segunda-feira, 30 de outubro de 2017

[Stanathan] Kiss and Don't Tell - Cap.121


Nota da Autora: Esse capitulo é um dos mais esperados por algumas leitoras. Para ser honesta, eu não sei se refletiu o que vocês queriam ver. Eu gostei em especial de uma parte, duas... a primeira é a reafirmação de tudo o que já vimos até aqui nessa historia de SN, fictícia e tao desejada na vida real. A segunda eu gosto de definir com uma frase de uma das minhas canções preferidas do Coldplay, The Scientist : "oh, take me back to the start...", vocês entenderam quando lerem...Em meio a isso, o de sempre, nossos personagens favoritos no seu melhor. Alguém comentou que esperava mais do reencontro SN, esse capitulo explica porque pareceu diferente, ao menos nas entrelinhas. #winkwink  


Cap.121     

A farra continuou na casa dos Fillions. Após um almoço tardio, a sobremesa ainda estava na mesa. Dona Cookie estava sentada no sofá ao lado de Bob paparicando a neta. Stana estava sentada no chão da sala com Anne ao seu lado. A menina lhe mostrava um livro que ganhara do pai. Gigi comia mais um pouco da mousse de chocolate enquanto Jeff e Nathan dividiam mais uma cerveja conversando. Todos estavam muito preguiçosos, mas Nathan havia prometido a sobrinha que iriam testar o jogo novo. Jeff tomou a frente. 
— Anne, o que acha de darmos uma surra no seu tio? Preparada para jogar comigo e acabar com ele? - a menina se levantou animada. O sorriso estampado no rosto. 
— Claro, tio! Vamos faze-lo chorar… - Gigi riu imaginando a situação. 
— Seria bem engraçado ver o Nathan chorando por causa de um videogame. 
— Não se mete, Gigi. E quem ri por último, ri melhor - ele respondeu fazendo uma careta para a cunhada - não enrolem, vamos para a sala de video - Anne foi a primeira a sair correndo, os tios foram atrás. Stana sentou-se no outro sofá esticando as pernas. Gigi se aproximou erguendo as pernas da irmã para o seu colo e sentado-se para lhe fazer companhia. 
— Olha só para eles. Três crianças… 
— Deixa, sis. Pelo menos a Anne está mais calma. Ela chorava de soluçar ontem.
— Essa menina sofre do mesmo mal que nós, sis. Ciúmes. 
— Quem é a possessiva aqui? Fale por você.   
— Sei, sei… - dona Cookie se levantou. Katherine havia dormido em seus braços. Iria colocar a neta no berço. Stana tinha ficado calada por mais de cinco minutos. Gigi observou o semblante da irmã. Estava pensativa, um pouco preocupada. Michelle, deduziu - hey, terra para Stana. Está tudo bem, sis? - ela suspirou. 
— Sim, está. Somente pensando sobre mais tarde, o encontro. 
— Não há o que pensar, sis. Vai dar tudo certo. Essa sua ansiedade vai desaparecer logo que trocar as primeiras palavras com Michelle. 
— Como pode afirmar isso? Você sequer a conhece. 
— Mas conheço você, seu marido. Acha mesmo que Nathan ia aceitar que ela viesse a casa de vocês para insulta-la, trata-la mal? Claro que não. E pelo que Jeff me falou, ela realmente é como uma irmã para ele. Familia, sis. 
— Talvez. Só saberei quando chegar a hora não é mesmo? 
— Não deve demorar. Está tudo certo para o nosso almoço, sis? Chegou a menciona-lo para Nathan? 
— Ainda não, porém não vejo problemas. Eu falei para Anne que seria uma ótima oportunidade dela passar um tempo com os tios. Sábado está bom para você? 
— Claro, além do videogame eles também podem aproveitar a piscina. Nossa! Eu comi tanto que está me dando um sono… 
— Não culpe a comida, você bebeu meia garrafa de vinho. 
— É natal, sis. Acho que eu vou tirar um cochilo. 
— Sério? E vai me deixar sozinha aqui? Que bonito, hein Gigi? 
— Mas eu estou com sono… daqui a pouco a Kate chora e você será obrigada a dar atenção a ela - Stana revirou os olhos - quem mandou sugerir os marmanjos de jogar? Agora, eles só dão atenção a Anne. 
— Vai dormir, Gigi - ela jogou uma almofada na irmã - Vou conversar com meus sogros - se levantou de onde estava e foi na direção de Bobby. Sentou-se ao lado dele e começou a conversar com ele. A irmã não se importou. Fechou os olhos e apagou. 
Mais tarde os viciados ainda jogavam quando Katherine chorou. Stana foi até o quarto da filha. Checou o relógio e deduziu que a menina estava com fome. Iria preparar uma vitaminada para ela com banana, morango e leite. Quando chegou na cozinha com a filha no colo, viu Nathan remexendo na geladeira. 
— O que está fazendo? Cansou de jogar? 
— Não, pausa para recarregarmos as energias. Não tem mais mousse de chocolate? 
— Coloquei no congelador um pouco, vê se não come tudo. Ainda tem o jantar mais tarde, temos que ter sobremesa para oferecer a Michelle. 
— Vou servir um pouco para cada um, não irei exagerar - ele estava entretido com a sobremesa que nem reparou que Kate estava no colo da mãe fazendo-a executar alguns malabarismos para fazer a vitaminada. Ao terminar e virar-se para a esposa que reparou na filha - oh, amor. Você acordou? O que a mamãe está fazendo? Leite gostoso para minha princesa? 
— Diga, não daddy é smoothie de banana e morango. 
— Que chique. Está indo na onda da sua mommy, não? Tem que gostar de besteira que nem eu, Katie - ele soprou a barriga da menina fazendo-a gargalhar gostoso - eu preciso voltar - beijou o rosto da esposa e saiu apressado com as tigelas de mousse. Stana sentou-se no sofá com a mamadeira em mãos e conversando com a filha permaneceu alimentando-a tranquila. De repente, Gigi assusta-se e acorda. 
— Nossa! O que aconteceu? Quanto tempo eu dormi? Sis? 
— Teve algum pesadelo, Gigi? Está tudo bem e você dormiu por umas duas horas somente. 
— Cadê todo mundo? 
— Os sogros foram deitar um pouco e os viciados continuam na sala. 
— Ainda? Stana precisamos fazer alguma coisa. Você é muito mole. Já devia ter mandado-os parar. Eu vou terminar com essa farra agora. Fofinha, sua mãe é muito devagar - beijando a cabecinha da sobrinha, ela seguiu para a sala de video. Stana pegou a filha e sentou-se com ela no tapetinho para brincar. O ambiente da sala parecia calmo enquanto na sala de video a coisa pegava fogo. 
— Será que vocês não enjoam disso? Estão há quase três horas ai. Que tal ser um pouco sociável? E Nathan, você deveria dar o bom exemplo e passar o tempo com a sua esposa, não tem muitos dias. Que absurdo! 
— Gigi tem razão, vamos parar por aqui. 
— Eu tenho? Nossa, isso foi fácil demais. 
— Claro que ele concordou com a tia. Está perdendo. Se não parar agora, eu e o tio Jeff massacramos o tio. Ele está com medo. 
— É mesmo? Vocês dois contra Nathan? 
— Não, estamos jogando separados. Tio Jeff está ganhando, mas eu também ajudo para o tio Nate perder - virou-se para Jeff e fez um high-5. 
— Eu podia deixar vocês derrotarem o Nathan dessa vez, porém minha irmã merece atenção. Sua também, Anne. Disse que estava com saudades mas a trocou pelo jogo. Jeff, desligue isso - ele obedeceu a esposa - ótimo, vamos todos para a sala. Daqui a pouco sua convidada chega e você está escondido nesse quarto. 
— Que convidada? Temos outro jantar hoje, tia? 
— Não, Anne. É a Michelle. A assistente e amiga do seu tio vem conhecer a Katherine. 
— Ela sabe? Do segredo? 
— Sim, seu tio contou. 
— Ah… vou brincar com a Katie - e saiu correndo. Gigi se aproximou de Jeff e Nathan resolveu sair de cena antes que presenciasse algo estranho entre o irmão e a esposa. Nem bem ele deixou o lugar, Gigi se jogou no colo do marido.
— Agora largue esse controle e beije sua esposa - rindo Jeff sorveu seus lábios. 
Anne estava sentada próximo a Stana brincando com a prima. Ela dava pedacinhos de banana para a filha enquanto a entretinha na brincadeira. Kate não sabia o que olhar ou pegar. Eram tantos brinquedos, luzes, muita novidade. 
— Seu daddy é exagerado mesmo… - ela deixou escapar. Dona Cookie surgiu com Bobby perguntando se os demais aceitavam um café ou eggnog. A resposta foi positiva e ela seguiu para a cozinha. 
— Tia, está sentindo um cheiro estranho? Parece… - ela não terminou de falar torcendo o nariz. Stana cheirou a fralda da filha e riu. 
— Temos uma bombinha aqui. Preciso trocar a fralda de Kate. 
— Bombinha? A tia está sendo boazinha - rindo, Stana se levantou e subiu as escadas. Após a higiene da criança, ela decidiu trocar a roupinha para algo mais especial. Retornou à sala rindo e fazendo cócegas na menina. 
— Quem é o bebê da mamãe? Quem é? Katie! - beijava e soprava a barriguinha da filha que dava umas risadas super gostosas. Ela repetia a brincadeira sentindo as mãozinhas da menina agarrando seus cabelos e gritando de satisfação. Stana gargalhava - mommy ama muito! Sim… - novos beijos e gritinhos. A atenção de Stana foi roubada ao ouvir um comentário. 
— Alguém está se divertindo… - ela virou a cabeça acomodando a filha em seu colo. Michelle. 
— Amor, olha quem chegou - Stana rapidamente passa a mão nos cabelos e ajeita a roupa. 
— Olá, Stana. Quanto tempo… 
— Oi, Michelle - ela se aproximou da amiga de Nathan ainda com a filha nos braços e estendeu a mão cumprimentando-a - feliz natal. 
— Feliz natal. Você não mudou nada exceto a cor dos cabelos. 
— Trabalho. 
— Eu sei, nova série certo? Absentia. E meu Deus! Que bebê lindo. Você é a Katherine. 
— Sim, nossa filha - se adiantou Nathan todo orgulhoso pegando a menina nos braços. Stana reparou na cara surpresa de Michelle, como se quisesse entender se tudo aquilo tinha de fato ocorrido - quer segura-la? Ela é ótima. Não estranha as pessoas. 
— Ela é linda. 
— Nate, você pode deixar Kate com a sua mãe? Sugiro irmos para a varanda a fim de ficarmos mais a vontade para conversar. 
— Dona Cookie está aqui? - Michelle parecia surpresa. 
— Sim, não apenas ela. O pai, Jeff, Gigi… é natal.   
— Ah…vai ser bom rever todo mundo. Colocar o papo em dia, mas antes temos um assunto principal. 
— Verdade - disse Stana - me acompanha até lá fora? - sorrindo, Michelle seguiu a esposa de Nathan. Ele entregou a menina para a mãe e disse que ia ficar lá fora um tempo. Quando chegou na varanda, viu as duas mulheres sentadas se olhando. Aparentemente nenhuma queria começar a conversa. Ao vê-lo, Stana pareceu tomar coragem e falou - eu não sei bem por onde começar. Na verdade, não sei ao certo o que o Nate lhe contou, a extensão. Nem sei se deveria ser eu quem começaria a falar ou você. Deve ter muitas perguntas. Vou deixar você falar - Nathan percebeu que sua esposa estava muito nervosa. Sentou-se do seu lado e segurou sua mão procurando lhe dar apoio. 
