sexta-feira, 13 de abril de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap.18

Nota da Autora: Bem, o capítulo a seguir retrata o episódio 47secs. Retirei parte dos FB que estão destacados para ater ao que interessa. Há pitadas de angst no meio do capítulo mas esse cap é Castle POV. Dificil de escrever por rever um epi doloroso mas o angst só está começando... espero que gostem!



Cap.18


-Ocupem Wall Street!


No meio do centro financeiro de New York, um protesto instalara-se. Com uma equipe de transmissão, uma reporte ambiciosa fazia uma reportagem ao vivo, no exato minuto que uma bomba disparou e fez um estrago imenso tirando várias vidas em um segundo.

- Meu Deus! Se você está sintonizado, houve algum tipo de explosão ao sudeste da Praça Boylan. Não sabemos o que a causou ou se há feridos, mas posso ver o que parecem ser pessoas no chão, imóveis. É inacreditável.

O 12th distrito foi contactado levando Beckett e Castle para o lugar da explosão. A cena era devastadora. Pessoas queimadas, restos mortais espalhados. Não era uma imagem que fazia bem a qualquer pessoa.

- Inacreditável. Alguma ideia de quantas pessoas morreram? Os primeiros relatórios dizem 5 mortes.

-28 feridos. Respondeu Beckett.

-Há Federais por toda parte.

- É o procedimento normal no caso de uma bomba.

- Não há nada de normal nisto.

A repórter questionava Beckett assim que passara.

- A polícia sabe quem está por trás disso? Acham que foi um ataque terrorista?

- Sem comentários. Procurem a Assessoria de Imprensa.

Beckett parou por um instante para digerir a cena a sua frente. Cruel e triste. Mortos por toda parte. Ela ultrapassou a fita amarela e logo foi abordada por um agente.

-Lamento.

-NYPD.

- NYPD está logo ali. O FBI está assumindo a jurisdição da cena do crime.

Sem ter muito o que questionar, ela concordou.

- Obrigada. Vamos, Castle.

Ele olhava sem acreditar na cena. Encontraram Esposito.

- O FBI também mandou vocês circularem?

- Não nos deixaram passar da fita. O que está acontecendo?

- Gates está conversando com os Federais.

- O que sabemos sobre a explosão, quem a acionou?

- Não era um homem-bomba. Um amigo médico disse que não havia vestígios de explosivos nos corpos. Todo o resto são apenas rumores até aqui.

- Ouçam, pessoal – era Gates que falava - Continuaremos trabalhando no que aconteceu aqui. Mas posso dizer-lhes: o FBI e a Segurança Nacional assumirão o comando desta investigação. NYPD irá trabalhar como suporte. Nossa primeira tarefa é determinar se alguma das vítimas era o alvo, por seu envolvimento no protesto. Os policiais estão levando as famílias para a delegacia, então vamos segurar algumas mãos e fazer nosso trabalho.

- Sr. Levine, soube que uma das vítimas, Jesse Friedman, trabalhava com você.

- Era mais que isso. Ele era meu amigo, um parceiro do exército, sabe? Jesse era recruta. Quando dei baixa, semanas atrás, achei que era hora de me mudar, mas Jesse usou minha citação favorita. Aquela sobre pecar pelo silêncio.

- "Pecar pelo silêncio quando deveríamos protestar faz de nós... covardes". Pronunciar aquela frase fez Beckett sentir-se estranha.

Castle observava uma entrevista de Ryan e Esposito pelo vidro.

- Sabemos que é difícil, mas qual era o envolvimento do seu marido no movimento de ocupação?

- Matt não estava envolvido. E eu também não.

- Então por que vocês estavam na Praça Boylan?

- É nossa primeira vez aqui. Queríamos aproveitar o máximo possível.

- São turistas?

Aquilo cortou o coração de Castle tornando o momento mais delicado e chocante.

- Havíamos visitado o topo do Edifício Empire State. Tínhamos alguns minutos sobrando e decidimos ver sobre o que era o protesto. Matt e eu compramos uma casa. Íamos começar uma família. Tínhamos todos esses planos. O que farei agora?

- Você está bem? Beckett pergunta a Castle percebendo a tristeza no rosto dele. Todos estavam afetados emocionalmente.

- Estou. É esse caso, sabe? É do tipo que te atinge. Como foi com as outras famílias?

- Uma vítima foi o primeiro filho em sua família a ir à faculdade e a outra era mãe de dois filhos, então... são perdas significativas. Ninguém parece ter sido o alvo, no entanto.

- Então suas mortes foram aleatórias. A maioria das nossas vítimas... morre por um motivo. Há uma lógica por trás. Meio distorcida às vezes, mas... ao menos faz algum sentido.

-Mas neste caso, as pessoas estavam no lugar errado na hora errada.

- E seus futuros e todos os seus planos, tudo foi embora em um piscar de olhos.

Beckett estava pensativa, tentando se imaginar no lugar delas.

- Faz pensar em todas as coisas em nossas vidas que não queremos mais deixar para depois.

Ao soltar a frase, ela pode ver que ele também devia estar refletindo sobre algo. Deveria tomar coragem e falar? Ela abriu a boca mas foi Esposito que acabou chamando a atenção deles.

- A capitã está reunindo as tropas.

- Parece que o ataque não foi direcionado a nenhum indivíduo em especial. Recebemos uma nova tarefa do FBI. Todos sabemos onde a bomba explodiu – Gates se aproxima do quadro e coloca uma foto - Foi aqui. Ao lado do poste de luz. O FBI conseguiu esta foto do celular de um protestante. É do mesmo local, tirada 47 segundos... antes da explosão. Só pode significar uma coisa. A bomba foi colocada aqui por alguém dentro de um período de 47 segundos. Nossa tarefa é entrevistar todas as testemunhas presentes na Praça Boylan. Procuramos qualquer um que tenha visto o que aconteceu, perto do poste, antes da explosão.

Foram distribuídas pastas com todas as possíveis testemunhas. Beckett avaliou a lista.

- Senhora, há mais de 300 nomes nesta lista, como recomenda que seja feito?

- Convocaremos mais pessoas. Alguém dessa lista viu a bomba ser colocada dentro da janela de 47 segundos. Encontramos essa pessoa, encontramos o responsável.

E as entrevistas começaram. A maioria não lhes davam nada.

- Obrigada por seu tempo. Aquilo não ajudou em nada.

- Pois é, estou percebendo um padrão.

- A próxima mulher disse estar no meio de tudo.

- Estávamos bem aqui, a bomba explodiu bem do nosso lado.

-Você e mais quem?

-Minha irmã, Nadia.

