Nota da Autora: Uma nova versão para "To live and die in LA". Dessa vez, aviso para não se aterem ao caso. Claro que menciono partes por alto, mas o mais importante fica por conta das reflexões, especialmente de Beckett... sim, existe um certo angst pessoal, psicológico mesmo.... e tende a continuar. Enjoy!
Cap.34
- Detetive, eu
disse que lidaria com isso. Vá para casa.
- Onde ele está?
– ela percebeu a presença de Castle ali. Chegara primeiro que ela na cena.
- Eu disse que
lidaria com esse caso, detetive – repetiu o capitão.
- Já vi muitos
cadáveres antes. Posso aguentar mais esse – Montgomery sabia que não adiantava
impedi-la. Reconhecia que era um direito dela. Deu-lhe passagem. Castle
acompanhou-a tentando pela ultima vez convencê-la a não seguir adiante, porém
Kate lhe deu um argumento inquestionável.
- Por favor,
Kate... não quer se lembrar dele assim.
- Castle, se
fosse eu deitada ali,você iria embora? – o semblante revelou que ela o
convencera. Ela se aproximou de Lanie que deu-lhe os pêsames e comentou o que o
matara. Revelou uma passagem de Los Angeles para Nova York que havia em seu
bolso, segundo Kate ele se mudara para lá depois de perder a licença. Ao
perguntar, Castle ficou surpreso ao saber que a última vez que ela falara com
Royce fora quando o prendeu, há alguns meses atrás. Pedindo licença para abaixar-se
próximo ao corpo e ter seu momento, ela se afastou.
Ajoelhada ao
lado do corpo de Royce, Kate esforçava-se para não ceder as lágrimas. Apesar de
tê-la decepcionado em seu último encontro, não poderia esquecer tudo que
aprendera com ele, o que viveram juntos em seus primeiros anos de policia.
Castle observava o jeito da detetive. Podia perceber o esforço que fazia para manter
a postura séria e durona diante do que estava a sua frente. Admirava-a ainda
mais por isso.
Ao juntar-se
novamente a Lanie e Castle, a médica revelou um envelope que tirara do bolso de
Royce endereçado a Beckett. Ao perguntar se tinha alguma pista sobre o que
acontecera ao ex-policial, Castle descobriu que era de cunho pessoal, por esse
motivo não insistiu. Sabia que deveria dar um tempo a ela. A arma do crime fora
achada em uma lixeira próxima, barata e descartável. Havia marcas de um
silenciador nela o que indicava a possibilidade de ser disparada a luz do dia
como realmente acontecera.
De volta ao
distrito, ela começou a montar seu quadro de evidências. Havia um clima tenso
no ar e todos os policiais do 12th estavam empenhados em ajudar a resolver esse
caso. Com o pouco de informação que possuíam, Beckett já montara um quadro
prévio. Royce estava metido em problemas e sua vinda a Nova York fora uma
tentativa de fuga. Quem o matou vinha seguindo desde LA. Por causa disso, ela
pediu para avaliar os voos de Los Angeles para Nova York no mesmo dia de Royce
e focar em passageiros que compraram o ticket de última hora.
Ryan encontrou
cinco voos com as características pedidas por Beckett. Encontrou um cara Neel
McCauley comprou a passagem uma hora antes do voo, a identidade e nova e não há
registros bancários. Para completar, voltou para LA duas horas depois que Royce
foi morto. Definitivamente, era o assassino. O problema agora era convencer
Montgomery a envia-la para Los Angeles. Tarefa difícil já que tudo o que
possuíam era circunstancial. A argumentação foi difícil e pela primeira vez o
lado emocional de Beckett transpareceu.
- Você não tem
evidências sólidas, não posso justificar sua ida por suposições.
- Senhor,
quanto mais demorarmos, mais o rastro ficará frio.
- Um dia.
Reúna evidências e eu entrarei em contato com a policia de LA.
- Policia de
Los Angeles? Esse é meu caso, aconteceu em nossa jurisdição. Acha que a policia
de LA levantara um dedo...
- Kate, está
muito próxima disso – disse Montgomery erguendo a voz.
- Não, senhor estou
empenhada. Não estou afetada.
- Você está
abalada – uns segundos incômodos de silencio pairaram entre eles – Kate, as
coisas entre Royce e você terminaram mal. Sei disso, mas essa emoção... é
exatamente o porque preciso delegar isso a outra pessoa – ele a olhava sério, a
tensão presente no ar, então do nada Beckett concordou com o seu capitão
surpreendendo a Castle também, porém apenas no primeiro instante.
- Quer saber?
Você está certo. Eu estou muito perto de tudo isso. Acho que deveria me afastar
um pouco de tudo. A delegacia não será um bom lugar para mim enquanto esse caso
estiver em evidência. Senhor, pode me conceder alguns dias de folga? Não posso
ouvir absolutamente nada com relação a morte de Royce – ela já se prepara para
deixar a sala do capitão, quando ele acatou o pedido e a alertou inclusive
chamando-a pelo primeiro nome.
- Kate, espero
que não esteja pensando em fazer nada estúpido.
- Não, senhor
– e saiu da sala, após uma troca de olhares com o capitão, Castle decidiu ir
atrás dela, a conhecia o suficiente para saber que ela tinha algo maquinando
naquela cabecinha. Ele a viu pegando o casaco rumando para a saída quando
falou.
- Para onde
você vai?
- Para casa.
- Duvido!
