quinta-feira, 28 de abril de 2016

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.51


Nota da Autora: Esse capitulo tem uma pequena cena de Kate lidando com seus sentimentos, além de um momento cute. Lembrando que as músicas não são minhas. Apenas para diversão, ok ? É a vez de Cuffed, mas esse é o tipo de episódio que não consigo acrescentar muito pela sua perfeição, então divirtam-se! 
PS.: O blogger frescando com a minha fonte! Arfff...

Cap.51

Os dias seguintes ao caso do atirador foram esquecidos rapidamente na delegacia. Para Beckett, a terapia tornava-se seu momento de reflexão e de compreensão sobre o que acontecera. Dana estava realizando uma bela viagem no tempo em suas sessões. Chegava a sair do consultório da terapeuta arrasada algumas vezes, relembrando uma parte de sua vida que quase a anulou. Alguns dias, ela se sentia extremamente cansada mentalmente por isso.
Outros ficava irritada. Quando isso acontecia, ela corria para a academia. Fazia uma hora de luta, batia em bonecos de plásticos e liberava a raiva através de socos e pontapés. Sempre se sentia melhor com isso.
Também andava evitando as escapadas e os encontros com Castle. Mesmo que fosse para tomar um simples café. Havia uma carga obscura em sua vida naquele momento. Contudo, admitia que sentia falta de passar um tempo com ele fora da delegacia. Chegou a comentar isso com Dana. E achou muito estranho a amiga não incentiva-la a fazer algo para mudar isso. O que ela queria? Testa-la?

Pensando sobre isso ela checou o relógio. Oito da manhã. Chegara cedo na delegacia. Como não tinham um caso, decidiu descer para a academia no porão e usar seus músculos. Poupava a ida a academia perto de sua casa mais tarde.

Quando Castle chegou por volta das nove, estranhou a ausência dela. Seu casaco e sua bolsa estavam lá, porém nem sinal dela. Vendo Ryan sair da mini copa, perguntou.

- Você sabe da Beckett? As coisas delas estão aqui, mas...

- Não, sei que chegou cedo. E não está com a capitã porque Gates foi para a 1PP.

- O café dela vai esfriar – um dos policiais se aproximou e comentou.

- Vi a detetive Beckett saindo para a academia, ou assim parecia. Ela estava com uma toalha e roupas para fazer exercício. Sabe onde fica? No andar de cima. O último.

- Obrigado – segurando os dois copos de café, ele se dirigiu para o local. Não havia muita gente na academia, um ou outro aparelho estava ocupado. Ele a viu próximo a um boneco de borracha de frente para o saco dando vários socos, extravasando. Devagar, ele escolhera aquele momento para apreciar o que ela fazia.

Beckett estava focada. Jab, direto, jab, direto. Dois chutes com cada perna, repetia a sequência. Ele podia ver os músculos trabalhando, o cabelo preso a um rabo de cavalo, algumas mechas soltas devido ao esforço. O suor escorria no rosto, o top que usava estava encharcado. A visão que tinha era bela e privilegiada. Admirava a força daquela mulher. Sua capacidade de concentração, foco e a vontade de se reinventar. Era o que ela estava fazendo após a última lapada que tomara da vida. Ela lutava contra a PTSD, do seu jeito, ao seu ritmo. Isso apenas a tornava especial, mais do que já era para ele.

Ela estava agora socando o boneco, chutando-o ritmadamente. Quando estava a apenas poucos passos dela, comentou.

- Jamais gostaria de estar no lugar desse cara. Parece que ele está levando a pior - ouvindo a voz dele, Beckett deu mais quatro socos no boneco terminando a sequência e o encarou. Mesmo suada e ofegante, ela era sexy – bom dia, detetive. O que a deixou tão enfurecida essa manhã ou deveria dizer animada?

- O que está fazendo aqui, Castle? – ela pegou a toalha enxugando o rosto, virou uma garrafinha com liquido na boca e tornou a fita-lo.

- A mesma coisa que faço todos os dias. Trazendo café esperando investigar homicídios com você. Não sei porque a pergunta.

- Quero saber o que você está fazendo aqui na academia.

- Perguntei, disseram que você estava aqui. Não queria que o café esfriasse, mas obviamente você não vai precisar dele agora.

- Quem disse que não? Acabei de tomar um isotônico gelado, café me parece uma ótima opção.

- Não está com calor? Está bem quente aqui... – ela tomou o café das mãos dele, sorriu de maneira enigmática.

- Está com calor, Castle? – ela esfregava as mãos propositalmente no rosto e no corpo chegando mais perto dele, virando o café nos lábios – você sequer estava se exercitando...

- É...bem...foi o café, acho... – ela estava a centímetros dele agora. Ele podia tocar seu corpo se quisesse, Beckett encostou o rosto no dele sussurrando ao seu ouvido.

- A fim de uma sessão de malhação no tatame?

- E-eu n-não entendo de lutas...

- Que pena...- ela sussurrou e afastou-se dele como se nada tivesse acontecido, mudando o tom de voz – obrigada pelo café. Agora é hora de trabalhar. Veja se os rapazes têm algum novo caso. Vou tomar uma chuveirada – enquanto ela se dirigia para a área dos banheiros, Castle permanecia plantado no mesmo lugar ainda tentando se recuperar do caminhão que parecia ter acabado de atropela-lo. 

Sim, os rapazes tinham um novo caso. Nada realmente excitante, mas quem era Castle para reclamar de uma chance de investigar casos ao lado de sua detetive favorita. Depois que ela reapareceu no salão, eles se dirigiram a uma nova cena de crime. Um dia como outro qualquer lutando contra o crime.

