terça-feira, 31 de janeiro de 2012

[Castle] O que é um fã viciado,,,pertubado?!





Ai, estou tão feliz!!! Minha mana voltou dos USA e trouxe minhas encomendas... awwwww


Coisa mais lindaaaaaaaaa!!! Querem ver???


Poster da S1:







Poster da S4:




Calendário 2012:





Diz aí se não é pra babar??? Depois posto mais fotos decentes :)























sábado, 28 de janeiro de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap. 10


Nota da autora: Novamente o episódio não está inteiro e o que importa são as entrelinhas. As músicas usadas servem de pano de fundo e confesso que foram usadas para inicialmente satisfazer a escritorar especialmente a segunda, mas acabei por perceber que a letra tem tudo a ver com Beckett. Se quiserem escutar são elas: Just the way you are - na voz de Diana Krall e Surrender - Laura Pausini.


Enjoy!


Cap.10



Beckett deixou o distrito ainda sorrindo. Apesar do perigo que enfrentaram juntos, agora a aventura parecia até divertida para ela. Claro que quando acordou ao lado dele daquele jeito, pensou o pior. A primeira coisa que veio à sua mente foi se havia acontecido algo que ela não se lembrava. Ao contrário da mentira que ela contou a Castle quando estava no hospital, Beckett realmente tinha medo que sua memória de alguma forma tivesse lhe pregado uma peça. Felizmente, não fora o que ela imaginara.


Lembrar da sensação de estar algemada a Castle trazia um sorriso leve ao rosto dela. Era engraçado e algo que certamente Castle aprovaria ou ele não teria usado a palavra pervertido ao vê-los assim. Kate Beckett sabia que também não era nenhuma santa. Ela gostava de coisas diferentes mas o que mais a apavorara foi perceber que se algo tivesse rolado entre eles, não seria de forma nenhuma igual a maneira que ela esperava.

Sim, ela brincou com ele sobre usar as algemas e como toda brincadeira tem um fundo de verdade...

Porém, a cada dia, Beckett passava a descobrir pequenas coisas sobre Castle que antes não reparava. O jeito como ele brigara com ela sobre sempre ser a primeira em tudo fora indiretamente uma exposição de sua revolta por não conseguir praticar com ela um gesto de cavalheirismo. Ela gostava de vê-lo zangado, porque no fundo era apenas uma tentativa de cuidar dela ou se aproximar. Ela reconhecia para si mesma que era mandona e gostava de ter o controle porque isso a fazia sentir-se segura, mas também tinha consciência que ao fazer isso, afastava as pessoas dela. Exceto Castle. Ele nunca desistia mesmo ela ralhando com ele, Castle estava sempre ali. Batia boca com ela, ou embirrava como uma criança mas sempre estava pronto para ajudá-la.

E o casamento de Ryan está chegando, será que devo convidar Castle para ir comigo? Ela lembrou que isso poderia ser uma discussão para ter com o terapeuta. Ela aconchegou-se na cama e lembrou do jeito manhoso que ele acordara ao seu lado e Beckett se pegou pensando em como seria dormir com ele, como seria a primeira vez deles? Seria Castle um homem gentil, romântico ou estaria ele mais para um homem de pegada, firme e sensual? Ela nem sabia opinar porém preferia imaginar que ele seria uma mistura dos dois. Que tipo de pensamento era aquele? Ela não devia estar pensando em certas coisas com ele. Ela ainda tinha um longo caminho para percorrer. Queria poder porém, não seria assim tão fácil se entregar. Ela não estava preparada para entrar numa relação de cabeça. Tinha que confessar a si mesma que gostava do flerte, do jogo de sedução que ela passara a fazer mais constantemente com Castle. E sentia falta dos lábios dele. Isso era a mais pura verdade.

Dia Seguinte

Consultório do terapeuta


Ele já estava esperando uns dez minutos Kate começar a falar. Ela organizava os pensamentos sem saber ao certo por onde começar.

- Então, Kate. Você vai conversar hoje ou vai ficar aí satisfeita em apenas olhar para mim? Aposto que você tem boas coisas para contar. Algo me diz que você deu um passo à frente e se sente bem com isso, está relaxada.

- Sim, eu conversei com Castle. Expliquei para ele onde eu estou agora. Falei da minha mãe, do medo, da terapia. Nós fomos visitá-la. Nunca levei alguém lá comigo mas Castle me deu coragem para fazer isso. Não sei bem explicar porque, apenas sei que ele me dá forças para coisas que achava não ser possível de serem feitas por mim. Talvez seja o seu jeito com as palavras que acabe me convencendo ou...

- Ou o carinho e o respeito que ele tem por você. O sentimento, Kate. Falando nisso, você disse como se sente em relação a ele? Revelou seus próprios sentimentos?

- Você está perguntando se eu disse a ele que o amava? Claro que não! Se fizesse isso seria obrigada a revelar que menti para ele. Não posso ainda, tenho que esperar o momento certo. Mas...


Ela ficou calada e a mente vagou para a noite em que dormiram juntos. Para o beijo. E lá estava o sorriso no canto dos lábios mais uma vez.

- Mas?

Ela suspirou.

- Acredito que ele entendeu que gosto dele e que quero algo mais, só que primeiro preciso estar segura e pronta. E eu não sei quanto tempo eu ainda terei até isso realmente acontecer.

- Algo me diz Kate, que será bem antes do que você imagina.

- Como assim?

Ela massageava o pulso levemente ainda doído da experiência de estar algemada a ele por umas horas.

- Ao olhar para você, posso ver o quanto já evoluiu. O quanto você se convenceu que quer seguir em frente. Desde que começamos esse trabalho, essa é a primeira vez que você se mostra relaxada, objetiva e você sabe exatamente o que quer. Kate Beckett quer ser feliz e para isso ela precisa de Castle a seu lado. Então me diga, qual deve ser o seu próximo passo?

- Não quero apressar as coisas. Temos muito o que discutir ainda, preciso ir devagar. Essa última experiência até me fez pensar além, de certa forma me mostrou que eu não estou de todo preparada para um relacionamento de 24h por dia.

- Tem certeza?

Ela entortou a boca.

- Você sempre tem que colocar essa interrogação na minha cabeça?

- Só estou procurando ter certeza de que você analisou todas as possibilidades.

- O casamento de Ryan se aproxima...

Foi a vez do terapeuta deixar um pequeno sorriso escapar.

- Você não aprova casamentos, Kate? Não acredita neles?

- Acredito. É um passo muito grande na vida de alguém.

- Você se imagina casando?

- Apesar do meu jeito duro, sou um pouco romântica mas diferente de outras mulheres não dediquei parte da minha vida a isso. Para mim, casamento não se resume a status e uma festa gigante. É compromisso, confiança ao se expor a uma outra pessoa completamente. Apoiá-la em suas decisões e ceder de vez em quando. É um papel difícil de se desempenhar. Castle já foi casado duas vezes.

- E você vê problema nisso?

- Não...mas me faz pensar se ele estaria disposto a tentar novamente. Não! Espera, esquece tudo o que eu disse. Eu nem sequer estou namorando! É esse clima de casamento no distrito que está me afetando.

O terapeuta estava rindo por dentro. A negação de uma mulher apaixonada era algo fascinante.

- Com quem você vai ao casamento, Kate?

- Sozinha.

- Tem certeza? Porque não convida o Castle?

- Aposto que ele já tem alguma loira à tira-colo para levar.

Ela ficou pensativa por uns segundos.

- Você acha que devo convidá-lo?

- A decisão é sua.

- Não sei se é uma boa idéia, fazendo isso estaria expondo a nós dois para todo o distrito. Melhor não.

- E se ele aparecer com alguém, você já pensou em como isso iria te afetar?

- Não...

De certa forma, Kate conseguiu sair da terapia mais confusa do que entrara. Tudo porque ficou pensando nas palavras do terapeuta sobre como reagiria se Castle levasse uma acompanhante.


Dias depois...


Eles estavam sentados saboreando uma boa xícara de café enquanto Jenny conversava com Ryan. Ao vê-lo virar uma garrafa com um conteúdo verde na boca, Castle perguntou.

- O que está bebendo, resíduos tóxicos?

- Estamos nos purificando. Ele esqueceu a garrafa, então eu trouxe.

- Ele esqueceu. Você tem certeza?

- Na verdade, nunca me senti melhor. Água, suco de limão, nenhum alimento sólido. Jenny e eu começaremos o casamento 100% purificados.

- Já fez uma semana. Só faltam três dias.

Foi a vez de Beckett se pronunciar.

- Não acredito que se casarão no domingo.

- Eu sei. Loucura, não é? É melhor eu correr. Minha mãe está pirando com os cartões. Vejo vocês lá.

- Obrigado, querida. Eu te amo.

-Eu te amo mais.

-Não, isso não é possível.

E eles trocam beijos apaixonados sobre os olhos de Esposito, Castle e Beckett que não pode evitar de olhar para ele de forma divertida.

- Eu sei. Eu sei. Eu sei. Somos melosos.

- Estou ansioso para conhecer as amigas da Jenny. Mostrarei o que há de melhor em Nova Iorque.

- Então não se importará que Lanie traga acompanhante.

Nesse momento o sorriso de Esposito desapareceu e todos voltaram-se temerosos para ele.

- Quem?

- Não sei. Ela só pediu mais um convite.

- Como ela já pode ter namorado? Terminamos há pouco tempo. – disse Esposito frustrado.

Kate aproveitou a deixa para divulgar qual seria seu status no casamento a fim de descobrir quem poderia ser a acompanhante de Castle. Ela sorria divertida.

- Não se preocupe, Espo. Irei sozinha. Se não rolar com as amigas, dançarei com você.

O celular tocou e desviou o foco da conversa

- Esposito.

- Castle, Jenny me disse que também pediu convite.

Ela não conseguiu disfarçar mesmo já imaginando que isso podia acontecer.

- Terá acompanhante?

-Sim.

-Quem?

A pergunta saiu atropelada antes que ela pudesse pensar a respeito. Fora involuntário.

- Ela é linda, inteligente, engraçada e o jeito como sorri, derrete meu coração.

Castle dissertava de maneira galanteadora e apaixonada deixando Beckett ainda mais apreensiva. Acabando com o suspense por fim, ele revelou.

-É a Alexis.

Um sorriso de alivio se abriu no rosto de Beckett. Por um momento ela se sentiu a beira de um momento de ciúmes reprimido.

-Pessoal. Temos um fresquinho.

Nas ruas de New York, Beckett se dirigia a Lanie.

- Lanie. Temos um pulador?

- Pelo impacto, diria que veio de uma daquelas janelas acima do sétimo andar. Ryan e Esposito estão procurando o quarto com o pessoal do hotel.

-Então... ele está nu.

-Que detalhista. Lanie falou ironizando Castle.

- Está muito frio. Se fosse suicídio, não gostaria de estar quentinho a caminho de sua morte certa?

- Se fosse suicídio, acha que haveria isto... marcas de unha, feitas há uma hora?

- Parece que teve ação antes de saltar. Disse Beckett e após uma pequena manifestação de Esposito sobre um provável acompanhante de Lanie, ouviu alguém chamar por ela.

- Beckett! Encontrei o quarto! Oitavo andar!

- Tudo bem!

Eles estavam observando agora a suposta cena do crime.

-Música para melhorar o humor?

-Sim. E há batom sobre o travesseiro.

- Parece que Lanie estava certa, a vítima teve sorte antes de... fugir da sorte.

Ryan se antecipou e revelou a identidade do morto.

- O nosso nome da vítima é Michael Bailey, 28 anos, vive na Rua West, 93. E, segundo seu cartão de visita, é analista júnior da Global 12 em Midtown.

-Quem reservou o quarto?

-Registrado para Jane Eyre. Pago em dinheiro.

- Sugere premeditação. Ela sabia que ia matá-lo, então reservou o quarto anonimamente.

- Mas por que dormir com ele? Por que não o empurrou pela janela?

E Castle começou a teorizar.

- Porque ela é uma viúva-negra... a criatura mais sangue frio da Terra. Ela seduz um homem inocente, enrola-o em sua teia e, no momento culminante, prestes a sentir o êxtase de alcançar seu destino biológico... ela abre suas mandíbulas e o come vivo.

Beckett olhava incrédula para Castle tentando segurar o riso, ela adorava vê-lo teorizar mas algumas vezes ele fugia totalmente do bom senso.

- Que bom estar em uma relação saudável.

- É.

- Aposto que o macho da viúva-negra também pensa que está em uma relação saudável.

