Nota da Autora: Capítulo fresquinho para vocês. Detalhe importante, acabei de escreve-lo a dois dias só agora pude postar. Acredito que vão gostar. Adivinha quem está de volta? A jornalista! Lembenado que Nadine Furst é uma personagem de Nora Roberts, não é plagio da mesma forma que uso as personagens de Marlowe. Resolvi homenagear pelo amor que tenho a ela e por achar que Kate Beckett merece a melhor repórter. No próximo capítulo, farei uma surpresinha para vocês. Estamos merecendo, não? Enjoy!
Cap.22
- Esse cara é muito petulante.
Só pode estar querendo nos insultar com isso. Kate, isso é uma ameaça! Posso
levar até a delegacia e fazer uma denúncia, prestar queixa. É exatamente o que
vou fazer. Aposto que os rapazes vão adorar me ajudar nisso.
- Castle, me escute... – ela
falava mas não conseguia fazê-lo parar para prestar atenção nela, estava muito
revoltado.
- Se ele pensa que pode
instigar minha mulher, falar da minha família, nos acuar... está muito enganado
– viu quando ela colocou as flores na mesinha de centro e amassava o cartão –
não faz isso, Kate! Isso é evidência, não importa se ele é senador, candidato a
presidente. Não quero saber! – ela se aproximou dele, pegou sua mão e fitou-o
procurando acalma-lo - Nós vamos responder porque é questão de honra e...
- Castle, espera....babe por
favor, me ouça. Castle, estou falando sério. Finalmente a mudança do olhar de
Kate o fez calar-se. O que viu ali foi aflição – amor, preciso contar o que
aconteceu enquanto você dormia. Será uma longa conversa. Melhor irmos para o
quarto mas antes vou pedir a Martha que fique com Alex. Me espere lá, ok? –
Kate subiu as escadas com o filho nos braços ao encontro da sogra. O mínimo que
dissera a Castle foi capaz de colocar caraminholas na sua mente. Conhecia a
esposa muito bem para saber o quão sensível era o assunto Bracken para Kate,
quase um tabu. Podia tolerar muita coisa na vida, mas quando se tratava da sua
família, das pessoas que ama, a história era completamente diferente. Ele se
transformava.
Ansioso e visivelmente nervoso,
Castle andava de um lado a outro no quarto à espera de Kate. Mexia com as mãos,
alisava os cabelos e cobria o rosto. Ao vê-la entrar e fechar a porta, prendendo
a respiração por uns segundos. Esse gesto dela, indicava que a situação era
mais séria que pensara.
Kate sentou-se na cama. Tentava
controlar as emoções e a respiração para contar o que realmente acontecera e
porque fora levada a tomar as decisões que mudariam sua vida e garantiriam o
sossego da sua família. Castle parou de andar findando por sentar de frente
para ela.
- O que você tem a me dizer,
Kate? – a expressão séria a fez engolir em seco. Revisitar aqueles meses, em
especial os dias de confronto, luta por sua vida e o sequestro faziam seu
estomago embrulhar. Procurou a mão dele como uma espécie de conforto para então
começar a falar.
- Castle, quero que você me
escute apenas. Se quiser fazer perguntas, tudo bem. Porém, prefiro terminar de
narrar, não quero que tire conclusões precipitadas. É difícil relembrar, sabia
que faria isso um dia com você. Ainda assim mexe comigo. Deixou alguns
sentimentos controversos. Você promete?
- Prometo, mas por favor me
tire dessa ansiedade, dessa aflição – em um único gesto, ela levou a mão dele
aos lábios beijando-a, fazendo o coração transbordar.
- Durante algum tempo após o
seu acidente, eu me dediquei somente em entender a loucura que tomava conta da
minha vida. Tudo o que pensava era no momento de te ver acordado, te contar a
novidade que seríamos pais. Afastei-me do caso e do trabalho para ficar ali,
esperando meu Castle. Claro que não desisti da investigação, estava muito
próximo de pegar o senador havia encurralado Denver e queria discutir isso com
você ao vir para New York. Uma dúvida martelava na minha mente. Fora realmente
um acidente ou uma tentativa de assassinato? Pedi a Gates e aos rapazes para
investigarem e descobri o que temia. Ele mandou matar você para me parar. Uma
ameaça pesada contra nós. Aquilo me deixou louca! Do momento que soube não pude
aceitar, esperar sentada por algo surgir e quem sabe, talvez, conseguirem incrimina-lo.
Resolvi fazer minha própria justiça. Fui a Washington e invadi o Capitólio.
Confrontei o senador Denver, seu capanga que foi o responsável pelo seu
atentado estava lá. Ele ficou possesso, Castle. Sua reação foi de quem é
culpado. Não hesitou em me expulsar e mandar o bandido atrás de mim – parou de
falar mordendo os lábios para segurar suas lágrimas – eu... eu poderia ter
morrido naquele dia. Eu pensei que morreria. O capanga dele, Smith, me atingiu.
Levei uma bala no peito. Vi o mundo desaparecer ao cair naquela calçada após a
perseguição, então eu o vi. Bracken. Meu algoz foi a última imagem que vi antes
de desmaiar.
- Você está dizendo que...
ele... espera, ele a salvou? – perguntou perplexo.
- Sim, uma dura verdade. Uma
tapa na cara se me permite dizer. Mas não se trata somente disso. Ele pediu a
ambulância, garanto que o fez por não estar sozinho. Havia vários funcionários
observando a cena. Seu gesto não fora exatamente de compaixão mesmo porque os
médicos nem sabiam se eu me salvaria. Soube depois que Denver esteve no
hospital querendo se certificar da minha morte. Talvez tivesse entrado na UTI
se soubesse que eu tinha sua carreira e sua vida em minhas mãos ou melhor, no
meu celular. Eu gravei tudo, Castle. A ameaça, a raiva, o capanga. Foi o audio
que tornou a prisão do ex-senador possível. O caso não parou aí. Pedi a Gates
para me deixar participar de seu interrogatório, usamos a tentativa de
assassinato para ligar ao crime de fraude contra o país em conjunto com o FBI.
Ao me ver, parecia estar vendo um fantasma. O problema foi o que descobri junto
com Tory. Denver não estava naquele golpe sozinho. Tinha um parceiro.
- Bracken – Castle suspirou –
meu Deus, Kate!
- Sim, tem idéia de como me sentir
ao descobrir a sua ligação em tudo aquilo? Era dinheiro para financiar a
campanha presidencial dele, Castle. O problema é que não seria um único link de
uma conta que derrubaria um dos homens mais poderosos da América. Precisaria de
mais, muito mais. Pedi a Tory para enviar o que achara para meu email pessoal e
não comentar absolutamente nada sobre o assunto especialmente com os rapazes.
- Como sabe que ela não fez?
- Sei porque quando o senador
foi destituido e preso, ela me questionou. Confio nela, Castle. Quando o caso
atingiu as devidas proporções na mídia, tudo o que importava era o trabalho
maravilhoso feito pelo FBI, o que incluiu elogios rasgados de Bracken a eles e
a NYPD. E pensar que alguns dias atrás aquele mesmo homem estava me ameaçando.
- Kate, o que ele fez com você?
Ele te machucou? Nosso filho? Se encostou a mão em você eu vou....
- Não, babe não. Ele não
poderia me machucar fisicamente mais do que já me afetara psicologicamente. Ele
sabia, Castle. Esse homem é um monstro sem limites. Controla tudo no Capitólio,
cada pedaço. O dinheiro sujo corre solto em meio a política americana. Fui
sequestrada por seus capangas em frente ao hospital quando saía para vir
descansar em meu apartamento. Bracken fez questão de me encontrar, queria olhar
nos meus olhos para ver minha frustração ao demonstrar sua superioridade, seu
poder. Ele mostrou o acesso da NYPD a sua conta, ao seu IP do Capitólio. Disse
que se eu quisesse viver e ter uma família, continuar fazendo meu trabalho,
deveria esquecer o que vi. Falou sobre a facilidade com que podia me matar,
afinal já retribuira o favor que fizera a ele quando me socorreu em DC. Seria
tão simples acabar comigo, ele disse mas estava se sentindo bondoso. Tive que
negociar com ele, Castle... negociei com o inimigo – não conseguiu segurar mais
o choro, parou uns minutos para ganhar a confiança de continuar, ele se
compadeceu ao ver o quanto o assunto a destruía. Abriu os braços e puxou-a para
si.
