Nota da Autora: Temos visita no 12th distrito e o capítulo continua no rumo do angst psicologico! porém, acredito que vocês irão gostar de algumas colocações feitas nessa história. A base é o episódio Nikki Heat, tomei a liberdade de mudar algumas falas e acrescentar o que era importante em termos de relacionamento. Talvez não tenha ficado exatamente como imaginei, dor de cabeça e febre são pessimas companheiras de escritores...
Dana está quase sem argumentos para fazer a cega da Kate enxergar a luz mas...............
O angst continua e o fim da viagem parece próxima... ou não! Enjoy!
Cap.21
Kate estava em
casa quando o celular tocou anunciando que tinha um novo caso. Era a hora de
voltar a por sua ideia em pratica. Ligou para a atriz e em seguida para Castle.
O que Kate não imaginava era que trazer Nathalie para seu universo se mostraria
uma tarefa bem difícil de encarar.
Na cena do
crime, ela foi a primeira a chegar. Castle se atrasara um pouco o que era ótimo,
pois fora interceptado por Ryan mostrando o anel que comprara para pedir Jenny
em casamento. Empolgado, ele começou a sugerir milhares de pedidos loucos desde
balão até escrever no céu ou em um telão. Vendo a discussão dos dois, Beckett
se meteu. Na sua opinião, nada melhor que um momento íntimo.
- Então, ele
tem que ser chato e apenas perguntar “Quer casar comigo?” – no momento que fez
isso, mostrava o anel para Kate causando uma certa surpresa ao vê-lo a sua
frente com aquele anel. Evitando piorar a situação, Kate retrucou o passeio de
helicóptero e focou no assassinato. A vítima era uma casamenteira de luxo. Ela
estava numa festa feita pelos casais que ela uniu. Saiu antes das dez. A hora
da morte está entre dez e onze da noite, as chaves dela estavam sumidas.
Beckett pediu para entrevistarem os casais.
Um carro
grande e chamativo parou bem na cena do crime deles. Castle até brincou ser uma
visita surpresa do prefeito, mas Beckett estava lá para surpreendê-lo.
- Nossa! É
Nathalie Rhodes – exclamou Esposito.
- Com certeza.
Aparentemente ela está fazendo Nikki Heat.
- O que ela
faz aqui? – perguntou Castle.
- Ela ligou e
pediu para me acompanhar por um tempo. Ela queria uma sensação fiel de como é
ser Nikki seguindo a pessoa que inspirou Nikki.
- E você disse
sim? – Castle estava realmente surpreso vendo Nathalie se aproximar.
- Disse –
Beckett respondeu com um sorriso.
- Detetive
Beckett, meu Deus! Você é exatamente como imaginei que Nikki Heat se pareceria.
- Nathalie,
esse é Richard Castle. E este o detetive Javier Esposito – ela cumprimentou aos
dois sem dar muita importância.
- Só para que
saiba, detetive, sou bem metódica. Então tudo se refere a entrar em você, o que
começa com observação e anotação.
- Bem, observe
e anote então. Já estou acostumada – disse olhando para Castle. O escritor
estava intrigado com o fato da atriz não ter apreciado ou mesmo bajulado sua
pessoa.
- Desculpe,
acredito que não ouviu, sou Rick Castle. Eu escrevi Heat Wave.
- Achei que
seu nome soava familiar – novamente a atriz não dera muita importância para
Castle. Beckett tornou a dar ordens aos rapazes e explicar a Nathalie como a
investigação funcionava em sua volta ao distrito. Porém, não era todo dia que
se recebia alguém de Hollywood ali. Ninguém queria perder a oportunidade de
observa-la.
- Sinto muito
pelas encaradas. Já falei com eles, mas é que... não é todo dia que temos
alguém famoso aqui – ela percebeu a cara de desdém de Castle. Impagável – Ouçam,todos.
Essa é Nathalie Rhodes. Ela me acompanhará por um tempinho, então se querem
ficar babando, superem isso para que possamos voltar ao trabalho.
- Se alguém
quer uma foto ou um autografo, venham cá – disse Nathalie jogando o casaco e a
bolsa sobre os braços de Castle. Beckett estava satisfeita com a ideia de
chamar a atriz para sua companhia. Era óbvio que isso estava mexendo com Castle
ainda de maneira nada prazerosa, mas ela pretendia virar o jogo a seu favor.
Ele chateado reclamou com a detetive.
- Não acredito
que disse que tudo bem ela nos seguir sem me consultar antes.
- Não “nós”,
Castle. Eu.
- Você gosta
dela, não?
- Gosto.
Pensei que você ia ficar feliz em ver uma atriz como Nathalie circulando por
aqui para aprender comigo. Quero ajudar a dar autenticidade a Nikki, afinal ela
é inspirada em mim, certo? Além disso, o jeito que ela decapitou zumbis com a
espada de samurai foi bem legal – Beckett reparou no sorriso dele. Castle
gostou de ver a iniciativa dela quanto ao interagir com seu filme e se mostrar
interessada, mesmo assim ele não conseguia enxergar Nathalie como sua Nikki,
fora assim desde que o diretor apresentou sua preferência por ela. Talvez a não
aceitação da atriz resumia-se ao simples fato de que ele apenas conseguia ver
Beckett como sua Nikki.
- Mas não faz
dela Nikki Heat – de repente, Castle começou a falar de Nikki e obviamente
estava falando de Kate – Nikki Heat é elegante, complicada, ele é a fantasia de
todos os policiais.
- Não pode
julgar um livro pela capa – disse Beckett se divertindo com a forma que
descrevera a personagem.
- Na verdade
eu posso quando o livro é meu. Ela é uma civil. Não teme que fique no caminho e
estrague o caso?
- Está
brincando não é? – Beckett revirou os olhos diante do comentário de Castle. Beckett
jogou o casaco sobre ele também e chamou Nathalie para a sua primeira
entrevista. Durante o momento, ela explicava como as coisas funcionavam, ela
gostava de algumas frases de Beckett e apesar de todos os esforços do escritor,
nenhuma das suas frases foi copiada pela atriz. Durante a entrevista, eles
confirmaram que nenhum dos casais teria motivo para mata-la, a assistente
levantou o caso do namorado que Stacey brigara e dispensara e Brad dirigia o
mesmo tipo de carro que fora visto na cena do crime tecnicamente pegando a
vítima.