- Ela está lá fora, esperando. Devo chamá-la?

- Não, é melhor conversamos com uma de cada vez. Vocês estavam participando dos protestos?

- Eu pareço estar nos 99%? Não. Tínhamos saído de uma butique de noivas perto do Plaza. Nadia se casará em junho.

- Percebeu alguém parado perto do poste?

- Acho que não.

- Preciso que me conte tudo o que lembra de antes da bomba, começando por onde estava.

- Estávamos no carrinho de café, decidindo o que faríamos.

- Estou meio cansada de lojas, Nadia. Você experimentou 11 vestidos.

- Eu parecia um marshmallow. Ainda temos que procurar.

- Podemos procurar em casa, na internet?

- Não vou comprar o vestido de noiva na internet.

- Só para termos ideias. Precisamos repensar. Está bem perto de ser uma noiva louca.

- Talvez eu use jeans no meu casamento. Podemos contratar aquele cara para tocar.

- Isso é meu, devolva! Alguém gritou.

- Imagina a cara da mamãe...

- Droga! - Alguém bateu nela - Olhe por onde anda. Esta é minha...

E a bomba explodiu.

- A força nos derrubou no chão. Nadia quase foi pisada.

- Espere, pode voltar... O homem do Oriente Médio, com a caixa, disse que estava suando e nervoso? E estava indo em direção ao poste?

- Estava.

- Lembra de seu rosto para fazer um retrato falado?

Ryan e Esposito pegaram o retrato falado e tentaram extrair alguma coisa de um mendigo que era informante da polícia e estava no local. Sem sucesso, a única coisa que ele revelou era a presença de Beethoven na cena o que aquele ponto não era relevante para o caso.

Beckett e Castle foram atualizar Gates.

- Como assim não temos pistas? E o homem do Oriente Médio?

- O entrevistamos. Está limpo.

- A caixa que estava carregando?

- Cheia de comida chinesa, o mais perigoso era o shoyo.

O fato é que entrevistamos 94 pessoas e não temos nada.

- Essas não são as noticias que eu esperava. Especialmente porque o FBI mandou isto – Gates entrega o papel a Beckett - Um e-mail enviado para dois outros locais de ocupação em Nova Iorque há uma hora.

"Foram avisados a parar os protestos e não ouviram, comecem a ouvir ou a bomba de hoje será apenas o início."

- Ele vai atingir outro protesto.

- O FBI está mantendo isso sob os panos, mas o relógio está correndo. E me dizem que não estamos mais perto de pegar o cara do que estávamos quando explodiu?

- Senhora, alguém desta lista viu exatamente o que houve naquele intervalo de 47 segundos, mas estão misturados a pessoas que não viram nada.

- É como tentar encontrar Wally em um mar de Wallys.

- Imagino que tenha um plano para melhorarmos isso.

- Se o FBI nos deixar ver todos os vídeos feitos no Plaza, talvez descubramos quem estava perto da bomba, priorizaremos as entrevistas.

- Irei até lá, farei o que puder. Se não funcionar, partiremos para o plano B. Enquanto isso, continuem focados na lista.

- Ela não parece otimista em relação aos vídeos. Beckett comentou.

- A testemunha que estava mais perto da bomba não está na nossa lista. Talvez os mortos falem.

Quando Castle e Beckett chegaram ao necrotério, virão o quanto as coisas estavam agitadas ali. Lanie ditava as ordens.

- Vi um repórter na recepção. Mande a segurança retirá-lo. Não o quero importunando as famílias das vítimas. É tão bom ver rostos conhecidos. O FBI está no meu pé a noite toda.

-Todos da explosão?

-Não tiveram escapatória. Se procuram pela causa oficial das mortes, é traumas múltiplos.

- Queríamos saber se há algo nos corpos que pode nos levar a quem fez isso.

- É possível. Este é Jesse Friedman.

- Alistava pessoas para o movimento.

- Era o cara que estava mais perto da explosão. E achamos pedaços disto encravados na pele dele.

-Tecido azul?

-Foi identificado como lona. Acharam altas concentrações de resíduos explosivos nele.

- A lona era parte do que continha a bomba.

-Parece que sim.

-Uma bolsa ou mala.

- É uma pista importante. Procuramos por alguém que carregava uma bolsa azul. Vamos informar a Capitã Gates.

Castle notou a filha sentada em um canto visivelmente abalada.

-Pode me dar um minuto?

Ela viu que ele olhava para Alexis.

- Claro.

Ele se aproxima da filha e pergunta.

- Querida, como está?

- Eu precisava de um minuto.

- Parece exausta. Há quanto tempo está aqui?

- Não sei ao certo. Está uma loucura. Estou catalogando os pertences das vítimas.

- Não deve ser fácil.

- Eu estava bem. Daí vi que um deles tinha um bracelete. Um cordão com contas feito por uma criança. E... era parecido com o que te fiz no Dia dos Pais quando eu tinha 6 anos. Lembra-se?

- Se me lembro? Eu ainda o tenho. Venha. Vamos para casa.

- Não, tenho que ficar. Ainda há muito trabalho.

-Amanhã estará aí.

-Dra. Parish disse que devo terminar antes de...

-Lanie te dirá a mesma coisa – ele a abraçou - Vamos sair daqui.

Beckett estava ao telefone e viu quando ele saiu da sala com a filha. Seu olhar mostrava o quanto ela entendia e apreciava o jeito dele.

XXXXXX


Castle estava deitado no sofá assistindo o jornal com a reportagem exclusiva sobre a bomba quando Martha se aproximou oferecendo a ele uma xícara de café. Desligou a TV.

-Obrigado.


-De nada. Como nossa... Como nossa menina está?

- Está na cama, dormindo. Queria poder deixá-la lá sempre.

- Já se perguntou por que nunca te visitei na delegacia durante o primeiro ano que trabalhou lá?

- Pensei que fosse por causa do ambiente hostil.

- Isso também contou. Não, imaginava que se visse você agindo como policial, começaria a achar que era policial e eu... O que me provocava todo tipo de pesadelo.

-Como superou?

-Uma hora, percebemos que nossos filhos farão escolhas que não gostaremos. É um fato da vida.

- Se a explosão prova algo, é que coisas ruins acontecem independente do que faça. O amanhã de ninguém está garantido.

- Então... o que planeja fazer diante dessa constatação?

- Como assim?

- Sabe o que quero dizer. Richard, por mais quanto tempo enrolará até contar a Beckett como se sente? E digo quando ela estiver acordada, não no chão com uma bala no peito.

-Não entende...

-É complicado, você dirá. Só que não é. Não é. O amanhã de ninguém está garantido, não é? Não seria melhor contar a ela, mesmo que não seja uma boa hora, do que jamais contar?