Kate se aconchegou em seu peito
e chorou. Passou um bom tempo de olhos fechados, acalmando o coração apertado
por relembrar uma época negra e difícil. Beijava-lhe a testa, os dedos das
mãos, afagava os cabelos. Um pouco mais serena, continuou.
- Eu só pensava no nosso bebê.
Se você não acordasse, ele era minha total responsabilidade. Naquele momento
fui obrigada a tomar uma decisão por nós, pela nossa família. Fez um acordo
comigo, eu esquecia o que havia encontrado, parava simplesmente de procurar.
Além disso, deixaria meu cargo no FBI. A repercussão do caso iria me projetar
no Bureau, teria na visão dele outros meios para investigá-lo ou foi isso que
deduzi. O senador ordenou que manifestasse a vontade de voltar a NYPD tendo
como justificativa a minha família. Em troca, ele me deixaria em paz prometeu
que nada aconteceria a mim, a você e ao nosso bebê. Eu fiz o que ele mandou,
pensando em nós.
- Você não é mais uma agente do
FBI? Não trabalha para o poder federal? Washington... você voltou de vez para
New York. Isso é...
- Chocante, eu sei. Castle, amor eu sei que é muito para digerir,
a decisão foi feita na cerimônia de entrega das medalhas de Honra ao mérito.
Pois é, irônico não? No dia que recebo os maiores elogios digo a um dos
diretores do FBI que ao invés de uma promoção para agente pleno, quero sair do Bureau.
Voltar para a NYPD. Tive que fazer tudo isso diante de Bracken. Nem sei onde
consegui tanto sangue frio para fazer o que fiz naquela noite. Acredita que ele
ainda contou que o salvei quando era detetive?
- Meu Deus! Cadê o limite desse
homem? Interromper sua carreira dessa forma. Não é justo. Eu sinto muito, amor.
O que você fará agora?
- Eu não acatei simplesmente o
que aquele crápula ordenou. O que ele não sabe é que eu já vinha pensando nisso
desde que descobri estar grávida. Washington nunca foi uma cidade que me
agradasse. Eu sou novaiorquina por nascimento e coração, não gostaria de criar
meu filho em outro lugar. Se Bracken não tivesse forçado a minha decisão, eu
voltaria a morar aqui de qualquer forma. Conversei com a Capitã Gates antes sem
revelar nada sobre a ameaça que eu sofrera. O comandante da polícia ficou
surpreso quando recusei a promoção do FBI. Entendeu o meu ponto de vista e
decidiu que se eu voltassse a trabalhar para o 12th distrito, deveria fazê-lo
com amor não sendo menos merecedora de uma recompensa. Ele me ofereceu a
patente de Lieutenant. Bracken acabou, de uma maneira para alguns bizarra,
facilitando o que eu desejava – ele fez menção de falar mas Kate o interrompeu
colocando o indicador sobre os lábios – Castle, sou uma detetive de homicídios,
foi assim que você me conheceu, é o que faço de mellhor. Investigar um
assassinato é dar a chance de fazer justiça por alguém que não consegue mais se
defender. É proteger e servir a sociedade na cidade que amo. Não foi pela detetive
que você se apaixonou? Não conseguiria negar as minhas origens, o que acredito.
O FBI me deu experiências fantásticas, porém descobri também que a frieza como
tratam algumas questões não me agradam, não estão de acordo com os meus
princípios. Serei a Lieutenant do 12th distrito, ajudando as vítimas, honrando
os mortos e trabalhando com a Capitã em coisas maiores. Minha essência continua
a mesma e não será um monstro como Bracken que vai me fazer agir de outro modo.
O silêncio instalou-se entre
eles. Os olhos conectados. Kate esperava pela opinião dele, ansiava para que
fosse compreendida como esperava ser desde o momento que aceitara o que lhe
fora imposto. De todas as pessoas, Castle era o único de quem ela queria o
apoio e desejava desesperadamente a sua aprovação. Os outros podiam critica-la,
seriam indiferentes. Mas ele... desmoronaria diante da crítica dele.
Castle baixou a cabeça olhando
as mãos dela. Brincava com a aliança em seu dedo ao lado do solitário que dera
a ela naquela tarde nos balanços quando a pediu em casamento. Naquele dia, ela
o dissera que ia trabalhar para o FBI, no gabinete do procurador geral. Era um
grande passo, assim como o seria aceitar o pedido dele. Tanto acontecera em
dois anos. Tantas mudanças. Como ela conseguira atravessar tudo isso sozinha? A
resposta era clara. Kate Beckett é uma guerreira. Estava procurando as palavras
certas quando ela tornou a falar.
- Castle, por mais que pareça
outra emboscada, minha decisão foi por amor. Escolhi acatar a ameaça porque era
a melhor opção para nós, para nossa família. Eu não o decepcionarei, sou a
mesma pessoa que você conheceu a anos atrás. E se você realmente acredita em
mim, sabe que não me curvo facilmente, não me entrego. Foi uma questão de
prioridade. Naquele momento, você e meu filho eram quem eu deveria proteger.
Não me arrependo porque no fundo eu sempre acreditei que você acordaria. Chame
de instinto, intuição ou mesmo esperança. Acho que foi a força do amor que o
trouxe para mim – ele acariciou o rosto dela, ajeitando os cabelos por trás da
orelha, sorriu.
- Conhecendo você, não esperaria
nada menos do que fez. Não passaria nem por um segundo em minha mente dizer que
está errada. Tem razão, sua essência, o que você é a levou a melhor decisão.
Não conseguiria dizer o quanto ouvir tudo isso me maltrata ao mesmo tempo, me
faz ter tanto orgulho de você,Kate. Minha guerreira, minha musa. E quando penso
que não se pode amar uma pessoa mais do que imagino, você apenas me dá uma
rasteira e mostra que é possível. Eu te amo tanto, Kate – inclinando-se na
direção dela, tomou-lhe os lábios com vontade. O beijo era um bálsamo esperado
por ela a muito tempo, era a confirmação de que tudo o que lutara, o que
acreditara era o certo. Quebrando o contato, finalmente sorria aliviada.
- Está disposto a voltar ao
12th distrito para investigar homicídios entediantes? Será que posso contar com
o meu antigo parceiro ou ele prefere a companhia de um agente do FBI?
- Ah, sabe como é aquele
pessoal do FBI é meio bitolado, não gostam de ideias brilhantes como as minhas.
E além do mais, não trabalharei com uma detetive, agora terei uma Lieutenant
como parceira, soa bem melhor. Espere, você está me convidando por livre e
espontânra vontade ou a Capitã concordou com a minha volta como parte do pacote?
- Castle, apesar de tudo a
Capitã aprecia sua forma de investigar casos e ajudar nosso distrito exceto
quando você extrapola o bom senso. E não é parte do pacote, você é meu parceiro
oficial, não aceitaria outro em seu lugar.
- Fico feliz que pense assim –
calou-se por um momento abraçando-a junto ao corpo, percebeu Kate fechando os
olhos. Respirava serenamente – minha tenente. Extraordinária, desde o princípio
tive razão, não há melhor palavra para descrevê-la. Somente em pensar no quanto
você deve ter sofrido por lidar com esses inescrupulosos, à beira da morte,
chantageada, frustrada e sozinha. Uma batalha para poucos. Gostaria de poder
retribuir toda a garra e a força que depositou para salvar nossa família, Kate.
Passarei o resto da minha vida pagando essa dívida com prazer.
- Hey... você não precisa
provar nada, nem pagar. Você voltou para mim, me deu um filho lindo. Isso
basta. Precisamos de um tempo para nós, sem intromissões, ameaças, crimes. Uma
maré branda, chega de tempestades.
- Concordo. Vamos esquecer o
caso do FBI, o senador, os problemas de um modo... – então entendeu – o livro.
O final de Heat Blows! Foi por isso que deixou um cliffhanger, sugeriu uma
continuação. Por isso escreveu que Nikki teria sua justiça. Kate, você não
desistiu de vence-lo, quer vingar sua mãe e agora a mim e a você. Não desistiu!
