quinta-feira, 19 de julho de 2012

[Castle Fic] Starting Over - Cap.9


Nota da Autora: Esse cap trata de decisões, confesso que me imaginei no lugar de Beckett. Ainda não sei se foi o melhor approach e se consegui passar tudo o que queria mas está feito. Aos ávidos por NC, calma, no proximo compenso vcs! Enjoy!




Cap.9

Gates desligou o telefone. Pensativa, ela sabia que o dia seguinte ia ser tenso. Não imaginava qual seria a resposta de Kate Beckett. Gostaria de acreditar no possível não, porém mesmo não conhecendo a ex-detetive tão bem, era capaz de imaginar Beckett se debatendo entre qual resposta considerar. Apesar de não comentar, ela tinha uma admiração pela mulher que era Kate Beckett. Sabia da condição que ela enfrenta todos os dias ao procurar vencer em um ambiente puramente masculino. Gates passou por muitos testes e sabia que em sendo Kate uma mulher inteligente e bonita, as insinuações sobre a forma como evoluiu na sua carreira sempre gerava aqueles comentários maldosos por parte de alguns membros da força. Beckett merecia seu respeito, principalmente agora que conhecera um pouco mais do passado dela.

Para o seu distrito, seria muito bom ter Beckett de volta. Porém, certamente a sua volta significaria que a detetive teria mais poder do que antes. E se já cometia algumas infrações antes, como ficaria nessa nova etapa? Victoria Gates poderia considerar Beckett uma ameaça exceto que ela não era. Uma mulher como Kate Beckett não desiste de seu distintivo, da sua carreira, porque sua superior a criticou ou xingou. Havia algo mais nessa história, algo relacionado a vida pessoal dela, as ameaças de morte sofridas, ao futuro de Beckett.

Pedir desculpas formais foi difícil para Gates apenas porque se tinha alguém capaz de fazer Victoria engolir seu orgulho e fazer aquilo, esse alguém era Kate Beckett.

XXXXXXXX

Naquela noite, após o jantar Kate comunicou para Castle que deveriam estar no distrito amanhã às 9h para a reunião com Gates e o Chefe dos detetives. Disse também que não ia fugir daquilo que já haviam combinado. Eles conversavam na cama. Castle que tinha um livro na mão apoiou-o nas pernas para prestar atenção a ela.

- Você já sabe como vai proceder realmente?

- Sim, apenas exporei os fatos como conversamos. A única reação que consigo imaginar é a de Gates. Não sei o que os demais irão pensar.

- Eu não me preocuparia.

Ela se aconchegou mais próximo dele colocando uma das mãos sobre o peito dele.

- O que sua editora falou sobre a parte do livro hoje?

- Que estamos no caminho certo. E as vendas de Frozen Heat estão indo muito bem. Além de musa, você me traz muita sorte.

Ela sorriu e beijou-lhe os lábios.

- Vamos dormir, amanhã o dia vai ser bem complicado.

- É descanse, Kate. Eu vou ler mais um pouco. Tenho que dar uma opinião sobre essa obra.

Ela tornou a beija-lo e virou-se de costas para ele, instintivamente ele deixou uma das mãos deslizarem sobre as costas dela, o que fez Kate adormecer quase instantaneamente.


12th Distrito


Assim que o elevador se abriu, Kate Beckett e Rick Castle saíram de lá de maneira imponente. O semblante dela estava bem sério do jeito como ela se mostrava quando estava prestes a interrogar algum assassino. Castle também estava concentrado. Ele tinha que estar preparado para trazê-la de volta a serenidade caso ela perdesse as rédeas da situação na frente deles, especialmente de Gates. Beckett ainda estava magoada com as opiniões da
Capitã sobre ela.

Beckett bateu na porta da sala de Gates levemente. A Capitã fez sinal com a mão para que entrasse. Dessa vez, estavam todos lá. O prefeito, o chefe dos detetives e ela. Cumprimentou-os.

- Bom dia a todos.

- Bom dia, Srta. Beckett. Sente-se – o chefe dos detetives apontou uma cadeira, em seguida viu que ela novamente não estava sozinha – Sr.Castle, fique à vontade também.

Quando estavam todos acomodados e olhando fixamente para Beckett, o silêncio no recinto era quase palpável. Ela sentiu um arrepio percorre-lhe a espinha. Era a hora da verdade. Quem falou primeiro foi o chefe dos detetives.

