sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

[Castle Fic] A (Im)Perfect Love Story - Cap.8


Nota da Autora: Talvez esse seja um dos capítulos mais aguardados por várias leitoras, porém não sei se irei fazer justiça. Eu tinha muitas maneiras de acabar com uma "pendência", a que escolhi pode não ser a melhor para muitas. Particularmente, eu gostei. Talvez digam que não foi uma atitude de Beckett... acredito que ela fez o que deveria fazer... enfrentou antigos demônios por um único motivo. Enfim, vocês serão as juízas. Desde já peço desculpas se não agradar! Enjoy! 
Citações de Raging Heat, sorry para quem não leu...


Cap.8 

— Kate… vó, eu vou pegar as minhas coisas. Não devo demorar muito, então saímos. 
— Você não vai perguntar do seu pai? - falou Martha.
— É meio óbvio ele não está em casa, caso contrario estaria com Kate. 
— Ele já volta, foi comprar frutas. Vá se arrumar, kiddo - ela percebeu que o olhar de Alexis era para Kate, como se quisesse a fuzilar. Assim que a neta virou-se para subir as escadas,  deparou-se com um saco de viagem. 
— O que isso está fazendo na sala? 
— Seu pai e Katherine vão viajar daqui a uma semana. Irão cruzar o país de moto. Não acha uma viagem interessante? - Martha tentava a todo custo quebrar o clima tenso na sala. 
— Moto? Ele vai dirigir uma moto? Ele acabou de sair do hospital! E desde quando meu pai sabe guiar uma moto? 
— Desde que ele começou a fazer aulas e tirou sua habilitação. Faz um tempinho - disse Beckett. 
— Isso é loucura! Fica cada vez pior. 
— Não sei porque está dizendo isso, Alexis. Richard não é nenhum irresponsável. Ao invés de estar criticando, poderia aproveitar e conversar com ele sobre esse assunto ou outros. Eles vão ficar um tempo longe, uns dois meses talvez. 
A noticia de que seu pai ia ficar longe balançou a moça até ali tão cheia de si. 
— Dois meses? - com seus planos futuros, ela poderia ficar ser ver o pai por mais tempo do que imaginava. Beckett notou que ela estava abalada com a nova descoberta. Porém, ela voltou a antiga estratégia de ataque. 
— Papai sempre foi irresponsável principalmente quando se trata de…- ela quase usa um nome feio, se segurou - Kate. 
— Alexis, ninguém está fazendo nada que comprometa nossa saúde ou nos ponha em perigo. É uma viagem. Além disso, eu conversei com a Dr.Marshall sobre isso. Ela não viu problema algum, inclusive concordou que ia fazer muito bem depois de…tudo - ela estava tentando ganhar a simpatia da enteada, ao menos um pouco para convence-la a conversar com Castle. Não estava funcionando porque Alexis retrucou para tentar feri-la. 
— Aquela médica? Melhor você abrir o olho, Kate. Ela é uma grande fã do meu pai e pelo que vi estavam bem à vontade, se divertindo enquanto você estava à beira da morte. 
— Alexis, acho que você já falou demais - disse Martha - suba e se arrume. Quanto mais rápido sairmos do loft, melhor. Você não está disposta a ouvir os outros nem fazer as pazes com seu pai, então é melhor que desapareça antes que ele volte - ouviu a neta subindo as escadas pisando forte. Beckett respirou fundo. 
— Eu sinto muito, Katherine. Você não deveria estar passando por isso, sendo atacada. Não consigo entender o que se passa com a minha neta. Alexis nunca foi assim e…
— Está tudo bem, Martha. Ela não está fazendo isso de propósito. 
— Como não? Ela está agindo como um adolescente rebelde, mas ela é uma mulher feita. Nunca pensei que ia dizer isso, Alexis precisa de uma surra. 
— Martha, por favor, ela não precisa de mais alguém brigando, me defendendo porque isso piora as coisas. Eu sei o que ela está passando, sentindo porque… - Kate engoliu em seco - porque eu também já passei por isso - a sogra percebeu a tristeza no semblante da nora, ela estava nervosa. Era difícil ver Katherine abalada - eu preciso de um minuto. 
Martha viu a mulher destemida a sua frente colocar a cabeça entre as mãos para em seguida curvar-se sobre o próprio corpo, a cabeça nos joelhos. Não sabia dizer se ela estava chorando, passando mal. Martha levantou-se e foi até a cozinha, voltou com um copo com água e açúcar. Com carinho, tocou o ombro dela. 
— Katherine, querida. Beba isso, vai se sentir melhor - Beckett ergueu a cabeça para fitar a sogra. Havia lágrimas em seus olhos, o rosto vermelho - você está bem? - pegou o copo com agua, tomou um pouco. Devolveu para a sogra. 
— Obrigada, Martha. Estou bem, e-eu não esperava que tivesse que pensar sobre isso outra vez. 
— Sobre o que? 
— Alexis não está tendo uma crise adolescente. Eu a entendo porque eu tinha quase a idade dela quando aconteceu comigo. Quando minha mãe foi assassinada. Até a enterrarmos, eu ainda estava em choque. Meu pai e eu estávamos. A lembrança dela, o sangue, o beco, eu vi as fotos do detetive. Lembro de ter vomitado tudo que havia no meu estômago. Quando eu vi a lápide dela pela primeira vez finalmente entendi que ela se fora, não ia voltar. Foi ali que a revolta começou. Eu senti muita raiva. Dela por me deixar, da policia por não encontrar o culpado, do meu pai por me abandonar, me trocar pela bebida. Eu mal conseguia conversar com ele, quando não gritávamos um com outro, ele estava muito bêbado para discutir. Eu perdi meus pais no mesmo momento. Meu pai escolheu a bebida e eu o culpava pela morte da minha mãe. Fiz muita besteira até decidir que não seria mais advogada e sim, policial porque queria vingar minha mãe. 
— Katherine, você…
— Eu preciso falar, Martha. E-eu não quero que Alexis cometa o mesmo erro que eu cometi. Foram cinco anos sem meu pai. Eu já não tinha minha mãe. Queria que ela me ouvisse. Aquela cena de sangue e crime me acompanha todos os dias, quando piso em uma cena de crime, eu volto para aquele beco. Vejo minha mãe outra vez. Eu demorei para superar a raiva, usa-la para algo produtivo e Alexis, ela está se deixando cegar pela raiva. Não há um único dia em que eu não deseje que minha mãe estivesse viva. Queria poder abraça-la, rir com ela, dizer que a amo. Eu não posso. Ela se foi para sempre. Mas Castle está aqui, triste e ansioso para abrir os braços e recebe-la. Sonhando com um beijo da sua garotinha. Ele está vivo. Por que ela não consegue entender que ela ganhou a segunda chance que eu nunca tive? O laço que Castle e Alexis tem é eterno, incondicional. Queria que ela percebesse o quanto está fazendo mal para ele permanecendo com essa briga sem sentido. Ela nunca vai me ouvir, não sem eu forçar uma situação e isso está me matando porque no momento que nós começarmos a discutir, sei que Castle vai me defender. Não porque eu pedi, porque ele entende. E Martha, não importa o que você diga, a verdade é que direta ou indiretamente é minha culpa Alexis estar brigada com Castle. E-eu não sei o que fazer… ela está deixando seu pai escapar. Castle está vivo… vivo… e minha mãe…
— E-eu não… não desejo mal a você, Kate - Alexis estava na sala, ouvira tudo o que Kate dissera, o rosto da menina vermelho, as lágrimas escorriam - e-ele estava morto… no meio daquele sangue. Morto. 
— Ele está vivo, Alexis. Vivo e louco para te abraçar. 
— Ele morreu na minha frente, depois… depois disse que ia, ele só pensava em você. Não se importou se eu estava sofrendo por sua causa. 
