terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

[Castle Fic] Don't Give up on Chasing Rainbows - Cap.13


Nota da Autora: Não consegui tirar muito desse capitulo. Foi um episódio muito tenso com atuação primorosa de Stana. Acrescentei apenas algumas reflexões, nada demais. Desculpem se não pude fazer mais. Quando um episódio tem um nível muito alto de perfeição, é difícil acrescentar algo mais. E vamos rumo ao Valentine's! Enjoy! 



Cap. 13

No dia seguinte, ela não voltou a tocar no assunto do pesadelo. Queria esquecer por um tempo a angustia que sentira naquela noite, o aperto no peito que a dominou logo que acordara assustada na madrugada. Tomavam café quando o celular de Castle tocou. Era Alexis. Queria avisar que não viria para NY no fim de semana, ia passar na faculdade estudando com Max. Castle não pareceu muito tranquilo após esse telefonema.

- Ainda não sei o que está acontecendo com a Alexis. Ela não me parece certa sobre esse tal de Max.

Quando ia perguntar algo de Castle, o celular de Beckett tocou. Ele ouvia atentamente ela conversando e já entendera, um novo assassinato para eles.  A caminho da cena do crime, eles conversavam sobre os detalhes que ela recebera via fone e Kate acabou retomando o tema da conversa anterior enquanto caminhavam para encontrar Lanie e os rapazes.

- O que faz ter tanta certeza que Alexis não quer algo sério com esse cara?

- Não o conheci ou aprovei ainda, então não pode ser sério. Os pretendentes devem ser conhecidos e intimidados por mim, pessoalmente, antes de serem considerados como namorados oficiais. Ele já ia pegar nos restos do corpo quando Lanie o avisou.

- Eu não faria isso. O corpo dela estava naquele barril ali, queimado, quero dizer, além do reconhecimento.

- Chances de ser identificada?

- Não por impressões digitais. Mas a estrutura óssea me diz que é uma mulher jovem, cerca de 1.62m.

- Estava de passagem?

- Duvido. Há um buraco de bala na parte de trás da cabeça e também há os dentes. Todos eles foram arrancados de sua boca.

- Então esqueça registro dentário – disse Castle.

- Alguém, obviamente, fez grande esforço para fazê-la desaparecer – disse Beckett.

- Então... nenhum desses caras viu nada. Mendigam durante o dia- Ryan explicava - Só voltam aqui quando escurece.

- O primeiro que apareceu disse que o fogo já estava aceso. Soa como um despejo.

- Certo – Beckett disse - Temos uma mulher. Ela tem 1.62m. Vamos começar pelos relatórios de pessoas desaparecidas.

- Esperem. Pode ser que não precisem fazer isso. Um parafuso de titânio da mandíbula dela. Um Implante dentário. E tem o número do lote, o que pode nos dar o nome dela.

- Rastreamos o parafuso dental até Melanie Rogers, 27 anos. Vivia em Nova Jersey, perto da Universidade Rutgers, onde era uma engenheira com pós-doutorado em designer ecologicamente correto. Ela era bem quista e respeitada por todos. Ninguém sabe quem poderia ter feito isso a ela.

- O que uma engenheira de NJ faz em um barril na baixa Manhattan?

- Não sei, mas algo acontecia com ela – Espo falou - Puxei os registros telefônicos de ontem. Tem meia dúzia de chamadas para o mesmo número em 20 minutos.

- Namorado?

- Pode ser. O código é 202, mas é listado como bloqueado.

- 202. É Washington, capital – disse Castle.

- Sim. A verificação preliminar mostra que é um celular.

- Seja quem for, pode estar na cidade. Pediremos um mandado para o telefone – pediu Beckett.

- Ela fez outra chamada depois, por volta de 16h. Depois, toda atividade do telefone parou – disse Espo.

- Para quem foi a chamada?

- Para a meia-irmã dela, Julie. Chequei. É sua única família. Trabalha de analista de crédito no centro.

- Traga-a. Ela pode ser capaz de esclarecer algo.