- Então, Srta. Beckett, acredito que já tenha uma resposta para nós. Poderia dividir seus pensamentos conosco?

- Sim, senhor. Antes de dizer a vocês minha decisão final, gostaria de explicar algumas considerações que me fizeram fazer isso. Acredito que o motivo correto para que eu tivesse entregado meu distintivo não tenha ficado claro para os senhores e por isso acabaram me chamando aqui para me oferecerem um trabalho. Naquele dia cerca de seis meses atrás, após quase morrer, estive bem aqui nesta sala de frente para a Capitã onde ela disse que eu era uma vergonha para a força. Porém, esse insulto não foi o motivo da minha demissão – Kate olhava séria para Gates, queria fazê-la sentir-se mal da mesma forma que fez com ela – não seria um insulto ou uma suspensão que me faria pedir para deixar a polícia, foi algo muito maior. Quase quinze anos vivendo crimes e os resolvendo a cada dia, dando conforto a muitas pessoas e vendo todos seguirem em frente com suas vidas enquanto eu estava presa ao passado,estagnada emocionalmente. Me entendam, não vivo de passado mas o simples fato de continuar a saber que não obtive um encerramento e justiça no caso mais importante da minha vida, era motivo de frustração para comigo mesma. Exatamente por causa desse caso, eu levei um tiro, virei um alvo e quase morri. Para que? Qual o sentido de tudo isso? Naquele momento eu percebi que estava deixando o distintivo me consumir e isso não podia acontecer. A minha cegueira quase fez eu perder momentos e coisas mais importantes na minha vida. Esse foi o motivo pelo qual pedi demissão, para viver.

Kate parou de falar por uns minutos. O chefe dos detetives e o prefeito permaneciam calados e sérios porém, ela quase podia ver um pequeno sorriso de satisfação no canto dos lábios de Gates. Suspirou e continuou.

- Diante de tudo o que expus, como os senhores acham que me senti ao ser arrastada até aqui e escutar vocês falando novamente sobre o meu tiroteio, meu algoz e o caso da minha mãe?  Vocês reabriram feridas, mexeram com sentimentos que eu deixei para trás da mesma forma que havia deixado o distintivo. Foi errado, completamente errado. Eu dediquei anos da minha vida pela NYPD e sai por aquela porta sem olhar para trás, de uma maneira jamais pensada. Sempre imaginei deixar o distrito a base de festas ou premiações. O que posso dizer?  A vida normamente não se apresenta da maneira que sonhamos ou gostaríamos. Eu não sou mais a mesma pessoa de antes. Kate Beckett mudou.

- Eu acredito que a Srta.Beckett está tentando dizer é que não deseja voltar ao 12th distrito. Não quer fazer parte do quadro da polícia de New York – Gates olhava primeiramente para Beckett e depois para cada um dos seus chefes, as autoridades naquela sala, ela quase sorria. Parecia tão segura de si, pronta para soltar foguetes diante do que ouvia – Beckett,tenho que reconhecer que você é uma mulher decidida e forte. Conheci poucas assim. Já havia lhe falado uma vez que se você se dedicasse, podia ter uma carreira brilhante na força. É uma pena que não considere esse seu futuro. Era uma ótima detetive.

Kate olhou para Castle e um sorriso de satisfação se formou no rosto dela. Agora sim ela se sentia corajosa novamente como sempre fora. Antes que ela pudesse continuar, o chefe dos detetives falou.            

- Então Srta. Beckett, sua resposta a nossa proposta é não. Está certa disso? Não há volta? É sua última palavra?

- Pelo que me recorde, eu ainda não respondi sua pergunta, senhor. Capitã, obrigada pelo elogio. Significa muito. Tenho apenas uma correção: eu sou uma ótima detetive. Tudo que aprendi sobre investigação, interrogatórios, análises continuam comigo, fazem parte da minha vida. Ainda tenho meu instinto de policial, o mesmo que me auxilia estando longe da polícia. É por esse motivo, senhores, que para eu voltar a esse distrito o farei mediante a algumas condições. Estão prontos para ouvi-las?

Dessa vez, foi Kate quem surpreendeu a todos. Castle podia ver a sensação de triunfo presente no rosto de Gates desaparecer como num passe de mágica dando lugar a rigidez que denotava a preocupação. Ele estava se segurando para não rir. Estava orgulhoso de ver a forma como Kate conduzia aquela situação.

- Estamos prontos para ouvir. Vá em frente.