- Viúva-negra ou não, acho que descobri como encontrá-la.

E Beckett recolheu uma taça de vinho com uma digital.

- Bingo.

E com a evidência da digital encontrada na cena do crime, Beckett trouxe a suspeita para interrogatório. A conversa demonstrou-se bem interessante do ponto de vista romântico e relevante já que para ela a vitima era Jake Hendricks.

- Este homem.

- Não, esse não é Michael. Esse é Jake. Jake Hendricks.

- Não, é Michael Bailey.

- Acho que eu saberia com quem estava dormindo.

- Aparentemente, não sabia.

- Sim, ele disse que seu nome era Jake. Que ia para Chicago fazer visitas de vendas para o negócio da família. Ele era um doce. Não o matei. Estava caidinha por ele.

-Ele caiu bem feio também. Há quanto tempo namoravam?

Ela pareceu embaraçada com a pergunta e gaguejou ao responder.

- Nos conhecemos esta noite. No Wilmer's Bar, por volta das 19h.

- Esta noite? E já estava se apaixonando?

Beckett achou tudo muito estranho.

- Sei que parece loucura, mas parecia uma daquelas ligações mágicas sobre as quais lemos, sabe?

Beckett não conseguia esconder sua incredulidade.

- Depois de... Você sabe, ele começou a ficar tonto e suado, então abriu a janela para pegar um ar e estava encostado no peitoril, quando de repente... Ele só...

Ela fez o gesto com a mão.

- Está dizendo... que ele caiu da janela e seu pensamento não foi ligar para a polícia, mas fugir?

- Sabia como pareceria, mas entrei em pânico e tomei uma decisão ruim. Mas juro, foi um acidente.

Beckett e Castle voltaram ao necrotério para pegar novas informações com Lanie que descobriu que não fora um acidente. Michael fora envenenado com uma dose letal de colquicina. E para piorar, ele teve relações sexuais com duas mulheres antes de morrer. É claro que a senhorita Franklin ficou indignada em saber que não era a única mulher dele.

- Apesar da dor de cotovelo, acho que ela está falando a verdade.

- Talvez, mas vamos confirmar o álibi antes de soltá-la.

- Enquanto isso, descobriremos onde e com quem Bailey estava entre 16h e 18h quando foi envenenado.

- Exato. É nossa zona da morte.

Espósito aparece com o restante das informações sobre a vitima saboreando um donut suculento que fez Ryan se contorcer e entornar o liquido verde goela abaixo.

- Não achei parente algum dele. Os pais morreram há anos. Não tem irmãos, nada.

-Está bem?

-Estou.

- Tudo que ele contou para Holly foi mentira.

- Talvez tenha sido um truque. Sem tempo, cara de família, negócio próprio. Era como levava mulheres para a cama.

- Seja qual for a razão para mentir, aposto que a assassina é com quem ele dormiu antes. Caiu na lábia dele e se vingou.

- Vasculhe os registros telefônicos. Temos que achar a outra mulher.


No dia seguinte...


- Oi, rapazes. Deram sorte com a localização da outra mulher de Bailey?

-Muita sorte.

Ryan abriu a porta de uma sala para eles e Beckett se espantou com a quantidade de mulheres lá dentro. Castle não pode perder o comentário

- Parece o começo de "The Bachelor", mas sem os appletinis.

- Bailey estava envolvido com todas elas?

- É. E cada uma achava que era a única.

- São muitas mulheres desprezadas... E muita fúria.

Reunidos em frente ao quadro branco, Castle, Beckett e Esposito tentavam montar o quebra-cabeça em torno de Michael. Aparentemente ele não esteve com nenhuma das mulheres entre 16 e 18h do dia em que morreu, na verdade todas pensavam que ele estava na Europa mas seus cartões de credito sinalizavam que ele nunca deixara New York. Alem disso, seu chefe na Global 12 informou que ele pedira uma licença de um mês. Então, foi a vez de Ryan contar que ele também estava sem apartamento não aparecia lá há um mês e foi encontrado uma identidade falta sobre o nome de Jake Hendricks. Uma pesquisa rápida da identidade na internet bateu exatamente com o perfil que Michael dissera a Holly. Decidindo que era muito trabalho de disfarce para alguém, Beckett pediu para os rapazes vasculharem se ele era um FBI ou CIA enquanto ela e Castle checariam porque Michael pediu uma licença no trabalho.

Ao conversar com o chefe de Michael, eles não encontram nada de concreto exceto que alguém havia tentado arrombar a sala dele. Pela descrição identificaram uma comissária de bordo, Colette Roth, que foi trazida para interrogatório.

- Não sou espiã. Sou comissária de bordo.

- Então explique sua relação com Michael Bailey.

- Éramos almas gêmeas.

- Então poderá nos dizer... onde estavam ontem entre 16h e 18h.

- Estava esperando-o do lado de fora de seu apartamento. Mas ele não apareceu.

-Seu dia ontem foi cheio. Foi vista tentando invadir o escritório dele horas antes disso.

- Eu queria encontrar alguma pista, algo que me levasse aos inimigos dele.

-Inimigos?

-Michael era um homem procurado.

-Procurado por quem?

-Não sei. Só sei que ele estava com problemas. Há 4 semanas, ele disse que iria para Europa. Mas eu o via na cidade... e ele fingia não me ver. Então vigiei o apartamento dele.

-Você o perseguiu?

-Vigiar, perseguir, qual a diferença? Eu estava protegendo-o!

Mas ele não ia para casa. Há uns dias, eu o confrontei. Ele disse que não poderia falar, mas me disse para encontrá-lo no outro dia que ele explicaria tudo.

-Deixe-me adivinhar. Foi a última vez que o viu.

- Não. Nos encontramos no outro dia. Mas antes de me dizer o que estava havendo, um carro surgiu do nada e veio para cima de nós.

-Quem?

-Valentões mascarados.

- Eles o agarraram e o jogaram no fundo. Lutei com todas as minhas forças,mas foi em vão.

-Aposto que sim.

- Você prestou queixa?

- Não. Disseram que o matariam. Por isso tentei encontrá-lo no dia seguinte, para ver se havia sido solto. Mas eles o mataram. Os valentões o mataram.

- Onde tudo isso aconteceu?

- Na rua, à vista de todos.

- Certo.

- Esquina da Washington com Greenwich, câmera do caixa eletrônico. Onde Colette disse que houve o sequestro.

Beckett ainda não comprara a história de Colette.

- Estou assistindo e não há nada.

- Certo. A não ser que esteja apreciando a qualidade do vídeo, podemos acabar logo com isso. Checarei com Esposito, ver o que conseguiu do álibi de Colette.

Então Castle se manifestou.

-Espere. Aí está Bailey. E lá vem Colette.

Beckett não acreditava no que via.

- Sério mesmo?

- Valentões mascarados.

E agora Beckett parecia estar entendendo que havia algo mais nessa história.

- Só pode ser brincadeira.

- Parece que Colette quebrou o nariz daquele.

Castle voltou a fazer sua análise sobre o caso.

- Identidade falsa, montanhas de dinheiro, sequestro relâmpago... Ele era mesmo Jason Bourne.

- Só pode ser brincadeira.

Agora Castle estava na frente do quadro e estimulado recitava os passos de sua teoria. Beckett apenas o observava e de uma maneira prazerosa, por mais malucas que fossem, ela gostava de apreciá-lo divagando sobre as teorias.

- Não consegue enxergar? Bailey estava em uma missão disfarçado. Foi colocado em uma multinacional, Global 12 Consolidated, como disfarce. Há um mês, ele foi acionado. Foi lhe dado um nome falso, uma história. Recebeu uma grande quantidade de dinheiro e, de alguma forma, o inimigo chega até ele. Eles o tiram das ruas. Ele consegue escapar, então atacam seu calcanhar de Aquiles... Seu amor por lindas mulheres. Eles mandam uma agente secreta muito sensual. Ela o seduz... e o mata envenenando seu suplemento alimentar.

Ao terminar de falar, ela fez uma careta. Droga!

- Não consigo pensar em algo melhor.

E bateu com a mão imitando um soco no ar. No mesmo instante que seu celular tocou.

- Beckett.

- É mesmo? Certo. Obrigada.

Ela desligou e olhou com uma certa satisfação para Castle.

- A CIA, o FBI e a Segurança Interna nunca ouviram falar de Bailey nem do seu nome falso.
Castle rebateu.

- Acha mesmo que contariam se o conhecessem?

Ryan conseguiu identificar a placa do veiculo e o dono. Eles vão lhe fazer uma visita. Invadiram seu apartamento e pegaram alguns homens com mulheres, um deles com o nariz quebrado. Levaram-nos para a delegacia. A música que tocava no ambiente era bolero, o mesmo tipo da cena do crime.

- É seu carro, Pablo. O que você e Bailey estavam armando e por que... mataram-no?

- Está me dizendo que Mike está morto?

- Chega disso, Pablo. Sequestraram-no há 2 dias. Por quê?

-Não. Não é o que parece.

Na outra sala de interrogatório, Ryan e Esposito procuravam entender.

- Foi uma "desperseguização".

- Desperse... O quê?

- Mike é nosso companheiro. Ele se meteu com uma perseguidora louca, "Colette" sei lá do quê. Então encenamos um sequestro para assustá-la. Chamamos de "desperseguização".

- Bailey sabia disso?

- Sabia. Nós 3 somos uma equipe.

Beckett continuava fazendo perguntas a Pablo.

-Que tipo de equipe?

-Forças especiais? Militares em trabalhos privados?

- Somos artistas da conquista.

- Tipo... conquistar mulheres?

- Você? Beckett estava passada.

Ryan e Esposito juntavam os pedaços.

- Dedicamos nossa vida a pegar o máximo de mulheres.

- Explica as mulheres de Bailey.

- E as garotas no apartamento eram bem gostosas.

- Claro.

Castle lembrou da música.

- A música que estava tocando é parte da estratégia de sedução?

- É. Bolero aumenta a chance de "fechar o acordo" em 12%.

- Supondo que isso seja verdade, viram-no na noite anterior à da morte. Disse no que estava metido?

- Não, manteve tudo secreto. Ele parou de sair com a gente há cerca de um mês.

- Sério? Um mês?

Castle olhou para Beckett querendo trazer à tona sua teoria.

- Quando ligou pela "desperseguição" há uns dias, foi quando falamos com ele de novo. Quando ele disse que precisava da "desperseguição", ajudamos.

-Para onde ele foi?

-Para um barzinho sem graça.

- A Garrafa Mágica. Um lugar sem muitos alvos. Quando nos viu lá, ele pirou, mas nos deixou ficar e sermos seus parceiros só se o chamássemos de Jake. Como se ele estivesse disfarçado.

- Jake. A mesma identidade que deu à Holly Franklin um dia depois.

- Então demos algumas voltas para reconhecimento. Tinha algumas coroas até que boas. Achei que Mike estava expandindo suas opções, sabe? Mas ele não estava interessado nelas. Não. Ele fixou um alvo, que nem era grande coisa, e colocou sua bandeira. Então vi que ela usava aliança.

- Ela era casada. Ficamos longe das casadas.

Beckett soltou o comentário sarcástico.

- Por serem tão éticos.

- Elas significam problemas. Mas ele não se importou. Foi para cima.

- Acha que ele foi nesse bar por causa dessa mulher, que ele estava atrás dela.

-Exatamente.

- Ele disse o porquê?

- Não, mas insistiu nela como se a vida dele dependesse disso. Parecia que estava em uma missão.

-Ela caiu na dele?

-Não. Só deu luz vermelha. A cancela baixou, trem vindo. É hora de seguir em frente. Mas Mike, não. Não naquela noite.

- O que ele fez?

- Ele usou uma abordagem inversa.

- Abordagem inversa?

- Fez parecer que a última coisa que quer é dormir com ela. Ele apenas a achou interessante e quer conversar. Ela não acreditou, então ele tentou a "Isca". Conta de uma garota que traiu o amigo dele. Ele deve contar ao amigo? Mulheres amam dar conselhos. Mas ela ainda lhe deu o fora. Então ele tenta o "Desvio".

- O que é o "Desvio"?

- É quando se flerta com a amiga do alvo. Então ele começou a ganhar força. Em seguida aplicou o "Puxão", para ver se a tinha fisgado. E então usou o "Ultimato Bailey". É o movimento dele.

Beckett está boquiaberta diante de toda a história.

- Diz que precisa sair, forçando o alvo a tomar uma decisão rápida de ir ou não com ele.

