sábado, 14 de outubro de 2017

[Castle Fic] Vendetta - Cap.9


Nota da Autora: Se preparem que o recado vai ser grande. Primeiramente, quero lembra-las do que já expliquei anteriormente sobre essa fic. Ela não tem o mesmo ritmo de postagem das demais por se tratar de uma historia bem intensa e detalhada. Então, tenham paciência. Em segundo lugar, quero falar de algumas situações nesse capitulo em especial. Para aquelas leitoras que não conhecem "One Night Only" aka ONO, terão dificuldades de entender alguns diálogos aqui apresentados. Não será a primeira vez nem a ultima. Para quem conhece, vai poder recordar um pouco da atmosfera da historia nas palavras de Castle e Beckett. E tem participação especial! Por ultimo e não menos importante, sinto informar que o angst começou de verdade. Enfim, divirtam-se!   



Cap.9 

Dois dias depois, Castle entra na sala de Beckett com um café especial e uma bearclaw. Havia um sorriso em seu rosto, porém a esposa foi capaz de notar uma pequena ruga de preocupação em sua testa. Ele sentou-se de frente para Beckett após colocar a caneca na mesa junto com o pequeno doce, ele suspirou olhando para ela. 
— O que foi? Eu sei que você sempre traz café para me animar. Fazer uma pausa durante o dia, mas não foi esse o motivo. Quer me dizer alguma coisa, Castle? 
— Não gosto quando usa seus poderes de detetive comigo. Não é como se eu tivesse escondendo qualquer coisa de você. O café é apenas uma maneira de quebrar o gelo para o que tenho que lhe dizer - ela fez um gesto para que continuasse - Gina. Ela quer que eu viaje na próxima segunda-feira para a costa oeste. A turnê de Driving Heat que venho adiando. Os donos da editora estão pressionando. Ela ameaçou não me dar flexibilidade no prazo do próximo livro se eu não cumprir com o compromisso. 
— Castle, tudo bem. É o seu trabalho. Só uma curiosidade, você soube disso hoje, quarta-feira ou estava enrolando Gina e ela o encurralou? - a cara dele dizia tudo - Castle! Por que você não me disse antes? 
— Porque tinha muita coisa acontecendo e agora que estamos, você sabe, treinando para engravidar eu achei… 
— Castle não é uma corrida contra o tempo ou uma competição. Se tiver que acontecer, vai ser naturalmente. O que você não pode fazer é arriscar seu relacionamento com a editora por causa de algo trivial na nossa vida de casal. 
— Não há nada de trivial em formar uma familia, Kate. 
— Você me entendeu. Ligue para Gina e diga que você irá fazer a turnê. Quantas semanas? 
— Duas. Tem certeza que vai aguentar ficar tanto tempo longe de mim? - ela riu. 
— Acho que sobreviverei - implicou. 
— Ouch! - ele levou a mão ao coração se fazendo de dramático - assim você fere meus sentimentos, capitã. Eu sei que se faz de durona, mas à noite quando estiver sozinha na cama vai ficar choramingando que sente a minha falta - ela revirou os olhos. 
— Me deixa trabalhar, Castle. Quero chegar em casa e ouvir que está tudo acertado para a sua viagem. 
— Claro, capitã - ele se aproximou dela e beijou-lhe a testa - até mais tarde.  
À noite no loft, ela mesma o ajudou a preparar a mala e acalmou os ânimos do marido que insistia em não querer deixa-la. A resposta de Beckett era simples. Ela iria morrer de saudades, porém o tempo passaria rápido e não admitia que Castle fugisse de suas obrigações.   
— Você estará tão envolvido com suas fãs que nem sentirá o tempo passar, babe. Quando menos esperar, estará de volta aos nossos “treinamentos”. Prometo que não vou a lugar algum.
— Capitã Beckett! Olha só para você toda saidinha, fazendo piada com a nossa futura familia. 
— Relaxa, Castle - apertou o traseiro dele. 
Na segunda-feira, Castle viajou e Beckett mergulhou no trabalho. Estava confiante de que o tempo seria generoso com os dois. A primeira semana passara bem rápido. Castle acabou entendendo o que a esposa dissera para ele antes de viajar, o ritmo era tão acelerado que mal conseguia parar. Falava com a esposa à noite e sempre comentava o que estava acontecendo durante a turnê. Nada interessante parecia estar acontecendo em Nova York, exatamente por esse motivo ele ficou surpreso ao ver o nome que surgira no display de seu celular. 
— Jordan Shaw. A que devo a honra dessa ligação? 
— Olá, Castle. Surpreso? - ela riu - achei que seria um bom momento para checar como vocês estão. Faz alguns meses que não nos falamos e achei por bem verificar como andam as coisas na vida de vocês depois que o tal crime do copycat esfriou. 
— Ah, sobre isso… como você mesmo disse, esfriou. Mas por que está ligando para mim? Por que não procurou Beckett diretamente? 
— Acredito que saiba quais foram meus motivos. Kate é a principal afetada por toda a idéia do caso. É natural eu querer ouvir de você como ela encarou o que aconteceu, afinal ela tem histórico de lidar com casos não solucionados. Eles sempre a perseguem, não? O caso da mãe, 3XK? 
— É verdade. No inicio quando as pistas começaram a esfriar, quando não conseguia avançar na investigação ou achar qualquer coisa que levasse à prisão de Mike, ela pirou um pouco. Descobri que estava se dedicando a investigar sozinha nas madrugadas e teve novos pesadelos. Ela experimentou um inicio de obsessão. Para a sorte de ambos, conseguimos contornar. O tempo passou, ela aceitou que não teria as respostas ao seu alcance naquele momento e seguimos em frente. 
— Tem certeza? Como pode afirmar isso? 
— O suspeito não matou mais ninguém. Vive uma vida pacata de bom cidadão na cidade de Nova York e com Logan preso não resta muito para fazer. 
— Você parece estar bem seguro disso. O que a fez mudar de ideia e não perseguir a solução para a morte de Jane? 
— Jordan, acredito que a resposta para isso seja o nosso relacionamento, o nosso amor. Eu sei que soa prepotente da minha parte, provavelmente você deve estar se perguntando será que esse cara pode ser mais convencido? - ele mesmo riu - a verdade é que não se trata apenas de mim. A Kate Beckett que você conheceu não é a mesma que se casou comigo. Juntos nós enfrentamos alguns obstáculos, ajudamos um ao outro nesse relacionamento que teve vários altos e baixos desde a primeira vez que nos demos uma chance. Tivemos ajuda e Beckett conseguiu entender o que ela significava para mim, superou seus medos, derrubou os muros. Então posso afirmar que não é convencimento. É amor, confiança e companheirismo. 
