Nota da Autora: Conforme prometi no post anterior, tem uma surpresinha para vocês nesse capítulo. A maré de tranquilidade está começando a acabar... tem angst vindo por aí. Mas, uma coisa de cada vez. Enjoy!
Atenção! NC17...
Cap.23
As primeiras pessoas que
Beckett encontrou no salão foram Ryan e Esposito. Ao vê-la, Ryan cumprimentou-a
com um sorriso e um abraço. Em seguida fez o mesmo com Castle.
- Então, a dupla dinâmica está
de volta. Poxa Beckett, você faz falta por aqui. Estou feliz em poder trabalhar
novamente juntos. Esse distrito não é o mesmo sem vocês.
- Só ela é importante? Eu não
conto? – Castle respondeu magoado.
- Caso não tenha percebido, eu
disse vocês. Claro que sinto falta de todo o seu nonsense, precisamos rir um
pouco afinal – Karpovisky ao notar a presença de Beckett no salão, puxou uma
salva de palmas e em um instante, todos os colegas vieram falar com ela, Kate
sentiu um alívio grande no coração, uma sensação maravilhosa de estar voltando
para casa. Esposito permanecia a uma certa distância de tudo. Será que ainda
estava magoado com ela? A barulheira e as conversas empolgadas começaram a
cessar no momento em que Gates saiu da sua sala ao encontro de Beckett.
Rapidamente, os colegas detetives e policiais foram se dispersando para evitar
serem chamados a atenção.
- Lieutenant Beckett, seja
bem-vinda – a Capitã estendeu a mão para ela que a apertou sorrindo – Mr.
Castle – cumprimentou-o com um gesto de reverência.
- Olá, Capitã Gates – ele
respondeu.
- Sei que há muita curiosidade
na sua volta e certamente haverão conversas paralelas, tudo bem, hoje é seu
primeiro dia, nada mais natural. Poderá conversar bastante com seus colegas
porém, gostaria de alguns minutos na minha sala primeiramente para que eu possa
colocar as suas novas responsabilidades em perspectiva e entender algumas
coisas que vi esses dias no noticiário.
- Claro, senhora. Podemos fazer
isso agora mesmo – quando caminhava para a sala da superiora, Castle fazia cara
de pânico, evidentemente Gates referia-se a entrevista dada por Kate a Nadine.
Devidamente instaladas na sala da Capitã, Beckett foi quem primeiro falou.
- Senhora peço desculpas pelo
barulho e o distúrbio causado com a minha chegada. Não tinha intenção de
atrapalhar seu trabalho e sua manhã.
- Não se preocupe com isso,
detetive. Oh, desculpe. Tenente. Preciso me acostumar a nova hierarquia. Sei
que as pessoas tem curiosidade em saber um pouco mais da sua história com o FBI
e sua volta a NYPD. Logo você deixará de ser novidade. Não foi por isso que a
chamei aqui. É meu dever como sua Capitã e orientadora informar o que pretendo
desenvolver na sua nova patente dentro do meu distrito. Conforme nossa conversa
prévia, você continuará chefiando a equipe de detetives para resolver casos de
homicídios. A equipe é de sua total responsabilidade, se eles erram, você erra.
Beckett agora a porta de entrada do 12th é você, será uma espécie de filtro
para que as coisas apenas cheguem ao meu conhecimento quando você tiver
esgotado todas as possibilidades. Quero que encare isso como um teste de
compromisso e autoridade. Ganhe respeito, faça com que as pessoas busquem em você
alguém para pedir uma orientação, um conselho. Acredito que isso será fácil de
conseguir. Sua boa reputação ajudará. Porém, terá que desenvolver outras
atividades. Quero vê-la mais vezes no tribunal, mesmo que peçam a alguém para
testemunhar, se estiver disponível quero que acompanhe. Auxilie a promotora
Roberts. Será importante mostrar que estamos presentes e buscando por justiça
além do ambiente da delegacia. Até aqui fui clara? Você tem alguma dúvida?
- Está claro, Capitã. Não chega
a ser uma dúvida, é mais uma preocupação. Entre casos por investigar,
relatórios e idas ao tribunal. Como ficaria a divisão do meu tempo? A senhora
sabe que existem casos que tomam bastante tempo em investigação, são
complicados. Tenho receio em não conseguir conciliar tudo.
- Tenente, sei como funciona a
dinâmica do meu distrito. Claro que não irei força-la a ir a um tribunal se sei
que está atolada em alguma investigação. Caso eu veja que um dos detetives pode
assumir seu lugar, farei isso. Caso contrário, o assassinato sempre será
prioridade. Mais uma coisa, quando houverem reuniões na Central de polícia,
quero que me acompanhe. Devagar, irei inseri-la no contexto político da
polícia. Sei o que pensa a respeito disso e assumi um compromisso com você de
treina-la e guia-la pelos caminhos complicados e escorregadios dos bastidores.
Tudo bem?
- Sim, eu agradeço a sua
maneira de tratar a questão. Às vezes sou muito preto no branco. Preciso mudar
isso.
- Mais uma coisa, mantenha o
Mr. Castle na linha. Sua responsabilidade perante a esse distrito é bem maior a
partir de agora, portanto mantenha-o sob rédeas curtas. Concordei com a
presença dele aqui porque reconheço que é uma boa ajuda para nós mas ainda é um
civil. Não é por isso que não seguirá as regras como os demais.
- Isso é fácil de fazer,
senhora. Não precisa se preocupar.
- Se você diz que consegue...
imagino que esse bambolê em seu dedo deve ser a razão disso – Beckett riu – por
último e não menos importante, Beckett pode me explicar que entrevista foi
aquela com Nadine um par de horas apenas da sua nomeação oficial para
Lieutenant? – Beckett mordiscou os lábios pensando em uma maneira de argumentar
o fato sem que a Capitã lhe xingasse e mandasse desistir das entrevistas com a
repórter.
- Senhora, na verdade aquela
entrevista tem a ver com uma escolha pessoal minha devido ao livro que escrevi
de Castle. Fiz uma primeira entrevista para uma revista e teve uma boa
repercussão. Nadine me procurou para propor algo diferente. Com o caso do
Senador Denver, meu nome ficou em evidência algumas semanas por isso ela
gostaria de fazer uma série de entrevistas comigo referente a trabalho. Como
faço a análise do caso que estou investigando, como é o dia a dia na agência,
queria uma entrevista exclusiva sobre o caso de fraude que virou notícia em
todos os canais. Eu não podia dizer a ela que não trabalhava mais para o
bureau, Nadine chegou a falar em contatar alguém grande lá dentro que
permitisse seu trabalho ao meu lado. Não sabia o que fazer para detê-la no FBI
daí tive a ideia de aceitar com o princípio básico de que eu a chamaria quando
julgasse interessante e relevante, então quando a nomeação saiu, pensei que
seria uma boa publicidade para o departamento de polícia. O prefeito pode
apreciar. Desculpe, senhora foi um tiro no escuro. Ela quer fazer algumas
entrevistas comigo, talvez fosse interessante fazer com a senhora. Caso o
Comandante não esteja de acordo, eu falo com Nadine.
- O Comandante não manifestou
nenhum parecer a mim, tenente. Temos que zelar pela privacidade de algumas
coisas na estrutura da polícia da nossa cidade. Também não sei a opinião do
prefeito.
- Na verdade, ele ligou lá para
casa e me parabenizou pela volta e pela maneira que demonstrava o meu
compromisso pela cidade. Agradeceu a propaganda gratuita sobre segurança que a
entrevista acabou gerando.
- Ele ligou para você
diretamente?
- Sim, por causa...
- De Castle. Já entendi. De
qualquer forma, sugiro não fazer mais nenhuma entrevista com a repórter até que
eu consulte o Comandante e o secretário de segurança. Concordo que parece uma
boa iniciativa para divulgar nosso distrito e não seria mal participar disso
também. Mas por enquanto nada de surpresas deixe Nadine avisada.