- Castle, por
favor. Ele foi meu oficial de treinamento, meu amigo. Eu realmente preciso
ficar sozinha agora – ele parou no meio do salão observando-a escapar de suas
vistas. Daria esse tempo para ela, ou melhor, fingiria que acreditara nas
palavras dela. Logicamente ela estava triste, abalada. Porém, sua sede por justiça,
as perguntas sem respostas e a teimosia a fariam agir exatamente como Castle
esperava. Kate Beckett iria para Los Angeles contrariando as recomendações do
seu capitão. Diante do exposto, ele não poderia deixa-la fazer isso sozinha.
De volta ao loft,
Castle tratou de arrumar uma pequena mala de roupas, ligou para Gina avisando
que ia viajar e aproveitar para visitar o set de filmagens de Heat Wave,
pedindo a ela para deixar tudo organizado para sua chegada. Obviamente esse não
era o verdadeiro motivo de sua ida a LA, mas serviria como desculpa. Não que
achasse que Beckett acreditaria.
Sentando-se a
frente de seu notebook, Castle entrou na pagina da NYPD. Prestara bastante
atenção no processo feito por Ryan quando buscava pelos voos e passageiros. Era
assim que pretendia descobrir quando e em que voo Beckett viajaria. Essa era
uma das vantagens de ser escritor de mistérios e bastante observador. Além,
claro, de saber o login e a senha de sua namorada. Meia hora depois, ele não
apenas encontrou a informação vendo o nome de Beckett na lista de espera, como
comprou duas passagens de primeira classe no mesmo voo.
Kate Beckett
estava de mala pronta na sala de seu apartamento. Independente do que seu
capitão pudesse pensar, a emoção tinha papel fundamental nas suas buscas
pessoais. Ela não abandonaria seu mentor. Royce, apesar dos últimos erros que
cometera, era uma das pessoas mais importantes da sua vida especialmente após a
perda da mãe. Ele a ensinara a ser boa policial, como sua aluna devia a solução
de seu assassinato a ele. Era também uma forma de amenizar a maneira como as
coisas terminaram entre eles.
Abriu
novamente a carta escrita por Royce, leu os primeiros parágrafos nos quais ele
pedia perdão. Dobrando novamente a folha de papel, meteu-a no bolso do casaco
que usava e saiu de casa. Tinha um avião para pegar. No caminho para o
aeroporto, ela não pode deixar de pensar em Castle. Sabia que esse era um
momento dela, que precisava enfrentar sozinha. Contudo, a presença do escritor
e namorado era sempre bem-vinda nos casos, especialmente em um no qual não
tinha pistas e evidências favoráveis ou mesmo jurisdição. Aliás, fora somente
esse motivo que a fizera não ligar para Castle. O fato de que estaria se
arriscando e poderia colocar sua vida em cheque. Ele provavelmente brigaria com
ela, diria que estava fazendo uma loucura, se expondo, mas depois acabaria
acatando o desafio e ficando ao seu lado. Simplesmente porque ele era assim.
Parceiro. Para o melhor e para o pior.
O voo estava
lotado. Kate viajava de econômica em meio a dois homens enormes e espaçosos. A
viagem seria muito cansativa, já poderia prever isso. Para piorar, havia um
bebê chorando insistentemente. Sim, mal decolara e Kate já suspirava maldizendo
internamente a sua escolha precipitada. Deveria ter planejado melhor ou pelo
menos pego outro voo menos lotado. Nesse instante, a comissária se aproxima
para falar com ela. Tinha sido transferida para a primeira classe. A principio,
fora um alivio receber essa noticia, então encontrou a verdadeira razão
segurando uma taça de champagne nas mãos e com um sorriso no rosto.
Balançando a
cabeça, ela sentou-se ao lado dele. Ela deveria ficar possessa com ele por ter
feito isso, mas no fundo estava aliviada por ter não somente um rosto conhecido
ao seu lado como por saber que não estaria sozinha. Claro que não passaria essa
ideia para o homem ao seu lado. Reconhecia que a insistência dele podia acabar
mal.
- Castle, o
que você está fazendo aqui?
- O estúdio
vem pedindo há semanas para eu visitar o set de Heat Wave, imagine a minha
surpresa ao ver seu nome na lista de espera desse voo.
- Você não pode
ser parte do que eu farei lá.
- Pensei que
estivesse de férias – disse cínico.
- Castle, uma
coisa é você me seguir em Nova York, mas eu não sou uma policial em LA. Eu não
tenho nenhuma autoridade ou reforço.
- Eu serei seu
reforço. Além disso, se rebelar é uma das minhas especialidades.
- Sim, mas
sutileza não é. Não vou conseguir me livrar de você, vou? – ele apenas a olhou
e Kate soube a resposta – olha, se vai fazer isso comigo precisaremos ser
discretos. Tem que prometer.
- Tudo bem –
ele tornou a fita-la – Kate, não estou aqui somente porque sou teimoso ou quero
segui-la a exemplo do que faço em Nova York, estou aqui como seu parceiro, seu
namorado. Alguém que se importa com você, com o que está sentindo nesse momento
mesmo que não revele. Não podia deixa-la fazer isso sozinha – Kate sorriu e
deslizou sua mão até a dele apertando-a.
Discreto para
Castle significava um carro vermelho conversível, sua explicação era que
combinava muito bem com a cidade. Depois de uma pequena discussão sobre o
hotel, Kate acabou acatando ficar com Castle no hotel reservado pela editora em
parceria com o estúdio. Quando adentraram a suíte, ela reparou que havia
flores, champagne e toda a finesse que indicava a hospedagem de um casal. O
gerente inclusive já havia agendado massagens para os dois. Castle agradeceu
polidamente, mas cancelou explicando que estariam ali para trabalhar.