— Você pensa que eu não sei? Meu pai também não se importou comigo. Não é de propósito, Alexis. Eu morreria e morro por Castle, ele é minha vida. Porém eu nunca vou substituir o que você é para ele. Pai e filha. São formas diferentes de amor. E se você não voltar atrás, você não apenas irá se arrepender do tempo perdido como você estará destruindo seu pai. 
— Ele não parece estar mal. Vai viajar, tem você. A culpa não é minha. 
— Não, eu não disse isso. E a culpa não é sua. Ambos vivemos algo horrendo. Cada um com sua visão. O que eu estou dizendo é para enfrentar o trauma juntos, não se feche. Não cometa o mesmo erro que eu. Castle nunca será totalmente feliz se você virar as costas para ele. Não deixe o homem maravilhoso que ele é se perder. Eu estou te implorando, Alexis. 
Martha observava a cena. A súplica nos olhos de Beckett era de partir o coração. 
— Alexis, eu morreria por ele mil vezes. 
— E ele por você… - a voz da menina saiu quase como um sussurro. 
— Ele faria o mesmo por você, nós duas sabemos disso. Por favor, ele é seu pai. 
— Sinto muito, e-eu… - nesse instante, a porta do loft se abre e um Castle com várias sacolas se depara com a cena no mínimo inusitada. Beckett chorando com um ar de ansioso no rosto. Alexis olhando para ela, o rosto igualmente vermelho e repleto de lágrimas.  
— O que está acontecendo aqui? Alexis? - sim, seu primeiro pensamento foi de defender Kate, claramente estavam discutindo - você está brigando com… - não completou o pensamento porque a filha jogou-se com força em seu corpo abraçando-o. Castle quase se desequilibrou com o ataque inesperado. As sacolas caíram no chão. Assim como Beckett desabou no sofá, sem forças.                
— Desculpa, pai...desculpa. E-eu não desejo mal a Kate, eu... não sabia o que pensar, eu vi vocês no chão da cozinha e... você estava morto, pai. Morto. Eu achei....
— Tudo bem, já passou.... eu estou aqui, filha – Alexis chorava abraçada ao pai – estamos bem. Eu estou vivo. Oh, Alexis… eu te amo, minha menina – ela se afastou do pai um pouco. 
— Desculpa… – olhando para Castle, falou – eu também te amo, pai. E-eu estava com muita raiva. E-eu achei que… 
— Que eu não a amava, que não era importante. Filha, Kate é minha esposa, o amor da minha vida. Eu me arrisquei por ela e farei outra vez, quantas forem preciso. Mas, você é minha garotinha. Não importa o que aconteça, mesmo quando tiver 70 anos, sempre será minha garotinha. Um dia, quando for mãe, irá entender - ele beijou outra vez o rosto da filha apertando-a contra o peito. Martha sentou-se ao lado de Kate, segurava sua mão. Ela estava mais calma. Aliviada, não importava se Alexis ainda estava com raiva dela, ou a culpasse por tudo. Conseguira o que precisava. As pazes entre pai e filha. Agora ela podia ver, o sorriso pleno no rosto do marido. 
Beckett sabia que devia dar um tempo aos dois. Precisavam conversar. Ela se levantou, começou a andar em direção ao quarto. Martha a seguia com os olhos, apesar de tudo, compreendia o quanto custou a nora falar tudo aquilo. De repente, ela sentiu uma mão lhe puxando. 
— Kate… espere - ela virou-se os olhos se encontraram com os de Alexis - obrigada - ela abraçou a madrasta, Beckett se viu colocando os braços em volta da enteada. Suspirou - não imaginava que tivesse… sua mãe, eu sinto muito. Eu gostaria que sua mãe estivesse aqui - Kate suspirou - Você quase morreu. 
— Está tudo bem - ela se afastou da menina - vá ficar com seu pai - tornou a seguir para o quarto. Beckett foi direto para o chuveiro. Ali, ela se permitiu relaxar, chorar e empurrando a história de seu passado outra vez para o seu subconsciente. A briga ficara para trás. Deitou-se na cama puxando as cobertas sobre si. Adormeceu.  
Não sabia quanto tempo dormira quando sentiu os lábios de Castle beijando seu pescoço. 
— Hey… 
— Hey… 
— Você não quer almoçar? Trouxe verduras fresquinhas da feira para fazer uma salada daquelas que você adora - ela se virou para olhar para Castle - prefere sair? Mamãe e Alexis já foram, só estamos nós dois - Beckett se inclinou ao mesmo tempo que puxava-o ao seu encontro para beija-lo - você voltou. É finalmente meu Castle. 
— Do que você está falando? - ele fingiu não entender. Beckett sentou-se na cama. 
— Você sabe muito bem, pode disfarçar o quanto quiser, mas eu sabia que apesar da empolgação, de estar feliz ao meu lado, estava triste por sua filha. Não se preocupe, babe. Eu entendo. 
— Mamãe me contou o que você disse. Tem certeza que está bem? 
— Estou. De verdade. Acho que nunca imaginei ver alguém passar pelo que passei e ser capaz de entender o que acontecia. Pelo menos ela me ouviu. 
— Você estava implorando, Beckett. Eu nunca esperava isso. Não devia ter feito isso. 
— Castle, eu fiz por você, porque eu te amo e porque detestaria que Alexis cometesse o mesmo erro que eu. Podemos esquecer isso agora? Conte as coisas boas. 
— Ela me contou que quer fazer um curso em Londres. Já passou na entrevista, está esperando a confirmação da data. Oxford! Minha filha vai estudar em Oxford - o orgulho estava nos olhos dele. 
— Sabe, acho que vou me arrumar. Vamos almoçar fora - ela levantou-se da cama dirigindo-se para o banheiro, mas Castle a impediu no meio do caminho - o que foi? 
— Obrigado… o que você fez… - ele a puxou para beija-la - me faz ama-la ainda mais. 
— Que bom, eu já disse que fiz porque te amo. Vá se arrumar, babe. Estou com fome. 
Eles saíram para comer, namoraram um pouco e acabaram no Anjelica para uma sessão de Forbbiden planet com direito a muita pipoca. Castle mencionou que a mãe e Alexis voltariam para casa. A filha dormiria no loft. Estavam caminhando de volta ao metro. 
— Estou pensando em pedir pizza para o jantar. 
— Nossa! Hoje foi o dia das porcarias, mas acho que merecemos. 
— Ela vai se mudar para a Inglaterra. Disse que o curso é de três anos. Claro que tem intervalos e recesso de natal. Não me deu muitos detalhes, quer conversar à noite. Já disse que vou pagar o que ela precisar. 
— Castle, deixe Alexis falar o que pretende primeiro. Lembre-se que se trata do futuro dela.  
— Eu sei, vou deixar - ele ficou olhando para Beckett por um longo instante - eu acho incrível a forma como você consegue dar conselhos sobre minha filha sem ser mãe. 
— Talvez porque eu seja mulher e passei por isso? Você sabe que eu contrariei meu pai ao não seguir com a advocacia… - claro que a forma como o marido usara o termo "mãe" podia ter sido proposital para iniciar uma conversa delicada. Beckett optou por não cair na isca, pelo menos por enquanto. Ele acabara de fazer as pazes com Alexis. 
— Mesmo assim. Você acha que não é boa com sentimentos, na minha opinião, você é. Reaprendeu ao superar seus medos, seus traumas. 
— Você me ajudou. Que tal mudarmos de assunto? Eu ainda quero saber, vai manter aquela cena para seu próximo livro, Castle? 
— Está salva com um objetivo. Ser encaixada em algum lugar. Já estou escrevendo o plot de High Heat. 
— Castle, Johanna tinha todos os seus livros? Você os assinou, não? 
— Estava faltando o Driving Heat. Por que? 
— Nada. 
— O que você está pensando? 
— Já disse, nada. Por enquanto.