- Tudo bem, senhora. Se me
permite opinar, não é segredo para ninguém que não sou adepta a exposição de
imagem e câmeras. A Capitã inclusive presenciou meu desconforto quando quiseram
filmar nossa atividade no distrito a algum tempo. Dessa vez, porém é um pouco
diferente. Posso gerenciar Nadine. Não deixarei que ela nos exponha ao
ridículo. Acredito que podemos fazer que isso se volte a nosso favor.
- Bem, posso considerar isso
como sua primeira tarefa de filtro e exposição. Não faça nada até eu checar com
o Comandante seu parecer. Está dispensada. Hoje não irei exigir muito de você,
anote em sua agenda Beckett. Todas as manhãs teremos uma reunião apenas eu e
você para discutirmos os maiores casos do distrito, repassar tarefas relevantes
a você e será um momento para trocarmos experiências. Sempre às oito da manhã. Está
dispensada.
- Claro,senhora. Obrigada.
Beckett saiu da sala de Gates e
dirigiu-se logo a minicopa. Tinha certeza que Castle deveria estar por lá
roendo todas as unhas de curiosidade por saber o que a capitã queria com ela.
Encontrou-o tomando café. Serviu-se de água além de pegar um iogurte na
geladeira. Sentou-se ao lado dele que já demonstrava estar morrendo de
ansiedade para saber como fora a conversa.
- Você vai falar ou vai me
deixar nessa agonia aqui?
- Não sei, gosto de ver você
agoniado, torturar é sempre bom. Funciona tão bem com você – disse com um
sorriso maroto.
- Não faz isso, Kate. O que
Gates queria?
- Conversar sobre a minha
atividade, o que ela pretende me dar de atribuições. Terei novas
responsabilidades além de investigar assassinatos.
- Só isso? Ela não comentou
nada sobre a entrevista?
- Sobre isso... bem teremos que
avisar Nadine que as entrevistas estão... – Castle a interrompeu.
- Canceladas? Ah, não Kate. Ela
vai ficar uma fera! Como vamos resolver o outro assunto se falharmos com ela?
- Suspensas, até que Gates
converse com o secretário de segurança e o Comandante. Acho que não teremos
muito o que nos preocupar, eu consegui mostrar a Capitã que há benefícios
nisso. Terei que conversar com Nadine para informa-la do ocorrido e que
possivelmente deverá incluir uma entrevista com a Capitã entre aquelas que fará
comigo.
- Olha só! Nada mal para quem
não gosta de política,hum? Começou bem, Lieutenant Beckett – bateu a caneca
contra o copo dela para simular um brinde.
Esposito entrou na minicopa e
serviu-se de café. Ao vê-lo, Beckett resolveu conversar com o amigo.
- Como vão as coisas por aqui,
Espo?
- Corridas como sempre. Casos e
mais casos.
- Que bom, de certa forma posso
ajudar vocês agora.
- Não vai ser chefe? Não
precisará investigar apenas mandar e ver se estamos fazendo tudo certo.
- Qual é o problema, Esposito?
Já não expliquei que não podia falar nada sobre a mudança para vocês. Por que é
tão difícil de entender? Poxa! Pensei que ia ficar feliz com a minha volta.
- Você não pensou duas vezes
antes de contar para aquela repórter. E você não gosta de publicidade, foi
idéia do Castle?
- Foi depois da divulgação. Era
melhor fazer isso do que ter um monte de gente especulando ou milhares de
repórteres azucrinando minha família. E não foi ideia do Castle, mas se ele me
sugerisse talvez tivesse aceito da mesma forma. Por acaso não expliquei tudo
para vocês?
- Eu já entendi Beckett. Mas é
que pensei que confiasse na gente.
- E confio! Você e Ryan são meus
amigos, coloco minha vida nas suas mãos. Por que você não se coloca na minha
posição? Depois de tudo o que passei, com um bebê novo e tendo que me manter
calada sobre uma mudança como essa na minha vida? Pensei que tivesse a
compreensão de vocês. Especialmente a sua depois de tantos anos – Castle
acariciava as costas dela procurando conforta-la. Estava chateado com a cena
mas não se meteria na discussão a menos que Esposito fizesse algo que
desaprovasse contra Kate. Ele sabia que ela preferiria resolver seus problemas
sozinha.
O silêncio instalou-se entre os
dois. Beckett estava disposta a continuar brigando se Esposito insistisse
naquela besteira até fazê-lo entender que não quis enganar ninguém. Erguendo as
mãos, o amigo rendeu-se.
- Tudo bem, eu exagerei.
Desculpe. Ainda me soa estranho você fora do FBI e trabalhando aqui. Pensei que
ia ficar como aquele seu ex-namorado, subindo de cargo e mudando de cidades,
chefiando grandes equipes em situações de risco. Tem condições de fazer isso e
de repente, a vejo novamente aqui. Tenente da NYPD. Nada contra você está de
volta, pelo contrário, sentimos sua falta nesse lugar.
- Também pensei nisso,
acreditei que pudesse estar a frente de grandes missões mas o FBI não é tão
atraente como se imagina, pensam diferente, priorizam diferente. Tive que
pensar no meu filho, na minha vida. Escolhi o melhor para mim, Espo. Você
deveria ficar feliz com isso, eu estou – Espo sorriu e a abraçou a amiga.
- Desculpe novamente. Acho que
ainda estou me adaptando a essa nova Beckett. Tenho que encerrar um caso que
estou trabalhando, nos falamos depois – já na porta ele virou-se – seja
bem-vinda, Beckett. Você também, bro.
- Obrigada. Castle, por que
você não se meteu na discussão?
- Porque conheço minha mulher
suficiente para saber quando intervir. Sei da sua amizade de longa data com
Esposito. Se havia diferenças, cabia somente aos dois resolverem. Você é
independente, não precisa de mim para resolver essas desavenças ou mal
entendidos. Quando se trata de salvar sua vida, aí é outra história. Você
depende de mim.
- Ah, Castle...você estava indo
tão bem... – eles riram juntos e terminaram as bebidas.
- Sabe o que está faltando para
Espo? Uma namorada, a sensação de família por perto. Por isso ele tem alguma
dificuldade em entender certas coisas. Quer dizer, nós somos uma família, Ryan
e Jenny também. Até a Capitã tem familia.
- Isso é algo verdadeiro mas
não podemos força-lo a nada. Espo tem que descobrir o que precisa por ele
mesmo. Eu tiro por mim, até um tempo atrás sequer pensava em casar, ter filhos.
Nem por sair me interessava e olha como estou hoje...
- É porque você precisava me
conhecer...
- Sei sei... não é hora para se
gabar, Castle. Preciso ligar para Nadine.
Do celular ela contatou a
repórter. Explicou o que conversou com a sua superior adiantando que não via
problema quanto continuar as entrevistas porém, deveria obedecer a hierarquia e
aguardar o parecer do Comandante. Comentou que sugeriu uma entrevista com a
Capitã e a mesma se mostrou favorável à idéia. Pediu que aguardasse seu novo
contato. Nadine compreendeu a estratégia de Kate e concordou.
Duas semanas se passaram até
que Beckett entrasse na sua nova rotina. Entre reuniões com a sua superiora,
idas ao tribunal e pequenos casos, ela coordenava as equipes sem maiores
problemas e nem precisar de grandes esforços para desvendar nada. Tanto que
Castle acabava indo em dias alternados para o distrito ficando em casa para
escrever além de aproveitar para ficar com Alex.
Durante a reunião dessa manhã,
Gates trouxe novidades. O Comandante recebeu-a no início da semana para dar o
parecer sobre as entrevistas sugeridas por Beckett para promover a NYPD em
especial a homicídios.
- E qual foi o resultado,
senhora?