Desde que começara as sessões de terapia mais intensivamente, Beckett tinha mudanças de humor mais constantes devido a pressão que a própria Dana colocava sobre a amiga. Havia dias que estava aliviada, sorridente, outros que estava bastante irritada e sem paciência até para as brincadeiras de Castle.

Era verdade também que já fazia mais de um mês que não tinham encontros ou usufruía da parceria com benefícios. Não que isso fosse um problema, porém com toda a carga de emoções e o trabalho, Beckett começava a sentir falta de momentos relaxantes. Na sua última sessão com Dana, ela foi obrigada a reviver todo o processo pós-morte da mãe. A dor, o enterro, o vazio. Aquilo a esgotara a ponto de a fazer sonhar novamente com o atentado e a suposta morte de Castle. Fazia pelo menos duas semanas que não tinha um pesadelo. Segundo Dana, esse era um bom sinal. Começava a evoluir. A terapeuta lhe deu um conselho. Se estava sentindo-se cansada, estressada ou sufocada por digerir emoções fortes, deveria procurar uma válvula de escape, algo que a fizesse esquecer aquele assunto pelo menos até a próxima sessão.

- Por que não vai ao cinema, ao teatro? Quer companhia para um drinque mais tarde? Estou disponível.

- Obrigada, Dana. Vou pensar a respeito. Ligo para você.

Ao se ver em casa sozinha, ela lembrou-se dos conselhos da amiga. Por que não? Pegou o celular e discou o número da amiga. Dana sugeriu um pub badalado. Por volta das dez da noite, elas se encontraram no local.

Como qualquer pub, tinha sua iluminação discreta, um bar repleto de homens e mulheres solteiras procurando uma possível companhia e várias mesas com grupos de amigos. Elas se sentaram em uma mesa no meio da passagem que lhes dava uma boa visão de quem ia e vinha. Era um lugar interessante. Pediram as bebidas. Ambas escolheram vodca. Conversavam animadamente até o momento que Dana comentou com a amiga.

- Kate, não olhe agora mas tem um cara te secando há alguns minutos. As nove horas. Seja discreta – ela virou-se para olhar. Era muito bonito. Alto, o porte atlético, um rosto angular – o que achou?

- É bonito. Pode estar apenas admirando.

- Duvido. Ele quer mais que te admirar.

- Dana, não vim até aqui para isso. Quero relaxar com uma amiga. Aliás, você não está achando essa música alta demais? Eu gosto de rock, porém essa batida e o barulho do bar estão me incomodando.

- Você não vai inventar de ir embora só porque eu disse que tinha alguém de olho em você, vai?

- Não, só estou achando que esse ambiente não está agradável – Dana observou o cara se aproximar da mesa – podíamos ir para outro lugar, mais calmo – estava curiosa para ver a reação da amiga, portanto não falou nada. Seu lado de psicóloga precisava de diversão.

- Com licença. O que as belas damas estão bebendo? Gostaria de pagar uma bebida para vocês – Dana se antecipou antes que a amiga descartasse o rapaz, porque era basicamente o que Beckett pretendia.

- É muita gentileza sua. Eu estava bebendo vodca, mas posso aceitar um Martini, e você, Kate? Vai beber o que? – encurralada pela terapeuta, não teve como escapar.

- Aceito um shot de Jameson.

- Hum, uma mulher que a aprecia um bom whisky. Gosto disso. Volto em um minuto – assim que ele se distanciou, Beckett fuzilando Dana com o olhar reclamou.

- O que você está fazendo? Eu disse para você que queria sair daqui e vai aceitar bebida de um desconhecido. Como vou saber se ele não é um louco psicopata que pode nos drogar?

- Relaxe, Kate. Tire a carapuça de policial e deixe-se levar pelo momento. É bom conhecer pessoas novas, conversar. Chama-se socializar. E tenho certeza que você não faz isso há muito tempo. Vive enfurnada em uma delegacia ou em cenas de crimes. Dê uma chance ao rapaz. Se nada acontecer, pelo menos limpamos a vista, já valeu alguma coisa para a noite – o homem voltou com as bebidas. Também pegou whisky para si. Beckett o observou melhor. Era moreno, de olhos verdes. De perto, pode perceber que era ainda mais charmoso do que imaginara. Ele sentou-se entre as duas, entregou as bebidas e se apresentou.

- Bem, a educação em primeiro lugar, meu nome é Dave. Sou daqui mesmo de nova York, sou corretor de imóveis. Você é Kate segundo sua amiga e ...

- Sou Dana, psicóloga – ela estendeu a mão cumprimentando-o – é um prazer.

- Um brinde a novos recomeços – eles brindaram e beberam – e o que você faz, Kate?

- Sou policial. Detetive.

- Interessante, só para constar, eu já fui pego com maconha na faculdade. Fiz serviços comunitários. Fora isso minha ficha é limpa. Sou uma pessoa do bem. Mas, acho que você não está a fim de investigar ninguém nessa noite de quinta. O que duas belas mulheres como vocês fazem sozinhas em um lugar como esse?

- Estava me perguntando isso nesse instante – disse Kate. Dana riu.

- Não ligue para ela, então Dave, o que você gosta de fazer em seu tempo livre? – eles engajaram-se em uma conversa interessante, a terapeuta aproveitava para analisar aos dois. Dave estava claramente interessado, esperando pelo momento correto de aborda-la, Kate por outro lado, estava apenas passando o tempo começando a ficar um pouco entediada. O problema que mesmo agindo dessa maneira, ela acabava por mandar sinais positivos para Dave. Era fato, Kate Beckett exalava sensualidade. Querendo ser amigável com Dave, Dana anunciou que ia ao toalete.