XXXXXXX

Johanna estava sentada no sofá no conforto médico. Raging Heat aberto em seu colo, os olhos atentos. Lia uma das suas cenas preferidas do livro, a discussão entre Nikki e Rook, a DR. Estava tão concentrada que não percebeu quando Paul entrou. Ele sentou-se numa cadeira oposta a ela. Ficou observando-a. Como ela se perdia naqueles livros? Pode notar as mudanças no semblante, a ruga na testa, um pequeno sorriso no canto dos lábios, o suspiro. Era ela bela. No auge dos seus 45 anos, Johanna estava melhor que algumas residentes daquele hospital. Em forma. E embora tivesse umas ruginhas devido a idade na testa e no canto dos olhos, continuava bonita. Ele adorava particularmente um sinal que ela tinha no pescoço quase no meio da garganta e as sardas em seu colo. Podia ver sempre que usava camisetas por debaixo do jaleco. Sim, ele gostava dela. Sabia que era complicado por causa da amizade e da filha. Johanna não faria nada que a magoasse.
— O que a fascina tanto nesses livros? Você está fazendo gestos. Friccionando o rosto. 
— Não sabia que estava ai. São muito bons, devia ler. 
— Não gosto de romances. 
— São livros policiais. 
— Está com saudades do escritor? 
— Devo admitir que era bom tê-lo por perto para conversar - ela viu quando Paul levantou-se para sentar ao seu lado - era divertido, ajudava o tempo a passar mais rápido - sentiu a mão dele na seu joelho - a esposa veio me procurar. Queria conversar, conselhos. 
— Problemas para enfrentar o trauma? Devia ter falado com a Dr. Mueller. 
— Não, ela está bem com isso. Era a filha de Castle. 
— Ainda estão brigados? Parece que a filha é mais sensata que os dois. 
— Paul! - ele riu. 
— Estava brincando com você. Não precisa ficar nervosinha - ao ver o semblante da médica, ele entendeu - você realmente se envolveu na historia, não? Aquele lance do nome. 
— Ela me procurou, foi mais forte que eu e… eu gostei dela. Não sei explicar, ela é uma mulher interessante, que já sofreu grandes baques da vida e soube recomeçar. Nem todos conseguem o que ela conseguiu. 
— Recomeçar? Apostar em algo? Acha tão difícil assim? - Johanna fitou o homem ao seu lado. Será que ele estava falando o que ela achava que ele estava falando? 
— Às vezes é mais complicado do que parece. 
— Entendo. As pessoas também complicam mais do que deveriam - o bipe dele tocou - eu tenho que ir. Se quiser conversar comigo para passar o tempo, sabe que estou aqui. 
— Para falar dos livros de Castle ou dos casos do hospital? 
— Que tal outro tópico? Você vai estar aqui amanhã? 
— Não. Estou de folga. Vejo você na terça então… 
— Que bom, resolveu se dar um descanso. Terça - dessa vez foi ele quem beijou o rosto dela. Ao faze-lo sentiu o cheiro do perfume levemente adocicado - cuide-se, Joh - Quando ele saiu, Johanna se deixou escorar no sofá. O que acabara de acontecer? 
À noite, a família Castle estava reunida na sala. Sobre a mesa de centro estavam duas pizzas grandes, as taças de vinho e refrigerante. Havia também pãezinhos e uma pasta italiana. Alexis estava sentada no chão próximo ao pai. Beckett no sofá ao lado dele e Martha numa poltrona adjacente. Ela explicava detalhes do curso. 
— Ótimo! Estou adorando tudo isso, você está animada. Vai ficar no dormitório da universidade? 
— Não. Eu vou morar com Hayley. Esse é o outro assunto que preciso falar com você, pai. Não quero que você se preocupe com dinheiro. Acho que está na hora de eu me virar. Já entrei com o pedido de empréstimo estudantil e estou procurando um emprego na cidade. Também me inscrevi para ser monitora. 
— Alexis, você sabe que não precisa disso. Deixe-me ao menos pagar alguns meses de aluguel para Hayley. Vai precisar comer, se locomover. Tudo custa dinheiro. Hayley não pode ficar bancando você, filha. 
— Ela não irá. Eu tenho umas economias da época que trabalhei com você no escritório e será suficiente até eu conseguir algo. Não quero que se preocupe com isso, preciso conquistar meu espaço. 
— Mas, você tem certeza? Não quero saber de você passando fome e… - ele sentiu Beckett apertar-lhe o braço, Alexis balançava a cabeça, já esperava isso do pai. 
— Eu tenho certeza, pai. Deixe eu fazer isso - Castle suspirou. 
— Tudo bem. Wow! - ele passou a mão nos cabelos - minha garotinha vai para Oxford. Vai morar em Londres! - o sorriso orgulhoso nos lábios. 
— Pai, não sou mais uma garotinha, sou uma mulher. 
— Ah, Alexis. Para eles nunca somos. Meu pai ainda acha que sou sua menina até hoje - disse Beckett - é melhor desistir de corrigi-lo - elas trocaram um sorriso. Beckett reparou que Castle arfou o peito não apenas de orgulho, mas aliviado por ver as duas mulheres mais importantes de sua vida convivendo bem outra vez. 
— Quando você viaja, filha? 
— Estou esperando o coordenador me confirmar a data do curso. Pelo que andei pesquisando deve começar no mês de agosto, então quero me mudar antes disso, julho. Tenho que me adaptar à cidade. 
— Não esqueça de programar uma viagem a Liverpool quando estiver por lá. É uma cidade muito interessante. Vá ao museu dos Beatles - disse Kate - Aliás, você terá a chance de viajar para muitos lugares da Europa. 
— É verdade. Vai ser bem interessante morar na Europa. 
— Se quiser, te dou umas dicas sobre Paris e a Russia se quiser visitar algum dia. 
— Por que não? - disse Alexis. 
— Conheço uns ótimos lugares para jovens e para paquerar. Só tem que tomar cuidado com a vodka. 
— Hey! Que tipo de conselhos você está dando para minha filha? Não quero um genro russo - Beckett beijou a bochecha dele. 
— Relaxa, Castle. Com Alexis morando em Londres, há grandes chances de que ela namore um skinhead ou um hipster. 
— Beckett! Quer parar? De repente, o russo não parece tão ruim… - elas riram da cara de pavor de Castle. 