— Nossa! Isso é o que eu chamo de declaração. 
— Estamos entrando em outra etapa da nossa vida, Jordan. Eu não deveria contar porque o assunto é somente nosso, mas acredito que posso confiar em você para manter o segredo e não perguntar nada a minha esposa. Estamos tentando formar uma familia. Esse é o motivo que me leva a atestar que o caso de Logan e Mike é passado para Beckett. Se ele voltar à tona em outra oportunidade, nós lidaremos com isso a exemplo do que fizemos no caso de Johanna e no de Tyson.
— Você não imagina o quanto fico aliviada diante dessa sua colocação. Nossa! Acho que realmente estou por fora do que aconteceu esses anos, talvez tenha subestimado o relacionamento de vocês, claro que continuo certa desde a primeira vez - Castle riu. 
— Você não precisa me convencer sobre isso. Eu sempre soube o que queria e tudo está acontecendo. 
— Fique tranquilo. Não comentarei sobre suas próximas aventuras com ninguém. Prometo ficar na torcida, Castle. 
— Obrigado, Jordan. 
— E o que disse ao sair de Nova York continua valendo. Qualquer coisa que precisar, basta me ligar. Manterei meus olhos e ouvidos atentos por vocês. Mande minhas lembranças a Kate. Pensando melhor, acredito que não há necessidade de comentar sobre essa ligação. Ela pode interpretar de forma errada, que estamos agindo pelas suas costas. Ambos sabemos que a capitã adora se fazer de durona e se eu a questionasse soltaria um “estou bem” como resposta. 
— É, você tem razão. Aqui entre nós? Ela tem ciúmes de você. 
— De mim? Por que? 
— Acho que pelo meu histórico, pelo mesmo motivo que a escolhi como musa. A admiração. Confesso que faz bem para o meu ego quando ela tem essas reações. Ela não tem o que temer. Não há competição. Ela é a mulher da minha vida. 
— Sábias palavras, escritor. Boa sorte com o novo projeto. Um filho seu e de Kate será uma mistura bem interessante. 
— Até a próxima, Jordan. 
Enquanto Castle cuidava de sua turnê, Logan em liberdade optara por permanecer morando em seu apartamento na companhia de seu aprendiz. Tornava-se mais fácil para dar ao sistema uma credibilidade de que agia como bom moço e lhe proporcionava maior liberdade para planejar o seu proximo ato. Ele pensara muito em como agiria quando estivesse executando seu plano. Pela primeira vez, ele pretendia sair de seu ambiente, mudar sua identidade somente porque a sua vendetta superava sua arte em muitos níveis. A ideia do que estava prestes a fazer o excitava. Um mês mais e voltaria a ser um homem satisfeito outra vez. Daria o primeiro passo para o seu legado. 
Mike continuava ajudando-o a preparar tudo para a grande noite. Ele conhecia os passos da capitã, estudara sua rotina e seus movimentos como um aluno aplicado. Seu mestre iria orgulhar-se de suas ações e ele finalmente teria sua participação no legado de Andrew Logan. 
Era quinta-feira. Na noite anterior, Castle ligara avisando que embarcaria no vôo para Nova York naquela madrugada. Se tudo saísse como o previsto, ele estaria em casa por volta das onze da manhã. Tentou em vão convencer a capitã a tirar o dia de folga para esperar por ele. Beckett negou porque tinha a agenda cheia. Iria depor no tribunal pela manhã e tinha uma reunião com Gates às duas da tarde. Não podia cancelar seus compromissos. 
Assim que pousou em Nova York, ele mandou uma mensagem para a esposa “Cheguei, amor. Estou indo para casa. Me ligue”. Becket voltou a contata-lo por volta de uma da tarde. 
— Hey, como foi a viagem? 
— Cansativa, mas produtiva. Eu já tomei um longo banho, estou confortável e como minha esposa não pode vir para casa matar as saudades, eu terei que me contentar em dormir um pouco. Promete que não vai demorar? Por favor, venha para casa assim que Gates a liberar. Não vejo a hora de abraça-la, beija-la e fazer amor com você, Kate. Duas semanas é muito tempo para nós. 
— Eu sei, também estou morrendo de saudades. Eu ligo avisando que horas chegarei. 
— Vou esperar - felizmente, Castle não teve que esperar muito. Beckett ligou novamente por volta das quatro da tarde dizendo que estava a caminho do loft. Ela mal abriu a porta e se deparou com o marido vestindo apenas uma calça de moletom. Nas mãos, um pote de sorvete. Ao vê-lo, a primeira reação dela foi jogar a bolsa no chão e abraça-lo. Por pouco não derrubou o doce. Sorveu os lábios do marido em um longo beijo. 
— Você não mentiu quando disse que estava com saudades… 
— Duas semanas é uma tortura! - ele sentia os dedos dela brincando com o elástico da calça que vestia. Castle deixou a vasilha que segurava sobre o balcão para se concentrar na mulher a sua frente. 
— Acredito que ainda não retribui as boas vindas da minha esposa da maneira que deveria - ele segurou o pescoço dela usando os dedos da mão livre para deslizar pelo colo, o meio dos seios e na lateral do corpo. Ela gemeu. 
— Está gelado… - ele sorriu, não por muito tempo, pensou. 
Os olhos amendoados exibiam um ligeiro tom de verde. O sorriso se alargou ao sentir o toque leve em seu corpo. Finalmente os lábios se encontraram. O beijo foi poderoso. Uma mistura de saudade, desejo, amor. A maneira como a lingua a tomava, os corpos se aproximavam e os lábios colidiam apenas servia para aumentar o desejo que corria em suas veias, que umedecia seu centro e a fazia gemer ansiando por mais. 
Castle quebrou o contato para fita-la. Os dedos deslizavam desfazendo cada botão da blusa que usava. Logo a peça encontrara o chão. Ele a puxou pela cintura e a sensação de ter sua pele colada a dele provocou um arrepio em sua espinha. Beckett podia sentir a ereção pronta contra seu corpo. As mãos desceram pelas costas do marido indo repousar no bumbum. Outro beijo fora trocado e em meio a ação, Castle sentiu o beliscão em seu traseiro. Soltou uma risadinha. 
— Acho que está na hora de irmos para o quarto, não? - sugeriu no mesmo instante que abrira o sutiã de Beckett libertando seus seios. 