Kate trocou olhares com Castle antes de continuar.

- Como expliquei anteriormente, minha vida mudou, meu foco. Portanto, não pretendo passar horas a fio no distrito. Quero horário flexível para que eu possa desenvolver meus outros projetos de vida. Não serei uma detetive em tempo integral, serei uma consultora que soluciona homicídios. O que eu quero dizer é que estarei ausente durante algumas horas do dia para me dedicar à carreira de advogada.

Como ninguém demonstrou desacordo, Beckett continuou.

- Segundo ponto: mesmo sendo uma consultora atuando como detetive, quero meu distintivo e minha arma. Afinal preciso de proteção, conforme os senhores mesmo já afirmaram. Enquanto estiver no distrito, quero estar mais presente as defesas e casos que vão à corte. Será uma espécie de treinamento para minha vida de advogada. Sobre o caso da minha mãe e o meu próprio, quero ser informada de todas as novidades. Quero saber qual o rumo das investigações e seu progresso. Posso aceitar não ter a sua autorização para investigar por conta própria desde que esteja a par de tudo. Sou a maior interessada.

Ela tomou um pouco de ar e tornou a falar.

- Em sendo consultora, fiquei pensando em como ficaria dentro da hierarquia da NYPD. Sendo assim, minha proposta é que eu responda diretamente ao chefe dos detetives e tenha a Capitã Gates como facilitadora. Também ficarei baseada aqui no distrito e portanto os detetives Ryan e Esposito dividiriam casos comigo, fazendo parte da minha equipe. Acredito que isso seria melhor para todos e também dará a Capitã a chance de trabalhar com a sua equipe visando um melhor sucessor para meu cargo de detetive sênior visto que meu tempo nessa volta a NYPD terá uma data pré-estabelecida. Meu contrato encerrará no dia em que solucionar ou o meu tiroteio, pegando o meu algoz, ou o caso de minha mãe. Nem um dia a mais nem um a menos.

- Por último e não menos importante. Minha volta a NYPD está condicionada a uma pessoa: Rick Castle. Quero ele reintegrado e apto a circular comigo nesse distrito como meu parceiro e consultor civil.

De todas as exigências da lista de Beckett, essa era a mais importante junto com o assassinato de sua mãe e aquela que ela não estava disposta a abrir mão. Era inegociável. Imaginava que a reação das pessoas na sala poderia ser positiva para alguns pontos e negativa para outros. Como num jogo de pôquer, ela montara uma estratégia que terminava com o seu lance mais alto. Castle era o seu all-in. Ela pode perceber a agitação e a linguagem corporal dos presentes e a julgar pelo que via, a discussão estava longe de chegar a um consenso. Depois de digerir as condições impostas por Beckett, o chefe dos detetives finalmente se pronunciou.

- São muitas exigências, Srta. Beckett. O que nos faz pensar novamente em quão boa negociadora você é. Entendemos que tenha outros objetivos de vida e suas colocações deixam claro isso. Você poderia nos informar se está disposta a negociar?

Castle mantinha seus olhos e ouvidos atentos à discussão. A cada minuto, ele se orgulhava mais de Kate. Ela conduzia a conversa com maestria e ainda mantinha o controle da situação. Observar como os demais encaravam tudo isso era a outra parte maravilhosa de ser espectador. Ele segurara o riso por várias vezes, tinha que manter a seriedade. Eles acabaram de deixar a bola quicando e Beckett não ia deixar barato. Tudo que Castle queria agora era um saco de pipoca, pois o show ia decolar.

- Sim, posso negociar algumas condições. Como o senhor pode observar, em nenhum momento falei de salário. Aceito receber por horas trabalhadas. Porém, há uma condição que eu não abro mão. Essa é inegociável.

- As informações do caso de sua mãe?

- Não. Castle. Não abro mão do meu parceiro.

Gates não aguentou ficar calada após essa ultima frase.

- Parceiro? Você considera esse civil um parceiro? Ele é um escritor de ficção! O que sabe de crimes e vida real? Estamos falando do prestigio de um distrito, da idoneidade da polícia de New York! Senhor, não está considerando mesmo essa possibilidade, certo?

- Com todo o respeito Capitã, o Castle nos ajudou a solucionar vários assassinatos no 12th. A senhora mesmo presenciou. Senhor, caso não aprove, estou fora. E ficando exijo respeito para mim e para ele. De outro modo, não vejo muito propósito para voltar a NYPD.

