Que bom que mudou de ideia. Desistiu da papelada?
- É, pode esperar até amanhã.
Ela percebeu que ele bebia gin tônica, bebida típica de um inglês pensou.
- O que vai beber?
- Vodka. Pura.
- Hum, gosta de perigo. Ele sorriu e chamou o bartender.
Estavam sentados um ao lado do outro. Kate reparou que havia um rapaz se preparando para tocar ao piano. Sim, aquele lugar era uma espécie de piano bar. Assim que o bartender colocou a bebida na frente dela, Beckett virou-a de uma vez. Colin a olhou intrigado.
- Wow... agora você me surpreendeu. Porque a pressa? Saboreie a bebida...
- Mais um!
- Espero que esse seja um costume depois de um dia de trabalho, ou tudo isso tem a ver com o fato de você ter tido um inglês como parceiro? Ouvir dizer que eles são bem chatos. – e piscou para ela.
Kate sorriu e virou mais uma dose de vodka. Servindo-se de alguns amendoins, ela voltou a falar.
- Não, para as duas suposições.
- Ok, mate. Devo entender que deve ser a falta de prática já que você afirmou não ter vida social...
- Você é engraçado, boa companhia mesmo Colin. Acho que estava precisando de um momento para espairecer.
- Tem algo te incomodando, posso ver nos seus olhos.
- Você me conhece a o que, três dias e já consegue me ler desse jeito? Nem eu sabia que era tão transparente.
- Você não é transparente, na verdade é bastante reservada, misteriosa. Poucos conseguem penetrar nesse muro que construiu ao seu redor. Mas os olhos não mentem sobre o estado de espírito de uma pessoa, basta saber observar. O que quer que esteja te incomodando, precisa ser resolvido logo ou apenas te fará mal, Kate. Se quiser conversar...
De novo essa história de muro? Colin mal a conhecia! Será que estou sendo tão transparente?
- Hum, você é bem observador. Poderia até conversar mas vim aqui tomar um drink com você não aluga-lo com problemas. Tem algo que te espera em Londres?
- Além da difícil tarefa de dizer ao pai de Naomi que ela está morta e cumprir minha penitência? Só trabalho mesmo.
- Ah, não acredito! Não tem ninguém te esperando? Uma namorada, um casinho, amizade colorida?
- Nada. Sou um workaholic solitário.
- As mulheres em Londres são cegas?
Ele riu do jeito dela e passou a olha-la de modo diferente, começava a flertar com ela mais abertamente, a olhava com desejo. Ele chegou bem próximo a ela. Os braços esbarraram um no outro. A pergunta seguinte foi quase um sussurro.
- Talvez tenha que dizer o mesmo dos homens em New York, ou você não se olha no espelho?
Kate olhava fixamente para aqueles lábios convidativos. Aqueles olhos verdes acinzentados eram cativantes. O sotaque. Antes que ela pudesse perceber o que realmente estava fazendo, ele encostou os lábios nos dela. Beckett cedeu devagar. Já fazia tanto tempo que não experimentava isso... e o beijo tomou outro rumo, começou a ficar mais quente. Colin tomou isso como uma espécie de permissão para seguir em frente. Ele a puxou contra si aprofundando mais o beijo. Uma melodia começou a ser tocada no piano
“It's nine o'clock on a Saturday
The regular crowd shuffles in
There's an old man sitting next to me
Making love to his tonic and gin”
 E o som familiar pareceu não afetar Beckett naquele momento. Ele quebrou o beijo seguindo com os lábios pelo pescoço dela até a orelha e sussurrou.
- Vamos sair daqui...
Ela não pensou duas vezes espalmando o peito dele com as mãos, ela o abraçava enquanto Colin deixava dinheiro sobre o balcão. Entraram no elevador e continuaram a se beijar movidos apenas pelo tesão. As mãos de ambos esbarravam no corpo um do outro de modo desastrado. Quando Colin fechou a porta do quarto atrás deles, livrou-se do casaco dela jogando-o no chão. Com ambas as mãos, ele emoldurou o rosto dela e intensificou o beijo. Kate tinha as mãos passeando pelas costas dele. Foi apenas quando Colin enfiou as mãos sob a camisa dela fazendo contato com a pele quente que ela pareceu despertar do transe, quebrou o bejio e empurrou Colin ganhando espaço entre eles surpresa pelo que acabara de fazer. Não podia, simplesmente não podia.
- Desculpe,Colin. Eu não posso fazer isso. Me perdoe de verdade, tenho que ir.
- Hey... não precisa sair correndo, tudo bem.