Ao ser
interrogado por Beckett. Brad jurou que não matara e nem arrombara o seu
escritório em busca de algo. Fora traído por Stacey o que poderia ser um ótimo
motivo para matar, não? Ele a seguiu e sabia que o cara era um pobretão. Na
noite do assassinato, ele a confrontou mais uma vez, quando ela estava prestes
a entrar no carro dele, recebeu uma ligação e sumiu. Enquanto fazia a
entrevista, Nathalie observava o jeito da detetive trabalhar, estava encantada.
Ao perguntar se ela havia gostado de Heat Wave, Castle fez uma descoberta nada
agradável, ela não lera seu livro. Para ele, um verdadeiro crime. Eles
confirmaram o álibi do ex-namorado. Depois de receber algumas novas informações
sobre uma chave desconhecida que podia explicar o motivo do assassinato, foi a
vez de Beckett fazer uma parada para um café com Nathalie.
Estavam
conversando descontraídas quando a atriz começou a falar sobre Beckett. Ela já
tinha observado muitos pontos interessantes sobre Kate.
- Você é incrível!
Na verdade já saquei alguns de seus segredinhos – disse Nathalie.
- Sério? Tipo
o que? – perguntou Beckett colocando o cabelo para trás das orelhas.
- Essa coisa
que faz, de pôr o cabelo atrás da orelha, é para distrair quem está falando com
você. Dá alguns segundos extras para pensar no que dizer.
- Sério? Não
sabia disso – Kate não podia esconder que estava impressionada pela rápida
leitura que fizera dela.
- É, e tem
esses sapatos loucamente altos. Deus, deve ser horrível correr com eles. Não
admitiria, mas é difícil ser uma mulher atraente em uma profissão cheia de
testosterona. Te dão estatura. Quando os caras têm que olhar, literalmente,
para cima. Uma vantagem psicológica.
- Está certa
sobre os saltos e a estatura. Mas não é porque eu precise. É porque gosto.
Elas foram
interrompidas por novas pistas do caso. Porém, isso não impediu que Beckett
ficasse intrigada com a forma que a atriz analisava-a, começava a pensar se
teria sido uma boa ideia. De uma coisa já tinha certeza, Castle não estava nada
satisfeito com os comentários de Nathalie ou mesmo a atenção que Kate vinha
dando a atriz e não a ele.
Continuaram a
investigação e a pista levou-os a um possível cliente. Beckett mandou Esposito
checar as informações. Castle e Nathalie conversavam sobre ela.
- Ela é muito
esperta. Sexy, dominante. Um belo dia, talvez eu seja um dos três.
- Para isso
que está aqui, não é? Aprender o jeito de Beckett?
- Estou
tentando. Nikki é uma personagem tão interessante e complexa. Só quero
entendê-la direito, sabe? – aquele comentário surpreendeu Castle.
- É verdade
que morou no porão de sua casa por uma semana para se preparar para "Porão
do Inferno"?
- Não. Um mês.
Eu disse aos tabloides uma semana porque não queria que me achassem obsessiva –
certo, ele estava impressionado.
A próxima
pista revelou o que a chave abria e com ela, Beckett encontrou uma bolsa cheia
de dólares. Pelo menos cem mil. Então, Nathalie deu uma boa pista, o registro
da bolsa. Como custavam seis mil dólares eram todas registradas através de um
numero de serie. E eles chegaram a um nome. Tonya Wellington.
- Você pode
ter acabado de solucionar este caso.
- Sério?
- É.
- É viciante,
não? A adrenalina de resolver um crime?
- É. Não
consegui isso através do roteiro.
-É. Você deve
mesmo ler o livro – ele tinha que insistir e a resposta, valeu a pena.
-Eu
definitivamente irei.
Quando os
rapazes voltaram com a informação de que Tonya e o marido estavam na lista de
Stacey, as coisas ficaram confusas ate afirmarem que eles declinaram o convite.
Beckett ficou mesmo animada e com uma pose ordenou que os rapazes trouxessem a
suspeita para investigação. As reações entre estranho, assustador e sexy de
cada um dos rapazes incluindo Castle, pegou Beckett de surpresa, Nathalie
estava imitando-a quase que perfeitamente.
- Só estou
trabalhando na sua postura. Você muda dependendo se há um suspeito ou não.
- Sério?
- Como eu
disse, entrando na sua cabeça. Quando eu acabar, te imitarei melhor que você.
Aquilo estava ficando bem estranho, Nathalie
conseguiu deixar Beckett totalmente desconfortável. Castle mesmo percebera a
insegurança demonstrada na frente dele. Kate começava a achar que essa ideia de
apoiar Nikki Heat fora um tiro errado, não havia mudança em sua relação com
Castle, na verdade nem conseguia passar um pouco mais de tempo com ele e, nunca
pensou que você falar isso um dia, mas a observação da atriz era bem mais
irritante que a do escritor. Definitivamente cometera um erro, apenas não sabia
as reais proporções dele. Nathalie a surpreenderia novamente e não de modo
positivo. Imagine se ela soubesse que ficava recitando suas falas.
Kate foi para
casa preocupada com o comportamento de Nathalie e pensativa sobre como isso
podia refletir sua relação com Castle. O fato dele estar sendo ignorado pela
atriz, era bom porque Kate passava a ser o centro das atenções, contudo
mantê-lo afastado não era o que esperava quando decidira por trazer um pouco de
Nikki Heat ao convívio diário deles. A forma como Nathalie agia começava a
assusta-la. E não era para menos.
Na manhã
seguinte, Castle parecia bem mais satisfeito com a possibilidade de ter
Nathalie vivendo Nikki no cinema. Estar ao lado dela e ver como a atriz se
preocupava em imitar Beckett o enchia de orgulho por perceber que as qualidades
que sempre chamaram sua atenção na detetive eram captadas por outros. De bom
humor, ele passou na cafeteria para levar um mimo para Kate. Ela iria gostar de
vê-lo chegando com o café.
E Castle não
tinha ideia do quanto Beckett precisava daquele café. Ela estava no distrito desde
às oito horas da manhã tendo uma experiência nada agradável. Só havia uma
palavra para descrever o que estava sentindo: frustração. Seu quadro de
evidências? Era Nathalie quem dominava e atualizava. Ordens? Ela dizia a Ryan e
Esposito o que fazer. Cheque e confirmações de novas pistas? Ela fazia. De
repente, Beckett se viu presa em seu próprio território. Nathalie simplesmente
se apossara de tudo, elevando sua irritação ao extremo. De mãos atadas, ela se
controlava para não perder a compostura. Isso estava se tornando um pesadelo.
Quando viu
Castle entrando no salão, ela pensou que finalmente pudesse respirar aliviada.