Aquilo foi o cheque mate de Kate. Ela sabia que o prefeito acataria e tinha 99% de certeza que o chefe dos detetives também. Castle tinha razão, Gates era voto vencido. O tempo fechara, apesar de estar muito tranquila, não podia dizer o mesmo do clima da sala. Beckett notou uma troca de olhares com o prefeito quase imperceptível antes de lhe dirigirem a próxima pergunta.

- Levando em consideração suas condições, eu diria que me preocupa sua dedicação ao trabalho. Tenho duvidas se você ainda encararia a função da mesma maneira visto que isso não parece ser uma prioridade para você.

- Senhor,sou uma profissional. Respeito meu trabalho e cumpro com minhas obrigações. Meu comprometimento não mudou. Caso eu volte ao 12th tem minha palavra de que durante o período que estiver aqui terá 100% da minha dedicação. Eu trato homicídios com muita seriedade, honro as famílias e os mortos. Já estive do outro lado e sei o quanto é difícil não obter respostas, viver no escuro. Pode contar comigo e com Castle.

- Senhor Prefeito, algum comentário?

- Apenas que confio no profissionalismo de Kate Beckett e não faço qualquer objeção para suas exigências.

Gates revirara os olhos. Sabia que era inútil, perdera essa batalha. Teria que aceitar não só a volta da detetive sem poder controla-la e geri-la como também teria que deixar livre o acesso do escritor que adorava brincar de detetive.

- Sendo assim, confirmo que estou de acordo com os termos.  Como procedemos daqui?

Beckett puxou uma pasta e entregou a ele.

- Eu tomei a liberdade de preparar uma minuta de contrato para facilitar. Leiam com calma, não tenho pressa. A propósito, estarei apta e disponível para começar em meados de novembro.

- Você pensou em tudo não, Beckett?  A pergunta vinda de Gates tinha o tom irônico mas a Capitã tinha que dar o crédito a ela. Soube conduzir muito bem a situação. Era realmente uma pena que Kate Beckett não quisesse seguir carreira na policia. Ela teria um futuro brilhante no mais alto escalão.

- Apenas para ajudar em acelerar o processo.

Castle segurava o riso. Como Beckett ficara assim tão cínica?

- Bem, encaminharei isso ao jurídico. Quando tiver um parecer, você será informada. Acredito estar tudo em ordem e para evitar que vocês voltem para mais uma audiência aqui no distrito, aviso sobre o status do contrato e você poderá assinar no seu primeiro dia de volta ao trabalho. Podemos agilizar algumas formalidades. Capitã, entregue a arma e o distintivo a Srta. Beckett. Creio que ela saberá cuidar muito bem desses objetos.

Gates respirou fundo e abriu a gaveta. Tirou de lá o distintivo e a arma que apreendera de Beckett. Entregou a ela. Beckett sem demonstrar qualquer atitude diferente, colocou a arma e o distintivo no bolso do casaco. Procurando encerrar a conversa, falou.  

- Nos vemos em 19 de novembro então, Capitã?

- Sim, detetive. Conto com você e com o Sr. Castle no 12th distrito.

- Obrigada. Senhores, se nos derem licença. Bom dia a todos.

E com essas palavras, Beckett e Castle deixaram a sala rumo ao elevador.

Gates se deixou despencar na cadeira. Essa foi uma das reuniões mais estressantes que já vivenciara na NYPD.

- Espero que estejam satisfeitos.

- Estamos, por hora. Precisamos nos dedicar ao caso dela e da mãe. Desatar os nós e desvendar essa corrupção. Você precisa comunicar a sua equipe sobre a volta deles. Conto com sua discrição e liderança para conduzir esse distrito para sua normalidade.

- E Capitã Gates, - era o prefeito que falava -  isso inclui o bom tratamento a Rick Castle e a detetive Beckett. Passar bem.

E ambos deixaram Gates a sós com seus pensamentos.

XXXXXX

Beckett manteve a compostura e a pose de detetive até chegar ao carro. Quando se viu sozinha com Castle, ela abriu o sorriso e voou para encontrar os lábios dele. Ela o abraçou com vontade e deixou o riso escapar, aliviada após quase três horas de reunião. Castle não aguentava mais segurar seus comentários.

- O que foi aquilo? Você simplesmente os colocou no bolso! Eu sabia que você era boa em interrogatórios e poker mas você arrasou como negociadora e devo acrescentar que deixou Gates muito irritada e eu extremamente excitado. Aquilo foi quente...

