segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

[Castle Fic] Baby Boom - Cap.30


Nota da Autora: Prometo que é o fim de angst, por hora... acho que vocês vão gostar. Assim espero. Algumas boas emoções pela frente, curtam as novidades. Tentei ser o mais simples possível na área médica. Tive que me "vingar" um pouquinho. Enjoy!  


Cap.30    


Uma hora antes…


Beckett tinha os olhos arregalados. Aquele homem não estava brincando ao apontar a arma para Castle. Ele vai atirar. O espaço de tempo entre o destravar da arma e ela gritar se jogando na direção de Castle durou segundos. Para ela, uma eternidade. Derrubara-o no chão, mas era tarde demais. Ele fora atingindo.

Castle. 

Ele levou um tiro. Deus! Sangue. 

— Dylan! 

Ela acordou sobressaltada. O coração acelerado. A enfermeira veio ao seu encontro. 

— Calma, tudo bem. Respire - ajudou-a a escorar o corpo na cama - acho que você acabou de ter um pesadelo. Como se sente? 

— E-eu estou no hospital? Castle… ele está bem? Ele foi ferido e… 

— Seu noivo? Não, ele está bem. Somente você foi ferida. Ele está aqui. Não foi para casa - Beckett estava tentando processar o que a enfermeira dizia. Noivo? - vou chamar o doutor - ela se dirigiu a um comunicador ao lado da cama. Beckett passou a mão no rosto. Sentiu o curativo na cabeça. Ela também usava um curativo e uma tipoia no braço esquerdo. Então o tiro a acertara. Lembrava-se de dor e da cabeça vibrar a ponto de não conseguir deixar seus olhos abertos. Também viu. Os olhos azuis de Castle. Ele pedia para que ficasse com ele. Sabia que dissera algo a Castle, mas o que? As memórias vinham em migalhas, aqui e ali, fragmentos do que acontecera surgiam a cada minuto. 

— Você acordou, detetive. Foi atingida no cumprimento do dever. Levou um tiro no ombro esquerdo como pode ver pelas condições que está imobilizada. Perdeu sangue, mas felizmente pudemos equilibrar as defesas de seu organismo e a bala não atingiu nenhum nervo, portanto a mobilidade não deverá ser afetada, mesmo assim nós iremos receitar fisioterapia. O que nos preocupou foi a extensão do trauma da pancada na cabeça. Está me acompanhando até aqui, Kate? 

— Sim. A pancada, ela… eu tenho algum tumor? 

— Fizemos uma tomografia e uma ressonância logo que saiu da cirurgia. Não encontramos nada, porém quero repeti-las para ter certeza. Você se lembra do que aconteceu? 

— Estávamos numa emboscada a um suspeito de assassinato. As negociações deram erradas e Castle, meu parceiro, ele interviu. O cara tinha uma arma, ia atirar. Lembro de ter me jogado para salvar Castle e depois, ele estava comigo e apaguei. 

— Certo. Sua memória recente não foi afetada. A enfermeira disse que chamou por Dylan. 

— Nosso filho. Meu e de Castle. Preciso vê-lo, quero saber se está bem. 

— Bom. Posso autorizar, primeiro os exames. 

XXXXXXX

Castle olhava angustiado para o médico.   

— Ela acordou? 

— Sim, está chamando por você - ele sorriu. Um alivio imediato percorreu seu corpo. Ela está bem, se lembra dele. 

— Eu quero vê-la - o médico sorriu. 

— Vamos, ela o espera - Castle acompanhou o médico até a UTI, ao ver que passaram da entrada olhou intrigado para o médico - nós a transferimos para um quarto após os exames -   Passou a mão no rosto, respirou fundo. Tentou ajeitar a roupa da melhor forma possível. A manga e o peito ainda estavam manchados com o sangue dela - vá em frente, terceira porta à direita - Castle caminhou no corredor. A cada passo, o coração acelerava. Terceiro quarto. Empurrou a porta. Ela estava sentada na cama, de cabeça baixa fitando as mãos. 

— Kate… - ela ergueu a cabeça e seus olhares se encontraram. Ela suspirou. Um pequeno sorriso formou-se no canto dos lábios. Ela viu o sangue nas roupas dele. 

— Castle. Você está bem? Esse sangue…

— Estou, o sangue é seu. Você tinha que roubar a cena, não? - deixou escapar um risinho nervoso. Aproximou-se da cama, tomou a mão dela na sua - como está se sentindo? 

— Bem, considerando tudo o que aconteceu. Noivo? 

— Eles não me davam noticias, não diziam nada sobre você porque eu não era parente e… lembrei do anel da sua mãe, falei que era o seu. A enfermeira acreditou. 

— Sempre criando suas historias, não? E se safando com elas - eles estavam evitando uma discussão iminente. 