Ao entrevistar a irmã da vitima, Beckett não descobriu muita coisa. Elas se falavam mas a irmã não tinha ideia se Melanie estava namorando, apenas que há duas noites ela mencionara que ia encontrar um amigo mas que não podia revelar detalhes. Ao ser questionada sobre o telefonema de ontem, Julie revelou que não falara com ela ontem e descobriu que a irmã deixara uma mensagem. 

“Sou eu. Acho que está acontecendo alguma coisa. Algo está errado. Estou certa que há alguém me seguindo”

Beckett ouvia atentamente a mensagem agora já repetida algumas vezes. Então conseguiu identificar algo.  

- É um estacionamento.

- Dá para ouvir dois passos diferentes.

“Se acontecer alguma coisa, diga-lhes X-T-3...” e um tiro foi disparado.

- É isso aí.

- Ela gravou o próprio assassinato – disse Beckett.

- Certo, estacionamento, letras e números. Parece que estava lendo uma placa.

- Do cara que estava seguindo-a. E XT3, deve haver milhares de placas com essa parcial. Toque o final novamente? Achei ter ouvido algo após o telefone cair no chão.

E a técnica tocou novamente a mensagem. Beckett percebeu o som novamente. 

- Aí está. Você ouviu isso? Há um clique.

- Deixe-me ver o que posso fazer com isso – disse a técnica e melhorando o som do equipamento ficou claro.

- É um isqueiro. Um isqueiro da Zippo. Ele mata Melanie e dá uma parada para fumar? Castle indagou.

- Significa que podemos estar lidando com um psicopata.

Ryan entrou na sala com novidades.

- Aquele número de Washington, parece que o dono não estava na cidade. Ela ligou na outra noite logo após jantar com a irmã.

- Quando ela disse que veria alguém.

- Exato. O cartão mostra que ela pegou um táxi minutos depois. Localizei o motorista e ele disse que a deixou no Hotel Standish, às 23h.

- Talvez estivesse com o amigo de Washington para um encontro secreto? Indagou Castle.

- Faz sentido. O Standish é popular entre homens casados que valorizam descrição.

- Talvez alguém no hotel a viu com ele.

No hotel, eles indagaram o recepcionista mas ele não parecia querer cooperar mesmo com Beckett lembrando que era uma investigação de assassinato. Beckett mostrou a foto novamente.

- Talvez eu tenha a visto algumas vezes.

- E duas noites atrás?

- Sim. Provavelmente.

- Ela estava se encontrando com alguém? Vou precisar de um nome.

- Nossos clientes valorizam suas privacidades. Está me colocando em uma posição inadequada.

- Acha que isto é inadequado? Espere eu pegar um mandado e interrogar todos que ficaram aqui no último ano.

- Certo. Não ouviu isso de mim – e ele apontou para a foto do jornal, nada mais nada menos que Bracken. Nem um dos dois estava preparados para essa virada.

- Não pode ser. Melanie estava tendo um caso com o senador Bracken.

- É isso. Esposito confirmou. O número que Melanie ligava era o celular do senador Bracken.

- Ligações de madrugada, encontros secretos... Bracken tinha um caso com Melanie. Ela deve ter se tornado um peso.

- Ou ela descobriu algo em que ele estava envolvido e se tornou uma ameaça – disse Beckett.

- E ele lidou com ela como lidou com sua mãe e tentou lidar com você.

- É isso, Castle – ela já sentia a adrenalina correndo nas veias - Esta é a minha chance de fazê-lo pagar.

- Mas temos que ser cautelosos. Sabemos o que acontece com quem vai atrás dele.

- Mas ele não sabe que estamos na cola dele. Temos a vantagem – insistiu Beckett.

- Temos? O que acha que ele fará quando perceber? - Castle já se mostrava preocupado. Ele sabia exatamente o que isso poderia fazer com ela, sabia a sede de justiça que Beckett nutria contra o senador e o pesadelo da última noite não ajudava em nada.

Beckett entendera o que ele queria dizer e a preocupação também estava estampada no seu rosto. Para evitar suspeitas, ela decidiu mandar Esposito e Ryan para falar com o senador. O foco era Melanie e iriam pedir ajuda não acusa-lo de algo. Na frente da casa dele, Espo desabafou.  