- O que ela fez?

- Logo depois, vê-se os dois saindo de lá.

Ele dá uma pausa e olha para Beckett ainda de boca aberta absorta na história.

- Você tem olhos lindos.

Só então ela se recompõe e responde.

- Sério?

- O quê? É um jogo de números. Eu me dou mal 90% do tempo.

Ela não pode evitar.

- Restaurando assim minha fé no meu gênero.Esse alvo dele tem um nome?

- Lisa. A melhor conquista que já vi. É uma pena que ela nunca irá para os registros do Mike.
Beckett tinha medo de perguntar.

- Quais registros?

Eles puseram as mãos num catálogo, uma espécie de diário de Michael.

- Bailey já dormiu, literalmente, com centenas de mulheres.

- É o que ele diz.

- Parece legítimo. A maioria das fotos é bem picante.

Castle e Esposito pareciam estar se divertindo com a situação e Beckett já estava se irritando com aquilo.

- Todas têm apelidos e datas. 09/06/2010, "Carrie Carnal". 12/06/2010, "Fascinante Marjan".

-Foi mal.

Ela revirava os olhos por causa da reação deles.

-Há alguma Lisa 2 dias atrás?

- Não. O último registro foi há um mês. Pablo estava certo, ela não entrou na lista.

- Precisamos achar Lisa. Ela pode ser a outra mulher.

- Os álibis dos nossos amigos Max e Pablo bateram. Estavam no trabalho quando Mike foi envenenado.

"Lucy Flexível". E ela com certeza o é.

- Seja no que for que Bailey estava metido, ele sabia o que fazia.

Espósito estava empolgado, foi Ryan quem o criticou.

- Sério? Isso aí te impressiona? Elas são patéticas por caírem na dele. E Bailey era só um vigarista mentiroso.

- Obrigada. Há pelo menos um homem de verdade entre nós. Ryan, leve o "The Situation" até a Garrafa Mágica e tente identificar essa Lisa para descobrirmos por que Bailey estava atrás dela.
Castle continuava a folhear o diário. De repente parou e fechou-o numa página específica. Assim que os rapazes saíram, ele perguntou.

- Beckett, quando exatamente Ryan e Jenny começaram a namorar?

- Acho que em 2009. Ela lhe deu uma gravata horrível ao comemorarem 2 semanas. Era páscoa, acho que abril.

- Então em maio de 2009 eles já namoravam há um mês.

- Isso. Por quê?

Ela estava distraída olhando a papelada à sua frente quando Castle realmente chamou sua atenção.

- Registro de 20/05/2009 de Bailey.

- Meu Deus. É Jenny.

- Não apenas "Jenny". "Jenny Espiral".

A expressão mista de surpresa e preocupação tornou-se clara no rosto dela.

Lisa Hill. Rica e herdeira das Publicações Dashby. Bailey usou a identidade falsa com Holly e Lisa ambas ricas, era tudo sobre dinheiro e Lisa tinha acesso à droga que o envenenou além de ter deixado a cidade as 18:30 indo para a sua casa em Montauk. Concordaram que iam achá-la amanhã. Castle tocou no assunto que o incomodava desde que o descobriu.

- Então... o que faremos?

-Sobre o quê?

- Precisamos contar a Ryan sobre Jenny.

Beckett se espantou.

- O quê? Por quê?

- Se fôssemos nos casar, gostaria de saber sobre todos com quem dormi?

Ela nem acreditava que fora capaz de fazer essa pergunta.

-"Todos"? Castle falara de um jeito insinuando muitos...

Ah, não! Ele só podia estar de brincadeira. Ela alfinetou.

- Sério? Você autografa o peito de mulheres. Não pode se chocar de eu não ser virgem.

- É que a palavra "todos" sugere que foram muitos. De quantos estamos falando exatamente?

Meu Deus! Onde nós vamos parar com essa discussão? Nós nem somos namorados e isso é tão estranho. Beckett precisava dar um basta naquilo.

- Está realmente perguntando meu número?

- Mostre-me o seu que mostro o meu.

Ela colocou um sorriso malicioso no rosto.

- Homens... Vocês querem saber, mas não querem realmente saber. Todas as mulheres têm seus segredos, inclusive Jenny. E, às vezes, pelo bem do relacionamento, é melhor não contá-los.

Ao falar isso, ela se retirou do distrito. A caminho de casa, ela revia o seu último diálogo com Castle. O que foi tudo aquilo? Será que ele realmente queria saber com quantos homens ela dormira? Ou era apenas uma jogada para saber até onde ela ia? A julgar pelo jeito non-sense de Castle em muitas situações, ele podia muito bem não ter feito por mal, podia ser algo espontâneo. Impensado. Ela se pegou pensando no assunto e mentalmente relembrou os seus namorados e ficantes. Um sorriso maroto surgiu nos lábios. Ah, Castle, ao contrário dos homens, nós garotas beijamos mas não contamos.

Na manhã seguinte, eles traquearam Lisa Hill e acabaram por descobrir que ela não era a assassina de Bailey mas descobriram que o marido de Lisa, Ron Hill fazia parte de um acordo multimilionário que a Global 12 estava prestes a fechar. Beckett o reconheceu como um dos integrantes da mesa de negociações na Global 12 quando estiveram lá. Além disso, a firma que representa a KPW é a firma de Holly Franklin. Era algo grande e Beckett desconfiava de espionagem patrocinada pela própria Global 12. Eles o convocara para interrogatório infelizmente Harris não lhes forneceu nada.

Eles estavam sentados na copa reavaliando os dados do caso. Almoçavam comida chinesa.

- Há mais de 300 mulheres executivas nas KPW. Bailey poderia estar mirando em qualquer uma.

- Ainda as advogadas e a investidora bancária que trabalhavam no acordo.

-E onde foi envenenado?

- Conseguiram algo?

- Não. Há muitas pessoas com quem Bailey pode ter dormido.

- Falando nisso, você sabe... Ryan é meu amigo, então devo contar para ele sobre Jenny e Bailey.

Ela olhou para Castle.

- Só disse que eu não poderia contar a Ryan.

- Espo, entendo seu ponto de vista, mas ele não come há uma semana e meia. E depois do incidente com a rosquinha, não acho...

Nesse instante, Ryan aparece na frente deles. Olha a fartura de comida na mesa. O desejo de comer reapareceu.

- Só levarei isso para minha mesa.

Ele pegou uma pasta e seus olhos fixaram-se nos variados pratos sobre a mesa.

- Sente-se, cara.

- O que foi? O quê?

Eles olhavam um para o outro.

- Por que estão tão sérios?

- Você deveria... comer algo. Falou Esposito.

- É. Parece faminto. Beckett incentivou. - Está parecendo um gato selvagem.

- Fiz um voto sagrado à mulher que eu amo. É Moo Shu pork?

-É. E está delicioso. Vai lá, cara. Coma.

E Ryan arrancou a caixinha das mãos de Castle e começou a comer.

- Não estava mentindo sobre o Moo Shu pork.

-Nossa!

-Não é?

-Passe os rolinhos primavera.

-Claro.

Então... Sabe como amamos Jenny, não é?

- Sim. O que tem ela?

- Bem, é que...aquele livro de Bailey...

-Ela está nele? Queria perguntar, mas ando tendo lapsos de memória...Pode passar o arroz frito?

Beckett estava muito constrangida, nem conseguia olhar para Ryan direito. Na sua opinião, isso poderia acabar mal.

-Claro.

-Então sabia esse tempo todo?

- Estava contando as investidas de Javi na noite passada... e começamos a falar sobre o caso. Ela me contou que conheceu Bailey em um bar por volta de um mês depois que começamos.

- Ela te contou isso?

- Contou. Ela não tinha idéia que ele era um profissional da pegada.

- E não ficou chateado?

- Nós não éramos exclusivos.

-Isso é bife de Mongólia?

-Cara.

Beckett abriu um sorriso, bons relacionamentos e confiança, nada pode abalá-los.

Ryan contou a eles sobre suas pesquisas e seu achado. Um endereço na Park avenue sobre o nome de Jake Hendricks.

- Estamos sentados esperando o quê?

Os rapazes foram ao apartamento e encontraram a bebida que fora usada como suposta arma do crime e também descobriram que ele esteve no apartamento no dia que foi envenenado além de uma foto de alguém que fazia visitas regulares. Ao olhar a foto, Beckett sabia o que devia fazer.

- Com licença. Desculpe interromper de novo.

- O que houve, Seth?

- Nada. Nada mesmo.

- Detetive, já contei tudo que eu sabia sobre Michael Bailey. Agora, por favor... saia.

- Na verdade, não estamos aqui por você, Sr. Harris.

- Talvez, em breve, a comissão de valores esteja.

- Hoje... estamos aqui por uma mulher, alguém que trabalha para a KPW e também conhecia Michael Bailey. Sua diretora de operações, Amy Kemp. Está presa pelo assassinato de Michael Bailey.

- Prazer em fazer negócios com você, Seth.

- Vamos.

- Ela disse: "Matá-lo foi apenas um negócio". Teve que morrer para proteger segredos corporativos. O fato de ele nunca mais enganar outras mulheres foi um benefício extra.

- Bailey agiu com ela como com as outras. Fez se sentir especial, ela se apaixonou, mas, em algum momento, ela descobriu o que ele aprontava.

- Estou feliz de estar fora do jogo.

- Os jogos só estão começado para você, amigo. – Castle o alertou.

- O que aconteceu com sua acompanhante?

- Tudo em cima. É tudo que direi.


Domingo


Beckett estava arrumando-se para a cerimônia. Sua maior vontade era usar um vestido estilo femme fatale para impressionar Castle mas com o casamento sendo de manhã, isso não era possível. Tinha que se contentar com um vestido simples, comportado ela diria. Ajeitou os cabelos e verificou a maquiagem. Estava finalmente pronta. Saiu de casa.

Na igreja, Javi e Lanie se encontram cada um com seu acompanhante. No fundo, ambos estavam improvisando, um com a prima e a outra com o namorado gay de um amigo, apenas para não dar ao outro o gostinho de estarem sozinhos. Pela teimosia quase deixavam de aproveitar a festa juntos. Com tudo esclarecido, Javi ofereceu-se para acompanhá-la ao lugar dela.

- Castle.

Beckett veio ao encontro dele.

- Parece um filhote perdido. Cadê sua acompanhante?

- No show de Lady Gaga com um adolescente. Como posso competir com isso?

-Não. Sinto muito.

-É, eu também. Odeio ir a casamentos sozinho.

Ela viu nisso uma oportunidade para aproveitar melhor a noite.

- Talvez possamos ser o par do outro.

- Sim e evitar o estigma de sentar na mesa dos solteiros. Seria bom. Eu gostaria...

- Certo. Bom, bom.

Ele abriu o sorriso e Beckett virou-se ao ver Ryan vindo em direção deles, ela também sorria e tirou uma foto dele.

- Olhe para ele. Parece tão feliz.

- Estou tão feliz de estarem aqui.

Beckett o abraçou e beijou-o. Ele cumprimentou Castle.

- Onde mais poderíamos estar?

-Está fantástico.

-Sim, nos arrumamos bem.

Castle não pode evitar olhar para Jenny que se posicionava na escada.

- Jenny, está incrível.

- Obrigada, Rick.

Ryan fez menção de virar-se mas Beckett o impediu.

- Não, não. Não pode vê-la ainda.

- Kevin... você é um homem de sorte.

- E eu não sei?

-Pronto, mano?

-Acho que sim.

- Certo. Veremos você lá.

Beckett o empurrou para a igreja, ele precisava estar no altar.

- Certo. Tenho que dizer, meio que o invejo.

Castle tinha um olhar sonhador ao dizer isso. Beckett tomou a conotação como uma grata surpresa. Gostou de ter ouvido isso, talvez um sinal de que ele ainda acreditava em dividir o mesmo teto com alguém. Que ainda pensava em se unir a alguém. Ela precisava responder a isso.

- Quem sabe, Castle? Talvez o terceiro seja o certo.

Ela deu de ombros querendo parecer casual. Ele a olhou com um pequeno sorriso no canto dos lábios, sim ele realmente gostaria de acreditar nisso.

- É. Pode ser.

Ele ofereceu o braço para ela que o aceitou.

-Vamos?

-Vamos.

Juntos e de braços dados como um verdadeiro casal entraram na igreja e Beckett não pode deixar de sentir um frio na barriga pela situação em que estava. Encontraram seus lugares e se acomodaram para assistir a cerimônia.