— Eu não deixei avisar seu pai. Achei que precisávamos de mais informações. Pensei que era o que queria. 

— Sim, obrigada - então Castle não aguentou mais, precisava saber se ela lembrava do que falou. 

— E-eu tive tanto medo, Kate. Você estava sangrando, por mim e lembrei de Dylan… você não podia nos deixar. 

— Por que você foi provocar o cara? Foi irresponsável! Você apareceu do nada, sem colete. Desobedeceu tudo o que eu disse, eu pedi para você não fazer isso. Pedi para você ficar na droga do carro! Por que tem que ser tão teimoso? Você podia ter morrido! - ela elevara a voz um pouco. Podia ver que estava chateada por isso. 

— Salve sua raiva para descontar no idiota do FBI que quase estragou a operação. 

— Ele foi pego? 

— Não sei. Montgomery apenas me disse que os rapazes continuavam perseguindo-o quando esteve aqui para saber de você - ele a olhou de um jeito mais sério. Beckett percebeu a mudança no olhar embora ainda visse um pouco de ternura nele - por que você se jogou na minha frente para receber o tiro, Beckett? Por que fez aquilo? 

— Porque jurei servir e proteger. Porque você é meu parceiro, não ia deixa-lo morrer. Dylan precisa de você, eu preciso de você. Não posso perder meu parceiro - Castle queria ouvir mais, queria que ela completasse as palavras que diria antes de desmaiar. Por que ela não dizia? - você também me salvou, várias vezes - mesmo chateado por não ouvir o que gostaria, ele estava aliviado por vê-la bem. Beckett disse que precisava dele. Devia ser o bastante por hora. Ele beijou a testa dela. Beckett apertou a mão dele, levou-a aos lábios - Castle, pode trazer Dylan aqui? Eu quero ver o meu baby boy

— Tudo bem, vou busca-lo e aproveitar para me livrar disso - apontou para a camisa. Ele já se afastava dela quando Beckett o chamou novamente. 

— Não está esquecendo de nada, Castle? - ela sorria. 

— Estou? - ele entendera o recado. Estava tão preocupado em ouvir as palavras perdidas que sequer dera um beijo nela. Voltou até o lado da cama. Acariciou o rosto dela com a mão, os lábios tocaram os de Beckett devagar, ela fechou os olhos. Repetiu o gesto - eu volto, detetive. 

Quando Castle saiu do quarto, a enfermeira entrou trazendo uma refeição para Beckett, uma espécie de café da manhã tardio. Passava das onze. 

Castle chegou ao loft visivelmente cansado. Encontrou Martha preparando uma refeição e Alexis brincando com o Dylan. Sem fazer muito alarde, pediu a mãe que aprontasse o garoto enquanto ele tomava um banho. Comentou que Beckett estava bem e queria ver o pequeno. Desapareceu no quarto. 

Enquanto a agua lavava o cansaço e o resto das lembranças daqueles dias difíceis, Castle se viu pensando outra vez na detetive. Na mulher que amava. Por que era tão complicado? Suspirou. Tudo bem, ele sabia que Beckett o amava, ela demonstrava isso todos os dias, com seu filho, com o trabalho, com os carinhos. Ele a conhecia há quatro anos, porém nesses últimos oito meses, ela realmente se permitiu demonstrar o quanto gostava dele, em suas próprias palavras, o quanto ele era importante. Sua reação diante da presença de Will apenas confirmava que o relacionamento deles era sério. Kate levou um tiro por ele, pelo amor de Deus! Então ele se perguntava porque ele precisava tanto ouvir as três palavras quando as ações falavam por si só? Porque tornava real. O sentimento, o amor, tudo o que viviam e dividiam. Ele precisava ouvir Kate se declarar se quisesse dar o próximo passo. 

Sozinha em seu quarto, Beckett também ruminava pensamentos. O que acontecera naquela emboscada podia se repetir outras vezes. Ela o salvara agora, mas poderia repetir o feito? Quantas situações de perigo ela ainda enfrentaria? Essa era a sua vida, sabia disso quando optara por entrar na academia, porém ela era solitária na época. Morrer ou não. A opção não a acovardava, não temia o fim. Hoje era diferente. Ela não estava mais sozinha. Tudo o que acontecia com ela afetava diretamente a vida de pessoas especiais, pessoas que ela amava, ama. Castle e Dylan. 

Beckett representava um risco para os dois. Um peso, uma sombra. Como ela poderia conviver com isso? Com o medo de torna-lo vitimas de suas ações? Castle poderia estar nessa cama, em seu lugar. Pior, ele poderia estar morto. Não podia deixar Dylan órfão mais uma vez. A agente Wilson tinha uma certa razão. Ela não era uma super-heroína. Quantas balas levaria para proteger os dois? Seria suficiente?  

