quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

[Castle] 10th Date


10th Date
Autora: Karen Jobim
Classificação: NC-17
Gênero: AU 
Advertências: Comédia, Romance – S2 baseado em The Third Man. 
Capítulos: Oneshot
Completa: [ x ] Sim [  ] Não

Resumo: Castle é eleito o 9º solteiro mais cobiçado de NY. O problema é que o jornal fez questão de mencionar um possível romance com Beckett. Agora, ele tenta esconder a notícia a qualquer custo dela sem ser bem sucedido. No meio de um caso, eles acabam por iniciar uma espécie de competição. E o resultado será bem diferente do que ambos imaginavam.

Nota da Autora: Essa fic é para diversão. Dei uma mexida no caso porque afinal de contas, ele não é o foco principal dessa história. Desafio relâmpago proposto no grupo do FB. A sugestão do episódio foi da Vanessa e acredito render boas risadas e cuteness. Espero que curtam. Enjoy!


Atenção....NC17!!!


10th Date





Loft de Castle


Castle acordou naquela manhã particularmente animado, especialmente ao checar o jornal. O New York Ledger publicara sua famosa lista de solteiros mais cobiçados de New York. E claro que ele estava novamente nela.  

- Ah, sim. É disso que falei!

- Tem que falar tão alto? Tem gente acordando – reclamou Martha sonolenta - Por que está tão feliz?

- Saiu a "New York Ledger's". A lista anual dos 10 melhores solteirões. Adivinha quem está nela?

- Quem? – disse Alexis somente para dar o gostinho de se gabar ao pai.

- Não sei, deve ser o presidente do clube dos bonitões. Ranqueado em nono.

- Não foi o sétimo ano passado? – Martha perguntou.

- Sim, obrigado por destacar meus fracassos, mãe.

- É o meu trabalho. Ainda bem que meus amigos não leem isso.

- Por que é embaraçoso?

- É o sonho de toda garota ter o pai ranqueado entre os solteiros mais desejados do ano.

- De acordo com isso, seu pai não está mais disponível – disse Martha contemplando o jornal - Não leu o resumo? – após perceber a cara de interrogação do filho - "Apesar de solteiro, dizem que Richard Castle vive um romance com a detetive Kate Beckett... A inspiração para Nikki Heat, a heroína do seu último livro. O solteiro número 9 pode não estar disponível ano que vem".

- O quê? De onde tiraram isso? Não disse nada disso na entrevista.

- Detetive Beckett não vai gostar disso.

- Talvez ela apenas ache engraçado.

- Como pode um homem cercado por mulheres saber tão pouco sobre nós? – perguntou-se Martha revirando os olhos. O celular de Castle tocou naquele instante.  

- Falando no diabo. Ela pode estar ligando por causa de um cadáver, ou por causa do artigo.

- Reze para assassinato – disse Martha.

- Bom dia – enquanto Beckett falava sobre um novo caso, ele tapou o microfone e falou - Cadáver. Escapei – ao desligar ele comentou – pelo menos por enquanto. Minha missão é não deixar Beckett chegar perto de nenhuma cópia do NYL.

- Boa sorte com isso – disse Alexis.

Ao chegar no apartamento onde o crime ocorrera, Castle viu logo sobre um aparador um exemplar do jornal que tratou de esconder antes que alguém mencionasse qualquer coisa. Ele estava um pouco distraído devido ao plano que maquinava em sua mente para mantê-la longe dos comentários absurdos dos rapazes ou de qualquer pessoa. Porém, ao deparar-se com a detetive concentrada junto à vítima examinando e conversando com a legista, ele não pode deixar de pensar que a ideia não era tão louca assim. Desde a primeira vez que colocara os olhos sobre ela, sentira-se atraído. Após conhecê-la como pessoa, seus desafios, a frustração pelo caso não solucionado da mãe, sabia que Kate além de uma bela mulher, era inteligente, sagaz, competente e extremamente reservada. Não se abria muito, não era dada a grandes noitadas e sobretudo, detestava publicidade. Ele a viu remexendo no cabelo colocando-o atrás da orelha, a cena o fez inclinar a cabeça para o lado admirando-a somente para ser pego de calças curtas.   

- O quê? – ela perguntou achando muito estranho o jeito dele.

-O quê? O quê? – disse ele tentando disfarçar - Então o que temos?

Então engajaram na análise da cena do crime e nos potenciais motivos para o assassinato. Estavam cheios de perguntas. A causa da morte viera através de uma seringa e nada muito conclusivo pode-se tirar da relação dos moradores com a vítima. Encontraram uma câmera fotográfica com várias tomadas da casa dos Dilsons e de outros lugares que não reconheciam à princípio. Parece que era uma forma de desarrumar e depois retornar tudo ao seu lugar para que os verdadeiros donos não desconfiassem. Beckett ordenou que Ryan examinasse o cartão de memória. De volta ao distrito, os rapazes comentavam sobre a reportagem do NYL.

- Ela vai matá-lo – disse Ryan.

- Ele está morto – corrigiu Esposito.

- É verdade, Castle? Está fora do mercado? – disse Ryan sacaneando enquanto Esposito balançava o jornal na frente dele de propósito. 

- Se algum de vocês disser alguma palavra... Juro, vou fazê-los pagar... – ele calou-se ao vê-la se aproximar. Novamente, Beckett sentiu que havia algo estranho no ar que ainda não detectara o que poderia ser. Resolveu se ater ao caso. Lanie havia informado um nome descoberto através de digitais. Douglas Bishop. Ele não tinha uma ficha grande, preso por embriaguez e desordem. Pediu para que os rapazes localizassem os parentes mais próximos. Talvez saibam o que ele fazia no apartamento. Além disso, o laboratório revelou que fora injetado com cetamina, uma droga de boate. Quem injetou não queria a vítima drogada. Aplicaram o suficiente para derrubar um cavalo. Em seguida, partiu para a entrevista com a irmã da vítima. A última vez que o vira fora nas festas do feriado. Eles se encontraram no aeroporto onde Stan, marido da irmã, trabalha.  Em seguida, foi a vez de Ryan trazer novidades sobre o cartão de memória onde uma nova cara apareceu entre as fotos revelando um novo suspeito. Doug não parecia um mau funcionário, nunca faltava trabalho na agência que trabalhava. Eles ainda tinham que descobrir de quem era o outro apartamento. 

As peças do quebra-cabeça ainda não se encaixavam. Havia muitas perguntas sem respostas, vários gaps. Todos contribuíam com possíveis ideias e respostas, menos Castle que aparentava estar em outro mundo, não dera um palpite sequer. Mais estranheza que apenas servia para deixar Beckett incomodada.

- Nenhuma grande teoria para compartilhar conosco?