Meia hora depois, Alexis se despediu e disse que ia deitar. A avó a acompanhou. Quando estavam na porta do quarto, Martha segurou o braço da neta. 
— Estou feliz de ver minha neta de volta. A mulher sensata e inteligente que sempre admirei. Richard está sorrindo e Katherine aliviada. Que bom que a ouviu, a compreendeu. Ela tem razão no que disse, se não voltasse atrás poderia ser tarde demais. Ela a convenceu, não? E no fim quem você atirava pedra era a única capaz de entender o que sentia. Mais uma lição da vida para você. 
— Vó, eu não estava completamente errada. Tinha o direito de me sentir assim. Meu pai estava morto na minha frente. Você ouviu Kate dizer que a raiva a consumiu também. 
— O que a fez mudar de ideia? Se não foram as palavras de Katherine… 
— Não somente as palavras, eu continuei argumentando. Mas a senhora tinha razão. Poucos tem a coragem de suplicar ou quase se humilhar por alguém. 
— O que você chama de humilhação, eu chamo de amor Alexis. 
— Eu sei. Foi exatamente isso que me fez perceber que estava errada. A realização de que ela o ama tanto que morreria mil vezes, imploraria pela vida dele o quanto fosse preciso. Não sei se um dia eu encontrarei alguém para me amar assim. 
— Amor verdadeiro. É o que todos procuramos. Boa noite, Alexis. Estou orgulhosa de você.
— Obrigada. Boa noite, vó.  
Mais tarde estavam deitados na cama. Aconchegada no ombro dele, Beckett sabia o quanto o marido estava feliz. Acariciando seu peito, ela beijou o pescoço de Castle sentiu sua mão deslizando pelo seu braço retribuindo o carinho. 
— Castle, você faria algo para mim? 
— Qualquer coisa, Beckett - ao fitar seu olhar sabia que ele pensara em sacanagem. 
— Deixa de ser pervertido. Tire essas ideias da mente. 
— Eu não disse nada. 
— Mas pensou. Posso pedir? - ele meneou a cabeça. 
— Kate, você fez minha filha fazer as pazes comigo. Não negaria nada a você. Escolha.  
— Você leria Raging Heat para mim? A parte final da proposta do Rook, aquela que a Nikki se declara, fala sobre individualidade. 
— Agora? 
— Por favor, eu gosto de ouvir sua voz. É uma das minhas cenas preferidas deles, só perde para os votos de casamento - ele sorriu. 
— Fique aqui - Castle foi até o escritório. Voltou com o exemplar de seu livro nas mãos. Ela já o esperava sentada na cama. Ele ajeitou-se escorando-se na cabeceira. Beckett colocou a cabeça descansado em seu ombro. Começou a ler. À medida que recitava as falas, ele sorria ou trocava um olhar com ela. 
— I can’t solve my life in ten minutes in a hotel room. But, even though I don't have all the answers, I do know a few things after this week. Like, I know we are good together. You make me laugh. You shake me out of my earnestness and task-orientation. You’re the only one I ever met who also gets bugged by missing commas - she laughed. 
— I’m your comma cop - Rook says. My punctuation police - she replies. Did I hear good in bed?, again he asks. Awesome in bed, are you serious?… But as much as I feel that we belong together, the idea of taking it to the next level scared the hell out of me - she replied. 
— Isso é tão você, babe - ela ria - quem mais escreveria seu personagem perguntando como é na cama? 
— Acredito que sua resposta seria a mesma da Nikki. 
— Are you serious? - ela brincou - continue. Quero ouvir a parte que o Rook fala. Não antes de ouvir a parte que a Nikki fala. 
— Essa: “When I almost lost you in the car last night, I freaked. I thought I saw you take your last breath before you went underwater. And you used it to tell me you loved me. Rook I couldn’t picture myself without you - ele continuou. Finalmente chegou a parte que ela tanto queria ouvir. 
— Sua parte favorita: “I have loved you from the first day we met. And, as unbelievable as it seemed to me. I love you more now - this day, at this moment - than I ever have. Nikki, I believe in destiny. Not only has everything I’ve ever done led me to you, every time we are apart - whether I’m in Paris or a jungle or across town in Tribeca - I measure everything, every minute, every breath by how soon we can be together again. Which in a way means we are never really apart - percebeu que Beckett suspirava em algumas partes - But here. Now. Together like this. This is what I want forever. To spend the rest of my life with you. And you with me. Rockin’ happiness. I want to be your husband and I want you to be my wife. Nikki Heat, will you marry me?”   
Ao finalizar, deixou o livro de lado. Ele ganhou um beijo apaixonado. 
— O que foi isso? - Beckett tinha lágrimas nos olhos. 
— Nada… eu acabei de perceber duas coisas muito importantes. A primeira é que a verdade estava bem na minha frente. Sobre nós. Pertencemos um ao outro e não podemos ficar separados. E segundo, talvez o significado desse trecho esteja além do amor de Nikki e Rook, representa o nosso amor. Foi após sonhar com seus votos e a proposta de Rook que percebi que precisava voltar para você - sorrindo, ele não resistiu e beijou-a novamente. 
— Eu te amo, Kate Beckett. Hoje mais do que ontem. Você me deu a maior prova de amor hoje. 
— Eu faria de novo, mil vezes. Quantas mais precisar para ver o seu sorriso outra vez. Também amo você, Rick.  
No dia seguinte, Beckett estava observando Castle arrumar as malas. De vez em quando, precisava interferir brigando com ele por colocar algo totalmente desnecessário na bagagem. Desde que ela remexera nas memórias da mãe, relembrando a sua jornada, Beckett se pegou pensando em outra Johanna e em como aquela ultima conversa com a médica havia lhe feito bem. Ela se levantou do sofá e desapareceu no quarto. Ligou para o hospital a fim de saber se a médica estava trabalhando. Foi informada que seu próximo plantão seria na terça. Suspirou. Teria que esperar. Queria falar com ela antes de viajarem no sábado. 