Casamento sempre mexe com as pessoas, interfere em seu emocional. Essa cerimônia não seria diferente. Castle dedicou-se a observar as reações de Beckett, de alguma forma, ele queria saber se o compromisso do matrimônio exercia alguma influência sobre ela. Ele não se impressionou quando durante os votos de Jenny e Ryan viu Kate chorar. Ela tentava limpar as lágrimas e não prejudicar a maquiagem, Castle estendeu um lenço para ela que agradeceu com um sorriso. Ele foi além, esticou a mão e devagar passou a fazer pequenos círculos na parte inferior como uma forma de consolá-la. Beckett não se incomodou com o gesto.

Após a cerimônia, os recém-casados iam receber os convidados no salão de festas que ficava ao final do quarteirão da igreja. O lugar estava muito bem decorado com flores e panos claros de maneira bem clássica e singela. Os convidados adentraram o salão e foram direcionados ao seu lugar. Claro que Castle, Beckett, Esposito e Lanie encontravam-se na mesma mesa. Beckett ficou feliz ao ver que Lanie parecia ter dado uma segunda chance a Esposito.

As bebidas começaram a serem servidas. Castle resolveu acompanhar Beckett no champagne. Ela tomou o primeiro gole e comentou.

- Hum...Ryan não economizou mesmo! O champagne é uma delícia!

- Foi minha indicação.

Ela olhou para ele intrigada.

- Que foi? Ele me perguntou se podia ajudá-lo na escolha das bebidas. O fato de você ter gostado, só confirma o meu gosto apurado.

- Ah, esse ego...

Lanie ria da amiga.

- E a cerimônia estava linda.

- Eu percebi você chorando, Kate. E Lanie também! Aliás, porque as mulheres choram em casamentos Castle?

- Ah meu caro Esposito não podemos negar que casamentos despertam desejos e emoções especialmente nas mulheres. Particularmente, considero um momento muito bonito e especial para quem está trocando votos. Você irá entender no dia do seu casamento.

- Você chorou no seu?

- Não, mas me emocionei.

Beckett não conseguiu segurar.

- Nos dois?

- Sim, foram momentos diferentes na minha vida.

Ela sorria para ele. Esse lado sensível de Castle sempre a deixava tocada. Nesse instante, os noivos entraram no salão e desfilaram entre os presentes os cumprimentando. Como é de praxe em qualquer casamento, as fotos, o primeiro brinde, a primeira fatia do bolo, todas as formalidades foram cumpridas. O anfitrião da banda anunciou a primeira dança do casal.

Uma música suave encheu o salão. Clássicos americanos tocavam enquanto Ryan e Jenny aproveitavam seu momento no salão. Logo em seguida trocaram de par, Ryan dançava com a mãe de Jenny e ela com o pai. Os demais presentes foram convidados a ocupar a pista de dança. Beckett reparou que Esposito já se levantara para chamar Lanie. Kate olhou para ele que indicou com a cabeça para ela chamar Castle. Ela ainda estava pensando se deveria quando Castle levantou-se e estendeu a mão para ela.

- Me dá o prazer dessa dança Kate?

Ela colocou a mão sobre a dele e abriu um lindo sorriso daqueles que faziam o coração de Castle derreter. Eles caminharam juntos para a pista. Os primeiros acordes da próxima canção já tocavam. Kate estendeu a mão para ele que enlaçou a cintura dela aproximando seus corpos. Ela ainda tinha o sorriso nos lábios.

Don't go changing, to try and please me
You never let me down before
Don't imagine you're too familiar
And I don't see you anymore

Sentindo-se confortável com o momento, ela aconchegou-se mais ainda ao corpo dele envolvendo-o num abraço de forma que seu rosto estava apoiado no ombro dele, quase colado ao rosto de Castle. Instintivamente fechou os olhos e apenas seguiu o ritmo da música. Ela sentiu a mão dele acariciando as costas dela.

I wouldn't leave you in times of trouble
We never could have come this far
I took the good times, I'll take the bad times
I'll take you just the way you are

Beckett percebeu que ele acabara de cheirar o cabelo dela. Ele também se tocou do feito quase imediatamente e esperou que ela protestasse o que não aconteceu. Na verdade, ela aproveitou a deixa para colar o rosto ao dele de vez fazendo-o sorrir.

Don't go trying some new fashion
Don't change the color of your hair
You always have my unspoken passion
Although I might not seem to care
I don't want clever conversation
I never want to work that hard
I just want someone that I can talk to
I want you just the way you are.

Tomando coragem, ele sussurrou ao seu ouvido.

I need to know that you will always be
The same old someone that I knew
What will it take till you believe in me
The way that I believe in you.

Ela não acreditava que Castle estava cantando para ela. Achou tudo tão fofo, tão... romântico.

I said I love you and that's forever
And this I promise from the heart
I could not love you any better
I love you just the way you are.

Ao pronunciar a última frase, Castle a olhou diretamente nos olhos. Um arrepio percorreu o corpo dela e o coração acelerou. Era uma frase numa música mas tinha um significado muito intenso para ela. Ele voltou a colar seu rosto no dela. Os acordes da canção foram diminuindo e uma nova canção surgia. Porém, Kate precisava de ar. Ela foi se desvencilhar dele mas acabou esbarrando com a sua boca de leve no queixo dele próximo aos lábios. Castle percebeu quando ela inspirou profundamente e empurrou o corpo para trás. Ele a segurava ainda pela cintura.

- Preciso de algo para beber.

Ele entendendo a deixa, afrouxou o abraço e buscou a mão dela que imediatamente entrelaçou na sua. Beckett tratou de livrar-se do aperto se distanciando um pouco dele e tomando a direção contrária.

- Você não vai voltar à mesa?

- Toilete...

E sumiu no meio da pista. Ao entrar no toilete ela finalmente encostou o corpo na parede e se permitiu respirar. Suas mãos estavam trêmulas. Aquelas palavras a afetaram. Ele não olhara pra ela à toa. Ele queria que aquelas palavras significassem algo para eles. Beckett quase perdeu a compostura e o beijou ali mesmo no meio do salão. Não fora falta de coragem que a impediu, fora excesso de bom senso que muitas vezes a fazia se odiar por isso!

IF only... eram as palavras que martelavam na sua cabeça. Ela se recompôs, ajeitou os cabelos e checou o rosto. Satisfeita, voltou à mesa.

Castle já a esperava com uma taça de champagne. Ao entregar a ela, perguntou.

- Tudo bem?

Ela assentiu com a cabeça e bebeu um pouco do champagne. Esposito avisou que o brunch estava servido e deixou a mesa acompanhado de Lanie. Quando estavam apenas os dois ali, Castle não resistiu a um comentário que vinha guardando desde que a vira pela primeira vez ali. Tomando coragem, ele falou quase sussurrando .

- Estou no meio de um dilema, não sei se mato o Ryan por ter realizado o casamento dele de manhã ou se agradeço a ele por evitar o que poderia ser um ataque cardíaco.

- Do que você está falando Castle?

- De você. Se numa cerimônia pela manhã você já está deslumbrante e me fazendo babar, imagina se fosse à noite? Você com um decote de tirar o fôlego, certamente eu teria uma síncope.

Ela olhava para ele de maneira divertida estreitando os olhos.

- Isso foi um elogio?

- É claro que sim, minha querida Kate. Como qualquer musa, você provavelmente acabaria comigo.

Ela sorriu. Já sentia os pelos se eriçarem na nuca. Precisava mudar o rumo da conversa para algo casual.

- Vamos comer algo?

Levantaram-se e dirigiram-se a mesa.

Estavam todos sentados e conversando alegremente. Já nem sabia dizer qual teria sido sua cota de champagne até aquele momento. Kate beliscava um doce maravilhoso, um mini cheesecake. Ela observou que Castle tinha o mesmo doce sobre o prato. Quando o garçon se aproximou ela viu a oportunidade perfeita.

- Castle, pode pegar uma taça de champagne para mim?

Assim que ele virou, ela meteu a mão no prato dele roubando o doce. Infelizmente, ela não foi tão rápida e ele virou para ela entortando a boca.

- Que feio, Beckett! Mas devo confessar que estou aliviado por você ser policial. Não teria a mínima chance como ladra. Quer devolver meu doce?

- Sinto muito Castle!

E meteu o doce na boca como uma criança birrenta.

- Sem graça! Eu devia fazer você ir até a mesa e trazer mais dois docinhos para mim só pelo abuso!

- Só que não vai, na verdade você vai voltar lá e trazer mais doces para mim.

- Você não manda em mim.

- Claro que mando! Sou sua musa e ordeno que faça isso.

Ela olhava para ele com aquele olhar fulminante que somente ela sabia fazer a ponto de afeta-lo. Ele se levantou.

- Chantagista!

Ele voltou com um prato cheio de doces para eles. Comiam em harmonia até ficar apenas um no prato. Quando Castle fez menção de pega-lo, ela deu uma tapa na mão dele e pegou-o para si. Sorria vitoriosa vendo Castle fazer bico como uma criança mimada. Foi quando ouviram a voz de Jenny no microfone.

- Chegou a hora tão esperada pelas solteiras... vamos garotas se aproximem pra tentar pegar o buquê.

- Vamos Kate?

- Não, eu passo.

Castle olhou para ela surpreso.

- Como assim? Você é solteira, tem que ir pegar o buquê! Não quer casar?

- Castle até parece que você quer me ver agarrar esse buquê.

Ele ficou todo errado com o comentário de Beckett e tentou consertar.

- É tradição...

- É uma superstição boba...

- E lá vem ela com o ceticismo...

- Não é um punhado de flores que vão garantir uma aliança no meu dedo, isso depende primeiramente do pretendente.

- Vai, Lanie... não adianta você esperar pela senhorita cética aqui.

Eles viraram para o salão a fim de observar o momento. Jenny ria e estimulava as mulheres.

- Ok, dou-lhe uma. Dou-lhe duas... e dou-lhe três.

Então ela arremessou o buquê e o emaranhado de flores voou até cair no colo de Beckett. Ela arregalou os olhos e abriu a boca de espanto. Castle teve que rir.

- Pra quem não acredita, como você se sente agora Kate, perseguida por um punhado de flores?

- Ow, Beckett... – Esposito exclamara.

- Eu imagino quem seria o pretendente ideal agora... e Lanie olhava de maneira maliciosa pra Castle.

Ao perceber o que a amiga fazia,ela a repreendeu com o olhar.

- Não digo nada, pra quem não acredita nessas coisas ter um buque arremessado bem no seu colo deve dizer alguma coisa.

- Cala a boca, Castle!

Mas ela ria e não conseguia esquecer o que falara para ele antes de entrar na igreja. A terceira vez. Sentindo a bebida pesando, ela decidiu fazer outra visita ao toilete. Quando retornou, a pista de dança estava cheia. A música que tocava era totalmente dançante. Ela não conseguiu resistir ao ritmo e voltou dançando para a mesa deles. Porém, Beckett não estava nem um pouco a fim de sentar-se. Queria dançar.

Ela vinha remexendo o corpo em movimentos graciosos ao som de Moves like Jagger. O cabelo acompanhava naturalmente o ritmo do corpo e Castle não podia deixar de ficar boquiaberto. Ela se aproximou dele e mexendo os ombros pegou suas mãos nas dele e sorria. Puxou-o uma vez mas ele não fez menção de levantar-se. Estava meio sem reação diante dela.

- Vamos, Castle... vamos dançar!

E ao puxá-lo novamente, ele a acompanhou. Kate ficou de costas para ele seguindo em direção a pista com os dedos entrelaçados aos dele. A canção era realmente contagiante, para balançar o esqueleto e Beckett não perderia a oportunidade. Fosse o excesso de bebida ou mesmo o clima da noite, ela se sentia leve e livre. Uma nova música começava.

I can't pretend anymore
That I am not affected, I'm not moved
I could lie to myself
That I am not always thinking of you
You make me strong
You showed me I'm not weak to fall in love
What I thought I'll never need
Now I can't get enough

Beckett dançava na frente dele movendo os quadris e ao virar-se de costas para ele, esbarrava levemente no corpo de Castle. Ele estava perdido naquela visão dela à sua frente. Apesar de estar curtindo, Kate percebeu o quanto a letra daquela música parecia com ela.