- Honestamente? Não, nada – realmente ela ficava a cada hora mais intrigada, após dar tarefas para os rapazes, ela distanciou-se deles pensando no que poderia estar acontecendo com Castle. De certa forma, estava acostumada a ouvir as besteiras, as maluquices ou comentários totalmente inapropriados, isso ajudava a passar o dia especialmente quando uma investigação parecia andar em círculos.

Enquanto a investigação tomava forma, Castle havia se saído bem em esconder a notícia do jornal até ali. Um novo pânico se instalou ao vê-la calmamente folheando uma cópia que encontrou na mesa de um colega.

- O que está fazendo?

- Vou ver quem ganhou o jogo.

- Nós ganhamos.

- Sabe de que jogo estou falando?

- Claro. O grande jogo – era isso, precisava saber. Deixando o jornal de lado, ela perguntou.

- Castle, o que está acontecendo?

- Beckett, olhe isso – salvo pelo gongo, ou melhor, pela interrupção de Esposito, Castle tratou de esconder o jornal. Mas, sua maré de sorte estava prestes a mudar. Durante a entrevista com a moradora do outro apartamento descoberto pelo suposto assassino, eles conversaram com a dona para entender se existia alguma ligação entre ela e a vítima. Estava fora da cidade sendo sua mãe a única pessoa a saber disso. Ao final da conversa, Beckett agradeceu e o segredo que Castle lutava tanto para manter longe dela, veio à tona. 

- Obrigada por vir, Sra. Langford.

- A propósito, aquela foto no jornal não te fez justiça. Você é muito mais bonito pessoalmente.

- Tem uma foto sua no jornal? – Beckett perguntou vendo que ele ficara todo errado.

- Então, você é a namorada detetive?

- Desculpe, a o quê? – não estava entendendo nada.

- Ele é um ótimo partido – Beckett olhou fuzilando-o.

- Não. Mostre-me. Agora – ela o arrastou para a minicopa.

-"Romanticamente envolvidos"? - Por isso ele estava tão aéreo, agindo estranho. Filho da mãe! Queria mata-lo!

-"Há rumores".

- O que disse a eles?

- Nada. Por que faria isso?

- Tem ideia do que isso faz à minha reputação?

- Sua reputação? E quanto à minha? Estou tão chateado quanto você. Estou na sua equipe. Isto é jornalismo barato e estou a 2 segundos de cancelar minha assinatura. Minha assinatura – ele já não prestava atenção em nada do que ela dizia, mas Beckett gravou cada comentário que ele despejara sobre ela e agora estava ao telefone, ignorando-a.

- Tem ideia de quão difícil é ser policial mulher? A última coisa que preciso é que dê...

- Sim, The New York Ledger, por favor.

- O que está fazendo? Você não vai escapar dessa tão fácil, Castle.

- Langdon disse que só a mãe sabia que estava de férias, mas é mentira. Se estava fingindo estar doente, a última coisa que iria querer seriam jornais empilhando na porta. Ela escondeu os jornais. Departamento de Assinaturas, por favor. Qualquer pessoa com acesso à contenção de férias saberia, exatamente, quem está fora da cidade e por qual período – disse Castle, retornando sua atenção a outra pessoa na linha - É, queria verificar uma informação sobre contenção de 2 de seus assinantes, por favor. Quem sou eu? Eu... – ele estendeu o celular para Beckett, o embaraço presente em seu rosto - Às vezes, esqueço que, na verdade, não sou policial.

- Eu não – disse ela com um sorrisinho no rosto. Oi, aqui é a Det. Kate Beckett, NYPD. Gostaria de falar com seu supervisor – assim que conseguiu o que queria, uma visita ao NYL, devolveu o celular para Castle não sem antes fazer uma pequena ameaça – essa conversa sobre relacionamento não acabou, assim que decifrar esse caso, você e eu vamos conversar sobre limites, e acredite: não será nada romântico – lançou o olhar que sempre o apavorava.

- C-certo... – disse com a voz angustiada engolindo em seco.

A viagem até o New York Ledger certamente liquidou algumas pontas soltas para Beckett, porém a visita pareceu uma ótima oportunidade para Castle tirar a história da reportagem a limpo. Enquanto ela cobria os detalhes das assinaturas, ele avistou a jornalista responsável pela matéria que, até aquele ponto, podia significar um abismo entre ele e sua musa. Castle estava determinado a não deixar isso acontecer.  

- Donna.

- Richard, o que faz aqui? Não está com raiva pelo 9º lugar, está? Disse ao editor para te manter em 7º.

- Não, não é isso. Eu não me importo com isso... muito. Só que... por que disse que eu namoro a Det. Beckett?

- Bem, eu só presumi. Você ficou falando dela na entrevista.

- Não, não falei.

- Com certeza, falou. Não parava de falar nela. "Beckett disse a mais engraçada isso, é a melhor aquilo".

- Sério? Eu fiz isso? – a realização veio como um choque o qual ele tratou de disfarçar, então não apenas a reportagem criou um desconforto entre os dois como foi provocada por seu próprio subconsciente. Ele deixou-se mostrar, o rumor veio da sua boca. Isso somente tornava as coisas piores para seu lado. A primeira coisa que devia fazer era tirar essa impressão da jornalista. 

- Ano passado, só falou de você.

- Bem, Donna, sou muito, muito solteiro.

- Sério? Por que se não estiver envolvido, a solteira nº 3 perguntou de você hoje. Você a viu?

- Não.

- Ou você é um desses que nunca lê abaixo da dobra?

Eu leio abaixo da dobra. É que tenho estado ocupado com meu 2º livro da Nikki Heat, e eu... – Donna mostrou a foto - Meu Deus!

- Isso. Amanda Livingston. Quer o telefone dela? Porque ela quer o seu – Castle ponderou se deveria aceitar, sua situação com Beckett já estava melindrosa demais, um encontro agora poderia quebrar o fino gelo no qual ele caminhava nesse momento ou seria uma forma de invalidar o que o jornal pregou. Por que não?

- Ok. Pode dar meu número.

A visita dera resultado. Beckett trouxe um novo elemento para interrogatório. Um entregador e coincidentemente o cara das fotos no apartamento dos Dysons. A história de Michey Carlson, porém parecia algo saído diretamente de um filme de ação ou uma dos romances de Rick Castle. Além da vítima morta, ele alegou a existência de mais duas pessoas, um cara normal e um outro do mal com uma cicatriz de lua crescente no rosto. Outro fato interessante colocado pelo rapaz foi o fato de Doug ter saído em sua defesa. Estavam falando de grana alta. Três milhões. Beckett ouviu tudo e o absurdo da história a deixou frustrada. Terminada a entrevista, Beckett sentiu que estava longe de achar respostas para o caso, portanto se concentrou em saber de outro assunto que a incomodava desde que avistou Castle conversando com uma repórter no jornal.

- Quem é sua amiga do jornal?

- Donna Vincennes? Foi ela que escreveu sobre nós.