Ele a entenderia. Os olhos brilharam ao ver o café nas mãos dele, mas antes que
pudesse pensar em pegar o copo, Nathalie se antecipou deixando Castle sem graça
por pegar a bebida que trouxera para Beckett.
- Obrigada,
Castle.
- Este... eu
ia... – ele olhou espantado para Kate com um olhar de quem pede desculpas – de
nada. Então, onde estamos? - Como fazia sempre, ele começou a perguntar sobre o
status do caso, porém ficou surpreso com o que presenciou a cada pergunta.
- Ryan e
Esposito estão investigando Tonya Wellington.
- E Duke
Jones? A vizinha confirmou a noite romântica? – claro que ele perguntara para
Beckett, mas parece que a detetive fora ofuscada pela atriz.
- Ele... –
Beckett tentou responder, sem sucesso.
- Assim como
outros vizinhos que reclamaram do barulho, então Duke Jones tem um álibi.
- Isso que ela
disse – respondeu Beckett e com um pedido quase suplicante ela perguntou - Podemos
conversar um segundo?
- Claro – Kate
o puxou tão rapidamente para uma das salas do distrito que Castle se viu acuado.
Finalmente à sós, ele pode ver o olhar de desespero estampado no rosto dela.
Definitivamente, não estava tendo um bom dia.
- Ela pegou
meu café, Castle!
- É só café...
- Só café?
Você mais do que ninguém sabe que não é só café. Significa muito mais. E o que
vem a seguir, minha alma? Tudo o que faço, ela faz. Mesmo quando estou
pensando, posso senti-la em minha cabeça, como uma parasita comedora de cérebro
dos filmes dela. Isso foi uma péssima ideia.
- Ela é uma
atriz dedicada, só quer fazer um bom trabalho.
- Castle, você
não entende? Isso era para ser uma coisa boa, queria contribuir com o seu
filme, uma oportunidade de mostrar a você que me importo, agrada-lo e olha pra
aquilo! – ela apontava para o vidro indicando as posições estranhas de Nathalie
de frente para o quadro branco – está virando um pesadelo. Eu preciso do meu
café, Castle. Do meu controle – ela passou as mãos nos cabelos, chateada.
Castle entendeu o momento de desespero. Aproximou-se dela apoiando suas mãos
nos ombros.
- Hey, está
tudo bem. Você somente está um pouco apreensiva. Não está acostumada com as
loucuras de uma atriz de Hollywood. Acredite, ela está querendo entender e
absorver o melhor de Kate Beckett para compor o personagem que viverá no
cinema. Até agora vem fazendo um bom trabalho, ela é só elogios para você.
- Você gosta
dela, está defendendo o que ela está fazendo... – e essa não era a minha
intenção nem de longe, pensou Beckett.
- Não estou
defendendo. Confesso que no início não gostei da ideia de vê-la por aqui
atrapalhando nossa interação durante a investigação, nem queria Nathalie como a
minha Nikki, mas ela vem me surpreendendo. Respire fundo – ele esperou que Kate
se acalmasse – agora, vem comigo. Vou fazer um café para você. Sei que não
funciona sem cafeína.
Então, Castle
a levou até a minicopa e preparou uma bela xícara de café especialmente para a
detetive. O gesto agradou Kate e melhorou seu humor dando-lhe coragem para
continuar a investigação. O caso os levou até o marido de Tonya. Ele tinha um
álibi estava em Hong Kong. Os demais suspeitos desapareceram, mas Beckett quis
dar uma chance a uma informação que adquirira durante o último interrogatório.
Nathalie recebera uma encomenda que segundo ela iria ajuda-la a compor a
personagem. A suspeita acabou sendo boa. Ryan e Esposito descobriram o
verdadeiro nome de Chloe, Greta e já disparou um APB. Quando estava conversando
com Castle sobre as próximas possibilidades, Nathalie surge declamando uma das
frases mencionada por Beckett. Porém, não era somente isso. Nathalie se
transformara em Beckett. O cabelo, as roupas e o jeito de se portar. Ao vê-la
lado a lado com Beckett, Castle ficou boquiaberto deixando o lápis que segurava
escapar-lhe. De olhos vidrados, ele falou sinceramente sobre a imagem a sua
frente.
- Exatamente
como eu sonhei. Por...
Eu disse isso em voz alta? – ele continuava hipnotizado. Nesse instante, uma
policial entra na sala e refere-se a Nathalie como Beckett.
- Obrigada,
Johnson. É Johnson, certo?
-É Velasquez –
disse Beckett arrancando a pasta com a informação das mãos dela - E você não
sou eu.
- Não –
Nathalie concordou debruçando-se sobre a mesa na direção de Castle que ainda
tinha um olhar bobo e perdido, flertando com ele - Mas estou quase lá.
- Com certeza
está – ele concordou fazendo Kate se remoer de ciúmes com o jeito dos dois. Precisava
fazer algo.
- Está bem –
Kate se colocou na mesma posição de Nathalie emburrando-a para passar a
mensagem de quem mandava ali - Estamos atrás da Greta, e já estamos rastreando os
cartões do Duke. Por que não paramos por hoje?
- O quê? Mas
ainda é cedo – disse Nathalie.
- É –
concordou um ainda embasbacado Castle.
- É um trabalho
de alto estresse. E não quero que ninguém fique esgotado – ok, era uma mentira
apenas para se livrar do encosto de Nathalie Rhodes.
- Tudo bem.
Vou arrumar minhas coisas – disse a atriz e saiu da sala. Beckett fechou a
porta virando-se para ele devidamente irritada.
- Não pode me
dizer que é normal.
- Ela só está
comprometida com o papel. Deveria estar lisonjeada – saiu da sala já pensando
em ficar um pouco mais com Nathalie, a transformação dela realmente mexera com
ele.
- Deveria.
Claro – Beckett começou a falar sozinha - Até ela roubar meu namorado e me
matar enquanto durmo. O que estou dizendo? Castle não é meu namorado, mas
poderia ser. Aliás, é isso que você queria, não? Melhor ver o que aquela maluca
estava aprontando porque se conhecia Castle, ele iria ceder facilmente a
Nathalie achando que poderia ser a própria Beckett.
Castle se
ofereceu para carregar a caixa para ela, como um perfeito cavalheiro. A caminho
do elevador, engajaram em uma conversa sobre a personagem mesmo com o jeito
ainda bobo diante da excelente imitação de Beckett.