Ele percebeu que ela estava à beira de lágrimas. Sabia que não era por causa dele. Aliás sabia exatamente por quem era toda aquela tristeza que vira em seus olhos. A música só a fazia lembrar de Castle, de um momento feliz entre eles e aquilo a massacrava por dentro. Saber que nada entre eles parecia ser mais como antes. Lutava contra as lágrimas que ardiam nos olhos. 
- Preciso ir...  viu que Colin pegou a sua mão.
- Kate, tem certeza que está bem? Posso acompanhá-la.
- Não precisa, você tem um voo para pegar – ela juntou o casaco do chão - Boa noite, Colin.
- Boa noite, Kate. Espero que encontre o que está procurando. Ainda me admira que um escritor tão talentoso não perceba o quanto você está apaixonada por ele.
- O que você disse?
- Castle. Talvez ele a esteja provocando para ver até onde vai o seu limite.
Beckett olhou para ele ainda mais surpresa. Ele sabia? Castle. A simples menção ao nome dele fazia seu coração doer dentro do peito. Ela saiu do hotel às pressas. Precisava ficar sozinha. Entrou num taxi e assim que atravessou a porta de seu apartamento, não segurou as lágrimas. Elas desciam silenciosas pelo rosto dela. Foi até a cozinha e serviu-se de vinho. Virou uma taça rapidamente. Encheu-a novamente. Andando de um lado ao outro ela se pos a pensar. Como ela fizera aquilo? Não devia ter beijado Colin, não era ele quem ela queria beijar. Droga! Deixara a raiva por Castle ser maior que sua razão. Ela quase cometeu uma loucura, considerara se entregar a Colin, estava prestes a ir para cama por revolta! Agora a raiva tornara-se culpa. A quem estou enganando? Ele deve estar lá beijando a tal aeromoça, se divertindo, ele pode estar... não! Se recusava a sequer pensar no que ele poderia estar fazendo agora. Então, se ele podia, porque ela não conseguiu fazer o mesmo? Ai, você é uma imbecil, Kate. Fica aqui sofrendo, chorando após dispensar um cara lindo como o Colin enquanto Castle deve estar nos braços de outra.
Ela virou mais uma taça de vinho e partiu para a terceira. As lágrimas tinham diminuído, quase cessaram deixando apenas sua marca no rosto dela. Castle a cortou quando ela tentou conversar com ele. Simplesmente a trocou por um encontro. Seria isso mesmo? Kate não queria acreditar na conclusão que chegara em sua cabeça. Castle desistiu dela? Ele seguiu em frente? Ela estava errada, tinha que estar não? Quer dizer, ele a amava, disse isso a ela. Eles estavam sempre juntos, apoiando um ao outro.
Estavam, Kate, passado. O que está acontecendo agora? Ele a evita, cria distância.
Ela acabou mais uma taça de vinho e percebeu que a garrafa chegara ao fim. Ela não bebia assim desde... desde o caso do sniper que quase a levou de volta ao fundo do poço. Quase. Quando estava prestes a cair, ele estava lá com ela. Castle a ajudou, saber do amor dele por ela a ajudou. Seu coração não podia estar errado. Ela o amava, tinha certeza do seu sentimento e estava pronta para se abrir com ele mas Castle ainda a ouviria? Foram sete meses de luta contra uma vida inteira, um passado, uma identidade. Todo esse tempo não poderia ter sido em vão.
Ela foi até o quarto. Sentia-se intorpecida pelo efeito da bebida. Colocou-se de frente para a caixa onde guardava seus tesouros mais preciosos, símbolos de seus atos de amor. O lugar que a lembrava todos os dias de quem ela era e o quanto valia a pena lutar pelo que acreditava. Com as mãos trêmulas, ela abriu a caixinha. O relógio do pai. O colar com o anel da mãe. Ela ergueu-o a sua frente, o anel rodopiava cintilante por um tempo. Kate sentiu os olhos arderem indicando que mais lágrimas estavam a caminho. Ela não as reprimiria. Lembrou-se de Lanie, do terapeuta e até de Montgomery. Todos pareciam certos quanto ao sentimento dela, concordavam que ela precisava colocar tudo pra fora, precisava dizer a ele. Cuidadosamente, ela recolocou o anel de volta. As lágrimas começavam a cair novamente, tenho que achar o momento certo, não quero sentir esse peso no peito, essa dor no coração. Não era covarde, nunca fora e dessa vez ela sabia que o medo não era o sentimento mais dominante, ela teria que vencê-lo e ao fazer isso, deixaria seu muro desmoronar de uma vez por todas. Apenas precisava de um momento com ele. Ela pegou o terceiro tesouro. A carta de Royce. Já perdera as contas de quanto a lera. Releu-a mais uma vez e o choro tornou-se um pranto doloroso manchando com uma lágrima as palavras da dúvida – IF ONLY...


Continua.........