- E se ela não estiver preparada?

- Então nunca estará. Aí você segue em frente.

Na ausência de Castle, Beckett se pegou avaliando tudo o que acontecera com aquelas pessoas, suas vidas, seus planos, destruídos por completo. E se fosse com ela? Como se sentiria em saber que sua vida fora interrompida sem que ela revelasse o segredo que escondia, sem que ela dissesse a ele o que sentia? O pensamento a fez lembrar da mãe e do momento que também teve sua vida por um fio. Todo esse tempo, o que ainda a impedia de revelar seus sentimentos? Deveria esperar por mais um momento em que sua vida estivesse em risco para botar tudo a perder? Se morresse, o que levaria da vida? A memória de um único beijo?

Ela sacudiu a cabeça, esse caso a estava afetando em cheio. Ela colocou as mãos no rosto por alguns segundos, suspirou passando-as pelos cabelos e se recompôs. Precisava voltar a se concentrar no trabalho.

Estava analisando a lista de testemunhas quando o viu caminhando em sua direção com dois copos de café.

- Oi.

- Oi. Obrigada.

-Tem um segundo?

-Sim. O que foi?

- Estive pensando... sobre as vítimas e...

Ela viu o nervosismo em seu rosto, ela própia engoliu em seco.

- Todas as oportunidades que nunca terão... e não quero que isso aconteça. Estive...

Pelo jeito que ele falava, ela percebeu que o que estava prestes a dizer não era relacionado ao caso. Conhecia Castle, era algo pessoal. De repente, ela sentiu-se curiosa e nervosa. Inclinou-se até ele para prestar mais atenção a ele.

- Beckett. Era Ryan - Temos algo.

Ela olhou indecisa para Ryan e depois para ele. Castle cedeu.

- Tudo bem. Isso pode esperar até o fim do caso.

Ela sorriu para ele antes de levantar-se e ir até Ryan. Castle suspirou procurando se acalmar. Esteve tão perto...

- Conseguiu o vídeo do Plaza?

- Ainda não, mas o que tenho aqui é melhor. Dados de dispositivos sem fio que nos mostram todos os celulares ativados por GPS na Praça Boylan – Gates mostrava as informações no telão - Esse é o Plaza ontem às 16h32, pouco antes da explosão.

- Cada ponto vermelho representa a posição GPS de um telefone específico.

-Como conseguiu isso?

- Pedi um favor a um amigo da Segurança Nacional.

- Deve ser um ótimo amigo.

- Se esses pontos representam celulares, podemos descobrir a quem pertencem?

- É a ideia.

- Se isso mostrar quem estava perto da bomba, nos dará nossa testemunha.

- Pode até nos mostrar onde todos estavam em tempo real. Avance até 4h32.

Ryan obedeceu e os pontos começaram a se mover. Conversas aleatórias apareciam no áudio.

“Você experimentou 11 vestidos. Ao que eles chamam de ganância e corrupção...”

- Os pontos que desapareceram, é a explosão.

- Espere um pouco. Viram aquilo? Ali... pouco antes da bomba explodir. Ryan, poderia voltar 10 segundos? – ele o faz - Aquele ponto ali. Pouco antes da explosão, vai para o lugar da explosão, espera um segundo e sai correndo.

Gates viu o que Castle queria dizer. - Passe de novo.

-É o bombista.

-Só preciso identificá-lo. O celular está registrado por um Andrew Haynes.

- Diga-me onde ele está agora.

- Sem sinal GPS. A bateria acabou ou o celular está desligado.

- Espere um minuto. Haynes parece familiar – ela checou sua lista de entrevistados - Ele chegou no distrito há 20 minutos para prestar depoimento.

- O bombista está no prédio?

Beckett, Castle e os rapazes observavam o homem pelo vidro.

- Policiais o revistaram. Sem armas. Sem explosivos.

- Ele acha que está aqui como testemunha?

- Falamos que a revista era rotina.

- Então esse é Andrew Haynes. Qual é a história dele?

-Foi banido do Movimento de Ocupação. Organizou contra-demonstrações, interrompeu seus comícios, distribuiu folhetos dizendo que deveriam ser detidos.

- Ele faz o que diz. Era suspeito das bombas nos escritórios do Greenpeace há uns anos.

-Achou algo na casa dele?

- Sim, uma evidência quente. Peritos acharam recibos de um cyber que ele frequenta. E ligaram os emails com ameaças ao café e ao usuário de Haynes. Ele é o nosso cara.

- Então por que ele está aqui tão calmo? Beckett se perguntava.

- Meu palpite: está orgulhoso do que fez e mal pode esperar para contar.

-Daremos a ele a oportunidade de fazer isso.

E ela entrou na sala onde ele estava com os outros observando a entrevista pelo vidro.

- Oi, Sr. Haynes. Sou a detetive Kate Beckett. Muito obrigada por vir.

- Já era hora de me trazer para cá. Se eu tivesse que me acotovelar com aqueles encrenqueiros reclamões... eu faria algo drástico.

- É, eu não te culparia. Beckett respondeu mostrando simpatia. Tinha que conquistar sua confiança. Pegou um café.

- Pensadora livre. Respeito isso.

- Meus sentimentos à parte, ainda tenho que investigar esse incidente.

- É, você... tem que colocar os pingos nos i's. Eu entendo.

-Exatamente.

- Então tenho que te fazer umas perguntas sobre o que você viu pouco antes da bomba, começando com... onde você estava? Ela perguntou mostrando o mapa do lugar.

- Eu... eu estava... Eu estava, tipo, bem aqui. Ele sentou-se calmamente na mesa e apontou um lugar, sorria, como se quisesse flertar com ela.

- Então é cerca de 30m do local da explosão?

- É.

- E o que estava fazendo lá?

- Eu estava sendo incomodado.

- Oi, idiota. Aqui. Instrua-se. Aqui. Por que não lê isto? Oi, engomadinho.

Parem de encher. Arrumem um trabalho – ele distribuía planfetos e usava um moleton preto - Ergam-se, fiquem de pé. Olá.

- Oi! Estou falando com você.

- Gatinho, pode levar...

- Qual é o seu problema? Não gosta do que digo?

-Desculpe.

- Não pode encarar a verdade?

- Perdão. Só... para esclarecer... estava discutindo com os manifestantes até que a bomba explodiu?

-É, estava tentando chamar a atenção deles. Ficam indignados com as empresas gananciosas, mas quem eles acham que cria os empregos? Eles são um bando de riquinhos hipócritas. Todos... eles não... nem sabem contra quem protestam.