— Eu contei tudo, Staninha. Acredito não ter deixado nada de fora. 
— Sim, ele me contou quando começou, os encontros escondidos. O casamento, o encontro dos pais. E sobre a filha de vocês. Não deixou nada de fora. Tem razão, eu tenho perguntas - Stana olhava para Michelle sem conseguir decifrar o que ela sentia. Não sabia dizer se havia frieza, preocupação, desdém. Para ela era tudo isso misturado. Ela estava séria. 
— Pode perguntar. Não tenho nada a esconder. 
— Por que agora? Por demorou tanto tempo? 
— Você está se referindo ao segredo? Acredito que chegamos a uma fase que precisamos evoluir, seguir em frente. À princípio, escolhemos nos preservar especialmente com toda a situação louca do final de Castle. Depois, precisávamos de um tempo para nós. Então veio Kate e o novo trabalho. Talvez a demora seja porque não nos sentíamos prontos. 
— Está se referindo a você, não? Sempre foi do seu jeito - Stana franziu o cenho. 
— Foi uma decisão conjunta. Nós somos um casal, não fazemos nada sem consultar o outro. Essa é a base do nosso casamento, se aplica para o pessoal e o profissional. As vezes que tentamos agir sozinhos acabamos brigando. Confiança, união e amor são as bases do nosso relacionamento. 
— Acho que não me expressei bem. Essa sua decisão de me contar o segredo, está ligada ao lançamento de sua nova série. Quis abrir o jogo por causa de Absentia? 
— Em partes, sim. Porém não foi somente isso. Consideramos a situação de Nate, seus novos trabalhos, a possível série, viagens. E você é amiga dele, praticamente da familia. Somente as pessoas mais próximas sabem. As únicas pessoas que não são familia que sabem são Dara, Chad, Terri e Marlowe, mas não é como se estivéssemos sempre em contato com eles. Demoramos para tomar a decisão para proteger a Kate. Além do mais, nós estamos contando para você. Isso não quer dizer que iremos revelar ao mundo. 
— Não? Pensei que iam alertar a imprensa. 
— Não, Michelle. Sabemos o que a revelação de nosso relacionamento pode acarretar. Seremos alvos de vários paparazzi e repórteres. Temos que priorizar a inocência e a tranquilidade da vida de Kate. 
— Está me dizendo que se a premiere de Absentia acontecer, você vai sozinha?  
— Vou. A vida da minha filha e a felicidade do meu relacionamento com Nate são prioridades. A última coisa que quero é problemas. Não nego que às vezes acho que seria muito mais simples se contássemos e vivêssemos nossas vidas. Então eu lembro que ainda não é a hora. Mais longe já esteve, acredite - o silêncio pairou entre eles. Nathan entendia que era o momento delas, sentia que estava sobrando contudo não estava seguro de que poderia deixa-las à sos. Stana parecia estar um pouco mais calma, ainda assim não iria abandona-la. 
— Nate, será que você pode pegar uma bebida para Michelle? O que você quer beber? Vinho, eggnog, café? 
— Eggnog, para estar no espirito - Stana olhou para o marido e Nathan compreendeu que era apenas uma desculpa para deixa-las sozinha. Reconhecia que a esposa precisava daquele momento. Levantou-se e saiu calado - então, somos somente nós duas agora. 
— Sim, hora da verdade Michelle. Não me esconda nada. O que você realmente pensa de mim?    
— Como assim, Stana? O que eu penso de você? O que quer dizer com isso? 
— Se nós quisermos que isso dê certo, precisamos ser honestas uma com a outra. Eu sei o quanto você é importante na vida do Nate. O quanto sua opinião vale. Você é a irmã que ele nunca teve. Claro que ficou chocada ao ouvir que ele casou comigo. Quem não ficaria à princípio? Aposto que pensou Stana, a mesma Stana Katic que parecia fazer um jogo de sedução, o gato perseguindo o rato. Ela é a esposa de Nathan agora. Loucura, não? Acredite, em vários momentos me perguntei se isso era verdade ou sonho. Felizmente, meu amor por ele sempre falou mais alto e a verdade permaneceu. No inicio, a imagem que posso ter passado a você e a tantas outras pessoas foi a de loba em pele de cordeiro. A mulher bela e sexy que se faz de boba para fazer o Nathan cair de quatro. Sabe qual é o lado mais estranho desse pensamento? Eu sou a insegura da relação, sou a medrosa, a que analisa. Ele… Nate é o homem mais charmoso e apaixonante que já conheci. Carinhoso, atencioso, é impossível não se deixar conduzir por ele. O que começou mascarado de atração virou sentimento verdadeiro. Cada momento bom e ruim que enfrentamos durante esses anos valeu a pena. Nós evoluímos como pessoas e como parceiros. Ele me apoiou incondicionalmente quando eu fraquejei. Ele foi meu esteio, manteve a fé por nós dois. Nunca deixou de confiar e de acreditar. Toda a felicidade que encontrei na minha vida, eu devo a ele. Mesmo com seus defeitos, sua teimosia, eu sou incapaz de parar de ama-lo. Eu o amo por tudo o que ele me deu, pelo homem que é, pela nossa familia. Eu faria qualquer sacrifício por Nathan. Eu amo meu marido com todo o meu coração. Podemos ter começado de modo estranho, mas chegamos até aqui porque o que sentimos é amor verdadeiro. Ninguém poderia duvidar dos meus sentimentos por ele. 
Stana calou-se fitando Michelle, os olhos cheios de lágrimas, emocionada. Não percebeu, mas Michelle sim. Ela brincava com o seu anel de noivado e a aliança rodando-os em sinal de nervoso. Michelle suspirou. 
— Eu tenho que confessar. Vim até aqui para verificar de perto. Entender porque Nathan se casou com você. Não me leve a mal, como irmã eu me preocupo demais com isso. Eu sinto que você tem um certo bloqueio comigo. Não me interprete erroneamente, Stana. Eu sempre a admirei como profissional, artista. Você se doa em seus trabalhos. Francamente, até hoje não sei como você conseguiu filmar aquele episódio final sabendo que a demissão batia a sua porta. Bravo! O que me incomodava era a mulher. Porque você passava uma imagem de femme fatale, linda, sexy. Exercia poder sobre todos que estavam a sua volta. Sim, você sabe ser divertida, boba e moleca também. Quando eu via Nate todo bobo, tecendo mil elogios a você eu me perguntava como você podia brincar com ele assim. Várias foram as vezes que ele chorou as suas mágoas e se embebedou por sua causa, meu ombro esteve sempre ali. Pronto para ouvir as lamentações ou o quanto você era maravilhosa e me perguntava o que eu poderia fazer para tira-lo desse transe, dessa paixão platônica que desenvolvera. Eu não tinha a resposta. Cheguei a pensar em lhe enfrentar, porém a consequência para o trabalho de ambos podia ser desastrosa. Então a noticia do casamento foi realmente um choque. Eu tentei agir da melhor maneira, esperava compreender o que de fato Nate queria me dizer. Surpresa, talvez um pouco feliz por ver a felicidade estampada nos olhos azuis, o brilho na face dele ao falar de você e de Kate. Eu não acreditava que você pudesse de fato gostar dele. Até agora - Michelle esticou a mão tocando a de Stana. 
— Eu nunca ouvi uma declaração de amor como essas em toda a minha vida exceto em filmes. Nunca presenciei uma emoção tão real. Agora eu sei porque ele a ama tanto. Há cumplicidade e verdade em suas palavras. Stana, me desculpe se duvidei de você. E-eu errei querendo protege-lo e você… ninguém merece Nate mais que você. Sinto muito por tudo - uma lágrima escapou deslizando pelo rosto de Stana. 
— Obrigada, Michelle - a assistente se levantou e a abraçou. 
— Não, obrigada você por faze-lo feliz. Achei que isso nunca aconteceria com Nate - elas ficaram se encarando. Os sorrisos surgiram nos rostos. Nathan ouvira toda a conversa. O coração disparava de amor e orgulho pela esposa. Ela o surpreendera mais uma vez. Respirou fundo criando coragem para se juntar as duas. 
— Hey… alguém pediu eggnog? - ele segurava dois copos. Entregou um para Michelle e colocou o outro na mesa de centro - desculpe, Mi. Eu preciso fazer isso - ele segurou Stana pela nuca e sorveu seus lábios em um beijo apaixonado. Ao se separarem, ele a fitou - eu amo você, Staninha. 
— Ok, estou sobrando nessa. É uma boa hora para falar adequadamente com os outros, ver dona Cookie e conhecer a famosa Katherine.       
— Por favor, vem comigo - disse Stana saindo na frente. Deixou Michelle passar e voltou a olhar para o marido. Sorriu e sussurrou - obrigada, babe - ela entrou na sala chamando pela sogra - dona Cookie? Tem alguém querendo vê-la. Katie… cadê a pequena da mamãe? 
— Dada… - Kate que estava no colo da avó se jogou para a mãe. Gigi estava sentada no colo de Jeff quando viu Michelle mexendo com a sobrinha. Bob levantou-se para cumprimenta-la. 
— Meu Deus! Você é muito linda, Katherine. Como não poderia? Os olhos azuis do pai, as feições da mãe. A boca é toda sua, Stana. 
— E o traseiro herdou do pai - elas riram - parece uma patinha engatinhando imagina quando andar. Quer segura-la? - Stana entregou a filha para Michelle que estava encantada com a menina. 
— O que acha, Michelle? O bolha sabe fazer menino, não? Minha neta é linda. O que não é difícil graças a mãe. 
— É Bob. Genética abençoada. Dona Cookie finalmente alguém atendeu seus pedidos e lhe deu uma neta. E eu achando que Jeff ia ser o primeiro. 
— Eu também achei, mas tudo tem um propósito. Ele estava esperando por alguém especial. 
— É claro que ela está falando de mim - Gigi apareceu rapidamente na frente de Michelle - prazer, sou Gigi Katic, esposa de Jeff e irmã da Stana. Ainda não nos conhecemos embora tenha ouvido bastante sobre você. 
— Muito prazer, Gigi. Então você conseguiu convencer aquele bobo do Jeff a casar. 
— Já que você não teve coragem, obrigada aliás! 
— Gigi! - Stana a repreendeu. Bob ria sozinho. 
— O que? Todo mundo nessa familia sabe que a Michelle tinha uma paixonite pelo meu Jeff - a ênfase no “meu” fez Bob gargalhar mais alto. Jeff que acabara de ficar ao lado da esposa já estava vermelho feito pimentão. 
— Quem disse isso? O Nate? Gigi, você não pode acreditar em tudo o que ele fala. Fez para provoca-la. 
— Não tente me enganar, Jeff falou para mim que você tinha um lance com ele mesmo platônico, viu? Meu marido e eu não temos segredos - foi a vez de Michelle ficar vermelha - não se preocupe, ele é louco por mim e sabe do que sou capaz se sequer cogitar a ideia de me trair. 
— Jeff… o que você andou dizendo? 
— Só a verdade… mas isso foi há décadas atrás. Agua embaixo da ponte. Somos amigos, quase irmãos. Ela sabe, Mi. 
— Verdade, pode até abraça-lo e beijar se quiser para matar as saudades. Eu deixo. 