- Não poderia. Mas, não se
trata de vingança. Justiça, procuro na lei a solução para o problema do
passado. Não nesse momento. Nada que levante suspeitas. É preciso planejar,
unir forças. Podemos fazer isso, um dia terei o prazer de ver Bracken ser
levado algemado para a prisão por assassinato além de tantos outros crimes.
Nesse dia, serei eu quem lerá seus direitos, eu colocarei as algemas olhando-o
cara a cara.
- Isso é brilhante! Essa é a
história que devemos escrever. A musa superou o escritor, pelo menos dessa vez.
Claro que tenho muitos outros best-sellers para demonstrar minha superioridade
e também eu...
- Cala a boca e me beija,
Castle – precisava de carinho, de se sentir livre para junto com ele seguir em
frente. Alguns momentos em sua companhia, sem cobranças, sem interrupção,
apenas os dois. Aprofundou o beijo deitando-se sobre o corpo de Castle. Sentiu
as mãos vagarem por suas costas indo instalar-se em seu bumbum. Riu entre os
lábios. De repente, estava de costas para o colchão sendo devorada no pescoço
pelos lábios dele. Voltava para a boca, as linguas se completavam enquanto as
mãos dele acariciavam-lhe os seios. Enroscou as pernas na cintura trazendo-o
para mais próximo de si. Isso era o máximo de intimidade que poderiam ter até
ali. Kate mesmo não tinha disposição para ir além. O parto, os cuidados com o
bebê, o ato de amamentar e as noites mal dormidas provocavam um cansaço extremo
que testava seu limite a cada dia.
Castle quebrou o beijo
deitando-se ao lado dela. Aconchegando-se ao peito dele, Kate fechou os olhos
por um momento. Esperou alguns minutos antes de perguntar.
- Quem mais sabe da sua volta a
NYPD?
- Apenas Gates. O edital deve
sair aproximadamente na época que minha licença acabar. Alex já estará com três
meses e poderei assumir minhas novas responsabilidades. Os rapazes saberão
apenas na minha volta. Não quero falar sobre isso antes do communicado oficial,
só precisava contar a você.
- E quando pretende começar a
investigação sobre Bracken? Vai envolver o distrito, Tory?
- Não, Castle. Esse assunto é
apenas nosso. Não posso comprometer ninguém mais, é perigoso. Prefiro voltar a
trabalhar, mostrar a ele que aceitei a proposta, seguindo minha vida. Tenho que
deixar claro que esqueci o passado. Ele não pode desconfiar que iremos
investiga-lo. Tenho algumas idéias para trocar com você. Mas, babe... por
favor, não agora. Podemos ter um momento apenas nosso, sem problemas? Só quero
ficar aqui, quieta em seus braços.
- Tudo bem, Kate – beijou-lhe a
testa – tudo bem.
XXXXXX
Algumas semanas se passaram e a
rotina do casal continuava a mesma. Amamentar, acordar no meio da noite,
fraldas. Levaram Alexander ao pediatra, usaram Alexis de babá e Kate aprendera
mais truques sobre bebês com Martha. Gina voltara a pressionar por uma resposta
quanto entrevistas e prazo de livros. Estava muito interessada em ver um pouco
do novo trabalho de Castle e Kate juntos, queria colocar o novo romance no
mercado o quanto antes mesmo sabendo que por contrato, eles teriam dez meses
para escreve-lo.
A vida com uma criança
proporcionava outros momentos interessantes além do cansaço. Cada novidade era
motivo para uma foto. Uma visita, uma roupinha, uma mãe toda descabelada e
cheia de olheiras em plena madrugada, roupas golfadas, tudo gerava uma foto. A
maioria delas foram tiradas por Castle e Alexis mas Kate também tinha seus
momentos como o que acontecera ainda no dia anterior. Ela pedira a Castle para
ficar com Alex no quarto enquanto lavava algumas roupinhas dele na mão. Kate
não gostava de misturar com outras peças ou usar a máquina para isso. Tinha o
maior zelo com as coisas do filho. Ao entrar no quarto, deparou-se com uma cena
digna de uma foto. Castle estava deitado na cama, sem camisa, com o filho de
bruços em seu peito. Uma das mãos sobre o bumbum do bebê e a outra na cama.
Alex subia e descia conforme a respiração do pai, ambos dormiam.
Kate abriu um sorriso pegando a
máquina para registrar o momento. Seu coração acelerou. Havia tanto amor
naquele pequeno espaço que sentiu-se revigorada. Aqueles dois homens
pacificamente dormindo eram a sua família. As pessoas que mais amava no mundo.
Era capaz de morrer e matar por eles. Limpando uma pequena lágrima que brigava
para alcançar seu rosto, apeoximou-se da cama e cuidadosamente pegou o pequeno
nos braços. Automaticamente, Castle abriu os olhos.
- Você me assustou... acabei
cochilando – viu que Kate estava com o filho nos braços, cheirando a cabeça
dele embalando-o – as vezes esqueço como adoro admirar você sendo mãe. Tão
linda, tão dedicada. E se lembra quando dizia não ter aptidão com bebês? Quem
diria, não? Você é uma mãezona, maravilhosa.
- Hum, me elogiando assim? O
que você está querendo Castle? – falou brincando.
- Ah, o elogio é de graça por
merecimento, o que eu quero porém, você não irá me dar mesmo...
- Oh Cas, procure entender. Eu
nem sei o que é dormir direito, perdi quatro quilos, esse menino me toma muito
tempo. Amamentar então! Prometo que quando chegar a hora, vamos aproveitar
bastante. Irei recompensa-lo. É uma promessa.
- Eu sei, amor... eu sei.
Dois meses depois...
Com o papel de mãe entrando nos
eixos, Kate já se preparava para voltar ao 12th distrito dali a quinze dias. Sua
nomeação para Lieutenant sairia na próxima semana. Durante uma visita de Ryan e
Jenny, esta até questionou quando ela retornava a Washington o que desconversou
para evitar maiores comentários. Naquema semana, ela recebera mais um
telefonema de Gina questionando-a sobre a possível entrevista sugerida por
Nadine. Na verdade, a repórter não parava de contata-la para saber a resposta
de Kate. Pela insistência, poderia haver algo mais do que uma simples
entrevista, o que Nadine queria afinal era não apenas uma dúvida de Kate, mas
uma pergunta que a própria Gina não sabia responder.
Diante da situação, concordou
em recebe-la na sua casa para entender melhor a proposta da repórter. Pediu a
Gina que agendasse uma visita não para a entrevista e sim para que Kate pudesse
avaliar o real propósito da insistência de Nadine. Por volta das três da tarde, a campainha do loft tocou. Estava sozinha em
casa. Castle havia levado Alex ao parque. Queria ter essa conversa sozinha com
a repórter. Ao abrir a porta, sorriu.
Nadine Furst era extremamente elegante.
Vestindo um terninho bege, uma blusa em seda cor de pérola e scarpin
altíssimos, a loira de olhos verdes mantinha o cabelo até os ombros escovado
ressaltando a maquiagem nos olhos. Com um sorriso, estendeu a mão para Kate.
- Finalmente posso ter o prazer
de sua companhia, agente Beckett. Você é uma pessoa muito difícil de se achar.
- O poder de uma criança,
Nadine. Entre e sente-se. De frente para a reportér, Kate se acomodou no sofá.
- Imagino. Estou louca para
conhecer o herdeiro de Castle. Você pediu para eu vir até aqui. Creio que quer
conversar sobre minha proposta. O que você precisa saber?
- Na verdade, Gina me comentou
que você estava interessada em uma série de entrevistas comigo visando o
trabalho em DC, o que é complicado mas gostaria de entender qual o seu
interesse em mim.
- Como você pode perguntar
isso? Kate Beckett é a melhor detetive que já passou pela NYPD. Sua média de
conclusão de casos é superior em 30% dos seus colegas de profissão, ao meu ver
você já merecia outra patente. Ainda bem que veio o escritório do procurador
geral. Como agente, deixou sua marca em cada caso que investigava provando o
talento que possui. Então veio o caso do ex-senador Denver. Posso listar tantos
outros motivos, Kate. Falo por horas se quiser.
- Você investigou a minha vida?