- Castle!

- Mas foi! Sexy, poderosa e excitante. Ah, Kate... você me deixa zonzo.

- Cala a boca, Castle e dirige! Quero ir para casa – apesar do tom autoritário ela sorria. Beckett estava realmente preocupada com a reunião e agora que tudo passara, ela poderia respirar um pouco.

Chegando em casa, ela tirou o casaco e se jogou no sofá. Castle sentou-se ao lado dela procurando apertar a mão dela na sua. Sorria. Beckett fechou os olhos por um momento e suspirou. Ele sabia que ela tinha voltado atrás na sua decisão tomada e aquilo não a agradava totalmente. Os motivos pelos quais aceitara voltar a NYPD não estavam relacionado ao trabalho de detetive propriamente dito, devia-se ao fator segurança. Ambos temiam pela vida dela e estar vinculada a NYPD era uma maneira de controlar mesmo que parcialmente a sua condição de vítima. Maddoxx fizera dela um alvo e não desistira facilmente.

- Hey... está tudo bem por hora. Você fez a coisa certa.

- Espero que sim, Castle. Essa foi apenas a primeira parte. Não sabemos o que virá pela frente...

Ela pegou no casaco o distintivo, passou o polegar sobre o numero 41319, sentiu uma certa nostalgia misturada a emoção. Fizera tanto por aquele símbolo, tanto por vítimas, famílias. Por um outro espaço de tempo, teria a chance de fazer um pouco mais. Torna a olhar para ele.

- De repente, será bom voltar por um tempo. Ajudar pessoas – ela entrelaçou seus dedos aos dele – estou com medo, Castle. Não tenho ideia do que pode acontecer.

- Eu sei, Kate. Também estou com medo, não esconderei isso de você. Temos um ao outro, agora mais que antes e isso faz toda a diferença. Vem, vamos subir e relaxar um pouco.

De mãos dadas, eles subiam as escadas. Castle se virou para ela e comentou.

- Estou pensando seriamente em reproduzir aquela cena de hoje no meu livro. Acho que ficaria muito boa. Eu realmente não esperava aquele lance do contrato. Me pegou, Kate. Que sacada! Aposto que muitos leitores acharão sexy o jeito de Nikki Heat.

- Sério, Castle? O que foi? Está faltando imaginação para escrever cenas quentes?

- De jeito nenhum! Se bem que aceito sugestões...

E eles seguiram para o quarto.


12th Distrito


Esposito acabara de chegar ao distrito. Tinha ido ao necrotério e se programado de voltar para casa com Lanie não fosse o telefonema que recebera de Ryan. Porque diachos Gates queria fazer uma reunião no fim do expediente? Só falta ser para dizer que os indicadores do distrito estão ruins blablabla.... como se todos já não soubessem disso. Ele nem entendia porque ainda não tiraram a Capitã de lá.

- Hey, bro! O que é isso agora? O que a Iron Gates pretende dessa vez?

- Não tenho ideia mas disseram que a Beckett esteve por aqui hoje de manhã.

Gates se aproximou do centro do salão e fez sinal para todos se aproximarem. Respirou fundo e preparou-se para dar a noticia a sua equipe.

- Senhores, prometo não tomar muito o tempo de vocês. Farei apenas um comunicado. Como já expus para vocês anteriormente, os números do nosso distrito não vão bem. É certo que deram uma melhorada nas ultimas semanas porém estamos longe de chegar a nossa performance ideal. O motivo de reuni-los é para informar que teremos dois reforços adicionais no nosso time a partir de meados de novembro. A NYPD contatou a ex-detetive Kate Beckett e ela concordou em retornar ao 12th por um tempo determinado.

A reação das pessoas foi super positiva. As vozes aumentavam comentando a novidade, alguns assobios foram ouvidos e ficou visível para Gates o quanto Beckett era admirada e querida pela equipe. Ela viu Ryan erguer a mão provavelmente com alguma pergunta. Ela fez sinal para ele ir em frente.

- Capitã, a senhora mencionou dois reforços... quem é o segundo?

- Bem, estaremos admitindo novamente o Sr. Castle como consultor civil. Alguém tem mais uma pergunta? Se não estão dispensados. Exceto Ryan e Esposito, quero vocês na minha sala.