— O que eu falei, Mi? A rédea é curta ai - disse Nathan. 
— Cala a boca, Nathan. Você é o primeiro a criar confusão. Deixa a Michelle, o que ela vai pensar de mim? De nós? 
— O que ela já sabe: que somos um bando de loucos apaixonados. 
— É. Vou ser obrigada a concordar com você, cunhadinho! - e tascou um beijo na bochecha de Nathan. 
— Eu disse que ela era doida… - Michelle ria. 
— Minha nora não é o máximo? - perguntou Bob todo orgulhoso - as duas são. 
— Que adição à familia! - disse Michelle. 
— Quer comer um doce, minha filha? Especial de natal, mouse de chocolate e sabe porque não? 
— Chocólatras em ação. Eu aceito, dona Cookie - o resto do dia correu muito bem. Michelle ouviu as novidades da vida de Jeff, contou alguns acontecimentos da sua vida depois que se curou da doença e acabou jantando com eles. Ao se despedir agradeceu por tudo e desejou tudo de bom a todos, em especial a Stana. Jeff e Gigi resolveram aproveitar a chance e irem para casa também arrastando os pais com eles. Por sorte, dona Cookie fizera Kate dormir depois do jantar o que facilitaria a vida de Stana. Antes de ir, Michelle fez questão de reafirmar o que dissera antes a Stana. 
— Foi um prazer conhecer esse novo ambiente familiar de Nate. Stana, quero que saiba o quanto a nossa conversa foi importante. Eu espero que tenha entendido tudo e sinceramente desejo toda a felicidade do mundo a vocês dois. E parabéns pela menina linda. Katherine, acredito que não tinha nome mais apropriado. 
— Obrigada, Michelle. Saiba que a casa está sempre aberta. Venha nos visitar mais vezes. 
— Claro! E o que vocês precisarem, é só me falar - elas trocaram um beijo e Nate abraçou a amiga levando-a até o carro. 
— Obrigado por nos dar uma chance, Mi. 
— Que isso, Nate. Foi um susto no início, mas você realmente está feliz. Isso é tudo que importa. 
Sozinhos, Stana se deixou aconchegar nos braços do marido. Por alguns instantes, ela ficou inalando o cheiro dele pela pequena abertura da camisa. De olhos fechados, ela sentia os carinhos do marido em sua nuca, nas costas. Abrindo os olhos, ela tornou a fita-lo. 
— Deu tudo certo. 
— Eu disse que ia ficar tudo bem, amor. Mais do que bem. Staninha, você me tirou o chão com aquela declaração. 
— Você estava escutando? Nathan! Era uma conversa particular! 
— Talvez, uma conversa íntima que dizia respeito a mim e a você. Eu amei cada palavra. 
— Eu só disse a verdade - ela passou o polegar nos lábios dele - o que você acha de termos a nossa comemoração de verdade agora? 
— O que você pretende, Staninha? 
— Te levar para o quarto e fazer amor até perder os sentidos. Parece convidativo? 
— Deus! Deve ser o presente do papai noel. O que estamos esperando? - eles subiram as escadas correndo. Chegando no quarto, o ritmo mudou. A urgência e a pressa foram substituídas por carinho, zelo e a descoberta prazerosa oriunda do toque. Devagar, Nathan tirou a blusa que usava, abriu o sutiã expondo o colo nu. Sorriu. Começou lentamente a beijar o pescoço dela, descendo para o colo. Uma mão ia em direção ao seio, brincava com o mamilo fazendo-o despontar eriçado. Os lábios devoravam a boca da esposa levando a uma mistura de sons quase ininteligíveis. Sentiu as mãos dela em sua calça. O botão ficara para trás e ele se afastou dela. Tirou a camisa pólo que usava jogando-a no chão. Baixou as calças levando a cueca junto. Completamente nu, ele retirou a outra peça de roupa que Stana usava deixando-a somente de calcinha. As mãos acariciavam sua cintura guiando-a até o colchão. Ela não resistiu em toca-lo. Agarrou o membro já excitado. Sentiu-o pulsando em sua palma. Tudo para ela, por ela. O pensamento a fez arrepiar e sentiu a umidade aumentar em seu centro. 
Finalmente, ele a deitou na cama. Com os lábios e a lingua percorria todo o corpo dela. Cada pedacinho de pele sendo tocado, explorado, adorado. Afastou as pernas de Stana o que a fez gemer em antecipação. Contudo não era a hora, não ainda. Ele acariciava o interior de suas  coxas enquanto a boca sugava o seio, mordiscava o mamilo e fazia o corpo da esposa se contorcer e arquear. Deixando uma trilha de beijos, ele chegou ao centro. Usou os dentes  roçando em sua pele para atiçar o desejo dela ainda mais. Beijou-lhe o clitoris e sentiu o puxão que ela deu em seus cabelos, como se implorasse para toma-la. Sorrindo, ele a provou. 
Os movimentos dos lábios a deixavam zonza, o jeito que usava a lingua. Tudo era apaixonante demais, intenso demais. Luxuria e desejo expressos abertamente. Ela sentiu os dedos de Nathan a invadirem e sua boca roubar um beijo ríspido. A explosão estava prestes a acontecer. Então, ele a penetrou devagar. A cada estocada, ela se via fechando os olhos e experimentando a sensação de estar sendo invadida, sendo preenchida. Quando estava completamente dentro dela, a chamou. 
— Abra os olhos, amor - ela obedeceu. Estava à beira de um orgasmo. Loucamente à mercê de suas caricias. Ele continuava penetrando-a, indo e vindo numa dança sensual e prazerosa. A cada nova estocada, o ritmo aumentava. Ela o acompanhava. Vários beijos trocados, dedos entrelaçados e por fim, o inevitável aconteceu. O grito que se sucedeu ao tremor da antecipação do orgasmo ecoou pelo quarto. Ambos receberam o climax juntos. Um só corpo. As respirações misturadas aos gemidos até que ele pendesse seu corpo totalmente sobre o dela. 
Stana empurrou o marido para o lado. Não porque ele a estava sufocando e sim porque queria deitar-se sobre ele, sentir sua pele com os dedos, devolver as caricias de antes. Ela esfregou o nariz no peito dele inalando profundamente o cheiro da pele masculina. As unhas brincavam deixando marcas por onde passavam. Ergueu a cabeça e sorriu fitando-o. 
— Eu senti sua falta. Demais. De fazer amor com você, de deitar meu corpo sobre o seu. Meu conforto, meu travesseiro particular. Não acordar ao seu lado todos os dias é bem chato - ele riu puxando-a pelo pescoço e beijando seus lábios. 
— Quer dizer que você me ama mesmo com toda a minha teimosia? - ela riu. 
— Você não? 
— É uma das coisas que mais aprecio em você. Seu jeito amável e a teimosia. Que nada! Eu amo tudo em você, qualidades, defeitos, a sinceridade do seu olhar. Tudo, Stana. 
— Nate, eu quero te pedir uma coisa. 
— Qualquer coisa, Staninha. Depois da declaração de amor que você fez hoje, terei que trabalhar duro para compensar. 
— Você tem ideia do que foi me abrir e despejar tudo o que você significa para mim para a sua melhor amiga? Alguém que não me achava digna de você? Nate, foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. É por isso que essa noite é tão importante para mim. Eu adoro o jeito que você faz amor comigo, delicado, carinhosamente. Eu me sinto adorada, muito amada. Meu coração hoje precisa de algo mais. Quero que você me leve de volta para onde tudo começou. Para o momento que percebi que lutar contra o que sentia por você era uma batalha perdida. O dia que a minha guarda veio abaixo - ela acariciou o rosto dele - faça amor comigo do modo que me beijou em Always. Traga o desejo louco da espera outra vez. 
— Quer que eu repita o que fizemos naquele dia? 
— Não seria repetir, seria elevar o que nos fez entender que lutar era bobagem. Aquele desejo, a vontade ansiada durante anos. Eu preciso sentir aquele momento outra vez. Hoje de todas as noites é o momento de revivermos o nosso always. 
Ele a fez sentar na cama. Beijou-lhe os lábios com ternura. Levantou-se da cama puxando-a consigo. De frente para ele, Stana estava de costas para uma das paredes do quarto. Nathan a fitava, em seus olhos ela viu desejo. 
— Você quer paixão, sexo e amor em um único gesto. Ah, Stana… isso é muito fácil de acontecer. Basta eu olhar para você. A lembrança daquele dia me deu a chance de ser feliz - ele respirou fundo. Passou a mão vagarosamente pelos cabelos dela, o polegar roçou seu rosto e quando menos esperava, Stana foi surpreendida pela mesma pegada de anos atrás. Ele a puxou pela nuca e envolveu-a em um beijo avassalador então a empurrou contra a parede. Os lábios se provocavam, se exploravam. As mãos de Nathan desciam pelo pescoço dela tocando-lhe os seios enquanto a boca descia pelo colo, beijava o meio dos seios dela e voltava a fita-la. 
Outra vez, ele a pegou desprevenida. Com as mãos no bumbum dela, ele a ergueu do chão. Stana atracou as pernas na cintura dele com um grito. Nathan mordiscava seu pescoço de leve, beijava a pele vermelha e finalmente a penetrou. Stana agarrou-se nele sentindo os movimentos ritmados e rápido com que ele a tomava. Suas costas batendo contra a parede, os arrepios percorrendo seu corpo. Desejo, loucura, amor. Ela mordiscava o lóbulo da orelha dele, Nathan se aprofundava dentro dela. Mais e mais. Quando pressentiu que a explosão estava próxima de toma-los, ele a beijou de modo avassalador e se deixou esvaziar aos gritos de prazer dela. 
Imóveis, eles permaneceram de pé. Nathan continuava apoiando-a. Stana riu e encheu o pescoço dele de beijos. Ele a imobilizou outra vez contra a parede. Deixando suas pernas deslizarem e tocarem o chão, ele a fitou. Ergueu os dois braços dela segurando com apenas uma mão. Ela se deixava levar. Abaixou a cabeça e sugou vagarosamente um de seus seios, a lingua provocando o mamilo. Gemidos e seu nome era tudo o que ela conseguia dizer. 
— Nate… oh, sim… - a boca do marido seguiu subindo o pescoço até os lábios não para beija-los, para mordisca-los. De repente, ele a colocou de costas. Entrelaçou seus dedos aos dela enquanto um dos braços a envolvia pela cintura. Ele a penetrou de uma vez. Não esperou a reação dela, simplesmente a tomava, de novo e de novo. Stana virou o rosto para fita-lo, roubou-lhe um beijo. Um de seus braços desceu beliscando o bumbum dele desajeitadamente devido a posição. Ele riu e afundou-se ainda mais dentro dela. Agora ele segurava a sua cintura forçando-a contra si. Deus! Aquilo era bom demais. O corpo dela começou a enfraquecer, outro momento de prazer se aproximava e ela se deixou levar. 
Suados e ofegantes, eles se deixaram apoiar na parede. Nathan a abraçou ainda na mesma posição, por trás. Beijou-lhe o ombro e sussurrou no ouvido dela. 
— Always? 
— Muito além de always - sorveu os lábios dele vagarosamente e o puxou para a cama. Aconchegando-se nos braços um do outro, adormeceram. 