Assim que a amiga se afastou, Dave se aproximou um pouco mais de Kate. Colocou a mão em sua coxa, perguntando.

- Você já não está farta desse lugar? O que acha de sairmos daqui?

- Se essa é a forma que você pretende me convencer a sair daqui com você e me agarrar, vai ter que desistir. Não estou disponível, Dave.

- Se não tivesse, não estaria em um pub em plena quinta-feira acompanhada de uma amiga, Kate. Não estou querendo de levar para cama, não ainda, sou um homem de princípios. Quero apenas te conhecer melhor, em um lugar mais calmo. No fim da noite, fico feliz em ter seu telefone, estou sendo sincero – ele tinha o rosto quase colado no dela. Kate podia sentir o cheiro do perfume masculino que ele exalava, era tão tentador... – o que me diz, Kate? Está dentro?

Ela sentiu a mão dele em seus cabelos, instantaneamente fechou os olhos. Os lábios dele roçaram nos dela e o beijou aconteceria se Beckett não tivesse o empurrado levemente. Dana observava de longe. Sorria. Confessava que estava surpresa por ver Kate quase ceder. Não era difícil com um homem como Dave, ainda assim... ela decidiu ficar no bar, dar espaço para os dois.

Cinco minutos depois, assim que virou um outro shot de whisky na boca, Dana viu Dave vindo na direção dos banheiros. Ele parecia bem cabisbaixo para alguém que parecia estar mexendo com a bela mulher. Vendo-a no bar, ele se aproximou.

- Veio pegar outra dose de Jameson para Kate?

- Não, vim me despedir. Foi um prazer conhece-la. Logo vi que uma bela mulher como Kate não poderia estar sozinha. Você podia ter me dito que ela tinha namorado. Não teria forçado nada.

- Na verdade, não imaginava que você ia querer algo além de conversar. Não se preocupe, Dave, você vai encontrar alguém. Kate já tem a tampa de sua panela. Sinto muito – ela deu um beijo no rosto dele e foi encontrar a amiga. Beckett já estava pronta para ir embora.

- Por que você demorou tanto?

- Para lhe dar a oportunidade de aproveitar. Até pensei que ia sozinha para casa. Por que o dispensou se aparentemente curtia o momento? Eu vi como ele tentou beija-la.

- Não tenho tempo para relacionamentos. Você sabe bem disso.

- E por que mentiu, Kate? Disse que tinha namorado. Ambas sabemos que você não está comprometida. Podia ter conhecido um cara bacana, decente. Ter aproveitado a noite. Mas, não. O que a impede de seguir adiante, experimentar?

- Você sabe muito bem.

- Hey, não culpe a terapia – claro que Dana sabia que não era essa a resposta, tudo se resumia a Castle. Do lado de fora, Kate suspirou aliviada por não estar naquele ambiente barulhento – você já quer ir para casa?

- Não. Eu preciso de outra dose de Jameson. Vamos para o Old Haunt.

- Você está falando do whisky ou do Rook?

- Cala a boca, Dana – a amiga sorriu, ela ainda estava pensando sobre a noite. E essa necessidade de ir ao bar de Castle, o que estava se passando na mente de Kate? Dana esperava que a própria amiga lhe dissesse. Estavam quase na frente do bar, quando Kate comentou.

- Não é a terapia. Eu não podia fazer isso. Achar que posso tentar ficar com alguém, não é justo. Nem o que quero. Não acredito que estou dizendo isso... não posso trair Castle.

- Trair Castle? Vocês nem tem um relacionamento, Kate.

- Pare de se fingir de desentendida, Dana. Sabe muito bem do que estou falando. Eu gosto dele. Ele me ama.

- E mesmo assim, você não tem um relacionamento. Na verdade, ele sequer sabe disso.

- Deus! O que estou dizendo? Eu realmente preciso de uma bebida e por favor, Dana, não vamos transformar isso em uma sessão de terapia.  

- Não disse nada – se defendeu a terapeuta sorrindo por dentro. Ela admitira de uma maneira torta que não queria trair mesmo não estando em uma relação. Alguém estava mais do que balançada, estava saudosa. Entraram no bar e foram brindadas por acordes de piano em uma das canções de Sinatra. Kate suspirou.

- Disso que falo. Um ambiente mais tranquilo, com boa música, só falta minha dose de Jameson. O pianista daqui é muito bom.

- Sim, maravilhoso. Em todos os sentidos – Dana sorria e apontava para o piano. Por trás da cauda, estava o escritor dedilhando calmamente as notas de jazz. Kate respirou fundo. Não era mesmo o que ela esperava encontrar ali. Ele estava tão concentrado que não percebeu a presença delas. Dana fez questão de se fazer notar.

- O que um escritor faz em um bar tocando piano? Buscando por inspiração? Se for o caso, acabei de traze-la para você – ela mexe a cabeça na direção de Kate. Castle ergue os olhos e sorri – aposto que não pensava em ser surpreendido dessa forma hoje, não? Acredite, ela também não. E eu não tive nada a ver com isso. Sugiro pagar uma bebida para ela, Castle. Não pergunte. Apenas entregue uma dose de Jameson.

Ele se levantou do piano indo em direção ao bar. Ela estava de costas, claramente adiando o contato com ele especialmente após a revelação que fizera a Dana.

- Por conta da casa, detetive – ele colocou o copo de whisky a sua frente. Kate ergueu os olhos para encara-lo – claramente uma surpresa inesperada para essa noite.

- Bloqueio para escrever?