— Tem razão, escritor. Está muito quente aqui… - ele gargalhou. Puxando-o pela mão, Beckett o guiou em direção ao quarto. Castle desfez o botão da calça que ela vestia fazendo a peça deslizar para o chão. Calmamente deitou-a na cama. Ele mesmo tratou de ficar nu antes de debruçar-se no colchão sobre o corpo dela. Os lábios deslizavam pela pele macia e quente. Os dedos desenhavam as curvas da esposa expressando exatamente porque Beckett adorava a forma como ele a tocava. Ao beijar-lhe os seios, pode ouvir os gemidos que escapavam dos lábios da esposa e o reflexo do ato em seu corpo que se erguia clamando por mais. Ele usava a lingua para prova-lhe o seio com delicadeza até abocanha-lo por completo sugando-o e instigando a esposa. 
Quando ele ergueu o rosto para fita-la, pode ver o desejo e o amor expresso em seu olhar. Ele tomou-lhe os lábios e a surpreendeu penetrando-a de uma vez. O ritmo, os toques, as caricias expandiam-se no tempo que se estendia para os dois diante do ato de amor. O prazer, a urgência e o desejo culminaram em um só corpo e quando o orgasmo os atingiu, o único pensamento que preenchia a mente de Castle era o fato de ser delicioso voltar para casa. Não havia outro lugar que ele gostaria de estar a não ser ali, ao lado da mulher que amava. Sempre. 
Mais tarde, eles criaram forças para levantarem da cama e Castle acabou preparando uma refeição leve para os dois. Enquanto comiam, ele contava as novidades da turnê. Driving Heat teve uma excelente recepção na costa oeste e tinha certeza que os donos da editora ficariam satisfeitos. Gina certamente estava. 
— Amanhã tenho uma reunião importante com ela. Aposto que teve orgasmos múltiplos ao ver os números das vendas. Dinheiro sempre a deixou excitada - o comentário fez Beckett rir. 
— Isso é algo muito ruim e rude de se dizer sobre sua ex-mulher. Estou começando a ficar preocupada com o que você anda falando sobre mim para os outros por ai. 
— Beckett, você não é nem de longe parecida com minhas ex-mulheres. Você é centrada, acredita em trabalho duro, não é fútil e mais importante, está comigo por amor e não pelo dinheiro ou o status que eu posso lhe proporcionar. 
— Tem certeza? - ela implicou. 
— Absoluta. 
— Você realmente nunca pensou que seus outros relacionamentos foram, ao menos por um tempo, por amor? - ela parecia não somente interessada, mas de certa forma, um pouco triste com a possível resposta que o marido lhe daria. 
— Com Meredith, sim. No inicio, eu realmente achava que estava apaixonado, que era certo. A noticia da gravidez acabou servindo como uma espécie de confirmação do que eu imaginava. Infelizmente, era apenas o que eu sentia. As coisas foram ficando complicadas, estranhas entre nós não importava o que eu fazia. Então veio o caso com o diretor e eu finalmente entendi que era o fim - Beckett acariciava a mão dele mostrando compreensão e carinho diante da revelação - com Gina, bem… estava fadado ao fracasso desde o inicio. Foi uma sucessão de erros - ele suspirou. 
— Tão ruim assim? 
— Tivemos nossos momentos, mas no fundo, ela sempre foi melhor em gerir meus negócios do que nosso casamento. Relacionamentos baseados no dinheiro ou no trabalho raramente dão certo. 
— Onde se ganha o pão não se come a carne, certo? O que faz você achar que somos diferentes? Afinal trabalhamos juntos. Estamos fadados ao fracasso também? 
— Isso é um teste, capitã? Por favor, somos diferentes em todos os sentidos de meus relacionamentos anteriores. Podemos trabalhar juntos, porém é uma ajuda mútua. Por escolha, não obrigação. Eu sou um escritor pagando de consultor, você é a policial. Nós construimos nosso relacionamento desde o nosso primeiro encontro. Tivemos altos e baixos. Trabalhamos na amizade, na confiança, no desejo. Fomos namorados, parceiros, amantes. Brigamos e nos separamos. Enfrentamos nossos medos, mas sempre voltávamos para os braços um do outro, por confiança, por amor. É exatamente por isso que somos diferentes e ficaremos juntos por todo o tempo que a vida nos der. Constituiremos nossa familia, veremos nossos filhos crescerem, envelheceremos juntos. Eu posso nos imaginar velhinhos, de cabeça branca e ainda assim você estará brigando comigo, puxando minha orelha e me fazendo carinho, me amando. 
Ela tinha os olhos cheios de lagrimas. Sua reação foi uma só. Beckett inclinou o corpo sorvendo os lábios do marido com vontade. 
— Eu te amo, sabia? 
— Mesmo que eu esteja gordo e careca? 
— Sim… porque você será sempre o homem que me deixa sem chão com suas palavras. 
— Aceitaria ir a Roma comigo quando ambos tivermos com mais de 70 anos? 
— Roma sempre será Roma. Especial e inesquecível não importa quanto tempo se passe ou qual a época do ano - ela acariciou o rosto dele - podemos voltar para a cama, Castle? Acho que merecemos uma sobremesa, não? 
— Ah… ótima ideia, capitã. 
— O que acha de trazer o pote de sorvete? - o sorriso malicioso fez o coração de Castle disparar. 
— Oh, Kate… não me provoque…
— Quem disse que estou provocando? A partir de agora é uma ordem. Pegue o pote de sorvete e venha para a cama - ela seguiu rindo ao ver o marido correr para o congelador ansioso com o que estava por vir. 
Dois dias depois da volta de Castle, ele se envolveu em um caso típico de traição e vingança. Os detalhes apimentados da história do casal faziam o escritor desenvolver as teorias mais loucas dignas de novela mexicana. Esposito estava irritado por ouvir as duas maricotas, como ele apelidara Ryan e Castle, falando das possibilidades do triângulo amoroso. 
Quando saiu de sua sala para pegar café, Beckett se deparou com o detetive resmungando e fazendo careta enquanto sorvia a caneca e observava os dois conversando. 
— Algum problema, Espo? 
— Olha só para eles! Parecem minhas tias conversando sobre a novela das oito. Será que Carlos Manuel ficará com Maria Soledad? - ele imitava a voz de uma velhinha - elas tem 60 anos! Isso é uma investigação não um programa de fofoca - Beckett com a caneca nas mãos observava a conversa dos dois. Eles pareciam empolgados especulando sobre a vida dos envolvidos. 
— Ah, Espo… é interessante. Admita, é até bonitinho - Esposito olhou espantado para a capitã. 
— O que deu em você, Beckett? Bonitinho? Bateu a cabeça ou Castle anda afetando seu juízo de tanto falar besteiras ao seu lado? 
— Deixa de ser ranzinza, Espo. Eles não estão fazendo nada de mais. E gosto de teorias, sempre gostei. Você devia relaxar um pouco. 