Essa era mais
uma das facetas de Rick Castle. Ela podia jurar que ele já trouxera outras
mulheres para aquele hotel. Esse pensamento deixou-a desconfortável com a ideia
de imaginar Castle com outra mulher. Um súbito sentimento de ciúmes acabou por
pairar em sua mente, não gostara nem um pouco da sensação. Esse, contudo, não
era o foco agora. Ela precisava começar a trabalhar independente de se mostrar
bem receptiva ao uso daquele quarto com seu namorado. Apesar do choramingo de
Castle para pedirem ao menos serviço de quarto, ela o cortou prontamente. Tinha
um caso para investigar.
Ao chegarem no
endereço indicado no sistema para Royce, Castle se espantou com a mansão, não
tanto quanto se espantaria com o seu dono, Gene Simmons, o cara da língua
comprida do Kiss. Após revelar sua identidade como detetive, Beckett deu a
noticia da morte de Royce. Gene confirmou que ele ajudava pessoas a sair de
encrencas, foi assim como se conheceram. Ele estava ajudando uma moça muito
bonita que aparecera por lá a dois dias atrás. Entregou-lhes uma foto dela que
era seu portfólio de atriz. Beckett entrou em contato com o agente e descobriu
que ela estava filmando um comercial nos estúdios Zenith, que era o mesmo
estúdio de Heat Wave.
No estúdio,
Castle apresentou Beckett ao seu produtor e ela o deixou vendo o seu filme
enquanto procurava por Violet. Após alguns momentos bem estranhos com os atores
que faziam Raley e Ochoa, Beckett o encontra avisando que Violet não veio
trabalhar e que tem seu endereço. Ao perceber a presença dos outros dois, ela
se sentiu incomodada, mas disfarçou. Definitivamente, assustador.
Chegando ao
endereço de Violet, descobriram que ela não estava em casa. No meio do caminho,
Castle recebeu uma ligação. Ele havia pedido para os rapazes informarem tudo o
que descobrissem do caso. Era Lanie informando que as balas que mataram Royce
estavam derretendo. Beckett agindo
completamente ilegal, usou um velho truque com fechaduras para abrir a porta.
Não havia sinal dela ou de um corpo. Na verdade, ela deveria estar em Nova York
devido a uma anotação do mesmo numero de voo de Royce. Também acharam fotos de
vigilância, alguns artigos de vinho, corgis, surfe, nada que fizesse sentindo.
Uma foto de um prédio que parecia conhecido para Castle apesar de não
lembrar-se naquele instante. De repente, foram surpreendidos com o barulho de
carros. A policia. Infelizmente, não conseguiram escapar.
O detetive
responsável da LAPD os manteve esperando ate clarificar o que estavam fazendo.
Em seguida, deu-lhe uma bronca por cometer crimes em sua cidade e não importava
o fato dela ser policial. Colocando o celular no viva-voz, Beckett se
surpreendeu com a voz do seu capitão do outro lado. Não deu outra. Ele
arrasou-a por telefone, na verdade aos dois e exigiu que voltassem
imediatamente para Nova York.
Despediram-se
do detetive e seguiram para o carro. Ao questiona-la se Montgomery a demitiria
a resposta de Beckett foi positiva.
- Então, de
volta a Nova York? – ele perguntou.
- De jeito
nenhum! – Beckett pegou o celular e ligou para o distrito. Diretamente para a
mesa de Ryan – sou eu preciso de um favor e você pode recusar – mas o amigo não
o fez e Beckett explicou sobre Violet, sua ida a Nova York e possíveis pessoas
que ela poderia ter contatado. Ryan prometeu pesquisar e passou a ligação para
Esposito que tinha uma foto do suposto assassino. Ela orientou para buscar na
base de dados federais através do reconhecimento facial.
Assim que saiu
do telefone, Castle também tinha boas noticias. Ele pesquisara o prédio e o
encontrara. Era uma empresa de tecnologia cujo CEO era Charles Kelvin, seu
perfil revelava seus hobbies, os mesmos que Violet estava pesquisando. Eles o
encontraram na praia de Santa Monica surfando.
Ao ser
questionado com a foto da atriz, ele informou que tinham saído em um encontro.
Tudo estava ido bem até o instante que ela fora ao banheiro e não retornara
mais. Tirando um gravador que pegara na casa de Violet, Castle apertou o play
perguntando a Kelvin se ele reconhecia sua voz. Acabaram descobrindo que aquela
era a frase de reconhecimento de voz que abria o cofre da empresa. Ele os
deixou quase a ver navios ao sair correndo de volta para a empresa. Como
suspeitava, o cofre havia sido roubado e apesar de Kelvin negar-se a revelar
seu conteúdo, Castle encontrou uma bala concluindo que se tratava daquelas que
dissolviam. Alguém queria usa-las para fazer dinheiro.
De volta ao
hotel, após uma refeição deliciosa, eles discutiram um pouco sobre o motivo e o
que decifraram do caso até ali. Desde que soubera da noticia da morte de Royce,
ela não conversara sobre o assunto com ele. Talvez esse fosse o modo como Kate
Beckett consolava-se, em silencio. Focada apenas em descobrir quem o assassinou
e fazer justiça. Por isso, quando ela começou a falar sobre ele, Castle foi
pego de surpresa.
- Eu o
respeitava tanto quando o conheci, Castle. Me prendia em cada palavra que
dizia. Então mais tarde, percebi que ele somente inventava historias para mexer
comigo – eles trocaram um sorriso e Kate permaneceu calada por alguns segundos
antes de completar – não acredito que nunca mais o verei.
