Nota da Autora: Não consegui tirar muito desse capitulo. Foi um episódio muito tenso com atuação primorosa de Stana. Acrescentei apenas algumas reflexões, nada demais. Desculpem se não pude fazer mais. Quando um episódio tem um nível muito alto de perfeição, é difícil acrescentar algo mais. E vamos rumo ao Valentine's! Enjoy!
Cap. 13
No dia seguinte, ela não voltou a tocar no assunto do pesadelo. Queria
esquecer por um tempo a angustia que sentira naquela noite, o aperto no peito
que a dominou logo que acordara assustada na madrugada. Tomavam café quando o
celular de Castle tocou. Era Alexis. Queria avisar que não viria para NY no fim
de semana, ia passar na faculdade estudando com Max. Castle não pareceu muito
tranquilo após esse telefonema.
- Ainda não sei o que está acontecendo com a Alexis. Ela não me parece
certa sobre esse tal de Max.
Quando ia perguntar algo de Castle, o celular de Beckett tocou. Ele
ouvia atentamente ela conversando e já entendera, um novo assassinato para
eles. A caminho da cena do crime, eles
conversavam sobre os detalhes que ela recebera via fone e Kate acabou retomando
o tema da conversa anterior enquanto caminhavam para encontrar Lanie e os
rapazes.
- O que faz ter tanta certeza que Alexis não quer algo sério com esse
cara?
- Não o conheci ou aprovei ainda, então não pode ser sério. Os
pretendentes devem ser conhecidos e intimidados por mim, pessoalmente, antes de
serem considerados como namorados oficiais. Ele já ia pegar nos restos do corpo
quando Lanie o avisou.
- Eu não faria isso. O corpo dela estava naquele barril ali, queimado,
quero dizer, além do reconhecimento.
- Chances de ser identificada?
- Não por impressões digitais. Mas a estrutura óssea me diz que é uma
mulher jovem, cerca de 1.62m.
- Estava de passagem?
- Duvido. Há um buraco de bala na parte de trás da cabeça e também há os
dentes. Todos eles foram arrancados de sua boca.
- Então esqueça registro dentário – disse Castle.
- Alguém, obviamente, fez grande esforço para fazê-la desaparecer –
disse Beckett.
- Então... nenhum desses caras viu nada. Mendigam durante o dia- Ryan
explicava - Só voltam aqui quando escurece.
- O primeiro que apareceu disse que o fogo já estava aceso. Soa como um
despejo.
- Certo – Beckett disse - Temos uma mulher. Ela tem 1.62m. Vamos começar
pelos relatórios de pessoas desaparecidas.
- Esperem. Pode ser que não precisem fazer isso. Um parafuso de titânio da
mandíbula dela. Um Implante dentário. E tem o número do lote, o que pode nos
dar o nome dela.
- Rastreamos o parafuso dental até Melanie Rogers, 27 anos. Vivia em Nova
Jersey, perto da Universidade Rutgers, onde era uma engenheira com
pós-doutorado em designer ecologicamente correto. Ela era bem quista e
respeitada por todos. Ninguém sabe quem poderia ter feito isso a ela.
- O que uma engenheira de NJ faz em um barril na baixa Manhattan?
- Não sei, mas algo acontecia com ela – Espo falou - Puxei os registros
telefônicos de ontem. Tem meia dúzia de chamadas para o mesmo número em 20
minutos.
- Namorado?
- Pode ser. O código é 202, mas é listado como bloqueado.
- 202. É Washington, capital – disse Castle.
- Sim. A verificação preliminar mostra que é um celular.
- Seja quem for, pode estar na cidade. Pediremos um mandado para o
telefone – pediu Beckett.
- Ela fez outra chamada depois, por volta de 16h. Depois, toda atividade
do telefone parou – disse Espo.
- Para quem foi a chamada?
- Para a meia-irmã dela, Julie. Chequei. É sua única família. Trabalha de
analista de crédito no centro.
- Traga-a. Ela pode ser capaz de esclarecer algo.
Ao entrevistar a irmã da vitima, Beckett não descobriu muita coisa. Elas
se falavam mas a irmã não tinha ideia se Melanie estava namorando, apenas que
há duas noites ela mencionara que ia encontrar um amigo mas que não podia
revelar detalhes. Ao ser questionada sobre o telefonema de ontem, Julie revelou
que não falara com ela ontem e descobriu que a irmã deixara uma mensagem.
“Sou eu. Acho que está acontecendo alguma coisa. Algo está errado. Estou
certa que há alguém me seguindo”
Beckett ouvia atentamente a mensagem agora já repetida algumas vezes.
Então conseguiu identificar algo.
- É um estacionamento.
- Dá para ouvir dois passos diferentes.
“Se acontecer alguma coisa, diga-lhes X-T-3...” e um tiro foi disparado.
- É isso aí.
- Ela gravou o próprio assassinato – disse Beckett.
- Certo, estacionamento, letras e números. Parece que estava lendo uma
placa.
- Do cara que estava seguindo-a. E XT3, deve haver milhares de placas
com essa parcial. Toque o final novamente? Achei ter ouvido algo após o
telefone cair no chão.
E a técnica tocou novamente a mensagem. Beckett percebeu o som
novamente.
- Aí está. Você ouviu isso? Há um clique.
- Deixe-me ver o que posso fazer com isso – disse a técnica e melhorando
o som do equipamento ficou claro.
- É um isqueiro. Um isqueiro da Zippo. Ele mata Melanie e dá uma parada
para fumar? Castle indagou.
- Significa que podemos estar lidando com um psicopata.
Ryan entrou na sala com novidades.
- Aquele número de Washington, parece que o dono não estava na cidade. Ela
ligou na outra noite logo após jantar com a irmã.
- Quando ela disse que veria alguém.
- Exato. O cartão mostra que ela pegou um táxi minutos depois. Localizei
o motorista e ele disse que a deixou no Hotel Standish, às 23h.
- Talvez estivesse com o amigo de Washington para um encontro secreto? Indagou
Castle.
- Faz sentido. O Standish é popular entre homens casados que valorizam
descrição.
- Talvez alguém no hotel a viu com ele.
No hotel, eles indagaram o recepcionista mas ele não parecia querer
cooperar mesmo com Beckett lembrando que era uma investigação de assassinato.
Beckett mostrou a foto novamente.
- Talvez eu tenha a visto algumas vezes.