— Perdi alguma coisa? Você está bem animada considerando que tem a reunião de performance com Gates daqui a dois dias. 
— O que posso dizer? Estamos 10% acima da meta desejada. Gates vai ficar satisfeita. Siga meu conselho, relaxe. 
Conforme previra, ela estava pronta para encontrar-se com Gates no 1PP naquela quinta-feira. Castle também tinha um compromisso com Gina para discutir os resultados da turnê e as ideias de seu proximo livro. Sendo assim, saíram de casa em horários diferentes e Beckett prometeu que assim que terminasse sua reunião, ela viria para casa a menos que surgisse algum imprevisto. 
Por volta das três da tarde quando ela seguia a pé para o 1PP, seu celular tocou. Castle. 
— Hey… acabou sua reunião? 
— Finalmente! Não aguentava mais Gina falando aquele monte de números para aqueles almofadinhas. Por que esse pessoal gosta tanto de números e siglas? Que coisa chata! Estou indo para casa. E você? 
— Rumo ao 1PP para minha reunião com Gates, porém acredito que não vá demorar tanto assim. E depois ainda vou passar na lavanderia para pegar umas roupas. Você não quer fazer isso para mim? 
— Eu já estou no quarteirão de casa e nem sei o que você precisa. 
— Tudo bem, eu vou depois da reunião. Te vejo depois. 
A reunião de Beckett demorou mais do que ela previra. A capitã acabou por deixar a central por volta das seis da tarde. Dirigiu o mais rápido que pode para chegar a lavanderia a tempo. Terminado seus afazeres, ela percebeu que precisava muito de um café. Nos arredores da lavanderia não havia um café ou uma Starbucks, apenas uma McDonald’s com um símbolo do McCafe. Vai ter que servir, pensou Beckett. 
Ela entrou na lanchonete dirigindo-se ao balcão de venda do café. Sem muita alternativa pediu um vanilla latte e aguardou ser servida. De repente, ela reparou no cara que fazia os cafés. Ele a fitava de um jeito estranho. Beckett levou alguns segundos para reconhece-lo. A realização fez a sua pulsação acelerar. Era o cúmplice de Logan que ela não conseguira prender. 
Mike não desviava o olhar da capitã enquanto preparava seu café. O modo como a encarava não agradava a Beckett. Parecia que estava querendo ver além dela, uma espécie de fixação doentia no olhar. 
Ele se inclinou colocando o café no balcão. 
— Vanilla latte… - ao esticar a mão para pegar o copo, Beckett percebeu que ele não o largara. O olhar fixo no dela - aproveite seu café, capitã - deu um sorriso cínico e se afastou. Todos os sensos de detetive dela gritavam. A situação fora tão avassaladora que ela saiu o mais rapidamente do local. Sentada em seu carro, ela suspirou. O coração estava acelerado e uma sensação de mal estar percorria seu corpo. Ao sorver um pouco do café, ela se viu desconfiada. Colocou a bebida no porta copo decidindo não bebe-la mais. Ela nunca se enganara. Aquele sujeito é o assassino de Jane. Beckett sabia que ele era culpado, o olhar desafiador não negava que estava lhe provocando. Suspirou novamente. Era uma situação estranha e incômoda. Ela não sentia-se bem após esse encontro. Fez o possível para dirigir e chegar em casa o mais rápido que podia. Assim que a porta do loft fechou atras de si, ela encostou-se na madeira. 
— Hey, você demorou…achei que - ele parou de falar por alguns segundos para observa-la - está tudo bem, amor? - ele se aproximou dela, mas Beckett desviou-se dele para sentar-se no sofá. 
— E-eu só preciso me sentar um pouco e café, preciso desesperadamente de café. 
— Você está pálida? Tem certeza que está bem? Enjoada talvez? 
— Castle, por favor… eu só quero café e alguns minutos para me recompor. Nem comece a elaborar teorias. 
— Algo aconteceu… não foi a reunião com Gates você disse que estava tudo sob controle e… - ele ergueu o queixo dela para que pudesse fita-la com os olhos azuis. Ela suspirou. 
— Por favor, babe. Faz o que eu pedi e então eu te conto - sem muita alternativa, ele levantou-se para satisfazer o pedido da esposa. Ao voltar com a caneca da bebida fumegando, Castle a encontrou com a cabeça entre as mãos. Beckett sentiu a presença do marido e o cheiro do café. Ergueu a cabeça passando a mão nos cabelos. Pegou a caneca e sorveu um longo gole da bebida. Castle acariciava seu joelho, queria dar-lhe apoio de alguma forma mesmo que não soubesse do que se tratava ainda. 
— Obrigada - encostou a cabeça no ombro dele. 
— Hey, você está me deixando realmente preocupado - ela ergueu a cabeça e o fitou. Sua mão buscou a dele. 
— Aconteceu algo muito estranho hoje. Depois que sai da reunião com Gates, durou mais do que eu previra então quis chegar o quanto antes na lavanderia para não perder a viagem e vir logo para casa. Depois que eu peguei as roupas, estava precisando demais de um café, porém o único lugar que tinha por perto era uma McDonald’s. Eu entrei e pedi o café. Foi quando o vi. O assassino de Jane. Você se lembra? O cara que interrogamos? 
— Sim, Mike. Ele trabalhava em uma McDonald’s. Lembro disso. 
— Isso! Ele estava atrás do balcão preparando o meu café. Ele sabia quem eu era. Por todo o tempo que preparava a bebida não tirava os olhos de mim. E-eu não sei explicar, mas acho que todos os meus instintos de policial vieram à tona. De repente, era como se a qualquer momento ele fosse me atacar, me enfrentar. O jeito que me olhava quando entregou o café era de alguém pronto para me desafiar. Eu fui tomada por um mal estar, uma sensação de perigo talvez, muito incômoda. Não era medo, era um mau pressentimento. Aqueles que se sente quando estamos prestes a pegar um assassino. Era como se o ar tivesse carregado de maldade. 
— De todos os McDonald’s de Manhattan, você tinha que entrar justamente no que esse cara trabalha. Inacreditável. Ele te ameaçou, Beckett? 
— Não, só disse para eu aproveitar meu café. Sai com pressa para o carro e não tive coragem de tomar a bebida - Castle tirou a caneca da mão dela, colocou-a sobre a mesa de centro. Puxou-a pela cintura envolvendo-a em um abraço. 
— Eu sinto muito que você tenha passado por isso. Se eu tivesse deixado a preguiça de lado e ido até a lavanderia, não estaria assim. Você não teria encontrado esse sujeito. 
— Não é culpa sua, Castle. Eu não sei porque depois de meses isso me afetou tanto.  