XXXXXX

No dia seguinte após o café, Nathan tratou de cuidar do que prometera a cunhada. Conversou com Ryan e se ofereceu para marcar uma visita com uma ótima decoradora. Tinha certeza que ela podia ajuda-lo na reforma da casa de Malibu. Certificando-se que Gigi estava disponível, marcou o encontro para a manhã seguinte em um café. De lá, Ryan a levaria até a propriedade e lhe contaria qual a sua ideia para reforma-la. O amigo concordou na hora. Sabia que poderia confiar nas indicações de Nathan. 
Feliz com o retorno, ele ligou para a cunhada informando o local do encontro. 
— Eu não estarei lá. É tudo por sua conta, Gigi. Surpreenda o cara e terá o projeto. 
— Ótimo! Não irei decepcionar. Cadê a sis? Preciso dar uma palavrinha com ela - Nathan passou o celular para Stana - hey, sis! Só queria confirmar, será que dá para almoçarmos depois de amanhã? É que eu já queria deixar o Markus avisado e eles viajam dia 30 para passar as férias com a mamãe. Prometemos a Anne. 
— Sim, prometemos. Mas acho que essa urgência toda não tem nada a ver com Anne. O que realmente está acontecendo, Gigi? 
— Uma coisa de cada vez. Primeiro, meu compromisso com Ryan. Depois, o nosso almoço. Pense assim, quanto mais cedo fizermos isso, mais tempo você terá para curtir seu maridinho. 
— Sei, sei… tudo bem, Gigi. Será como você quiser. Te vejo depois de amanhã - desligou o celular. 
— O que tem depois de amanhã? - perguntou Nathan. 
— Você e Jeff vão ficar de babás e se esbaldar no videogame na companhia de Anne. Eu e a sis temos um almoço muito importante. 
— A Gigi sempre roubando a cena. Esses dias deviam ser somente nossos. 
— Eu sei, babe. Até que estamos aproveitando muito bem, não acha? Especialmente ontem à noite - ela beijou-lhe os lábios - E não será nenhum sacrifício jogar videogame com a Anne e seu irmão. Não precisa disfarçar. Vou pegar a Kate e iremos para a piscina. Quer se juntar a nós? 

— Com prazer, Staninha.  


Continua... 

domingo, 22 de outubro de 2017

[Castle Fic] A (Im)Perfect Love Story - Cap.27


Nota da Autora: Mais um pedaço dessa historia para vocês. Nesse capitulo, tem cena de amizade, supostas confusões, uma pilhada no casal Grey's Anatomy e momento maternidade. As musicas inseridas nesse capitulo são especiais. Eram musicas que minha mãe cantava para mim quando era pequena. Postei esse capitulo com um dia de antecedência para evitar me render a tentação, certo Lee? (Je suis prest? Hahaha... ) Enjoy! 