I always made it on my own
I always thought that I would keep control,
You've changed everything I believe in
And now I just can't fight this feeling baby
I raise my hands and I surrender
'Cause your love is too strong
And I can't go on
Without your tender arms around me

Ela ergueu as mãos acima da cabeça e imitou o gesto de rendição olhando profundamente nos olhos dele. Mantinha o rebolado e sorria para ele.

I raise my hands and I surrender
I don't wanna resist
'Cause your touch and your kiss
Have shattered my defenses
I surrender

A música era envolvente. Ela se deixava levar pela presença dele ali. Brincava com a gravata dele e aproximou o seu corpo do dele.

I have to admit that I
I never thought I need someone this way
'Cause you've opened my eyes
So that I, I could see so much more
I always made it on my own
I always thought that I would keep control
You've changed everything I believe in
And now I just can't fight this feeling baby
I raise my hands and I surrender, I surrender baby!!!
'Cause your love is too strong
And I can't go on
Without your tender arms around me

Castle tomara coragem e aproveitara que ela tinha os braços erguidos e a segurava pela cintura remexendo-se com ela. Ele encostou o corpo no dela e continuava pressionando-a nos quadris. Beckett mexia os cabelos tornando a dança ainda mais sensual. Ele podia sentir o perfume levemente adocicado que emanava dela.

I raise my hands and I surrender
I don't wanna resist
'Cause your touch and your kiss
Have shattered my defenses
I surrender

Ela estava agora de costas para ele, remexia os cabelos e tinha o corpo colado ao dele. De repente, ela virou-se o encarou. A tensão se formou entre eles. Ela tinha os braços sobre os ombros dele e seus rostos estavam quase colados. Kate passou a língua nos lábios. Castle deixou escapar um pequeno gemido. Ela fechou os olhos e mordeu o lábio inferior na tentativa de se controlar, de dominar o impulso que a instigava por beijar aqueles lábios.

I surrender to this feeling in my heart
Ooooh!
I surrender to the safety of your arms
To the touch of your lips
To the taste of your kissing
Surrender…

Beckett encostou os lábios no ouvido dele e começou a sussurrar acompanhando a música.

Surrender... Surrender...

Ele a agarrou firme ao seu corpo de modo que os seus narizes se tocaram. A temperatura entre ambos já estava em estado de ebulição. Tudo que ele queria naquele momento era beijá-la. Não podia, não devia! Eles pararam de dançar. Ficaram ali apenas fixando os olhares um no outro. O som continuava rolando mas para eles era como se somente existissem os dois e aquele momento tenso de luta contra seus próprios desejos. Nem perceberam quando a musica acabou que permaneciam na mesma posição e com uma das mãos entrelaçadas enquanto a outra a mantinha grudada a ele.

Yeah!
I surrender
I can't pretend anymore
I could lie to myself
That I am not always thinking of you

Uma outra canção iniciava e eles permaneciam parados com os olhares fixos um no outro. Então, Castle liberou a mão que a prendia a ele. Kate não dera um passo sequer, mantinha a ligação com ele. Foi o movimento das outras pessoas na pista que os fez finalmente quebrar o link e Castle a puxou pela mão para fora da pista.

- Quase fomos esmagados...

- Sim... foi tudo que ela conseguiu dizer.

Ela soltou os dedos dos dele mas continuava perdida em pensamentos, presa ao pequeno momento que partilharam a minutos atrás. Lentamente eles voltaram para mesa e sentaram-se sem trocar nenhuma palavra. Ao perceberem que eram os únicos na mesa, ambos criaram coragem e voltaram a se olhar. Castle foi quem primeiro falou.

- Aquilo foi...

- Quente, está quente preciso de uma bebida.

Ela procurava pelo garçon quase desesperadamente. Fez sinal para um deles e sentiu Castle tocando sua mão sobre a mesa.

- Não acha que já bebeu o bastante, Kate?

- Não, quero mais uma taça.

Ele resolveu não insistir. Sabia que ela estava meio alta e prometeu a si mesmo que não a deixaria ir para casa sozinha. Ela bebeu metade da taça quase em um único gole e tornou a olhar para ele. Ela queria perguntar se ele estava prestes a beijá-la ali na pista de dança mas ao mesmo tempo faltava-lhe a coragem. Eles já haviam se beijado antes, porém nunca em um lugar tão público e repleto de pessoas conhecidas. Beckett não estava preparada para servir de chacota no distrito e muito menos explicar o que estava acontecendo entre ela e Castle.

Não só isso, ela não podia arriscar sua reputação e nem a presença de Castle no distrito. Qualquer passo em falso chegaria aos ouvidos de Gates.

- O que foi, Kate?

- Acho que já chega por hoje. Melhor ir para casa.

- Eu te acompanho.

- Não Castle, não precisa.

- Não é uma questão de precisar, é uma questão de querer. Que acompanhante eu seria se não levasse a dama em casa?

Ela sorriu. Sabia que não adiantava argumentar com ele e no fundo, ela queria a companhia. Eles procuraram por Ryan e Jenny para se despedir. Ao chegarem na porta do salão, Castle fez sinal para um taxi. Abriu a porta para ela entrar e fez o mesmo. Comunicou o endereço dela para o motorista.

- Ainda acho que não devia fazer isso, moramos em lados opostos da cidade.

- Não me importo, Kate. De verdade.

- Eu sei... e virou o rosto para a janela tentando desviar o pensamento do desejo de beijá-lo que ainda a consumia. Castle sorrateiramente buscou tocar a mão dela sobre o banco levemente com os dedos. Um sorriso no canto dos lábios quase imperceptível se formou e seu coração encheu-se de um sentimento puro que Kate acabou por denominar mentalmente de carinho mas que no fundo era amor. Ela suspirou de forma profunda e satisfeita.

Quando o taxi estacionou na frente do prédio dela, Kate já ia despedir-se dele quando Castle saltou do carro. Correndo até o outro lado, abriu a porta para ela. Enquanto Beckett descia, ele pagou o motorista e pediu que esperasse com o taxímetro rodando. Acompanhou-a até a porta. Sorrindo ele falou.


- Agora sim, você está entregue sã e salva.

- Acho incrível sua capacidade de esquecer que sou uma policial e querer sempre me proteger...

Ela falara isso mas sorria não estava reclamando.

- Deve ser meu lado de parceiro que fala mais alto, ou simplesmente instinto humano. Eu me diverti muito hoje, Kate.

- Eu também Rick.

- Gosto da nova Beckett que consegue se soltar e se divertir, só tenha um pouco mais de cautela com a bebida Detetive.

Ela sorriu.

- Obrigada por ter me trazido.

- Não foi nada demais, é um prazer.

Ele pegou a mão dela na sua e levou até os lábios beijando-a. Depois olhou intensamente para ela.

- Tenho um bom domingo, Kate.

Porém, ele se demorava segurando a mão dela. Kate se aproximou um pouco mais dele, acariciou o rosto dele com uma das mãos e por impulso beijou-lhe levemente os lábios. Apenas o roçar foi suficiente para acordar o desejo adormecido de beijo de verdade. Kate partiu os lábios sugando os dele e puxando-o pela gravata. Castle correspondeu com a mesma urgência aos encantos dela. Novamente, ele tinha as mãos na cintura dela e Kate segurava com as duas mãos o rosto dele.

Assim que quebrou o contato, ela tornou a abrir os olhos.

- Quis fazer isso a manhã inteira, Kate.

- Sim, eu percebi. Melhor você ir.

- Tá, tudo bem.

Ele se distanciou dela e caminhou rumo ao taxi. De repente, virou-se novamente para encontrar o olhar dela.

- O que foi tudo aquilo, Kate?

- Vamos apenas dizer que tivemos nossos momentos, Rick. Por hora.

- Te vejo amanhã.

- Tchau, Castle.

Ela ainda ficou parada por alguns instantes na porta de casa até ver o taxi amarelo sumir da sua vista.



Continua........

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap. 9


Nota da Autora: Gente, o cap ficou imenso e não gostei! Está praticamente a cópia do epi. Simplifiquei partes do caso também focando nas partes de Castle e Beckett. Prometo melhorar no próximo! Desculpe a demora pra postar mas a vida da meio atribulada.


Cap.9



Castle estava em seu escritório à frente do computador escrevendo, ou melhor, tentando. Fazia mais de uma hora que ele estava ali contemplando a pagina em branco. Não que faltasse a ele inspiração, pelo contrário era exatamente os momentos que passara com sua musa na noite anterior que o deixara assim. Pensativo.

Os últimos dias tinham sido bastante reveladores para ele. O caso envolvendo o atirador fez Castle passar a se preocupar bem mais com Beckett após ver suas reações às pequenas nuances do caso até se render ao pânico completo. Mesmo assim, ele respeitou seu momento. Deu a ela o espaço que precisava porém isso não diminuiu sua preocupação.

Quando decidira ir até o apartamento dela para tentar verificar como ela estava reagindo ao caso, ele não esperava encontrar uma Kate Beckett tão receptiva. Claro que ele sabia que ela queria conversar sobre algo mas nada o preparara para aquilo. Em quatro anos que ele conhecia Beckett, nunca a vira tão vulnerável. Nunca se abrira a esse nível com ele.

A surpresa porém não terminou na realização de que ela estava em terapia e precisava contar a ele o que estava em sua mente a algum tempo e sim o fato dela abertamente pedir sua ajuda e declarar que precisava dele. Essa foi a primeira vez que ele a viu tão disposta a esquecer as barreiras que ela criou ao redor de si mesma. Frágil era um adjetivo que não combinava com Beckett mas era exatamente assim que ele a descreveria naquele momento que a viu sucumbir às lágrimas.

Lógico que Castle sabia que aquele momento fora um tempo que ela se permitiu expor, não foi um lapso, ela queria aquilo mas apenas por um espaço de tempo onde pudesse fazer-se entender. Ela não destruíra todas as barreiras. Não era algo possível de acontecer de uma hora para outra, ele sabia. E respeitava.

Fato era que ajudá-la em um momento tão delicado e entender o quanto ela confiava nele, encheu-o de esperança. Ela estava disposta a deixar o passado para trás e ser feliz. Esse era um grande passo para Beckett, para eles. Sim porque mesmo não sendo clara o suficiente, ele a leu nas entrelinhas. Ele sentia-se feliz em poder confortá-la e estar ali pronto para suportá-la nesse novo desafio que ela impusera a si mesma.

Não havia pressa, nem cobrança. A seu próprio tempo, Castle veria sua musa e a mulher que amava admitir seus sentimentos por ele. Ela confiava nele e exatamente por causa disso, Castle não podia deixar de se sentir culpado. Ele escondia dela um segredo capaz de faze-la ficar muito chateada com ele, não ela ficaria com muita raiva. Tudo o que estava fazendo era protege-la. Nunca duvidara que fazia a coisa certa e depois da noite de ontem, não poderia estar mais satisfeito com a mentira que omitira por ela. Talvez, quando chegar o momento, Beckett não se sinta tão mal ao saber do segredo dele por tudo o que ela expôs, pela sua própria decisão. A menos é claro, que ela interpretasse isso como traição.

Castle não gostava dessa palavra – traição – e certamente não se sentia um traidor, tudo que fizera foi por amor. Ele jamais se perdoaria se ela morresse. O quanto precisasse, ele lutaria por ela, para mantê-la ao seu lado.

Considerava que a partir de agora, eles viveriam uma nova etapa no relacionamento deles onde a cumplicidade estaria mais evidente. Não, eles não estavam namorando. Na verdade, não tinha palavra para definir o relacionamento deles. Porém isso não importava. Eles galgaram mais um degrau na parceria e na vida deles. Castle também era inteligente o suficiente para saber que nem tudo seriam flores, haveriam muitos obstáculos no caminho. Cada caso, cada morte teria um significado diferente dependendo do estado de espírito dela.

Ele se preparava para enfrentar um caminho onde viveriam um dia de cada vez, um passo pra frente, dois para trás. Contudo ele estava preparado para ajudá-la, estar a seu lado custe o que custasse. Era uma promessa que acabara de fazer a si mesmo e a ela. No momento certo, ele esperava saber a coisa certa a se fazer para não faze-la sofrer. Foram pequenos gestos que os trouxeram até ali, pequenas rachaduras na história de vida dela que Beckett se permitiu demonstrar, e seriam exatamente esses pequenos momentos entre eles que os levariam ao algo mais.

Castle não tinha pressa. Ele a esperaria. Apenas queria que ela estivesse pronta.

Cansado, fechou o computador e foi dormir.


12th Distrito

Beckett chegara cedo naquela manhã. Aproveitando que não tinha quase movimento no local, ela reparou que Esposito estava na mesa dele verificando algo no computador. Foi até ele.