Eles se entreolharam e sorriram. A primeira vista, tudo parecia se ajeitar, voltar a ser como antes. Apesar de acharem essa situação um pouco estranha pela ultima conversa com Beckett, era bom poder contar com ela de volta ao distrito. Assim que fecharam a porta da sala de Gates, ela começou a falar.

- Muito bem, vamos esclarecer algumas coisas. A volta da Detetive Beckett é temporária por esse motivo as regras são muito claras. Vocês trabalharão novamente com ela mas não fiquem dependendo dela. Vocês precisam desenvolver-se, podem sugar experiências e todo o tempo que ela estiver nesse distrito. Um de vocês deverá estar apto a assumir a vaga dela quando se for. Fui clara?

- Quanto tempo Beckett ficará conosco?

- Isso Detetive Ryan, não posso revelar. Apenas digo que será temporário. Vocês não me responderam, entenderam que sua responsabilidade é para comigo e esse distrito?

- Sim, senhora.

- Ótimo. Estão dispensados.

Eles deixaram a sala de Gates e Esposito foi logo falando.

- Tem algo que Gates não está nos contado. Precisamos falar com Beckett.


XXXXXXX


Ela estava deitada no sofá com a cabeça no colo de Castle. Tinha os últimos capítulos escritos por ele nas mãos. Estava absorta nas palavras enquanto Castle ocupava-se com o ipad nas mãos. Vez ou outra, ele acariciava os cabelos dela ou deslizava a mão até onde alcançava do corpo dela. Ela comentava algumas partes da leitura ou ria das tiradas engraçadas. O celular de Beckett começou a tocar. Levantou-se e pegou o aparelho na mesinha.

- Esposito... oi! Tudo bem? Ela olhou para Castle que erguia a sobrancelha sem entender. Kate continuou a escutar o que ele queria. Tapando o autofalante, ela sussurrou a Castle “Gates contou para eles...” e viu Castle arregalando o olho – Sim, Espo, é verdade. Estaremos voltando a equipe por tempo determinado.... sei...não prefiro não falar por telefone – ela viu que Castle estava sinalizando a ela querendo chamar sua atenção – Um minuto, Espo.
- O que foi Castle?

- Acho que devemos uma explicação a eles e não poderemos fazer isso no distrito. O que acha de irmos – ele consultou o relógio – daqui a meia hora no Old Haunt? Lá podemos conversar com mais calma. Diga para ele chamar Ryan.

- Espo, Castle está sugerindo que nos encontremos em meia hora no Old Haunt. Chame Ryan e Lanie claro – ela escutou o amigo confirmar e se despediu – ok, até mais tarde.

- Melhor abrirmos o jogo com eles, assim quando sairmos eles já estarão preparados. De certa forma, podemos nos divertir um pouco e também comemorar.

Ela franziu o cenho – Comemorar?

- Sim, temos que tirar proveito da nossa volta ao distrito, estaremos entre amigos. Resolveremos casos como parceiros, e devo acrescentar, agora em todos os sentidos e hoje tivemos um ótimo resultado. Vamos, Kate, precisamos ver o lado bom de todas as coisas...

- Só você mesmo para pensar dessa forma, Castle. Ela sorria.


The Old Haunt


Castle e Beckett já estavam no bar quando Esposito chegou acompanhado de Lanie. Após se cumprimentarem, sentaram-se à mesa e Castle logo providenciou os drinks. Estavam bebendo vodka mas Esposito preferia a cerveja. Conversavam um pouco enquanto esperavam por Ryan e a esposa. Quinze minutos depois, eles finalmente chegaram.

- Então, vocês dois, desembuchem! Afinal o que aconteceu em tão pouco tempo para vocês mudarem as decisões de vida de vocês?

- Direto ao ponto não, Ryan? O que a Gates disse a vocês?

- Disse que teríamos dois reforços temporários no distrito. Vocês precisavam ver a reação do pessoal! Eles vibravam ao saber que você estaria de volta, Beckett. A Iron Gates não gostou nada de presenciar aquilo.

- Ui! Depois do que ela já tinha enfrentado hoje não deve ter gostado mesmo.

- O que aconteceu hoje?

- Fomos ao distrito confirmar a nossa volta, se bem que é melhor começar a história do inicio. Lembra aquela vez que fomos ao distrito sem saber o que Gates e o tal chefe dos detetives queriam com a Kate? Pois é, eles falaram do motivo da demissão dela, do que aconteceu depois da saída dela do distrito com o caso da sua mãe e seu tiroteio. Eles falaram que não avançaram nas investigações mas que o caso foi reaberto e será acompanhado pessoalmente pelo Chefe dos detetives. Essa não foi a melhor parte.