- Não exatamente. Precisava pensar. Aposto que você também. Vou deixa-la à vontade. Voltar para o piano. Algum pedido especial?

- Cadê o Eddy?

- Pedi o piano dele emprestado por algumas horas – sem dizer mais nada, ele se distanciou voltando ao piano. Dana se aproximou dela ficando de frente para onde o piano estava, forçando a amiga a fazer o mesmo.

- Não sabia que Castle tocava. É um homem prendado, não? Isso derrete qualquer mulher – os acordes no piano começaram a imprimir um som. Um clássico para apaixonados. Ele cantava baixinho, queria apenas que a melodia chegasse até ela.

“Blue moon, you saw me standing alone without a dream in my heart without a love of my own. Blue moon, you knew just what I was there for, you heard me saying a prayer for, someone I really could care for”

Dana olhava para Kate. Sabia que a música era para mexer com ela. Dedicada para ela. Tinha os olhos fechados. Antes de tocar o próximo verso, ele a fitou. Era impressionante como ela parecia saber que a olhava porque no mesmo instante, abriu os olhos encarando-o.

“And then there suddenly appeared before me, the only one my arms will ever hold I heard somebody whisper, "please adore me" and when I looked, the moon had turned to gold… Blue moon, now I'm no longer alone, without a dream in my heart, without a love of my own”

Ele certamente procurava atingi-la com o gesto, com a canção. Por que fazia isso? Por que a provocava? Não era justo. Virou outra dose de Jameson. Ela não podia ficar mais ali. Não sem ceder aos caprichos que Castle obviamente tentava mostrar-lhe ser possível de realizar.

- Acho que está na hora de ir para casa.

- Tem certeza, Kate? Não vai nem falar com ele novamente? Vocês se trataram tão formalmente. Ao menos deseje uma boa noite para ele, e que ele encontre a inspiração que está lhe faltando. Vamos, Kate. Apenas um gesto simples. Nada mais. Então, iremos embora – ela mordiscava o lábio, visivelmente tentada. Desceu do banco, passou a mão nos cabelos e calmamente caminhou até o piano. Ele havia parado de tocar, mas mantinha as mãos sobre as teclas. Sentou-se ao lado dele no banco e dedilhou enquanto cantou baixinho.

“It must have been Moonglow, way up in the blue, It must have been Moonglow, that led me straight to you.” – ele tornou a dedilhar versos de outra canção, como um pedido.

“Give me a kiss to build a dream on and my imagination will thrive upon that kiss. Sweetheart, I ask no more than this: a kiss to build a dream on. Give me a kiss before you leave me and my imagination will feed my hungry heart leave me one thing before we part a kiss to build a dream on. Oh, give me your lips for just a moment and my imagination will make that moment live. Oh, give me what you alone can give: a kiss to build a dream on”

Ao terminar de tocar, sua mão posou sobre a de Kate. Os olhos azuis a olhavam com uma intensidade capaz de hipnotiza-la. Então, ela cedeu. Os lábios se encontraram em um beijo carinhoso. Nada exagerado ou cheio de desejo, um simples gesto, quase um beijo de boa noite.

Ela se afastou levantando do banco se preparando para ir embora. Antes, falou.

- Espero que encontre a inspiração que procura. Boa noite, escritor.

- Até amanhã, detetive.

Ela caminhou para a porta, Dana ao seu lado vibrando por dentro. Um sorrisinho sacana nos lábios. Kate percebeu e disse a única coisa que podia naquele momento.

- Cala a boca, Dana... – foi a vez da terapeuta rir sozinha. Bobos apaixonados. Tem algo mais inspirador que isso?


Três dias depois...