- E duas noites atrás?
- Sim. Provavelmente.
- Ela estava se encontrando com alguém? Vou precisar de um nome.
- Nossos clientes valorizam suas privacidades. Está me colocando em uma
posição inadequada.
- Acha que isto é inadequado? Espere eu pegar um mandado e interrogar todos
que ficaram aqui no último ano.
- Certo. Não ouviu isso de mim – e ele apontou para a foto do jornal,
nada mais nada menos que Bracken. Nem um dos dois estava preparados para essa
virada.
- Não pode ser. Melanie estava tendo um caso com o senador Bracken.
- É isso. Esposito confirmou. O número que Melanie ligava era o celular do
senador Bracken.
- Ligações de madrugada, encontros secretos... Bracken tinha um caso com
Melanie. Ela deve ter se tornado um peso.
- Ou ela descobriu algo em que ele estava envolvido e se tornou uma
ameaça – disse Beckett.
- E ele lidou com ela como lidou com sua mãe e tentou lidar com você.
- É isso, Castle – ela já sentia a adrenalina correndo nas veias - Esta
é a minha chance de fazê-lo pagar.
- Mas temos que ser cautelosos. Sabemos o que acontece com quem vai
atrás dele.
- Mas ele não sabe que estamos na cola dele. Temos a vantagem – insistiu
Beckett.
- Temos? O que acha que ele fará quando perceber? - Castle já se
mostrava preocupado. Ele sabia exatamente o que isso poderia fazer com ela,
sabia a sede de justiça que Beckett nutria contra o senador e o pesadelo da última
noite não ajudava em nada.
Beckett entendera o que ele queria dizer e a preocupação também estava
estampada no seu rosto. Para evitar suspeitas, ela decidiu mandar Esposito e
Ryan para falar com o senador. O foco era Melanie e iriam pedir ajuda não
acusa-lo de algo. Na frente da casa dele, Espo desabafou.
- Esperava que a próxima vez que eu visse esse cara fosse sob o cano da
minha arma.
O senador estava no meio de uma reunião tentando fazer um acordo
político com alguém quando os detetives foram anunciados.
- Desculpe te incomodar, senador. Não vai demorar muito.
- Do que isso se trata, Bill? A esposa perguntou.
- Não tenho certeza – olhou para Esposito - Você parece familiar. Já nos
conhecemos?
- Acho que não, senhor. Há algum lugar onde podemos conversar? E foram
para o escritório.
- Eu ofereceria uma bebida, mas tenho a sensação de que é uma visita
oficial.
- Só gostaríamos de te fazer algumas perguntas sobre alguém. Melanie
Rogers.
- Claro. Conheço Melanie. Ótima garota. Algum problema?
- Ela está desaparecida. Desde ontem.
- Ela está desaparecida? Isso é terrível. Farei de tudo para ajudar.
- A última vez que viu a Srt.ª Rogers?
- Ontem. Ambos estávamos na mesma conferência na cidade.
- Esbarrou com ela lá?
- Não. Farei o discurso de abertura e ela estava me ajudando com ele.
- Ela trabalha para você.
- Não exatamente. Ela concordou em ajudar em uma parte da legislação que
eu estou lidando.
- Ela é uma consultora não remunerada? Perguntou Esposito.
- Acho que sim. Por quê?
- É que foram vistos juntos, no Hotel Standish, duas noites atrás.
- O que está insinuando?
- Só estamos estabelecendo um cronograma do paradeiro de Melanie.
- Não. Está usando uma relação profissional contra mim. Então, ele
reconheceu Esposito.
- Cara, não estamos tentando...
- Eu sei onde já te vi. Trabalha com a Detetive Beckett.
- Só temos mais algumas perguntas. Ryan tentou remediar.
- Ligue para o meu advogado.
De volta ao distrito, Esposito atualizou Beckett.
- Aquele cara é culpado, mas ele tem um álibi. Estava em uma conferência
o dia todo. Ryan está verificando agora.
-Vai confirmar – disse Beckett - Ele nunca faz isso sozinho. Sempre
envia alguém.
- Certo, certo, então... não só temos que achar o assassino, temos que
ligá-lo a Bracken.
- Mas não temos ideia de onde procurar. Nem temos uma cena do crime.
-Não, mas estamos perto. O FBI analisou o correio de voz de Melanie. Foi
uma ligação feita de uma garagem onde ela foi sequestrada.
-Identificaram o ruído do fundo como o motor hidráulico de um guindaste
de torre. Disse Castle.
- São usados em construção pesada. A garagem é perto de uma obra.
- E só 12 obras na cidade estão usando esse guindaste. Conforme mostrava
a tela do computador de Beckett.
- O álibi de Bracken confirma – disse Ryan, o que já não era mistério
pra ninguém - Testemunhas o viram na conferência ontem à tarde. Também
confirmaram que Melanie estava lá, como ele disse. Ela foi vista saindo às
15h45.
- Melanie gravou a mensagem de voz do estacionamento às 16h. Onde é a
conferência?
- No hotel Widmark, no centro.
- O Widmark fica a 5 quadras dessa área em construção.
- Bem ao lado de um estacionamento.
Eles estavam vasculhando a cena do crime quando Ryan chamou por ela. Acharam
um carro abandonado com as iniciais da mensagem de Melanie.
- Checou as placas?
- Chequei. Foi roubado e notificado há 4 dias.
- Olhem dentro. Espo, abra o porta mala.
Dentro, Beckett achou uma sacola. Abrindo encontrou o um rifle. Algumas
plantas e outras informações.
- Posso estar errado, mas isso parece um rifle.
- Não está.
- Vejam. Hotel Widmark. Onde ocorre a conferência. Não é lá que Bracken
disse que discursaria?
Ao abrir um suposto panfleto, Beckett desvendara o mistério e não ficara
nem um pouco satisfeita com o que encontrara.
“PRECISO DE RIFLE PARA MATAR O DIABO” e a foto do senador marcada como o
diabo de chifres - MORRA, DIABO.
- Não acho que Bracken seja o nosso assassino.
- Não é – disse Castle, após ver outras fotos tiradas dele - Ele é o
alvo.
A frustração era visível nos
olhos de Beckett quando eles decidiram parar. CSU enviariam todas as evidências
para análise e eles teriam algo melhor pela manhã. Quando Castle pediu para ela
ir para seu apartamento, Beckett declinou. Queria ficar sozinha. Ele não
insistiu, podia imaginar a confusão que começava a se instalar na mente dela.