Cap.27 

O dia do encontro com Johanna chegou. Conforme combinado, Castle se dirigiu até o café que ficava na frente da lavanderia. Johanna ja colocara as mudas de roupa nas maquinas e teria que esperar pelo menos uma hora para move-las para a secadora. Sendo assim, atravessou a rua não ficando surpresa por ver Castle sentado em uma das mesas bebendo um pouco de agua. 
— Demorei? - ela inclinou-se para beija-lo na bochecha. 
— Não, acabei de chegar. O que quer beber? 
— Um cappuccino está ótimo. 
— Vou acompanha-la e pegar algo para beliscarmos - Castle se levantou, ordenou os cafés e voltou para a mesa com muffins e duas fatias de bolo de banana. 
— Eu avaliei suas perguntas e os assuntos listados. Antes de responder, eu preciso ouvir qual a sua ideia, em que contexto estaremos inserindo as doenças ou os medicamentos e tratamentos. Pode me dar um resumo do que está pensando? 
— Claro, vou contar a ideia principal das mortes e você me diz como tudo se encaixa - eles começaram uma conversa bastante animada. Castle ficou extremamente satisfeito ao ver como Johanna entendera o conceito e contribuiu inclusive sugerindo alterar alguns pontos que certamente não seriam pertinentes do ponto de vista médico nem mesmo do leitor, afinal hoje em dia as pessoas estavam bem informadas ou assistiam dramas médicos e estavam ficando bem exigentes. A conversa durou cerca de três horas apenas com um breve intervalo de quinze minutos para que Johanna fosse até a lavanderia e colocasse as roupas na secadora. Foi exatamente no momento que retornava para a cafeteria e sentava-se fazendo uma piada sobre as roupas de Paul que algo inesperado aconteceu do lado de fora. 
Enquanto Castle e Johanna conversavam e riam, Esposito e Ryan estavam passando na frente do café procurando por um endereço. Claro que os olhos de lince do sargento não perderam a cena dos dois, nada passava desapercebido a Esposito. Ele freou o carro bruscamente. 
— O que você está fazendo, Espo? Quer provocar um acidente? 
— Não tem ninguém atrás de nós. Há algo mais importante e pode se tornar um homicídio. Olha ali! Aquele é Castle com aquela ruiva, a tal amiga de Beckett. O que será que estão fazendo aqui sozinhos? Parecem bem animados. Não vejo a Beckett em lugar algum. 
— Ela deve estar no banheiro. É, eu reconheço a mulher. É a médica que salvou a vida dela. Beckett me contou uma vez quando estava me treinando para substitui-la. 
— Acho que Castle está tendo um caso com ela. 
— Não, Espo! Não ouviu nada do que eu disse? Claro que isso é uma ideia absurda. Castle ama Beckett, eles acabaram de ter uma filha. Não faz sentido algum. 
— Como não? Você mesmo disse. Eles acabaram de ter uma criança. Beckett estava gravida, o que significa que Castle está na seca há algum tempo. Vai me dizer que não acha, no mínimo, estranho? Essa médica entra na vida deles, em pouco tempo é super presente e sem esquecer que ela é ruiva, faz o tipo de Castle ou você ja esqueceu da primeira esposa dele, Meredith? 
— Castle não tem um tipo, Espo. Que parte de que a médica salvou a vida de Beckett você ainda não entendeu? E isso é irrelevante de qualquer forma. Ele está casado com Beckett, esperou anos por ela. Você realmente acha que iria jogar tudo fora porque não faz sexo há alguns meses? - pela cara de Espo, Ryan sabia que não convencera o parceiro com seu discurso - Espo, você precisa de um relacionamento urgente. Castle não está traindo Beckett. Você sempre pensa mal do cara, foi igual naquele caso onde o 3XK quis incrimina-lo. Saiu logo acusando-o de traição. 
— Sou realista. Como você explica isso? 
— Um encontro de amigos. 
— Até onde sei ela é amiga de Beckett. 
— Ela é amiga dos dois. Quer parar com isso? Temos trabalho para fazer. E vê se esquece esse assunto. Qual o endereço que procuramos mesmo? 
— 596, 17th St. 
— É do outro lado da rua mais embaixo. Dirija - Esposito obedeceu, mas não estava totalmente convencido da cena que vira. 
Quando toda a roupa estava seca, a maioria dos pontos que precisavam discutir estavam cobertos, Castle e Johanna resolveram deixar o café. Como ele havia pegado um taxi, Johanna ofereceu-se para leva-lo de volta ao loft. Havia prometido para Kate que hoje acabaria com o medo dela com relação ao banho de Lily. 
Coincidência ou não, no momento em que Castle e Johanna entravam no carro, Esposito e Ryan voltavam de sua investigação. 
— Olha lá! Castle está entrando no carro dela. Como pode negar que estão juntos? E Beckett está em casa cuidando da filha. Que cara de pau! 
— Javi! Quer parar? Isso não prova nada! Castle sempre pega carona, ele não gosta de dirigir na cidade. Essa sua desconfiança já está me irritando. 
— Você que se recusa de ver o obvio. Deixe de ser ingênuo, Ryan. 
— Não, sua mente que enxerga maldade em tudo. Vamos, temos que checar a nova pista que recebemos. Chega dessa conversa chata. Deixe os dois curtirem a filha e pare com essa teoria da conspiração. 
— É, estou vendo Castle curtindo bastante enquanto Beckett faz o trabalho pesado - resmungando, eles continuaram o caminho de volta ao distrito. 
Castle e Johanna chegaram ao loft e encontraram Beckett com a pequena Lily nos braços conversando com a sogra. A menina estava alimentada e acordada o que fez Johanna rouba-la imediatamente do colo da mãe. 
— Trabalharam muito? 
— Foi uma conversa bem proveitosa. Estou pronto para colocar tudo em palavras e cenas. Johanna foi ótima. Minha cabeça está fervilhando de ideias. Ah! - ele abriu a jaqueta tirando um saco de papel do bolso - trouxe para você. Bolo de banana com nozes - entregou o saco para a esposa e inclinou-se para beija-la - como está minha princesa? 
— Ótima. Comeu bastante, dormiu. Vovó conversou com ela… - Beckett mordeu um pedaço do bolo - hum, estava precisando disso. 
— Parece que não vou ter a chance de segurar minha própria filha. Johanna se apossou dela. O que é ótimo. Podemos deixa-la tomando conta de Lily e ter um dia somente para nós dois. O que acha, amor? 
— Sua ideia é ótima, Castle. Eu não me importo nem um pouco, mas pode esquecer porque isso não vai acontecer tão cedo. Kate está amamentando e sinceramente espero que continue por pelo menos seis meses. Bebês criados a base de leite materno são mais saudáveis e resistentes. 
— Seis meses? Não, eu tenho certeza que nós podemos fazer algo antes e… - Johanna o interrompeu. 
— Se está pensando em sexo, está certo. Relaxe, não vai esperar seis meses por isso. 
— Joh! - Beckett exclamou mas logo estava rindo com a amiga. 
— Vocês são duas implicantes! 
— Opa! Acho que Lily acabou de deixar um presentinho na fralda. Excelente oportunidade para um banho. Vamos, mamãe - ela viu Beckett morder os lábios - hey! Nada de se acovardar agora. É a sua chance. Lily quer tomar um banho, bebê? - juntas, elas seguiram para o quarto da menina. Ainda com Lily no colo, Johanna dava as instruções para Kate de como encher a banheira, checar a temperatura da agua, colocar tudo o que precisaria por perto e finalmente deitou a criança sobre o trocador. 
— Pode começar. Primeiro retire a roupa e a fralda. Certifique-se de que o excesso de sujeira no bumbum foi retirado. Assim facilita a limpeza e torna o banho mais rápido. Sim, porque mesmo a agua sendo quente o suficiente para aquecer o corpinho, o bebê não deve ficar muito tempo na agua. Sua pele enruga rápido. Tudo pronto? 
— Sim, o que devo fazer? 
— Coloque Lily em seus braços de barriguinha para cima - Kate obedeceu ainda receosa - faça uma conchinha com sua mão e gentilmente molhe a cabecinha de Lily enquanto deixa as perninhas dela em contato com a agua - ela observou os gestos da amiga, apesar da apreensão Kate se saia muito bem. Johanna continuou dando as instruções guiando Beckett pelo banho. O passo a passo surtiu efeito e quando ela sentiu-se insegura para virar a filha de bruços, Johanna estava a postos ao seu lado para socorre-la como uma mãezona. Terminado  o banho, ela a ajudou a enrolar Lily na toalha e partiram para a segunda lição. Enxugar e vestir, o que incluía um rápido cheque do nariz e dos ouvidos. Ao terminar, Beckett contemplou sua pequena completamente vestida e cheirosa. 
— Como você está linda, Lily! Mamãe ama! Daddy vai ficar todo bobo ao vê-la com essa roupinha azul combinando com os olhos dele. 
— Missão cumprida com sucesso. Como se sente, Kate? 
— Bem, não é tão difícil quanto parece embora eu não me sinta totalmente segura para vira-la. 
— Com o tempo você se acostuma. E fica melhor à medida que crescem. 
— Bom saber disso. Joh, muito obrigada por ter feito isso. Eu sei que Martha provavelmente faria o mesmo se pedisse, mas acredito que me senti mais segura fazendo isso com você. Sei que terei bastante tempo para treinar e me sentir melhor com a experiência, ainda assim… significou muito para mim. 
— Que isso, Katie… foi um prazer! Sempre que precisar basta pedir. Qualquer dúvida não hesite em me contatar. Acho que o mesmo vale para Charlotte - Beckett sorriu e Johanna não resistiu dando um abraço apertado na amiga repetindo o mesmo carinho na nuca que já fizera outra vez fazendo Beckett lembrar da própria mãe - você está se saindo uma mamãe maravilhosa. Lily se orgulha de você e eu também - ela deu um beijo estalado na bochecha de Beckett - agora pegue sua filha no colo e leve para ver o papai. Algo me diz que ela dormirá em breve e eu preciso ir andando, tenho um jantar para preparar. 
— Eu pensei que ficaria para jantar conosco. 
— Não, tenho meu moreno para agradar embora ele só vá estar em casa após a meia-noite. De qualquer forma, tenho minhas obrigações domesticas a cumprir. O patrão é bem exigente. Só eu para arrumar um homem neurótico por limpeza - elas riram. 
— Falando nesse homem especificamente não vai rolar um pedido? 
— Kate, quer parar? Estamos bem assim - ao ver a filha toda arrumada no colo de Beckett, Castle sorriu. 
— Minha princesa, você está tao linda! Pediu essa roupa para combinar com os olhos do papai, amor? Vem cá, Lily - ele tirou a filha dos braços de Beckett e começou uma conversa intima com ela. 
— Eu vou andando, meu trabalho por aqui está finalizado por hora. Castle, se precisar de mais alguma informação é só me ligar - beijou Kate, cumprimentou Martha e deixou o loft.   
Lily já completara mais de quarenta dias e Beckett estava se acostumando de fato aos horários e a rotina. Não estranhava acordar tantas vezes de madrugada embora o cansaço permanecesse presente durante todo o dia. Ela adorava os momentos que passava com a filha, especialmente quando a amamentava. Beckett sempre cantava ou falava sobre Castle, o futuro e dela mesma. Hoje, sentada na poltrona enquanto Lily tomava a sua terceira mamada do dia, ela cantarolava “Tickle, tickle little star”. Ao terminar, emendou com outra canção. 
“Frère Jacques, Frère Jacques 
Dormez-vous ? Dormez-vous ? 
Sonnez les matines ! Sonnez les matines ! 
Ding ! Daing ! Dong !” 