- Sabe o que
pensei na primeira vez que a conheci? – ela voltou sua atenção a ele fixando o
olhar – que você era um mistério que eu nunca resolveria. Mesmo agora, depois
de passar todo esse tempo com você, eu ainda estou impressionado com a
profundidade de sua força, seu coração e sua beleza.
- Você não é
tão ruim também – por uns instantes, eles apenas se olharam, analisando um ao
outro. Castle tomou a mão dela na sua levando até os lábios. Depois se
aproximou a procura de um beijo. Sentir os lábios dele calmamente provando sua
boca era, ao mesmo tempo, um convite e um consolo. Ela precisava disso. Um
carinho para acalmar seu coração, mas se realmente cedesse, sabia onde os dois
iam parar – está tarde, precisamos dormir.
- Claro. E
podemos fazer outras coisas também – ele sorriu maroto para a mulher ao seu
lado. Kate levantou-se do sofá, estendeu a mão para entrelaçar os dedos aos
dele puxando-o para o quarto. Castle acompanhou-a fechando a porta e
sentando-se na cama. Ela o beijou carinhosamente. Em seguida, ela foi para o
banheiro da suíte. Ele aproveitou para trocar de roupa e se preparar para
deitar também.
Minutos
depois, Kate deixa o banheiro trajando uma calça de flanela e uma camiseta
simples para dormir. Ele podia sentir o hidratante de baunilha na pele.
Encontrando-a no meio do quarto, ele cheirou-lhe o pescoço antes de ir ao
banheiro. Ao voltar, encontrou-a já deitada na cama. Juntou-se a ela. Deitados frente
a frente, os olhares se estudavam e se admiravam mutuamente. Castle esticou a
mão para tocar-lhe o cabelo, deslizou a mão pelo rosto e o polegar pelos
lábios. Kate se aproximou para beija-lo mais uma vez. Aproveitando a
oportunidade, ele aconchegou-se junto ao corpo dela para toca-la ainda mais.
Claro que
adorava receber carinho e o toque maravilhoso das mãos de Castle, mas não
estava a fim de ir além disso. Castle percebeu afastando-se. Segurando suas
mãos nas dele, beijou-lhe as juntas, sorriu.
- Kate, não
precisamos fazer nada. Tudo o que eu quero é te ver bem. Foi por isso que a
segui até Los Angeles. Quando vi o modo que você saiu da delegacia, sabia que
iria se esconder evitando comentar sobre a morte de Royce, porém tinha certeza
que viria até aqui para fazer justiça do seu jeito. Independente do que ele
fez, Royce era especial para sua vida, sua trajetória. Eu respeito isso,
admiro. Estou aqui para lhe ajudar no que precisar porque entendo que por trás
dessa pose de detetive durona, tem uma mulher frágil, um coração sofrendo que
precisa de um ombro amigo para chorar, ou um abraço apertado para se lembrar
que não está sozinha. Peça o que quiser e eu farei.
- Obrigada,
Castle. Significa muito para mim.
Com um
sorriso, ela se aninhou no peito dele, Castle a envolveu nos braços
beijando-lhe os cabelos. Não demorou muito para perceber que Kate derramara
algumas lágrimas. Ele nada disse e minutos depois ela adormecera em seus
braços. Ainda demorou a dormir. Pensava nela, em como era guerreira. Lutava e
segurava as emoções para que não a vissem demonstrar fragilidade. Entendia
claramente o efeito das palavras que ela dissera sobre Royce, a admiração
presente nelas. A razão disso devia-se ao que ele próprio sentia ao observa-la.
Uma admiração sem tamanho pela mulher determinada que todos os dias saia de
casa para fazer o bem, enfrentar bandidos, para ser um instrumento de justiça.
Isso o enchia de orgulho. Se a detetive queria justiça, ele faria o que pudesse
para ajuda-la a honrar a vida de Royce.
Quando acordou
no dia seguinte, deparou-se com a cama vazia. Ela já devia estar acordada. Não
se surpreendeu ao encontra-la na sala já trabalhando. Havia um quadro de
evidencias cheio de informações. Esfregando os olhos, perguntou.
- Alguém
acordou cedo...
- Oi. Estou
analisando os detalhes do caso. Sobre o roubo – sentado no sofá ele escutava as
teorias desenvolvidas por Kate. Descobrira uma possível pista através do guarda
que trabalhava na empresa vigiando as entradas do cofre. Eles acordaram em uns
pontos, especularam sobre outros e foram interrompidos por batidas na porta.
Rapidamente, esconderam o quadro com as informações na outro quarto. Kate
sentou-se no sofá casualmente fingindo estar curtindo um momento relaxado.
Castle se encarregou de abrir a porta.
Depois de umas
piadinhas meio ridículas sobre a relação de Kate com o escritor, ele comentou
do roubo na empresa de Kelvin. Claro que Beckett negou que soubessem de algo já
que não estavam investigando nada. O detetive não acreditou, mas mantiveram a
postura e a mentira branca dizendo que estaria se arrumando para ir ao
aeroporto. Cedendo, Castle alfinetou dizendo que se eles lembrassem de algo
saberiam quem procurar.
Com uma ideia
meio louca, Beckett pediu a ajuda de Castle para usar o estúdio e enganar o
guarda, afinal ele não sabia que Kate não era policial muito menos os atores.
Com um carro fabricado pelo estúdio, copia fiel de um da LAPD, a dupla de
atores se juntou a Kate para fazer uma encenação e arrancar alguma informação
dele. Após a pequena viagem de carro patrulha, eles seguiram para um set com
uma sala de interrogatório onde Castle e Beckett apertaram o guarda.