Terça

Alexis chega eufórica no loft por volta de dez da manhã. Castle estava tomando café, Beckett tomava banho. 
— Pai, pai! Deu certo! Eu vou para Oxford, o curso! 
— Hey! Desacelera, filha. São apenas dez da manhã. Você já saiu tão cedo? 
— Eu fui no banco checar umas coisas e estava no metro, comecei a ler meu email. O curso começa dia 03 de agosto. 
— Então você tem mais de uma mês para se preparar. Estamos no começo de junho. 
— Sim, mas quero me mudar em julho. Hayley está indo semana que vem. Vai arrumar parte das coisas e levar algo meu. Nossa! Já recebi minha grade e meus horários o que significa que posso começar a procurar um emprego… está tudo dando certo! 
— O que foi? - Beckett apareceu completamente vestida. 
— Alexis se muda para Londres em julho. Está tudo certo com o curso. 
— Parabéns, Alexis. 
— Obrigada, Kate. Tenho que correr, preciso me planejar. Muito para fazer - a ruiva subiu as escadas rapidamente. Castle respirou fundo. 
— Tudo está mudando… 
— Para melhor, babe - ela pegou a caneca dele e bebeu um pouco do café - meu Deus! Quanto açúcar! Prepara uma caneca para mim? - ela sentou-se ao lado dele pegando um pedaço de croissant. Castle se levantou para pegar o café. 
— Por que está toda arrumada? Vamos sair? Algum compromisso ou você quer fazer uma surpresa para seu marido, Beckett? 
— Eu vou sair. 
— Hum, então é surpresa! - disse Castle empolgado entregando-lhe o café - posso adivinhar? Você sabe que sou ótimo nisso. 
— Sei, tão bom que não adivinhou a armação do seu aniversario. 
— Aquilo foi um complô contra minha pessoa, você me fez duvidar da minha inteligência, Beckett. Meu aniversario já passou então o que poderia ser? Hum, uma espécie de despedida para iniciarmos nossa viagem com o pé direito? Uma fantasia sexual…oh! - ela ria. 
— Deixa de ser bobo, Castle. Não tem surpresa nenhuma. 
— Você pode estar me enganando, não seria a primeira vez. Você é boa de disfarce. 
— E você fácil demais. Não estou enganando você, Castle. Eu vou visitar uma amiga - ele olhou intrigado para ela - espere aqui - Beckett se levantou levando a caneca de café consigo. Castle não resistiu e a seguiu. Viu que ela remexia em suas estantes do escritório, puxou um exemplar de Driving Heat. 
— O que você está fazendo remexendo nos meus livros? 
— Castle, não disse para me esperar na cozinha? 
— Desde quando eu obedeço? - ela balançou a cabeça rindo. 
— Assine. 
— Autografar? Por que? Para quem? 
— Johanna. Autografe como fez com os outros. 
— Ah! Você vai se encontrar com ela outra vez. 
— Vou deixar um presente para ela no hospital. Sei que está de plantão hoje. É uma forma de agradecer sua ajuda. 
— E vai usar meu livro? Ela vai achar que fui eu quem mandou. 
— Não se preocupe, você não irá levar a fama por isso - ele assinou - obrigada - ela entregou a caneca vazia para o marido, pegou o exemplar autografado. Leu o que ele escreveu “Para Johanna, obrigada por não desistir de nós.” e a assinatura. Ela beijou-lhe o rosto, depois os lábios. 
— A história é minha. Sempre terei a fama. Posso te esperar para almoçar? 
— Não sei. Eu te aviso, ok? 
— Nah… tudo bem. Vou passar no meu advogado para entregar os papeis de cancelamento da firma - ele abraçou-a - faltam poucos dias para sumirmos no mundo, amor. Ansiosa? 
— Não vejo a hora - beijando-o mais uma vez, ela se distanciou. Pegou a bolsa e saiu. 
A recepção do hospital estava cheia. Uma ambulância acabara de chegar com um homem baleado no estômago. A imagem fez Beckett prender a respiração, instintivamente levou a mão ao local da sua cicatriz. Fechou os olhos por uns segundos e respirou fundo. Provavelmente a médica ficaria ocupada. Entregar o livro não era bem o que Kate planejara. Ela queria um tempo com a médica. De repente, ela viu Paul correndo para dar assistência ao doente. Não mentira quando dissera a Johanna que notara o médico. Alto, boa postura. Ela gostava de homens de ombros largos. Olhar não tirava pedaço, afinal ninguém era páreo para o seu escritor. Sorriu e dirigiu-se à recepcionista. 
— Com licença. Eu estou à procura da Dr. Marshall. 
— Você é parente de algum paciente dela? 
— Não, eu sou paciente dela. A doutora tratou de mim. Pode procurar no seu sistema. Katherine Beckett ou Castle. Não sei como me registraram para falar a verdade - desconfiada, a mulher digitou algumas coisas esperando a resposta do sistema. 
— Castle, Katherine Beckett. Aqui diz que você foi operada pela doutora, teve alta e não possui nenhum retorno. Sua ficha foi dada baixa. 
— Eu sei, mas preciso falar com ela. Será que pode chama-la? 
— A Dr. Marshall é muito ocupada. Pode estar em cirurgia, esse lugar está uma loucura hoje. 
— Tente. Eu espero - a moça fez cara de poucos amigos, mas checou o quadro de cirurgias. Aparentemente ela não estava operando, então usou o sistema de comunicação para chama-la enviando uma mensagem para o seu bipe. 
Beckett escorou-se na parede abraçando o exemplar que trazia e esperou. Dez minutos depois, ela vê a médica se aproximar da recepção. 
— Hey, Cindy. Desculpe a demora. Estava terminando um exame em um paciente. O que houve? 
— Uma paciente sua. Insiste em lhe ver. Quer dizer, ex-paciente. 