— Porque é um caso pendente, de justiça não feita - ele apertou-a ainda mais contra seu corpo, beijou-lhe os lábios - promete que vai esquecer isso? Vamos relaxar. Estava pensando no que vamos jantar. 
— Pode escolher o que quiser. Eu não sei se estou com vontade de comer. 
— Nem comece. Você irá jantar. Vá para o quarto, tome um banho. É o tempo que preparo tudo - um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Beckett. Era incrível como ele conseguia acalma-la. Levantou-se e fez o que ele pediu. Mais tarde, quando ela retornou a sala, eles jantaram, beberam e trocaram caricias. Acabaram indo para a cama mais cedo do que pretendiam. Infelizmente, não foi uma noite tranquila de sono. 
Por volta das quatro da manhã, Beckett se encontrava outra vez em um pesadelo. O mesmo de antes. Estava ferida, sangrando sobre a neve com Castle chorando ao seu lado. Ela constatava que estava morta. Ao seu lado, a letra V feita de sangue e a palavra Vendetta escrita em vermelho com o sangue da capitã. 
— Não! 
Ela sentou-se na cama com o coração disparado. Ainda sentia os efeitos do sonho, as mãos percorriam o corpo para ver as marcas e o sangue. Não havia nada. Castle sentou-se assustado ao seu lado. 
— O que foi, Beckett? - ao olhar em seu rosto, ele soube - você teve pesadelos - ela anuiu. 
— O mesmo de antes. Com a minha morte, vingança - ele acariciou o rosto dela. 
— Foi o encontro com Mike. Despertou o sonho no seu subconsciente. Não pense mais nisso - ele a aconchegou na cama ao lado dele mantendo-a protegida em seus braços. A sensação era gostosa. Beckett não gostava de demonstrar fraqueza, detestava parecer frágil, mas fazer isso com Castle era natural. 
— Eu odeio me sentir assim. Tão, tão…
— Frustrada, vulnerável, impotente? Eu sei. Conheço você muito bem, mas infelizmente esse caso em particular é um daqueles em que precisamos ter paciência para fazer justiça. Apenas tente dormir, Kate - Fechou os olhos e acabou adormecendo sem mais novos pesadelos após as caricias do marido. 
Dois dias depois, Beckett não voltara a sonhar, contudo ela foi chamada para visitar uma cena de crime da narcóticos. Tinham que trabalhar em conjunto. Como já ocorrera no passado, a parceira era algo sempre interessante. Por não ir a campo, após examinar a cena e conversar com o capitão responsável do distrito, ela concordou em mandar alguém da 12th para ajuda-los. Assim que saiu do local, ela ligou para Esposito solicitando sua ajuda. Antes de voltar ao distrito, Beckett decidiu almoçar na rua. Estacionou o carro há dois quarteirões do restaurante. Ela não pretendia demorar. Castle iria detestar em saber que ela almoçara sozinha. Quem mandou ele sair a campo com Ryan? Ela pensou. 
Enquanto caminhava em direção ao restaurante, Beckett sentiu-se incomodada. Cuidadosamente olhou para trás. Nada, embora estivesse com a sensação de estar sendo seguida. 
Caminhou mais um pouco e a sensação não desapareceu. Tornou a olhar para trás. Não havia ninguém atrás dela. Seria paranoia? Entrou no restaurante e escolheu sentar-se em uma mesa próxima a janela de forma a poder observar o que se passava ao seu redor. Ordenou a comida e um suco. Em intervalos diferentes, ela olhava pela janela para o lado de fora. Estava chateada por se deixar levar por esse sentimento estranho. Em sua mente, sabia que não estava sendo seguida. Na verdade, era um reflexo do encontro indesejável que teve dias atrás. Terminado o almoço, ela pagou a conta e deixou o restaurante. A mesma sensação continuou até que chegasse ao carro. Dirigiu de volta para a delegacia. Decidiu não compartilhar sua paranoia com Castle. 
Mais tarde naquele dia, ela estava concluindo a leitura de um relatório quando o celular tocou. Ao visualizar o nome no display teve que sorrir. Dana. 
— Ciao, bella! Piacere parlare con te! 
— Che piacere, Kate. Quanto tempo! 
— É verdade, você esquece dos velhos amigos em Nova York. Só quer saber de Roma e do Gigio. 
— Nem é assim, eu falei com você há menos de dois meses. Como vão as coisas por ai? O trabalho de capitã anda tirando seu tempo e seu sono ou você ainda consegue se “divertir” bastante com Castle? 
— Está tudo bem e se por se divertir você está, na verdade, se referindo a brincar entre quatro paredes, sim. 
— Espera, por essa resposta devo assumir que o trabalho de capitã não está lhe agradando? 
— Você me ligou porque estava com saudades de me encurralar com perguntas? Não encontrou nenhum paciente tão interessante como eu? - ela ouviu a risada da amiga do outro lado - confessa, ninguém te deu trabalho como eu. E o trabalho de capitã é bom, só tem muita burocracia, eu quase não investigo mais e bem…. eu gostava de fazer isso com Castle. É o que sinto mais falta. 
— Entendo. E como está seu marido? Eu sei que continua fazendo sucesso. Eu li o ultimo Nikki Heat. Adorei o casamento. 
— Ele voltou de uma turnê recentemente. E já está escrevendo a próxima aventura. O resultado de Driving Heat foi tao bom que Gina provavelmente vai dar carta branca para a nova ideia que ele vem trabalhando. 
— Graças a musa inspiradora dele. Quanto de Driving Heat veio de você, Kate? 
— Nada, como você mesma disse sou musa. Inspiro. Não escrevo as historias, os casos. 
— Ah, mas as cenas de sexo são de vocês. Tem seu dedo ali. E não adianta negar, sei que o casamento está lhe fazendo bem. 
— É verdade. Eu preciso contar algo sobre isso para você, porém deve me prometer em manter sigilo. 
— Hey, ainda sou sua terapeuta. Sigilo médico paciente se aplica sempre. 
— Eu e Castle estamos tentando engravidar. Nós decidimos começar nossa familia. 
— Kate! Isso é incrível! Estou super feliz por vocês. Gigio vai adorar saber disso. 
— Por favor, Dana. Conte apenas para ele. Não estou grávida ainda e não quero estragar o momento quando acontecer. Não estamos criando expectativas sobre o fato, apenas testando e vivendo a nossa vida regular. 
— Tudo bem, mas vou logo avisando que vou brigar para ser a madrinha. Maddie que se prepare - Beckett riu - falando em Maddie, ela veio para Roma passar um mês e acabou ficando três. Estava empolgada com os restaurantes. Rocco fez um curso rápido e ela só faltou deixar Pepe louco - foi a vez de Beckett gargalhar, podia imaginar a cena - sério! Ela observava os cozinheiros, a irmã, o velho Pepe. Disse que não ia sossegar enquanto não aprendesse o segredo do Carbonara. Fora que mudou várias coisas na cantina, só você vendo. Ela disse que volta assim que Rocco organizar as coisas no restaurante e se matricular em outro curso aqui. Acredita que ela falou que está observando a concorrência porque vai abrir um restaurante italiano em Nova York?  