- Bom dia.

- Hey, Beckett. Tudo bem?

- Está sim. Atrapalho?

- Não, só estava dando uma olhada nos presentes de Ryan. Ainda não me decidi o que comprar.

- O casamento está próximo.

Ele sorriu para ela.

- Espo, eu queria falar com você sobre o último caso.

- Já enviei meu relatório para você. Está no seu email.

- Não, eu não vim cobrar o relatório. Vim te agradecer. Eu me deixei envolver demais com o caso e com as vítimas. Perdi o foco e não fui nem de longe a policial que deveria ser. Então, você me ajudou. Da maneira mais dolorosa e estranha mas ajudou. Me fez entender que por mais afetada que eu estivesse pelo caso, meu papel era lutar pelas vítimas. Fazer justiça. Foi por isso que consegui ir até o fim. Obrigada, Espo.

- Não tem que agradecer. Fiz pela minha amiga, por alguém que respeito muito.

- Mesmo assim, obrigada.

Ela apertou a mão dele e Esposito a envolveu num abraço. Ao se separarem, ele não pode deixar de comentar.

- Sabe Beckett, eu não era o único preocupado com você. Na verdade, foi Castle que me pediu para ajudá-la porque julgava que eu tivesse a maneira certa de fazer isso. Ele estava muito preocupado. Ele realmente gosta de você, Beckett e não estou me referindo ao lance da amizade ou parceria.

Ela esboçou um pequeno sorriso e voltou a caminhar rumo a sua mesa quando avistou Castle chegando com dois copos de café. Ofereceu um a ela.

- Bom dia, Beckett.

- Oi, Castle.

- Dormiu bem?

- É, dormi. Obrigada pelo café.

- Que isso, estou colocando na conta. O que temos hoje?

- Aparentemente nada de interessante.

- Será que todos os assassinos de Nova York resolveram tirar férias ?

- Quem sabe, Castle...quem sabe.

Ela sorvia o café com gosto quando o telefone tocou. Ela escutou com atenção e agradeceu informando que estaria logo lá.

- É Castle, parece que ainda existem homicídios por aqui. Pronto para mais uma?

- Nem precisa perguntar duas vezes.

Eles pegaram os casacos e rumaram para o elevador.


XXXXX


Em algum lugar de NY...


Beckett movia-se graciosamente sobre o colchão, confortável. Uma das mãos sobre o estômago de Castle. Relaxada. Ela estava sonhando no estado primário do sono. Era um sonho bom, com Castle. Ela sorria. Ao abrir os olhos, percebeu que estavam muito... estranhos? Ele também parecia tranqüilo. Então, a ficha caiu. Ela se levantou assustada. Olhou para ele ainda de olhos fechados. O que estava acontecendo? O que ela estava fazendo ali com Castle? Percebendo o movimento, ele falou.

- Não levante ainda. Fique na cama.

- Castle.

Ela estava assustada. Alarmada.

- Kate. Oi.

-Castle.

No minuto que ele percebeu o jeito que o nome dela deixou seus lábios e a forma que ela o chamou, a dúvida pairou na sua cabeça.

-O quê?

-Você fez isso?

-O quê?

- Pare de dizer "o quê?" e acorde.

Eu não...

Ele tentou mexer o braço e notou as algemas que prendiam aos dois.

-Estamos algemados. Pervertido.

-Castle, não é engraçado.

- Não disse "engraçado", disse "pervertido." E não nos algemei.

-Acha que eu fiz isso?

-Parecem algemas de polícia.

-Alguém fez isso conosco.

Eles sentaram-se na cama. Ambos confusos tentando lembrar como aquilo tudo aconteceu.

-Reconhece este lugar?

-Não. Mas se fosse escrever um livro, este seria o lugar onde coisas ruins aconteceriam.

- Meu relógio sumiu.

-O meu também e minha carteira.

-Meu distintivo e minha arma.

- E meu telefone. Acabei de renovar o contrato.

- Quer parar de brincar?

-Eu questiono seus mecanismos de enfrentamento?

- Qual a última coisa que se lembra?

Ela estava chateada. Não gostava de não ter o controle das coisas. Não lembrava de nada e um pensamento estranho martelava em sua mente.

- Eu...estou meio confuso.

-É, eu também.

- Acho que fomos drogados.

- É, também acho e não é do tipo bom.

O pior de ser drogado é não ter noção do que possa ter acontecido. E Beckett tinha medo que eles tivessem... bem, tivessem feito algo que não deviam.

- Muito bem. Levante minha blusa.

- Ainda pode estar sob influência, mas tudo bem.

- Castle, não desse jeito. Veja minhas costas. Algo dói.

Ele levantou a blusa dela e percebeu uma marca de agulha.

-Há uma marca de agulha.

-Fomos drogados.

Não resistiu a pele à sua frente e passou os dedos levemente sobre a parte exposta da costa dela.

- Parece trabalho de um anão com uma zarabatana.

- Pode abaixar minha blusa.

-Sim, desculpe.

Não, ele não se sentia arrependido pelo que fizera.

-Obrigada.

Ela virou-se de frente para ele falou tentando reorganizar as idéias.

- Certo, Castle, quero que pense muito bem. Qual a última coisa que lembra desta manhã?

- Eu estava com você. Fomos a um lugar decadente, um hotel que aluga quartos.

-Acabou de inventar isso? Surpresa.

-É onde estávamos. Você ligou e pediu para te encontrar lá.

-É verdade.

-Sim. E depois te levei a um quarto e nós...

Eles se olharam intrigados. Beckett matutava se era possível...não...era???

- E nós...

De repente uma memória e o alívio no rosto de Beckett não podia ser melhor.

- Um corpo. Fomos ver um corpo.

Certo. Um corpo.

E a memória voltou a mente deles.

- Sabe o que mais amo em trabalhar com você? Sempre me leva a lugares charmosos.

Ela sorriu.

- Sou uma garota simples. Vou aonde os corpos estão. Além disso, para um escritor, hotéis decadentes não é padrão?

- Sim. Na verdade, são fontes de obscenidade.

- Atrás de cada porta, um conto delicioso de desespero,de depravação...

-Ou morte.

Eles entraram no quarto e se depararam com Lanie e Esposito discutindo. Eles falavam algo sobre ser controlador.

- Desculpem. Estamos interrompendo?

Lanie fechou a cara e respondeu.

- Não. A vítima é homem branco, por volta de 30 anos.

Ela começou a descrever o que sabia e sua potencial causa mortis, o estranho era um marca de agulha nas costas. Parecia ter sufocado, apenas parecia. Isso era assassinato alguém tentara apagar a identidade dele queimando as pontas dos dedos, sem carteira, nada sobrava para identificação apenas o nome que ele se registrara no hotel. Jack Sparrow e pagou pelo quarto em dinheiro.

- O atendente disse que ele estava nervoso quando chegou.Ele ficava olhando para trás.

- Muito bem... ninguém se dá ao trabalho de apagar uma identidade, a menos que tenha uma ótima razão. Lanie, quais as chances de recuperarmos digitais?

- Depende de quão ruim as queimaduras estiverem.

-Vou levá-lo ao necrotério.

-Nesse meio tempo, vá com Ryan comparar as fotos com as dos desaparecidos e ver se algo aparece.

-Pode deixar.

Beckett tentava colocar as idéias em ordem para entender como ela e Castle foram parar ali.

- Indigente em hotel com as digitais queimadas. Como viemos parar aqui?

- Simples, simples.

Beckett tentava se levantar já meio irritada com a situação e acabou caindo. Droga! Ela esquecia que eles estavam algemados.

- Odeio dizer o óbvio, mas estamos unidos aqui.

-Certo, levante-se. Vamos lá.

Mas eles acabaram se enrolando ao tentar se mexer.

- Você é sempre assim pela manhã?

Ela não ia responder.

- Isto é...

-Isto é estranho.

-É.

- Não podiam nos algemar como em "Fuga à Meia-Noite"?

Beckett não deu atenção às palavras dele. Queria juntar os pedaços soltos de memória e arranjar um jeito de saírem dali.

- Ryan procurou nosso cara nos desaparecidos e não houve correspondente. Então o quê?

- Então... – Castle pensativo - Ryan me perguntou... se passou ação de graças com a família dele, teria que passar o Natal com a família da Jenny.

- Castle, estou falando do caso.

- Se quer reconstruir, deve ser em ordem.

- Está bem. Digitais queimadas, sufocado, marcas de agulha.

- O necrotério. Fomos ao necrotério.

E as memórias começaram a clarear novamente. Castle importunava Lanie querendo saber sobre ela e Esposito.

- Já falei, não é da sua conta.

- Claro que não é da minha conta, é por isso que quero saber.

Beckett entra nesse instante.

-Saber o quê?

-Porque ela e Esposito brigaram.

-Não é da sua conta. Beckett replicou.

-Essa é a questão.

-Como estamos?

-Ainda sem identificação. Mas as mãos têm calos, provavelmente trabalhava em algo que exigia esforço.

-E as digitais?

-A pele está muito danificada. Mas talvez eu possa amolecer o tecido, pegar da parte abaixo da camada epidermal.

-Você consegue fazer isso?

-Sim, em alguns casos. Mas levará alguns dias, enquanto isso, achei isto. Estava preso na dobra do bolso de sua calça.

Um pedaço de papel.

- Seria fácil o assassino não perceber.
"Rua 97ª, 147, Leste. 16h."

No distrito descobriram de onde era o endereço.

- É o endereço do Café Cambury, a meia quadra da Broadway.

- Às 16 ele se encontrou com alguém.

- Ou conheceu alguém.

Ela pegou a voto da vítima.

- Levem isto e vejam se alguém lembra ter visto a vítima lá. Talvez ajude a identificá-lo.

-Beleza.

- O que havia de tão especial na vítima para o assassino apagar sua identidade? Não diga "espião".

Castle abriu a boca para falar mas Beckett foi mais rápida.

- Nem "encomenda da máfia".

- Encomenda da morte de um espião? Ele tentou.

- Teorias loucas não irão ajudar, não até descobrirmos quem ele é.

Ela se levantou e pos-se a examinar o quadro à sua frente. Castle examinava o pedaço de papel em suas mãos.

-Beckett.

-O quê?

- Este é um código de barras postal. A vítima escreveu atrás de um envelope.

- Código de barras postal?

É, desses risquinhos que há em etiquetas e envelopes. É uma maneira de identificar, exatamente, um endereço, mas traduzido por máquinas. Decodificando isso, saberemos, exatamente, onde estava a vítima quando escreveu o recado.

De volta ao quarto escuro, ela elaborava a história.

- Então ligamos para o Correio e nos deram o endereço.

Os dois disseram juntos.

-A casa no Queens.

-A casa no Queens.

E relembraram mais um pedaço para o quebra-cabeça. Eles andavam rumo a casa.

- Sabe por que Lanie e Esposito estavam brigando?

- Por tudo. Ambos querem ficar juntos, mas não querem admitir.

- Por que as pessoas fazem isso com elas mesmas?

- Talvez eles não vejam.

E de repente, Beckett se pegou imaginando a situação deles dois. Não eram nada diferente de Lanie e Espo.

- Como poderiam, é tão óbvio.

E mesmo sendo óbvio, vocês ainda não conseguiram resolver o caso de vocês né Castle? Ele pensava olhando para Beckett. Tão fácil falar...

- É este o lugar?

- É o endereço.

- Não parece ter alguém em casa.

Eles entraram na casa.

- Olá! Polícia de Nova Iorque, alguém aqui?

Eles caminhavam pela casa. Beckett tinha a mão na arma.

- Olá? Tem alguém aqui?

- Bill e Nora Ranford. Talvez Bill seja o nosso indigente.

- Polícia, identifique-se.

Ela apontava a arma.

- Ajude-me.

- Senhora?

Beckett se abaixou próximo a uma gaiola onde uma senhora estava presa.

- Senhora, está bem?

Eles estavam sentados olhando um para o outro no escuro.

- Aquela senhora em uma gaiola...

- Sim, é a última coisa que eu lembro.

- Eu também.

- O que está acontecendo?

Eles ainda não tinham a mínima idéia.

De volta ao distrito, Esposito e Ryan não tinham muito o que acrescentar ao caso mas Gates estava interessada em saber de Beckett. Infelizmente, os garotos não tinham idéia do que estava acontecendo aos dois. Espósito não teve sucesso ao contatar Beckett então ele decidiu localizar o carro deles que fora encontrado abandonado em uma rua de Nova York.