- Certo, e impedi-los seria um favor ao país.

- É, seria o item nº1 na lista de qualquer patriota verdadeiro.

-E você é um patriota, não é?

-Com certeza.

- É por isso que colocou a bomba no Plaza, para defender o país que você ama?

- Do que está falando?

- Por favor, Andrew. Não quero que fique preso mais tempo do que o necessário. Sabemos que não estava com os protestantes – ela mostrou o mapa - Você estava aqui, deixando a bomba, depois correu para se proteger.

-Provas?

- Rastreamos seu celular. O GPS te coloca ali.

- Não podem provar. Perdi o celular ontem.

- Sério? Então talvez possa explicar isto – ela mostrou os papéis - E-mails de ameaças que você enviou de um cyber café prometendo continuar com as bombas até que os protestos parem.

- Gostaria de ver meu advogado.

Ele foi algemado e entre aos federais. Mas a NYPD ainda tinha que achar testemunhas que o identificassem e tivesse visto ele deixar a bomba.

- Falamos com 20 pessoas próximas ao percurso de Haynes, mas nenhuma pôde identificá-lo. Com a confusão, ninguém assegura nada. Tiveram sorte? Esposito perguntou.

-4 pessoas lembram de ver um cara com um moletom preto, mas não viram o rosto dele.

- Um moletom preto não nos ajuda nada. Metade dos protestantes vestia um. Alguém deve ter visto esse cara.

- Ainda não falamos com um dos protestantes. O baterista de rua. Depois do câmera o expulsar dali, aquela dama de honra disse que ele foi para perto... do carrinho de café. Fica bem no caminho de Haynes.

- Ele pode ter visto o rosto de Haynes.

- Mas não sabemos o nome dele e ele não está na lista. Como o encontraremos?

- Ele é um artista de rua. Deve ter reclamações por distúrbio. Se houver mesmo, podemos conseguir identificá-lo.

E encontraram. Beckett o entrevistava.

- Faço música. Por que me prender?

- Não estamos te prendendo, Malik. Temos algumas perguntas sobre o que viu ontem.

- Não sei nada sobre a bomba. Sou inocente.

- Acreditamos em você.

- Mas achamos que possa ter visto algo que nos ajudará a pegar o culpado.

- Não quero problemas.

- Malik, seu visto expirou, não é? É isso que está te preocupando?

- Não posso voltar para meu país.

- Não te farei voltar. Não ligo para isso. Só queremos saber exatamente o que viu antes da explosão.

- Contarei o que puder.

- Ótimo – Castle continuou - Quando estava perto do carrinho de café, um homem com um moletom preto passou por você. Lembra-se?

-Sim, eu o vi.

E as imagens de um flashback passou pela mente dele enquanto explicava.

- Espere aí. Está dizendo que o viu o homem de moletom deixar uma mochila azul na frente do poste?

-Isso.

-Viu o rosto dele? Tem certeza que o homem que viu deixando a mochila era hispânico, na faixa dos 20 anos?

- Tenho. Respondi errado?

- Certeza que não era este o homem? Beckett mostrou a foto de Haynes.

- Não era ele.

Beckett olhou tensa para Castle.

- O FBI está com o cara errado.

- Então o verdadeiro bombista ainda está por aí.

Beckett foi reunir-se com Gates e o agente do FBI que aparentemente não comprava a história dela.

- Se Andrew Haynes não colocou a bomba, então por que enviou aquelas ameaças? Por que o GPS dele o mostra fugindo do local?

- Não sabemos ainda. Gates explicou.

- Mas nossa testemunha deu uma boa descrição – Beckett mostra o retrato falado - Foi este homem.

- Como saber se ele não está inventando?

- Os detalhes da bomba não foram liberados à mídia. Como a testemunha saberia da mochila azul sem tê-la visto?

- Tudo bem, investiguem isso. Vejam aonde nos leva. Mas Andrew Haynes ainda é o principal suspeito. Pelo menos até me darem algo além da palavra de um músico de rua.

Gates reuniu a equipe novamemte.

- Identificar este homem é nossa prioridade – ela apontava para o desenho no quadro - Segundo a testemunha, usava um moletom do protesto, então pode ser membro do movimento. Mostrem o retrato por aí, falem com os manifestantes. Se ele era regular na Praça Boylan, alguém lá deve saber quem ele é.

Eles já se dispersavam para trabalhar quando Gates chamou Castle e claro, despertou a curiosidade de Beckett ao fazer isso.

- Você não, Sr. Castle. Tenho uma tarefa especial para você. Soube que você faz leitura dinâmica e no tempo em que te conheço, você demonstrou... ocasionalmente, uma grande atenção aos detalhes.

- É a primeira vez que me elog... Continue.

- Já realizamos mais de 100 entrevistas até agora e alguém precisa revisá-las rapidamente procurando algo que possa ajudar a identificar o suspeito – alguém entrega para ele várias pastas


- E... acho que você seria o melhor para isso.

Ela sorri e encaminha-se para sua sala. Surpreso, Castle olha pra Beckett sorrindo e comenta.

- Acho que ela está começando a gostar de mim.

Gates ouve e replica.

- Não estou, não.

- Estou chegando lá.

Beckett dá a ele uma olhar de simpatia.

XXXXXX

Pela manhã, Castle encontrou Alexis na cozinha.

-Bom dia.

-Bom dia.

-Alguma novidade no caso?

-Não. Debrucei-me nestas declarações de testemunhas à procura de pistas sobre nosso bombista, mas, até agora, nada.

-Talvez isto te traga sorte. E mostrou a ele uma panqueca com carinha de smile.

- Estas são as panquecas sorridentes de emergência. Geralmente, são reservadas para rompimentos ou eliminações em "Dancing With the Stars". Qual a ocasião?

-Depois do outro dia, pensei que precisávamos nos animar.

- Não deveria precisar se animar. Nem deveria estar lá. Deveria estar com amigos ou no cinema.

-Pai, tenho 18 anos.

-Eu sei. É que... Vai ver muito da realidade em sua vida. Só queria que visse o mundo em cor de rosa por mais tempo.

- Estou tentando não focar no lado ruim disso. Só tiro notas boas, tenho mais prêmios e troféus do que posso contar. Este trabalho é a primeira coisa que me fez sentir fazendo algo importante, valioso. Não é por isso que o faz?

Castle não poderia estar mais orgulhoso. - É uma garota muito inteligente, sabe disso?

- Eles dizem que a inteligência... pula uma geração.

- Aparentemente, o humor também.

- Coma sua panqueca.

- Certo.