— Pobre Pepe. Ele vai acabar expulsando-a de seu restaurante. 
— Que nada! Ele ladra, mas não morde. No fundo, adorava tê-la por aqui, Maddie é espalhafatosa e carinhosa. Vivia enchendo-o de beijos e carinhos. Nunca vi o Pepe abraçar e beijar tanto alguém quando ela se despediu. Parece que tem um sangue italiano.  
— As vezes eu me surpreendo com o tipo de amizades e pessoas que cercam a minha vida. 
— Hey! Você está reclamando de nós? Espera até eu contar para o Castle. 
— Não é nada disso! E você? Não tem nenhuma novidade, Dana? 
— Eu continuo dando aulas na universidade, nos fins de semana ajudo Pepe no restaurante ou de vez em quando eu e Gigio fugimos em uma viagem rápida pela Europa. Mês passado estivemos na Grécia. Fora isso, estamos vivendo uma vida bem tranquila e normal eu diria. 
— Normal em Roma… difícil de imaginar. 
— Só porque Roma é magica para você, Kate - Dana ouviu a amiga suspirar - tem certeza que está tudo bem? Não tem algo que queira me contar? Desculpe agir como sua terapeuta, porém acredito que você não está sendo 100% honesta comigo. 
— Ah, Dana! Quer parar de me analisar? Já contei tudo. 
— Desculpe, mas é mais forte que eu. A psicóloga em mim não deixa a análise escapar. Eu conheço você muito bem, Kate. Eu me preocupo. Por favor, se tem algo lhe incomodando saiba que pode me ligar a qualquer hora do dia ou da noite. Eu estarei sempre disponível para você. Não é porque eu estou do outro lado do atlântico que não posso ajuda-la. Lembre-se disso. 
— Lembrarei, prometo. Agora não tenho nada a dizer. 
— Ótimo! Manda um beijo para o Castle, ok? 
— Sim, outro para o Gigio e para o Pepe. Vê se não desaparece, Dana. 
— Nem você. Quero ser a primeira a saber da novidade. 
— Ciao, Dana - Beckett desligou sentindo-se bem melhor após falar com a amiga. Salvou seu trabalho e decidiu ir para casa. Ao entrar no salão, viu Castle e Ryan saindo do elevador. Eles conversavam animadamente. 
— Hey, amor… 
— Pela conversa animada posso deduzir que evoluíram no caso. Chegaram a um suspeito? 
— Praticamente - disse Ryan - apenas preciso checar algumas observações que fizemos em campo. Castle realmente ajudou nesse. Acredito que amanhã concluímos o caso. Quero prender o responsável ainda pela manhã. 
— Que bom. Eu estou de saída, vem comigo ou vai fazer hora extra com o Ryan, Castle? 
— Por mais que eu goste de investigação e da companhia de Ryan, eu prefiro ficar com a capitã. Sem ofensa, Ryan. 
— Sem problemas, cara. Eu entendo perfeitamente. Continuamos amanhã - Castle sorriu. Colocando a mão nas costas de Beckett, ele a guiou até o elevador. Ela esperou chegarem no loft para contar sobre o telefonema de Dana. Estava sentada de frente para o balcão da cozinha cortando uns temperos enquanto ele cuidava da carne. 
— Dana me ligou hoje. A vida na Italia continua muito boa. 
— Mesmo? E como está o Gigio? 
— Eles estão ótimos. Ela me contou que Maddie fez a festa e levou Pepe à loucura - ela contou toda a conversa. 
— Típico de Maddie. Talvez devêssemos nos organizar para voltar a Roma. Quem sabe junto com Maddie? 
— Sim, eu gostaria. Castle, eu contei a Dana - ao ouvir as palavras da esposa, ele ficou na dúvida, ela estava falando de Logan? Dos pesadelos? Resolveu não ser tao direto. 
— Sobre? 
— Engravidar. 
— Ah! - Beckett percebeu que não era o que ele tinha em mente. 
— Você parece surpreso. 
— É que não achei que fosse falar desse assunto com ninguém. 
— Castle, você é um péssimo mentiroso. Sei que não era isso que estava pensando. 
— Tudo bem, você tem razão. Bem feito para mim por ser casado com a melhor investigadora de todos os tempos. Eu achei que tinha contado sobre os pesadelos. Afinal, se tem alguém que saberia ouvir e aconselhar, essa pessoa é Dana. Você confia nela por ser sua amiga e terapeuta.
— Sim, mas eu não quero falar desse assunto. Prefiro esquecer - ela suspirou - especialmente depois da sensação estranha que vivenciei hoje. 
— O que? 
— Por alguns instantes achei que estava sendo seguida. Deixa para lá deve ser minha imaginação - ele percebeu uma certa aflição no olhar da esposa, porém decidiu continuar com o plano dela de esquecer, mas antes perguntou. 
— Quer falar sobre isso? 
— Não. Eu quero esquecer essas coisas.
— Tudo bem, vamos nos concentrar no jantar. 
— Isso e talvez você possa me descrever o caso que está trabalhando com Ryan e porque ele gostou tanto de sua ajuda. 
— Detecto ciúmes, Beckett? Eu sei que sou o melhor parceiro que qualquer detetive pode ter. 
— Errado, Castle. Você é meu parceiro, de mais ninguém. 
— Há! Definitivamente ciúmes. E saudades de investigar comigo - ela entortou a boca. 
— Vai me contar ou vou ter que obriga-lo? 
— Hum, de que forma você me obrigaria, capitã? 
— Algo nada prazeroso ao contrário do que sua mente pervertida imagina. 
— É justo. Vou contar… - Castle começou a falar do caso. Logo o jantar ficou pronto e a conversa sobre pesadelos e Logan foi esquecida. 
Uma semana depois, Beckett voltou a experimentar a sensação de estar sendo seguida sem propósito. Seu bom e velho instinto de detetive parecia estar aplicando truques em sua mente. 
Em outro canto da cidade, os planos seguiam firmes. Logan discutia com Mike o passo a passo do seu próximo ato. Ele não aceitaria nada além da perfeição. Repassavam cada detalhe. O dia escolhido era a próxima quinta devido a agenda da vitima. Era a ocasião perfeita para pega-la desprevenida e sozinha. A ansiedade pelo momento tao esperado era o que estimulava cada ação e cada dia de Logan. Não via a hora de poder executar sua obra, reviver os instantes de beleza que imaginara durante esses longos doze anos. Sua obra-prima ficaria marcada para a posteridade. Independente do que acontecesse, ele nunca seria esquecido. O motivo e a importância de sua arte também não. Em seu próprio julgamento e a sua maneira de analisar o mundo, seu legado ensinaria ao mundo como tratar mulheres, como coloca-las em seu devido lugar. 