- Não existe um "nós" – ela retrucou embora o som disso tivesse causado um frio involuntário em seu estomago.

- Eu sei disso.

- Disse isso a ela?

- Sim, eu disse – ele aproveitou a deixa para comunicar que as paginas do Ledger continha mesmo apenas rumores, talvez isso evitasse um ataque de raiva da detetive, o que ele queria evitar a qualquer custo - O que funcionou, na verdade, muito bem para mim. Ao que parece, a solteira nº 3 está interessada em me conhecer – ele puxou a foto do jornal exibindo-a em frente de Beckett que de repente não se sentiu confortável com a possibilidade de imaginar para onde isso iria - Assim que os tabloides souberem dela comigo, eles esquecerão tudo sobre você e eu.

- Posso simplesmente ver o título: 9º conhece 3ª em um jantar a 2 – disse ela como quem brinca naturalmente sobre algo despretensioso. Ele não conseguiu decifrar a mensagem no semblante de Beckett, podia ser algo relacionado à raiva ou decepção, mas com certeza não era alivio. Estimulado por provoca-la e vê-la mostrar seu verdadeiro sentimento, ele jogou a isca.

- Acredite ou não, existem mulheres na cidade que gostam da ideia de estar romanticamente ligadas a mim – ele se levantou deixando a foto sobre a mesa. Beckett não emitiu um som sequer. Diante da imagem da próxima acompanhante de Castle, ela percebeu algo que a tomou à princípio como surpresa apesar de ser justamente o sentimento que ela tentava esconder todos os dias negligenciando a si mesma. Kate Beckett estava com ciúmes.

Ela se levantou rumo ao banheiro do distrito. Diante do espelho, ela contemplou seu rosto. O que havia de errado com ela? Era bonita, tinha um jeito intimidador que certamente afastava alguns homens, mas sabia ser provocante e sensual. Era muito melhor que aquela loira sem graça com...com... rosto chupado! Droga, ele realmente apertara os botões certos. Por que do nada ela não servia? Não era boa o bastante para o escritor de Best Sellers Rick Castle? Ainda em seu momento de raiva, ela saiu porta afora rumo ao elevador. Não queria ficar ali naquele momento.

Sentada no banco de seu carro oficial, ela revisava o seu último diálogo com Castle. Ele parecia empolgado por ter esse encontro, não? Hum... talvez fosse apenas uma tentativa de implicar, não desafia-la. Aquele tom que usara na última frase, ele realmente estava querendo provar que ela não sabia o que estava perdendo? Ela estava perdendo, não? Quer dizer, todos esses anos só pensava em trabalho. Não havia noitadas, festas, sexo... ela sequer lembrava a última vez que estivera com alguém. O que acontecera com ela? A resposta estava ali, bem na sua cara por mais que Beckett não quisesse encara-la. Desde que Rick Castle viera trabalhar como sua sombra, por mais irritante que parecesse no começo, ela se acostumou a tê-lo ao seu lado. Eles tinham uma boa interação juntos, ele a fazia rir. Deus! Ele era realmente charmoso com aquele risinho pretensioso e lindos olhos azuis, eram tóxicos. Sentia-se atraída pelo escritor. Era loucura pensar nisso, era complicado e totalmente fora de cogitação. Ela não podia investir em algo que atrapalhasse o que tinham em seu lugar de trabalho. Batendo no volante, ela grunhiu falando sozinha.

- Era isso que ele queria com aquela frase, fazer com que ela perdesse o foco e entrasse de cabeça nesse jogo mental questionando-se sobre o que poderia ser, seu valor, inferno, considerei a possibilidade de não ser desejada por causa disso. Não posso ceder a isso. Se Castle quer uma guerra, ele a terá. Não sou eu que devo me sentir lisonjeada pela sua companhia, ele vai provar do seu próprio remédio – confiante, ou era assim que ela se enganara mais uma vez, Beckett ligou o carro e rumou para o necrotério. Precisava de ajuda para fazer seu plano funcionar.

Lanie estava absorta na autopsia de Bishop quando a amiga entrou como um furacão pela porta da sala motivada por seu novo joguinho pessoal. Ao encarar a amiga, porém, todo o sentimento que a dominou durante o momento da reflexão com o espelho voltou, a sua confiança já não era a mesma de minutos atrás.            

- Eu não tenho vida – foram as primeiras palavras que escaparam de sua mente.

- Não, o Sr. Bishop não tem vida, por isso está na minha mesa.

- Preciso de um encontro.

- O quê? – isso pegou Lanie despreparada.

- Um encontro. Um cara, um homem. Está sempre tentando me arranjar pessoas, então aqui estou. Estou no jogo. O que você tem?

- Certo. O que deu em você? – esse comportamento não era normal para a detetive, certamente algo a incomodava. Conhecendo a amiga, sabia que também não contaria exatamente o que se passava em sua mente.

- Eu me enrolei tanto no trabalho, que só quero ir para casa, onde é silencioso e estou cansada do silêncio...Eu quero... barulho.

-Tudo bem – se uma mãozinha era o que faltava para fazer a amiga clarear a mente e sair desse dilema estranho que a tomara inesperadamente, que seja - Tenho a receita perfeita para você.

- Um bradekker?

- Não, querida, é Brad Dekker, aquele bombeiro que quis te apresentar.

- Ele é bonitinho? – tinha que ser melhor que a loira magrela de Castle, pensou.

- Ele foi Sr. Julho no calendário dos bombeiros de N.Y. do ano passado.

- Julho? Eles sempre colocam os gostosões nos meses de verão.

- Exatamente. Beckett agradeceu a ajuda decidindo ir para casa. O jogo estava prestes a começar.

Para Castle, a volta para casa não pareceu tão prazerosa. Apesar de ter conseguido evitar uma discussão com Beckett sobre a reportagem do jornal, Alexis não estava de bom humor. Como a menina previra, sofrera uma espécie de bullying por ser filha de um solteirão. O que acontecera com as mulheres? Com exceção de Amanda, todas o tinham na sua lista negra? Sua filha ficou ao lado de Beckett, porém a detetive aparentou estar satisfeita com o desfecho da história, não. Quer dizer, sorria e inclusive brincou com o lance do encontro. Será que ele interpretara sua reação erroneamente? Se sim, o que Beckett realmente pensava dessa decisão?