Quando ela estava em casa naquela noite, ficou pensando sobre as vítimas de alguma forma, ela teria que prover algum tipo de conforto a elas, as suas famílias. Como alguém deveria ter feito por ela e pelo seu pai quando a mãe foi assassinada. E ali estava ela, buscando por algo que pudesse dar-lhe uma pista para honrar aquelas pessoas. Porém, não era o sentimento de dever apenas que a movia. Um quê de solidão parecia persegui-la desde ontem. Ela olhava para a cadeira vazia ao lado da sua mesa. De certa forma, a ausência dele a incomodava. Queria te-lo ao seu lado para ajudá-la a passar por isso. Ele deveria estar junto da filha agora, buscando conforto enquanto ela estava ali lidando com as emoções provocadas por esse caso, sozinha.

- Beckett – Ryan a chamou e percebeu que ela tinha um olhar perdido - O que está acontecendo?

- Nada. Só estou pensando no próximo passo.

- Posso ajudar com isso. Temos uma pista.

-Alguém o identificou?

- Uma manifestante, Jeni Klein, disse conhecê-lo como Bobby.

-Sem sobrenome?

- Não, mas saíram juntos uma vez. Ela sabe onde ele mora.

Ryan e Esposito foram busca-lo, fazendo a prisão e trazendo-o para o distrito onde Beckett o interrogaria.

Beckett entra na sala com uma pasta nas mãos.

- Robert Lopez. Esse é o seu nome. Certo, Bobby? Na verdade, sei um pouco mais sobre você. Sei onde você mora, que nunca foi fichado, que não é membro de partido político. E assim que minha equipe acabar de vasculhar sua casa, saberei ainda mais. Mas já que vou descobrir, por que não me diz logo? Por que plantou aquela bomba?

Beckett estava muito séria. A emoção que ela estava sentindo nesse caso poderia influenciar diretamente no modo que entrevistaria o suspeito. Castle chegou ao distrito nesse momento, trazia café para ela.

- Sem sorte com os depoimentos. Estão fazendo uma pausa?

- Melhor, pegamos o suspeito.

- E perdi? Onde ele está?

- No interrogatório, com Beckett.

Ele correu até a salinha para observá-la pelo vidro.

- Quer que eu refresque sua memória? – ela se aproximou dele e mostrou o mapa - Estava bem aqui ao lado do poste. Deixou a mochila e começou a correr quando ela explodiu matando 5 pessoas.

- Não fiz o que está dizendo.

- Testemunhas viram você deixar a mochila.

-Não era minha.

-Então admite portá-la?

-Não foi o que quis dizer.

-Disse que não era sua.

-Porque você me confundiu...

-Estava com ela ou não? É uma pergunta simples.

-Eu não sei.

- Quem te pôs nisto? Quem te deu a mochila? Ela o pressionava, dobraria o suspeito facilmente. Beckett transferia toda a raiva dela por causa das vítimas para o interrogatório. A adrenalina corria em suas veias.

- Eu não sei. Não me lembro.

- Não se lembra? Como não se lembra?

- Estava em choque por causa explosão. Todos corriam e gritavam.

Castle a observava. Era uma tigresa. Ninguém a superava numa sala de interrogatório.

- Você lembra o que houve depois da explosão, mas não antes?

-Acho que é algo traumático...

-Bobby! Não minta para mim!

E a emoção a dominou, a adrenalina falou mais alto e Beckett sem saber e levada pelo momento deixou escapar o que vinha guardando a algum tempo sem ter a mínima ideia do que esse ato significaria e suas consequências.

-É sério, tudo se apagou.

-Foi o trauma.

-Não foi o trauma. Não vai usar essa desculpa.

-Juro, não me lembro.

- É mentira que não se lembra! Quer saber o que é trauma? Levei um tiro no peito e me lembro de cada segundo. E você também.

No instante em que as palavras foram pronunciadas, ela se afastou do suspeito para buscar seu auto-controle. Castle olhava perplexo. Ela lembrava.

- Todo esse tempo. E você se lembra?

Dor. Decepção. Tristeza.

Esses eram os sentimentos estampados no rosto dele. No mesmo instante, ele deixou o distrito, não podia ficar ali, precisava digerir aquilo.

Beckett saiu da sala ainda abalada. Esposito a questionou.

-Ele ainda não está falando?

-Não. Vou deixá-lo suando um pouco.

Ela foi até sua mesa, ao ver o café perguntou.

-Castle esteve aqui?

-Sim, mais cedo. Mas disse que tinha que ir. Disse que havia um lugar onde precisava estar.

Castle precisava contar e conversar sobre o ocorrido com alguém. Encontrou-se com a mãe e contou o que descobrira.

- Richard, sério? Um memorial às vítimas? Vamos, querido. Não é meio mórbido?

-É como estou me sentindo.

-Ela não está morta.

- É como se estivesse. Eu pensava que poderíamos ter um futuro. Estava... disposto a esperar. Para descobrir que era tudo uma piada. Ela sabia. Todo esse tempo, ela se lembrava e não disse nada... Porque estava com vergonha por não sentir a mesma coisa. Sou um bobo.

Martha não aguentava olhar para o filho e vê-lo tão machucado. Isso não era justo. Queria poder fazer alguma coisa para livrá-lo de sua dor. Porque Beckett fizera isso? Será que ela se enganara quanto a Kate? Tinha que ficar ao lado do filho.

- Vamos para casa. Aproveitar as coisas boas, certo?

-Eu adoraria. Tenho que voltar.

-Voltar? Por que voltaria? Sabendo como ela se sente, sabendo que mentiu para você...

- Não, não, isso não é sobre ela. Isso é... Isso é sobre eles. É sobre fazer algo de verdade. Algo que importa. Não estou disposto a desistir.

- Richard, o amor não é um interruptor. Não pode apenas desligá-lo. Não pode trabalhar com ela e não sentir nada.

- Observe-me. E o olhar que ele deu a mãe era de desafio. Ele estava disposto a provar que era capaz de ignorar seus sentimentos e principalmente a ela.

Quando voltou ao distrito, tinha o rosto sisudo. Como se tivesse colocado uma máscara. Ela estava sentada a sua mesa. Soltou um cumprimento casual.

-Oi.

-Oi. Onde estava?

- Espairecendo a cabeça. Como estamos com Bobby?

- Estão fazendo uma busca na casa dele. Esperamos encontrar algo que o incrimine.

Ela ficou esperando por algum comentário e nada veio além de um olhar muito sério. Esposito os interrompeu.

- FBI ligou com uma atualização. O dispositivo usado no local era uma bomba caseira, só que há algo estranho... Não era feita com pregos, rolimãs, nada disso.