Beckett acordou sentindo-se estranha. Não reconhecia onde estava. Ela, espera... estava deitada ao lado de Castle, quase confortável. Como isso aconteceu? Eles tinham dormido juntos? Não se lembrava. Ao tentar se mexer reparou que estava algemada a ele. Castle estava bem à vontade, ao vê-la se mexer, ele murmurou.
- Não, não levante ainda.
- Castle...
- Kate, oi... – sorria.
- Castle, você fez isso? – o que ele respondia – pare de dizer o que e acorde – então ele se mexeu. Ao tentar mover o braço, percebeu as algemas.
- Estamos algemados. Pervertido.
- Castle, não é engraçado.
- Não disse que era engraçado, disse que era pervertido. E não nos algemei.
- E você acha que eu fiz isso?
- Parecem algemas da polícia – justificou.
- Alguém fez isso conosco – ela se levantou passando o braço sobre a cabeça deles, estavam sentados em um colchão – você reconhece esse lugar?
- Não. Mas se estivesse escrevendo um livro esse seria o lugar onde coisas ruins acontecem.
- Perdi meu relógio, meu distintivo e minha arma também.
- O meu também, minha carteira e meu celular. Acabei de renovar meu contrato...
- Quer parar de brincar?
- Hey, eu questiono o modo como lida com as coisas? Quer parar? – ela resolveu ser razoável. Então tornou a perguntar.
- Qual a última coisa que você se lembra?
- Eu... não sei. Está meio confuso.
- É, eu também. Eu acho que fomos drogados – disse Beckett.
- Sim, e não com aquelas boas – ela virou-se de costas para ele.
- Ok, levante minha blusa – Castle ficou intrigado com o pedido.
- Acho que você ainda pode estar sob influência, mas tudo bem. Não será nenhum sacrifício.
- Castle, não desse jeito. Só cheque minhas costas têm algo doendo – ele a obedeceu. Ao erguer a blusa, pode ver a bela cintura, tocar a pele macia, já fazia algum tempo que não experimentava essa sensação. Demorou-se mais do que pretendia passando os dedos calmamente sobre a pele, havia uma marca de seringa com certeza.
- Há uma marca de agulha aqui – acariciou novamente o local, Kate respirou fundo – isso me lembra a cena no piloto de Arquivo X quando Mulder vê as marcas nas costas de Scully... definitivamente não é uma mordida de mosquito, Kate.
- Ok – antes que seus pensamentos acabassem entrando no ritmo dos dele – pode baixar minha blusa – ela se virou para fita-lo – Castle, quero que pense muito bem. Qual a última coisa que se lembra dessa manhã?
- Eu estava com você. Fomos a um lugar decadente, um hotel que aluga quartos.
- Você acabou de inventar isso? – não, ela não podia ter ido a um lugar assim e, será que... não, de jeito nenhum!
- Era onde estávamos. Você me ligou e pediu para te encontrar lá.
- Sim, liguei e depois te levei para um quarto e nós... – ela parou por alguns segundos, o olhar no rosto de Castle era de confusão – um corpo, sim fomos ver um corpo.
- É, eu estava comentando que você sempre me leva a lugares adoráveis. Lanie e Espo estavam discutindo e nossa vítima, tinha as mesmas marcas que você, nas costas. Era um desconhecido, seus dedos foram queimados. O clima estava bem feio entre nossos amigos – ela tentou se levantar, quase caindo, esquecera das algemas – hey, calma, não esqueça que estamos unidos aqui- de pé ele comentou – você é sempre assim pela manhã? Isto é, das vezes que acordamos juntos não me pareceu... está de tpm?
- Castle...
- Nossa, isso é estranho – se referindo as algemas. Ela estava irritada e preocupada - Ryan o pesquisou no sistema, não achou nada, então ele me perguntou se devia passar o natal com a família de Jenny e...
- Castle, estou falando do caso.
- Se quiser que eu reconstitua, tenho que fazer na ordem. Ah! Fomos ao necrotério. Lanie se recusava a dizer porque eles estavam brigando.
- Não era da sua conta, Castle.
- Não, mas eu me lembro que você comentou depois comigo. Inclusive sugeriu que ambos querem ficar juntos, mas nenhum quer admitir. Por que as pessoas fazem isso consigo mesmas? – dessa vez, Castle a fitava como se esperasse uma resposta. Ela chegou a prender a respiração – é obvio, não?
- A casa no Queens! – ela conseguiu lembrar-se de outra coisa que fugisse do assunto perigoso em que estavam entrando – encontramos a senhora na jaula e essa é definitivamente a última lembrança que tenho.
Sem ideia do que fazer, eles começaram a andar em círculos sobre o colchão, ninguém realmente com noção do próximo passo. Quem os observasse veria dois perus tontos, perdidos. A irritação crescia a cada momento, tanto que começaram a discutir por nada.
- Castle, pode cooperar comigo?
- Que tal você cooperar comigo? Por que você sempre tem que liderar?
- Por que você sempre tem que se comportar mal?
- Desde quando eu ... quer saber? Me diga uma coisa por que você sempre tem que ser a primeira? A primeira a sair do elevador, a primeira a passar pela porta.
- Sou uma policial. Sou eu quem tem a arma. Ser a primeira a passar pela porta é meu trabalho – ela virou-se de costas para ele, na verdade Castle estava falando de pequenas gentilezas que ele nunca conseguia fazer para ela.
- No elevador? Que tal isso: mataria deixar alguém abrir a porta para você de vez em quando?
- Você percebe que se alguém abre a porta para mim, eu serei a primeira de qualquer forma, certo? – Deus! Porque aquela mulher era tão teimosa? Ele pensava.
- Oh, claro, eu esqueci, você tem que ser a mais esperta. Tudo é uma competição.
- Isso não é verdade. Você é sempre assim de manhã?
- Discutiria com você, mas teria que te deixar ganhar. Afinal quem está de tpm é você.
- Eu não estou de tpm – sim, mais irritação – certo. Ótimo. Va em frente. Você comanda.
- Obrigado – então Castle percebeu que ele não queria realmente liderar, ele apenas queria ter o direito de fazer isso, portanto seu próximo ato foi perguntar – onde você quer ir? – isso fez Beckett sorrir. Competição, sei, só queria mesmo é implicar com ela.
- Acho que tem um interruptor ali. Ou você quer ficar no escuro? – ele caminhou até a ´parede e acendeu o interruptor. A imagem do local era ainda pior – essa porta é de aço, sem chance de sair daqui.
- Essas paredes são blocos de concreto – olhando ao redor, encontraram algo – o que você acha que tem naquele freezer grande? Acha que é aquela senhora? E se tivermos na toca de um psicopata e tivermos que nos matar como em jogos mortais? – eles caminhavam na direção do freezer e da parede oposta procurando por alguma possível saída.
- Castle para de especular, não está ajudando.
- Ah, fala sério. Uma velha senhora em uma gaiola, nós algemados juntos num quarto assustador o que devo pensar? – Beckett já estava sentada no freezer tentando ver pela outra parede. Tinha que ter uma saída.
- Você deveria pensar que deveríamos sair daqui antes que alguém volte.
- Quanto tempo acha que nós apagamos?
- Umas duas horas.
- Como sabe?
- Porque eu estou com fome – ele revirou os bolsos.
- Tenho um pouco de beef jerky – ela virou-se para ele, sorriu.