Conseguiram descobrir que os mesmos caras que seguiram Royce em Manhattan,
foram os que roubaram o cofre com as balas. Além disso, tinham um nome agora.
Ganz.
Contatando
Ryan para dar essa nova informação, Beckett tornou fácil a identificação do
suspeito. Em adição, Ryan também encontrou a identidade de seu comparsa Donald
Mannis, prometeu informar a todos na NYPD. Sem endereço certo em LA, a única
informação que tinham era a queda de Ganz por luxo. Castle seguiu um palpite e
perguntou a Maurice se ele conhecia o sujeito. Acabaram por descobrir que ele
era cliente da rede cinco estrelas que o gerente trabalhava. Ao ser questionado
por Kate quanto ao seu paradeiro, teve uma surpresa ao saber que Ganz estava
muito perto. Encontrava-se numa cabana do hotel. Gostava de ficar cercado de
belas mulheres enquanto conduzia seus negócios a beira da piscina, o que estava
fazendo nesse exato momento. Assim que Maurice saiu, a mente de Kate começou a
trabalhar.
- Se Ganz está
negociando na piscina, deve estar tentando achar um comprador para as balas. Se
eu puder liga-lo a elas, provo que ele matou Royce.
- Não acha de
devemos ligar para a LAPD?
- Tenho uma
ideia melhor. Desça e encontre-me na piscina do lado leste em dez minutos. Não
demoro – Castle decidiu não argumentar com ela. Desceu para a área da piscina,
analisou e encontrou Ganz calmamente conversando ao telefone. Parecia bem a
vontade. Para não levantar suspeitas, pediu um drinque e manteve-se sentado no
bar a uma certa distancia de Ganz, mas de frente para onde ele conduzia seus
negócios a fim de observa-lo. Ganz preparava-se para acender um charuto quando
uma visão do paraíso despontava da piscina.
Ali estava
ela. Kate Beckett absolutamente linda em um maiô que exibia varias partes do
seu corpo. Os cabelos molhados somente traziam mais sex appeal para o momento.
O olhar fixo e provocador chamou a atenção não apenas de Castle que quase engasgou
com o seu drinque ao vê-la, mas também atraiu o olhar de Ganz, o que era o
objetivo de Beckett desde o inicio.
Ainda perdido
olhando bobamente para a mulher incrível que deixava a piscina para envolver-se
numa canga, ele não parava de pensar sobre o quanto ela era linda. Castle
estava tendo dificuldades de se concentrar e manter o foco diante da imagem
criada por Kate. Sentiu uma pontada na virilha. Ela causava nele os mais
diversos sentimentos e pensamentos nada puros. Quando a viu sentar-se na
espreguiçadeira e Ganz aproximar-se dela, percebeu que esse era o momento de
começar a prestar atenção.
Ganz iniciou
uma conversa com Kate comentando sobre sua entrada. Em seguida, Beckett arrisca
uma personagem, Lola Black demonstrando que estava interessada em uma certa
mercadoria que Ganz tem. Porém, quando ela achava que poderia conseguir algo,
ele a cortou dizendo que o leilão acabara há duas horas. Infelizmente, ela viu
Castle ir ate onde Ganz estava e com medo dele ser surpreendido pelo bandido,
Beckett acabou estragando seu ato. Ganz desconfiou que ela fosse policial
devido ao ato de ansiedade em lhe oferecer dinheiro. Tudo porque queria
proteger Castle. Quando Ganz se distanciou dela, já dera tempo suficiente para
Castle sair do radar do bandido.
Frustrada, ela
deixou escapar um gemido. Tinha vontade de esmurra-lo por atrapalhar sua
empreitada junto ao seu principal suspeito. Levantou-se e foi encontra-lo atrás
de alguns arbustos na área da piscina. Assim que o viu, ela já chegou
machucando-o no ombro com o dedo.
- Como foi? –
e logo em seguida reclamou do golpe recebido.
- Eu estava
tentando evitar que ele o visse então forcei a barra e fui desmascarada. Ele me
chamou de imatura! O que estava fazendo? – perguntou repetindo o gesto ouvindo
outro gemido de Castle.
- Vi o
telefone dele na cabana, achei que valia o risco.
- Pegou o
telefone dele?
- Não. Tirei
uma foto do histórico de chamadas.
- O que? Cadê?
- Não, não me
bata de novo – estendeu seu próprio telefone para ela.
- Bater? Quero
te beijar – disse olhando a informação.
- Por favor,
faça isso – ela tirou os olhos do telefone para fitar Castle. Sem pensar muito,
ela colou seus lábios nos dele rapidamente, voltando sua atenção para os
números de telefone a sua frente.
- Temos que
checar todos esses números para ver se achamos o comprador de Ganz.
- Agora
podemos ligar para Seeger? – Castle estava quase implorando. Ela cedeu. O
primeiro contato com o detetive da LAPD após ele ter mandado-a embora não foi
nada amistoso, porém como ele não tinha mais nenhuma pista do roubo, teve que
aceitar a ajuda de Castle e Beckett. Enquanto isso em Nova York, Ryan e Esposito
iam encontrar Violet para tentar fechar esse caso de vez.
Castle e
Beckett estavam de volta ao hotel para esperar noticias de Seeger. Quando
detetive voltou a bater na porta deles, revelou que todos os números eram pré-pagos,
o que tornava o rastreamento difícil. Um dos números, porém era de Manhattan.