Dylan. Ela amava tanto aquele pequeno. Como sentia falta dele! Olhou para seu braço, não poderia carrega-lo como gostaria. Não importava. Queria beija-lo, cheira-lo, olhar naqueles lindos olhos azuis enquanto ele a chamava de “mamama”. 

Sorriu. Lembrou-se da mãe. Tocou o solitário no pescoço, mas foram as palavras do pai que trouxeram lágrimas aos seus olhos “ seja o mundo de alguém, Katie”. Outra vez, Kate Beckett tinha uma decisão a tomar. Estava dividida e o peso da escolha tornava tudo mais difícil. 

Uma hora depois, Castle entrava no seu quarto trazendo Dylan no colo. Martha vinha logo atrás. Ao vê-la, Dylan se jogava como se pudesse empurrar o pai, forçando-o a ser mais rápido. As mãozinhas esticadas querendo toca-la. 

— Mamama… - Beckett sorria. Castle se aproximou da cama colocando o bebê sentado no estômago dela, segurando-o para não machucar o braço imobilizado. 

— Hey, baby boy… estava com saudades? - o menino não queria saber de ficar sentado, ele queria deitar no peito dela. Beckett apertou as bochechas e beijou os lábios da criança antes de Dylan se aconchegar no peito dela. Com a mão livre ela o segurava, cheirava a cabecinha. 

— Ele realmente sentiu sua falta, Katherine. Estava inquieto o dia todo ontem. Chorou bastante - disse Martha - e você está bem? 

— Sim, estou. Ele chorou? 

— Sim, querida. Bebês são sensitivos. Acho que seu filho pressentiu que havia algo errado com a mãe - Dylan parecia entender as palavras da vó, logo se manifestou tocando o rosto de Beckett. 

— Mamama…baba…leilei…

— Você quer que leia para você, meu amor? Não tenho os livros do Babar aqui. Posso cantar para você, quer? - Beckett começou a cantar “Joy to the world” para o seu filho. Martha abraçou Castle que estava quase chorando diante da cena. Quando terminou, ele se sentou no colo dela. Pegou o anel segurando com a mãozinha. 

— Mamama… - Kate beijou a testa dele, esfregou o nariz no dele fazendo o bebê rir. Somente nesse instante reparou a blusa que ele usava. Ela riu da frase “Of course I’m cute, have you seen my mamma?” 

— Eu não conhecia essa blusa… 

— É nova, eu comprei um dia desses. 

— Ele já comeu? 

— Sim, Katherine. Comeu - Martha olhou para os adultos a sua frente, sabia que eles precisavam de um tempo sozinhos - estou pensando em levar essa fofura para dar uma volta. Será que tem sorvete nesse hospital? - ao ouvir a vó falar, Dylan ficou todo excitado. 

— Vete…Dyan… - Beckett riu, deu um longo beijo no rosto do filho. Cheirou a cabeça mais uma vez. O menino brincou com os dedinhos no nariz dela. Suspirou. Os olhos azuis e o sorriso mostrando os dentinhos fizeram seu coração mais leve. Naquele instante, tudo o que passou por sua mente quando estivera sozinha desaparecera. Martha se aproximou pegando o neto. 

— Vamos atrás de sorvete, Dylan? 

— Vete, Dyan… - Beckett esperou que Martha saísse do quarto. Castle sentou-se numa poltrona ao seu lado. Beijou a mão dela. 

— Satisfeita por ver seu filho? 

— Sim, obrigada - então o sorriso que havia no rosto de Beckett desapareceu. Castle conhecia aquele semblante. Ela estava prestes a jogar uma bomba nele. O que quer que Beckett tivesse maquinando naquela cabeça complicada, estava pronto para ser despejado bem a sua frente. 

— Castle, eu estava pensando sobre o que aconteceu. Recapitulando o significado de tudo isso. Todas as vezes que tento entender, percebo que chego a mesma conclusão. Eu represento uma ameaça para vocês. Dylan e você. Eu me sinto responsável por trazer o perigo para suas vidas porque o que eu faço me coloca nessa situação. A ideia de ver você sofrer, ser ferido, o impacto que isso causaria na vida de Dylan, é um fardo pesado de se lidar. Eu não quero destruir o que você construiu, sua família. Não posso viver com medo, pensando se todas as vezes que sair de casa, eu volto. Eu sou um risco e consequentemente coloco suas vidas em risco. A agente Wilson tem razão. 