— Quem? - a recepcionista aponta com a cabeça o lugar que Beckett estava, olhava distraída para uma criança que brincava com o pai no sofá. Ao ver quem era Johanna abriu um sorriso - obrigada, Cindy - ela se aproximou - olá, Kate. Bom te ver - como quem sai de um transe, ela virou-se para a médica. 
— Oi, Johanna. Desculpe vir assim sem avisar. Você deve estar numa correria aqui. 
— Pensei que já tinha viajado. 
— Vamos sábado. Eu apenas queria vir aqui te entregar um presente. Uma espécie de agradecimento por tudo - Beckett estendeu o livro. Viu o sorriso de alegria da médica - ele disse que você ainda não leu esse. É bom! Claro que sou suspeita para falar… 
— Driving Heat. Tem casamento? 
— Vai ter que ler para saber - ela leu a dedicatória e as palavras de Castle. 
— Ele sempre arrasa nas dedicatórias. Eu apenas fiz o que minha profissão e meu coração mandaram, Katie. Obrigada pelo presente. 
— Bem, era isso. Não vou mais tomar seu tempo. Deve estar cheia de pacientes para atender. 
— Paul pegou o último caso grave. Eu estou apenas monitorando meus pacientes hoje. Só entro em cirurgia se surgir alguma emergência complicada. Quer tomar um café? - disse a médica tirando o jaleco. Beckett pode ver as sardas despontando na pele alva - tem um aqui em frente. 
— Eu aceito se me deixar pagar dessa vez. 
— Tudo bem, vamos - elas saíram do hospital. O café ficava bem na esquina. Johanna escolheu uma mesa de canto onde pudessem ficar à vontade para conversar. Afinal, ela sabia que Beckett não fora ali apenas para lhe entregar o livro. Era engraçado. Não a conhecia há tanto tempo embora sentisse que pareciam anos. Era como se conseguisse ler suas intenções e anseios. Beckett se aproximou da mesa entregando o café dela e colocando um prato com brownies. Sentou-se ao seu lado. 
— Espero que não se importe. Comprei dois quiches de ricota com espinafre para nós. Já passa de meio-dia. 
— Um almoço. Vai cair bem antes do doce - ela bebeu um pouco do café - eu queria te ligar esses dias que estive de folga, queria saber se você conseguiu que Castle e a filha se acertassem. Então lembrei que não tinha seu telefone. Quer dizer, tinha na sua ficha, mas não queria parecer intrometida. 
— Devia ter ligado. Podia ter entregado o livro mais cedo. Tem certeza que você não é psicóloga também? 
— Todo médico é um pouco psicólogo, terapeuta. Afinal, lidamos com seres humanos, sofrimento, momentos delicados. Acredito que o mesmo aconteça com os policiais, não? Especialmente os de homicídios. 
— Sim, uma das partes mais difíceis da profissão - disse Beckett - aqui. Antes que me esqueça - ela escreveu o número de seu celular em um guardanapo - você acertou outra vez, eu tive a ideia de trazer o livro para agradecer por aquela tarde. Alexis e o pai estão bem. Fizeram as pazes. Ela vai para Londres fazer um curso de pós-graduação. Passará três anos morando lá. Você precisava ver a cara de Castle de orgulho - ela sorriu. 
— Imagino. Pais são todos bobos com suas crias. Eu sei que sou. Vai me contar o que fez Alexis mudar de ideia? Se quiser, claro. 
— Eu contei sobre a minha experiência. Não diretamente à princípio. Eu estava sufocada com tudo o que vinha acontecendo. Falei tudo o que sentira há mais de quinze anos. Eu precisava que ela entendesse. Eu somente encarei e entendi depois que tive a minha crise de PTSD. Quando eu decidi que precisava mudar, fazendo terapia. Ela acabou escutando, eu falei mais um pouco - Beckett suspirou, Johanna segurou a mão dela - e-eu quase… eu implorei, Johanna. Acho que a última vez que implorei por algo foi a um bandido para me dizer a verdade sobre minha mãe. Não era uma atitude de Kate Beckett. Não até Castle se tornar a minha vida. Fiz por ele. 
— E você está bem? Remexer no passado é algo complicado. 
— Estou - ela sorriu - é bom ver Castle sorrindo. Feliz de verdade. Sendo o Castle por quem me apaixonei. 
— Então você fez tudo sozinha. Não tem nada para me agradecer. 
— Tenho sim. Foi a sua conversa que me deu coragem. Falando em coragem, você já se acertou com o Paul? - ela viu a médica ruborizar. 
— Ah, Kate! Já disse é complicado… 
— Nossa! Agora entendo o que Lanie dizia. Não gostei de olhar meu reflexo no espelho - ela riu - por que é complicado? Você disse que ia conversar com a sua filha. 
— Eu sei… eu conversei, disse que me sentia sozinha. Ela encarou numa boa. 
— Então, qual é o problema? Você tem algum esqueleto no armário que não quer que Paul saiba, algum segredo? Se tiver, acho melhor contar para ele. Vincit Omnia Veritas. A verdade vence tudo. 
— Eu não tenho segredos com Paul. Trabalho há três anos nesse hospital. Paul foi a primeira pessoa que me ajudou. Somos amigos desde o primeiro dia. Acho que é por isso que tenho medo. De começar algo que possa destruir o que temos. 
— Conheço o sentimento. Não vai saber se não tentar. Experiência própria. Está quase batendo meu recorde, Johanna - a médica riu. 
— Outro dia ele me pegou lendo um dos livros de Castle. Implicou dizendo que estava com saudades do escritor. Falei um pouco de você, ele me acusou não de maneira ruim de ter me apegado a você, não estava errado. E de repente… eu não sei parecia que estava me testando. Quase me desafiando nas entrelinhas? Será que estou fantasiando algo que não existe? Confundindo amizade com outra coisa? 