– aos poucos Kate ia montando o perfil da repórter na sua cabeça.
- Sou uma jornalista. Pesquisa
é meu instrumento de trabalho. Conversei com pessoas também, todos são somente
elogios para a agente Beckett. Seja em Manhattan, seja em Washington. Não é à
toa que se tornou a musa de Castle e deu vida a Nikki. O que gostaria de fazer
com você era mostrar como é o dia a dia da investigadora. O que te move, como
você encara um caso,o passo a passo da investigação, saber da parceria com o
escritor e o que isso mudou na dinâmica. Quero focar o lado profissional. Pode
não saber mas Kate Beckett vende! Taí
Heat Blows e a Vanity Fair pra provar isso. As pessoas hoje procuram uma
referência, querem encontrar alguém que possa fazê-los acreditar. Uma espécie
de herói atual. Pessoas comuns que se destacam no trabalho que exercem além do
esperado, que excedem espectativas. Você é uma dessas pessoas. Tenho um
interesse particular na forma como você desenvolveu esse caso do senador. Achei
o conteúdo da história fascinante, a forma como o esquema foi destruído até
chegar a sua ligação com um membro do nosso governo. Quero conhecer um pouco
mais desse caso. Além da medalha, seu conceito diante do Bureau subiu bastante.
Era isso. Kate sabia que todo
esse súbito interesse no seu trabalho tinha que ter uma outra justificativa. Se
Nadine queria saber detalhes do caso do ex-senador é porque algo a intrigava.
Podia ser um terreno perigoso de se caminhar porém, era possível que essa
parceria repentina pudesse render boas informações para Kate. O quanto do
assunto a repórter poderia conhecer?
- Por que esse caso, Nadine?
Por que tanto fascínio com ele? – Nadine fitou o olhar de Kate, estudando-a. A
reputação da investigadora era conhecida por muitos como intacta. Naquele
momento, ela avaliava se estava pronta para expor suas idéias a alguém que
trabalha para o governo, está lá dentro em contato com pessoas poderosas.
Suspirou. Se ela não confiasse na mulher a sua frente para trocar ideias, todo
aquele discurso sobre pessoas comuns e heróis seriam apenas um bando de
palavras despejadas ao léu para conseguir a atenção de alguém. Essa nunca foi a
razão pela qual as dissera, fora sincera. Diante de tudo isso, em quem mais
poderia confiar senão Kate Beckett?
- Tudo bem, eu vou abrir o jogo
com você. Quando as primeiras notícias chegaram ao nosso conhecimento sobre um
caso envolvendo drogas, suborno, fraude e não pagamento de impostos, o conjunto
todo gritava máfia. Decidi pesquisar um pouco mais fundo. O que descobri foi
uma rede de crimes ilícitos comandados pela máfia chinesa. Mercadorias ilegais
entrando pelos portos americanos sem qualquer inspeção e claro sem pagar
impostos. Fiquei pensando. Um esquema pesado como esse, deve ter a colaboração
de alguém muito poderoso dentro do governo atuando na proteção dos
contrabandos. As boates ligadas a rede não passavam de fachada para produção e
distribuição da droga. Cheguei a visitar uma delas e acredite, é um lugar
terrível. Quando estava lá, me ofereceram drogas mas não a suposta mistura
poderosa. Conversei com outros jovens. Uma das garotas me garantiu que tinha, como
eles dizem, um bagulho melhor lá em cima mas custava caro e você tinha que ser
autorizada para colocar as mãos nele. Ela mesma apenas conseguia algum por
causa de uma amiga que conhecia o dono da boate, um chinês naturalizado
americano. Infelizmente, a tal amiga não estava lá naquele dia – bebeu um pouco
da água que Kate a servira junto com o café – não pude ficar mais tempo ali. O
cheiro de drogas misturadas naquele ar viciado em fumaça do lugar estava me
deixando com falta de ar. Da outra vez que tentei voltar, estava fechada. Logo
em seguida, a reportagem sobre a cassação do mandato do senador Denver chegou a
redação revelando o caso e as descobertas do FBI. Não havia conectado o
acidente de Castle ao caso. Depois de dar a notícia aos telespectadores, passei
a olhar o caso por um novo angulo. Comecei uma investigação pessoal sobre
Robert Denver. E bem, eu... – Kate reparou que ela estava receosa sobre como
abordar a próxima questão. Percebendo a
situação, instigou.
- O que você descobriu, Nadine?
E mais importante, como descobriu informações confidenciais?
- Tenho minhas fontes e meu
faro investigativo é muito bom. Já sabia pelo caso que o ex-senador forjou uma
série de documentos, criou empresas de fachada, tem várias contas abertas no
exterior e brincava com o dinheiro público. Então, fui mais fundo, voltei a
suas origens no Alabama. À medida que procurarva descobrir podres sobre sua
carreira, encontrava um sujeito devotado à familia e ao seu estado. Iniciou a
vida pública muito jovem com o apoio do pai que era um grande fazendeiro da
região. Em seus primeiros mandatos ainda na sua cidade, ele ganhou a simpatia
dos eleitores e fez muito pela comunidade o que garantiu a ele uma ótima
popularidade para se tornar governador do estado. Não estou dizendo que Denver
era santo. Para se chegar aonde estava precisava de aliados e trocas de
favores. Foi então que surgiu sua vontade de ir para o senado americano. Ele se
aliou ao partido de Bracken que concorria ao senado aqui, James que concorria
pela California e Williams representando Washington. Fizeram uma espécie de
coligação, aliança. Eles venceram e essa união os acompanhou até o senado. Que
ironia ser o próprio senador Bracken a destituí-lo do cargo – a forma como
Nadine falou a última frase causou arrepios em Kate. Era como se ela duvidasse
de algo ou talvez estivesse jogando a isca para ver se ela cedia e dava alguma
informação adicional. Nesse instante a porta do apartamento se abriu, Castle
empurrava um carrinho usando óculos escuros. Ao ver que Kate continuava ocupada
com a repórter, decidiu cumprimenta-las e seguir com o filho para o quarto.
- Bom dia – sorriu beijando a
testa da esposa que levantou o rosto para beija-lo nos lábios – Alex gostou
muito do passeio – entregou o filho para ela por um instante – olá, Nadine. É
um prazer tê-la em nossa casa – estendeu a mão para ela, Nadine retribuiu
apertando-a.
- Rick Castle, bom ver que você
está bem novamente. Oh meu Deus! Esse é o herdeiro? – um sorriso formou-se no
rosto da jornalista – ele é lindo! Tem os olhos do pai mas a boca e o nariz são
seus, Kate. Parabéns, ele é um encanto.
- Obrigada. Nadine, se importa
de ficar um instante aqui na sala, preciso mostrar algo pro Castle de Alex e
amamenta-lo não vai demorar muito e Castle pode conversar com você nesse
período.
- Claro, Kate. As obrigações de
mãe vem em primeiro lugar. Não se preocupe comigo, vou aproveitar para ligar
pra redação e ver como estão as coisas por lá.
Assim que entraram no quarto de
bebê, Kate fez sinal para Castle fechar a porta. Castle estava um pouco confuso
com a forma que ela conduzira isso. O que era tão importante para lhe mostrar
que podia deixar Nadine Furst esperando?
- Kate, por que deixou Nadine
sozinha? Alex não está com fome ainda tem pelo menos mais uma hora.
- Castle, acho que Nadine sabe
ou desconfia de alguma coisa no caso do senador Denver. Esse é o real motivo
que ela quer fazer as entrevistas comigo. Acho que pretende investigar o caso
um pouco mais a fundo. Não se convenceu com as explicações. Ainda não terminei
de entender o ponto de vista dela mas tudo indica que será isso. Agora me sinto
entre a cruz e a espada. Podemos confiar nela? Se decidirmos que sim, ela pode
ser uma excelente aliada quando precisarmos de informações e cobertura para pegar
Bracken. Por outro lado, se ela nos trair minha carreira está acabada e nossas
vidas ameaçadas. O que você acha?
- Eu acho que Nadine Furst é
uma jornalista competente que tem compromisso com a verdade. Ela é esperta e
inteligente o bastante para sacar que existe algo além do que os jornais e o
FBI relataram do caso Denver. Talvez ela seja uma aliada, mas teremos que ir
devagar com informações e trocas de idéias. Não me parece uma traidora.