— A agente Wilson está doente, ela não tem razão em nada do que disse, Beckett. Que historia maluca é essa? Você não é um risco, você não traz perigo para a minha vida. Eu escolhi segui-la, eu quero estar nas cenas de crime com você - ele estava irritado, a voz elevada - por que tem que ser a mártir? Assumir a culpa por tudo? Ou essa é apenas a sua forma de fugir? Por que está feliz? É isso? Vai abandonar a nós dois agora com essa desculpa de medo e risco? 

— Você podia ter morrido! Seu filho ia ficar sem pai! Castle, por que não consegue entender? Eu não estou fugindo, eu não quero vê-lo morrer… eu não suportaria… - ela chorava - preciso protege-los. 

— Proteger? Se afastando de nós? Fazendo seu filho, nosso filho chorar porque você não estará lá para ler ou fazê-lo dormir? Como pode pensar que vai proteger a mim e a Dylan assim? Ele é louco por você. Quer repetir o erro? Você diz que não quer destruir o que temos. Nossa família, mas se você for embora vai acontecer exatamente isso. Por que Kate? Por que essa…

— Cala a boca, Castle! Pare de me acusar de destruir as coisas! Dylan é meu filho… eu nunca faria mal a ele. E-eu pensei que podia fazer isso, mas não posso. No instante que eu olho para aqueles olhos azuis, e-eu sei que não posso… 

— Não pode continuar, é isso? 

— Não posso perder vocês, a ideia de você morrer é… assustadora… e-eu fico desesperada somente de pensar que posso perder alguém tão importante outra vez - a cabeça dela latejava, a discussão estava indo longe demais. Não era isso que ela pretendia ao começar a conversa, mas Castle parecia não querer outra coisa além de discutir. 

— Por isso quer me deixar? - ele tinha a voz embargada, falava baixo outra vez. Ele estava magoado - por que tem medo que eu morra? Como sua mãe? 

— Não, você acha que é por causa dela, do meu passado. Eu não disse isso. Eu não quero destruir nada, eu quero proteger meu filho, meu parceiro. 

— Kate, e-eu… - ela passou a mão nos cabelos. As lágrimas escorriam. 

— Castle… , olhe para mim. Eu pensei que podia me afastar para protege-los, mas e-eu não posso… nunca poderia. 

— Eu não estou entendendo… 

— Droga, Castle! Eu não posso me afastar porque eu te amo! - as palavras o atingiram como um raio. Nunca imaginara que seria assim que as ouviria. No calor da discussão. Ele fez menção de falar, mas Beckett o impediu colocando o dedo indicador sobre seus lábios - eu amo você, Rick. Você e Dylan são o meu mundo, preciso ser o seu… não posso me afastar porque eu preciso de tudo. 

— Eu também te amo, Kate, mas você já sabe disso - ela riu - por que temos que brigar para dizer o que sentimos um pelo outro? 

— Eu não sei… Castle, eu não sei - ele se inclinou colocando a testa colada a dela. Então, ele a beijou. Kate já sentira aqueles lábios tantas vezes nos seus, porém naquele momento era como se um novo horizonte se abrisse para eles. Kate sentiu amor. O beijo evoluiu para algo mais intenso, adorava o jeito que ele sugava seu lábio inferior, deixou as mãos dele segurarem seu rosto e com sua única mão livre, ela brincava com a gola da camisa dele, sem quebrar o contato. Kate sabia. Tornara a seguir o conselho da mãe. Ela ouviu seu coração. 

Finalmente Castle se afastou. Limpou as lágrimas do rosto dela. Tornou a sentar-se na poltrona ao lado da cama, as mãos entrelaçadas. 

— Será que agora podemos pensar na sua recuperação? Em voltarmos para a nossa casa? 

— Imagino que você já tenha planejado tudo - ele riu. 

— Sou tão previsível assim? Você volta para o loft conosco, passamos uns dois dias para você se sentir melhor e depois pegamos a estrada para os Hamptons. Pode relaxar, Dylan vai curtir uns dias na praia. 

— E a fisioterapia? O médico falou que depois de tirar os pontos, tem a fisioterapia. Ele quer checar a mobilidade. 

— Você deve tirar os pontos em uma semana. Tempo suficiente para ficarmos lá. Além do mais, acho que não vai ficar com essa tipoia muito tempo - ele parou para observa-la - você vai se afastar do trabalho pelo menos uma semana, Kate. Montgomery será o primeiro a dizer isso a você. 

— Eu sei. Não estou dizendo que não vou. Eu queria saber se pegamos Jerry. Ele matou quatro pessoas, Castle. Ia fazer a quinta vitima. Por dinheiro. 

— E a detetive não consegue se desligar - sorriu - saberemos logo se a justiça foi feita ou se o almofadinha estragou tudo - batidas de leve na porta chamaram a atenção deles. Martha estava de volta com seu baby boy. 

— Conte para a mamãe, o que o Dylan comeu? 