Sozinha, Beckett tomava uma xícara de café e pensava em como a vida
poderia alterar seu curso repentinamente. Assim que descobrira um possível
envolvimento do seu arqui inimigo, Kate pensara que teria sua chance de fazer
justiça, descobrir que o senador era agora um alvo e uma vitima causava um
misto de sentimentos contraditórios nela. Alguém o queria morto, como ela,
alguém a quem o senador fizera mal em algum momento da vida. Porém, como figura
pública e um alvo, Kate não podia alcança-lo. Pior, devido a sua profissão, ela
poderia ser responsável pela sua segurança. Teria esse poder. Mas isso era
apenas especulação de sua cabeça. Ela não esperava trabalhar na proteção dele,
isso certamente seria trabalho para o FBI. Beckett estava prestes a descobrir o
quanto estava enganada.
No dia seguinte, Beckett atualizava Gates.
- Diante do que achamos no carro, alguém planejava atirar no senador na
Eco Conferência de amanhã, onde ele discursará.
- E se nosso suspeito ainda está à solta, ele ainda é uma ameaça. Conseguimos
alguma digital da sacola?
- Ainda não. A perícia ainda está analisando o carro, o caderno, tudo o
que havia na sacola, inclusive o rifle. Há números de série no rifle. Estamos
checando.
- E nossa vítima? - Perguntou Gates - Como Melanie Roger acabou envolvida
nisso?
- De algum modo, ela tropeçou na trama e ele a matou. Disse Castle. Um
policial se aproximou de Gates.
- Com licença. É o Prefeito. Mantenham-me informada. Ela saiu e Ryan se
aproximou.
- Podemos ter uma descrição do nosso possível atirador. A segurança do
Widmark barrou alguém de entrar na conferência sem credencial.
- Quando?
- Há dois dias. Branco, boné de beisebol, barba, cabelo longo e pegajoso e
carregava uma grande sacola cinza, como aquela.
- A que horas? Castle perguntou.
- Disseram que era 15h45.
- É quando Melanie saiu da conferência. Na mensagem, ela diz que havia
algo errado. E se viu e seguiu o cara até a garagem?
- Certo. Pegue Espo e um desenhista e falem com a segurança do Widmark. Quero
a imagem desse cara circulando em até uma hora.
- Kate. Castle chamou por ela ao perceber quem saiu do elevador. Ela
respirou fundo. O senador a encarou. Frustrada, ela desabafou.
- Finalmente, eu ia pegar esse cara, Castle. E agora estou protegendo o
homem que matou minha mãe.
Na sala de Gates, eles discutiam a segurança do senador. Castle e
Beckett estavam presentes e o clima estava tenso o bastante para Castle
observar as reações do senador e Gates não perceber o que tudo aquilo poderia
significar.
- Senador, podemos aumentar sua segurança. Mas até que prendamos esse
homem... recomendo que adie seu discurso.
- Isso é mesmo necessário? – perguntou o assessor - A ameaça não está neutralizada?
- Mas não o detivemos – disse Beckett - Estamos falando de alguém impiedoso,
metódico. Alguém que matou Melanie Rogers apenas para impedi-la de falar. Isso
sugere uma pessoa que quer ver o plano adiante.
Castle pode perceber uma certa apreensão no rosto do senador ao mesmo
tempo que não podia deixar de admirar o profissionalismo de Kate, apesar de
tudo.
- Sim, mas você disse que aumentaria a segurança. Essa não é uma
conferência qualquer. O senador revelará uma ampla iniciativa ambiental que é o
coração de seu mandato. Emitimos várias credenciais à imprensa...
- Senador, não posso garantir sua segurança – disse Gates. Bracken
fitava Beckett com o canto dos olhos.
- Discursarei nessa conferência. Esse discurso me coloca no cenário
nacional. Não vou fugir e me esconder só porque um maluco com um caderno fez
uma ameaça. Sugiro que façam o possível para deter esse homem. Obrigado.
Ele já se levantara quando Gates tornou a falar.
- Muito bem, senador. A detetive Beckett precisa de um momento com o
senhor.
- Por quê?
- Porque ela está liderando a investigação – Gates percebeu os olhares -
Alguma razão em não querer atuar com a detetive Beckett?
Bracken resolveu ceder. Ele reparara que a detetive o encarava sem medo,
ficar sozinho com ela poderia ser bom ou mesmo ruim a julgar pela última vez
que isso acontecera.
- Em um lugar mais reservado. Podemos, detetive?
Kate esboçou um sorriso que demonstrava confiança, no fundo, a raiva a
corroia. Numa sala a sós, ela o convidou
para sentar permanecendo de pé. Encaravam-se mutuamente.
- Bom... Difícil não notar a ironia desta situação.
- Senador Bracken, tem algum inimigo? Acha que há alguém que gostaria de
te matar? – ela tentava demonstrar maior calma possível.
- Recebo mensagens com ameaças o tempo todo. Ossos do ofício. Meu
assessor tem um arquivo.
- Alguém com uma reclamação legítima?
Ele tinha que dar crédito a ela. Precisava de muito sangue frio para
estar de frente com o inimigo e manter a postura da forma que fazia. Ele
precisava provoca-la.
- Um homem não chega ao meu cargo sem irritar pessoas pelo caminho. A
maioria não é louca a ponto de tentar me matar... excluindo minha companhia
atual.
- Sabe, senador... não é comigo que deveria estar preocupado. Ela
sentou-se de frente para ele.
- Somos apenas nós aqui, detetive. Um atirador à solta, eu na mira... Deve
ser um sonho se realizando para você.
- Nos meus sonhos, sou eu quem puxa o gatilho. Mas se não está
confortável comigo no comando disso, está convidado a sair daqui e dizer a
todos o motivo – Bracken recuou - Então eu acho que estamos presos um ao outro.
Deixe-me esclarecer uma coisa. Esse homem matou Melanie Rogers e quando alguém comete
um assassinato, quem quer que seja, senador... irei levá-lo à justiça, não
importa quanto tempo leve – a indireta fora mais que clara para o senador.
- Meu assessor mandará as cartas.
Espo e Ryan estavam de frente para o quadro de evidências.
- Quer saber, se eu fosse ela, ficaria enrolando, até que quem quer que
seja metesse uma bala no Bracken.