- Esperava que a próxima vez que eu visse esse cara fosse sob o cano da minha arma.

O senador estava no meio de uma reunião tentando fazer um acordo político com alguém quando os detetives foram anunciados. 

- Desculpe te incomodar, senador. Não vai demorar muito.

- Do que isso se trata, Bill? A esposa perguntou.

- Não tenho certeza – olhou para Esposito - Você parece familiar. Já nos conhecemos?

- Acho que não, senhor. Há algum lugar onde podemos conversar? E foram para o escritório.

- Eu ofereceria uma bebida, mas tenho a sensação de que é uma visita oficial.

- Só gostaríamos de te fazer algumas perguntas sobre alguém. Melanie Rogers.

- Claro. Conheço Melanie. Ótima garota. Algum problema?

- Ela está desaparecida. Desde ontem.

- Ela está desaparecida? Isso é terrível. Farei de tudo para ajudar.

- A última vez que viu a Srt.ª Rogers?

- Ontem. Ambos estávamos na mesma conferência na cidade.

- Esbarrou com ela lá?

- Não. Farei o discurso de abertura e ela estava me ajudando com ele.

- Ela trabalha para você.

- Não exatamente. Ela concordou em ajudar em uma parte da legislação que eu estou lidando.

- Ela é uma consultora não remunerada? Perguntou Esposito.

- Acho que sim. Por quê?

- É que foram vistos juntos, no Hotel Standish, duas noites atrás.

- O que está insinuando?

- Só estamos estabelecendo um cronograma do paradeiro de Melanie.

- Não. Está usando uma relação profissional contra mim. Então, ele reconheceu Esposito.

- Cara, não estamos tentando...

- Eu sei onde já te vi. Trabalha com a Detetive Beckett.

- Só temos mais algumas perguntas. Ryan tentou remediar.

- Ligue para o meu advogado.

De volta ao distrito, Esposito atualizou Beckett. 

- Aquele cara é culpado, mas ele tem um álibi. Estava em uma conferência o dia todo. Ryan está verificando agora.

-Vai confirmar – disse Beckett - Ele nunca faz isso sozinho. Sempre envia alguém.

- Certo, certo, então... não só temos que achar o assassino, temos que ligá-lo a Bracken.

- Mas não temos ideia de onde procurar. Nem temos uma cena do crime.

-Não, mas estamos perto. O FBI analisou o correio de voz de Melanie. Foi uma ligação feita de uma garagem onde ela foi sequestrada.

-Identificaram o ruído do fundo como o motor hidráulico de um guindaste de torre. Disse Castle. 

- São usados em construção pesada. A garagem é perto de uma obra.

- E só 12 obras na cidade estão usando esse guindaste. Conforme mostrava a tela do computador de Beckett.

- O álibi de Bracken confirma – disse Ryan, o que já não era mistério pra ninguém - Testemunhas o viram na conferência ontem à tarde. Também confirmaram que Melanie estava lá, como ele disse. Ela foi vista saindo às 15h45.

- Melanie gravou a mensagem de voz do estacionamento às 16h. Onde é a conferência?

- No hotel Widmark, no centro.

- O Widmark fica a 5 quadras dessa área em construção.

- Bem ao lado de um estacionamento.

Eles estavam vasculhando a cena do crime quando Ryan chamou por ela. Acharam um carro abandonado com as iniciais da mensagem de Melanie.

- Checou as placas?

- Chequei. Foi roubado e notificado há 4 dias.

- Olhem dentro. Espo, abra o porta mala.

Dentro, Beckett achou uma sacola. Abrindo encontrou o um rifle. Algumas plantas e outras informações.

- Posso estar errado, mas isso parece um rifle.

- Não está.

- Vejam. Hotel Widmark. Onde ocorre a conferência. Não é lá que Bracken disse que discursaria?

Ao abrir um suposto panfleto, Beckett desvendara o mistério e não ficara nem um pouco satisfeita com o que encontrara. 