- Se eu permitir que ela faça a
entrevista, estarei dando uma chance a ela para entrar no meu mundo mas terei
que contar que não faço mais parte do bureau.
- Isso por si só é um furo para
ela, principalmente se você lhe conceder uma exclusiva. Pode ser a chance de
você descobrir mais sobre a mulher tão interessada em você.
- Talvez o interesse não seja
em mim realmente, aposto na história.
- Acredito ser nos dois.
Converse mais, use seu faro de detetive para entende-la melhor. Garanto que se
tivermos uma aliada como ela, quando Bracken cair, será um prazer assistir de
camarote. Vou voltar para a sala – pegou a babá eletrônica – conversarei um
pouco com ela para que não fique estampado a nossa mentira. Fique um pouco com
Alex antes de coloca-lo no berço.
Castle voltou para a sala,
sentou-se ao lado de onde Kate estava antes ficando de frente para Nadine.
Conversavam sobre seus livros, situações de New York até que o assunto voltou a
ser Kate Beckett. A curiosidade da repórter começou com o motivo porque ele
escolheu a detetive como musa inspiradora. Castle descreveu o que não cansava
de repetir aos repórteres sobre sua esposa. Ouvindo com atenção, Nadine acabava
por anotar algumas declarações. Ele comenta que no início nem tudo era
perfeito, afinal Beckett não gostava de ter alguém seguindo-a durante todo o
dia e algumas vezes à noite. Tiveram atritos mas acabaram por perceber que
havia uma boa parceria ali.
- E olhe onde a parceira nos
trouxe? – disse Castle vendo Kate retornar do quarto e sentar-se ao seu lado –
já mamou?
- Não, ele não quis. Cochilou
no berço. A babá está com você certo? – ele mostrou em sua mão – sobre o que
estavam falando?
- De quando eu comecei a
compartilhar meus conhecimentos sobre crimes com a NYPD. Fui de extremo valor
para o distrito.
- Certo, certo. Ele gosta de se
gabar. Então, onde paramos mesmo Nadine? Ah! Você estava falando da ironia de
Bracken ter deposto o amigo.
- Sim, uma ironia realmente.
Sabe Kate, o que mais me intriga é o tamanho da organização clandestina criada
pela máfia junto com o senador. Apesar de saber que a família dele também está
envolvida ainda acredito estar faltando algo. Era muito dinheiro envolvido,
dinheiro sujo chinês e americano. Porém, o senso de jornalista fala mais alto.
Não consigo acreditar que isso era a ação de um homem só. No meu entendimento,
deveria ter pelo menos mais um no esquema. Um senador – Kate olhou
disfarçadamente para Castle antes de responder ao questionamento.
- Nas nossas investigações ele
trabalhava sozinho com os chineses, ele e o filho. Não encontramos outra pessoa
ligada aos crimes. O próprio Denver confessou que tinha mandado matar a mim e a
Castle, o motivo era por eu estar chegando perto demais. Acho que isso responde
a sua dúvida. No fim da investigação, eu já estava afastada do FBI para cuidar
de Castle além do próprio atentado que sofri. Foi o melhor que fiz, me afastar.
- Então, não foi você que
encerrou o caso no FBI... interessasnte.
- O caso está encerrado, foi
feito pelo agente McQuinn. Da mesma forma, o caso do “acidente” de Castle foi
arquivado na NYPD deixando clara a sua ligação com o do FBI.
- Entendo, não me leve a mal,
Kate respeito seus colegas do bureau mas não acredito que eles tivessem a mesma
visão do caso que você. Desvendou todos os enigmas, achou todas as pontas
soltas praticamente sozinha. Será que eles não acabaram deixando algo escapar?
Você tem vontade de revisitar o caso, rever os relatórios?
- Não. Eu mesma ajudei a NYPD a
fechar os relatórios que foram levados a promotoria e ao Capitólio. A Capitã
Gates me deu essa honra. O caso está encerrado, Nadine e mesmo que quisesse não
poderia investiga-lo.
- Por que não? Agentes fazem
isso o tempo todo. Leem casos de colegas, usam para compara-lo aos seus. Tirar
ideias, relacionar suspeitos. Mesmo que tivesse uma suspeita, você não investigaria
de novo?
- Talvez, depende muito da
pista. Algumas são uma extrema bobagem, outras de cara são descartadas. Por que
me pergunta, Nadine? Tem alguma informação quente? Você ou alguma de suas
fontes descobriu algo importante?
- Tenho uma suspeita apenas,
por enquanto. Preciso investigar um pouco mais.
- Não olhe muito fundo do
oceano, Nadine. Você pode se deparar com algo que não pode controlar. É uma
jornalista, não uma investigadora ou detetive. Tenha cuidado, acredite tenho
experiência no assunto.
- Não se preocupe, Kate.
Investigo no âmbito jornalístico. Quando farejo algo, apenas levanto a suspeita
e deixo o trabalho pesado para profissionais como você. É o que gostaria de
fazer caso descubra algo interessante nas minhas pesquisas. Posso contar com
você? – então viu o olhar trocado entre Kate e Castle, como já suspeitava,
devia ter algo mais naquela história, seu faro jornalístico não falhava nunca –
o que foi? É uma simples troca de favores. Se a dica for quente e ajudar, você
me concede uma entrevista exclusiva sobre o assunto. Que tal? – viu Castle
balançando a cabeça em afirmação além do gesto de apertar a mão dela.
- Nadine, o que estou prestes a
contar é segredo e você deve me prometer que não levará ao conhecimento público
pois caso o faça, será o fim da minha carreira – Kate percebeu o brilho no
olhar da repórter – estou de dando um furo em primeira mão mas que você só
poderá usa-lo quando for confirmado oficialmente. Estou fazendo isso porque
gosto da forma como trabalha e vejo que há um interesse real aqui. Espero não
me decepcionar. Fui clara?
- Sim. Prometo não agir de
outra forma e não vou fazer nada para decepciona-la, Kate.
- Assim, espero. Não posso mais
investigar o caso em questão porque ele não faz parte da minha jurisdição. Extra-oficialmente,
desde a festa comemorativa onde recebi a medalha pela minha ajuda na solução do
caso não faço mais parte do corpo do FBI. Foi uma decisão em conjunto com os
diretores assistentes – Nadine estava em choque com o que ouvia - Na verdade,
essa era uma decisão que já considerava durante a gravidez e todo o resto que
você conhece bem. Mais importante, nasci em Manhattan, Castle também, nada mais
justo que querer criar nosso filho aqui.
- Mas você... Beckett...abandonou a carreira de detetive? –
de olhos arregalados e pãlida, a repórter tentava assimilar as palavras que
ouvia.
- Você sinceramente acha que
largaria o trabalho e viraria uma dondoca? Se acha, definitivamente não é a
pessoa correta para trabalhar comigo nem para me entrevistar.
- Não! É claro que não. Kate
Beckett é sinônimo de justiça. Você não serve para o papel de doméstica, do lar
como queiram chamar. De jeito nenhum vejo você em casa de avental fazendo
massagem no marido enquanto ele janta na frente da tv – virou-se para ele -
Desculpe, Castle sem ofensas.
- Tudo bem. Nem eu gostaria
disso, acredite.
- E o que você irá fazer agora,
Kate? Escrever sobre os crimes que já solucionou? Uma biografia?
- Não seria uma má idéia mas
não será isso. Durante o evento, manifestei a vontade de voltar a NYPD. O Comandante
concordou desde que eu recebesse a promoção para Lieutenant.
- Nossa! Isso é... um furo
jornalistico. Queria tanto publicar...
- Não pode. Deverá esperar o
diário oficial. Então posso conceder uma entrevista exclusiva para você.
- Melhor do que nada. E quanto
as demais? Quero mesmo fazer outras entrevistas. Cinco seria ótimo.
- Ainda quer isso mesmo eu não
sendo mais do FBI? – perguntou Kate surpresa.
- Claro! Não é o cargo, é a
pessoa exercendo que o torna atraente. Podemos fechar a sequencia de trabalhos
juntas?
- Podemos. Peça a Gina para
redigir um contrato – disse Kate.