— Minha mãe cantava essa musica para eu dormir, Lily. Havia uma outra também. Oh, meu amor! Agora que lembrei era do filme Lili. Posso cantar para você. 

“A song of love is a sad song
Hi-Lili, Hi-Lili, Hi-Lo
A song of love is a song of woe
Don't ask me how I know
A song of love is a sad song
For I have loved and it's so
I sit at the window and watch the rain
Hi-Lili, Hi-Lili, Hi-Lo
Tomorrow, I'll probably love again
Hi-Lili, Hi-Lili, Hi-Lo”

— A vovó Johanna adorava contar o que ela fazia quando eu era bebê. Mesmo com três ou quatro anos, ela continuava cantando para mim além de outras musicas. Do re mi, mal posso esperar para você assistir “The Sound of Music” comigo. Tem outra também, era assim: 

“When I was just a little girl I asked my mother what will I be
Will I be pretty will I be rich
Here's what she said to me
Que Sera Sera
Whatever will be will be
The future's not ours to see
Que Sera Sera
What will be will be” 

Beckett suspirou. Ela podia ouvir a voz da mãe cantando deitada ao seu lado na pequena cama. Reparou que a menina adormeceu. Colocou a filha no berço, cobriu-a e com a babá eletrônica nas mãos, ainda mexida com as lembranças ela foi à procura do marido. A rotina das duas últimas semanas era simples, enquanto Beckett cuidava da filha, Castle escrevia. A reunião dele com Gina era dali a três dias. Estava na reta final de seu draft. 
Sorrateiramente, ela escorou-se na porta do escritório para observa-lo. Castle estava de pé fitando o monitor a sua frente que continha um emaranhado de informações a exemplo do primeiro modelo que vira anos atras quando o conheceu e ele se aventurava na primeira historia de Nikki Heat. Seu quadro de evidências da ficção como ele mesmo gostava de chamar. Castle estava de costas para ela, tinha a mão no queixo e vez por outra se aproximava do monitor e mexia em algo. Trocava uma anotação de lugar, checava uma foto, pegou até o notebook para escrever uma ideia a fim de não perde-la. 
Observar o marido trabalhando era muito interessante e de repente, Beckett percebeu o quanto era prazeroso também. Desligando-se do quadro, ela passou a examinar o marido. Seu corpo, seus movimentos. Pela primeira vez em algum tempo, teve uma vontade louca de beliscar aquele bumbum imponente, não apenas isso, queria tirar suas roupas também. Estava sentindo desejo outra vez? Sorriu. Sim, flashbacks de longas noites fazendo amor com ele voltavam a sua mente e como resultado, ela experimentou um arrepio em sua pele. A mente pensava em cada passo para tirar a roupa de Castle, cada gesto. Sentir seu corpo, sua pele, toca-lo por inteiro. Quase podia inspirar o perfume característico dele. Percebeu que seus mamilos rapidamente se eriçavam. No fundo, apesar das respostas de seu próprio corpo, Beckett não se acha completamente pronta para voltar a fazer amor com ele ainda. Ou ela assim pensava. Claramente o desejo existia, então porque ela não dava o proximo passo? 
Lily. De certa forma, ela ainda sentia-se insegura quanto à fase que vivia. Se voltasse sua atividade sexual normal estaria influenciando em algo para a filha? Teria problema? Eram perguntas que Beckett não sabia as respostas e por esse motivo, ela preferia esquecer o assunto por mais um tempo. 
Isso não a impedia de abraçar e beijar o marido. Foi o que fez seguindo o impulso que a tomava. 
— Hey… que surpresa boa. Posso assumir que Lily dormiu. 
— Dormiu. E você? Como anda o seu draft? 
— Bem, preciso apenas terminar mais duas cenas e finalizo o que irá compor os cinco capítulos. Depois é só escrever. 
— Espera, você está dizendo que ainda não escreveu nada? 
— Claro que sim. Escrevi o resumo de toda a historia e os três primeiros capítulos. Mais dois e reviso tudo antes da reunião com Gina. 
— Ótimo! - ela ainda estava agarrada à cintura dele. Curiosa, passou a observar os detalhes expostos no monitor. No canto superior direito, ela viu um sticky note com o seguinte titulo: “Para depois”. Logo abaixo havia dois pontos que chamaram sua atenção. Visita secreta e briga com uma informação entre parêntesis “passado - agente CIA?”. No mesmo instante, não conseguiu se conter - Castle, o que significa aquela nota ali?
— A curiosidade matou o gato, capitã. Eu avisei que não darei spoilers. 
— Não quero spoilers. Estou perguntando se essa nota se refere a aquela sua personagem chata dos outros livros. 
— Não vou lhe responder. Terá que esperar. A única coisa que posso dizer é que não existe historias de Nikki sem angst. Caso contrário nem teria chegado tão longe. 
Beckett beijou-lhe as costas e forçou a virar-se de frente para ela a fim de sorver seus lábios por um instante. As mãos acomodaram-se no bumbum dele - hum… melhor assim - beliscou de leve, tornou a olhar para o monitor. De repente, ela se afastou um pouco apenas para agarrar com as duas mãos a gola da camisa que ele vestia - vou lhe dar um aviso. Se seu angst envolver aquela agente idiota ou qualquer problema entre Rook e a personagem inspirada em Johanna, não será Gina quem boicotará seu livro. Serei eu. 
— Ow! Detecto ciúmes, capitã? Se não estou enganado, você já tinha feito essa ameaça antes. Está mesmo preocupada com Rook. 
— Nikki e Rook estão bem. Não precisam de ninguém para atrapalha-los. 
— Bem, você terá que esperar eu terminar o livro. 
— Veja lá o que vai aprontar, escritor - ela sentiu os braços de Castle puxa-la com mais força colando seu corpo no dele. 
— Eu adoro essas suas demonstrações de ciúme e possessão. 
— Possessão? 
— Sim, Rook é de Nikki e eu sou seu. Fim de papo, desse jeito - ele sorveu os lábios dela em um beijo intenso. A temperatura entre eles esquentou e quase sem fôlego, Beckett quebrou o beijo ao sentir seu corpo reagir ao ato. Procurou disfarçar e afastar os pensamentos que estava tendo da sua mente. 
— Estou com fome. Que tal fazer uma pausa e comermos algo juntos? 
— É uma ótima ideia. 
— E Castle? Você vai se superar nesse livro, posso sentir. 
— Hum… deu para ter poderes de vidente agora, Beckett? 
— Não, apenas palavra de sua musa - ele a beijou carinhosamente nos lábios, de mãos dadas seguiram para a cozinha. 