- Aprovado. Ele não só gostou
da idéia como mandou lhe dar os parabéns pela iniciativa. Disse que você já
está mostrando que tem muito potencial para deslanchar nessa patente de
tenente. Sendo assim, como você prefere trabalhar com a repórter? Deixo aos
seus cuidados pois sei que irá preservar tudo aquilo que não puder ser exposto
ou divulgado. Sua discrição deve permanecer antes de tudo.
- Claro, senhora. Não se
preocupe quanto a isso. Minha sugestão anterior a Nadine teria sido pegar um
caso interessante e mostrar o desenrolar da investigação, como analisamos e
escolhemos os suspeitos a serem interrogados até chegar no culpado. Para isso,
tenho que escolher um homicídio. A entrevista será gravada. Posso sugerir que
ao final do caso, ela grave com a senhora.
- Parece o melhor a fazer. Hoje
não vou tomar muito seu tempo, apenas gostaria de acrescentar que vem exercendo
um bom trabalho de liderança sobre seus colegas, tenente. Isso me agrada
bastante. Continue assim. Dispensada.
Kate apenas sorriu para a
Capitã e deixou a sala. Ainda não tinha um caso em mente para a repórter porém,
tinha certeza de que ela adoraria receber a notícia de que o caminho estava
liberado para seu suposto experimento. Ligou em seguida.
Três dias depois, finalmente
aparecera um caso interessante de assassinato. Castle não estava no distrito
então assim que recebeu a chamada, ligou para que a encontrasse na cena do
crime. A vítima era um design de uma grande corporação e tudo indicava ser um
crime envolvendo espionagem industrial. O notebook da empresa fora levado e algumas
pastas de trabalho também. Segundo Lanie levou dois tiros de 38 no peito
disparados por uma arma com silenciador. Havia sinais de luta na sala do
apartamento e marcas no corpo que demonstravam a tentativa de se defender de
seu agressor. Thomas Finn era solteiro e um executivo respeitável na Design Co.
Especialista em publicidade e propaganda. Morava sozinho como um verdadeiro
bachelor. Tinha uma irmã mais velha e a mãe que morava em Connecticut. Saindo
da cena do crime, ela contatou Nadine. Perguntou se a repórter estava
disponível para observar uma investigação porém não podia garantir que esse
seria um caso relevante, seu instinto dizia isso. Claro que a jornalista topou
na hora e ficou de encontra-la no distrito.
Beckett voltou ao 12th para
aguardar a irmã e a mãe da vítima que já havia sido informada por Esposito.
Enquanto esperava a resposta dos peritos e de Lanie sobre alguma pista a mais,
Beckett começou uma pesquisa sobre a companhia onde Finn trabalhava.
Nadine Furst chegou após vinte
minutos do telefonema de Beckett. Elegantemente vestida, chamou a atenção logo
que entrou no distrito. Beckett foi ao seu encontro para recebe-la e
apresenta-la a Capitã.
- Olá, Nadine! Você foi rápida.
- Ah, quando Kate Beckett chama
só pode significar uma coisa boa. Olá, Castle.
- Oi, Nadine.
- Então, podemos começar? Qual
o primeiro passo?
- Primeiro nós vamos falar com
a minha Capitã. Depois, vamos ao trabalho. Castle, você pode ver se Ryan
conseguiu mais informações sobre as últimas movimentações da nossa vítima, veja
se ele já tem os videos de segurança – em seguida ela bateu à porta da sala de
Gates pedindo permissão para entrar.
- Senhora, com licença. Quero
lhe aprensetar a jornalista Nadine Furst. Capitã Victoria Gates.
- É um prazer conhece-la,
capitã. Especialmente por ter alguém como Kate em sua equipe. Ela me contou que
a senhora a apoiou muito na decisão que tomou.
- Fiz meu papel como superiora
e também como mulher. Apoiei-a da mesma maneira que o fiz quando a oportunidade
do FBI surgiu. Já ouvi falar muito de você mas até a tenente mencionar sobre as
entrevistas ainda não tinha tido a curiosidade de entender o seu trabalho. Devo
dizer que fiquei satisfeita e bem impressionada. Espero que possa escrever boas
reportagens sobre a NYPD.
- Essa é a minha intenção,
Capitã. Inclusive gostaria de conversar com a senhora se possível.
- Claro, por hora a deixarei
nas mãos de Beckett. Quando precisar, pode me procurar. Seja bem-vinda ao nosso
distrito.
- Obrigada – assim que deixaram
a sala da capitã, Nadine comentou – você está me saindo uma excelente
negociadora e lidando muito bem com a parte política da coisa. Isso só me dá
mais idéias. Já pensou em entrar para a política, Kate? – pela careta que fez,
Nadine soltou uma gargalhada – mais uma aversa ao poder do estado. Com o tempo,
talvez você mude de idéia. O que vamos fazer agora?
- Ao contrário do que você
pensa, uma investigação de assassinato pode ser bem entediante, nada daquele
frisson que se vê em filmes ou séries estilo CSI. Às vezes o motivo que leva
uma pessoa tirar a vida da outra é tão banal que nos deixa chateados. Muitas
vezes você se questiona qual o valor de uma vida.
- Espera! Deixe eu anotar essa
frase – ela pegou o ipad e digitava ferozmente – droga! Devia ter ligado logo
meu gravador.
- Nossa! Você me fez lembrar de
alguém alguns anos atrás... – Beckett sorria olhando na direção de Castle –
posso continuar? – recebeu o sinal de positivo com o polegar, certamente o
gravador já estava ligado – o que iremos fazer agora é avaliar o resultado das
filmagens do prédio e começar a contatar as pessoas na empresa que ele
trabalhava. Antes tenho que fazer a parte mais difícil de todo esse trabalho.
Dizer para alguém que seu filho está morto. Não importa quantas vezes faça isso,
sempre mexe com você. Sempre é complicado, doloroso. Promete entrar e ficar
calada?
- Tudo bem.
Beckett entrou na saleta de
espera e cumprimentou a mãe da vitima e a irmã.
- Senhora Finn, sou a
Lieutenant Kate Beckett. Infelizmente não tenho boas notícias – enquanto
conversava com os parentes da vítima, Beckett buscava descobrir mais sobre
hábitos, amizades, inimigos. Soube que Tom estava diante de um grande projeto
na empresa, liderava uma equipe de dez pessoas e estava muito estressado. Nada
estranho até a irmã revelar que havia duas pessoas na equipe que pressionavam o
irmão. Um deles era para liderar o projeto mas foi vetado pela diretoria e
outro era amigo de um gerente e Tom desconfiava que ele estava passando
informações sobre seu trabalho ao conhecido procurando queimar a reputação
dele. A irmã sabia disso porque conversara com ele a uma semana. Thomas viera
pedir conselhos a ela porque trabalhava com recursos humanos.
Satisfeita com a conversa,
Beckett agradeceu e reforçou seus pêsames as duas. Ao sair da sala, Nadine
voltou a falar.
- Tá na cara que esse projeto
de Thomas era muito importante. A possibilidade do culpado ser um dos membros
da equipe é muito grande.
- Sim, esse será nosso próximo
passo. Visitar a empresa e falar com os colegas deTthomas, mas antes preciso de
mais informações. Vou lhe apresentar nosso quadro de evidência. Nada hitech.
Aqui resolvemos assassinatos no método antigo, usando quadro branco – ao ver
Castle em sua cadeira cativa examinando uns papéis perguntou - Castle, o que
temos?
- Algumas tomadas da câmera de
segurança, nada anormal. Ele chegou em casa por volta das oito da noite, não
saiu mais. No elevador não há indicação de nada anormal. Outros possíveis
moradores, entregador de comida, melhor procurar em outro lugar.
- Sim, na empresa que
trabalhava. Nadine, esse é o nosso quadro – Beckett começou a explicar a
dinâmica e o funcionamento do quadro para a investigação. Conversaram os três
por quase uma hora antes de elencarem seus próximos passos e deixarem o lugar
rumo a empresa onde Thomas Finn trabalhava.