- E quanto ao caso do FBI, o
que acontece se eu encontrar o que vocês detetives chamam de ponta solta?
- Vamos fazer o seguinte, se
você encontrar algo relevante, me informe. Caso eu julgue como algo que vale a
pena investigar, entro em contato com o agente do caso, se a desconfiança
partir de mim será mais fácil para ele levar à sério do que apenas uma denúncia
anônima.
- Tudo bem – Nadine se
levantou, cumprimentou Castle – foi um prazer, Castle. Kate – segurando a mão
da investigadora – acredito que iremos fazer uma parceria que vai abalar a
audiência. Sabe o que mais? Ainda divulgarei um furo exclusivo seu, de verdade.
Será um prazer trabalhar com você.
Castle a levou até a porta.
Quando estavam finalmente sozinhos, perguntou.
- Você acabou de fazer o que
penso que acabou de fazer?
- Se com isso você quer dizer
que joguei a isca para Nadine me passar qualquer suspeita sobre o envolvimento
de Bracken no caso Denver a resposta é sim. Se estiver pensando que farei dela
uma aliada, a resposta também é sim. Pretendo revelar meu interesse em Bracken?
Não. Esse assunto diz respeito apenas a nós dois, por enquanto.
-
Ah, a sagaz detetive Beckett. Muito inteligente de sua parte – enroscou os braços ao
redor dela e beijou-lhe carinhosamente os lábios, quando pensavam em aprofundar
as carícias, o chorinho de bebê surge na sala – é a babá. Alex deve estar com
fome.
- É Castle, o dever me chama.
Você pode ligar para Gina, explicar o que fechei com Nadine? Diga que mais
tarde ligo para ela.
Início de Outubro
Kate acabara de receber um
telefonema da sua Capitã. Gates informara que o anúncio de sua promoção estaria
no diário oficial do dia seguinte, portanto devia se preparar para a enxurrada
de perguntas que poderia aparecer. Comunicou a notícia a Castle para em seguida
ligar para Nadine. Se ela queria uma entrevista exclusiva, era melhor
garanti-la ainda hoje. Gates também informara que iria fazer um breve
esclarecimento para a equipe do 12th distrito mas que as perguntas cabiam a
eles fazê-las diretamente à tenente. Além disso ela teria no máximo vinte dias
para preparar a papelada e todos os exames necessários, provavelmente a data de
sua posse seria 01 de novembro.
Nadine estava no loft por volta
das duas da tarde.
Tão logo acomodadas, Kate quis
iniciar a entrevista para que ganhassem tempo. As perguntas escolhidas por
Nadine e aprovadas por Kate procuravam mostrar o lado pesssoal dela
conectando-a a sua devoção a cidade de New York, suas raízes e à nova fase da
sua vida, a da maternidade. Incluia também uma espécie de agradecimentos aos
meses passados no FBI, o aprendizado que tivera lá e os colegas que conheceu.
Nadine queria arrancar um pouco mais do trabalho de tenente porém, como Kate
ainda não havia discutido com Gates preferiu não especular. Apenas garantiu que
continuaria protegendo e servindo a cidade que ama, resolvendo assassinatos e
trazendo à justiça os culpados pelos mesmos.
A entrevista gravada durou
cerca de cinco minutos porém seria suficiente para dar uma guinada na audiência
do canal 47 da ABC. Nadine ainda não era âncora do jornal da noite, tinha algumas
participações e substituía a apresentadora principal quando era preciso. Ela
esperava que com a série de reportagens que pretendia fazer com Beckett
conseguisse chamar a atenção da audiência e ganhar a cadeira de apresentadora
em definitivo.
Agradeceu novamente a Beckett
por estar trabalhando em parceria com ela e questionou quando seria o melhor
momento para gravarem a primeira entrevista no trabalho. Kate sugeriu que
esperassem um caso significativo para que tivesse material suficiente para
trabalhar. A repórter achou a idéia excelente. Comentou que a entrevista
gravada ia ao ar logo no noticiário do meio-dia voltando a ser repetida à
noite. Mesmo que fosse gravada, Nadine fazia questão de mostrar o que
conseguira com exclusividade. Combinara com Kate que ela não daria nenhuma
declaração até a entrevista delas ir ao ar.
Quando Nadine saiu, Kate seguiu
para o quarto do filho. Ele dormia calmamente. Deixou-se cair na poltrona onde
amamentava suspirando. Estava nervosa. Não pelo trabalho ou pelo cargo. Isso
conseguia lidar e tirar de letra com a orientação de Gates. O que a preocupava
era a reação dos rapazes. Além de saberem por Gates, ainda se deparariam com
uma entrevista sua para a tv, o que sugeriria que tudo fora feito de caso
pensado. O que não deixava de ser verdade. Fechou os olhos por um momento.
Em breve estaria de volta à
ativa, resolvendo crimes, andando pelas ruas, buscando pistas. Sentia falta da
ação. Quando estava em uma investigação, a descoberta de um suspeito, o ato de
seguir uma pista, uma perseguição, fazia seu sangue correr rápido e energizante
pelas suas veias. Gostava de ser policial. Mostrava seu distintivo com orgulho
pela cidade que jurava proteger e servir. Havia, porém, outro sentimento
dividido em seu coração. Kate precisaria de cuidado redobrado ao retornar às
ruas. Manter-se viva era sua prioridade conflitando justamente com o dever de
prender criminosos. Tinha a obrigação de voltar inteira para casa ao final do
dia. Alex a esperava, seu filho dependia dela. Por conta disso, ela seria mais
cautelosa.
Sentiu as mãos pousando sobre
seus ombros. Sorriu levando a sua própria ao encontro. Acariciou a pele
inclinando a cabeça para beija-la.
- O que faz aqui de olhos
fechados? Está pensando em que?
- Na volta ao trabalho, nos
próximos desafios, nos colegas. Acha que Ryan e Esposito vão me achar uma
traidora? São meus amigos e sequer contei que voltaria a trabalhar com eles.
Talvez nem queram fazer parte da minha equipe depois disso.
- Isso é bobagem, Kate. Você
não contou a Lanie também. Apenas a mim.
- E a uma repórter. Como você
acha que eles vão se sentir? Você não gostaria...
- Mas comigo é diferente. Você
é minha esposa. Eles podem ficar chateados mas depois passa. Diga apenas que
Gates a obrigou a ficar de bico calado – os braços dele a envolviam pelo
pescoço. Os lábios beijavam sua nuca, sua orelha e o rosto. Acariciando o
biceps dele, ela se levantou com cuidado da cadeira aproximando-se do berço.
Deslizou a mão pelo corpo do filho que dormia.
- Agora é ainda mais importante
lutar contra o crime. Por Alex.
- Faremos isso, Kate. Não se
preocupe, amor.
No dia seguinte, por volta de
dez horas da manhã o diário oficial foi liberado. A partir dali, em meia hora os telefones dela
e de Castle começaram a tocar. Kate escolheu por bem falar primeiro com Lanie,
Esposito e Ryan. Calmamente, explicou para os amigos suas intenções e escolhas
não revelando o que estava por trás de tudo aquilo. Ouviu muitas reclamações
porém, ao final eles pareciam felizes por tê-la de volta. Satisfeita, foi a vez
de falar com o pai. Jim fora bem mais receptivo aos seus argumentos. Ele já
apoiara a filha quando ela quis se aventurar no FBI, agora ficaria ao seu lado
novamente, especialmente porque o propósito maior era seu bebê. Ao final do
dia, Kate estava cansada mas confiante de que logo estaria trabalhando. A
última ligação do dia foi de Gates. Não só estava interessada em saber como ela
estava como também tinha compromissos a repassar para Kate. Informou
a necessidade de Kate comparecer com sua documentação na Central de
polícia além de precisar realizar um exame médico completo e uma prova de tiro.
Gates sugeriu que se organizasse da melhor maneira possível para não interferir
no seu dia a dia como mãe.
- Como o pessoal reagiu com
você, Beckett? Sei que Ryan e Esposito ligaram pra você.
- Ficaram um pouco zangados a
princípio porém acredito que estão felizes por eu estar de volta.
- Foi o que pensei. Muito bom. Lembre-se
que você precisa se preparar para voltar ao trabalho. Adequar a rotina do bebê.