- Segure minha mão – ele a olhava intrigado – para que as algemas não nos cortem.
- Podia tentar tira-las. Tem um grampo de cabelo?
- O que você pensa que são os anos 40? Essas são minhas algemas da polícia, você não vai abri-las com um grampo de cabelo. Aceite. Estamos presos – ele ficou pensando.
- Acha que alguém ira notar que sumimos?
- Martha e Alexis notarão se não for para casa, não?
- Na verdade, minha mãe levou Alexis para um tour nas universidades essa semana. Esposito e Ryan...
- Sim, provavelmente notarão, mas não significa que nos encontrarão aqui – ela notou o que parecia uma espécie de escotilha, talvez fosse uma saída somente precisavam chegar até lá em cima. Era muito alto. Mas poderiam subir usando o tal freezer. Para isso, teriam que empurrá-lo até a direção da escotilha. Era um trabalho para duas pessoas só que eles não imaginavam que iria ser tão pesado. Tentando achar a melhor posição para acomodarem-se devido as algemas, Beckett ficou ao lado dele para dar o empurrão. Apesar de muito esforço, com direito a gemidos enquanto tentava impulsionar-se na parede, não estava funcionando.
- Não consigo encontrar um bom ângulo.
- Tente isso – ele foi para trás dela, as costas para Castle, as duas mãos sobre o freezer e sim, a posição era no mínimo sugestiva. Devido as algemas estavam muito próximos como se fossem transar a qualquer momento. Não era todo dia que ele podia apreciar o traseiro de Beckett daquele jeito e já fazia um certo tempo que eles não usufruíam da sua parceria com benefícios. O jeito que ela gemia também não ajudava.
- Espero que não esteja gostando muito disso, Castle.
- Te direi em um minuto. 1,2,3, empurre – ambos faziam força e não moveram um centímetro sequer, após os gemidos de Kate, ele apesar de cansado da força que fizera estava também um pouco excitado. Esperava que ela não notasse.
- Parece que está cheio de pedras – ela respirava rápido, um pouco ofegante.
- E se esvaziássemos?
- Ótima ideia, Castle. Só que está trancado e não tenho um alicate aqui.
- Mas é um cadeado com combinação – ele tomou a frente agora – quando eu estava escrevendo “Storm Rising” estudei com um dos melhores arrombadores. Posso abri-lo, só não sei se é o que queremos.
- Abra logo, Castle antes que os nossos sequestradores voltem – ela sentou-se deixando-o trabalhar.
Esposito e Ryan estavam desconfiados do sumiço de Beckett. Rastrearam o carro dela e descobriram que a viatura dela estava estacionada em um lugar já por algum tempo. Foram checar. Parecia abandonado. Chamaram reforços e decidiram usar a câmera de segurança para ver o que acontecera. Era o carro de Beckett, há cinco horas atrás, porém nada deles. Após abandonar o veículo, o motorista pegou outro carro que não podiam rastrear a placa. Gates sabia que eles estavam correndo perigo.
De volta ao covil, Castle ainda brigava com o cadeado. Beckett começava a ficar chateada. Será que ao menos ele conseguiria isso ou estava gostando da brincadeira?
- Oh, pelo amor de Deus, Castle! Por quanto tempo mais fará isso?
- Quase consegui.
- É, igual das últimas cem vezes.
- Vós de pouca fé. Você seria uma péssima gêmea siamesa.
- Pode devolver minha mão? – a verdade era que ela estava preocupada, começando a ficar entediada enquanto ele trabalhava e precisava de algo que a distraísse, acariciando o pulso, perguntou – então, tem alguma teoria para explicar tudo isso? A mulher na gaiola, o desconhecido com as digitais removidas, nós algemados, mas ainda vivos?
- Acho que é uma teoria que não quer ouvir.
- Por que não?
- Com esses elementos, não há versão que termine bem, nem que fosse uma versão da Disney – ela baixou a cabeça, pensando.
- É, era isso que eu temia – ele percebeu que ela estava quase desistindo. Isso não podia acontecer.
- A boa notícia é que faz tempo que sumimos, eles devem estar começando a procurar por nós nesse momento – ela o fitou, não tinham muitas alternativas, apenas precisavam tentar. Ela ergueu o pulso.
- 101 vezes é o número mágico? – indicando claramente que ela queria que continuasse. Sorriu. Passados alguns minutos, o clique aconteceu.
- Eu consegui! – vibrou Castle não acreditando. Rindo, ela festejou.
- Você conseguiu – ela o abraçou. O momento foi um pouco estranho, ao solta-lo, ambos encararam o freezer temendo pelo que poderiam encontrar – ah, quão ruim pode ser. Nós já vimos corpos antes, certo? – levantaram a tampa juntos. Era pior que um cadáver. Milhares de correntes e facas, instrumentos de tortura realmente. Por isso era tão pesado – parece que a sua teoria de psicopata sádico não estava tão errada assim.
- Não sei se fico orgulhoso ou apavorado.
- Prefiro motivado – disse ela.
- Verdade, vamos sair daqui – eles começaram a esvaziar o freezer, que era na verdade um grande baú. Depois de vários minutos, eles terminaram. Empurraram o baú até a abertura e Castle foi o primeiro a subir. Ainda estava muito alto. Ela subiu no baú.
- Não se eu subir em seus ombros – pela cara dele não parecia muito interessado – o que? Já fizemos isso antes.
- Você fala como se tivesse sido agradável e nós não estávamos algemados.
- Quem não tem fé agora? Vamos, Castle. Não sabemos quando voltarão ou se voltarão – ele reparou que ela estava de botas.
- Da última vez, você estava usando tênis.
- Tudo bem – ela se agachou para tirar as botas, ele tinha razão poderia machuca-lo. Não conseguia e pediu ajuda equilibrando-se em uma perna e no corpo dele.
- Levante minha blusa, tire meus sapatos... em circunstâncias normais, gostaria do rumo disso.
- Pode fantasiar mais tarde, depois que sairmos daqui – ela realmente dissera isso?
- Só para você saber, não é tão divertido se tenho sua permissão. Como consegue correr nessas coisas?
- Cala a boca e puxe – ele obedeceu e finalmente conseguiu - pronto? – ele afirmou que sim, ela então tentou subir nos ombros dele da maneira mais difícil. Suas pernas atrapalhavam, ele as segurava, Beckett agarrava as costas dele, tudo isso gemendo muito – me coloque no chão.
- Se sairmos daqui, deveríamos considerar entrar para o circo.
- Vou tentar por trás.
- Fique à vontade – ele deu um sorrisinho. Ela sabia que ele pensara besteira, mas não era o momento de brigar. Segurando as mãos dele nas suas, ela pediu por impulso. Dessa vez, ela conseguiu colocar os joelhos nos ombros dele para depois levantar cada uma das pernas firmando-as em seus ombros. Castle tentava equilibrar-se com ela.
- Vou levantar minha mão esquerda. Preparado?
- Certo – ela se esticava toda tentando alcançar o alçapão, Castle lutava para equilibra-la – não é tão divertido quanto eu pensava. Estou ficando cansado de ter você em cima de mim.
- Está aberto, vou empurrar – mas antes que Kate o fizesse, alguém abriu a escotilha, ela se desequilibrou com o susto e ambos caíram deitados no colchão. Quem é você? O que quer de nós? – e o alçapão foi fechado novamente.