A Design Co. era uma empresa
grande e muito bem decorada. Em estilo moderno, misturava cores e praticidade
sem deixar de mostrar seu lado de ostentação. Era uma empresa saudável
aparentemente. Vários monitores com propaganda, banners e quadros decoravam o
corredor largo que terminava em uma recepção de primeira linha. No balcão uma
recepcionista com um tablet nas mãos e um headset no ouvido atendia a ligações,
ao avistar Beckett e seus acompanhantes, colocou um sorriso no rosto.
- Boa tarde, sejam bem-vindos a
Design Co.
- Boa tarde. Gostaria de falar
com Steve Mann.
- O Sr. Mann está com a agenda
lotada o dia todo. Nesse momento está em uma foneconferência com um cliente
muito importante. Por acaso marcou hora? – Beckett puxou o distintivo e mostrou
a mulher.
- Lieutenant Beckett. NYPD.
Imagino que ele consiga me encaixar na sua agenda, afinal trata-se de um
homicídio algo que certamente não pega bem em uma empresa de publicidade e
propaganda, não acha?
- Um momento, tenente – a
atendente pegou o telefone e contatou alguém. Beckett ouviu Nadine cochichar
para Castle.
- Ela é boa!
- Você ainda não viu nada,
espere um interrogatório – Beckett sorriu diante do comentário. A atendente
largou o headset dirigindo-se a tenente.
- Ele está terminando a
conferência, disse que atende a senhora em quinze minutos. Gostaria de um
cappuccino? Água , suco, refrigerante? Posso providenciar – antes que ela
pudesse responder educadamente que não, Nadine e Castle já se anteciparam.
- Cappuccino por favor.
- Pra mim sem açucar, como vai
querer o seu Beckett? – ela revirou os olhos diante da cena. Uma espécie de
dejavu duplo se materializava a sua frente.
- Tudo bem, um sem açucar para
mim também.
- Já trago em um minuto – assim
que a recepcionista virou as costas, Beckett fitou os dois.
- Outro Rick Castle na minha
vida é demais. Se me dissessem que ia passar por isso de novo, certamente riria
na cara do sujeito.
- É Kate, você gostou tanto que
acabou casando com ele. Só que dessa vez nem pense em me levar para a cama como
fez com Castle. Meu negócio é outro.
- Wow! Continuem! Essa conversa
está bem interessante – o olhar fuminante encontrou o dele – ou melhor não –
completou rapidamente.
Tomaram o café e alguns minutos
depois, foram direcionados para o escritório de Mann. Beckett comunicou o fato
como ocorreu e pediu para que o chefe relatasse a relação com o empregado e
também sua performance no trabalho. Perguntou sobre potenciais inimigos, clima
de trabalho entre outras coisas. Colheu informações suficientes para continuar
a investigação. Após conversar com o
chefe da vítima, por apenas quinze minutos Beckett soube que a lista de
suspeitos era maior do que imaginava, era um ambiente onde a competição corria
como o sangue nas veias. Seria uma longa tarde de entrevistas.
A investigação transcorreu bem.
Tinham agora três suspeitos em potencial. Todos garantindo para a tenente que
tinham álibis. Retornaram para o distrito e Beckett mandou Espo verificar se os
álibis eram válidos. Voltou para sua mesa e acrescentou algumas informações no
quadro. Estava sentada de frente para Nadine discutindo sobre o caso quando
Ryan se aproximou com novidades sobre a situação financeira de Thomas. Estava
bem encrencado e devendo muita grana. Para completar, Esposito confirmou todos
os álibis. A lista de suspeitos se resumiu a nada.
- Voltamos a estaca zero. O que
pode ser frustrante especialmente para você que imaginava um caso bem
movimentado. Desculpe Nadine, como eu disse, às vezes o trabalho policial é bem
chato e sem emoção. Meu papel aqui é assegurar que a vítima deve sua justiça.
Vamos ao necrotério – disse ao ver uma mensagem no celular – Lanie tem algo
para nós depois voltaremos a cena do crime para ver se encontramos algo que
podemos ter deixado passar. Ryan, como está o mandado para pedir a quebra da
confidencialidade do email corporativo? Talvez descobriremos algum chantagista.
- Falei com o assistente do
juiz. Ele tem audiências até às 18h. Depois ela garantiu que assina.
- Ótimo. Mande pro meu celular
quando tiver.
Foram ao necrotério, a cena do
crime e encontraram uma nova linha de investigação. Conseguiram o mandado e
pressionaram a empresa pelos dados de Thomas. Com uma certa insistência conseguiram
trazer os dados para o distrito onde trabalharam até nove da noite quando
Castle encontrou algo bem interessante em um email. Pela hora, Beckett achou
por bem encerrar. Queria ir para casa. Precisava amadurecer a teoria que se
formava em sua mente.
No dia seguinte, após checar
algumas informações a partir do email, ela expos sua teoria e teve a aprovação
de Castle. Faltava apenas uma ligação que servisse de evidência para ela levar
a pessoa a interrogatório. Ryan resolveu esse problema ao verificar algumas
transferências financeiras. Convocado para interrogatório, o esposo da irmã que
trabalhava em um cliente da empresa foi pressionado por uma Beckett sagaz.
Nadine estava adorando tudo aquilo. Com uma última ameaça de anos de cadeia,
Beckett recebe de bandeja uma informação que faz o caso dar uma reviravolta. A
constatação do fato fez Nadine vibrar.
- Não acredito! Eu nunca iria
pensar isso.
- Para você ver como em cinco
segundos tudo pode mudar. Viu como é difícil largar o trabalho na polícia? Não
é à toa que estou aqui até hoje. Ela é o máximo, não? Não tem para ninguém na
sala de interrogatório. Beckett brilha – Nadine notou o olhar de orgulho e o
semblante de felicidade dele ao falar da tenente.
- É, você realmente é louco por
ela.
- Você não faz ideia do
quanto...
Beckett saiu da sala e convocou
sua próxima interrogada. Em cinco minutos, eles viram Beckett colocor toda a
história da irmã de Thomas pelo ralo. Esposito leou-a para ser fichada e
encaminha-la para cadeia. Quando saiu da sala de interrogatório, seguiu para
sua mesa e começou a anotar alguns pontos do caso na pasta para então desfazer
o quadro de evidências. Sorrindo, comentou com Nadine.
- Agora vem a parte tediosa do
trabalho. Fazer relatório, juntar as provas, preparar o caso para a promotoria.
Papelada pura como diz o Castle. Aliás, ele é o primeiro a fugir daqui nesse
momento.
- Qual a graça em preencher
papel? O bom mesmo é a história.
- E que história, jamais
desconfiaria da irmã. E por dinheiro? Cadê os laços de sangue nessa hora?
- Você ficaria chocada por
saber em quantos casos sangue não vale nada. Dinheiro um dos motivos mais
antigos do mundo para matar alguém. O cunhado chantagiou Thomas com informações
sigilosas sobre o gerenciamento das suas contas de clientes, o irmão pede
dinheiro emprestado da irmã que ainda deve o agiota de quem pediu uma parte da
grana para ajudar o irmão. Esperto, Thomas leva o caso como fraude para o chefe
do cunhado ameaçando o seu emprego e não paga pela chantagem, na verdade usa o
dinheiro para sua reserva colocando numa conta no exterior, por isso sua conta
pessoal não denunciava nada até mostrava que estava em dificuldades. Sem saída,
o cunhado conta pra mulher que será demitido por conta do irmão dela.
Arrependida e com muito raiva por saber que deu dinheiro ao irmão para
alimentar uma chantagem em família, mata Thomas num acesso de raiva.
- Parece drama mexicano – diz
Castle.
- Espero que tenha servido para
ajuda-la em seu projeto, Nadine.
- Tá brincando? Adorei passar
esses dias entre vocês conhecendo esse outro lado da polícia. Vou preparar
minha reportagem. Posso tirar uma foto do seu quadro de evidências? Prometo que
escondo rostos e nomes.