E como você está se sentindo?
- Muito feliz. Quero muito
voltar ao trabalho, me dedicar a investigações, à justiça. Estou com saudades
da agitação e olha que não falta nenhuma na minha vida nesse momento.
- Bom saber, faremos grandes
coisas juntas, Kate. Vejo um futuro muito promissor para você mesmo na NYPD.
Fez uma boa escolha voltando para essa cidade. Se precisar de qualquer ajuda,
tiver dúvidas, não hesite em me contatar.
- Sei que fiz, Capitã e
obrigada.
No quarto, Kate pode assistir
parte da entrevista que reprisava no canal 47. A pergunta que viu foi
exatamente sobre o FBI. “Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas incríveis
no Bureau. Aprendi muito, pude ver um lado diferente de justiça ao que estava
acostumada. Isso me fez crescer. Sou grata pela oportunidade e por ter ajudado
em um dos casos mais relevantes para o país. Sou novaiorquina de nascença e
coração. Essa é a cidade que escolhi para viver, criar meu filho, para
defender”. Nadine era uma mulher muito esperta, tinha que reconhecer. Durante
as vinhetas para o comercial, ela soltava uma frase de Kate na tela, para que
isso ficasse gravado entre os telespectadores. Estrategista. Alguém que vale
manter na sua lista de contatos importantes.
Em sua casa em Washington,
Bracken assistia ao mesmo canal. Analisava a imagem da mulher em sua tela com
cuidado. Constatou que ela fora muito feliz na forma como frizou seu
compromisso com a cidade de New York. Pelo semblante, a sua inimiga parecia
bem, descansada e porque não dizer feliz? Por enquanto, seu trato estava mantido.
Esperava que dessa vez Kate Beckett deixasse de ser um problema em definitivo
na sua vida.
Na semana seguinte, Kate
começou a mudar sua rotina. Com o auxílio de Martha adequou os horários de
amamentação, discutiu a melhor forma de deixar leite para Alex e como gerir
algumas situações. Também agendou uma consulta com a pediatra para tirar
dúvidas aproveitando para levar Alex ao seu acompanhamento mensal. A consulta
foi realmente esclarecedora. Castle gravara as palavras da médica para que eles
não esquecessem nenhuma recomendação. Nesse momento de transição seria
importante o apoio dele mais em casa do que no distrito. Depois de muita
insistência além da sugestão de Alexis, Kate finalmente concordou em contratar
uma babá para ajudar Martha com Alex. Na verdade, a pessoa era irmã de uma
colega de faculdade da filha de Castle que já atuava como babá a mais de um
ano. Kate pediu para Alexis combinar de vir no loft a fim de conversar com ela
e aprender como as coisas funcionam.
Recebeu também um telefonema de
Nadine. A jornalista estava muito empolgada com a reprcussão da sua entrevista
com Kate não apenas em audiência como em comentários. A maioria aprovou a
decisão de voltar a NYPD. Diante dos fatos, disse que não via a hora de poder
fazer mais uma rodada com a então Lieutenant Kate Beckett. Parecia que todos
realmente estavam felizes com as mudanças.
Kate havia passado a manhã
fora. Estivera na Central de polícia para assinar seu contrato, entregar exames
e passar pelo médico na academia de polícia. Deveria retornar no dia seguinte
para sua prova de tiro. O resultado seria anexado ao seu processo que deveria
ser assinado pelo comandante até a outra semana. Só então seria emposada podendo
receber o distintivo de tenente e sua arma de volta. Eram quase meio-dia quando
retornava ao loft. Tinha que admitir a si mesma, estava com saudades de Alex.
Sabia que precisava começar a se acostumar em ficar mais horas longe do pequeno
Alex para seu próprio bem.
Ao chegar no quarto do bebê se
deparou com o berço vazio. A nova babá vinha entrando no quarto.
- Nossa, me assustei agora com
a senhora Dona Kate.
- Amy, quantas vezes terei que
dizer, me chame de Kate. Cadê o Alex?
- Acordou a pouco. Troquei a
fralda, dei um banho nele e o arrumei para espera-la. Deve querer mamar logo.
Ia ficar com ele no bercinho mesmo mas o Sr. Castle quis leva-lo, está no
escritório. Vou lavar algumas roupinhas dele.
- Obrigada. Kate sai rumo ao
escritório. Parou próximo à porta para observar a cena. O monitor de 40” ligado
estava cheio de informações. Na parte de cima, havia um titulo “Heat Blows –
2”. Diante da tela, Castle com o filho nos braços passeava pelo escritório
falando incansavelmente. Oras apontava para algo na tela, oras fazia um carinho
no filho. Era lindo de se ver, pena que teria que quebrar esse clima.
- Hey, o que vocês dois estão
aprontando?
- Olha quem chegou, Alex. A
mamãe. Estava mostrando para o Alex como se faz um livro. Disse que era
parecido com o método que você usa no trabalho. Vamos visitar a mamãe qualquer
dia para você ver, filho – Kate sorria diante do jeito bobo dele com o menino –
como foram as coisas na Central? Tudo resolvido?
- Quase – se aproximou para
cheirar a cabecinha do bebê – preciso voltar a academia de polícia para fazer a
prova de tiro, depois da assinatura do Comandante receberei meu distintivo.
-
Lieutenant Beckett, oh! Na verdade....Lieutenant Castle. Soa bem melhor.
- Ai, Alex… esse seu pai não
tem jeito – pegou a criança dos braços dele – de onde surgiram essas ideias?
- Já estou trabalhando no
próximo livro. Será a continuação de Heat Blows. Estava tentando achar crimes
que poderiam levar ao nosso alvo maior. Nikki começaria investigando um
assassinato para então achar algo que a leve a alguma ponta solta do caso
anterior. Pensei em alguém do ramo de informática, também tenho um executivo de
banco e um empreiteiro que tem uma empresa que presta serviços para o governo.
Tem alguma outra sugestão?
- O do ramo da informática
seria o ideal mas não acha que daríamos muito na cara? Mexer com banco, talvez.
A empreiteira está descartada, nosso culpado não mexe com obras. Vou pensar um
pouco sobre outra possível vítima. Você desenhou as histórias para cada uma
delas? Bom! – aproximou-se do monitor e balançando o filho nos braços, lia
atentamente a idéia proposta – nada mal!
- Nada mal? Você está falando
com um profissional, Kate. Essa sua mãe, Alex. Adora criticar meu trabalho, mas
basta um rápido olhar na estante do velho apartamento de solteira dela que você
encontra todos os livros de quem? Do papai aqui – Kate gargalhou.
- Você é muito convencido! Tudo
bem, as histórias estão ótimas. Posso fazer sugestões?
- Claro, esqueceu que vai
escrever esse livro em conjunto comigo? Aconselho você a ler antes as demais
informações – mostrou a ela como acessar os grandes sumários que havia escrito
– fique à vontade para acrescentar o que quiser nas histórias especialmente
porque foi você quem escreveu o último, deveremos fazer a ligação entre os
livros.
- Tudo bem, vou levar o Alex
para a babá. Volto e fazemos um pouco disso juntos. Relembrar os bons tempos de
investigação no 12th distrito.
- Ah, bons tempos. Você está
elogiando nossa parceria em resolver crimes. Será que detecto um pouco de
saudosismo nisso tudo?
- Talvez, deixa eu – mas Alex
já se encostava no seio da mãe a procura de leite, Kate olhou para Castle –
hum, você vai ter que esperar mais um pouquinho. Seu filho quer comer.
- É, ultimamente ele está
melhor que eu – Kate riu do jeito dele resolvendo responder à altura.
- Finalmente tive a minha
vingança quanto a todos aqueles peitos autografados.
- Ouch! Essa doeu! – disse ele
colocando a mão sobre o coração em um gesto dramático.
- Sabe Castle, estava pensando
em aliviar sua barra. Eu receberei um novo distintivo, tenho uma nova patente.
Sinto que a ocasião merece uma comemoração apropriada – ele já ficara
totalmente interessado no que ela dissera – tipo assim, um programa a dois,
jantar ou quem sabe sem roupas, talvez um pouco de agitação, o que você acha?
- Meu Deus! Apenas diga quando
e onde – Kate riu com uma cara de malícia.