— Vete! Mamama… - a avó entregou-o para o pai que sentado apoiava as perninhas do menino em suas coxas para que de pé ele colocasse as mãozinhas em Kate. 

— Queria tanto carrega-lo… 

— Talvez eu possa ajudar com isso - o médico aparecia no quarto - o seu ferimento felizmente foi superficial, a bala que conseguimos retirar era de baixa velocidade, calibre .22 e afetou apenas o tecido. Você pode ser tratada apenas com antibióticos e analgésicos. Eu usei a tipoia porque queria mais segurança. Vamos experimentar tira-la? 

Castle se afastou dando espaço para o médico. Ele desatava habilmente os velcros e nós da tipoia deixando o braço de Beckett livre. 

— Erga o braço até onde puder, se a dor for grande não force - Beckett fez o que ele pediu. Conseguiu leva-lo até a altura da cabeça - dói? 

— Um pouco. 

— Ótimo. Agora faça movimentos circulares - ela obedeceu - qual o nível da dor de 1 a 10 sendo 10 insuportável? 

— Cinco. 

— Vou receitar mais um analgésico na veia, agem mais rápido - ele checou os reflexos no braço, pupilas, comando simples. Tudo parecia estar muito bem - estou satisfeito. Posso dar alta para você amanhã. 

— Posso tentar carrega-lo? 

— Pode, mas use o braço direito para segurar o peso - o médico ajudou-a a ficar de pé. Castle se aproximou e entregou Dylan com calma auxiliando-a para acomoda-lo. Kate usou o braço esquerdo para abraçar o bebê posicionando em suas costas. Dylan parecia entender a dificuldade da mãe ficando quieto em seu colo - nada mal. 

Beckett começava a caminhar pelo quarto com o filho nos braços. Castle podia ver o sorriso no rosto dela. Sua Kate sempre tão determinada, complicada. Ao ver aquela imagem, ele apenas conseguia pensar em outros adjetivos: amorosa, delicada, apaixonante. Fica com medo pela vida que tem dentro de si que deixa um brilho incomum em seu olhar, uma lutadora. A mulher que transforma seu mundo todos os dias. A mulher que ama. 

— Acho que devemos levar esse garotinho para casa, não? Está na hora da soneca e Katherine também precisa descansar. 

— Martha tem razão e você também vai para casa, Castle. Precisa dormir se quiser cuidar de mim quando eu sair desse hospital e não aceito justificativas para ficar. Alguém precisa dar uma folga a sua mãe. Irá para casa colocar nosso filho para dormir - o telefone dele tocou. Montgomery.     

— Capitão - ele ouviu do outro lado - sim, ela acordou. Está bem. Receberá alta amanhã - parou de falar para escutar o que o capitão falava. Beckett olhava ansiosa para o namorado, queria saber do caso - certo, concordo plenamente. Pode deixar, eu digo a ela. 

— Castle, o que Montgomery disse? 

— Jerry está preso. Espo e Ryan o detiveram. Acabou. Ele mesmo fez o relato para o superior, o diretor adjunto do FBI em Nova York. Já envolveram a narcóticos por causa da droga. Na visão do FBI, o 12th distrito resolveu o caso e proporcionou material para o combate a Venus. Ele mandou parabeniza-la e disse que não apareça no distrito até a próxima semana. Acho que vamos aos Hamptons, afinal - ela sorriu - você conseguiu, Beckett. Outra vez - ele a beijou. 

— Sorenson? 

— Não perguntei, não quero saber - ela riu. 

— Bobo! - na mesma hora Dylan se pronunciou.

— Boobo, daadaddy…boobo…daddy… 

— Viu o que você fez? - Castle fingia estar chateado. 

— É sim, meu amor. Daddy bobo - beijou a bochecha do menino, depois os lábios - vai com o daddy, baby boy. Ele vai brincar de vrumvrum e contar historia do Babar para você. Cuide do nosso filho, Castle - entregou o menino a ele. Não resistindo, beijou o pequeno de novo e mordiscou os dedinhos como sempre fazia. 

— Descanse, detetive.

— Você também… - ela beijou os lábios de Castle. Sorrindo, dava tchauzinho para os seus dois amores. Voltou a cama. Castle não reparou a principio, porém ao olhar para a área da recepção a fim de enxergar a enfermeira Beth para agradece-la, ele avistou Will Sorenson. Estava aguardando para ver Beckett e presenciou a cena com o bebê. Estava intrigado. Quem era aquela criança? Castle não se conteve mandou a mãe esperar no carro. A passos largos, ele avançou até Will acertando um soco com vontade no rosto do agente. 

— Que diabos você pensa que está fazendo? 

— Isso é por Beckett, seu incompetente de merda! É por sua causa que ela está aqui. 

— Incompetente? Você que se meteu na operação. 