- Vai em frente.
- Ah! Você pode ficar perto do
quadro? Como se estivesse explicando ou analisando – Beckett fez o que ela
pediu – ótimo! A reportagem deve ir ao ar em duas partes para prender a atenção
do telespectador no jornal das 9h. Quero fazer umas perguntas para você ainda
sobre o caso para que consiga montar algo bem real sem revelar detalhes que
comprometam os envolvidos. Você acha que Gates me receberia amanhã para uma
entrevista?
- Vamos descobrir agora. Castle
prometo que será rápido. Irei fechar o relatório em casa. Estou preocupada com
Alex, a babá me mandou uma mensagem dizendo que ele estava enjoado e febril. Ela
nem foi embora, está esperando por nós.
- Ok, vou ligar para ver se
precisamos de alguma coisa.
Beckett encaminhou-se para a
sala de Gates. Com a permissão da Capitã, elas entraram na sala e Beckett relatou
a conclusão do caso. Comentou sobre os relatórios para a promotoria e garantiu
que estariam na mesa da Capitã logo pela manhã. Passou a palavra para Nadine
que já começou seu discurso agradecendo a Gates pela oportunidade de fazer esse
trabalho. Ficou impressionada em como a equipe trabalha bem dentro dos recursos
disponíveis. Certamente, irá cativar telespectadores.
- Gostaria de saber da senhora
se posso entrevista-la amanhã para concluir essa primeira reportagem. Tem algum
horário na agenda? Assim falo com a senhora e termino com Beckett. Tentarei
programar a reportagem para a próxima semana e a dividirei em duas partes para
atiçar a audiência.
- Claro. Posso recebe-la às 8
da manhã.
- Combinado. Elas se cumprimentaram
apertando as mãos e deixaram a sala. Castle já esperava por Beckett com o
casaco dela em mãos e toda a papelada do caso. Estava num pé e noutro para ir
logo para casa. Nadine os acompanhou até a rua, agradeceu mais uma vez aos
dois.
- Vou confidenciar algo a
vocês. Eu acredito que essa reportagem irá fazer muito sucesso. Isso
acontecendo, terei crédito para fazer outras entrevistas e visitas ao 12th
distrito. Fiquei muito admirada de ver como tudo acontece, Castle tem razão,
quando se experimenta uma vez, você precisa de mais. Vejo vocês amanhã.
Em casa, Kate lavou o rosto e
as mãos assim que entrou correndo até o quarto do filho. A babá estava com ele
nos braços tentando fazê-lo dormir. Falou baixinho.
- Dei o antitérmico para Alex.
A febre começou a ceder. O problema é que não comeu nada nas últimas quatro
horas. Talvez só aceite o peito. Pode ir se limpar sem pressa, eu continuo
cuidando dele.
- Tudo bem – em cinco minutos,
Kate tirou a blusa lavou a região do colo com agua, depois passou o algodão com
oleo apropriado de limpeza. Sentou-se na poltrona onde costumava amamentar e recebeu
o filho nos braços. Castle a observava com uma certa distância, afinal o
momento era somente dela. Com calma, Kate acariciou os finos cabelos do filho
passando o polegar de leve pelo rostinho dele, ele estava choramingando no colo
da babá mas assim que se acomodou nos braços da mãe foi se acalmando. Ela
começou a conversar com ele.
- Alex, estava com saudades da
mamãe? Queria o colinho não? Também estava com saudades. Não pode ficar sem
comer, bebê. Aqui, tome o leitinho gostoso... tome Alex... – a boquinha do
filho sentiu a pele macia e quente da mãe já tão conhecida por suas mãozinhas e
lábios, movendo um pouco a cabeça ajudado por Kate conseguiu abocanhar o seio e
no segundo seguinte estava sugando o leite. Castle viu Kate suspirar aliviada. Resolveu
deixa-la sozinha com o filho. Desceu para preparar uma refeição para ambos.
Esperava que Alex dormisse em seguida.
Quarenta minutos depois, Castle
retorna ao quarto do bebê e a encontra debruçada no berço admirando o filho
dormindo. Ele se aproxima colocando a mão sobre as costas dela em um movimento
para cima e para baixo como quem acaricia e dá conforto ao outro. Sorriu para
ele.
- Finalmente dormiu. A febre
cedeu totalmente. Está com 35,5 graus. Será que ele está doente?
- Talvez não, às vezes é apenas
uma reação a alguma mudança. Ou só estava com saudade do carinho e do leite da
mãe. Crianças tem dessas coisas, especialmente bebês. Por via das dúvidas,
podemos leva-lo a pediatra se você se sentir mais confortável com isso. faremos
assim, observamos durante a noite inclusive suas fezes e a fome, caso a febre
reapareça ou se ele ficar muito quieto, marcamos a consulta.
- Tudo bem. Eu passo a noite
aqui com ele.
- De jeito nenhum. Você irá me
acompanhar até a sala para jantarmos como um casal normal, conversarmos e
depois você pode ficar um pouco no quarto dele mas dormirá ao meu lado na nossa
cama. Bebês precisam se adaptar a rotina dos pais, não o contrário. Você não
leu sobre isso naquele livro de gravidez?
- É mas...
- Nada de mas, vamos jantar. Saiu
guiando-a com os braços envoltos na cintura. Beijava-lhe o ombro. A mesa já
estava posta. Kate sentou-se em seu lugar esperando Castle trazer a comida. Uma
salada maravilhosa com folhas e molho Ceasar e frango ao molho de mostarda e
mel.
- Está cheirando... será que
isso faz mal para o Alex, muda o gosto do leite?
- Não está forte. Coma assim
mesmo. Quer um suco de laranja? – ele a serviu com esmero para depois sentar e
comer ao lado dela – sabe Kate, gostei muito do trabalho de Nadine nesse caso.
Aliás estava pensando em colocar alguns elementos dele no nosso livro. Fiquei
surpreso de Gates ter concordado tão facilmente com a proposta de uma
jornalista. Achei que ela ia passar o maior sermão em você.
- Gates não é tão diferente de
Montgomery nesse aspecto. Sabe que esse tipo de iniciativa de Nadine ajuda a
promover o trabalho da polícia e ganha pontos com o público e o prefeito. Não
foi exatamente por isso que você começou a me seguir para fazer pesquisa?
- Olhando por esse lado...
- Nadine é muito boa no que
faz, além de esperta. Se ela conseguir uma boa audiência com essa reportagem,
certamente dará um passo grande em sua carreira e virá buscar mais. Ainda penso
em como podemos utiliza-la mais a frente quando voltarmos a mexer no caso
Bracken.
- Falando nisso, quando você
pretende retomar esse assunto?
- Não agora, temos que dar um
tempo relativamente longo para que não haja desconfiança do lado dele. Mas, não
quero falar sobre isso. Quero fazer uma proposta para você. O que acha de
sábado pedirmos para Amy ficar com Alex durante à noite, dormir por aqui?
Podemos sair para jantar e depois seguir para o meu apartamento. Nós precisamos
de um tempo sozinhos. Eu preciso disso. Muito.
- Ah, Kate... isso é música
para meus ouvidos. Posso falar com Alexis também. Ela pode dar uma mãozinha
para Amy.
- Tudo bem porém não force a
sua filha a isso. Vou conversar com Amy amanhã – ela se levantou da mesa –
preciso redigir o relatório do caso para a Capitã. Vou ficar no quarto de Alex.
Você arruma a cozinha?
- Claro, não percebeu que sou
seu escravo doméstico? – brincou.
- Ultimamente estou precisando
de um escravo sexual.
- Terei prazer em representar
esse papel, Kate – ela gargalhou e seguiu para o quarto do filho. Por volta de
uma da manhã, Castle foi procura-la. Estava com o notebook apoiado na poltrona
que usa para amamentar, mantendo-se sentada com vários documentos espalhados no
chão. Agachou-se perto dela e tocou-lhe os ombros já massageando-os.