- Você não faria isso, pois isso te tornaria igual a ele.
- O cara matou a mãe da Beckett, capitão Montgomery e sabe-se lá quem mais.
Bracken fez por merecer, então deixe acontecer. Nesse momento Gates se
aproximou.
- O prefeito quer notícias. Quais as últimas?
- O número de série daquele rifle nos levou a uma loja de caça em
Paterson, Nova Jersey. O dono identificou o retrato falado. Arquivos indicam
que várias armas de fogo foram compradas, mas todos os nomes e endereços são
falsos.
- Leve reforços para examinar a área perto da loja e leve o retrato
falado do suspeito.
-Está bem.
-Detetive Esposito. Notícias da perícia?
-Sim, senhora. Eles acharam parte de um recibo com uma mancha na bolsa. Estão
tentando tirar uma digital parcial. O recibo não diz a loja, mas o código de
barras corresponde ao do boné. A fábrica mandou uma lista com as lojas na área
triestadual, mas são mais de 200.
- Foque nas de Nova Jersey primeiro. Faltam 24 horas para Bracken
discursar, talvez Beckett tenha mais sorte com as cartas de ameaça.
Em outra sala do distrito, Castle e Beckett buscavam alguma pista nas
cartas enviadas ao senador.
- Esse povo não tem mais o que fazer. Para a maioria, parece que a única
companhia é o ET que fala com eles pelo micro-ondas – disse Castle.
- Há muitas pessoas solitárias e confusas por aí. Mas, até agora, nenhuma
dessas cartas tem a mesma caligrafia do caderno do suspeito.
- Vendo do que ele é capaz, você pensaria que Bracken teria mais
inimigos formidáveis.
- É claro que você nunca viu a carta que eu o mandei.
- Eu vi, na verdade. Gostei de como fez os pingos do "i" de
"matei" com coraçõezinhos. Bem legal.
- Quis dar um toque pessoal.
- Mandou bem. Nós realmente não conversaremos sobre isso?
- Castle, o que há para conversar?
- Sinceramente? Praticamente tudo.
- Por isso tudo que posso fazer é tratar esse caso como um comum, pois é
isso que ele é – ela acabara de abrir mais um envelope e guardou quase que de
imediato - Igual a qualquer outro caso.
Castle bocejou mostrando sinais de cansaço. Ela aproveitou o momento
para manda-lo para casa.
- Você está cansado, Castle. Por que não vai descansar?
- Não, posso ficar se você quiser. Ela sorriu e tocou o braço dele.
- Não, pode ir. Ligo se precisar, certo?
- Você é excepcional, sabia disso? Ele olhou para ela sorrindo. Kate
esperou ele sair da sala ainda segurando o envelope nas mãos. Quando ele saiu,
ela retirou a carta abrindo-a novamente sobre o caderno. Era a mesma letra. A
combinação perfeita. Kate sentiu um arrepio percorrer sua espinha, o coração
começava a acelerar. Ali a sua frente, sua chance de encontrar o assassino de
Melanie e por um fim a ameaça ao senador. Então, porque ela relutava? Não disse
que faria tudo em nome da justiça? Kate vivia um debate moral íntimo e pessoal.
Ao invés de procurar Castle para conversar, ela foi atrás da única pessoa que
podia ser imparcial em tudo isso. A pessoa que a ajudou a superar o caso da mãe
e poder encarar o senador de igual para igual.
- Estou trabalhando nesse caso em que preciso achar o suspeito. E me
deparei com uma evidência. É uma carta que ele escreveu. Não há endereço nem
nome. Só um selo de Nova Jersey. E meu instinto diz que essa é a nossa chance. De
um jeito ou de outro, irá nos levar até ele.
Ela estava de pé no consultório dele. O terapeuta a escutava
atentamente. A mulher a sua frente vivia um dilema e era seu dever ajuda-la a
tomar a decisão correta.
- Ainda assim, está aqui falando comigo.
- Se encontrarmos esse suspeito, então alguém pior, muito pior, não será
punido.
- Imagino que ninguém saiba sobre a carta.
- Não, ainda não.
- Como uma policial, já deve ter enfrentado tais dilemas. Ele conhecia
Kate Beckett o suficiente para saber o porque dela estar ali. Queria expor suas
ideias, a ele caberia ouvi-la e ao fazer questionamentos e afirmações apontar a
ela o melhor caminho mesmo que nas entrelinhas.
- Já.
- Por que agora é diferente?
- Porque, desta vez, parece que não há escolha certa.
- Talvez a escolha certa seja aquela com a qual possa conviver.
Ela respirou fundo. Agradeceu ao terapeuta e foi para casa. Sobre a
mesa, várias fotos do caso da mãe, pastas de investigação e a carta exposta bem
à frente dos seus olhos. Como policial ela jamais consideraria esconder uma
evidência tão crucial para a solução de um caso. Como vítima por duas vezes,
não era tão simples aceitar o fato de estar salvando a vida do assassino de sua
mãe. Era um debate moral e dificilmente a maioria das pessoas saberiam dizer
qual seria a escolha certa, a justa.
Por um momento, seu distintivo não importava mais, sua carreira ou sua
reputação. Tudo o que importava era agir com o coração, clamar por justiça pelo
mal causado a sua mãe, a sua família e a tantas outras pessoas. Kate estava com
um olhar frio e perdido ao acender o fósforo. A carta exposta sobre a mesa, a
chama ardia queimando a madeira. Tudo o que ela devia fazer era joga-lo sobre o
papel e num piscar de olhos sua principal evidência sumiria da face da terra
sem ninguém desconfiar nem por um segundo do que ela fizera.
Tão simples, tão fácil e rápido. Bastava um segundo e tudo sumiria
diante dos seus olhos e quem sabe a justiça seria feita pelas mãos de outro
atirador, outra pessoa que teve sua vida afetada pelos atos impunes de Bracken.
Mas então, o que isso a tornaria? Tão baixa quanto ele. Desprezível. Egoísta. Vingativa.
Como ela haveriam muitas outras vítimas que esperavam um dia vê-lo enfrentar a
justiça e pagar por tudo o mal que ele causara, seja em um julgamento ou com
uma bala na cabeça, de alguma forma ele pagaria. Como seria? Coração e razão
travavam uma luta enquanto o palito queimava. Com um longo suspiro, ela
livrou-se do fósforo.