Serviu-se de um copo de vinho resolvendo ficar um pouco mais na sala. Ela estava rindo quando contou sobre o encontro não estava? Aparentemente... então porque estava tão intrigado com esses pensamentos? Por que essa masturbação mental o perseguia? Se entendera bem a mensagem da detetive, ele não representava em momento algum um potencial relacionamento. Aquilo o entristeceu. Sua admiração por Beckett crescia a cada novo caso, a cada descoberta. Ela era incrível. Seu jeito duro, a pose profissional, o caminhar... despertavam nele sentimentos que ia além do reconhecimento. A bagagem de vida, suas vitórias e derrotas o fizeram escolhe-la como musa. Não fora completamente honesto ao esconder o outro motivo. Estar ao lado dela, observando-a doar-se um pouco todos os dias por desconhecidos, inferniza-la com besteiras, despejar teorias malucas eram parte de um disfarce maior. Ele queria o que não poderia ter. Beckett era extremamente sexy, o fato de carregar uma arma apenas levava a atração que sentia por ela a outro nível. A voz sussurrada em seu ouvido naquele primeiro caso, nunca o abandonara. Será que Kate estava certa? Ele continuaria sem ter ideia do que seria ser uma conquista sua? Uma sensação de tristeza o tomou repentinamente. A realização desse fato era estranhamente doloroso. Rick Castle não estava acostumado a perder. Terminando o seu vinho, ele decidiu esquecer o assunto. Dessa vez ele estava destinado a ficar com o prêmio de consolação – Amanda.

No dia seguinte, eles estavam esperando notícias sobre uma nova pista do caso. Beckett considerou o momento ideal para revelar suas intenções no campo dos encontros. Hora de jogar.

- Já ouviu falar do Drago? – perguntou.

- Já. Está no Ledger como um dos dez restaurantes mais românticos. É caro e impossível de se conseguir uma mesa, a menos que conheça alguém. Por quê?

- Só procurando um lugar para ir.

- O quê? Tipo em um encontro?

- Sim, um encontro. Por que parece tão surpreso?

- Não... nunca pensei em você como uma garota que gostasse de lá.

- Mesmo? E que tipo de garota pensou que eu fosse, Castle? – se arrependeu do comentário assim que ouviu a pergunta dela, ficara chateada. O pior era que ele gostaria muito de dizer que tipo de mulher ela era. Descrevê-la como a mulher mais intrigante e maravilhosa que conhecia. Exceto que não podia, não onde estavam e nem diante da nova informação que acabara de por na mesa. Kate Beckett tinha um encontro.  

- Eu... é... ali está o seu garoto – salvo pelo caso, novamente. A sorte estava mesmo sorrindo para ele, não por muito tempo. Depois de discutir com os rapazes sobre o paradeiro da outra família, o telefone dela toca. 

- Beckett. Oi, Brad. Não, não está em cima da hora – a conversa era descontraída - Na verdade, acabei de cancelar meus planos para hoje à noite.

- Quem é o Brad? – Castle perguntou com o pé atrás.

- Deve ser o amigo da Lanie – disse Esposito.

- Você o conhece?

- Sim, o encontrei uma vez. Gente boa. Bombeiro. Estava no calendário dos Bombeiros de N.Y. Tem um jeito de bonitão. Abdômen sarado – estava adorando a chance de implicar com Castle, a cara dele era de quem não apreciava nenhuma das informações que recebia - E tem isso... Certa vez, durante um incêndio, depois de salvar os pais e os filhos, voltou para pegar os cachorrinhos.

- Ela mexeu no cabelo? – Castle sentiu-se incomodado. Ela realmente estava investindo naquele cara?

- Estou dizendo, cara, cachorrinho... Consegue todas as vezes.

- Cachorrinhos. Quando ela retornou, estava sorrindo. Havia esquecido como era bom ser cortejada por alguém. O olhar no rosto de Castle também contribuiu para seu sorriso. Conseguira deixa-lo um pouquinho intrigado talvez?

- O quê? – ela perguntou ao perceber a forma como ela a olhava.

- Você está sorrindo.

- E? – sim, o intrigara. Infelizmente o joguinho entre os dois teria que ser postergado para dar lugar a investigação. Ryan conseguira uma maneira de visitar o apartamento dos Maitlands. Rumaram para o lugar. Assim que começaram as buscas, Castle ficou fascinado com a arquitetura do local. O apartamento era da época do pré-guerra, 1800s. Encontrara um elevador de carga antigo com um sistema de áudio escondido.

- Não estamos aqui para admirar, Castle.

- Como não pode? Digo, olhe este lugar. Você vê este molde? É madeira original. Deslumbrante. Aposto que o banheiro é revestido em mármore.

- Você é como um metrossexual – comentou Beckett sorrindo.

- Sou. É melhor que ser o garoto do calendário.

- Então, você escutou? – ótimo, pensou. Um pouco de tempero iria fazer seu papel no jogo - E é homem do calendário, Castle. Homem do calendário.

- Claro.Divirta-se com sua mangueira e eu sairei com a 3ª melhor solteira de Nova Iorque.

- Acho que isso significa que ela deve estar desesperada, ela é número 3 e você um mero número 9.

- Qual número é o seu de novo? – ele retrucou fazendo-a sorrir.

- FYI, não preciso de um número – com isso encerrou a discussão vendo os rapazes de volta à sala.

- O lugar está limpo. Sem arma, cetamina ou equipamento de alpinismo. Não tem nada aqui.

- Sim, tem sim. Uma caixa de gelo, de mais ou menos 1.800. Sabia que antes da invenção da refrigeração moderna, as pessoas mantinham seus produtos perecíveis em uma caixa com gelo. Daí...uma caixa de gelo.

- Isso não é uma festa, Castle.

Os Maitlands foram muito inteligentes. Fizeram disso um armário. E bem do lado da geladeira – ele abriu a porta e um cadáver caiu ao chão fazendo-o soltar um gritinho um tanto quanto estranho - Não esperava por isso.

- Cicatriz em forma de lua – afirmou Beckett - Parece que houve alguma verdade na história do Mickey.

Seu nome é Anton Francis. Fora morto pela seringa de cetamina como Doug, não somente confirmava a história de Mickey, como o inocentava com um álibi. Tudo levava aos três milhões e ao terceiro homem. A armação não parava por ai, os donos do apartamento foram enganados por uma suposta promoção, um cruzeiro naquela exata semana. Os bilhetes vieram da  Agência de viagens onde Doug Bishop trabalhava. A pergunta era por que aquela semana e por que os Maitlands?

Então Castle teve uma de suas ideias que felizmente contribuiu para o caso. Não era o apartamento dos Maitlands, era o acesso, o equipamento áudio visual. As peças começavam a se encaixar.

- Os Maitlands vivem no segundo andar. Indo perpendicularmente pra baixo está o poço do elevador. Em "Gathering Storm", tinha o Derrick Storm subindo pelo elevador desviando do assassino tcheco, para salvar a filha do embaixador suíço. Talvez os bandidos estejam usando o elevador para enganar a segurança que está abaixo deles.

- O que explicaria as cordas e o equipamento de alpinismo – concluiu Beckett corroborando a teoria de Castle - Então, o que fica embaixo do apartamento dos Maitlands?