Hospital Presbiteriano de Nova York

O dia que começara pacato, dava sinais de que continuaria assim. Johanna estava checando seus pacientes de rotina do pós-operatório e pensava em convidar o namorado para um café na frente do hospital. A ultima vez que checou, Paul estava conversando com o residente sobre a carga da faculdade. 
Paul estava na recepção. As enfermeiras acabaram de trazer um prontuário de alta para que assinasse. Como já estava conversando com o residente há bastante tempo, decidiu que era seguro tirar uma dúvida com ele. Desde a última visita a Castle, Paul se perguntava que diachos significava aquilo que o escritor colocara naquele pedaço de papel. 
— Posso mudar de assunto? 
— Claro, Dr. Gray. Devo estar me tornando chato com tudo que falei. 
— Não é nada disso. Eu só preciso descobrir algumas coisas. Você curte videogame? 
— Claro que sim. Adoro desde menino. É ótimo depois de um plantão estressante. 
— Já me disseram isso. Então, eu tenho esse amigo que adora jogar e outro dia conversamos sobre o assunto e ele me entregou um papel com anotações, porém não me explicou o que fazer com isso. A razão foi a presença de nossas mulheres, só que não sou capaz de decifrar o que ele quis me dizer - ele mostrou o papel para o rapaz - por acaso, você saberia me dizer o que é? - o residente examinou o papel e sorriu. 
— Eu sei. Seu amigo lhe deu acesso a um site de jogos. Provavelmente quer que você experimente. Basta digitar esse endereço online e se cadastrar. Deve estar querendo que você sinta o gosto de jogar. Qual a plataforma que ele joga? 
— Todas? - eles riram - estávamos falando do XBox. 
— É, esse site tem jogos bem ao estilo dos que se joga online com o XBox. Sugiro experimentar. 
— É, vou fazer isso na minha folga sem Johanna por perto. Se ela me vir jogando nem sei o que pode fazer comigo. 
— Falando nela… - Paul se virou para fitar a namorada que caminhava em sua direção - terminou suas rondas? 
— Sim, todas as necessárias por agora. E você? Nada excitante? 
— Nao, acabei de dar alta a um paciente. 
— Ótimo! O que você acha de me acompanhar para um café do outro lado da rua? Não parece que algo urgente vai surgir nos próximos trinta minutos. 
— Isso é um convite? - sorriu - claro que aceito. Vamos trocar de roupa, não precisamos dos nossos uniformes e jalecos enquanto saboreamos um café - eles estavam prestes a desaparecer no corredor quando a chefe da cirurgia geral aparece chamando-os. 
— Dr. Marshall, Dr. Gray. Ainda bem que os alcancei. Esse hospital está prestes a se transformar em um campo de batalha. Acabei de receber a informação de um grande acidente de transito envolvendo três carros sendo um deles um micro ônibus escolar que voltava de uma visita ao museu de antropologia. Muitos feridos e vários em estado grave. 
— Crianças? - perguntou Johanna. 
— Sim, entre 8 e 10 anos. Já chamei os dois cirurgiões infantis. A SUV está destruída. Dois passageiros em estado grave, um dos airbags não funcionou adequadamente. O outro sedan, três pessoas. Devemos receber uma média de cinco ambulâncias para começar. Haverá mais. Os casos simples estão sendo enviados para outro hospital. Preparem as equipes, precisamos de residentes operando se for o caso. 
— Tudo bem, nós faremos isso - disse Paul. Ele trocou um olhar com Johanna, ela entendeu. Lá se foi a chance de tomar um café descente na companhia de seu namorado. Prioridades. Tinham vidas para salvar. 
A chefe tinha razão, a entrada da emergência tornou-se uma loucura, pacientes gravemente feridos iam direto para exames ou para uma sala de cirurgia. Alguns passavam por uma triagem com os residentes, raios X, tinham seus ferimentos examinados, outros iam para aparelhos ou direto receber medicação. Um dia regular de trabalho. 
Duas horas depois, além dos feridos do acidente ambulâncias chegavam ao hospital com mais pacientes. Sem contar os familiares que vinham desesperados por respostas. Um das pessoas da colisão fora operada logo que chegou com costelas quebradas e um pequeno coágulo no cérebro causado pelo impacto da batida. Johanna que a operou estava preocupada com ela. Era a motorista da SUV e continuava na UTI instável. A médica estava lidando com outro paciente quando seu nome soou no sistema de som. Código azul na ala da UTI onde a tal paciente estava. Ela ordenou o residente para continuar seu trabalho e saiu correndo pelo corredor. Ela podia ver a comoção ao redor da cama. 
— O que aconteceu? 
— A pressão caiu, o coração parou. Estamos tentando ressuscita-la. 
— 10mg de epinefrina - Johanna assumiu o controle da paciente - carregue para 200. Afastem-se! - as batidas surgiram. Analisando de perto ela entendeu - ela está sangrando por dentro. Aciono o cardio. Ela precisa ir para a cirurgia agora. Preciso de uma sala - ela coordenou com as enfermeiras e o outro residente. Saíram empurrando a maca pelos corredores. A paciente conectada aos aparelhos. Uma das enfermeiras que fora na frente para acionar o cardiologista  a interceptou no corredor. 
— Dr. Marshall, todas as salas de cirurgias estão ocupadas. 
— Como assim? Não é possível. Ela precisa ser operada agora! 
— Sinto muito. A ultima sala disponível acabou de ser reservada pelo Dr. Gray. 
— Ah, droga! Qual é a sala?
— Sala 5, doutora.  
— Ótimo! É para lá que vamos. 
— Mas doutora… - Johanna olhou de um jeito fulminante para a enfermeira fazendo um grande “shhhh” a fim de cala-la. No momento que chegou na frente da sala, viu Paul dando instruções e empurrando o carro com o seu paciente. 
— Paul! Espera! Eu preciso dessa sala. 
— Eu vou operar agora. 
— Minha paciente está sangrando. Hemorragia interna, não posso perde-la. 
— Dr. Marshall, eu esperei meu paciente estabilizar por uma hora para que pudesse opera-lo. Ele precisa reparar o pulmão. Há um nódulo nele que pode romper a qualquer instante. Não posso, doutora. 
— Não dê uma de chefe para cima de mim, Paul. Dr,. Marshall.. ugh! - ela remendou - minha paciente já esteve em cirurgia mais cedo para a retirada de um coágulo do cérebro e remendar as costelas. Está com hemorragia interna. Acredito que isso é suficiente para lhe dar prioridade. 
— Você vai querer discutir prioridades? Vai brigar comigo para ter a sala? 
— Se for preciso para salvar minha paciente, vou sim! Ela estava dirigindo a SUV, tem três filhos. Um deles não tem dez meses. Ela não teve culpa. A família precisa dela. Não vou desistir. 
— E por que meu paciente não merece a chance? - Paul começou a enumerar porque ele deveria ter a sala. De repente, estavam gritando um com o outro a ponto de não perceber o que se passava ao redor deles até o som da maquina apitar anunciando que a paciente de Johanna estava perdendo ritmo cardíaco. 
— Estamos perdendo-a! - o residente falou. Rapidamente, Johanna começou a massagem cardíaca. 
— Desfibrilador! Carregue para 200. Afastem-se! - ela pressionou o aparelho contra o corpo da mulher - isso é sua culpa, Paul! Carregue novamente, 200 - outro choque - finalmente a linha do monitor deixou de ser reta e começou a mostrar os picos. A paciente estava voltando - droga, droga! Ela não tem muito tempo. Oh, Deus! Oh, Deus! - Johanna lutava para manter a paciente estável que nem reparou a enfermeira chamando. 
— Dr. Marshall, por favor… Dr. Marshall - nada, então a moça não teve outra alternativa além de gritar - Dr. Marshall! 
— Johanna! - Paul gritou. 
— Pare de gritar comigo, Paul! Que droga! Preciso pensar - mas ele a segurou pelo braço fazendo-a fita-lo. 
— Joh… - ele disse suavemente - a enfermeira Robbins está tentando falar com você - ela caiu em si. 
— A sala de cirurgia 3 foi desocupada, doutora. Podemos usa-la - Johanna suspirou. Puxou o braço se livrando do contato com Paul. 
— Obrigada, vamos movê-la - antes de ir, ela fitou o namorado mais uma vez. O que Paul viu em seus olhos foi raiva. Não tendo tempo para lidar com isso no momento, ele entrou na sala de cirurgia para cuidar de seu paciente. 
Após três horas de cirurgia, Johanna conseguiu estabilizar a paciente e colocou-a em coma induzido. Estava exausta. A cirurgia fora difícil e toda a irritação anterior com Paul drenara sua energia. Pelo menos tinha boas noticias para a familia. Ao chegar na sala de espera, a médica encontrou o esposo da paciente com uma das crianças no seu colo dormindo sobre ele. 
— Com licença. Sr. Barry? - o homem olhou para ela assustado - sou a Dr. Marshall. Eu sou a médica responsável pela sua esposa desde que ela chegou no hospital. Tive que fazer duas cirurgias nela, a segunda devido à instabilidade de seus sinais vitais, demorou mais tempo e tive que coloca-la em coma induzido para proporciona-la uma melhor recuperação. Ainda não sabemos a extensão do coágulo. Temos que esperar que acorde. 
— Coágulo? Mas minha esposa estava em um carro e-eu não… entendo.
— O airbag não funcionou adequadamente. Ela bateu com a cabeça e fraturou duas costelas. 
— Meu Deus! Meu Deus! Penny… ela vai ficar bem? 
— Ela está estável por hora. Estamos monitorando-a na UTI 24 horas. Se quiser vê-la, posso leva-lo até lá. 
— Sim, por favor. Esse é Mike - disse ajeitando o menino nos braços - meu mais velho. Sete anos. Ele é louco pela mãe. Faz tudo por Penny. Tem problema se eu o levar no colo? Não quero acorda-lo apesar de não querer que ele a veja, você sabe, nesse estado. 
— Entendo, se quiser eu posso pedir a uma enfermeira para tomar conta dele. Deixe-o no sofá, se acordar diremos que você foi ao banheiro. 