— Claro! Aquele idiota sequer sabia negociar! - o segurança se aproximou dos dois. Sorenson ainda tinha a mão no rosto massageando o local vermelho deixado pelo soco de Castle. Um filete de sangue escorria pelo canto dos lábios.  

— Suma daqui! 

— Você agrediu um agente federal! 

— Não, eu agredi um idiota irresponsável e incompetente. Aqui nesse hospital, você é tão civil quanto eu. 

— Senhor, eu sou obrigado a pedir que se retire caso contrario terei que usar de força. O senhor o agrediu. Retire-se por favor… - Castle bufou. 

— Fique longe da minha namorada! 

— Senhor…- o segurança segurou o braço de Castle. Respirando fundo, ele virou as costas. A enfermeira colocava uma bolsa gelada sobre o rosto de Sorenson. Suspirando e contrariado,  Castle foi embora.  

A enfermeira voltou ao quarto trazendo umas frutas e aveia para Beckett comer. 

— Você está bem animada depois dessa visita, não? Não consegue parar de sorrir. Que bebê mais fofo! Ele é a sua cara. Como é o nome dele? 

— Dylan. 

— Lindo. Tem um ano? 

— Um ano e dois meses. 

— Mamãe orgulhosa… 

— Sim, ele é meu baby boy - a enfermeira retribui o sorriso e sai do quarto. Sorenson está aguardando. 

— Com licença. Estou aqui para ver Kate Beckett. Ela está sozinha? 

— Agora sim, estava com o filho. Você é amigo? Qual é o seu nome? 

— Will Sorenson. Sim, também trabalhamos juntos. Estava na investigação onde ela foi ferida, chefiava a operação - ele ainda estava intrigado com o que a enfermeira lhe dissera. Filho? Ouvira certo? Beckett não era mãe… 

— Vou ter que checar se ela quer ver o senhor. Um minuto - a enfermeira voltou ao quarto - Kate? 

— Nossa! Você foi rápida ainda não terminei de comer. 

— É que tem um rapaz lá fora. Ele diz que trabalha com você. Will Sorenson - ela viu a mudança no semblante da mulher - se não quiser vê-lo não é obrigada. Posso dizer que não está disponível - a enfermeira achou por bem não comentar sobre o pequeno incidente entre o cara e o parceiro dela. 

— Não, terei que enfrenta-lo mais cedo ou mais tarde. Deixe-o entrar - a enfermeira voltou a recepção a procura de Will. 

— Pode entrar se quiser. Ela vai recebe-lo. 

— Obrigado - ele bateu de leve na porta por pura educação. Entrou. Beckett estava sentada na poltrona, bebia o resto do suco que a enfermeira trouxera. De todas as pessoas, Will Sorenson era a que menos gostaria de ver naquele momento. Ainda estava com raiva pelo que acontecera, pela falha do agente que quase custou a vida de Castle. 

— Kate… 

— Sorenson, o que faz aqui? 

— Como o que faço aqui? Vim ver como você está. Fiquei preocupado. Não sabia se você estava bem - Beckett deixou um risinho um pouco debochado escapar. 

— Preocupado que eu fosse ser um fardo na sua investigação? Pensando como ia justificar a incompetência daquele agente que você escolheu e quase sabotou a operação? Quase custou a vida de Castle? 

— Kate, eu não vim aqui brigar. Qual o problema? Você sabe que eu me preocupo com você, gosto de você. 

— Pode parar, Sorenson, estou bem. Terei alta amanhã e espero não ter que encontra-lo outra vez. Não precisa se preocupar em redigir a falha ou a morte de uma policial em combate em seu relatório. 

— Quer parar de me agredir? Eu não vim aqui para brigar, já disse. E pare de me chamar pelo sobrenome. Você está diferente. 

— Você não se toca, não? Como acha que eu me sinto? Invade minha investigação, quer mandar nos meus detetives, não respeita o meu parceiro e quer que eu lhe renda homenagens? Você sabe muito bem que esse caso nunca o interessou, não está em Nova York pela justiça. Está aqui por minha causa. Somente posso afirmar que está perdendo seu tempo. 

— Você está com Castle agora. Entendi. Até ele se cansar de você e correr atrás de outra? 

— Veja como fala de Castle. 

— Você gosta tanto dele assim? 

— Eu não gosto, eu amo - ela pode ver o choque de Will ao ouvi-la, na verdade ela estava chocada por dizer isso tão facilmente - ele é o meu parceiro, meu amigo. Sabe quem eu sou e me respeita por isso, portanto não ouse falar mal dele. 

— Desculpe. E-eu preciso perguntar, a enfermeira disse que recebeu a visita de seu filho… e-eu…você tem um filho? 

— Surpreso? Sim, eu tenho um filho. 