Eles descobriram ser um pet-shop. Castle e Beckett visitaram o lugar, conversaram com o dono e descobriram que a entrada para o elevador suspenso havia sido usada recentemente. Também, segundo o inglês proprietário dava acesso a um banco. Foi fácil imaginar que esse era o destino final do golpe e que possivelmente o terceiro homem traiu os demais sócios. Mesmo assim, soava estranho livrar-se dos parceiros antes de se obter a grana. Castle novamente sugeriu um novo ângulo para a história, um possível cliente de Doug. Montgomery gostou da ideia e Beckett pediu para que os rapazes procurassem por alguém estranho na esperança que Mickey conseguisse identifica-lo. Diante do novo fato, ela estava pensando seriamente em cancelar o encontro.

- Talvez devesse cancelar meu encontro desta noite.

- Cancelará com o cara que arriscou a vida por uns cachorrinhos?

- Senhor, sabe do meu encontro?

- Sim e apesar do que pensa,o mundo não acabará só porque você sumiu por uma noite. E se acabar, os dois tomarão conta de tudo.

- Sim. Vá em frente – disse Ryan.

- Claro, preciso de horas extras – concordou Espo.

- Certo, mas me chamem se algo acontecer.

- Tudo bem, divirta-se – de uma maneira estranha, Castle quase vibrou com o que acabara de ver.

- Viu ela pronta para cancelar o encontro?

- O que há com você, Castle? – Esposito pressionou.

- É, por que você se importa? – Ryan provocou.

- Só estou dizendo... – mas desistiu de discutir com aqueles dois, eles certamente não entendiam o significado disso. na verdade, ele mesmo ficou perdido. Será que ela não queria estar com o garoto do calendário ou era apenas a responsabilidade de policial falando mais alto? Não seria algo que descobriria agora, além disso tinha um encontro também.

Ele experimentava gravatas em frente ao espelho. Alexis viu que se arrumava e ajudou-o. Notou que ela ainda estava chateada com os acontecimentos. O encontro dessa noite fazia parte disso.

- Sei que isso pode ser estranho para você, e que os pais não devem sair.

- Eu sei que está saindo, pai. Sei que você provavelmente vai fazer coisas que eu não vou pensar e que nós nunca mencionaremos.

- Justo. Então, o que há de errado?

- Eu não sei. Não vou ficar aqui para sempre, então, quem cuidará de você, a solteira número 3?

- Calma aí. Não vamos comprar anéis tão cedo. É só um encontro.

- Eu sei. E ela parece legal e tudo, mas... se é com quem você sai... Digo, vai encontrar a felicidade com o tipo de pessoa que é só um número em uma lista?

- Já encontrei. Você é a número 1 na minha. É o meu trabalho preocupar-se com você e não o contrário. Ficarei bem.

- Claro. Isso é o que você disse quando você tentou fritar um peru. E todos sabemos como isso acabou – Alexis ajudou-o a terminar de se arrumar. No minuto que deixou o quarto, ele ficou pensativo sobre as colocações da filha. Claro que essa noite era apenas um encontro, mas sua pequena gênio tinha um ponto a seu favor. Era assim mesmo que pretendia seguir pela vida? Encontros após encontros? Noites sem significado com mulheres descartáveis? Seu pensamento voltou-se para Beckett. Ela mesma dissera que não era um numero numa lista. Ele brigou com sua imagem ao espelho. Não racionalize demais, disse. Divirta-se.


Restaurante Drago  


- Ouvi falar que esse lugar é impossível entrar – disse Amanda.

- Ricky!

- Frankie vem aqui. É bom vê-lo novamente.

-Também acho. Sua mesa estará pronta em instantes.

- Castle? – reconheceu a voz, no entanto foi pego de surpresa pelo visual da mulher a sua frente.

- Beckett? – estava deslumbrante em vermelho.

- Acho que você dois se conhecem – disse Brad.

- Sim, Brad. Este é o Richard Castle.Trabalhamos juntos.

- Amanda, esta é a Beckett. Trabalhamos juntos.

- Oi. Prazer em conhecê-la – isso não era o que Beckett esperava para sua noite, de jeito nenhum. Queria um encontro que pudesse se divertir e jogar insinuações diretamente na cara dele, esse era o plano, e agora... droga! Seria como se estivesse sendo vigiada. Ela arrastou-o pelo braço, nada satisfeita.

- O que está fazendo aqui? Sabia que eu viria aqui.

- Eu sabia que queria vir. Não achei que conseguiria uma mesa na última hora.

- Você pegou uma mesa de última hora – retrucou Kate.

- Claro, tenho contatos – ele gabou-se.

- Eu também, inspetor de saúde.

- Olha, belo abuso de poder – implicando, tocando na ferida da integridade que Beckett tanto valorizava.

- Então, Richard, é um tira também? – Beckett aproveitou a oportunidade para retrucar diminuindo sua importância na frente de Brad.

- Não, é um escritor e sombra, nos meus casos de assassinato.

- Sou um pouco mais do que sombra – quando estava prestes a continuar a discussão de egos com ela, alguém o chamou.

- Sua mesa está pronta.

- Os dois estão trabalhando em algo? – foi a primeira pergunta de Brad e certamente seu maior erro que acabou por definir como a noite iria ser conduzida. No instante seguinte, Beckett e Castle, cada um em sua mesa tagarelava sozinho sobre as nuances do caso de duplo homicídio e suas possibilidades. Ela estava intrigada com o pet-shop. Amanda começava a ficar entediada com o assunto, tentara mudar o rumo da conversa, sendo infeliz no resultado. Tudo o que Castle fazia era manter o monologo em busca de conexões para preencher as lacunas do caso. Beckett não agira diferente, tanto que mesmo o convite de Brad para fazer sexo naquela noite se perdera no vento, ao invés de respondê-lo, ela pediu licença para fazer uma ligação. Ao vê-la levantar-se da mesa, a curiosidade de Castle falou mais alto, usando a desculpa do banheiro, ele correu para descobrir o que Beckett tinha em mente. Ele a encontrou voltando do corredor onde ficavam os toaletes. 

- Conseguiu algo?

- Só ia pedir ao Ryan e Esposito pesquisarem algo para mim.

- O pet-shop.

- Sim, como sabia?

- Estava pensando a mesma coisa. Provavelmente é fachada pra algo.

- Certo, pesquisarão tudo sobre o dono. Ele deve estar escondendo algo.

- Boa.

- Bem, tenho que voltar ao encontro – disse Beckett - Como vai indo o seu?

- Ótimo. O seu?

- Fantástico – o que sabia ser uma mentira deslavada - Bem, vou voltar... até mais.

Para desespero de Brad e Amanda, a paranoia de ambos continuou. Quando pareciam ter finalmente engajado no jantar e esquecido o pequeno incidente do inicio do encontro, o celular de Beckett toca atraindo a atenção de Castle.

- Sinto muito, é do distrito.

-Você me dá licença? – Castle desculpou-se.