- Então, o que
acha? Sou tudo que você imaginou que Nikki seria? Li "Heat Wave" na
noite passada.
- Sério?
- Você está
certo. Foi muito melhor do que o roteiro. Continuei e li "Naked
Heat". Percebi que o personagem Jameson Rook é baseado em você.
-Acho que me
baseei em meu relacionamento com a Detetive Beckett.
-Até as cenas
de sexo?
-Não, isso foi
só... – mas Castle nem teve a chance de responder direito, ela já completou da
sua própria cabeça.
- Fantasia...Como
eu, agora? – visivelmente se oferecendo.
- Foi só para
dar ao público o que eles querem – essa é uma mentira.
- Claro – eles
já estavam dentro do elevador quando Nathalie começou a se aproximar dele,
tornando as coisas mais perigosas - O roteiro fala muito da paixão entre Nikki
e Rook. E se eu quiser interpretar a Nikki direito...Tenho que sentir esse
calor – ela estava com o corpo colado no de Castle. Ele não poderia ceder à
tentação.
-Natalie,
eu...
-Não é
Natalie. É Nikki – e sem maiores explicações, ela o beijou fazendo Castle derrubar
o pacote que segurava.
Suas
suposições estavam certas. Ao voltar ao salão, ela ouviu o baque da caixa tocar
o chão fazendo-a olhar para o elevador exatamente no instante que o beijo
acontecia. Perplexa, a reação boquiaberta fora inevitável. Por que as coisas
davam tão erradas para ela? Da mesma forma que estava sua mesa, ela deixou
pegando apenas a bolsa e deixando o distrito através das escadas.
Lá estava ela
querendo mostrar que se importa para Castle e tudo o que conseguiu foi jogar
mais uma mulher nos braços dele.
- Como você é
idiota, Kate Beckett! O que você estava pensando em fazer algo assim? Nathalie
é uma mulher bonita atraente e agora era uma imitação dela e isso certamente
mexeria com Castle. Na falta da original, quem disse que não agarraria a
genérica? Droga! Ele pode dormir com ela e ainda alegar que foi em nome da
pesquisa – falava sozinha caminhando pelas ruas seguindo para casa.
Assim que o
elevador chegou ao térreo, Castle ainda estava meio zonzo depois do beijo que
recebera de Nikki ou melhor, de Nathalie. Ela nem deu tempo para ele pensar, em
segundos estavam dentro de um taxi rumo ao hotel onde ela estava hospedada. Quando
entraram na suíte ocupada por ela, Nathalie sequer deu tempo para ele se
preparar, empurrou-o contra a parede para beija-lo novamente.
- Vamos, Rook,
mostre o que faz Nikki pegar fogo... – o encontro dos lábios foi estranho. Não
que fosse um beijo ruim, era diferente. Castle conseguiu empurra-la afastando-a
de seu corpo. Por mais que estivesse parecida com Kate, não era a sua detetive,
estava longe de suprir as necessidades que tinha de tocar a verdadeira Beckett.
- Espere,
Nathalie.... e-eu estou lisonjeado por você querer.... eu não posso.
- Isso é
alguma espécie de encenação, Rook? – ela já se inclinava na direção dele para
beija-lo mais uma vez, porém Castle a segurou.
- Não estou
fingindo ou encenando, Nathalie. Sinto muito, não posso. Não é nada com você,
acredite. Seria uma excelente fantasia exceto por não... – ele se calou. Não
podia dizer a ela sobre Kate – eu preciso ir para casa. Boa noite, nos vemos
amanhã.
XXXXXXX
Castle chegou
ao 12th distrito cedo pela manhã trazendo dois copos de café. Esperava que Nathalie
ainda não tivesse por ali para que Kate pudesse saborear sua dose de cafeína
matinal. Ele sabia que ela estava muito chateada ontem após a transformação da
atriz em uma copia sua e consequentemente de seu alter ego.
- Bom dia,
detetive.
- É para mim ou
minha versão fictícia? Ou já cuidou dela esta manhã?
- O que isso
quer dizer?
- Eu... – ela
estava prestes a dizer que o vira no elevador com Nathalie quando ouviu os
gritos de Ryan pelo salão e uma Jenny correndo chorosa.
- Jenny! Jenny!
Espera! – ela entrou no elevador dando de cara com a atriz.
- Eu te odeio,
Kevin Ryan.
- Isso foi
dramático. O que houve? – a pergunta foi de Nathalie, mas todos queriam
entender o que estava acontecendo. Então, Ryan explicou o que acontecera quando
decidiu pedir a mão de Jenny aos seus pais, porém como teve que contar uma
pequena mentira, Jenny veio a delegacia trazer seu celular e acabou sendo pego
por ela, Esposito dedurou-o sem querer e ela deduziu que Ryan tinha saído com
Nathalie Rhodes devido ao lance da lista dos top 5.
- Devia ligar
para ela – disse Ryan.
Esposito tinha
novidades quanto ao caso. Nenhum policial procurara por Greta, porém
descobriram que ela e Stacey usaram um cartão corporativo da vítima para fazer
reservas em dois hotéis de luxo, tudo indicava que Wellington não era o único a
receber um golpe delas. Beckett pediu para que eles averiguassem nos hotéis
sobre Greta. Castle pediu licença para falar com Ryan deixando Beckett e
Nathalie sozinhas. Ela olhava curiosa para a detetive, um olhar que não deixava
Kate nem um pouco confortável.
- Posso te
perguntar uma coisa?
- Claro – ela
assentiu levando o copo de café que Castle deixara sobre sua mesa aos lábios em
um longo gole.
- O Castle é
gay? – Kate cuspiu o café diante da pergunta inusitada de Nathalie e tratou de
responder quase que imediatamente.
- Desculpa, o
que? Não, não! – a convicção nem um pouco abalada pelo choque.
- Então, vocês
são um casal, mas querem guardar segredo? – a atriz insistiu.
- Não somos um
casal – pelo menos não nesses tempos, pensou – por que?
- Noite
passada, eu o levei ao meu hotel. E quando estávamos lá, ele me disse algo que
nunca ouvi de um homem antes.
- O quê? – a
curiosidade de Kate era maior do que a provável humilhação de descobrir que
Castle dormira com ela.
-"Não."
-"Não"?
– visivelmente surpresa por descobrir que aparentemente nada acontecera.
- Não entendo.
Ele gosta de você. Mas você está determinada a não ceder aos sentimentos que
claramente tem por ele. Então ele fantasia com você pela escrita. É masturbação
verbal, literalmente.