— É do Castle? 

— Sim, Castle é o pai de Dylan. Mas ele não é meu realmente, nós o adotamos. Ele é nosso filho. Sou a mãe dele. 

— Você adotou um bebê com Castle? Nossa! Muita coisa mudou desde a última vez que estive em Nova York. Você mudou. 

— Mudei. 

— Como? Por que? 

— Por Castle, por mim. Cansei da solidão, de viver no passado, de me culpar pelo que aconteceu e me castigar por isso. Castle me fez entender tudo isso. Ele me ama, me entende,  não é policial como eu, mas está disposto a dar a vida por mim, morrer. Ele me mostrou que era possível. Que eu poderia ter uma família novamente. O melhor dos dois mundos. 

— Então é sério - ela não respondeu. Não precisava. De repente, pareceu inadequado estar ali - nossa! Acho que é isso então, parabéns pelo seu filho e seja feliz, Kate. 

— Eu já sou, Will - ele se aproximou dando-lhe um beijo no rosto. Beckett o viu desaparecer pela porta. A mão tocou primeiro o solitário da mãe, levou aos lábios beijando-o. Em seguida, ela ergueu o braço direito admirando a pulseira com as iniciais D.K.C. 

No dia seguinte, Castle chegou ao hospital por volta das dez horas da manhã, um buquê de flores do campo nas mãos. 

— Bom dia, gorgeous. Para você - entregou as flores nas mãos de Beckett. Ela cheirou o perfume. Sorriu para Castle. Era a primeira vez que ela recebia esse gesto dele desde que estavam juntos. Não que Kate se ligasse nesse tipo de atitude, porém receber flores no dia seguinte ao que ela se declarara de Castle era algo significativo. 

— Bom dia, babe. Amei o gesto - ela se levantou da poltrona e deu um beijo nele. 

— Pronta para deixar esse lugar? Pode me prometer uma coisa? Vai devagar, pode viver um dia de cada vez. Não precisamos ter pressa. Sei que você adora o seu trabalho, eu quero vê-la brilhar, mas tudo a seu tempo, Beckett. Promete? - ela sorriu para o homem a sua frente. 

— Prometo - ele explicou que trouxera uma muda de roupa para que ela deixasse o hospital. Apos ouvir todas as recomendações médicas, ele a abraçou e deixaram o local. Kate não via a hora de estar em casa novamente. Ver seu baby boy brincando, deitar na sua cama ao lado de Castle. Pequenos prazeres. 

A volta para o loft não poderia ser diferente. Castle a mimara de todas as formas possíveis. Refeições, sucos, cafés. Carinhos, beijinhos. Para completar, ainda tinha a alegria de ver seu baby boy rindo e dando gritinhos, andando pela sala puxando o capitão América consigo ou apenas se divertindo com as brincadeiras malucas do pai. À noite após o jantar, ela pode deitar-se ao lado de Castle que fez questão de trocar de lado na cama não somente para poder abraça-la, mas também para que não corresse o risco de machuca-la enquanto dormia. 

No segundo dia em casa, Kate teve o prazer de alimentar seu filhote. Dar a primeira mamadeira do dia. Ele sugava o leite sem tirar aqueles olhos incrivelmente azuis dela. Na metade da manhã, quase próximo ao horário de almoço, ela recebeu uma visita inesperada. Castle abriu a porta já dando passagem para a amiga dela. 

— Hey, Becks! Brincando com fogo de novo? - entregou uma sacola para Castle - está tudo ai. Até a sobremesa, coloque na geladeira para não derreter. Dylan, meu fofo! 

— Maddiiii! - ele saiu andando até ela. 

— Meu Deus! Você já está andando, fofinho? Que lindinho. Quero um beijo - ela se abaixou recebendo o beijo e deixando Maddie enche-lo de carinhos fazendo-o rir. 

— O que faz aqui? 

— Castle ligou para o Q3 pedindo comida. Eu estranhei porque é uma quinta-feira você trabalha. Ele me contou o que aconteceu. Eu disse que ele devia beijar seus pés, o chão onde pisa - Kate riu - e ser seu escravo para o resto da vida, em todos os sentidos - Beckett revirou os olhos. Maddie sentou-se ao lado da amiga - está se sentindo melhor? 

— Estou melhorando. Sendo paparicada demais. 

— Ele não faz mais que a obrigação dele - Dylan estava de pé segurando na perna de Maddie - por falar em obrigação, seu filho tem um presente para você, Castle - ele se aproximou e pegou o garoto. Sumiu na direção do escritório - está tudo bem entre vocês? Quer dizer, depois de uma experiência dessas nem tudo é fácil. 

— Não foi fácil. Era um caso difícil, a aparição de Will botando banca não ajudou. Tive que lidar com ciúmes, provocações e a incompetência que quase matou Castle. 