Kate sentou-se no sofá. Fora um momento de fraqueza. O olhar perdido, os
lábios entreabertos e mesmo com as mãos tremendo sobre o colo ela sabia que não
poderia ser nunca igual a ele. A ética e a moral prevaleceriam em seu
julgamento, pelo menos por enquanto. Encostando o corpo no sofá, ela deixou
escapar um lamento.
- Sinto muito, mãe.
O celular começou a tocar sobre a mesa. Castle. Ela não podia atender,
precisava de um tempo. Ele perceberia que ela não estava bem e insistiria em
ajuda-la. Se isso acontecesse, Kate não saberia como encara-lo. Não saberia se
resistiria ao relembrar de todos os acontecimentos daquela noite. Ainda não
sabia como agiria pela manhã e preferiu não falar com ninguém. Simplesmente
ignorou a ligação desabando no sofá e fechando os olhos.
No dia seguinte, Castle chegara ao distrito com dois cafés perguntando
por ela aos rapazes.
- Oi. Vocês viram a Beckett?
- Não desde ontem à noite. Pensamos que estivessem juntos.
- Tentei ligar hoje, mas ela não atendeu.
A investigação estava num beco sem saída, nenhuma novidade parecia
apontar uma pista e o próximo passo a seguir.
-Oi.
-Oi.
- Como anda a procura pelo suspeito?
- Em lugar nenhum. E Bracken falará em menos de 10 horas. Achou algo nas
cartas?
- Não - ela optara por omissão nesse momento - Nada de valor. Castle
percebeu que ela remoia algo.
- Você está bem?
- Preciso de um segundo.
Ela se escondeu na sala de descanso. Suspirou tentando espantar as
lágrimas que queriam formar-se em seus olhos. Ela pensou que a solução daquele
caso podia estar literalmente em suas mãos. Segurando o envelope, ela viu Gates
confortando a irmã de Melanie. Justiça. Outra vítima. Ela olhou a carta uma vez
mais. Parecia que sua decisão estava tomada.
-Pessoal, tem algo que eu...
-A perícia acabou de ligar sobre o recibo naquela mochila.
-Conseguiram uma digital?
-Não, mas havia traços de óleo de motor e resíduo de freio.
- Nosso cara é mecânico.
- Talvez comprou a arma perto do serviço. Onde é a loja?
- Paterson, fora da estrada.
-É um começo. Mandarei os endereços quando estiverem a caminho. Farei
uma lista de cada oficina em um raio de 8km e partiremos daí.
- Ia dizer algo? Perguntou Castle.
- Não. Já passamos dessa fase.
Esposito e Ryan saíram à procura do suspeito em cada oficina informada
por Beckett. A busca tornara-se mais difícil do que eles imaginaram. Quando
pensaram em desistir, Ryan reconheceu o boné no interior da oficina. Ao falar
com o dono, ele reconheceu o retrato falado como um ex-funcionário passando as
informações para os rapazes. A letra era compatível com a do suposto assassino.
De volta ao distrito, Castle lia a ficha do cara para Beckett.
- Robert McManus tem histórico de esquizofrenia, várias estadias na ala
psiquiátrica, episódios recentes desencadeados pela morte do filho.
- Oi.
- Como está o andamento?
- Cada policial da cidade tem uma foto dele. A SWAT está na casa dele, mas
os vizinhos dizem que não o veem há um mês. Some por muito tempo.
- Estamos olhando as finanças, mas estão ultrapassadas. As contas
fecharam anos atrás. Está vivendo fora do sistema. Gates apareceu com algo
realmente bom.
- Consegui algo. Olhamos perto de um restaurante que frequentava. Um
recepcionista o identificou. Está lá há um mês.
E todos foram a campo. Invadindo o lugar, encontraram tudo vazio.
-Polícia!
-Polícia! Não se mexa!
-Analisem tudo. Procurem algo que nos leve a ele. Vamos olhar o resto do
prédio. Perguntarei ao síndico sobre a rotina dele.
Beckett saiu pelo corredor e deu de cara com o suspeito. Ergueu a arma e
destravou-a, pronta para atirar.
- NYPD. Mãos ao alto. Não se mexa. Não se mexa ou eu atiro!
Mas o cara correu e Kate Beckett debateu e titubeou antes de realmente
atirar. Lutando contra sua consciência, ela não correu atrás dele deixando-o
claramente escapar. Castle chegara no instante que ela decidira não perseguir o
suspeito mas percebera que ela fizera uma escolha. Ele não a questionaria por
isso. Se ela quisesse falar, ele sabia que Kate falaria.
No 12th, ela remoia as consequências de seus atos. A culpa começava a
pesar sobre sua mente.
- Acabei de falar com Ryan. McManus ainda está à solta, mas estão indo
de porta em porta nas proximidades.
- Eu o tive em minha mira. Eu o tive.
- Você errou, e daí? Acontece com qualquer um. Mas duvidava que ela
pudesse errar aquele tiro tão próximo.
- Não. Eu não errei.
- Como assim?
- Achei uma carta... no arquivo de ameaças. Era do McManus.
- Desde quando sabe disso?
- Desde ontem à noite. McManus acusava Bracken de ter matado seu filho. Eu
pesquisei. O garoto tinha 24 anos, foi estagiário na campanha de reeleição do
Bracken. Ele tinha uma reunião com um repórter e, no dia seguinte, foi
encontrado enforcado.
-E você acha que Bracken...
- Não sei, Castle. Meu Deus. Eu quase destruí evidência. Eu ia queimar
aquela carta.
- Mas não queimou.
- Eu não errei o McManus. Olhei em seus olhos e vi sua dor. E não pude
atirar. E se eu quisesse que ele escapasse? Que ele seguisse com o plano? O que
isso faz de mim?
Castle podia ver o conflito e a dor também nos olhos dela. Nesse
momento, Gates entra na sala. Beckett perguntou.
- Alguma novidade?
- Nada sobre o McManus, mas a revista encontrou fios, detonador,
vestígios de C4. Parece que estava construindo uma bomba.
- Uma bomba? – Beckett engoliu em seco, isso mudava tudo - Alguém a
encontrou?
- Não, mas se ele construiu algo, ou está com ele ou já está posicionada
para explodir.
- Beckett, espere.