- Acho que temos um encontro,
Castle. Eu aviso quanto a data – piscou para ele saindo do escritório em seguida
com o filho nos braços – volto para continuarmos a elaboração do livro.
E foi exatamente o que fizeram
durante o resto da tarde até a próxima amamentação de Alex. Kate gostou da
forma como Castle abordou as nuances do caso porém, por conhecer informações
adicionais propôs mudanças que caiam bem no desenrolar da história. Modificou a
ordem de alguns acontecimentos e acabou se convencendo que o caso do
assassinato em uma empresa de informática era a melhor temática para ser
abordada.
- Olha, Castle. Definitivamente
formamos uma boa dupla. A ideia desse livro tem tudo para dar certo. Com sorte,
se conseguirmos montar um caso contra Bracken, podemos usá-lo como inspiração
para encerrar o caso do livro fechando o ciclo da parceria entre eu e você.
- Sim, estamos no caminho
certo. Se a nossa sintonia permanecer desse jeito, tenho certeza que esse novo
livro será um sucesso. Precisamos de um título.
- Só tenho uma reclamação a
fazer – Castle a olhou intrigado - Por mais que seja adepta da tecnologia,
tenha usado ótimos equipamentos e recursos no FBI, gosto do seu modo digital de
organizar as coisas, porém nada substitui a análise do quadro branco. Você
poderia conseguir um para mim?
- Sério? O meu monitor não é
suficiente?
- Castle, eu me sinto mais
confortável com um quadro branco...
- Tudo bem, darei um jeito – se
aproximou de onde ela estava abraçando-a por trás – será que podemos dar início
aquele encontro, tipo uma preliminar, uma pré-estréia? – beijava-lhe o pescoço
fazendo Kate inclinar a cabeça para o lado a fim de dar mais acesso a ele,
sentiu as mãos subirem acariciando-lhe vagarosamente os seios sobre a blusa.
Soltou um gemido.
- Adoro ficar assim com você –
virou-se envolvendo seus braços no pescoço dele sorvendo-lhe os lábios com
vontade. Os braços de Castle a enlaçaram pressionando seu corpo rente ao dele.
Um calor emanou dos poros dela fazendo o sangue correr mais rápido. Queria
toca-lo, senti-lo. Precisava retomar e dominar aquilo que era seu por direito.
O beijo intensificou-se, Kate mordiscava os lábios deles, deixava seus dentes
fazerem marcas no rosto no pescoço e no queixo. A excitação dele já estava demonstrada
contra sua coxa. Desabotoou a camisa dele usando os dentes para marca-lo,
prova-lo. Castle puxou a camisa que ela usava, quando sua boca beijava-lhe o
abdomen e as mãos dela se perdiam nos cabelos dele incentivando-o a seguir rumo
ao centro onde queria ser tocada, a babá eletrônica que estava sobre a mesa
deixada a uma hora atrás pela babá gritou, ou melhor, Alex gritou.
Com o susto, ambos se separaram
automaticamente.
- Droga! – Castle soltou chateado.
- Desculpe... – ela o fitou sem
jeito. Também não gostara da interrupção – parece que a nossa premiere foi pro
espaço. Deve estar com fome. Vou vê-lo – na porta do escritório, virou-se
olhando em meio a um sorriso – vamos fazer isso direito da próxima vez, longe
daqui – e jogou um beijo no ar para Castle piscando antes de ir embora.
Os dias passaram-se bem
rapidamente. Kate fora chamada para resolver algumas pendências na academia de
polícia e também fez sua avaliação de tiro. Passou com louvor. Encaminhou a
documentação recebendo a confirmação de que seu processo seria assinado em 48
horas. Ligariam para ela quando estivesse finalizado para que se apresentasse a
Central de Polícia no gabinete do Comandante na presença da sua chefia para
então receber seu distintivo e arma. Pelas contas dela, isso ocorreria
praticamente no primeiro dia de novembro, data que voltaria ao 12th distrito
para trabalhar.
Na véspera do dia primeiro, ela
foi comunicada sobre o seu comparecimento a Central. Deveria vir sozinha, em
seguida já daria inicio a sua atividade conforme a indicação da delegacia em
que fosse trabalhar. Contou a Castle que não abriu mão de acompanha-la mesmo
que não pudesse entrar no gabinete do Comandante. Ela não se objetou contra
isso.
Em primeiro de novembro, Kate
Beckett adentrava o gabinete do Comandante onde assinaria o seu contrato de
retorno a NYPD. Terminada a papelada, o Comandante estendeu a mão para
cumprimenta-la.
- Lieutenant Beckett, é um
prazer recebe-la novamente na NYPD. Desejo-lhe muito sucesso nessa nova etapa
de sua carreira. Você é uma detetive excepcional, acima da média e tenho
certeza que será de grande ajuda no 12th sob o comando da Capitã Gates.
- Obrigada, senhor.
- Aqui estão sua arma como você
prefere e seu novo distintivo de tenente. Sirva e proteja todos os cidadãos
novaiorquinos.
- Servirei e protegerei,
senhor. Pode contar com isso – disse apertando-lhe novamente a mão. Foi a vez
de Gates cumprimenta-la.
- Kate, é bom ter você na
equipe.
- Estou feliz por poder voltar,
senhora.
- Comandante, com sua licença.
Precisamos trabalhar – disse Gates cumprimentando-o com a cabeça,
respeitosamente.
Ao saírem do gabinete, Castle
estava sentado em um dos bancos da antesala. A secretária parecia estar vidrada
nele, admirando-o. Kate o avistou e abriu um sorriso. Ele se ergueu esperando-a
vir ao seu encontro. Mostrou o distintivo novo, ele admirou o símbolo por um
instante antes de puxar-la pela cintura colando seus lábios aos dela. Ouviram um
pequeno pigarro distante. Quando se separaram, Kate sorriu meio envergonhada
para sua superiora.
- Capitã Gates é sempre bom
revê-la – disse Castle.
- Mr. Castle. Acredto que
seguirá conosco para o distrito. Espero que esse tipo de comportamento não
aconteça no meu distrito, se ocorrer terei um certo prazer em expulsa-lo de lá.
- Senhora, pode ir na frente. Chegamos
logo em seguida.
- Tudo bem, Beckett. Assim que
ela sumiu no corredor, Castle acariciou o rosto da esposa colocando uma mecha
de cabelo para trás da orelha.
- Parabéns, Lieutenant Kate Beckett.
É bom ver um sorriso lindo desses no seu rosto.
- Obrigada, você foi uma das
razões por eu ter conseguido isso. Não vou esquecer, babe.
- Nenhum de nós irá. Vamos? –
de mãos dadas eles seguiram até o carro. Da Central de polícia até o 12th
levaram apenas dez minutos. Ao entrar no elevador, Kate sentiu o corpo
arrepiar. Uma excitação diferente a tomava a cada andar que o elevador subia
até chegar ao quarto onde ficava o departamento de homicídios. Quando as portas
se abriram, Kate olhou para Castle. Os olhares trocados diziam tudo. Apertou levemente
a mão dele tentando segurar a emoção. Castle levou a mão até os lábios e
beijou-a.
- Seja bem-vinda de volta,
Lieutenant Beckett... – ele disse sem quebrar o contato visual.
- Obrigada – suspirou – É bom
estar de volta. Nesse momento, a porta do elevador se fechou. As letras pintadas
indicando exatamente onde estavam. A passos firmes, ela caminhou até o salão
segurando a emoção com Castle ao seu lado guiando-a e apoiando-a com a mão na
altura de sua cintura. Em seu coração, Kate sentia o mesmo que Dorothy ao
voltar para o Kansas. “Não há lugar como nossa casa”. Era isso que o 12th
distrito representava para a tenente. Sua segunda casa.
Continua.....
Um comentário:
OMG NADINE!!!!!!!
Magina a união dessas 2,vão sambar na cara do desgraçado.Fique nervosa quando kate contou ao castle sobre a escolha que fez,ainda bem.que ela o.acalmou.Ela tão fofa como mama,amo os momentos entre os 3.Alex cortando o clima dos pais,tadinho do castelinho ta na seca...
SURTANDO SÓ DE IMAGINAR
LIEUTENANT BECKETT!!!!!!
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