— Johanna, eu não conheço o Paul. Mas confio em Castle. Ele não costuma errar nesses assuntos. Deixe de ser teimosa. Dê uma chance ao cara - viu o sorriso e a carinha de boba da médica - você está caidinha por ele… nem consegue disfarçar - elas riram. 
De repente, uma bebezinha vem andando até onde Beckett estava sentada com um pedaço de chocolate na mão. A pequena tinha os olhos claros, cor de mel e os cabelos loiros. 
— Que? Gostoso? Toma, titi - uma moça aproximou-se pegando a menina. 
— Angie… o que você está fazendo? Desculpe, acho que ela pensou que fosse minha irmã. Essa não é sua “titi”. Diga tchau para a moça. 
— Tchau… - ela balançava a mãozinha rindo para Kate, virou-se para mãe - beijo? - a mãe deixou a menina se inclinar. Angie acabou no colo de Beckett dando um beijo na bochecha. 
— Você é muito lindinha, sabia? - devolveu para a mãe - tchau, Angie.  
Johanna que se mantivera calada até ali observando a cena. Arriscou-se assim que a mulher se afastou dela. 
— Ela gostou de você. É boa com bebês. Não se decidiu ainda sobre ter filhos? - ao ver a mudança no semblante da sua nova amiga, ela se recriminou - desculpa, não é da minha conta. Eu não devia ter me intrometido - viu Kate brincar com a aliança, a cabeça baixa. 
— Não, Johanna. Você não está se intrometendo. Antes mesmo de casar, eu não me via no papel de mãe. Castle e eu tivemos um caso com um bebê, ele foi deixado na cena do crime. Castle como sempre se encantou pelo menino. Ele me convenceu de ficarmos com ele até localizarmos a mãe. Eu fiquei apavorada. Tinha medo de bebês, de me apegar. Eu vi o quanto Castle curte crianças. E de repente, eu me vi dizendo para ele que quando o dia chegasse, eu não o deixaria cuidar do nosso filho sozinho. Mas o assunto foi esquecido. Deixado de lado. Meu amigo Kevin já tem dois - ela riu - talvez por viver enfrentando situações difíceis, criminosos. Não sei ao certo… 
— Você não tem vontade de falar com Castle sobre isso? - ela olhou para Johanna. A médica sabia. 
— Como você sabe? 
— Eu não sei… apenas sei, Katie. 
— Eu venho pensando sobre isso. Família. Um filho. Eu quero. Eu já estou entrando naquela fase critica da mulher e… 
— Isso não é de todo verdade. Mulheres saudáveis podem ter filhos depois dos quarenta. Pode requerer cuidados a mais, porém já deixou de ser tabu a um bom tempo. A medicina evoluiu, a cabeça das pessoas nem tanto. O que a impede de falar com ele? 
— Agora nada. Eu penso nisso desde que voltei para o loft, repensei minha vida. Eu não queria tocar no assunto antes por causa de Alexis. 
— Não queria que ele pensasse que você estava querendo substituir a filha. 
— Sim. 
— Pode contar qual a sua vontade agora, não? - ela sorriu - nossa! Uma criança de vocês ia ser muito linda. Vai. 
— É impressão minha ou você já está fazendo planos como se fosse acontecer? 
— Vai acontecer, Katie. Eu sei e você sabe - Beckett sorriu para ela - será uma ótima mãe. Pode não acreditar nisso agora, eu sei que será. 
— Você tirou totalmente o foco da conversa. Estávamos discutindo quando você vai chamar o Paul para sair. 
— Não deveria partir dele o convite? 
— Ele deixou a porta aberta… ah! Você quer ser cortejada. Uma romântica. Estou investindo meus conselhos, que não são grandes coisas, com a pessoa errada. Devia ter conversado com o Paul - elas riram. O bipe de Johanna tocou. 
— Precisam de mim. 
— Nem pense que escapou, Johanna - ela se levantou para cumprimentar a médica. Foi surpreendida com um abraço. 
— Faça uma boa viagem, Katie. E se fizéssemos uma aposta? Quem fala a verdade primeiro: você com a maternidade ou eu com o Paul? 
— Se fosse você, não apostaria. Vai perder, Johanna… além do mais minha decisão já está tomada. 
— Veremos - ela deu um beijo no rosto de Kate - agradece ao Castle por mim, pelo autógrafo. 
— Tudo bem. Vejo você na volta. 
Beckett chegou no loft com uma sacola. Encontrou Castle no escritório redigindo um email. Ela colocou o objeto na frente dele. 
— Para você. 
— Ah, você deveria ter dito a Johanna que não precisava. Acabei de mandar o último email que precisava. Estou pronto para as nossas aventuras, amor. 
— Quem disse que foi a Johanna que mandou isso? Aliás ela adorou o livro e a dedicatória, mas não teve nada a ver com isso. Eu comprei para você. Chocolate chip cookies. Você merece. 
— Mereço? Por que? - ele afastou a cadeira examinando o saco, balançou a cabeça - é claro que mereço, sou um marido excelente, sou charmoso e… - ele mordeu um dos cookies - hum…. isso é bom, você acertou - ele a olhou, a cara de Beckett dizia tudo - você está me comprando com cookies. Você vai me chantagear, Beckett? 
— Digamos que seja um estímulo e tem muito mais se tiver interessado no que estou pensando - ela sentou-se no colo dele. Envolveu seus braços no pescoço dele. 
— Mais doces ou travessuras? Oh… isso está ficando interessante. Vai usar sua roupa de couro para mim? Faremos uma espécie de trial run? Sabe, pré-teste antes da viagem? 
— Podemos negociar. A verdade é que temos um assunto pendente antes de deixarmos Nova York. 
— Temos? - ele olhava intrigado para a esposa. 
— O que você acha de fazer nossa última boa ação antes ganharmos mundo? Alguém está precisando de um empurrãozinho bem ao estilo Rick Castle. 