-Banheiro de novo? – disse Amanda com cara de poucos amigos. O que pareceu não importar muito para ele, somente tinha olhos e ouvidos para Beckett, curioso por saber se havia novidades. Encontrou-a no mesmo local, já acionando o viva-voz ao vê-lo aproximar-se.  

- Então, o que eles descobriram?

- Beleza. Pesquisamos o dono do pet-shop, Noel Du Preez. Tudo limpo.

- Sério?

- E os últimos dias? – perguntou Beckett - Nada incomum?

- Anteontem, a alfândega confiscou meia dúzia de papagaios cinzentos africanos, quatro tarântulas e duas jiboias de cauda preta, todas da África do Sul.

-Espere um pouco. Você... disse jiboias de cauda preta da África do Sul?

-Sim, por quê?

-Porque jiboias desse tipo, também conhecidas como jiboias indianas, não são nativas de lá. Por que viriam da África?

- Por que se importa com algumas jiboias em uma merda de voo? – perguntou Esposito. Castle confiante na possível descoberta que fizera, tomara o celular de Beckett em suas mãos e explicou. 

- Porque como escritor de assassinatos, sou bem pago para pensar como bandidos. Alguns fatos curiosos sobre cobras...Têm sangue frio, tem alta capacidade estomacal e digerem os alimentos bem devagar.

- Perfeito para contrabando – exclamou Beckett agora bem engajada no que Castle queria provar.

- Não seria a 1ª vez. Se essas cobras estão vindo da África do Sul...Há duas coisas aos montes na África do Sul, racismo e diamantes.

- Tráfico ilegal de diamantes em cobras vivas – concluiu Esposito.

- Quem atacou o Mickey disse que tinha milhões em jogo – lembrou Beckett não tirando os olhos dele.

- E o elevador ia direto para dentro do pet-shop – complementou Castle - Por isso, a viagem dos Maitlands devia ser esta semana. Sabiam que a remessa ia chegar. E a cetamina...

- Eram pra dopar as cobras, assim não resistiriam...Quando fomos à loja... – Beckett disse.

- O dono não diria nada, ou se incriminaria por contrabando – Castle continuou a ideia.

- Achando o autor do roubo... – disse Beckett. 

- Encontramos o terceiro homem – concluiu Castle. 

- Eles sabem que estão terminando as frases um do outro? – perguntou Ryan.

- Peça pros fardados acharem o dono, os encontraremos na loja – foi a ordem de Beckett desligando o celular. Ao retornarem ao salão, Beckett percebeu que Brad estava sentado com Amanda.

- O que diremos a eles? – ela perguntou.

- Isso vai ser estranho – comentou Castle.

- Eles ficarão bem – concluiu Beckett saindo do restaurante acompanhada de Castle. Os quatro invadiram o pet-shop para capturar o dono, foram surpreendidos por um tiro, mas felizmente nada grave ocorreu. Levado sob custódia, Beckett o interrogou sem conseguir fazê-lo admitir nada visto que isso o implicava quanto a contrabando. Faltava uma única peça do quebra-cabeça, alguém conhecia a rotina de embarques e recebimentos da loja, algum ex-empregado talvez... ou como sugerira Castle, alguém que já fez isso antes para ele, que já buscou cargas no aeroporto. Foi isso que fez ela entender quem era o terceiro homem. Pediu uma rápida pesquisa aos rapazes e chamou a irmã de Doug até a delegacia. O assassino era o próprio cunhado da vítima, Stan.

Beckett agradeceu a ajuda de Mickey em identificar o terceiro homem, por isso suspendeu sua condenação. Ele ficaria em condicional por cinco anos. Ela estava cansada, a noite, o encontro, nada saíra como planejara. Pelo menos prendeu um assassino. No fim, percebeu que acabara passando sua noite de diversão ao lado de Castle, o que não fora nada difícil de fazer. 

- Certo. Caramba, só quero chegar em casa e tomar um banho quente – ela deixou escapar.

- Eu...- Castle estava perto de mencionar algo que ela já imaginara se tratar de alguma besteira.

- Não. Por favor, não.

- Só ia dizer que estou morrendo de fome. Viemos embora, antes de eu terminar minha "entrada".

- Bem, não importaria se tivesse comido. As porções eram minúsculas.

- Sabe, Remy fica aberto a noite toda. Com aqueles hambúrgueres...

- Aqueles milk-shakes... – de repente a ideia de passar mais algum tempo ao lado dele não lhe pareceu ruim, definitivamente poderia ser agradável - Por que não? – ele pegou o cabide protetor onde ela guardara seu vestido. Ofereceu o braço que Beckett aceitou de bom grado caminhando lado a lado rumo ao elevador - E como foi seu encontro? – perguntou curiosa.

- Ela era meio chata. Não falava muito – ele percebeu que Beckett brincava com o cabelo.

- Sr. Julho? Um pouco egocêntrico.

- Eu vi – feliz por poder desbancar o rival.

- Sério?

- Certeza. Algumas pessoas não sabem mesmo como ter um encontro – disse Castle enquanto a porta do elevador fechava-se.

- Especialmente um primeiro encontro – complementou Beckett.

- Exatamente.


Remy’s


Castle escolheu uma das mesas de canto. O ambiente da lanchonete lembrava aqueles drive-ins antigos. Sentaram-se lado a lado no sofá, usualmente uma maneira que agradava os namorados. Ele colocou a roupa dela cuidadosamente no outro banco. Uma das atendentes aproximou-se entregando-lhes os cardápios. Ela, antes da primeira olhada no cardápio, pediu água. Castle conhecia o cardápio da lanchonete de cor. Já decidira o que queria comer, porém esperou pela escolha dela.

- Eu vou querer o sanduiche de brisket e um milk-shake de morango.

- Eu vou de sanduiche de porco e milk-shake de chocolate.

Assim que a garçonete afastou-se, ele aproveitou para observa-la. O rosto continha uma maquiagem leve ressaltando os olhos amendoados. A pele era tão limpa e perfeita que nem merecia ser coberta de cosméticos. Beckett pensava sobre a noite em questão. Ela esperava competir com Castle sobre quem tivera o melhor encontro, queria provocar ciúmes nele, no entanto, aqui estava ao lado da sua sombra, preparando-se para ter uma refeição bem mais prazerosa que a do Drago. Será que isso dizia algo sobre si mesma? Ela era tão antisocial, seu comportamento não era sofisticado o bastante para frequentar um lugar como aquele?

- Hey... um dólar pelos seus pensamentos. Você deve estar mesmo cansada por estar calada desse jeito. Se quiser, posso pedir para viagem e você pode ir para casa. 

- Não, Castle. Estava pensando em algo que você me disse ontem. Sobre o tipo de garota que sou. Vou te dizer, hoje naquele restaurante chique e famoso eu me senti um peixe fora d’água. Tão diferente de estar aqui ou numa pizzaria. Talvez eu não seja uma pessoa sofisticada afinal, foi isso que você quis dizer, não?