- Ele tinha um rifle, Castle. Um rifle. Não uma bomba. Se ele detoná-la
hoje na conferência e pessoas inocentes se machucarem...
- Isso não é culpa sua – ele tentava conforta-la da única maneira que
podia, com palavras mas tinha medo de que isso não fosse suficiente.
- Como não? Sou policial. Eu tinha um trabalho a fazer e não o fiz. Preciso
consertar isso. Preciso achar essa bomba e salvar a vida do Bracken – e naquele
momento ela falava pelo distintivo que jurara defender, pelos valores morais
que valorizava e pela justiça que precisava ser feita. Kate Beckett finalmente
tomara sua decisão.
- Parece que você conseguiu uma ajuda. Castle apontou para o homem que
era trazido pelos rapazes.
- Nós o encontramos escondido em um telhado há três quadras.
- E quanto à bomba?
- Perguntei a ele.Também perguntei sobre Melanie. Ele não fala muito. Ele
não abriu a boca desde que o pegamos.
- Levem-no para o interrogatório.
- Por que acha que ele falará com você? Perguntou Esposito.
- Porque... eu o conheço.
Kate entrou na sala de interrogatório e cumprimentou-o. - Oi, Robert. Sou
a Kate. Por que você não tira essas coisas? Parecem desconfortáveis – ela
estendeu a chave das algemas para ele - Sei como é perder alguém que ama. Viver
com essa dor. Sentir raiva pelo responsável por isso. Pelo Bracken – ela
desatou a falar precisava se conectar com ele - Ele tirou alguém próximo a mim.
Ele matou minha mãe, depois foi atrás dos meus amigos. Até tentou me matar.
Castle escutava Beckett abrir a ferida novamente. Gates pegou parte da
conversa.
- Ela está falando do Bracken?
- Ela só está tentando conectar-se a ele de algum jeito – justificou
Castle.
- Esse homem matou meu filho. Ninguém se importou.
- Eu me importo.
- Ele precisa pagar.
- Não com uma bomba, Robert. Não somos como ele. Não machucamos gente
inocente. Cadê o C4?
- Você quer me confundir... ou me enganar para eu dizer algo que não
devo.
- Estou tentando derrubar Bracken, igual a você. Temos que fazer isso da
maneira certa. Nós estamos do mesmo lado, Robert.
- Você está do lado dele. Ele controla a todos. Vocês estão todos nas
mãos dele. Cada um de vocês!
Doía ouvir aquelas palavras mas ela precisava conquista-lo. Provar que
ele estava errado quanto a ela.
- Não estou, não. Sou igual a você, Robert.
- Ela o está perdendo – disse Gates.
- Você não é igual a mim. Você está inventando coisas, inventando
histórias. Se tivesse passado pelo que passei, você iria quer vê-lo morto!
- Tudo que te disse é verdade. Robert, olhe para mim.
Ela se ergueu e bateu na mesa.
- Onde está o C4? Se aquilo explodir, teremos sangue em nossas mãos e
não posso viver com isso e sei que você também não pode.
- Detetive, uma palavrinha.
- Senhora. Havia raiva na voz de Beckett.
- Detetive! Beckett olhou mais uma vez para ele e saiu da sala pronta
para pedir mais um tempo com Robert.
- Senhora, posso fazer isso. Posso chegar...
- Acabou, detetive.
- Dê-me mais um minuto.
- Recebi uma ligação do FBI. Acharam a bomba.
Gates chamou o senador no distrito para dar a ele a noticia
pessoalmente. Beckett estava ao lado dela.
- McManus alugou uma caixa postal no correio. O C4 estava lá, conectado
a um colete. De algum modo, ele conseguiu credencial para a conferência.
- Obrigado, capitã, por tudo que você fez.
- Na verdade, a det. Beckett merece o crédito. Ela quem liderou a equipe
– o celular dela tocou - Com licença, senador. Boa tarde, senhor prefeito. Ao
deixa-los sozinhos, Beckett travou um olhar desafiador com o senador.
- Eu soube como você liderou a equipe. Você disparou dois tiros à queima
roupa e errou ambos. Todo esse papo de justiça... Acho que estava certo sobre
você.
Beckett não ia discutir com ele e Bracken não pretendia passar mais
tempo ali próximo a ela.
Em casa, ela estava debruçada ainda sobre detalhes do caso quando
autorizou a entrada de Castle.
- Olhe só isso. Há maneira melhor de celebrar o fim de um caso árduo do
que com uma garrafa de... O que está fazendo?
- Castle, olhe este colete que McManus supostamente fez. As abraçadeiras
e os fios. Eles foram feito com precisão. Você viu McManus. Ele mal conseguia abotoar
a própria blusa.
- Em seu estado atual, não. Mas poderia enquanto tomava os remédios.
- E quanto ao corpo da Melanie? Queimado e com dentes arrancados para
que não fosse identificado. E larga uma sacola em um carro roubado para que
encontrássemos? Não faz sentido.
- Ele é doente mental. Nem tudo o que ele faz fará sentido. Castle já
entendera que ela não se contentara com o final do caso. Ela vira algo mais.
Seu único medo era que esse algo pudesse leva-la a perdição e ele não poderia
deixa-la sucumbir uma vez mais.
- Não, Castle. Tem algo errado. O isqueiro que ouvimos na caixa postal
de Melanie... McManus não fuma. Não achamos isqueiro em nenhuma de suas coisas.
- Kate... Deixe para lá. Você não tem nada a provar. Não ao Bracken, ou
a mim, ou a você mesma.
- Isso não é sobre provar nada. É sobre a evidência.
- Todas as evidências, a carta, o caderno, a bomba, tudo nos leva ao
McManus.
- E se quisessem que o encontrássemos? E se armaram para ele? Para que
todos pensassem que a ameaça passou, enquanto o assassino está solto? O C4 no
colete. E se fosse para encontrarmos essa bomba, enquanto há outra por aí a ser
usada no discurso? Há semanas que se sabe a hora e o local desse evento.
Enquanto ela falava, ele analisava a situação. Da mesma maneira que ele
fizera várias vezes questionando o julgamento dela. Castle não podia ignorar a
lógica que ela usava porém não queria entrega-la de bandeja ao senador. Ele
tentava argumentar com ela apenas para evitar o pior.
- Se uma bomba explodir durante o discurso do Bracken, poderiam dizer
que McManus a colocou lá antes de ser preso.