- O que tudo
isso tem a ver comigo? – como ela conseguiu perceber tudo isso em apenas dois
dias? Kate se perguntava mentalmente.
- Não estou
usando este casaco pela minha saúde. Você é Nikki Heat. Ele é Jameson Rook.
Preciso dormir com ele pela minha personagem. Pode falar com ele?
- E dizer o
quê? – essa mulher é louca!
- Não sei. Dê
permissão ou algo assim.
Kate não
acreditava no que acabara de ouvir. Perplexa pela loucura que parecia esse diálogo,
ela precisava de um tempo sozinha, respirar fundo longe dessa criatura maluca.
- Preciso ir. Bem
ali – Kate estava atônita diante dos últimos fatos. Nathalie Rhodes, uma pessoa
que mal a conhecia acabara de acusa-la de ter sentimentos por Castle como Dana
fizera, a diferença era que a terapeuta e amiga a conhecia a muitos anos, sabia
da história. Ela dedicou-se a preparar uma xícara de café como ele a ensinara.
Então, outra pergunta martelava na cabeça dela. Ele se recusara a dormir com
Nathalie, ou melhor com a sua versão dos livros. Isso deixou Kate chateada. Não
que ela quisesse que Castle dormisse com a atriz, mas ali ela era uma cópia quase
perfeita de Beckett, disfarçada de Nikki. Castle estaria evitando qualquer
contato com ela? Será que tinha algo a ver com Ellen ou o motivo era bem
diferente?
Estava
escondida na minicopa observando o jeito obsessivo que Nathalie fitava o
quadro. Via escrevendo algo e analisando os dados a sua frente inclinando o
corpo para o lado. Não viu quando Castle se aproximou ficando ao seu lado.
- Está tudo
bem? – a princípio não respondeu ainda de olho em Nathalie, resolveu perguntar.
- Eu realmente
faço isso?
- Sim. E é
adorável – ele respondeu. Virando-se para fita-lo, a pergunta foi espontânea.
- Se é tão
adorável, por que não dormiu comigo? – por um segundo viu o olhar de espanto no
rosto de Castle, nem ela esperava sair com essa pergunta - Ela "eu", não
eu de verdade.
- A personagem
fictícia que eu escrevi, baseada em você, interpretada por Natalie Rhodes? Por
que me contentaria com a versão falsa quando já experimentei a original – ao
ver Beckett começar a querer revirar os olhos, complementou – você sabe porque,
no fundo sabe – Kate soltou um suspiro frustrado.
- Ok, nada
disso está dando certo. Eu quis agrada-lo e acabei transformando minha vida na
delegacia em um inferno. Eu vi que ela o agarrou no elevador, não gostei. Nathalie
é o tipo de mulher que não desiste fácil, ela veio pedir minha permissão para
dormir com você, pelo amor de Deus! E quer saber do que mais? Da mesma forma,
não gostei do seu jantar com Ellen, de ser trocada por uma editora. De repente,
perdi meu parceiro para uma mulher metida a socialite. E você nunca recusara um
caso antes e agora está pensando em morar na Itália. Parabéns, Castle. Você
conseguiu me deixar possessa de ciúmes, senti na pele o que fiz com você. E tem
razão, é horrível. Não gostei mesmo. Se queria se vingar, conseguiu.
- Isso é
revelador. Claro que sei que estava com ciúmes todas às vezes. É bom que tenha
entendido o que é magoar uma pessoa.
- Castle, você
estava me testando? Queria me ver irritada?
- Não, eu
apenas tinha que encontrar outras formas de seguir adiante. Foi você quem
começou a dificultar as coisas.
- Eu estou
falando a verdade. Eu me importo e não quero que vá embora.
- É bom saber,
mas pergunte-se. É suficiente? – Beckett entendera a pergunta e estava
ponderando o que responder quando Ryan se aproximou com novidades do caso. Esposito
também chegou junto e informou que encontraram Greta, ela acabara de vir para o
distrito. Observando o jeito de Nathalie agindo como uma doida mostrando o
distintivo, Beckett optou por esperar ali mesmo. Queria distância da atriz.
Infelizmente,
Nathalie não se importava com o que Beckett pensa ou deixava de pensar.
Adentrou a minicopa a sua procura e foi logo perguntando.
- Vi Castle
sair faz uns dez minutos daqui, você falou com ele?
- Falar com
ele? Sobre o que?
- Sobre a sua
permissão para eu transar com Castle. Ele não vai ceder às minhas provocações e
cantadas se você não permitir. Pensei que era sobre isso que estavam
conversando.
- Nathalie,
isso é loucura. Não vou falar disso com Castle. Não é certo, aliás é tão errado
que nem merece a minha atenção.
- Mas, Beckett
é em nome da arte. É pesquisa. Prometo que não envolverá sentimentos, ele não
faz meu tipo e prometo que terá seu admirador de volta e intacto. Quer dizer,
não posso garantir que ele não se apaixonará por mim... aí já é um problema
seu.
Beckett passou
a mão no rosto. Não acreditava que estava ouvindo aquilo. Era tão sem noção que
sequer tinha argumentos para discutir com a mulher a sua frente.
- Pela última
vez, Nathalie. Castle não é meu namorado, eu não vou discutir esse assunto com
ele nem dar qualquer permissão. Quanto à arte, se for tão importante assim,
fique logo nua na frente dele – morrendo de raiva, Beckett saiu pisando firme
rumo ao banheiro feminino, único lugar que imaginava ter um pouco de paz.
Fechando-se em um dos banheiros, ela soltou um grito frustrada.
Após
acalmar-se, ela voltou ao salão bem a tempo de encontrar Greta já disponível
para o interrogatório. Conforme prometera, ela chamou Nathalie para
acompanha-la nessa nova etapa da investigação. Antes de chegarem a sala, Castle
a puxou pela mão afastando-a um pouco de Nathalie.
- Está tudo
bem?
- Está. Por
que?
- Nathalie
disse que você se sentiu um pouco indisposta. Fiquei preocupado. Quer comer
alguma coisa? Olha, eu não tenho nada aqui, exceto – ele puxou uma pequena
barra de chocolate – pode ajudar com a pressão.
- Obrigada,
Castle – ela pegou a barra e enfiou no bolso. Tinha trabalho a fazer – eu como
depois.
Claro que a
entrevista na sala foi bem agitada com Nathalie dando uma demonstração bem
exagerada que acabou surtindo efeito e fazendo Greta revelar o nome dos outros
dois maridos traidores que Stacey queria atacar. Uma boa pesquisa e chegaram ao
assassino, aquele sem álibi.