Quinta-feira

Naquela manhã, Beckett acordou mais cedo do que devia. Mesmo sabendo que deveria ir direto para a 1PP somente às dez horas, ela optou por acordar antes das sete, seu propósito? Usufruir da companhia do marido, afinal ela não o veria até o fim do dia. Na noite anterior, Castle a comunicara que teria uma reunião com Gina na editora às duas da tarde para discutir seu novo livro. A história fora aprovada e faltava apenas acertar alguns detalhes para que continuasse a escrever. 
Ela se esfregou lentamente no corpo do marido que dormia ao seu lado até desperta-lo com um longo beijo. Fizeram amor vagarosamente, explorando e aproveitando cada segundo que estavam juntos. Desejo, carinho, amor foram expressos por meio de toques, beijos e doces palavras enquanto a dança dos corpos os dominava transformando-os em um só. Deitada sobre o peito dele, Beckett deixava as mãos vagarem pela pele, inspirando o cheiro característico de Castle ao esfregar o nariz nele. Sentiu as caricias em seus cabelos. 
— Isso foi um excelente bom dia. 
— Definitivamente, Castle - ela o fitou. 
— Alguma razão especial? 
— Além da vontade de fazer amor com o meu marido? Não, nenhuma. 
— Bom, muito bom. Que horas você precisa estar no distrito? 
— Na 1PP em realidade, tenho reunião para discutir algumas alocações de verbas com Gates. Às dez, por que? 
— Porque isso quer dizer que temos tempo suficiente para uma segunda rodada - ele a empurrou contra a cama colocando seu corpo sobre o de Beckett. Sorveu seus lábios com paixão enquanto uma das mãos se encaminhava para o centro das pernas dela. A boca de Castle passou a deslizar pelo colo da esposa em direção aos seios. Ao sentir a lingua dele brincar com um dos seus mamilos, Beckett rendeu-se completamente a nova experiência que começava. 
Mais tarde tomaram café e a capitã seguiu para a 1PP. 
Por volta de uma da tarde, aproveitando a pausa na reunião para o almoço, Beckett pegou o celular e ligou para o marido. Ao terceiro toque, ele atendeu. 
— Hey, gorgeous… sua reunião acabou? 
— Não, fizemos uma pausa. Vim pegar uma salada e um café na lanchonete em frente a Central. E você? 
— Estou praticamente de saída para a editora. Espero sinceramente que a reunião não demore, o que é algo difícil conhecendo Gina. Aposto que tem um milhão de ressalvas e perguntas em relação ao manuscrito que preparei. 
— Relaxa, Castle. O máximo que terá que fazer é concordar. Afinal, você nunca a obedece mesmo! Faz tudo de acordo com sua mente. 
— Essa é a razão porque os livros de Rick Castle são um sucesso. Eu sou escritor. Se seguisse as loucuras de Gina, nenhum dos meus livros chegaria a lista dos mais vendidos. 
— Você realmente acredita nisso - ela disse implicando. 
— Não é questão de acreditar, eu sei. É a mais pura verdade. 
— Deus! Você é o cúmulo do convencido. 
— E você me ama por isso. 
— Vou tentar não chegar tarde em casa, babe. Quem sabe não continuamos a nossa sessão matinal? 
— Isso sim é um ótimo incentivo para eu aguentar a reunião com Gina. Vejo você mais tarde, Kate. 
— Conto com isso. Eu te amo, babe. 
— Always, Kate. Always - sorrindo, ela desligou. 
Beckett estava com sorte, ela acabou todas as discussões com Gates por volta das quatro horas. Fez uma rápida ligação para Ryan e Esposito a fim de verificar como estavam as coisas em seu distrito e após ouvir sobre a conclusão de mais um caso, ficou satisfeita. Ao invés de ir diretamente para o loft, ela optou por passar em um mini mercado no Soho onde sempre gostava de comprar verduras. Lá também tinha produtos de ótima qualidade e Beckett estava inspirada para cozinhar para o marido naquela noite. 
Estava tão distraída em seus pensamentos sobre o que fazer para o jantar com Castle e o que pretendia usar para mexer com a mente do escritor que não reparou no que acontecia ao seu redor. Dessa vez, ela estava de fato sendo seguida. Mike manteve uma boa distância da capitã para evitar de ser pego ou de deixa-la desconfiada. Observava a policial vagar pelos corredores do mercado distraída e leve. Beckett tinha baixado sua guarda completamente. Ao escolher tudo o que queria, ela resolveu provocar o marido mandando uma mensagem para mexer com a imaginação de Castle. Sabia que ele ficaria louco para ir para casa depois de lê-la.
“Acabei por aqui. Indo para casa. Decidi preparar um jantar especial para nós. Sorvete de sobremesa. Se quiser observar a chef trabalhando, melhor se apressar. Estarei usando um avental bem curto, vale ressaltar, somente o avental. Não demore! Love u.XKB”. 
Ela acrescentou um emoji de coração e outro da chama. Ria sozinha se dirigindo ao caixa imaginando a cara de Castle ao ler a mensagem. Após pagar a conta, Beckett leva a sacola de papel em seus braços. Ao se aproximar de seu carro que estava estacionado no outro quarteirão, ela foi pega de surpresa. Alguém a agarrou por trás e antes que pudesse reagir, colocou um pano em seu nariz e seus lábios. Clorofórmio, ela identificou, porém era tarde demais, uma agulha atravessou seu ombro e o liquido quente causou uma reação instantânea. Beckett desmaiou deixando a sacola cair no chão. Mike carregou-a nos braços colocando-a em uma van preta com placa do estado da Virginia. Em segundos, o carro desapareceu. 
Por volta de cinco e meia da tarde, Castle finalmente se dirigia ao loft louco para encontrar sua esposa. Gina tornou sua espera extremamente angustiante após ele ter lido a mensagem de Beckett. Por mais que tentasse apressa-la, a mulher escolhia outro tópico para discutir. No caminho de casa, tudo o que pensava era encontrar sua esposa linda e sexy cozinhando para eles. O transito estava uma loucura e ele acabou preso por mais tempo que previra. Mandou uma mensagem para Beckett avisando que estava preso no transito embora soubesse que as chances dela responder eram remotas especialmente considerando que ela deveria estar se preparando para leva-lo à loucura. 
Levou cerca de uma hora para chegar em casa. Ávido por vê-la, ele chamou-a do momento que abriu a porta. 
— Beckett? Hey, amor… cheguei! Nossa, o transito estava intenso. Ainda bem que você saiu antes do horário de pico. Beckett? - vendo que não havia resposta, ele dirigiu-se ao quarto. Ela provavelmente estava no banheiro ou se escondendo para surpreende-lo. Sorridente, entrou no quarto e se deparou com a cama feita pela manhã. Nenhum sinal dela ou de sua bolsa. Também não havia movimento algum na cozinha. Estava exatamente como ele deixara antes de sair de casa. O que estava acontecendo? Pegou o telefone e discou o número dela. Apos dois toques, a mensagem de que o celular estava desligado tocou. 
— Não é possível. Ela não desligaria o celular após aquela mensagem. Será que ficou sem bateria? Talvez esteja presa no trânsito ou… - ele respirou fundo, não havia razão para se preocupar, provavelmente seus planos estavam sendo adiados por culpa do trânsito. Um pouco frustrado, ele decidiu tomar um banho. Checou o relógio, quase seis e meia. 
Castle acabara de sair do banho quando viu que seu celular vibrava. A primeira coisa que lhe veio a mente foi Beckett, contudo não era a esposa que estava ligando. Era um número estranho. Desconhecido. Atendeu. 
— Alô? 
— Richard Castle? 
— Sim, sou eu. Quem está falando? 
— Um minuto, senhor. Vou transferir a ligação - ele ouviu um clique seguido de uma música instrumental. Foram os dez segundos mais estranhos da sua vida até que ouviu uma voz familiar do outro lado. 
— Castle? É Jordan Shaw. Desculpe estar ligando a essa hora da noite. Eu estava tentando falar com Kate, mas não tive sucesso. Ela está com você? 
— Ainda não chegou em casa. Eu acredito que ficou sem bateria. Ela me mandou mensagem dizendo que vinha para o loft, acho que cheguei primeiro. 
— Oh! Bem, eu não tenho boas noticias. Lembra que comentei sobre ficar atenta aos movimentos de casos parecidos ao de Logan e também em seus passos? Hoje eu recebi um relatório sobre prisões e algo me chamou a atenção em Sing Sing. 
— Você disse que não é uma noticia boa. Por acaso Logan está tentando conseguir uma condicional? 
— Não, é pior que isso. Castle, Logan foi liberado da prisão a cerca de um mês atrás. Está em liberdade condicional por bom comportamento. Ele está em algum lugar de Nova York. Eu sugiro você e Beckett investigarem o apartamento dele e se o suposto cúmplice ainda está por lá. 
Ao ouvir as palavras de Jordan, Castle sentiu uma pontada no estômago. Uma vontade de provocar imensa. Era o medo se apossando dele. O coração disparou e um arrepio percorreu sua espinha. Não podia ser. 
— Castle? Você está me ouvindo? 
— Um minuto, Jordan - era puro instinto, ele sabia, queria muito estar passando por um momento onde suas teorias malucas não faziam sentido. Infelizmente, o mal pressentimento estava presente e evidente. Ele checou a última mensagem recebida de Beckett. 4:47. Fazia quase três horas. Ela não estaria presa no trânsito todo esse tempo. Respirou fundo e voltou a falar com Jordan - você acreditaria em mim se dissesse que Beckett está com Logan? 
— O que? Como assim? 