- Não necessariamente. Você é uma pessoa elegante, tem pose, merece estar em lugares chiques com a nata de Manhattan. Esqueci de mencionar que estava linda e sensual naquele vestido vermelho. A cor combina com você, com seu ar de mistério. Mas, Kate Beckett também é uma pessoa normal, real. Capaz de correr ruas da cidade atrás de assassinos, lutar com homens de igual para igual, inteligente e apreciadora de boas e simples coisas que a vida oferece. Não foi o restaurante que a fez sentir-se desconfortável, foi a companhia, o momento.

- Talvez, eu estava realmente preocupada com o caso. Minha mente dava voltas tentando achar o furo na teoria. Não dei muita atenção ao Brad. E aqui estou eu, conversando com você numa boa. Prestes a comer uma refeição nada correta para um primeiro encontro. Ainda assim, você deve estar preocupado. Afirmou categoricamente que qualquer envolvimento comigo era ruim para sua reputação – Castle pressentiu uma certa mágoa na colocação. Então, ela estava incomodada por não ser considerada elegível para sair com ele? Entendera corretamente? 

- Não admito que se considere uma pessoa comum. Está bem longe disso, Kate. Não precisa correr atrás de homens do calendário ou qualquer outro que considere possível de leva-la a um encontro. Deixe-os vir até você. Não precisa se esforçar para encontrar alguém. Basta se olhar no espelho. Fica sexy usando apenas uma calça jeans e uma camiseta. Pode ter muitos encontros na vida, mas amor, alguém que se preocupe e a entenda, aceite quem você é, isso é outra história.

As palavras de Castle trouxeram conforto a sua mente, as dúvidas que a perseguiram durante essa competição idiota que criara para provar a si mesma que não sentia ciúmes dele ou mesmo que não queria se sentir ameaçada por uma mulher em uma lista. Tudo havia sumido deixando a certeza que a atração que sentia por ele era verdadeira. Gostava dele, mais do que estava disposta a admitir até dois dias atrás.  

- Você não acredita que o amor possa surgir de uma série de encontros? – ela perguntou querendo ter certeza do porque ele mencionara amor.

- Claro que sim. É claro que essa não é a única forma. O amor é um sentimento poderoso e misterioso. Às vezes basta um olhar, um toque de mãos. Outras vezes, ele se apresenta por afinidades, usa a amizade e um clássico: as melhores histórias e as mais duradoras tendem a surgir do ódio, aquele lance de se odiar uma pessoa, do simples fato de serem pessoas completamente diferentes. Yin e yang.

- Típico papo de escritor – ela comentou apenas para implicar com ele. Havia uma mensagem escondida ali. Queria ouvi-la por completo.

- Não, deixe-me exemplificar. Veja eu e você. Nós nos conhecemos em uma situação adversa. Você caça assassinos, eu escrevo sobre eles. Temos modos diferentes de analisar um crime mesmo que isso acabe se complementando para solucionar vários casos como já vivenciamos. Você odeia a ideia de me ter ao seu lado, seguindo-a por cada cena de crime e ainda assim, não se esquece de me telefonar sempre que um corpo aparece ou mesmo hoje à noite quando ambos deveríamos nos concentrar em nossos jantares, acabamos juntos desenvolvendo teorias e sabotando nossos encontros. O problema no nosso exemplo é que aparentemente um de nós está em outro nível. Eu não me importo de segui-la, de ouvir você mandando em mim, dizendo o que posso ou não fazer, eu não a odeio Kate, eu a admiro. A cada dia você torna a minha vida extremamente difícil com essa luta fracassada para não me render a você. Quer saber? Não funciona mais. Eu já me apaixonei. O resto é só uma tentativa patética de enganar a mim e a você, fingindo querer encontros e noitadas quando na verdade trocaria tudo para estar debaixo das cobertas ao seu lado com uma boa caneca de café.

Ela olhava-o fixamente. Sentia o coração disparar no peito. Castle acabava de se declarar apaixonado por ela.

- Castle, eu... – Kate buscou a mão dele – eu fiquei com muita raiva por você ter escondido sobre a matéria do jornal, mas não foi o que me magoou. Ver você querer sair com uma loira sem cérebro me irritou bem mais. Você parece ter esse poder sobre mim. A sua capacidade de me provocar, de me testar. Parece que foi um feitiço que lançou contra mim, você não sai da minha cabeça. Minha irritação desaparece cada vez que você me traz um café, que me olha com esses olhos azuis com quem quer me hipnotizar. Eu não odeio você, odeio a ideia de você com outra mulher, senti ciúmes da número 3. Isso é loucura, trabalhamos juntos e qual seria o resultado de um relacionamento assim e...

Não houve complemento àquela frase. Castle sorveu os lábios dela em um beijo que fez cada parte do corpo de Kate Beckett amolecer. Deixou suas mãos se perderem sobre o peito dele correspondendo ao contato daqueles lábios extremamente convidativos junto aos seus. Havia uma certa urgência no ritmo, como se ansiassem a muito tempo por esse momento, o que não deixava de ser verdade. Quando afastaram-se mutuamente, ele permaneceu com o olhar fixo no dela.

- Você sabe como derrubar meus argumentos, não?

- Admita, não sou o único apaixonado por aqui.

- Castle, não é esse o ponto. Como podemos começar um relacionamento, enfrentar todos os difíceis momentos de um primeiro encontro? Toda a ansiedade e incerteza? Não sei se estamos preparados para isso.

- Não precisamos, Kate. Nós já passamos dessa fase. Já tivemos vários encontros, dançamos juntos, jogamos pôquer, discutimos como um casal, nossa grande briga foi bem intensa. Conhecemos um pouco dos gostos e manias um do outro. Eu diria que esse é o nosso décimo encontro, no mínimo. 

- Certo. Simples assim – ela se fazia de difícil, mas por dentro estava saltitando de alegria - Você está conseguindo me convencer que isso realmente pode funcionar. Estou me sentindo uma idiota.

- Sentir-se idiota é bom. Toda pessoa apaixonada é um pouco idiota. Um dos melhores efeitos do amor, Kate. Não me importo por fazer papel de bobo para você.

A garçonete chegou com o pedido justamente quando Kate pretendia agarra-lo novamente. Ela esperou a moça se afastar para inclinar seu corpo na direção dele para beija-lo, dessa vez sem qualquer reserva. As mãos de Castle passeavam pelo corpo dela apreciando a silhueta esbelta da mulher a sua frente. Sentia a temperatura aumentar à medida que aprofundava o beijo e colava seu corpo ao dele. Seu cérebro começava a entrar em um estágio lento, enquanto a umidade se formava em seu centro. Ela quebrou o beijo antes que se sentisse compelida a arrancar a camisa dele ali mesmo. Suspirando profundamente, Castle tomou fôlego bebendo um pouco do milk-shake. A pressão nas suas calças tiraram um pouco do raciocínio lógico. Mesmo assim, ele era capaz de insinuar exatamente o que queria.