Enquanto isso...

Eles andavam em círculos. Por causa das algemas acabavam esbarrando ou maltratando um ao outro.

-Castle, pode cooperar comigo?

-Que tal você cooperar comigo?

- Por que você tem sempre que comandar?

- Por que você tem sempre que se comportar mal?

- Desde de quando eu... Certo, quer saber? Me diga uma coisa... por que você tem sempre que ser a primeira?

Ela estava parada olhando pra ele começar a se movimentar fazendo o discurso com um certo ar de deboche.

- A primeira a sair do elevador, a primeira a passar pela porta.

-Sou uma policial. Sou eu quem tem a arma. Ser a primeira a passar pela porta é o meu trabalho.

Ela virou de costas para ele chateada pela conversa que acontecia. Mas Castle só queria mostrar para ela que por vezes ele gostaria de ser um cavalheiro.

- No elevador? Que tal isto: mataria deixar alguém abrir a porta para você de vez em quando?

-Percebe que se alguém abrir a porta para mim, eu serei a primeira de qualquer forma, certo?

-É, isso. Esqueci. Tem que ser a mais esperta. Tudo é uma competição.

Droga Beckett porque você não pode ceder um pouco? Só quero mostrar pra você que a gentileza é parte de qualquer relacionamento. Que teimosa que ela é.

- Isso não é verdade. Você é sempre assim de manhã?

Nossa parece que estou casada com o Castle!

- Discutiria com você, mas teria que te deixar ganhar.

- Certo, ótimo. Vá em frente. Você comanda.

- Obrigado.

Tá, mas o que eu vou fazer? Não queria realmente liderar, ah droga! Ela vai me achar um idiota e tirar sarro da minha cara agora.

- Aonde você queria ir?

A cara risonha de Beckett bastava pra ele ouvir mesmo sem que ela dissesse – eu te disse!

- Acho que há um interruptor ali. Ou você quer ficar no escuro?

Ao se encaminharem para o tal canto, Beckett não pode deixar de exprimir um sorriso de satisfação por ter provado seu ponto. Ao acenderem a luz encontraram um porta de aço.

- Gostava mais daqui no escuro.

- Esta porta é de aço. Sem chance de sair daqui.

- Estas paredes são de blocos de concreto.

- O que acha que há naquele freezer grande? Acha que é aquela senhora?

- E se estivermos na toca de um psicopata e tivermos que nos matar?

-Castle, pare de especular. Não está ajudando.

-Fala sério. Uma velha em uma gaiola, nós, algemados num quarto assustador. O que devo pensar?

-Que precisamos dar o fora daqui antes que alguém volte.

Ela já subia no tal freezer e esticava-se procurando algo que facilitasse uma fuga. Percebeu que precisaria se mexer mais facilmente. E as algemas não estavam ajudando aos dois. Não queria machucá-lo.

- Quanto tempo acha que apagamos?

-Umas duas horas.

-Como sabe?

- Porque estou com fome.

Castle remexeu no bolso e ofereceu a ela um pacotinho.

- Tenho um pouco de Beef Jerky.

Ela olhou pra ele sorrindo. Precisava de mobilidade e decidiu por isso.

- O quê?

- Segure minha mão.

Castle pareceu surpreso com o pedido.

- Para que as algemas não nos cortem.

Ela envolveu a mão dele na sua e continuou a explorar o lugar.

- Poderíamos tentar tirá-las.

-Tem um grampo de cabelo?

-O que é isso, os anos 40? Estas são as minhas algemas. Não vai abri-las com um grampo de cabelo. Aceite. Estamos presos.

Ele ficou pensativo por um momento.

- Acha que alguém sabe que sumimos?

- Martha e Alexis notarão se não for para casa, certo?

- Minha mãe levou Alexis num tour pelas universidades neste fim de semana.

-Esposito e Ryan...

Ela já descera do freezer e andava pelo quarto.

-É, provavelmente notarão, mas não significa que irão... nos encontrar aqui.

Beckett olhou para cima e percebeu algo novo.

- O que é aquilo?

-É uma escotilha.

-Se conseguirmos chegar lá, podemos conseguir sair.

-É, mas é muito alto.

- Não se subirmos naquilo.

Ela apontou para o freezer novamente. Castle já podia perceber o que ela estava tramando.

E depois de várias tentativas em falar com Beckett no celular sem sucesso. Gates ordenou que procurassem pelo carro dela e realmente a viatura foi jogada em uma rua qualquer de Nova York. Gates já estava preocupada com o que Castle podia fazer com Beckett. Enquanto discutiam foram surpreendidos por um visitante que era exatamente igual ao retrato falado que obtiveram. Era um outro policial que estava na cola da vítima por drogas.

Enquanto isso, Castle e Beckett tentavam achar um jeito de escapar do buraco onde se encontravam. Ela se apoiava e fazia força para empurrar o freezer. Os gemidos que escapavam a sua boca demonstravam o quanto ela lutava para mover aquilo de lugar.

-Não consegui um ângulo bom.

-É, tente isto.

Castle resolveu mudar de posição. Ficou atrás dela e quem visse a cena em qualquer outra circunstância podia inferir algo totalmente diferente. Ele mesmo se pegou pensando na possibilidade.

-Pronta?

-É melhor que não esteja gostando disso, Castle.

-Te direi em um minuto.

-1, 2, 3.

-Empurre.

Eles empregaram toda a força que tinham em meio aos gritos. Exaustos e sem sucesso, desistiram.

- Certo.

- O que houver aqui pesa bem mais do que uma velha senhora.

Beckett ainda recuperando o fôlego, falou.

- Parece que... está cheio de pedras.

-E se o esvaziássemos?

-Ótima ideia, Castle, só que está trancado e não tenho alicate aqui.

- Mas é cadeado com combinação.

-E daí?

-E daí... que quando escrevi "Storm Rising", estudei com um dos melhores arrombadores. Posso abri-lo, só não sei se é o que queremos.

Eles sentaram na frente do freezer e Castle esperou pela resposta dela com o cadeado na mão.

- Abra logo, Castle, antes que os seqüestradores voltem.

Por um longo período, ele continuava tentando desvendar o código para abrir o cadeado. Ela já estava cansada e a irritação começava a perturbá-la. A posição dela também era ingrata.

- Pelo amor de Deus, Castle. Por quanto tempo fará isso?

- Quase consegui.

- É, igual das últimas 100 vezes.

- Vós de pouca fé. Você seria uma péssima gêmea siamesa.

- Pode devolver minha mão?

Ela massageou o pulso e descansou o braço que já estava ficando doido.

- Tem alguma teoria para explicar tudo isso? A senhora na gaiola, o desconhecido com as digitais removidas, nós algemados, mas ainda vivos?

- Acho que é uma teoria que não quer ouvir.

- Por que não?

- Com esses elementos, não há versão que termine bem, nem que fosse uma versão da Disney.

- Era isso que eu temia.

- A boa notícia é que faz tempo que sumimos, já devem estar procurando por nós.

Ela ficou pensativa, poxa ele só estava querendo ajudar. E não tinha mesmo outra opção naquele momento. Devolvendo a mão para ele, acabou concordando sorrindo.

- 101 vezes é o número mágico?

E assim eles passaram vários minutos esperando encontrar a combinação ideal. De repente, um clique. Castle balançou o cadeado e o mesmo abriu.

-Consegui.

-Conseguiu!

Eles se levantaram e encararam o que estava na sua frente. Beckett olhou para ele.

- Não pode ser tão ruim. Já vimos cadáveres antes, não é?

- É.

Eles abriram a porta.

- Não é um cadáver.

- Não. É pior.

Eles olharam um para o outro.

- Algemas e ferramentas de tortura.

- Sua teoria de um louco, assassino, psicopata e sádico não é tão irreal, Castle.

- Não sei se fico orgulhoso ou apavorado.

-Prefiro motivado.

-Verdade. Vamos sair daqui.

E eles começaram a tirar as milhares de algemas do compartimento.

E Lanie, Esposito e Ryan continuavam atrás de alguma pista que os levassem a Beckett e Castle. Finalmente depois de muito avaliar e em parceria com Chuck Martinez eles encontraram a pista do suposto caminhão que a vítima dirigia. Uma caixa grande e vazia cheia de buracos e um farto maço de cabelo também completavam a cena.

XXXXXX

Depois de esvaziarem o baú, empurraram-no até a área abaixo da escotilha.

- Ainda está muito alto.

Ambos estavam em cima do baú.

- Não se eu subir nos seus ombros.

Castle olhou para ela intrigado.

- O que foi? Já fizemos isso antes.

- Fala como se tivesse sido agradável. E não estávamos algemados.

-Quem não tem fé agora? Vamos, Castle. Não sabemos quando voltarão ou se voltarão.

Castle observava os sapatos de Beckett. Aqueles saltos acabariam com ele.

- Na última vez, você estava de tênis.

- Tudo bem.

Ela se apoiou no braço dele e tentou se livrar do sapato sem sucesso.

- Preciso da sua ajuda.

Virou-se de costas para ele e ergueu a perna.

- "Levante minha blusa", "tire minhas botas". Em circunstâncias normais, gostaria do rumo disso.

- Pode fantasiar mais tarde, depois que sairmos daqui.

- Não é tão divertido se tenho sua permissão.

E ela se tocou do que estavam falando. Ela insinuou que ele poderia fantasiar e ele meio que deu uma alfinetada nela por querer fazer isso do jeito dele. Da última vez que tentaram isso, ele agarrara seu bumbum. Ainda tentando tirar as botas, Castle continuou instigando-a.

- Como consegue correr nessas coisas?

- Cale a boca e puxe.

Finalmente ela já estava descalça e olhou para ele procurando por apoio.

-Pronto?

-Pronto.

Ela apoiou o pé na mão dele que estava algemada a dela para dar impulso e subir nas costas dele.

- 1, 2, 3!

Ela estava toda enrolada no ombro dele sem conseguir se equilibrar e sentindo a dor no pulso.

- Jesus... Castle!

-Certo, pode me descer?

-Certo. Devagar.

- Se conseguirmos escapar, deveríamos entrar para o circo.

- Deixe-me tentar por trás, está bem?

- Tudo bem. Fique à vontade.

Ela se colocou atrás dele segurando as duas mãos dele nas suas para conseguir dar o impulso.

-Certo.

-Pronto?

-Pronto.

-1, 2...3.

Ela pegou um impulso e subiu primeiramente os joelhos e logo depois os pés ficando em sobre os ombros dele ainda de mãos dadas com ele.

- Tudo bem. Tudo bem.

- Levantarei minha mão esquerda, preparado?

- Certo.

E assim ela fez. Castle sentia a dor no próprio ombro por causa da movimentação dela tentando alcançar a escotilha.


- Não é tão divertido quanto imaginei. Estou me cansando de você ficar em cima de mim.

Kate conseguiu encostar na tampa e percebeu que podia fazer algo.

- Está aberta. Acho que posso puxar...

Mas no instante que ela ia fazer isso a tampa da escotilha se abriu e um cara mal encarado e forte os olhava. Com o susto, Beckett gritou e se desequilibrou levando Castle com ela em queda direta no colchão.

-Deixe-nos sair!

-O que quer de nós?

E sem nenhuma palavra, ele tornou a fechar a tampa.

No distrito, Gates, Esposito e Ryan andavam em círculos. Cada nova pista que achavam ao ser investigada, dava em um beco sem saída. Gates já estava irritada pois tinha certeza que Castle e Beckett sabiam de algo que estava escapando deles. Foi quando Esposito comentou que eles tinham apenas o endereço do café. Gates pegou a prova e observou não vendo nada que chamava atenção. Ao devolver a evidência para o quadro quando Ryan a impediu. Ele notou o código do envelope e encontrou o endereço. Eles revistaram o local e nada encontraram além de um alçapão. Ao abrirem, viram cadeiras panos e cordas, indicando que alguém fora mantido em cativeiro.

Castle tentava com um facão quebrar a corrente das algemas. Infelizmente não estava dando muito certo.

-Droga!

-É de metal, Castle. Não escaparemos sem as chaves.

- Há outro jeito.

-Não temos que tirar as algemas.

Ele estava sério, Beckett franzia o cenho intrigada.

-Quer dizer...

- Mad Max. 127 Horas.

- Está oferecendo para cortar sua mão?

-Não. Pensei na sua.

-A minha? Por que a minha?

É menor.

Antes dela rebater a idéia dele, Beckett ouviu passos e vozes.