- Bracken sobe ao palco às 20h. Isso é daqui 20 minutos. Sei que não
tenho provas, sei que parece loucura...
- E sabe o quanto Bracken estava determinado em fazer o discurso. Se
impedi-lo e estiver errada, sua carreira acabou.
- E se estiver certa? – eles se entreolharam, Castle já tinha sua
resposta e restava apenas apoia-la - Aqui é a detetive Beckett, distintivo
número 41319. Estou ligando para pedir a evacuação do hotel Widmark.
Tão logo eles pisaram na rua em frente ao hotel, Bracken a chamou
querendo respostas.
- Detetive Beckett.
- Castle, veja se consegue notícias do esquadrão antibomba.
- Certo.
- O que está acontecendo? Quem chamou o antibomba?
- Havia uma ameaça confiável.
- Confiável segundo quem?
- Acho que devemos conversar a sós. E os demais assessores deixaram-nos
sozinhos.
- Acreditamos que alguém que você conhece está tentando te matar.
- O quê? Vocês já têm o homem sob custódia.
- Acreditamos que armaram para McManus devido às cartas ameaçadoras que
te mandou, o que significa que o envolvido tem acesso ao seu escritório.
- E você tem provas disso? Você não tem provas?
- Eu não faria uma acusação assim levianamente.
- Então você deu um alerta de bomba baseada em um palpite?
- Beckett – Castle a chamou.
- Terminamos a busca na área principal, detetive. Não encontramos
explosivos.
- E o palco? Checaram o palanque?
- Fizemos a varredura em um raio de 15m de onde ele estaria.
- Certo, isso é ridículo. Levem todos para dentro de novo.
- Lamento, mas ainda devemos fazer a varredura detalhada do prédio. Receio
que ainda levará mais algumas horas.
- Acha que não sei o que está fazendo? Deixou McManus fugir para que ele
me pegasse e, quando isso não deu certo, resolveu destruir o momento mais
importante de minha carreira. Agora Bracken estava realmente com ódio.
- Não é isso...
- Poupe para o Conselho de Avaliação. Você exagerou em sua jogada, agora
vou acabar com você.
- Meu Deus. Castle, não entendo. Como erramos tão feio?
- Sabíamos que era arriscado.
- Não. Deve haver um motivo de armarem para McManus. Só podiam estar
planejando isso para hoje, bem aqui. É a única coisa que faz sentido.
- Ou não foi armado para ele.
- Talvez não puseram a bomba no prédio. Como aumentou a segurança quando
McManus estava solto, talvez precisaram mudar o plano. Pôr a bomba em um lugar
mais acessível.
- Kate...acabou.
E então ela ouviu. O mesmo barulho na mensagem da Melanie. Um isqueiro.
Abrindo e fechando, como o tick tack de um relógio. Ela se virou em busca da
origem do som e viu. O motorista. O carro. Bracken caminhava na direção do
carro. Bastaram segundos para ela compreender o que aconteceria em seguida. Ao
vê-lo colocar o isqueiro no bolso, ela correu. Castle correu atrás. O detonador
foi disparado e Beckett jogou-se contra o senador quando o carro explodiu
levando-o ao chão. Castle parou no meio do caminho vendo as chamas tomarem
conta de tudo.
Desespero.
Onde estava ela?
- Kate!
Ele a viu ainda no chão protegendo o senador.
- Castle. O motorista.
Ele correu e conseguiu derruba-lo no chão. Os policiais se encarregaram
de prendê-lo. Beckett ergueu o senador do chão que ainda parecia perdido diante
de que ocorrera. Surpreso por encontra-la ao seu lado. No distrito, ela
interrogava o motorista sendo observada por Castle e Bracken.
- O nome dele é Noah Charles. É meu motorista há 5 anos.
- Algum motivo para, de repente, ele te querer morto?
- Presumo que alguém pagou a ele uma grande quantia de dinheiro.
- Você não parece chocado.
- Há outro mundo lá fora, Sr. Castle, um que a maioria das pessoas não
vê, e que se baseia em dinheiro, influência, poder... As pessoas nele farão de
tudo para ficar no topo. Mas creio que você já saiba disso.
- Eu não teria feito o que ela fez – Castle confessou - Teria ficado
parado e só assistido.
- Ele não quer abrir a boca. Mas a busca no apartamento dele revelou um
par de luvas com traços de sangue de Melanie Rogers.Também acharam uma barba
falsa e um boné como o de McManus.
- Para que "McManus" fosse visto na conferência. Tudo parte da
armação.
- Melanie viu Noah várias vezes. Provavelmente, ela o reconheceu, ficou
intrigada com suas ações e o seguiu.
- Se ela descobrisse, a única escolha seria matá-la.
- É uma pena – disse o senador - Ela era uma boa garota.
-Tem um segundo? Ryan interrompeu.
- Claro.
- Investigamos seu motorista. Ele não trabalhava só para você, senador.
- Analisamos as finanças dele. Há vários depósitos grandes feitos para a
conta dele.
- Já sei. Transferências não rastreáveis feitas entre contas fantasmas na
Suíça e no Oriente Médio.
- Exatamente como você faria. Castle soltou. Beckett olhou para ele sem
ter o que dizer agradeceu os rapazes e acompanhou o senador.
- Você sabe quem está por trás disso, não é?
-Tenho minhas suspeitas.
- Quem?
- Alguém que enriqueceu fazendo promessas a pessoas poderosas, promessas
que eu cumpria.
- O que um fazedor de reis faz quando o rei não segue mais ordens?
- Preciso de um nome.
- Já fez o bastante, detetive.
- Senador, essa pessoa está à solta e não tenho como chegar à ela. Você
não está em segurança.
- Estou emocionado com sua preocupação, mas talvez tenha esquecido com
quem está falando – o sarcasmo evidente nas palavras.
- Senhor, precisamos ir. Já está 30 minutos atrás na programação.
- Detetive Beckett, acompanha-me até a saída? – ela o fez, do lado de
fora, Bracken voltou a falar - Você salvou minha vida.
- Bom, não se pode vencer todas.
- Creio que isso signifique que estou te devendo.
- Nada entre nós mudou, senador.
- Mesmo assim. O mundo lá fora é perigoso, detetive. Nunca se sabe quando
precisará de um amigo.
Aquelas palavras de Bracken a faziam sentir-se enjoada. Enojada era a
palavra certa. Antes de deixa-lo, ela perguntou.