Beckett assumiu que era do parceiro. Deu a ideia de ligar para Mannis e
informar que Ganz o cortaria do negocio. Dessa forma, instigariam-no a ligar
para Ganz e eles estariam ouvindo a conversa para talvez descobrir o local da
troca da mercadoria.
Quando o
telefone tocou no bolso de Mannis, ele estava prestes a atirar em Violet. O
toque do celular revelou sua localização e sua intenção levando-o a trocar
tiros com Esposito que o derrubou no chão e atendeu a ligação.
- Esposito?
- Beckett?
- Está com
Mannis?
- Estou,
atirei nele. Por que está ligando para ele?
- Precisamos saber
quando e onde Ganz venderá as balas – Esposito e Ryan pressionaram o cara ate fazê-lo
ceder, aproveitando o fato dele estar ferido e precisar de uma ambulância.
Finalmente, conseguiram a informação. Píer de Santa Monica, seis da tarde. Em
adição ao local, Ryan conseguiu arrancar outra confissão. Quem havia atirado em
Royce fora Ganz.
- Ouviu tudo,
Beckett?
- Sim,
obrigada – desligou o telefone – temos que ir ao píer. Será nossa última chance
de pegar Ganz. São quinze para as seis – Beckett pegou a arma e colocou nas
costas, presa ao cós do jeans – vamos nessa.
No píer de
Santa Monica, Castle e Becjett acompanhados de uma equipe da LAPD,
misturavam-se aos transeuntes buscando por pessoas suspeitas carregando maletas
de possível dinheiro ou carros com a mercadoria roubada. O instinto policial de
Beckett funcionou e logo abordaram um homem com uma maleta cheia de dólares e
uma van suspeita. Beckett rendeu o motorista da van, perguntando por Ganz. Após
checarem o veiculo, Castle e Seeger confirmaram o carregamento das balas. Ao
procurar por Beckett, Castle não a avistou por perto. Isso o preocupou..
Uma das
características mais marcantes da detetive Kate Beckett e a sua teimosia. Mesmo
recuperando as balas e parte do dinheiro da transação, esse não era o motivo
pelo qual ela viera para Los Angeles. Apenas um homem a interessava. Ganz. Era
a hora de fazer justiça por seu mentor. Devia isso a Royce.
Ela o
procurava pelo píer. Não podia ter sumido tão depressa. Ele percebera a
presença da policia e tentara se mandar. Ela sabia disso porque avistou um
charuto ainda acesso abandonado sobre uma mesa. Varrendo o lugar com os olhos,
finalmente o viu. Discretamente e usando toda a sua experiência como detetive,
Beckett passou a segui-lo. Quando se aproximava dele puxando a arma das suas
costas, fez-se notar.
Ganz saiu
correndo forçando Beckett a correr em seu encalço gritando ser da policia. Ganz
tentou escapar do píer para a praia. Isso não intimidou a detetive que seguiu
pelo mesmo caminho. Ele corria para as docas. Vendo que não teria muita opção a
partir dali, Beckett mirou e atirou fazendo Ganz cair sobre a areia.
Rapidamente, correu até ele, a arma em punho. Virou-se com dor para fita-la.
- Eu sabia que
era policial.
- Meu nome é
detetive Kate Beckett, NYPD. Michael Royce era meu amigo. Atirou nele e
deixou-o num beco como se fosse lixo. Considere isso justiça poética.
- Ele me disse
algo sobre o inferno me procurar. Nunca imaginei que o inferno parecesse com
você – ela estava calada, a raiva fervilhando em sua mente, os dedos coçando no
gatilho. Podia atirar mais uma vez, mata-lo. Ele era um criminoso afinal. Mas,
seria vingança passional a melhor resposta para Royce? Ela ouviu passos
correndo em sua direção e a voz de Castle gritando seu nome.
- Kate! – sim,
ele tinha medo que ela fizesse uma besteira. Foi exatamente o som de sua voz
que a fez retornar a realidade e recitar seus direitos.
- Russell
Ganz, você está preso pelo assassinato de Michael Royce – após dizer essas palavras,
Kate sentiu-se sem forças. Guardou a arma no cós e saiu caminhando a esmo rumo a
praia para longe daquilo tudo. Castle vinha a seu lado, calado. Quando saíram
das docas, ele perguntou.
- Você está
bem?
- Sim, estou –
continuou caminhando ate parar de frente para o mar soltando um longo suspiro.
Ajeitou os cabelos, olhou para ele, puxou sua jaqueta trazendo-o para mais
perto do seu corpo e o abraçou. Castle deixou seus braços envolverem o corpo
esbelto e frágil da detetive. Beijou-lhe o topo da cabeça.
- Nosso voo
não sai antes das dez da manhã, nada mais justo do que aproveitar nossa última
noite em grande estilo, não? Podemos jantar, passar um tempo calmo juntos,
longe dos radares de Nova York. Fiz reserva em um ótimo restaurante aqui na
região de Venice Beach. Você fez sua justiça, Kate. Está na hora de relaxar um
pouco – Kate ergueu a cabeça para fita-lo. Sorrindo, ela alcançou seus lábios
beijando-o. Afastando-se do seu corpo, mantinha as mãos entrelaçadas as dele.
Puxou-o para recomeçarem a caminhada.
- Acho que
ceder um pouquinho a sua maneira de se divertir não será tão mal assim...
- Que bom.
Vamos para o hotel, tomamos um banho e partimos para o jantar. Não se preocupe,
não é um restaurante chique. Você pode vestir-se casualmente.
De volta ao
hotel, eles se arrumaram e partiram para o jantar. Kate seguiu o conselho de
Castle escolhendo uma saia justa até os joelhos, uma blusa frente única com um
decote lindo nos seios e uma jaqueta para o caso de sentir frio no local. O
restaurante escolhido por Castle era um dos mais badalados de comida mexicana.