- O que me
diz, Natalie, quer ir conosco na sua primeira prisão?
- Pode
apostar. Vamos pegar esse traidor de merda. Foi exagerado?
- Eu
geralmente digo "vamos lá".
- Viu? Menos é
mais – concluiu Nathalie.
Quando
chegaram ao escritório de Scott, após o acusarem e Beckett informar que ele estava
preso pelo assassinato de Stacey, a situação ficou tensa. Scott puxou uma arma
ameaçando se matar. Beckett o encorajava a largar a arma mantendo os olhos
atentos aos movimentos do homem desesperado a sua frente. De repente, Castle
viu Nathalie começar a recitar as frases da cena que recebera do diretor sobre
o teste dela. As palavras pareciam fluir da maneira correta e afetaram Scott de
maneira positiva fazendo-o soltar a arma para que Beckett o algemasse. Parece
que o roteiro não era tão mal assim, concluiu Castle.
De volta ao
distrito, Nathalie fitava novamente o quadro de evidências.
- Realmente, é
trágico. Tudo que Stacey queria era salvar essas mulheres de serem prejudicadas
nos divórcios. Ao invés disso, acabou sendo morta.
- Graças a
você, só temos uma morte nas mãos.
- Estou feliz que
tudo deu certo – disse Nathalie - Mas poderia ter tido mais uma tomada.Teria adicionado
mais emoção à última fala. Ao invés de "abaixe essa arma." Deveria
ter dito, "abaixe... essa arma." Sentiram a diferença? Outra
profundidade.
- Para mim,
ficou bom. Soou como eu – disse Beckett.
- Obrigada por
tudo, Kate – ela abraçou a detetive - Vou tentar fazer justiça a você e a
Nikki. Mesmo não tendo feito toda a pesquisa que gostaria – ela pegou suas
coisas e dirigiu-se a Castle - Me visite no set, Castle.
- Não perderia
por nada – olhando para Beckett que já lançava um olhar fuzilador para ele, repetiu
- Não perderia.
Jenny apareceu
no salão e o rosto de Ryan se iluminou. Castle e Beckett se afastaram ambos
disfarçando fingindo não prestarem atenção ao que eles faziam. Depois de um
pedido de desculpas, ele pediu licença. Beckett já sabia o que aconteceria a
seguir. E bem ali, no meio do 12th distrito, Ryan pediu Jenny em casamento.
- Isso foi
grande! – exclamou Castle.
- E íntimo –
completou Beckett claramente emocionada com a cena. Eles foram cumprimentar os
amigos e Castle sugeriu uma comemoração no seu bar, mas os noivos agradeceram e
disseram que precisavam comemorar com a família. Após as pessoas se
dispersarem, Castle estava sentado na sua cadeira observando os gestos de
Beckett ao limpar o quadro a sua frente. Por mais que Nathalie tentasse, ninguém
conseguia ser tão linda e graciosa como Kate. Estava pensando se deveria contar
a ela sobre Ellen, o que era real ou se deveria levar a história um pouco mais
adiante.
Eles deram um
grande passo hoje. Kate demonstrava seu ciúme e também parte de desapontamento
quando o questionou sobre não ter dormido com Nathalie, talvez estivesse com
medo de saber que ele tinha seguido em frente. Como se não quisesse pensar
nela. Era exatamente isso que ela pretendia demonstrar ao dizer que não queria
perde-lo, certo?
- No que está
pensando? – ela perguntou olhando intrigada para o homem sereno a sua frente.
- Em algumas
coisas que aconteceram durante esse caso. Ideias que surgiram para o meu livro.
O que me lembra, tenho que agradecer a você. Quando recebi do diretor do filme
o disco com o teste de Nathalie, eu detestei. Não a queria para fazer o papel
da minha detetive. Graças a você pude ver o quanto estava errado. Apesar de ter
alguns tropeços e filmes duvidosos em seu currículo, ela capturou bem o
espírito de Nikki.
- Acredite,
ela dará uma excelente Nikki Heat. Bem mais do que esperava para ser sincera.
Cheguei a ficar com medo dela – Beckett sentou-se na sua cadeira com algumas
das fotos em mãos e um sorriso nos lábios, apoiando os braços na mesa, ela o
fitou – não precisa agradecer. Fiz porque acredito na história e queria
contribuir para o filme, além do mais, não ia aceitar que Nikki Heat fosse
banalizada na tela de cinema. Não depois de toda a exposição que tive que lidar
da minha própria vida. Isso tinha que valer para algo, não?
- É verdade –
Ryan e Jenny passaram por eles abraçados e sorrindo, acenaram um adeus que
ambos retribuíram – wow! Ryan está noivo. Eles formam um belo casal, não? – viu
o sorriso largo de Beckett ao mencionar o fato.
- Sim, um belo
casal.
- Sim, eles se
amam. Dá pra ver em seus olhos aquele brilho especial. Quem diria, esse
distrito ser parte de um momento especial, palco para um pedido de casamento.
Espero que isso traga sorte para todos aqui. Um lugar onde se luta por justiça
com tantos criminosos deve ser privilegiado por um dia poder celebrar o amor.
Kate ficou
encarando-o absorvendo as palavras ditas por Castle.
- De onde você
tira essas palavras? Como sabe o que dizer para tornar os momentos tão
significativos?
- Esqueceu,
detetive? Sou um escritor. Você acha que algum dia terá a mesma sorte de Ryan?
Ter alguém especial, casar-se? – sim, ele estava instigando-a.
- Não penso
muito sobre isso.
- Pensei que
era algo mandatório para qualquer mulher, mesmo para Kate Beckett. Vem me dizer
que nunca simulou uma festa de casamento com suas bonecas ou rasgou uma pagina
da revista com o seu vestido favorito? – ela riu, o rosto demonstrando traços
de vergonha e enrubescendo.
- Na verdade,
eu gostava mais de subir em arvores e jogar baseball com os meninos.
- Mentirosa!
- Bem, eu
tenho um relatório para terminar.
- Vou
aproveitar para escrever – ele se levantou – vejo você amanhã, detetive.
Uma hora
depois, o celular de Beckett toca. Dana. O nível de curiosidade devia estar
deixando a amiga ansiosa, pensou.
- Oi,Dana.
- Então,
novidades? Nathalie ainda está com você?
- Não, já
voltou para Hollywood. Ainda bem!