— Parece bom - ele aconchegou o garoto no sofá com cuidado. Johanna fez sinal para uma das atendentes de enfermagem e explicou o que queria. Em seguida, guiou o homem para ver sua esposa. 
O dia pareceu não ter fim. De fato, a troca de plantão deveria ocorrer às seis da tarde, porém mesmo com a chegada de Daniel para substitui-los, Johanna e Paul continuaram trabalhando incansavelmente até as nove da noite quando a chefe finalmente os expulsou do hospital notando o quanto eles estavam cansados e estressados. Não era para menos, estavam a quase oito horas sem parar cuidando de pacientes críticos. No conforto, Paul trocava de roupa quando Johanna entrou esfregando os olhos. Ao vê-lo, fechou a cara e começou a juntar suas coisas. 
— Quando estiver pronta saímos. Vamos direto para casa, Joh. 
— Você pode ir. Eu preciso ir a um lugar antes - mentira, ela acabara de inventar isso apenas para não ir para casa com ele. Queria um tempo para si antes que ele a questionasse sobre o que acontecera horas antes. Talvez fosse apenas uma forma que encontrou para puni-lo. A raiva ainda borbulhava em seu sangue. 
— Joh, deixe de bobagem. Vamos para casa - ele tentou se aproximar dela, porém notou a forma como ela o evitava - tudo bem, você quer ficar emburrada e fazendo cena, por mim fique à vontade. Vou para casa - Paul pegou suas coisas e saiu pela porta. Johanna suspirou. Ela somente precisava esfriar a cabeça. Não tendo realmente um lugar para ir, ela pegou o metro e soltou na estação mais próxima de casa. Reparou que um café ainda estava aberto no quarteirão seguinte ao apartamento. Decidiu ir até lá. Comprou um café. Enquanto esperava os olhos pareciam perdidos, a cabeça vazia impossibilitada de formular um único pensamento. Ao entregar-lhe o café, o barista perguntou. 
— Noite difícil?
— Noite, dia, você não imagina o quanto. 
— Posso perceber pelo seu semblante cansado. Tem certeza que não quer comer alguma coisa? 
— Não, eu moro no próximo quarteirão. Só precisava de um instante para ficar sozinha e refletir. 
— Vá em frente. Eu só fecho à meia-noite - com um pequeno sorriso, ela agradeceu e sentou-se em um dos sofás. Tentou relembrar os acontecimentos do dia com Paul. Por que ficara tão chateada com ele? Na verdade, ele não fizera nada errado. Estava agindo em pró do melhor para o seu paciente como ela. Tudo bem, ela não gostou do jeito como se dirigiu a ela quando já havia usado o primeiro nome. Por que a chamou de Dr. Marshall? Era como se quisesse impor sua autoridade, mandar um recado de que ele ainda era o chefe. Aquilo não soou somente como a hierarquia do trabalho, Johanna sentiu que ele agira como se fosse seu dono. Isso que a incomodou. E ao segurar seu braço mesmo que fosse para chamar sua atenção para a enfermeira, ele completou o ato que a irritara. Somando-se todo o estresse do dia, o medo de falhar com sua paciente, Johanna ficou com os nervos à flor da pele e com raiva de Paul. Eles teriam que conversar. Meia hora depois, ela levantou-se e seguiu para casa. 
Ao abrir a porta do apartamento, se deparou com Paul já de pijamas comendo um cookie. Era óbvio que ele já jantara. Ao vê-la, ele falou. 
— Deixei um resto de coleslaw e dois pedaços de frango para você na geladeira. Não estava a fim de cozinhar, passei no mercado e comprei o jantar. Fique à vontade. Vou para o quarto - antes de dar as costas para ela, perguntou - como está sua paciente? 
— Estável. Ainda não sei a extensão dos danos - ele fez o movimento para ir para o quarto, ela se antecipou e segurou seu braço - Paul… espera. Precisamos conversar sobre o que houve hoje. 
— Eu entendo, Joh. Foi o estresse do dia, a responsabilidade. Não tenho problema com isso. Foi uma discussão de dois profissionais querendo o melhor para as vidas em suas mãos. 
— Não foi apenas isso. Se você não sabe ou não percebeu, eu preciso falar. Sente-se, Paul - ele obedeceu. Lado a lado, Johanna começou a falar - eu concordo que o nível de estresse foi alto o bastante para nos fazer agir estranhamente. O problema não foi somente isso. Todos sabem que temos um relacionamento contudo lutamos para deixa-lo fora do hospital, acredito que ambos não queremos nosso trabalho prejudicado por nossa vida pessoal. 
— Está certa. E no meu ponto de vista isso não aconteceu. 
— Então não concordamos e tenho mais de um ponto. Primeiro, eu me dirigi a você usando o primeiro nome, naquele momento queria sua atenção para algo importante. Só que quando você me respondeu usando o titulo e o meu sobrenome, eu senti que estava me diminuindo, me colocando no lugar de subordinada e chefe. Eu odiei aquilo. Somos adultos, profissionais competentes e se me dirigi a você de uma forma, por que usar de autoridade? 
— Joh, não foi nesse sentido. Não estava mostrando superioridade. 
— Mas foi o que pareceu e não somente para mim. Deus! Eu estava quase desesperada para salvar a vida da minha paciente, preocupada e brigar com você, fazer uma cena aos gritos no meio do hospital onde trabalhamos era a última coisa que pretendia. Eu fiquei morrendo de vergonha das enfermeiras. Então, veio a gota d’ agua. O jeito como me segurou e gritou meu nome, e-eu parecia sua propriedade. Alguém que está ali somente para ser mandada. Mesmo que a intenção fosse chamar minha atenção para a possível solução do empasse em que estávamos. Eu não gostei. Não me senti bem e juro que se qualquer uma dessas situações for normal para você, eu não sei se estamos fazendo a coisa certa. O ditado é certo: onde se ganha o pão não se come a carne. 
— Joh, eu em nenhum momento tive a intenção de soar autoritário. Ambos estávamos nervosos. E por favor, eu não fiz por mal. Foi no afã do momento. 
— Eu não sou sua propriedade, um brinquedo. Sou uma profissional tão competente quanto você. Não pode roubar ou diminuir minha autoridade como médica e prejudicar o respeito dos demais para comigo. Não funciona assim. Batalhei muito para ficar servindo de capacho para alguém. 
— Eu sei. Você é uma médica brilhante. Não foi minha intenção, Joh. De verdade. Sinto muito. Não quero que fique com raiva de mim, nem magoada. Acho que não foi um bom dia para todos nós. 
— Nem tanto. Salvamos várias vidas. Foi um dia muito bom com uma certa turbulência no meio - ela passou as mãos nos cabelos - estou cansada. Vou tomar um banho - ela se levantou do sofá, mas Paul segurou sua mão obrigando-a a fita-lo. 
— Joh, você me perdoa? Prometo que é a última vez que irei faze-la se sentir assim, uma propriedade, um objeto. 
— Nunca diga nunca, Paul. Sabe, eu até sou a favor de um pequeno role play com um toque de possessão. 
— Mesmo? - ele a puxou para mais perto deixando uma das mãos deslizar até o centro dela. Johanna prendeu a respiração por uns segundos - quer companhia no banho? 
— Eu e a minha boca… - ela riu - por que não? Acho que nós dois precisamos relaxar depois do dia que tivemos - então ela foi pega de surpresa, em um rápido movimento Paul a ergueu do chão carregando-a em seus braços até o banheiro. 
Em meio a uma banheira com agua quente e cheia de espuma, Paul tomou-a em seus braços enchendo-a de carinho. Beijos, toques, mãos bobas. Ele instigava tocando o interior de suas coxas, o estômago, massageando os seios e puxando seus mamilos. Johanna apenas fechou os olhos e se entregou ao festival de caricias. Quando ele usou os dedos para penetra-la e brincar com seu clitoris, ela gemeu alto. 
— Ah, moreno… faz isso não…
— Finalmente, pensei que não ia ouvir essa palavra toda a noite. Era só Paul. Quer que eu pare? É isso que está me pedindo, Joh? - ele aprofundou os dedos provocando. 
— Não, por favor…não… - ele beijou-a intensamente fazendo Johanna gritar entre seus lábios ao senti-lo penetra-la de uma vez. Não demorou muito para que o orgasmo os tomasse, mesmo assim eles não pararam por ai. A brincadeira na banheira rendeu um segundo momento de prazer para ambos. Quando recuperou seu fôlego, Johanna deixou escapar o pensamento que rondava sua mente. 
— Quase desejo que nós briguemos mais vezes… fazer amor depois de uma briga é bem intenso. 
— Você realmente quer brigar mais? 
— Não! Eu disse quase. Além do mais, sexo entre nós é sempre bom. Não precisamos desse tipo de estimulo, moreno - eles riram - vamos, estou começando a ficar com frio e necessitamos de uma boa noite de sono se quisermos estar inteiros naquele hospital amanhã. Quer saber? Estou com fome. Que tal depois de se vestir você esquentar o jantar para mim e trazer na cama. Não tenho mais energia para sair do quarto. 
— E por acaso eu tenho? 
— Você se alimentou antes do exercício. Por favor? - ela mordiscou o lóbulo da orelha dele e fez uma trilha com os dentes na mandíbula dele até alcançar os lábios mordiscando antes de beija-los. Ao se separar, ele olhou para a namorada com cara de safado. 
— Sua chantagista! - Johanna gargalhou.               

XXXXXXX

Três dias depois, Castle se arruma pega seus papeis e o notebook, beija a filha e a esposa em sinal de boa sorte. 
— Vai dar tudo certo, babe. Gina vai adorar a historia. E se ela reclamar, sei que vai convence-la ou escrever de qualquer forma. 
— Hum… dando uma de Rebel Beckett? - ela riu - eu só não quero brigar. 
— Acho que não vai chegar nesse nível e se precisar, pode dizer a Gina que tem minha aprovação. A opinião da musa deve valer alguma coisa, não? 
— Mais do que você imagina, Kate. A palavra da musa para o seu escritor é tudo.  

— Te espero mais tarde para comemorarmos - ela beijou-lhe os lábios e Castle finalmente deixou o loft. 


Continua...