A noite podia ser regada a tequila, mas como pegariam um avião pela manhã,
contentaram-se com os mojitos. A variedade de entradas, tacos, burritos,
quesadillas, entreteriam os dois por um bom tempo. Novamente, o real motivo de
estarem em Los Angeles voltou a ser o tópico da conversa. Dentre outras coisas,
Castle não perdera a oportunidade de falar sobre o maiô.
- O que você
tinha em mente quando decidiu colocar aquele maiô? Me matar? – ela riu dele -
Você deveria ter me avisado. No momento que você deixou aquela piscina, eu
parei de respirar por uns segundos. Fora a dor que senti pressionando minha
calça. Onde você arrumou aquele maiô tão sexy? Qualquer dia vai me causar um
ataque cardíaco, Kate!
- Não sabia
que você tinha se afetado tanto com a minha visão em um simples maiô... – ela
provocou.
- Acredite,
não havia nada simples naquele maiô, muito menos na sua saída formidável da
piscina. Deus! Somente de me lembrar já sinto calor. E se aquele imbecil do Ganz tivesse dado em
cima de você ou tentado algo muito... eu juro que ia mata-lo!
- Calma,
tigrão... nós dois sabemos que você não tem toda essa coragem e quer saber?
Chega de assassinatos ao nosso redor.
- Er...Kate,
você trabalha com isso. O que torna um pouco difícil imaginar que não teremos
mortos surgindo na nossa vida a cada minuto.
- Você entendeu
o que quis dizer...
- Entendi,
exceto pela parte que você me chamou de covarde. Você realmente acaba com a
minha masculinidade, Beckett!
- Ok, me
expressei mal. Se tem algo que posso garantir é que se ficou excitado apenas de
me ver em um maiô, sua masculinidade está melhor que boa, está perfeita. Sem
reclamações nesse departamento, Castle – ela acabou rindo, o riso virou uma
gargalhada e Castle achou por bem acompanha-la. Pediu uma nova rodada de
mojitos enquanto experimentavam a guacamole com os nachos. Então, do nada, Kate
desfez o sorriso mordendo seus lábios. Segurava a mão dele na sua.
- Castle, eu
só queria agradecê-lo novamente. Por enfrentar essa investigação ao meu lado,
correndo o risco até de morrer. Royce não era sua responsabilidade, mesmo assim
ficou comigo, me apoiou. Significa muito. Independente de sermos próximos,
trabalharmos juntos, você não precisava. Sério, obrigada.
- Já estava na
hora de você saber que pode contar comigo. Always – ela sorriu. Assim
continuaram o jantar em um clima delicioso. De volta para o hotel, a diversão
continuou. Castle achava que ela não estaria a fim devido aos últimos
acontecimentos, mas se enganara e essa era uma daquelas vezes que adorava estar
errado.
Pela primeira
vez, eles puderam aproveitar apropriadamente a suíte classuda do hotel. Kate
sugeriu que tomassem um banho relaxante na imensa jacuzzi que havia no banheiro
da suíte. Quem era Castle para discordar? Despejou os sais de banho, equilibrou
a temperatura da água para melhor agradar a ela, ligou a hidromassagem. Quando
ela surgiu usando apenas o roupão, Castle estava esperando-a enrolado em uma
toalha. Ela se livrou da única peça de roupa e mergulhou a perna vagarosamente
na água quente. Suspirou gemendo ao sentir o calor que tocava a pele.
O próximo
passo foi sentar-se entre a espuma. Uma delicia, o corpo começara a relaxar. Ao
vê-la confortavelmente dentro da banheira, sabia que era o momento de lhe fazer
companhia. Entrou na água sentando-se de frente para Kate. Sorrindo, ela
esticou a perna para toca-lo.
- Por que você
está tão longe? Junte-se a mim... quero uma massagem e você precisa esfregar
minhas costas – ele se aproximou puxando-a para perto de si. Colocando-a
sentada entre as suas pernas, ele beijou-lhe o ombro antes de começar a usar os
dedos para massagea-la. Kate relaxou nos braços dele fechando os olhos. Aquele
momento era tudo o que precisava. Depois de enfrentar uma investigação
complicada e vingar seu mentor fazendo justiça, não podia pedir por melhor
recompensa.
Ainda estava
triste por saber que não tivera a chance de fazer as pazes com Royce. Seu último
encontro não foi o mais promissor e terminou de uma maneira complicada para
ambos. Ela agradecia o fato de Castle estar ali para ajuda-la a passar por
aquele momento difícil, o momento da traição no qual Royce jogou por terra
todos os ensinamentos que um dia fora sua base, esquecera a ética. Agora, em
outro instante, Castle estava novamente ao seu lado, talvez estivesse se
acostumando a juntar os pedaços quando ela tentava se esconder e mostrar-se
forte.
- Por que está
tão calada?
- Apenas
curtindo a sua massagem. Essa água está muito boa.
- Sei que está,
da mesma forma que sei que você está perdida em pensamentos. Posso até adivinha-los.
Royce, não? – ela soltou um longo suspiro.
- Sim, você
acertou – ela virou o rosto para fita-lo.
- Kate, sei
que você está mexida com a morte de Royce, está chateada consigo mesma por não
ter tido a chance de despedir-se ou pelo menos se acertar com ele, colocar tudo
em pratos limpos. Você finge ser forte, mas eu sei que é apenas um disfarce.