— Jordan, faz três horas que Beckett escreveu uma mensagem para mim dizendo que viria para casa. Era uma mensagem boa, ela estava bem. Algo aconteceu… chame de instinto, pressentimento, medo…e-eu acho que ele a levou, Jordan. Oh, meu Deus… não…


Continua....

3 comentários:

cleotavares disse...

Estou amando essa decisão de Beckett de ser mãe. Ahhhh!! Dana, amei a aparição dela na fic, gosto muito. Genteeeeee do céu! o medo me consome a cada parágrafo, eu vou lendo e pensando... é agora, e daí vem o final.... OMG! OMG! Kaaaaaah! socorro!

Unknown disse...

Nossa essas fins foi simplesmente extraordinária em todos os sentidos,primeiro nosso casal lindo empenhando e forma sua família treinamento a mil 💓💓💓💓💓💓💓
Depois Dará dando ó ar da graça e por quebra dando notícias da maluquinha da Maddy .
Agora falando da parte difícil Nossa Kate sendo a detetive de sempre pressentindo o perigo, pena que não percebeu a tempo.
Estou com muito medo onde isso vai dar mas tenho a impressão que não só a Kate está em perigo, mas acho que o projeto gravidez já está concretizando e por isso que o risco é pior 😦😦😦😦😦😦😦
Ps.parabéns por mostrar outra vez seu talento BA suas fins ,gosto de todas espero pode vê por muito tempo e não demore muito a postar elas e só pra não pedem o costume meus parabéns e meus aplausos 👏👏👏👏👏👏👏👏

rita disse...

Excelente o capítulo!! Não demore muito com o próximo. Amei! Tenho muita saudade de Castle principalmente agora vendo Absentia. Abraços.