- Foi tão ruim
assim? Nada de mudanças? Quer saber, nada de ficar falando ao telefone. Você já
jantou? Aposto que não. Encontre comigo na esquina da W27th com a Broadway, tem
um restaurante japonês lá. Aí você me conta. Meia hora?
- Meia hora.
Dana já a
esperava na frente do restaurante. Assim que chegou, Dana a dirigiu pelo
corredor em busca de uma mesa reservada para que pudessem conversar.
Devidamente sentadas, receberam o menu e escolheram seus cortes de sushi e
sashimi. Assim que o garçom se afastou, ela iniciou a conversa.
- Então, como
foi a experiência com a atriz de Nikki?
-
Desconfortável, estranha, quer saber, apavorante em alguns momentos. A mulher
simplesmente se transformou em mim. Comprou roupas iguais, tingiu o cabelo! Não
só isso, ela deu em cima de Castle, me acusou de gostar dele e fazer jogo duro.
Acredita que ela queria minha permissão para dormir com ele?
- E você deu?
- Dana! Você é
doida! Não sou dona de Castle... ele faz o que quiser da vida dele.
- Somente
porque você não quer tomar posse de vez. Já vi que o ciúme cantou no centro.
Vocês brigaram? Avançaram no relacionamento?
- Eu não sei.
Nathalie me deixou tão perturbada que eu pedi ajuda para Castle e desabafei.
Acabei falando sobre o beijo dele no elevador, sobre o ciúme, Ellen. Pode-se
dizer que eu surtei. Simplesmente não consegui segurar. Ela pegou meu café. É, Castle
voltou a trazer café para mim. Quando vi Nathalie roubar meu copo, não deu.
- Beijo no
elevador?
- Sim, ela o
agarrou e tentou dormir com ele, mas Castle recusou.
- Aí, você se
descontrolou e colocou para fora toda a frustração. E qual foi a reação de
Castle?
- A princípio,
ele tentou defende-la. Depois que eu despejei o resto da minha frustração nele,
procurou me acalmar. E-eu perguntei porque ele não quis dormir comigo, ou
melhor com a minha versão da Nathalie. Sabe o que ele disse? Por que ficaria
com a genérica se já tivera a original.
- E isso a
frustrou? Ficou chateada?
- Ele disse
que eu sabia porque.
- Ele tem razão,
Kate.
- Sabe, eu
acho que quebramos mais uma barreira juntos, mas ainda não sei se ele vai me
deixar. Eu disse a ele que não queria perde-lo. Ele não me pareceu convencido.
Na verdade, me perguntou se era suficiente – Dana apenas bebericou seu suco e
sorriu, não dissera nada – você vai ficar calada?
- Não vou me
repetir como um disco furado. O que será preciso acontecer para você finalmente
admitir que gosta de Castle? Ele levar um tiro? Ser sequestrado? Morrer?
Francamente, Kate. Eu sei que é difícil para você, mas creio que ele já deu
motivos suficientes de que está ali por você.
- Não seja tão
extremista. Claro que não quero que nada aconteça a Castle. Não me perdoaria
por isso.
- Estou
colocando o óbvio a sua frente. Parece que apenas nos tempos extremos, você
percebe o que realmente é importante na vida.
- Você diz que
Castle está ali por mim. Está mesmo? E quanto à temporada na Itália? E se ele
for embora?
- Sério? Você
realmente acredita que ele faria isso? Pare de inventar desculpas na sua mente.
Castle não vai embora se você disser o que precisa dele. Apenas tome cuidado,
Kate. Ele pode se cansar de esperar.
- Você deveria
estar do meu lado. Claramente só sabe defender Castle. Esqueceu tudo que eu
passei? O que ainda tenho que enfrentar e assimilar na minha vida? Tenho muita
bagagem.
- Claro que
não. Por isso mesmo estou pedindo para você acordar. Sei de todos os seus
traumas e problemas frente ao assassinato da sua mãe, mas Castle entrou na sua
vida para quebrar essas barreiras, te fazer compreender que você pode ser feliz
agora. Ele não se importa com sua bagagem, na verdade até a ajudou a lidar com
ela quando foi preciso. Não estou mandando você esquecer sua mãe, nem de parar
procurar justiça. Peço que considere fazer um pequeno desvio, dê folga ao
coração. Sinceramente, não consigo pensar em mais nada para te convencer.
- Talvez
porque não saiba o que é perder alguém e se transformar em alguém quebrado.
- Quantas
vezes terei que repetir que você não é uma pessoa quebrada? Passou por traumas,
sim. Luta para ver sua justiça ser estabelecida? Claro. Mas daí a se sabotar
por conta de algo que aconteceu há anos atrás? Você parou de viver, Kate.
Castle está lhe proporcionando essa chance de abraçar esse lado leve da vida.
Então, por que a relutância? Por que insiste em se fechar para o melhor
sentimento do mundo? O amor? – viu Kate mordiscar os lábios em sinal de aflição
- Não estou dizendo que não é capaz de amar. Sei que sim, você já está amando
só não quer se dar conta disso. Insiste em deixar o medo e a insegurança a
dominar. Seu sentimento por Castle é tão óbvio que até Nathalie sacou em pouco
tempo ao seu lado e sem te conhecer. O que será preciso para você se dar conta
da bobagem que está fazendo, atrasando sua vida?
Kate suspirou.
Estaria mesmo complicando tudo? Dana esperou algum tempo até falar novamente.
- Já que você quer
analisar qualquer situação, vou deixar uma espécie de tarefa de casa, não para
agora. Pense nisso daqui a uns dois, três dias, melhor dê um tempo de uma
semana para toda essa animosidade e chateação criada com a presença de Nathalie
estar completamente fora do seu sistema. Então, você responderá a seguinte
pergunta: você já esteve apaixonada? Realmente, de verdade apaixonada? Já amou alguém
como Bryan Adams descreve naquela canção que ama uma mulher?
- Dana, você está
soando redundante. É claro que já me apaixonei!
- Redundante, não.
Enfática. Talvez funcione com você. E Kate, será mesmo que já se apaixonou? –
pronto. Essa era a cartada mais direta que Dana poderia dar para fazer Kate enxergar,
o resto era com ela e Castle.
XXXXXXX
Uma semana
depois, a relação profissional de Castle e Beckett seguia sem maiores mudanças.
O café de todo o dia voltara a ter seu lugar de destaque para ambos, o que
deixava Kate um pouco mais segura diante dos últimos acontecimentos. Ainda não
conseguia ver tudo o que Dana falara para ela em sua conversa. Sabia que
projetava o trauma da mãe em cada passo que dava na sua vida. Começava a
perceber que de um tempo para cá, essa maneira de viver a vida estava lhe
prejudicando, a fazia sofrer como antes não acontecia.