- Eles convidaram você para voltar, Kate? Foi isso? Lanie perguntou. Mas Castle não deixou ela responder. Continuou contando a história de um jeito que só ele sabia fazer.

- Não!!! O chefe dos detetives fez a Iron Gates se desculpar formalmente! Vocês precisavam ver a cara dela. apertaram as mãos e sabe aquele olhar fatal da Beckett? Ela fuzilou a Gates.

Eles não se aguentavam de ver a forma como Castle contava o ocorrido e riam muito.

- Foi ai que ela convidou Beckett para voltar?

- Não, o convite partiu do Chefe. Ela com certeza estava odiando tudo aquilo. Eles fizeram a proposta e Kate disse que ia pensar.

- O que a fez mudar de ideia? Você estava tão decidida a seguir a carreira de advogada, ajudar Castle com os livros... estou surpresa mesmo Kate! Disse Lanie.

- É, eu imaginava que essa seria a reação de vocês. Surpresa. Não foi uma decisão fácil, acreditem. Eu e Castle ponderamos cada aspecto antes de tomarmos a decisão. Nós não voltamos porque essa é a minha carreira, algo que eu não possa me imaginar sem. Como já havia falado para vocês, meu foco não mudou. A polícia não é meu futuro. Continuo estudando e trabalhando com Castle. O que nos levou a voltar para o distrito foi algo um pouco mais complicado. Depois de quase morrer, fui ameaçada. Fiquei marcada. O tal Madoxx não desistiu de me caçar, eu apenas sai de cena por um tempo sei que ele virá a minha procura. Por isso aceitei voltar a NYPD, por proteção. Não que isso garanta alguma coisa, o modo como olhamos a proteção é de certa forma ilusória. Se ele quiser me enfrentar e terminar essa história, ele me achará. O chefe dos detetives ofereceu proteção e o cargo de detetive. Eu aceitei mediante algumas condições.

- É daí que vem o lance do temporário?

- Sim, assim como não estarei com 100% do meu tempo para o distrito.

- Ah, Kate. Você conta de uma maneira sem emoção! Kate fez uma série de exigências, ela dominou a conversa e hoje vi Gates quase morrer com as condições impostas. Foi sexy...

- Castle, quer parar com isso?

- Mas é verdade! Ela tirou a Gates do sério principalmente quando exigiu que eu voltasse com ela para o distrito. Ela colocou essa como a condição mandatória, inegociável. Sabe como é, ela não consegue mais viver sem mim.

Castle olhou para ela sorrindo e arqueando as sobrancelhas. Kate revirou os olhos e mesmo sorrindo discordou dele – Já tínhamos combinado todas as condições, incluindo essa. Concordamos que era uma forma de fazer Gates aprender a lição. Para ela pensar duas vezes antes de querer menosprezar alguém. Tem outro ponto, ela não é minha chefa, apenas facilitadora. Respondo diretamente ao chefe dos detetives.

Ryan e Esposito se entreolharam. Agora as coisas começavam a fazer sentido.

- Foi por isso que ela nos chamou com aquele papo de que devemos trabalhar com a Beckett mas que responderemos a ela. Deve estar com medo de perder as rédeas dentro do distrito.

- Isso ela pode ficar despreocupada. Não quero o lugar dela, nem o de ninguém. Fui bastante clara quanto a isso.

- Quanto tempo Beckett? Ryan perguntou.

- Não sei ao certo, vai depender das investigações. A condicional para deixar o 12th é a resolução do meu caso ou do da minha mãe. Em outras palavras, apenas ficarei tranquila quando souber que meu maior inimigo está atrás das grades ou morto.

Todos eles balançaram a cabeça em concordância. Castle pediu mais uma rodada de drinks e resolveu dar um tom mais animado ao assunto do dia. Imitando as falas de Gates, ele divertia os rapazes e acabava por arrancar risos de Lanie e Beckett o que renderam a ele alguns beijinhos. Entre amigos, Kate esqueceu-se de vez do peso incontestável daquele dia. Independente de quem fosse o chefe deles, ela sabia que sempre poderia contar com a lealdade de seus amigos.