- Amor, vem pra cama. Termine
esse relatório amanhã.
- Prometi a Gates entrega-lo
logo cedo. Não posso falhar, estou quase acabando.
- Kate, olha o estado da sua
vista. Seus olhos estão vermelhos. Use Nadine para entreter a capitã enquanto
você termina. Ela é boa de papo, vai segurar Gates direitinho.
- E se Nadine falar do caso?
Ela vai querer ter o relatório na mão para comentar algum fato.
- Apenas combine com Nadine
antes. Vamos – levantou-se e puxou-a pelas mãos – se continuar aqui vai acabar
não conseguindo trabalhar. Relutante, ela salvou o material, arrumou os
documentos na pasta e seguiu com ele para o quarto. Tinha razão, mal deitou na
cama, apagou de tanto cansaço.
No dia seguinte às oito em
ponto, Nadine estava no distrito. Antes de começar a fazer qualquer coisa, Kate
a arrastou para a minicopa servindo um café e explicando o que precisava dela.
Combinaram que ia puxar conversa sobre a Capitã, sua vida dentro e fora da
polícia, falar e fazer Gates falar até que Beckett pudesse terminar seu
relatório, chegara cedo ao distrito e adiantara muita coisa mas ainda precisava
de meia hora para finalizar. Nadine concordou com a estratégia dizendo a
Beckett para não se preocupar, ela era boa em enrolar pessoas.
Beckett correu para sua mesa
enquanto Nadine ainda rodou pelo salão ganhando tempo antes de entrar na sala
de Gates. Fez exatamente o que a tenente esperava que fizesse. Envolveu-a em
uma conversa tão longa que só começaram a falar da entrevista no momento que
Beckett pedira permissão para entregar o relatório. Meia hora depois, Nadine
fazia sinal para seu operador de câmera parar de gravar. Satisfeita, agradeceu
a capitã e foi procurar por Beckett. Encontrou-a ao telefone com a promotoria.
Assim que pode, esconderam-se em uma das salas de interrogatório do distrito e
gravaram a entrevista de poucas perguntas com um resumo do passo a passo da
investigação mostrada.
- Ficou perfeito – disse Nadine
ao final – isso vai fazer a audiência explodir, tenho certeza. Prepare-se para
virar uma celebridade de fato, Kate.
- Nadine, você sabe muito bem
que esse não foi nem será meu objetivo. Então, peço a você que leve isso em
consideração. Minha reputação e minha profissão não se baseia na mídia e sim na
quantidade de casos que resolvi, nos números de vítimas que lidei e nos
criminosos que coloquei atrás das grades. Não estou aqui para fazer publicidade
e sim justiça.
- E a faz muito bem, talvez
mais do que imagina. Não se preocupe, Kate. Nada de exposição exagerada. Pode
acreditar em mim e sem apelo, prometo. Cadê sua sombra? Não vi Castle por aqui.
- Eu saí muito cedo de casa.
Ele está com Alex e escrevendo.
- Tudo bem com o pequeno?
- Sim, tudo bem. Coisas de
bebê.
- Tenho muito a fazer ainda.
Espero te ver logo. Mantenho contato. Obrigada, tenente.
- Até mais, Nadine.
Quando a reportagem foi ao ar
na semana seguinte, Kate estava atolada com alguns processos no tribunal e um
caso em aberto para investigar. O volume de trabalho estava tão intenso que não
conseguira reservar uma noite para curtir a sós com Castle. Amy estava enrolada
na faculdade e não pode ficar naquela semana. Combinaram para sábado e Kate
esperava ansiosa por isso.
A repercussão da reportagem no
jornal das 9 lhe rendeu vários parabéns e como Nadine previra, despertou a
curiosidade do público em relação ao trabalho da polícia. A própria capitã a
elogiou algumas vezes naquela semana. Parte pela entrevista, parte pelo ótimo
trabalho que Beckett vinha fazendo junto a promotoria. A sexta passou muito
rápido para a turma do distrito, parecia que todos os problemas de Manhattan
resolveram acontecer naquele dia. Efetuaram duas prisões, Ryan corria atrás de
um novo suspeito para o caso que investigavam juntos e Beckett tinha que lidar
com vários relatórios atrasados. Depois de um difícil interrogatório, ela
conseguiu arrancar uma confissão de mais um suspeito. Quando o relógio indicou
seis horas, ela estava exausta. Decidiu que não ficaria nem um minuto a mais
ali. Castle, claro, adorou a ideia.
Em casa, após um banho
demorado, Kate finalmente começava a relaxar. Castle estava com Alex no
escritório mostrando seu helicóptero e entretendo o filho. Foi a vez dela
preparar algo para eles comerem. Ao observar a geladeira, desistiu. Não estava
com um pingo de inspiração para cozinhar. Pegou o telefone e pediu o jantsr do
Le Cirque. Foi se juntar aos seus dois amores na sala. Assim que Alex viu a
mãe, jogou-se no colo dela esquecendo as bobagens que o pai fazia para
diverti-lo.
- É impressionante! Parece que
você tem um ímã com esse garoto. Não pode a ver que sai se jogando em sua
direção.
- Ciúmes, Castle? – brincou.
- Não, mas bem que poderia. Você
dá mais atenção a ele que a mim – falou choroso. Kate acariciou o braço dele e
beijou-lhe o rosto.
- Ah, esses meus homens...
amanhã será sua vez. Nada de interrupções, babe. Prometo. Vou dar de mamar pra
Alex, você fica atento à porta? Pedi nosso jantar do Le Cirque.
- Mas nós íamos jantar lá
amanhã...
- Continuaremos jantando, isso
se tivermos forças.
- Ui! Não fala isso, Kate... já
não me aguento mais.
- Só mais um pouquinho.
Kate amamentou Alex, colocou-o
para dormir e foi jantar com Castle. Ao irem para o quarto, ela se colocou
sobre o corpo dele na cama deixando uma trilha de beijos ao longo do rosto,
pescoço e torax. Esse simples gesto foi suficiente para atiçar a ambos. Kate já
sentia-se molhada ao pressionar sua pele a dele, mesmo que estivessem vestidos.
Pode perceber o membro já alerta querendo partir para a ação. Os doces beijos
se transformaram em algo intenso, rápido. Ela usava os dentes para deixar
pequenas marcas na pele dele. Castle a empurrou na cama afastando as pernas
dela para acariciala sobre a calcinha que vestia. Ela gemeu ao toque. A vontade
de tê-lo era tão grande que bastou alguns minutos de carícia para que seu corpo
tremesse diante da sensação do orgasmo se formando. Castle tirou a camiseta que
vestia fazendo o mesmo com a dela. Os seios bem formados tinham os mamilos
rijos. Ao coloca-lo na boca, Kate arqueou o corpo e fechou os olhos gemendo.
Gozara no mesmo instante.
Ele alternava entre o seio e os
lábios. Recuperada do primeiro impacto, ela puxou-o contra si devorando-lhe a
boca. Tudo era urgente. Intenso. Uma necessidade básica que precisava ser
saciada. Como a comida, o ar. Precisava senti-lo dentro de si. As mãos ágeis de
Castle tiraram a lingerie preta jogando-a no chão. Aproveitou um descuido dele
para mudar de posição. Kate devorava os lábios seguindo para o pescoço, ombros
e peito. As unhas e os dentes deixavam uma trilha vermelha sobre a pele de
Castle. A maneira de vê-la tomando a frente, procurando dominar a situação,
apenas o excitava ainda mais. Esse momento era dela, nã a forçaria a nada que
não quisesse. Apesar de estar louco de tesão, era o desejo de Kate, sua vontade
que deveria ser atendida. Limites eram um troço complicado mas deveria ser
obedecido. Tudo ao tempo dela.