“PRECISO DE RIFLE PARA MATAR O DIABO” e a foto do senador marcada como o diabo de chifres - MORRA, DIABO.

- Não acho que Bracken seja o nosso assassino.

- Não é – disse Castle, após ver outras fotos tiradas dele - Ele é o alvo.

 A frustração era visível nos olhos de Beckett quando eles decidiram parar. CSU enviariam todas as evidências para análise e eles teriam algo melhor pela manhã. Quando Castle pediu para ela ir para seu apartamento, Beckett declinou. Queria ficar sozinha. Ele não insistiu, podia imaginar a confusão que começava a se instalar na mente dela.

Sozinha, Beckett tomava uma xícara de café e pensava em como a vida poderia alterar seu curso repentinamente. Assim que descobrira um possível envolvimento do seu arqui inimigo, Kate pensara que teria sua chance de fazer justiça, descobrir que o senador era agora um alvo e uma vitima causava um misto de sentimentos contraditórios nela. Alguém o queria morto, como ela, alguém a quem o senador fizera mal em algum momento da vida. Porém, como figura pública e um alvo, Kate não podia alcança-lo. Pior, devido a sua profissão, ela poderia ser responsável pela sua segurança. Teria esse poder. Mas isso era apenas especulação de sua cabeça. Ela não esperava trabalhar na proteção dele, isso certamente seria trabalho para o FBI. Beckett estava prestes a descobrir o quanto estava enganada.    

No dia seguinte, Beckett atualizava Gates.

- Diante do que achamos no carro, alguém planejava atirar no senador na Eco Conferência de amanhã, onde ele discursará.

- E se nosso suspeito ainda está à solta, ele ainda é uma ameaça. Conseguimos alguma digital da sacola?

- Ainda não. A perícia ainda está analisando o carro, o caderno, tudo o que havia na sacola, inclusive o rifle. Há números de série no rifle. Estamos checando.

- E nossa vítima? - Perguntou Gates - Como Melanie Roger acabou envolvida nisso?

- De algum modo, ela tropeçou na trama e ele a matou. Disse Castle. Um policial se aproximou de Gates.

- Com licença. É o Prefeito. Mantenham-me informada. Ela saiu e Ryan se aproximou.

- Podemos ter uma descrição do nosso possível atirador. A segurança do Widmark barrou alguém de entrar na conferência sem credencial.

- Quando?

- Há dois dias. Branco, boné de beisebol, barba, cabelo longo e pegajoso e carregava uma grande sacola cinza, como aquela.

- A que horas? Castle perguntou.

- Disseram que era 15h45.

- É quando Melanie saiu da conferência. Na mensagem, ela diz que havia algo errado. E se viu e seguiu o cara até a garagem?

- Certo. Pegue Espo e um desenhista e falem com a segurança do Widmark. Quero a imagem desse cara circulando em até uma hora.

- Kate. Castle chamou por ela ao perceber quem saiu do elevador. Ela respirou fundo. O senador a encarou. Frustrada, ela desabafou.

- Finalmente, eu ia pegar esse cara, Castle. E agora estou protegendo o homem que matou minha mãe.

Na sala de Gates, eles discutiam a segurança do senador. Castle e Beckett estavam presentes e o clima estava tenso o bastante para Castle observar as reações do senador e Gates não perceber o que tudo aquilo poderia significar.

- Senador, podemos aumentar sua segurança. Mas até que prendamos esse homem... recomendo que adie seu discurso.

- Isso é mesmo necessário? – perguntou o assessor - A ameaça não está neutralizada?

- Mas não o detivemos – disse Beckett - Estamos falando de alguém impiedoso, metódico. Alguém que matou Melanie Rogers apenas para impedi-la de falar. Isso sugere uma pessoa que quer ver o plano adiante.

Castle pode perceber uma certa apreensão no rosto do senador ao mesmo tempo que não podia deixar de admirar o profissionalismo de Kate, apesar de tudo.

- Sim, mas você disse que aumentaria a segurança. Essa não é uma conferência qualquer. O senador revelará uma ampla iniciativa ambiental que é o coração de seu mandato. Emitimos várias credenciais à imprensa...