Eles tentaram usar uma das facas para destruir as algemas. Sem sucesso. Então, Castle ofereceu para dar uma de Mad Max. Por um segundo, Beckett quase se surpreendeu com ele achando que estava oferecendo para cortar sua mão, era a dela na verdade. Ouviram um barulho. Ela pegou uma das facas para se defender. Eles escutaram parte da conversa sobre vender, beleza, Beckett deduziu que havia mais uma pessoa, possivelmente uma garota.
- Eles querem nos vender. Por isso estamos vivos. É tráfico humano. Quanto será que eu valho? Sou um escritor de best-sellers.
- Vamos tentar não descobrir, ok? – ela percebeu que era possível de cavar porque essa parede era feita de entuque, convenceu-o. após quebrar um pouco, eles usaram os pés para penetrar na parede. Deu certo.
- Eu sempre gostei das suas pernas, agora as respeito.
- As suas não são ruins também. No próximo picnic da policia podemos participar da corrida de três pernas – ela se aproximou do buraco – olá, pode nos ouvir?
- Suponho que você queira ir primeiro – ele provocou.
- Não, pode ir – ele tomou a frente, mas nada o preparou para o que viu. Voltando rapidamente pelo buraco, puxou-a consigo. Ambos olhavam aterrorizados para o tigre a sua frente.
- Um tigre? – ela gritou.
- Sim, um tigre quase arrancou meu rosto.
- Espere, isso explica a jaula, as correntes e as facas de açougueiro.
- Um tigre. Era o que negociavam. Estão em extinção – o animal usava as patas para destruir o resto da parede e chegar até eles.
- Trafico é ilegal. Flagramos a operação deles.
- Isso não é um problema agora, aquele tigre entrar aqui é o nosso problema.
 - Não se preocupe, Castle. Ela não vai passar por aquela parede – na mesma hora, a tigresa arranca um pedaço do bloco rugindo.
- Volte, volte logo – ele a puxava para mais longe.
- Sou só eu, ou ela parece estar com fome? – ela o viu mexer nos bolsos, pegar o beef jerky – não Castle, não vá para perto dela! – sim, ela estava com medo pelos dois. Castle jogou parte do salgadinho na outra sala. Isso pareceu prender a atenção do animal.
- Ela está comendo.
- É, e quando acabar, ela vai querer mais – o animal deu outra patada na parede, Beckett soltou um grito andando para trás – ela está vindo! Vamos Castle, temos que cobrir aquele buraco – eles começaram a empurrar o baú na direção da parede. Mas era tarde demais, o animal estava quase na sala.
- Vamos entrar no freezer.
- Nós vamos sufocar. Estava esperando pela opção 3.
- Fique atrás de mim, tenho um plano – ele sugeriu virar o tal freezer na vertical, subiram nele para ficarem mais altos dessa vez. O animal já estava circulando a sala. Beckett resmungava de seu plano falando que continuavam correndo perigo afinal tigres pulam muito alto. E acabaram de ter uma demonstração com o tigre quase pegando o pé dele.
- Ainda estamos vivos, não? – eles estavam juntinhos. Não era apenas pelo pouco espaço, mas também pelo medo. Beckett agarrou-se nas costas dele. A princípio, Castle estranhou o gesto, porém era perfeitamente compreensível Kate se agarrar ao seu corpo como uma espécie de proteção. Não iria reclamar, se não escapassem dessa seria muito bom morrer abraçado a ela - só nos resta gritar, não? – ela olhou para o escritor, agarrou-se ainda mais em seu corpo, ele a abraçou de volta e começaram a gritar.
Funcionou. Seus gritos foram ouvidos por Ryan e Esposito que cercavam as imediações. Quando abriram o alçapão, Castle e Beckett rapidamente se soltaram para olhar para cima.
- Esposito!
- Isso é um tigre?
 - Sim – ambos responderam – que tal tirar-nos daqui? – mas nada era tão simples. Os rapazes foram surpreendidos pela tal senhora com uma arma. O alçapão se fechou e enquanto os detetives travavam uma luta armada com os bandidos, Castle e Beckett gritavam desesperados. O tigre estava cada vez mais próximo de alcança-los com seus pulos. Desesperado, ele comentou.
- Sinto muito. Eu não sei mais o que fazer – pela primeira vez, ele parecia desistir. Olhava para ela com medo e arrependido. Era assim que a história dos dois acabaria? Comidos por um tigre? Ele queria tantas coisas... – ela olhou para ele, depois para o tigre.
- Não, Castle, eu não sobrevivi a uma bala no coração para terminar mastigada por um tigre. Ela olhou para cima, ele entendeu. Nessa hora, o freezer veio abaixo. Gritos. Ryan e Esposito desistiram deixando os bandidos escaparem. Precisavam salvar seus amigos. Ao abrirem o alçapão, viram apenas o freezer caído e o tigre sobre ele.
- Meu Deus! Eles os comeu.
- Ele não nos comeu – ouviram a voz de Beckett. Ryan se agachou. Eles estavam pendurados nas madeiras do teto.
- Mas ele irá se vocês não se apressarem – eles jogaram uma corrente que Castle prontamente apanhou no ar.
- Boa pegada! – ela elogiou. Com uma certa dificuldade, eles conseguiram sair. Afinal ainda estavam algemados e seus movimentos teriam que ser sincronizados para não se machucarem. Arfando e cansados, eles esperaram Esposito abrir as algemas por fim.
- Algemados todo esse tempo? Estou surpreso que não tenham matado um ao outro.
- Bem, tiveram alguns momentos.
- Até encontrarmos nosso ritmo – concluiu Castle sorrindo. Gates se aproximou entregando uma caixa com o distintivo, a arma e o relógio dela. Espo acrescentou as algemas.
- Como nos acharam?
- Seguimos as migalhas.
- E para sorte de alguns de nós, alguns detetives me mantem informada de seu paradeiro – disse Gates – graças a vocês, estou iniciando uma nova política no meu departamento. Ninguém vai a lugar nenhum sem me avisar.
De volta ao distrito, eles conversaram com o agente do FBI e a foto da mãe e dos filhos já estava espalhada por toda a parte. Logo os prenderiam. O tigre provavelmente iria para um abrigo ou o zoológico. Beckett agradeceu aos rapazes e mandou-os descansar. Ficando sozinha com Castle, eles retornaram a sua mesa.
- Esse deve ter sido o encontro com a morte mais estranho que já tive.  
- Eu também – ambos estavam muitos cansados, com os nervos à flor da pele – eu digo a você, parece que fiz sexo a tarde inteira – ela o olhou espantada – o que? Todo aquele esforço? Digo mais, depois dessa experiência, se tiver que ficar unido a alguém, seria a você.
- Unido?
- Unido? Eu não disse unido, eu disse algemado – ele a ajudou a vestir o casaco, como um cavalheiro- nem coloquial ou outra colocação ou significado.
- Tudo bem, Castle. Eu entendi o que quis dizer e para sua informação, se tiver que passar outra noite algemada com alguém de novo, não me importaria se fosse com você – ela o fitou.
- Sério?
- Sim, mas da próxima vez – ela já se distanciava dele – vamos fazer sem o tigre – voltou a olhar para Castle, com certa malicia.
- Da próxima vez? – ela saiu e Castle apenas pode sorrir. Talvez tivessem uma próxima vez. Ele, na verdade, adoraria. Começando a fantasiar com a ideia, ele seguiu para casa.