— Espera, rebobina. Quem é Will? Um ex? Não o conheço, por que você nunca falou dele para mim, Becks? 

— Porque era passado. Não interessa. 

— Se Castle teve ciúmes é claro que interessa. 

— É uma longa historia, outro dia eu te conto. O fato é que ele ficou com ciúmes, inseguro, nós discutimos e nos entendemos. E sei que ele socou a cara de Will no hospital. A enfermeira me contou. Estou evitando de falar que sei porque ele vai ficar se gabando, mas eu adorei que tenha feito isso, eu mesmo estava querendo socar a cara do Will. 

— Tem certeza que está tudo bem, Kate? De verdade? 

— Mais do que bem, Maddie - ela sorriu - eu disse. Eu finalmente disse que o amo. 

— Oh, meu Deus! - ela gritou abraçando a amiga sem se preocupar com o ferimento. Beckett reclamou, ela se afastou - desculpa! Wow! Isso é grande! - Maddie ria e via a amiga ficar vermelha - e qual foi a sensação, depois que você disse? 

— Estávamos discutindo, eu me declarei e… sei lá, eu me senti bem. Leve… e quando ele me beijou, parecia algo novo. Diferente - agora o sorriso bobo estava de volta ao rosto de Kate e Maddie suspirou ao ver que finalmente a amiga se desprendera de todos os murros, todas as barreiras. 

— E qual o próximo passo? - Beckett olhou intrigada para a amiga - ah, Becks, por favor! - ela mostrava o dedo anelar como se quisesse afirmar que era a hora do casamento. Viu a cara de espantada da amiga. 

— Pare com isso, Maddie. Que mania de apressar as coisas! 

— Apressar? Kate, olhe ao seu redor. Você praticamente mora no loft com Castle, tem um filho, se amam. Por que não? Você já tem todo o resto? Uma aliança e uma proposta é o de menos! 

— Maddie, nem uma palavra sobre esse assunto com Castle… estou avisando. Estamos bem assim. 

— Pronto! Voltamos. Aproveitei para dar um banho no garotão. Podemos almoçar? Maddie, você é nossa convidada. Faço questão. 

— Quem sou eu para recusar um almoço do melhor restaurante da cidade na companhia dos melhores amigos e da família mais linda de Nova York? 

— Viu só, Beckett. É a Maddie que está dizendo não eu. 

— Sei, sei. Ela não tem que ficar ouvindo você se gabar 24 horas por dia por isso alimenta seu ego. 

— Até onde percebi, você também faz parte disso.   

— Ele tem razão, Kate - ela revirou os olhos embora acabou sorrindo. O almoço foi muito divertido. Na hora da sobremesa, estavam sentados na sala quando Maddie pergunta quanto tempo ela ficará afastada. 

— Montgomery não quer me ver no distrito até a próxima semana. 

— Por esse motivo, estamos indo para os Hamptons amanhã e retornamos apenas na próxima terça para Beckett retirar os pontos - comenta Castle - ela precisa descansar, passamos mais de uma semana nesse caso louco. 

— Isso é ótimo. Apoio totalmente. Descanso, amor, essa fofura por perto, tem coisa melhor? 

— Acho que não posso discordar, Maddie - disse Kate sorrindo. 

À noite, Beckett teve o prazer de ler e amamentar seu menino outra vez com a ajuda de Castle. Quando Dylan cochilou, ele o tirou do seu colo e acomodou-o no berço. Juntos, deixaram o quarto do filho indo encontrar conforto nos braços um do outro em sua própria cama. Outra vez, ele dormia no lado contrario da cama. Beckett podia sentir os braços firmes do namorado em sua cintura. O nariz dele próximo ao seu pescoço, mesmo deitada de barriga para cima, ele encontrara uma forma de estar colado nela. 

— Castle, está acordado? - não houve resposta. Ela virou o rosto, viu que ele tinha os olhos fechados - eu amo você. 

— Eu também te amo, Kate - murmurou. Sorrindo, ela beijou a ponta do nariz dele - vá dormir, acordamos cedo amanhã. 

— Fingido! - então ele abriu os olhos. 

— Eu estava quase cochilando… somente pela graça - ele puxou o rosto dela ao encontro de seus lábios. Castle sorvia-lhe a boca apaixonadamente. O beijo começava a provocar sensações no corpo, atiçando seus sentidos. Ele se afastou por fim ouvindo um gemido frustrado - durma, Beckett. Você ainda está se recuperando. Nada de exageros. 

— Castle, você é… - de repente, ela não sabia como chama-lo. 

— Eu sou? 

— Irritante! - ele gargalhou. 


— Boa noite para você também, detetive… 


Continua....