Kate tornou a beijar-lhe a
boca. A lingua roçava entre seus dentes buscando pelo seu par, ávida para
saborear cada pedacinho existente. Seguiu quase sem fôlego pelo pescoço até o
peito mordiscando a pele de leve, sugando o mamilo e arrancando gemidos dele.
Ouviu Castle chamar seu nome ao sentir as mãos ao redor de seu membro,
acariciando, massageando. Então, já não suportanto a excitação de tê-lo dentro
de si, ela acomodou-se no membro dele sentindo o corpo se revigorar à medida
que a sensação de preenchimento e plenitude a tomava. Em princípio, sentiu uma
pequena dor e ardência pelo contato tão esperado que parecia tão longe do seu
alcance. Os gemidos de prazer foram involuntários.
Permaneceu um certo tempo parada
apenas proporcionando ao seu corpo desfrutar e recordar do quanto era bom ficar
assim. Castle colocou as mãos na cintura dela para vagarosamente começar a se
movimentar dentro dela. De olhos fechados, Kate impunha ritmo à dança deixando
seu corpo receber novamente o prazer esquecido. As unhas cravaram nas costas
dele quando levantou o corpo da cama para projetar-se melhor dentro dela. As
bocas tornaram a se encontrar, Kate segurava-se nele enquanto Castle devorava
seu pescoço,explorava seu corpo com as mãos e emaranhava seus cabelos agora na
altura dos ombros.
O corpo dela passou a tremer em
consequência da onda gigante que a inundava. Os pelos eriçados, a pele
vermelha, o coração descontrolado. Kate se deixou tomar de uma vez,
agarrando-se ao corpo de Castle. Ainda sentia as estocadas rápidas e precisas.
Agora, ele mordiscava o lóbulo de sua orelha e buscava pelos lábios, sedento
por se perder neles. Mais uma vez, colocou-se por cima dela continuando o
movimento intenso, estava prestes a ceder ao orgasmo quando Kate recebeu uma
nova injeção de prazer. Isso o impulsionou e Castle deixou-se levar juntamente
com ela.
Por mais exausta que estivesse,
ela procurou mante-lo sobre seu corpo em busca de mais. As mãos desciam pelas
costas dele rumo ao bumbum. Cravou as unhas lá e sussurrando seu nome pedia por
mais. Ele apertou os seios dela em resposta provocando novos gemidos. Dessa
vez, sentiu um pouco de dor mas não disse, queria continuar sentindo prazer. De
repente, ele saiu de dentro dela deixando um vazio estranho. O efeito incomodo
durou apenas alguns segundos quando ele enviou os dedos no centro dela já
massageando o clitóris querendo vê-la gozar novamente. Em poucos minutos, a explosão
tornou a acontecer. Dessa vez, ele a provou. Kate agarrava os lençóis enquanto
contorcia seu corpo e gemia. A lingua de Castle fazia maravilhas levando-a à
beira da loucura. Foi uma sucessão de orgasmos múltiplos.
Satisfeito, Castle parou para
admira-la. Os olhos amendoados estavam serenos, as pupilas dilatadas. O peito
arfando por ar. Tornou a inclinar-se sobre ela buscando os lábios. Tomou-a em
um beijo lento e sensual. Penetrou-a. Kate enroscou suas pernas ao longo do
corpo dele movendo-se em sincronia até alcançarem o ápice do prazer.
Ficaram por alguns minutos
calados, Kate ainda sentia o coração palpitando quando Castle a aconchegou em
seu peito. A respiração dela ia se acalmando aos poucos. Beijando o topo da
cabeça dela, falou.
- Como você está se sentindo?
Tudo bem? – Kate suspirou beijou o peito dele e fitou-o.
- Sim, um pouco dolorida mas é
normal. Uma ardência gostosa. Às vezes esqueço o quanto uma boa noite de sexo é
revigorante. Passamos muito tempo sem isso.
- E parece que já estragamos a
nossa programação de amanhã. Fomos com muita sede ao pote.
- Por que estragamos, Castle?
Não tem energia para outra rodada amanhã? Será que vou ter que marcar na minha
agenda quando faremos sexo na semana? – implicou.
- Não é nada disso. Deixe de
ser implicante. Foi apenas uma força de expressão. Certamente, amanhã
repetiremos a dose.
- Disso eu não tenho dúvida –
devagar se levantou para ir ao banheiro, ele observava a esposa caminhar
completamente nua a sua frente. Uma visão deslumbrante.
No sábado, eles mantiveram o
compromisso. Deixaram Alex aos cuidados de Amy e Alexis. Saíram para jantar e
na volta pararam no antigo apartamento de Kate. Novamente, o fogo da paixão os
dominou. Fizeram amor por várias vezes, tanto que ela sequer sabia dizer
quantos orgasmos tivera. Adormeceram nos braços um do outro apenas para
acordarem e começarem tudo novamente. Pela manhã, Castle preparou um belo café
para dois, reforçado. Kate estava faminta. Terminada a refeição, ela o convidou
para um banho. Colocou sais na banheira, despiu o roupão entrando na água
morna. Castle a seguiu sem qualquer objeção. Esfregava as costas dele e ao
final acabaram fazendo amor mais uma vez. Até o caminho de volta para casa,
Kate não conseguia para de beija-lo. Estava muito feliz. Era impossível não se
tocarem ou se agarrarem. Sentia-se extremamente bem consigo e relaxada, antes
de ver o filho ela o manteve no quarto de frente para si. Acariciando o rosto
dele, sorriu.
- Obrigada por essa duas noites
maravilhosas. Já te disse que te amo hoje? Eu amo você, Cas.
- Eu sei – disse sorrindo
segurando o queixo dela para beijar-lhe suavemente os lábios.
Na semana seguinte, Beckett
estava trabalhando de frente para o quadro branco em mais um caso. Castle
sentava ao seu lado observando o modo da tenente raciocinar, ele mesmo buscava
encontrar um motivo e desvendar a história por trás do assassinato quando Gates
apareceu ao seu lado.
- Tenente Beckett, pode vir até
a minha sala?
- Claro, senhora. Castle ergueu
as sobrancelhas como quem pergunta se fizeram algo errado. Ela dá de ombros. Ao
fechar a porta atrás de si, Gates ordenou que sentasse. De frente para Beckett,
a Capitã começou a falar.
- Recebi nos últimos dias
alguns telefonemas interessantes que gostaria de compartilhar com você. Não
relatarei todos na íntegra, apenas o que achei relevante. O primeiro foi o do
Comandante. Ficou muito satisfeito com a reportagem de Nadine sobre a NYPD,
achou que a repórter demonstrou coerência respeitando identidades,
procedimentos e principalmente auxiliando o entendimento do telespectador por
manter as suas explicações. Elogiou muito a forma como você se portou, pediu
para que ue lhe dissesse isso. Por ele você pode fazer reportagens assim de
tempos em tempos, tem sua aprovação. Nem preciso dizer que também me elogiou
por tabela aliás, ele tem toda a razão. Você me surpreendeu tenente. Acredito
que possamos investir um pouco mais na sua imagem quando precisarmos lidar com
a mídia.
- Obrigada, também concordo que
Nadine soube montar uma base importante de informações que destacaram o nosso
trabalho.
- Quanto ao outro ponto
relevante, ontem você estava nas ruas resolvendo o caso quando a promotora
esteve aqui comigo. Nós revisamos alguns casos que devem ser julgados na
próxima semana no tribunal. Ela comentou sobre um processo que deverá defender
na sexta. Não foi algo que saiu desse distrito, é um caso de latrocínio. Quando
estava montando a sua acusação para o julgamento, considerou difícil usar
alguns elementos descritos na pasta como defensáveis para uma condenação. Pediu
que a emprestasse para ajudá-la a trabalhar nesses argumentos. Pode encontra-la
em seu gabinete terça e se precisar na quarta à tarde já que pela manhã estará
no tribunal em seção. Informei que você iria, não vejo nenhum motivo para não
ir, certo?