- Senador, não posso garantir sua segurança – disse Gates. Bracken fitava Beckett com o canto dos olhos.

- Discursarei nessa conferência. Esse discurso me coloca no cenário nacional. Não vou fugir e me esconder só porque um maluco com um caderno fez uma ameaça. Sugiro que façam o possível para deter esse homem. Obrigado.

Ele já se levantara quando Gates tornou a falar.

- Muito bem, senador. A detetive Beckett precisa de um momento com o senhor.

- Por quê?

- Porque ela está liderando a investigação – Gates percebeu os olhares - Alguma razão em não querer atuar com a detetive Beckett?

Bracken resolveu ceder. Ele reparara que a detetive o encarava sem medo, ficar sozinho com ela poderia ser bom ou mesmo ruim a julgar pela última vez que isso acontecera.

- Em um lugar mais reservado. Podemos, detetive?

Kate esboçou um sorriso que demonstrava confiança, no fundo, a raiva a corroia.  Numa sala a sós, ela o convidou para sentar permanecendo de pé. Encaravam-se mutuamente.

- Bom... Difícil não notar a ironia desta situação.

- Senador Bracken, tem algum inimigo? Acha que há alguém que gostaria de te matar? – ela tentava demonstrar maior calma possível.

- Recebo mensagens com ameaças o tempo todo. Ossos do ofício. Meu assessor tem um arquivo.

- Alguém com uma reclamação legítima?

Ele tinha que dar crédito a ela. Precisava de muito sangue frio para estar de frente com o inimigo e manter a postura da forma que fazia. Ele precisava provoca-la.

- Um homem não chega ao meu cargo sem irritar pessoas pelo caminho. A maioria não é louca a ponto de tentar me matar... excluindo minha companhia atual.

- Sabe, senador... não é comigo que deveria estar preocupado. Ela sentou-se de frente para ele.

- Somos apenas nós aqui, detetive. Um atirador à solta, eu na mira... Deve ser um sonho se realizando para você.

- Nos meus sonhos, sou eu quem puxa o gatilho. Mas se não está confortável comigo no comando disso, está convidado a sair daqui e dizer a todos o motivo – Bracken recuou - Então eu acho que estamos presos um ao outro. Deixe-me esclarecer uma coisa. Esse homem matou Melanie Rogers e quando alguém comete um assassinato, quem quer que seja, senador... irei levá-lo à justiça, não importa quanto tempo leve – a indireta fora mais que clara para o senador.

- Meu assessor mandará as cartas.

Espo e Ryan estavam de frente para o quadro de evidências.

- Quer saber, se eu fosse ela, ficaria enrolando, até que quem quer que seja metesse uma bala no Bracken.

- Você não faria isso, pois isso te tornaria igual a ele.

- O cara matou a mãe da Beckett, capitão Montgomery e sabe-se lá quem mais. Bracken fez por merecer, então deixe acontecer. Nesse momento Gates se aproximou.  

- O prefeito quer notícias. Quais as últimas?

- O número de série daquele rifle nos levou a uma loja de caça em Paterson, Nova Jersey. O dono identificou o retrato falado. Arquivos indicam que várias armas de fogo foram compradas, mas todos os nomes e endereços são falsos.

- Leve reforços para examinar a área perto da loja e leve o retrato falado do suspeito.

-Está bem.

-Detetive Esposito. Notícias da perícia?

-Sim, senhora. Eles acharam parte de um recibo com uma mancha na bolsa. Estão tentando tirar uma digital parcial. O recibo não diz a loja, mas o código de barras corresponde ao do boné. A fábrica mandou uma lista com as lojas na área triestadual, mas são mais de 200.

- Foque nas de Nova Jersey primeiro. Faltam 24 horas para Bracken discursar, talvez Beckett tenha mais sorte com as cartas de ameaça.

Em outra sala do distrito, Castle e Beckett buscavam alguma pista nas cartas enviadas ao senador.