- Estão vindo.

Eles se aproximaram da porta tentando escutar o que se passava.

“Diga que é um bom preço. Se gostar dela, consegui mais dois que posso vender com desconto. Só preciso movê-los agora.”

- Parece árabe. Estão indo para outra sala.

Eles seguiram para o outro lado da sala.

- Castle, há mais alguém lá.

“Ela é bem bonita. Assim como pediu.”

-Eles têm mais alguém.

-A senhora?

- Não, parece mais uma garota. Como... Como se estivessem vendendo-a.

- É tráfico humano. É isso. Estão seqüestrando e vendendo gente. Por isso estamos vivos. Não vão nos matar. Vão nos vender.

A cara de Beckett foi de total descrença.

- O quê? Sou um escritor de best-seller.

-Quanto devo valer?

-Melhor não descobrirmos, certo?

- É, mas ainda assim.

Eles esperaram um certo tempo antes de tentar um novo contato. Com uma faca na mão, Beckett batia na parede para chamar a atenção.

- Olá, pode nos ouvir? Castle, ouço alguém respirando.

-Talvez ela foi sedada.

-Olá. Pode nos ouvir?

-A parede é de estuque e tijolo.

-E?

- E as outras são de blocos de concreto. Se cavarmos, podemos sair e ajudá-la.

Ela continuava batendo na parede e viu parte dela ceder.

- Como sair de uma prisão e entrar em outra ajudará a algum de nós?

-Deixe-me te perguntar, se fosse Alexis do outro lado, o que faria?

E com essa declaração, ela o fez cavar junto com ela. Depois de alguns minutos destruindo a parede, ela ainda insistia.

- Certo, já deve dar. Troque de lugar.

-Tudo bem.

Ela tossiu.

-Pronto?

Ela apoiou o corpo nos braços dele e usou os pés para bater na parede.

-Vá.

Depois de alguns segundos, ele ordenou.

-Troque de novo.

-Certo.

Ele se pos de costas e ela apoiou-se agora no baú.

- Tudo bem.

- Juntos. Pronta?

-Pronta.

-Vá.

Ambos chutavam a parede. A força de Beckett e o salto provocavam mais efeito na quebra da parede. Castle ajudava-a com o próprio pé. Até que ela conseguiu abrir um buraco na parede.

- Sempre gostei de suas pernas, mas agora as respeito.

- As suas não são ruins também. No próximo piquenique policial, vamos na corrida de 3 pernas.

-Está combinado. Certo.

Ela se levantou e aproximou o rosto da parede.

- Olá! Pode nos ouvir?

- Suponho que queira ir primeiro.

- Não. Pode ir em frente. Beckett estava ofegante.

-Vou mesmo.

-Tudo bem.

E Castle tomou à frente. Quebrou alguns pedaços extras da parede e colocou a cara pelo buraco.

- Olá! Você está aí? Estamos aqui...

E ele deu de cara com um tigre rosnando para ele. Rapidamente ele jogou o corpo para trás mediante ao grito assustado de Beckett.

- Um tigre?

- É, um tigre. Quase mordeu o meu rosto.

- Espere. Isso explica a jaula, as correntes e as facas de açougueiro.

-Um tigre? Era o que negociavam.

-Sim, estão em extinção. O tráfico é ilegal. Flagramos a operação.

- Flagrar a operação não é o problema agora. Aquele tigre entrar aqui é nosso problema.

- Não se preocupe Castle. Ela não vai passar da parede.

Nesse momento a tigresa começou a derrubar parte da parede com as patas arrancando outro grito de Beckett.

- Volte! Volte logo!

- Sou só eu, ou ela parece um pouco faminta?

- Isso é ruim.

Castle meteu a mão no bolso a procura do pacotinho que oferecera antes para Beckett.

- O que está fazendo?

- Vou comprar um pouco de boa vontade para nós.

O rosto de Beckett demonstrava medo e apreensão.

- Não, não, Castle, não chegue perto dela.

Mas Castle aproximou-se um pouco e jogou o petisco do outro lado da parede.

- Ela foi pegar.

- E quando acabar, ela vai querer mais.

Nem bem Beckett acabara de falar, a tigresa avançou na direção dele e Kate se pos a gritar novamente.

- Meu Deus! Está vindo!

O animal continuava raspando a parede. Beckett se afastou da área procurando pelas facas. Pegou uma delas. Fechou a tampa do baú e preparou-se para empurra-lo de encontro à parede.

- Vamos.Temos que cobrir aquele buraco.

- Empurre.

E juntos eles fizeram força para arrastar o baú.

- De novo.

Enquanto isso no distrito Esposito localizou todas as casas em posse do Banco Nacional com as mesmas características do outro imóvel. A lista reduziu para 11 casas. Gates ordenou que eles mandassem viaturas a todas as casas, queria traze-los de volta vivos. Em um dos endereços, os policiais acharam o local suspeito. Os rapazes foram checar pessoalmente.

XXXXXX

Eles continuavam empurrando até Castle notar que a tigresa já arrancava parte da parede com os próprios dentes, sua cara praticamente atravessando para o outro quarto.

- Beckett.

O que faremos?

-Vamos entrar no freezer.

-Vai fechar e nos sufocar.

-Prefere ser comida?

-Estou procurando a opção 3.

O animal estava quase conseguindo liberta-se. Castle estava preocupado com a segurança deles.

- Fique atrás de mim.

Beckett obedeceu claramente com muito medo de virar comida de tigre. Então, Castle exclamou.

- Tenho um plano.

E movidos pela adrenalina, ele trabalhou com ela para virar o baú na vertical e em seguida ambos subirem nele. Já de pé, eles observavam a tigresa que rondava o local onde eles estavam.

- Este é o seu plano? Sabe a que altura tigres saltam?

Ela mal falou, a tigresa pulou tentando alcançá-los e quase conseguiu.

-Alto.

-Ainda estamos vivos, não é?

A tigresa mantinha-se sob as patas traseiras rodeando o baú na tentativa de agarra-los.

Do lado de fora da casa, Esposito e Ryan procuravam por sinais de que aquela era a casa correta.

- Esposito, venha aqui.

Ryan localizou o carro dos suspeitos.

- Chame reforço.

A tigresa continuava dando pulos para pega-los. Eles moviam-se constantemente em cima do baú procurando não serem atingidos pelas patas dela.

- Lembra o que disse sobre entrar no circo? Mudei de ideia.

Mais uma ameaça da tigresa.

- Ela está brincando conosco. Vai derrubar. – Beckett estava apreensiva - O que faremos?

Castle resolveu apelar.

- Só há uma coisa a fazer. Gritar como garotinhas.

E assim eles fizeram. O que realmente funcionou pois chamou a atenção dos rapazes.

- Socorro! Socorro!

-Tire-nos daqui.

-Escute.

- Socorro. Alguém.

-Escutou isso?

-Sim.

Os dois começaram a seguir as vozes para achar de onde elas vinham.

-Estamos aqui embaixo. Socorro. Alguém nos ajude.

- Socorro.

Ate que eles acharam o alçapão e abriram a porta.

-Beckett, Castle.

-Esposito.

-Aquilo é um tigre?

-Sim, sim. É um tigre. Que tal nos tirarem daqui?

- Certo, aguenta aí. Já resolvemos isso.

Uma arma fora engatilhada.

- Soltem as armas, garotos, ou mando vocês pelos ares.

Beckett gritava.

- Rapazes, abram o alçapão.

-Caras!

-Ryan, Espo, ajudem!

-Abram a porta!

-Socorro!

-Tirem-nos daqui!

-Abram a porta.

Mas Esposito e Ryan tinham que lidar com uma senhora armada e dois marmanjos que estavam a fim de matá-los. Para eles a situação também não era nada favorável, o animal estava disposto a atacá-los o mais rápido possível. Ela grunhia e pulava tentando alcançá-los e eles gritavam por ajuda.

- O bicho está pegando.

-Socorro!

-Ajudem-nos!

-Vamos! Rápido!

Do lado de fora, a senhora já sabia que tinha pouco tempo para agir então ela deu as opções para os rapazes, ela e os filhos fugiriam enquanto os dois esqueceriam deles e tentariam salvar seus amigos. Pareceu uma boa idéia ficar com a segunda opção. Do lado de dentro, Castle estava jogando a toalha.

- Desculpe. Não sei mais o que fazer.

- Kate...

- Não, Castle, não sobrevivi a uma bala no coração para morrer mastigada por um tigre.

E ela começou a mover-se procurando alguma saída. Nesse momento, o animal rugiu alto e pulou com toda sua força derrubando o baú onde eles estavam. Esposito tomou a decisão de deixar os bandidos irem e salvar seus amigos, saberia que lá fora eles poderiam apanhá-los já quanto a Kate e Castle o risco aumentava a cada minuto. Quando eles finalmente abriram o alçapão, não viram sinais dos dois além do baú derrubado.

- Meu Deus. Ela os comeu.

-Não nos comeu. Mas comerá se não se apressarem.

Era a voz de Kate. Ao erguer os olhos eles os viram juntos pendurados em algo no teto.

- Boa pegada.

Eles resgataram os dois para fora do alçapão e retiraram as algemas enquanto Gates fazia a prisão dos traficantes de animais.

- Algemados por esse tempo todo? Estou surpreso de não terem se matado.

-Não faltou vontade.

-Até acharmos nosso ritmo.

- Acho que iremos para Flórida de avião.

- O quê?

Gates apareceu segurando uma pequena caixa que entregou para Beckett. Sua arma e seu distintivo além de objetos pessoais estavam nela.

- Acredito que seja seu.

Esposito acrescentou as algemas a ela.

- Isto também.

-Obrigada. Como vocês...nos acharam?

- Seguimos as migalhas até aqui.

- Sorte para nós que alguns detetives ainda informam seu paradeiro. Graças a vocês, instituirei uma nova regra em nosso departamento. Ninguém vai a lugar algum...sem avisar antes.

A cara de Beckett e Castle não foram das melhores, depois de tudo que passaram ainda ter que levar um sermão e saber que estariam presos de certa forma com Gates não ajudava muito. Ryan e Esposito também não ficaram nada satisfeitos.

- Obrigado. Agradecemos por isso.

- Pelo menos não teremos tanto trabalho para tirar o de vocês da reta.

Eles saíram juntos conversando.

- Senti saudades, a propósito.

-Sério? Prove.

-Provarei.

-Como era o tigre?

-Espo, pare.

- Era grande?

O investigador Martinez cruzou todos os dados e descobriu que Ruth Spurloch e os filhos trabalhavam com tráfico de animais selvagens desde o Texas, faturaram muita grana já que vender animais exóticos lá não é crime. Porém, ao transferir o negócio para New York, o mesmo passou a ser crime federal. Como Spooner transportava a carga, Ruth tinha medo de que ele os denunciasse e por isso o apagou. O caso será agora entregue ao FBI.

Beckett e Castle receberam as ultimas informações sobre as provas do crime numa conversa com Ryan. Curioso, Castle perguntou.

-O que acontecerá com o tigre?

-Será morto. Disse Esposito. Mas Beckett o corrigiu.

- Será transferida para um abrigo.

- Ou isso.

- Deve parar no zoológico. Por quê? Quer visitá-la?

Beckett olhou para ele com ar estranho.

- Não. Não, obrigado. Estou bem.

-Vão descansar.

-Vocês também.

Ela seguiu para sua mesa. Castle atrás.

- Deve ser o encontro com a morte mais estranho que já tive.

- Eu também.

- Ia te dizer, depois dessa experiência, se eu tiver que ficar unido a alguém, seria a você.

-Unido?

A conotação no tom de voz dela deixou-o sem graça. Ele a ajudava a vestir o casaco.

-Unido? Não disse unido. Disse algemado. Algemado, não unido... nem coloquial ou outra conotação e significado.

- Certo, Castle. Entendi sua colocação. E para constar, se eu tiver que passar outra noite algemada com alguém de novo, não me importaria se fosse com você.

Ela olhou diretamente para ele. Um pensamento tomou sua mente e ela decidiu compartilhá-lo.

- Sério? Castle parecia surpreso.

- Mas, da próxima vez, faremos sem o tigre.

Ela saiu andando com um sorriso maroto nos lábios.

- Próxima vez?

Ela tornou a olhar para ele e em seguida deixou o distrito. Castle ficou pensando nas palavras dela e sentiu-se inspirado, Beckett realmente estava começando a demonstrar mais o que estava em sua mente. Isso era bom para os dois.


Continua....