- Se o caso que estou
trabalhando for resolvido antes e não aparecer nada urgente, posso ir. Mas
Capitã, por que a promotora precisa da minha ajuda? Meus conhecimentos de leis
não são bons e nem sei como ajudaria a... – Gates a interrompeu.
- Beckett não se trata de
conhecimento jurídico, estamos falando de experiência em homicídios. Falta algo
na investigação realizada que a impede de trabalhar corretamente para colocar o
culpado em seu devido lugar. Quanto ao lado do direito, você pode se considerar
uma leiga. Essa não é a opinião da promotora Roberts. Teceu comentários bem
positivos referente ao seu raciocínio lógico e objetividade. Não se subestime,
tenente. E quanto ao caso, se não concluí-lo pode trabalhar em paralelo ou
deixar os rapazes tocarem a investigação. Sabe que pode fazer isso.
- Tudo bem. Ajudarei a
promotora.
- Ótimo. Pode ir – ela se
levantou e quando estava de saída já com a porta aberta, a capitã completou –
sabe Beckett, não estava enganada ao seu respeito. Você realmente fez a melhor
escolha voltando para a NYPD. Tenho algumas ideias em mente mas por hora foque
no que precisa ser feito. Teremos mais oportunidades de conversar.
Quando voltou a sua mesa,
Castle curioso foi logo perguntando.
- Então, o que ela queria?
- Nada demais, passar um novo
trabalho. A promotora está pedindo minha ajuda na argumentação de um caso.
Ossos do ofício.
- Ah, tudo bem. Faz parte da
sua nova obrigação como Lieutenant. Nossa, como adoro dizer Lieutenant.
Lieutenant Beckett. Soa quase como James Bond. É sexy – ela riu da forma como
ele falava.
- Tudo bem, Castle. Podemos
voltar a trabalhar? – encerraram o caso dois dias depois. Era sexta-feira e
Beckett estava as voltas com dois relatórios para concluir. Claro que estava
sozinha, nessas horas Castle simplesmente desaparecia. Estava concentrada
relendo o parágrafo que escrevera quando Gates aproximou-se da sua mesa com uma
pasta.
- Tenente, essa é a pasta do
caso que conversamos. Acho interessante que esteja a par antes de se encontrar
com a promotoria.
- Tudo bem, estou com muita
coisa para analisar e fechar dois casos. Não se preocupe, lerei no fim de
semana.
Nesse instante, elas ouvem um
burburinho no salão. Vozes elevadas e risadas. Entreolharam-se estranhando.
Simplesmente era Castle que aparecera no salão com Alex em seu colo e a bolsa
do bebê no ombro. Exibia o filho com orgulho. A Capitã tornou a olhar para
Beckett com ares de interrogação. Ele se aproximou da mesa de Beckett.
- Olha quem veio visitar a
mamãe no trabalho? E ainda a caráter – Alex vestia o body da NYPD igual a
camisa que Kate tinha, usava tenis azul marinho para combinar e um gorro também
com o logo da polícia. Quando Gates olhou para o bebê, não pode evitar o
sorriso – diga oi para a Capitã Gates, Alex. Sorria para ela – Gates não
resistiu ao bebê. Começou a brincar com ele e o pegou no colo.
- Você está muito lindo!
Parabéns, tenente. Para você também Sr.Castle. Sou muito bonito, não Alex? – a
mão do bebê foi direto ao seio da capitã apertando-o – pelo jeito, puxou o
comportamento do pai – Castle olhou sem graça para ela. Mas Gates não se
importou, estava adorando a chance de ter um bebê no colo novamente.
- O que faz aqui, Castle?
Pensei que você ia escrever hoje.
- Sim, escrevi. Mas temos
consulta na pediatra, esqueceu?
- Não, a consulta é
sexta-feira.
- É, exatamente. Hoje,
sexta-feira – Beckett consultou a agenda de seu telefone ainda sem acreditar
que esquecera a consulta. Confirmando o fato, teve que admitir a confusão.
- Nossa! Eu achei que era na
próxima sexta. Estou atolada de trabalho, redigi metade do relatório de um dos
casos e...
- Relaxe, Beckett. Pode levar
esse príncipe na médica. Pode terminar os relatórios na segunda. Apenas me
prometa que dará atenção ao caso que lhe entreguei.
- Sem problema. Pode ficar
tranquila – ela vestiu o casaco entregando a bolsa e a pasta a Castle para
pegar o filho dos braços da superiora – não é meu amor? A mamãe vai ler
tudinho. Que saudades de você, gostoso – o sorriso do filho foi arreganhado
jogando-se no colo da mãe, isso fez Beckett abrir um sorriso também e enche-lo
de beijos sem cerimônia – vamos com a mamãe passear? Vamos? Dê tchau para a
Capitã Gates – mas o menino olhava fascinado para Kate, uma das mãozinhas
enroladas no cabelo da mãe, outra tocando-lhe o rosto.
- Obrigada, Capitã. Um ótimo
fim de semana.
- Igualmente, tenente.
Eles tinham acabado de sentar
para jantar. Alex demorara para dormir após mamar, estava aceso, a fim de
brincadeira. Às vezes, Kate se surpreendia ao pensar que já se passaram sete
meses desde que o filho nascera. Optaram por uma massa ao alho e óleo feita por
Castle com um molho simples de azeite, tomates cerejas e manjericão. Mal
começaram a degustar a comida, o celular de Kate tocou. Era Nadine. O que ela
queria a essa hora?
- Olá, Nadine.
- Oi, Kate. Desculpe ligar
assim tão tarde mas não consegui falar com você à tarde. Seu celular dava fora
de área.
- Fui levar o Alex a pediatra,
acabei ficando sem bateria. Pode falar, sem problemas.
- Eu gostaria de marcar um
almoço com você. Seria melhor conversar pessoalmente. Você acha que conseguiria
me encontrar amanhã? Sei que é sábado, você provavelmente está de folga para
curtir sua família mas pode unir as duas coisas. Castle pode ir, o que quero
conversar diz respeito aos dois no meu ponto de vista, também sei que você não
tem segredos com o seu marido. Não se preocupe com Alex, leve-o. Será um almoço
entre amigos. Pensei em nos encontrarmos no Katz na Hudson, sabe onde fica?
- Sei sim, mas qual o motivo da
conversa que não pode esperar até segunda? Você pode ir ao distrito.
- Prefiro um ambiente neutro. O
que tenho para lhe contar é um pouco delicado e não caberia bem no ambiente
onde há muitos policiais. Tudo bem para você? – Kate já estava achando tudo
muito estranho mas o último comentário a deixou intrigada.
- Ok, meio-dia?
- Melhor uma da tarde. Aguardo
vocês - quando Kate desligou, Castle pode ver o olhar enigmático no rosto dela.
- O que Nadine queria?
- Ela quer nos encontrar
amanhã. Almoço. Diz que tem um assunto delicado para contar que vai interessar
a nós dois. Não adiantou nada e recusou minha oferta de falar no distrito. Que
assunto Nadine poderia ter tão sigiloso que não pode ser dito em uma área cheia
de policiais?
- Mais importante, por que quer
falar com nós dois? Será que está enrascada e quer nossa ajuda?
- Não, ela deixou claro que o
assunto interessa a nós. Eu não sei, Castle.
- Então, só nos resta
descobrir. Vamos esperar o almoço. O que quer que Nadine tenha para nos dizer,
não é motivo para estragar nossa noite de sexta, nem perder nosso sono.
Deixemos para pensar nisso amanhã.
- Amanhã. Hoje ainda tenho que
trabalhar no caso da promotoria.
- Trabalhar? Pensei que íamos
aproveitar a noite para... você sabe...
- Jura? Mas isso nem me passou
pela cabeça... – disse implicando com cara de cínica – hum... quem sabe mais
tarde? Talvez eu precise de uma boa massagem se você me entende, Cas.
- Pode pedir tudo o que quiser.
Continua....