- Normalmente usam projéteis para maximizar danos.

- Esse não é o único modo de maximizar danos. Castle soltou ainda com o olhar duro para ela. Beckett começava a achar aquilo estranho.

- Então foi ativada por celular, detonador?

- Um controle feito de um controle para portão. Mas a distância desses é de 30 metros.

- Então quem detonou a bomba estava no local.

- Aposto que o controle para portão estará no apartamento de Bobby.

-Sem tanta sorte. Mas... encontramos cartões de crédito com vários nomes diferentes. Algumas carteiras e alguns celulares também. De fato, um desses celulares pertence a Andrew Haynes.

- Bobby é um batedor de carteiras.

Beckett voltou a sala para investigar Bobby.

-Sim, basicamente é isso.

-Por isso foi ao protesto?

- Todas as pessoas curtindo, cheias de paz e camaradagem... E Bobby relembrou os acontecimentos do dia.

- Um banquete para roubar o que puder.

-Entendeu certo.

-Por que não disse a verdade?

- E admitir para quem me acha um assassino, que sou um ladrão? Amnésia parecia melhor.

Castle olhou para ela e deixou escapar um yeah irônico e sentido.

- Então roubou o celular de Andrew Haynes, por isso achamos que ele plantou a bomba.

- Quem é ele?

- Não se preocupe. Fale sobre a mochila. Como a conseguiu?

Novos flashes povoaram a memória de Bobby.

- Eu a roubei. Estava parada lá entre lixeiras – ficou calado por uns instantes se lembrando - Juro, eu... não sabia que havia uma bomba dentro. Nunca machucaria ninguém. Precisa acreditar em mim.

- O homem de quem pegou a mochila, era ele? Beckett mostrou uma foto a ele.

- Sim. Esse... é o cara.

-Tem certeza?

-Tenho. Sim, é ele.

-Esse é Jesse Friedman. É uma das vítimas.

-E um membro do movimento.

-Não faz sentido. Por que atacaria o próprio pessoal?

Castle olhava para o quadro de evidências com olhos clínicos. Beckett acabava de sair do telefone e veio atualiza-lo.

- Certo. Obrigada. Os policiais vasculharam a casa de Jesse Friedman. E encontraram pesquisas de como construir o mesmo dispositivo que foi usado na Praça Boylan.

- Então Jesse explodiu o próprio protesto? Por que faria isso?

-Talvez para... conseguir simpatia, publicidade...

- E como deixou a bomba entre lixeiras...

- Não achava que alguém se machucaria. Então Bobby roubou a mochila.

- Se estava preocupado em alguém se machucar, por que disparou a bomba?

Ryan e Esposito se aproximaram.

- Não acho que foi ele. Não havia controle perto do corpo, então outra pessoa o fez.

- Alguém que ele conhecia – Ryan completou - 30s antes da explosão, ele recebeu uma ligação de um celular descartável. Então, 20s antes da bomba explodir, tentou ligar de volta para o mesmo celular.

- Talvez tinha um parceiro e foi quem disparou a bomba.

- Disse que o controle tinha um alcance de 30m, certo? – Castle perguntou e voltou-se para o quadro - Quem quer que seja o parceiro, deveria estar por aqui, perto da explosão, escondido na multidão. Precisamos olhar de novo a sequência dos eventos, encaixar os depoimentos. A resposta está na história. Então comecemos pelo início.

E Castle começou a revê-la, narrando e juntando fatos como somente ele sabia fazer.

- Leann e o câmera se preparavam para a transmissão ao vivo. Ao mesmo tempo, Bobby está rondando a Praça. Ele vê Andrew Haynes discursar aos manifestantes. É um alvo fácil. Bobby pega o telefone dele. Então Bobby vai à procura da próxima oportunidade. Vê a mochila azul, sozinha, chamando por ele. Então ele a pega, feliz e sem saber o que está dentro. Mas Jesse o vê e ele se apavora. Bobby se manda. Jesse entra em pânico. A bomba está em movimento. O que ele fará? As pessoas estão em perigo. Ele agarra um homem de moletom preto, pensando ser o ladrão. Mas é Andrew Haynes. Nesse momento, Bobby decide que levar a mochila não era uma ideia tão boa. Então ele a larga e continua em movimento. Eles se esbarram, chamando a atenção do baterista de rua que está em frente ao carrinho de café. É tarde demais.

- É uma ótima história, mano, mas não diz quem é o parceiro de Jesse.

- Deve ser com quem Jesse tentava falar nos minutos antes da bomba explodir.

- Quanto durou a primeira chamada? Perguntou Castle.

- 8 segundos. Deve ter sido a chamada para dar o comando.

- Depois que a mochila foi roubada, Jesse tentou retirar o comando, mas ele não teve tempo.

- Alguma testemunha lembra com quem Jesse saía? Beckett perguntou.

- Não, mas estamos refazendo seus movimentos com base nos depoimentos de amigos... – Esposito mostra um arquivo com uma foto de Jesse. Castle vê a coincidência.

- Uma camiseta de Beethoven. Uma chamada de comando. Sei quem é o parceiro de Jesse. Bobby lembra ter ouvido um toque de Beethoven vindo de perto, pouco antes de roubar a mochila. E Wally do West Side disse que Beethoven apareceu, conduzindo a "Quinta Sinfonia". Era, na verdade, Jesse Friedman, com camiseta e toque de Beethoven, fazendo a chamada do comando. Estamos prontos. Sabemos que falava com alguém a menos de 30m e essa chamada durou 8 segundos, tempo suficiente para o comando. Comando para a única pessoa que poderia transmitir a explosão ao vivo na televisão e trazer a publicidade que o movimento precisava. Leann West estava do outro lado daquele telefone.

Eles passavam a transmissão para a repórter.

-Ocupem Wall Street!

-Entendido.

- Não, eu não estava. Não estava ao telefone. Eu falava com meu câmera. Já disse ao FBI toda a história.

- Só que deixou de fora alguns detalhes. Como o de que conhecia Jesse Friedman. Estudaram na Universidade Hudson.

- Sim. Como um monte de pessoas.

- Estamos supondo que vocês se reencontraram no protesto. Saíram para beber e elaboraram um plano.

- Ele queria atenção da mídia para o movimento. Você queria ser promovida à âncora.

- Colocou as câmeras no ponto perfeito.

- Esperou entrar ao vivo e detonou a bomba.

- O quê? Isso é loucura. É ridículo e não vou ouvir mais nada. Acabamos aqui.

- Reconhece isto? – Beckett colocou um celular sobre a mesa - É o celular que usou para ligar para Jesse.