- O filho de McManus... Foi você?
- Se eu disser que não, acreditaria em mim?
Um bando de repórteres esperava e gritava o nome do senador. Queriam
saber o que acontecera. Bracken se aproveitando da publicidade decidiu falar e
elogiou o serviço da NYPD. Ao ouvir a baboseira, ela se retirou.
À noite no apartamento de Beckett, eles ouviam juntos a declaração de
Bracken no noticiário.
- Quero agradecer especialmente aos corajosos homens e mulheres do
Departamento de Polícia de Nova Iorque, que frustraram essa trama.
“Em um progresso chocante, agentes federais prenderam Benjamin Moss, criador
do poderoso Super PAC Americano, após ligá-lo a pagamentos feitos ao suposto
assassino do senador. Moss, um antigo presidente...” ela desligou a tv.
- Meu Deus. Foi Ben Moss – disse Castle.
- O maior "fazedor de reis".
- Mas Bracken só o prendeu. Do jeito que ele falou, eu esperava que o
cara morresse em uma "queda" de avião, ou em um misterioso "acidente"
de carro.
- Não. Assim é muito melhor – disse Kate - Agora Bracken é um herói
popular. O político raro, disposto a se manter firme e lutar pelo o que é
certo, mesmo se isso custar sua vida.
- Tem razão. É uma história melhor. O tipo de história que poderia
torná-lo presidente.
- Ele irá escorregar e, quando o fizer, estarei pronta.
Castle sorriu.
- Eu sei que sim. Vem aqui – ele estendeu a mão para ela que aceitou.
Colocou-a sentada ao seu lado – você está bem?
- Estou, de verdade. Mas ele via o olhar triste em seu rosto.
- Se quiser falar... estou aqui.
Ela suspirou. Em nenhum momento ele a pressionara para contar o que
estava acontecendo ou o que ela pensava a respeito do assunto. Ele deu-lhe
espaço, tempo mas agora ela também precisava falar.
- Eu quase coloquei tudo a perder Castle. Por um único ato, eu poderia
ter acabado com a minha carreira, minha reputação, meus valores. Tudo por quase
queimar uma carta, uma evidência crítica. Você tem ideia do que eu tive que
enfrentar esses últimos dias? Ver minha chance de vingar minha mãe, fazer
justiça escapar por entre meus dedos? Tive que defender meu maior inimigo,
salvei a vida dele mesmo sabendo que ele não pensou duas vezes ao mandar matar
minha mãe naquele beco. Dói, Castle. E desde que o salvei, não há um minuto
sequer que não pense porque corri para ajuda-lo, um minuto não passa sem eu me
questionar se decepcionei minha mãe novamente.
- Não, Kate... olhe pra mim. Ela obedeceu. Seus olhos estavam vermelhos,
cheios de lágrimas que lutavam para cair.
- Sua mãe, Johanna, não está decepcionada.
- Porque o salvei Castle? Porque? Devia tê-lo deixado morrer. Ele não
fez bem a ninguém, matou muitos, destruiu famílias. Como fui estúpida! E ainda
tive que ouvi-lo dizer que me deve, que posso precisar de um amigo. Burra!
- Não, você não é burra. Você o salvou porque isso é você. Não se
arrependa de seus atos. Como eu disse, Johanna ficaria orgulhosa. Você é um
exemplo de justiça. Manteve sua moral, seus princípios. Exatamente como sua mãe
lhe ensinou. Estou orgulhoso de você, Kate. E tenho que te confessar algo. Eu
sou muito pior que você. Eu teria ficado parado apenas observando ele se
acabar. Ao vê-la correr e salvá-lo, ver o modo como você lidou com ele durante
todo o caso, não teria esse sangue frio. Sei que não foi fácil, imagino que
você se culpou, julgou suas atitudes e teve que se controlar para não meter uma
bala no meio da testa dele. Por isso você é Kate Beckett. A melhor e mais justa
detetive que já conheci. Não me canso de ser surpreendido pelas suas atitudes.
Excepcional, como disse tantas outras vezes.
Ele viu um sorriso se formar nos lábios dela. Kate brincou com a gola da
camisa dele antes de tornar a olha-lo.
- Obrigada por estar ao meu lado. Por não duvidar de mim e mais
importante por acreditar em mim. Se arriscar comigo. Você é um parceiro
maravilhoso.
- Eu sei.
Ela riu do convencimento dele. Beijou-o apaixonadamente. E ele perdeu
seus dedos nos cabelos sedosos.
- Acho que você precisa de um bom descanso, que tal um bom banho de
espuma enquanto arrumo algo para você jantar?
- Dorme comigo hoje? E quando digo dormir, estou me referindo ao ato de
fechar os olhos antes que você faça outros planos nessa sua mente prodigiosa. Eu
realmente preciso de companhia hoje.
- Serei um perfeito cavalheiro, você apenas dormira em meus braços hoje,
tudo o que precisa é de uma boa noite de sono, o amanhã será promissor Kate...
Ela beijou-o novamente e seguiu rumo ao quarto. Ela repetia para si
mesma.
“Um dia de cada vez, Kate. Um dia de cada vez.”
Continua......
3 comentários:
epi. complicado este,para Kate. Eu não lugar dela teria tido outro tipo de atitude,queimaria a carta. Mas é da nossa detetive que estamos falando,rezo para que ela faça logo justiça para sua mãe.ter o apoio do Castle foi fundamental mesmo quando ela quis afasta-lo. E teremos mais angust a caminho.
Esperando pelo proximo cap.
Karen, adorei o capítulo!
Excelente a forma como vc abordou os conflitos da Becks e essa última conversa dos dois... super legal!
To doida pra ver o epi de semana passada pq pelos comentários deve ter sido muito legal! Provavelmente vc vai publicar o capítulo da fic antes de eu assistir o epi. Ai ai! Bjao...
Realmente esse episódio não tinha muita coisa para acrescentar, ele foi ótimo. Mas os pensamentos de Kate quanto a queimar ou não a carta e a conversa final entre Castle e ela foram ótimas sequências.
Gostaria muito que Braken voltasse em algum outro episódio, sempre os episódio que é relacionado ao assassinato da Johanna são ótimos.
Como estou super atrasada com as fics vou ficar por aqui, quero ler o próximo capítulo hoje ainda.
Beijos.
Postar um comentário