- Sabe, Kate. Se esse é o nosso décimo encontro tem algo faltando. Na regra dos relacionamentos, as pessoas normalmente já experimentaram, você sabe, algo mais intimo e...

- Não diga mais nada, Castle. Peça a conta e mande embrulhar tudo para a viagem.

Em quinze minutos, eles estavam em um taxi. Kate deu seu endereço com uma simples explicação, morava sozinha. Em seu apartamento, ela o puxou pelo paletó empurrando-o contra a parede da sala. Suas duas mãos seguravam o rosto dele envolvendo-o em um beijo intenso enquanto seu corpo o pressionava contra o concreto. Novamente, ela pode apreciar o toque das mãos firmes em seu corpo, cintura, costas, Castle despiu o blazer que ela vestia. Os dedos dela passeavam vagarosamente pelo seu peito e o mero toque despertava o desejo de sentir a pele dele com suas mãos.

Ele trocou de posição encurralando-a contra a parede. Os lábios devoravam seu pescoço. Kate pode sentir a excitação do membro pressionado contra si. Gemeu ao senti-lo afagar seus seios. O paletó dele estava no chão. Os lábios de Castle começaram a descer beijando e provocando mesmo sobre a roupa. Perdeu um tempo considerável brincando com um dos seios enquanto o outro era acariciado pelo polegar que roçava sobre o tecido instigando e enrijecendo um dos mamilos, deixando-a ainda mais excitada. A voz saiu rouca e sensual.

- Muitas roupas... Castle...

De repente, ela o empurrou afastando-o de seu corpo. Ele pode perceber as pupilas dilatadas revelando o tamanho do desejo que a dominava. Kate o puxou pela gravata guiando-o até o quarto. Rapidamente desfez o nó, livrando-se da peça. Em seguida, retirou a própria blusa como um incentivo para Castle fazer o mesmo. Bastaram uns segundos para estarem praticamente nus, exceto pela calcinha e o boxer. Aproximou-se dela tomando-a em seus braços. O contato de pele contra pele nunca pareceu tão gostoso. Castle estava quente. Ele ansiara por tocar aquela pele. Erguendo-a pela cintura, colocando-a cuidadosamente sobre a cama.

Não tinha pressa para explorar aquele corpo. Ela era ainda mais linda sem roupa. O corpo firme e bem delineado, a pele extremamente macia como seda o encantava. Usando os lábios sentiu o perfume tão característico da pele. Cerejas. Sorriu ao circular um dos mamilos com sua língua antes de sugar-lhe o seio completamente arrancando gemidos dela fazendo-a arquear o corpo. Descia vagarosamente beijando o abdômen, o umbigo vendo o corpo dela se contorcer em antecipação ao que estava por vir. Mas Castle a surpreendeu tornando a colocar o peso do corpo completamente sobre ela, beijando-a carinhosamente. Kate conseguia sentir a umidade em seu centro aumentar, ansiando por tê-lo dentro de si.

Castle distraiu-a o suficiente para sorrateiramente retirar a calcinha preta que ela usava. Livrou-se do próprio boxer, mas não ia apressar as coisas. Tinha um desejo em mente a ser realizado antes de se lançar dentro dela. Kate afastou as pernas gemendo ansiosa pelo toque e pelo orgasmo. Então, Castle a provou. Com sua língua, ele fazia maravilhas. Ela agarrou-se aos lençóis, fechando os olhos deixando-se levar pelas sensações que invadiam seu corpo. O tremor espalhou-se pelo seu corpo, ainda sob os efeitos da boca de Castle até que a explosão aconteceu. Arqueando o corpo, sentiu a palma da mão dele deslizar de seu estomago até o meio de seus seios ao mesmo tempo, ele a penetrou. Kate gemeu prazerosamente com aquele encontro. Fazia muito tempo que não se sentia tão bem. Ela já tivera alguns parceiros, bons parceiros. Mas, agora sentia-se totalmente diferente. Seu corpo fora inundado por um prazer inigualável. O toque das mãos dele energizavam sua pele, seu corpo. Como uma descarga elétrica capaz de deixa-la zonza e completamente entregue a ele.

O ritmo dos movimentos era suficiente para atiça-la. Para desejar seu beijo. Ele mordiscou o queixo dela antes de beija-la mais uma vez. Sentia que estava próxima de receber outro orgasmo. Sabendo disso, ele roçou seus lábios nos dela pedindo.

- Abra seus olhos, Kate. Olhe para mim – ela obedeceu. Um sorriso lindo se formara naquele rosto de porcelana, beijou-a novamente, penetrando-a mais profundamente – entregue-se, babe... apenas sinta. Kate gemeu seu nome recebendo a onda de prazer tremendo por baixo dele. Castle a acompanhou debruçando-se sobre o corpo dela.

A cabeça dele entre o ombro e os cabelos dela, podia sentir a respiração descompassada causada pelo desejo satisfeito há pouco. Deslizou para o lado da cama dando espaço para que ela se recuperasse. Nem bem atingiu o colchão, ela se acomodou sobre seu peito, fechando os olhos. Os dedos seguiram para cima e para baixo acariciando o peito dele. Sentiu os dedos dele em seus cabelos. Sorria da loucura que acabaram de cometer, estava muito feliz por tê-la cometido. Dando um rápido beijo no tórax, ela se levantou da cama. Castle se perguntara aonde ela ia com tanta pressa.

Minutos depois, ela retorna com uma bandeja. Os sanduiches e os milk-shakes arrumados cuidadosamente. Ele se sentou na cama enrolado nos lençóis. Ela colocou a bandeja na frente dele sentando-se ao seu lado.

- Eu não sei quanto a você, mas estou morrendo de fome – pegou o seu milk-shake erguendo-o a sua frente, ele entendeu que deveria fazer o mesmo – então, tecnicamente esse é o nosso décimo primeiro encontro, acha que chegamos ao vigésimo, Castle?

- Vigésimo? Pense em centésimo. Eu aposto que passamos disso. Se depender de mim, você está presa a mim pela vida toda, detetive Beckett.

- Pela primeira vez, eu não quero provar que está errado, Castle – eles brindaram com os milk-shakes e sorrindo comeram os sanduiches gordurosos e saborosos em meio à troca de carícias que terminaram por leva-los a outra sessão prazerosa, fazendo amor até o amanhecer.          


THE END    


2 comentários:

cleotavares disse...

Ótimo. Quem dera que na série acontecesse metade disso.

Unknown disse...

Esse epi é um dos meus favoritos e agora ganhou um tempero a mais ñ?!
Acho muita graça com a piada que ela faz sobre os números, sim o bombeiro era um gato mas o Rick é o Rick. Ñ o trocaria por um batalhão de gatos gostosos e a primeira vez deles sempre me faz ficar com calor.
Parabéns Ká