- Encontrado em um bueiro perto da Praça Boylan. Sabe o que mais encontramos lá? – Castle mostrou outra evidência - O controle que usou para detonar a bomba.

- Dá para esconder na mão. Está coberto por suas digitais.

-Como encontrou isso?

-Rastreando seus movimentos, usando o GPS do seu telefone.

- Não era para ninguém se machucar. Era só para fazer muito barulho e começariam a me respeitar como repórter, mas deu tudo errado.

-Por que não se apresentou quando percebeu o que fez?

- Pensei nisso, mas que bem faria? Fiquei calada por Jesse. Queria proteger a memória dele.

Então Castle olhando para Beckett, soltou uma frase que expressava exatamente o que ele vira no momento que ouvira as palavras de Beckett por trás do vidro.

- É o que seu amigo Jesse chamaria de pecar pelo silêncio. Não é inteligência. Não é coragem. É apenas covardia.

Beckett franziu a testa, intrigada por aquelas palavras. Gates reuniu a equipe.

- O FBI levou Leann West sob custódia. Essa mulher, cuja ambição cega levou à morte de 5 pessoas, terá o que merece. Eu... quero agradecer a cada um pelo que fizeram para isso acontecer. Vocês... Todos deram 110% e me deixaram orgulhosa. Então vamos... Saiam daqui, vão para casa e tenham um merecido descanso.

As pessoas começaram a se dispersar. Beckett olhou para eles. Ela não sentia vontade de ir para casa, não queria ficar sozinha.

- Ainda estou ligada. Querem sair para beber alguma coisa?

- Desculpe. Parece que faz um mês que vi Jenny. Preciso ir para casa.

-Eu também. Estou na reserva. Vou deixar para vocês.

Ela volta-se para Castle, totalmente alheia ao que acontecera nessas últimas horas.

-Acho que somos só nós.

-É.

Sorrindo ela perguntou.

- Agora que o caso acabou... sobre o que queria falar?

Ele olhou sério para ela e respondeu rapidamente já cortando qualquer conversa possível.

- Nada. Nada importante. Eu vou para casa. Boa noite.

- Boa noite.

Ela achou aquilo estranho, ele parecia com pressa. Apesar da despedida, Kate sabia que havia algo errado com ele. Ao vê-lo entrar no elevador, percebeu o olhar frio e duro dele. Será que estava com problemas em casa? Algo com Alexis? Se fosse talvez comentasse não? Ele sempre comentava o que se passava em casa. Tem que ser outra coisa mas o que?

Ela deixou o distrito a caminho de casa. Ainda remoía o jeito frio quase ríspido de Castle e por mais que tentasse não conseguia descobrir porque. Se fosse algo com ela, ele falaria não? Queria falar algo quando eles começaram a trabalhar nesse caso e agora que o solucionaram, ele quando questionado disse que não era nada importante. Será que fiz ou disse alguma coisa a ele que o chateou?

Por mais que se esforçasse, Beckett não conseguia se lembrar do que ocorrera naquela sala de interrogatório. Do que deixara escapar em meio a pura adrenalina e sequer imaginara que Castle a ouvira perfeitamente e esse era o motivo da decepção evidente em seu olhar gélido.


Apartamento de Castle


Ele chegou em casa abatido. Ficou satisfeito em saber que a filha não estava em casa. Martha percebeu a tristeza no olhar do filho mas decidiu não comentar. Apenas perguntou se ele queria jantar e a resposta foi negativa. Ela não insistiu. Ele foi até o bar e pegou uma dose de whisky. Tomou-a em um gole só. Ao terminar, pegou a garrafa e foi para seu escritório. Serviu-se de mais um copo que virou imediatamente. Sentou-se de frente para o computador. Soltou um suspiro, fechou os olhos e deixou sua cabeça pender para trás. Ficou nessa posição por alguns segundos.

“Levei um tiro no peito e me lembro de cada segundo” – a frase repetia-se quase em loop infinito na mente dele. E cada vez que lembrava, era uma pontada no coração que sentia.

Castle olhava para o nada. Com o copo de whisky na mão e a garrafa sobre a mesa, ele já bebera um quarto do líquido e o rosto abatido fitava a tela de descanso do seu notebook. Eram as capas de seus livros de Nikki Heat. Apenas olhar para as imagens doía. Ele fechou o computador para evitar de vê-las passarem em frente a seus olhos repetidamente. Não conseguia entender. Não conseguia descrever o que era essa sensação de vazio e dor que se formara dentro dele. Como ele chamaria isso que ela fez? Traição? Mentira? Descaso de sentimentos? Uma mistura de todos eles? A dor da descoberta interferia em seu julgamento.

Todo esse tempo ela se lembrava. Ela mentira. Porque? Seria Kate Beckett tão cruel para negar-lhe a verdade? Teria ele se enganado por tanto tempo com uma pessoa? Convenhamos, não era o melhor julgador de caráter quando se tratava de pessoas, bastava ver o exemplo de Sophia. Ele achara que Beckett era diferente!

Como poderia ter sido tão idiota? Como não enxergara? Mas ela não lhe dera nenhuma pista de que sabia de seus sentimentos, da sua declaração e apenas o enganava. Pelo contrário, de uns tempos para cá eles estavam bem mais próximos. O nível do flerte, o tempo que passavam juntos sem estarem trabalhando, o modo como ela se abriu para ele em relação à terapia e ao caso de sua mãe, ela mesma dissera para ele que estava lidando com seus medos e incertezas, dissera que não se lembrava do que se passara quando levara o tiro, tudo eram flashes sem nexo foram suas palavras.

Então a verdade o atingiu em cheio. Ela o enganara não apenas uma vez, mas duas. Foi tudo um ato? Cada jantar, cada palavra amiga, elogio... seria Kate tão dissimulada? Não, sabia que ela não era cruel a esse ponto. Decidiu que a traição era o nome do seu pecado. Ele achou que ela estava lidando com as situações difíceis, que estava se deixando viver, quebrando aos poucos o muro que erguera ao seu redor. Ele acreditava que ela estava fazendo isso para enfim ficarem juntos, terem um futuro. Sim, ele dava o espaço que ela mesma lhe pediu porque acreditava naquela mulher extraordinária que conhecera a quatro anos atrás, a queria ao seu lado.

Infelizmente se enganara. Kate Beckett não o amava. Talvez tenha tentado entender seus sentimentos por ele e ao descobrir que não poderia corresponder a ele na mesma intensidade, Beckett tomou a decisão de esconder a verdade. E com isso, o encanto se quebrou.