— Manda!       


Continua....

4 comentários:

Unknown disse...

EU AMEI ESSE CAPÍTULO? EU AMEI MUITO ESSE CAPÍTULO!!!! ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
Primeiro eu quase chorei com a Kate remexendo nos traumas do passado para fazer a Alexis voltar a si. Que mulher! Que força! Eu amo Kate Beckett ❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Ela falando que morreria mil vezes pelo Castle ❤️❤️❤️❤️ meu ship lindo ❤️❤️❤️❤️
Ainda bem que tudo tá resolvido e agora nosso casal vai viajar e aproveitar bastante ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
Agora vamos para o outro ship fofurinha, Grayshall ❤️❤️❤️❤️❤️❤️ Johanna amiga, o boy tá te querendo sim, acorda huahuahau ❤️
E esse final? Esse empurrãozinho? huahauhauahuahauhauhau eles vão ajudar Grayshall?? ❤️❤️❤️❤️ já to ansiosa para ver o que eles vão fazer huahauhau ❤️❤️
Eu amei amei amei o capítulo, Kah. Obrigada ❤️❤️❤️

rita disse...

Cada vez que leio um capítulo novo de suas fics eu me encanto, me emociono, porque você coloca tanta verdade, tanto amor, tanta beleza nas falas, como foi a conversa da Kate com a Alexis, que para mim ao ler, em meu coração e cérebro estou sentindo tudo o que está acontecendo, que estou presenciando tudo.É fantástico como você coloca tanto sentimento! Parabéns Karen é um prazer ler uma fic escrita por você. Receba beijos e abraços da amiga.

cleotavares disse...

Apesar de não gostar na Alexis, gostei da maneira de como tudo se resolveu, até mesmo porque se houvesse um "puxão de orelha" da Beckett, poderia magoar o Castle,e não é isso que queremos.
Como é lindo o amor desses dois, olha só a Kate, implorando pelo bem do seu amor.

Cada capítulo,gosto mais da Johanna e da amizade das duas.E essa aposta aí? Eu vou de empate.
A cena com a bebezinha, amei.

Vanessa disse...

"— Como não? Ela está agindo como um adolescente rebelde, mas ela é uma mulher feita. Nunca pensei que ia dizer isso, Alexis precisa de uma surra."
Uma é pouco, pode dar várias. hahaha
Imagino que a cena que Alexis viu foi chocante, mas como Kate disse ele está vivo, ela não teve a mesma sorte. Sem falar que ela está sendo cruel, desde o hospital.
Ela disse para Castle que Kate poderia não acordar nunca, e agora insinuando que a doutora estava dando em cima de Castle.
Entendo o ponto criado por vc, mas ainda acho que ela merece uns tapas e bem dado. Eu mesma ficaria feliz em dar hahaha Sorry.
Adorei Kate falando com Martha, reabrindo velhas feridas. Eu gosto dessa Kate aberta. O que ela fez, me faz admira-la ainda mais.
Porque me sinto exatamente como Castle, quando ela salvou Bracken (eu deixaria morrer hahaha). OK, eu estou sendo passional e deixando meu ódio por Alexis falar mais alto. Mas Kate agiu certo, ela pensou em Castle, no amor de vida dela. Ela sabia que ele não seria seu Castle, se não se acertasse com a filha. Fez por amor!
Espero que agora Alexis tb suma por uns tempos... 3 anos é pouco, mas ok... ahahha
Achei bonitinho Castle todo preocupado com Kate. Até Castle ficou mais apaixonado por ela depois disso...
O que será que dona KB vai aprontar com Johanna? Será que vai atacar de cupido? ahaha
Joh e Paul. Parece que estamos avançando ahha
Vou evitar falar de Alexis, porque não quero chatear a autora. O amor de Castle é Beckett é a coisa mais linda do mundo. E encontrar algo assim, deve ser maravilhoso.
Tão bonitinho ele lendo de Raging Heat pra ela.
Amando a conversa com Johanna. "Acho que a última vez que implorei por algo foi a um bandido para me dizer a verdade sobre minha mãe. Não era uma atitude de Kate Beckett. Não até Castle se tornar a minha vida. Fiz por ele." Por amor!
Joh preocupada com Kate.
Kate entendendo Lanie hahaha
Deve ser divertido ver a historia se repetindo com outras pessoas. Acho muito legal essa conexão entre as duas. Aquela coisa magica mesmo, porque tem pessoas que conhecemos há anos e não temos essa liberdade e essa coisa de não ter medo de falar.
E elas se conhecem a pouco tempo (dias) e parece que são amigas de infância.
Kate vai ser ótima mãe! Joh tirando o foco dela. hahaah. Amei relembrar o caso do bebê! Johanna parecendo a gente, querendo babies hahaa
Kate conversando com Paull seria interessante.
O que dona Kate está aprontando hein?