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Depois de um longo banho, jogou-se na cama. Exausto. Não mentira ao dizer para Beckett que todo aquele exercício fora equivalente a fazer sexo. O pensamento fazia-o lembrar dos momentos onde certamente pensou sobre isso mesmo em perigo. Ultimamente, eles apenas ficavam nas provocações, nos joguinhos, tinham mais de um mês que não usufruíam da parceria com benefícios. Por que será?
Talvez Beckett tinha se cansado de algo não real, ou ainda estivesse consumida pelos medos e receios da PTSD. Intensificara a terapia? Suspirou. Ela o abraçara hoje como se não quisesse perde-lo ou era sua imaginação?
Suspirou.
Sentia falta dela e sabia que essa noite, não sonharia com o tigre. Não, essa noite, ele sonharia com a tigresa. Sorriu. Pelos menos, tinha o mundo dos sonhos e uma esperança. Ela insinuou uma outra vez, não?
Toda essa divagação estava fazendo-o ficar com mais vontade de vê-la. Levantou-se. Foi até a cozinha e serviu-se de um copo de whisky. Podia relaxar com a bebida. Ele se viu pensando em quanto ela era flexível. O jeito como subira nele, agarrava-se em seu corpo. Não tinha como não imaginar algumas situações. Sentiu uma pontada na virilha. Não, pare com isso. Serviu-se de outro copo de whisky. Batidas na porta o assustaram. Checou o relógio. Meia-noite. Quem seria a essa hora?
Deixou o copo sobre a mesa, caminhou até a porta. Reparou que havia uma marca vermelha em seu pulso quando avançou para segurar a fechadura. Aquele dia definitivamente não parava de surpreende-lo.
- Beckett? O que faz aqui?
- Posso entrar?
- Claro! – ele deu passagem a ela – aconteceu alguma coisa?

- Talvez. Promete que não vai me julgar ou fazer pouco de mim? – ele a olhava, o rosto tinha uma expressão que ele não conseguia definir completamente. Um certo nervosismo, vergonha? Ele a observava com o rosto inclinado tentando descobrir o mistério, vendo que ele não ia se pronunciar continuou – e-eu não consegui dormir. Eu fechava meus olhos e via o tigre... – ela mordiscou os lábios – posso dormir aqui com você?

Continua...