Seu coração dói. Tudo bem, estou aqui para apoia-la, se quiser chorar, falar ou
apenas que fique a seu lado. Sua escolha, suas regras.
- Eu sei. Por isso
estamos aqui – ela ficou de frente para Castle beijando-lhe os lábios
suavemente. Sentiu o rosto de Castle deslizar pelo seu pescoço distribuindo
cheiros e caricias com os lábios pelo colo até alcançar seus seios.
Displicentemente, ele brincava com os mamilos entre seus dentes e línguas. Ela
gemeu. Não querendo parecer inapropriado, ele parou para perguntar.
- Tem certeza
que quer fazer isso? Eu entenderei se... – o dedo indicador de Kate pousou em
seus lábios impedindo-o de continuar.
- Está mais do
que bom, por favor, continue... – assim Castle obedeceu ao pedido da sua
namorada dando-lhe aquilo que certamente a faria sentir-se melhor depois de
tudo o que acontecera. Erguendo-a pela cintura, ele a apoiou na beira da
jacuzzi para prova-la completamente. Após dois orgasmos, ela finalmente ergueu-se
da banheira pegando a toalha envolvendo-a em seu corpo molhado e coberto
parcialmente pela espuma – vou tomar uma chuveirada. Sei que jantamos, mas estou
com vontade de tomar sorvete e um bom café não faria mal a ninguém, você
concorda?
- Claro. Posso
providenciar para você. Curta seu banho que já volto com seu pedido.
- Ótimo,
depois poderemos ir para a cama. Preciso dormir, porém não abro mão de uma
massagem nos pés.
- Seu desejo é
uma ordem – quinze minutos depois, Kate terminava sua tigela de sorvete
enquanto ele massageava-lhe os pés. Vendo-a satisfeita, ele serviu o café que
preparara para ambos, sorveram o liquido forte e encorpado para por fim cair
nos braços um do outro. Castle certificou-se que ela estivesse realmente
dormindo antes de sucumbir também ao sono.
Pela manhã,
Castle e Beckett despediram-se do detetive do caso e de Maurice. Quando Beckett
pegou sua mala, Castle a observava. Não conseguiu resistir ao desejo de
perguntar.
- Quanto perto
você esteve de matar Ganz? – ela o olhou por um longo instante. Não pretendia
responder a pergunta e nem mesmo revelar que fora a urgência em sua voz que a
impediu de fazer uma besteira.
- Vamos para
casa, Castle.
No avião, após
o serviço de bordo, Castle aconchegou-se para tirar um cochilo. Kate vendo-se
sozinha entre pensamentos, criou novamente coragem para ler a carta de Royce.
Era verdade que a lera pelo menos três vezes, porém naquele momento, as
palavras tiveram um significado bem diferente da primeira vez.
“E agora a
parte mais difícil, garota. É evidente que você e Castle tem algo verdadeiro e
você está lutando contra isso. Mas confie em mim, priorizar o trabalho ao seu
coração é um erro. Nos arriscar por amor é o motivo de estarmos vivos. A última
coisa que você quer é olhar para trás e se perguntar... como teria sido?”
Dobrando o
pedaço de papel, ela fitou o homem dormindo ao seu lado. Por que Royce falara
isso sobre ela e Castle? O que o levara a perceber algum tipo de conexão ou
vibração entre eles? Reconhecia a importância de tê-lo lutando ao seu lado. De
um jeito estranho que não pretendia saber explicar, ele a acalmava, a mantinha
focada com os pés no chão. Além disso, ele mostrava que era possível viver a
realidade e ainda ter esperanças de dias melhores. Não sabia há quanto tempo
Royce havia escrito essa carta, mas o fato dele ter percebido a influência de
Castle em sua vida a fizera encarar algo que vinha evitando.
Será que Dana
estava certa ao fazê-la questionar-se sobre que tipo de relacionamento ela
tinha com Castle? Não era apenas uma relação profissional no estilo
ganha-ganha. Ultrapassaram o limite ao decidirem que sexo casual faria parte da
oferta. Isso ate o instante que Kate se viu obrigada a reconhecer que acabara
se apaixonando pelo escritor. O que poderia muito bem parecer excelente, lindo
inclusive quando posto no papel, como uma história de amor ou um livro de
mistérios. A grande incógnita era: sentia-se pronta para fazer perguntas que
desafiavam seu medo e sua insegurança ao forçá-la a responde-las? Ou estaria
apenas confusa por serem essas as últimas palavras que seu mentor e amigo
escrevera para ela?
Talvez fosse
um tópico interessante para discutir com Dana, desde que a amiga não decidisse
forçar a barra com as justificativas mais mirabolantes para convencê-la do que
poderia estar se desenhando em um futuro próximo.
Arriscar seu
coração.
Kate Beckett
não sabia ao certo se podia dar esse próximo passo, não era uma ação comum, um
modo natural de vida esperada de alguém como ela. Mesmo assim, ela optou por
aninhar-se no peito de um sonolento Castle e fechar os olhos apenas para
aproveitar os últimos instantes que poderiam fazer isso sem ter olhares críticos
a julgar suas decisões, sem sorrisos cínicos imaginando que ela estava ali para
fisgar a baleia branca. Por umas duas horas, eles podiam ser somente um casal
ao invés da detetive da NYPD e o escritor de Best-seller.
Continua....
2 comentários:
O Castle é mesmo um fofo, sabe lê a Beckett direitinho. E a Dana, estou sentindo falta dela, as diretas na Kate.
Castle é realmente um cavaleiro,certo que as vezes ele é chato,geocêntrico e teimoso mais é e sempre será o mais encantador de todos! ❤️
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