Também
reconhecia que não poderia fazer jogos com Castle. Nem queria. Eles colocaram
uma regra básica, sem segredos, sem mentiras. Se fosse dar o próximo passo, não
poderia ter vacilo ou engano, não poderia ser ensaiado. Nisso, Dana tinha
razão, precisava vir do coração.
Kate estava
realmente considerando esse próximo passo quando Castle chegou no distrito
naquela manhã. Eles tinham um último interrogatório antes de efetuar a prisão
de mais um assassino. Após conseguir uma confissão e pedir para Esposito fichar
o camarada, ela seguiu para a minicopa onde talvez estivesse prestes a ouvir a
notícia que daria um possível empurrão em seu coração.
Castle estava
na máquina preparando as bebidas para os dois. Decidira comentar um pouco sobre
seu livro e dar a Beckett um pouco de informação para refletir. Sentou-se ao
lado dela, tomou o primeiro gole da bebida observando-a fazer o mesmo. A
diferença é que ela fechara os olhos enquanto saboreava a bebida forte de
cafeína.
- Sabe Castle,
eu até aprendi a usar essa máquina, mas devo dizer que ninguém consegue fazer esse
café como você – ao vê-lo franzir a testa, ela sorriu – sim, estou elogiando
você, Castle. E não é um milagre. Apenas atesto uma verdade, reconheço seu dom
para a bebida.
- Obrigado,
detetive. Sinto-me lisonjeado pelo elogio. Não é todos os dias que recebemos
uma avaliação positiva da tão rigorosa Beckett. Modéstia a parte, eu realmente
sei como prefere seu café. O que me lembra um outro assunto importante. Mais
cinco capítulos e meu novo livro da série Heat estará terminado.
- Já? Você
avançou bastante.
- A dedicação
e a falta de casos muito complicados ultimamente ajudaram. E não é somente isso
a boa notícia. Está tudo certo para meus livros serem publicados na Italia.
Pode imaginar, Nikki em italiano?
- É, realmente
muito bom. Parabéns, Castle – mas seu rosto não demonstrara uma boa reação
quanto à notícia, Kate não via nada de bom nessa informação, se isso
acontecera, a ida à Itália estava cada vez mais próxima, não?
- Gina
confirmou ontem à noite, os livros devem ser publicados na primavera e estarei
no lançamento.
- Primavera?
Isso é daqui a dois meses. Você vai quando para a Itália? – Kate sentiu a
garganta fechar. Passou a mão no pescoço como se pudesse aliviar o incômodo que
estava sentindo.
- Apenas na
semana que antecede o lançamento. Isso se não tivermos em um caso grande aqui.
Eu acertei com a editora que participo do lançamento, eles fazem uma espécie de
promoção para um almoço com o escritor a fim de promover a livraria e a empresa
italiana e está tudo certo. Ellen ganha a conta e uma parte do dinheiro de
comissão de vendas, a Black Pawn leva sua porcentagem, eu ganho minha parte e
não preciso ficar longe de casos. E você não fica sem parceiro.
- Certo...
você está confortável com isso? Quer dizer, parecia tão animado com a
possibilidade de passar um tempo na Europa.
- Estou ótimo.
E convenhamos, Beckett. Você está aliviada. Nunca quis que eu fosse mesmo. Vou
para casa. Como eu disse, tenho um livro para terminar. É dele que depende a
decisão se haverá ou não outros livros da série.
- Por que não
haveria? – Beckett estava espantada.
- Histórias a
contar existem, mas a editora vive de faturamento e lucro. Eles precisam
garantir uma certa parcela com as vendas para dizer que Rick Castle é vendável.
Sem grana, nada de contrato. Divirta-se com seu relatório que eu me divertirei
com Nikki – ele apontou o dedo para ele sorrindo – a do papel não a versão de
Nathalie – piscou fazendo Kate rir do jeito dele – ligue se algum morto
aparecer.
- Estou de
folga amanhã, Castle e sinceramente espero que não seja chamada para fazer
plantão.
Naquela noite
em sua casa, Kate fez uma retrospectiva do que havia acontecido nos últimos
tempos. Ela se pegou pensando no número de tentativas que fizera para se
aproximar de Castle. Umas deram certo, outras nem tanto. Também houve momentos
de dor e sofrimento para ambos os lados.
Depois da notícia de hoje, ela se perguntava se a maré de azar que
rondava os dois estava chegando ao fim.
Com a maior de
suas dúvidas esclarecidas por Castle, com a certeza de que ele não iria a lugar
nenhum, Kate começava a se perguntar se já não estava na hora de esquecer essa
briga insana e arriscar retomar o relacionamento com Castle de onde parara. Não
podia simplesmente jogar-se nos braços dele e acreditar que tudo se resolveria.
De fato, precisava avaliar – não! Nada de racionalidade, Kate – deveria
trabalhar a maneira como endereçaria seus sentimentos a Castle. Afinal, o que
diria a ele?
Gostava dele,
sim. Sentia saudades? Demais. Ela queria o beijo, o cheiro, o gosto, tudo que
viesse de Castle. Então, como definir o que sentia por ele? Dana dizia que ele
estava apaixonado, na visão dela provavelmente era assim que imaginava que ela
também se sentia. Talvez uma boa conversa com a terapeuta ajudasse a clarear
melhor seu entendimento, já que estava disposta a admitir que sentia algo pelo
escritor. Somente então lembrou que Dana tinha lhe dado uma tarefa. Vinha adiando
por não querer responder verdadeiramente a pergunta que ela a fizera, aliás não
sabia como uma música a ajudaria a entender seus sentimentos.
O que Kate não sabia, era que a sua vida estava prestes a sofrer uma reviravolta que adiariam seus planos com Castle.
Continua....
2 comentários:
OMG! O que aconteceu? Coitada da Beckett, está precisando de um banho de sal grosso. Logo agora, que ela estava quase lá.
Reviravoltas?Como é Brasil?Mais reviravoltas?
Eita que o negócio aqui tá feio,credo!!
Eu quero BEIJOS desses dois e MUITOS ORGASMOS MÚLTIPLOS!Quero ela falando QUE AMA ELE SIM.QUERO QUE ELA DIGA QUE QUER ELE E QUE NÃO ACEITA QUE SEJA DE MAIS DE NINGUÉM!
Por favor Karen pare de fazer a gente e eles sofrerem! 😩
Postar um comentário