XXXXXXXX


Apartamento de Castle


Cansada, Beckett foi logo trocando de roupa para se jogar na cama. O corpo moído de tensão, foi amortecido pelo álcool consumido no bar. Tudo que ela precisava agora era de um banho rápido e ficar debaixo das cobertas. Saiu do banheiro já de pijama e estranhou o fato de Castle não estar por perto. Ela estava sem disposição para descer as escadas e procurar por ele. Talvez tenha decidido escrever. Assim que deitou, o sono a dominou.

Sentiu algo puxar suas cobertas fazendo-a arrepiar por causa do vento frio. Reconheceu o aroma do perfume no ar ao mesmo tempo que recebeu um beijo na nuca. Sorrindo abriu os olhos. Ele se aninhou perto dela e falou após outro beijo no rosto.

- Nem faz uma hora que chegamos e você já está dormindo? Eu nem agi essa noite para você estar tão arrasada!

Ela virou-se para ele rindo – Oh, Castle... o dia foi bem difícil, muita pressão e adrenalina.

- Então você vai dispensar a sua dose de endorfina de hoje?

- Uma parte sim, mas isso não impede de você me dar um bom beijo de boa noite não?

Ele inclinou-se sobre ela e sorveu os lábios com vontade. As línguas se cumprimentavam como se não se encontrassem há décadas. Mesmo com o cansaço a urgência por beijos de Castle sempre a animava. Kate envolveu seus braços ao redor das costas dele e acariciava sentindo os músculos flexionarem-se aos movimentos. Ela não sabia dizer quanto tempo eles ficaram executando essa dança de braços, pernas e lábios. Ela apenas sabia dizer que por causa deles, dormira ainda mais relaxada descansando sua cabeça no peito dele.


Continua......


4 comentários:

Caline disse...

Eu adorei esse capítulo! Adorei o fato da Kate continuar ajudando o distrito apesar de querer ter a sua própria carreira, e, claro, sempre junto com o Castle! Espero que essa 5ª temporada tb mostre esse outro lado dela, o que seria a vida dela sem o assassinato da mãe. Continua :) Adoro suas fics!

Eliane Lucélia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliane Lucélia disse...

Hi, deixa eu pagar minha dívida, antes quero dizer que já havia lido o cap, li um dia depois da postagem, quis pensar um pouco e lê novamente antes de comentar, mas vamos lá, no cap anterior eu disse que sabia qual seria a decisão de Kate, acertei em partes, ela esta voltando para o distrito, mas como uma "consultora" e por tempo determinado, é aí que a coisa pegou pra mim, não gostei, sei que posso estar colocando o carro à frente dos bois, mas sério mesmo, não consigo ver Kate não sendo uma detetive, o distintivo é a identidade dela, não que ela não possa estudar, se aprimorar, mas sendo uma policial, talvez eu esteja projetando, vendo outra personagem ao invés de Kate Backett, mas é o que vejo no momento. Não a vejo aceitando voltar para a polícia apenas por proteção, essa não seria Kate Beckett, até porque a polícia a protegeria mesmo se ela continuasse a ser uma civil, não sei, sei que posso estar olhando muito em uma direção apenas e esquecendo de olhar para os lados, mas é como eu a vejo, para mim Beckett é o distintivo e o distintivo é a Beckett, sem isso ela é meio sem rumo, meio sem cor, monótona. Volto a repetir, posso estar colocando o carro à frente dos bois, e sei que os próximos cap irão me responder, se eu devo ou não pedir desculpas por neste momento estar me mostrando uma pessoa de "pouca fé". Bom essa é minha opinião no momento, mas vamos ver o que vem pela frente. Ok bjosss

Obs. "Pouca fé" não na escritora, nela eu confio plenamente, "pouca fé" em uma situação que pra mim neste momento, não consigo enxergar além do que vejo agora, mas sei que posso ser surpreendida.

val disse...

Esse cap foi uma calmaria só...depois do encontro com a fera Gates.
gostei do jeito que a Kate se opôs e fez suas regras, foi bem assim se queiser é do meu jeito se não vão a #$%*&$!
O castle todo assanhando como sempre,eu penso todo dia cap um Season 5 eles dois se beijando...jesus eu realmente preciso que Agosto acabe logo.
voltado a fic maravilhosa...eles estão afinadissímos uma sincronia só, acho que um não vive mais sem o outro, pelo jeito que ela disse que só voltaria com o parceiro e consultor só esqueceu de mencionar lover, pq isso ele com certeza é.