Como ela pode fazer isso? Como pode supor que esconder a verdade dele era a melhor solução? Engana-lo e tripudiar em seus sentimentos a troco de que? Depois de tudo o que eles passaram juntos? Depois de encararem a morte de perto quantas vezes, porque ela escondera isso dele?

A raiva tomava conta de seu ser novamente. Serviu-se de mais uma dose de bebida e ouviu mais uma vez a frase que o derrubou: “Levei um tiro no peito e me lembro de cada segundo”. Era isso. Ele já fizera sua escolha, já dera o veredito dessa história. Ela mentira e não o amava. Por causa disso, ele precisava mudar o rumo da sua vida a partir de agora. E ao contrario do conselho da sua mãe e de suas palavras, ele estava disposto a provar que ela estava errada quando disse que o amor não era uma chave que se desligava sempre que quisesse.

Não mãe, posso provar que você está errada. Eu voltarei ao distrito, trabalharei com ela sem revelar absolutamente nada sobre meus sentimentos, sem nem sequer tocar no assunto. Se dependesse dele, Kate Beckett jamais saberia o que ele descobrira. Na verdade, ele queria voltar com um único propósito. Queria de uma maneira orgulhosa e vingativa mostrar a ela que não significava nada na vida dele. Era teimoso o suficiente para fazer isso. Desafia-la. Quanto ao lance da musa, ora ele já escrevera muitos Best-sellers para saber que não precisava dela. Escreveria sem uma musa, arranjaria outras. Já fizera isso outras vezes, poderia fazer mais uma vez.

Como um ato de rebeldia, ele escolheu vestir a carapuça do inconsequente, do homem imaturo e infantil negando-se a encarar a situação com a severidade que a mesma merecia. Em vez de confrontá-la e lutar para saber a verdade por trás daquele ato de omissão, ele escolhera revidar, pagar na mesma moeda. Mostrar que Kate Beckett não era assim tão importante para ele como pensara um dia.

Diante de tudo aquilo, ele esquecera que também guardava um segredo. Naquele momento, tudo que importava era encontrar uma válvula de escape, uma rota de fuga. E com a cabeça quente, movido pelas emoções ele decidiu voar para Vegas e proporcionar a si mesmo um momento de curtição, uma forma de extravasar. Resoluto, deixou o escritório e foi preparar uma valise de viagem.

O que Castle não percebera naquele momento de raiva e tristeza era que apenas estava adiando o inevitável. Ignorar as sábias palavras de sua mãe era um erro. Eventualmente, ele veria que apenas estaria causando mais sofrimento a si mesmo. O que os olhos não vêem, o coração não sente. Conviver dia após dia ao lado dela faria Castle perceber que há fundamento nesse provérbio popular. O que poderia ser visto como um ato de provocação e até revolta, iria fatalmente voltar-se contra ele, trazendo ainda mais dor. Porque todos que o conheciam sabiam. Kate Beckett era a sua metade, aquela sem a qual ele não podia viver.


Três dias depois


Eram 9 da manhã e até o momento nada de Castle. Depois do caso intenso finalizado na última sexta, ela esperava que ele retornasse ao distrito pela manhã. Não que ele desse qualquer importância à papelada. Porém, do jeito que ele deixou o lugar naquela noite, ela chegou a pensar que o caso o afetara da mesma forma que também a atingira. Beckett ainda não entendera a frieza no olhar dele, mas esperava vê-lo sentado no mesmo lugar de todos os dias, ao seu lado. De alguma maneira, ela precisava daquilo.

Beckett esperou-o por mais meia hora. Durante esse tempo, ela não iniciara o relatório nem escrevera uma única vírgula na página em branco a sua frente. Nem um telefonema. Certa de que ele não apareceria mais, levantou-se e foi até a mini copa do distrito. Naquele instante, Kate Beckett quebrara uma rotina iniciada por Castle desde que começaram a desenvolver sua parceria resolvendo casos de homicídios. Após quatro anos, ela prepararia sua primeira dose de café matinal e a tomaria sem a companhia dele.

De repente, ela se viu sozinha e percebeu que o café tornara-se apenas mais um café e seu gosto era diferente, quase agridoce.



Continua....


3 comentários:

Eliane Lucélia disse...

Oi, posso dizer que não gostei desse cap?! vou explicar, não tem nada a ver com a escrita, ta muito bom nessa parte, como sempre, mas é por causa de Castle, fiquei com tanta raiva dele nesse epi,e com o seu algo a mais a raiva dobrou, sou team Beckett, a maneira que ele a tratou, poxa, seria bem mais fácil ele ter jogado tudo na cara dela de uma vez, ele agiu feito uma criança birrenta "ou vc me ama ou não tem mais café ou não será mais a minha musa"?! quanta prepotência, até pq ela nunca disse a ele com todas as letras "olhe me espere, espere eu estar pronta pra VC" isso ficou subtendido, então ele não tinha certeza de nada, tudo bem que ele ficou magoado por ela ter mentido, mas ele tbm tem o seu segredo, não consigo perdoá-lo por ele não ter se quer levado mais café pra ela, ela poderia até não amá-lo, mas e a amizade, a parceria? não conta? Enfim, deixa eu me calar pq tem que sobrar alguma coisa pra falar no próximo cap, e como tem, bom se vc conseguiu aumentar a minha raiva é sinal que vc arrebentou mais uma vez, mesmo quando eu não gosto eu gosto kkkk parei, pq já não falo coisa com coisa :D bjosss

val disse...

maravilhoso!! e não concordo com a nossa amiga Eliane em relação Castle.
poxe ele tá no direito dele, eu tambem fiquei com dó da Kate mas poxa ela foi bem cruel com ele e nós e nem podemos negar.
e a forma que achou de revidar foi essa a indiferença eu não sei se no lugar faria diferente pq dói muito vc amar alguem e não ser correspondido, foi examente o que ele pensou e sentiu então vamos dar um desconto a ele.
eu estou mais aliviada pq já li tantos spoiler e tudo indica que eles vão aos finalmente então vamos torcer os dedos e preparar nossos corações.
Bom capitulo querida Karen, aliás com sempre.
bjins.

Val.

Caline disse...

Eu simplesmente amei a sua fic!!

Não fica triste por não terem comentado, às vezes a gente fica com pressa e acaba esquecendo, mas eu venho aqui no blog direto!! Amo ler TUDO q tem aqui :D
Vou comentar sempre pra vc continuar escrevendo quando puder!!
Esse episódio me deixou muito mal pelo Castle...e pela Beckett por não saber pq estava agindo daquele jeito.
Eu tento entender o lado dele q n ão abi TODO esse tempo, mas tá tudo tão complicado!!
Ah...como eu queria q terminassem juntos nessa season finale #tomara
Beijos