- Esse povo não tem mais o que fazer. Para a maioria, parece que a única companhia é o ET que fala com eles pelo micro-ondas – disse Castle.

- Há muitas pessoas solitárias e confusas por aí. Mas, até agora, nenhuma dessas cartas tem a mesma caligrafia do caderno do suspeito.

- Vendo do que ele é capaz, você pensaria que Bracken teria mais inimigos formidáveis.

- É claro que você nunca viu a carta que eu o mandei.

- Eu vi, na verdade. Gostei de como fez os pingos do "i" de "matei" com coraçõezinhos. Bem legal.

- Quis dar um toque pessoal.

- Mandou bem. Nós realmente não conversaremos sobre isso?

- Castle, o que há para conversar?

- Sinceramente? Praticamente tudo.

- Por isso tudo que posso fazer é tratar esse caso como um comum, pois é isso que ele é – ela acabara de abrir mais um envelope e guardou quase que de imediato - Igual a qualquer outro caso.

Castle bocejou mostrando sinais de cansaço. Ela aproveitou o momento para manda-lo para casa.

- Você está cansado, Castle. Por que não vai descansar?

- Não, posso ficar se você quiser. Ela sorriu e tocou o braço dele.

- Não, pode ir. Ligo se precisar, certo?

- Você é excepcional, sabia disso? Ele olhou para ela sorrindo. Kate esperou ele sair da sala ainda segurando o envelope nas mãos. Quando ele saiu, ela retirou a carta abrindo-a novamente sobre o caderno. Era a mesma letra. A combinação perfeita. Kate sentiu um arrepio percorrer sua espinha, o coração começava a acelerar. Ali a sua frente, sua chance de encontrar o assassino de Melanie e por um fim a ameaça ao senador. Então, porque ela relutava? Não disse que faria tudo em nome da justiça? Kate vivia um debate moral íntimo e pessoal. Ao invés de procurar Castle para conversar, ela foi atrás da única pessoa que podia ser imparcial em tudo isso. A pessoa que a ajudou a superar o caso da mãe e poder encarar o senador de igual para igual.   

- Estou trabalhando nesse caso em que preciso achar o suspeito. E me deparei com uma evidência. É uma carta que ele escreveu. Não há endereço nem nome. Só um selo de Nova Jersey. E meu instinto diz que essa é a nossa chance. De um jeito ou de outro, irá nos levar até ele.

Ela estava de pé no consultório dele. O terapeuta a escutava atentamente. A mulher a sua frente vivia um dilema e era seu dever ajuda-la a tomar a decisão correta.

- Ainda assim, está aqui falando comigo.

- Se encontrarmos esse suspeito, então alguém pior, muito pior, não será punido.

- Imagino que ninguém saiba sobre a carta.

- Não, ainda não.

- Como uma policial, já deve ter enfrentado tais dilemas. Ele conhecia Kate Beckett o suficiente para saber o porque dela estar ali. Queria expor suas ideias, a ele caberia ouvi-la e ao fazer questionamentos e afirmações apontar a ela o melhor caminho mesmo que nas entrelinhas.

- Já.

- Por que agora é diferente?

- Porque, desta vez, parece que não há escolha certa.

- Talvez a escolha certa seja aquela com a qual possa conviver.

Ela respirou fundo. Agradeceu ao terapeuta e foi para casa. Sobre a mesa, várias fotos do caso da mãe, pastas de investigação e a carta exposta bem à frente dos seus olhos. Como policial ela jamais consideraria esconder uma evidência tão crucial para a solução de um caso. Como vítima por duas vezes, não era tão simples aceitar o fato de estar salvando a vida do assassino de sua mãe. Era um debate moral e dificilmente a maioria das pessoas saberiam dizer qual seria a escolha certa, a justa.

Por um momento, seu distintivo não importava mais, sua carreira ou sua reputação. Tudo o que importava era agir com o coração, clamar por justiça pelo mal causado a sua mãe, a sua família e a tantas outras pessoas. Kate estava com um olhar frio e perdido ao acender o fósforo. A carta exposta sobre a mesa, a chama ardia queimando a madeira. Tudo o que ela devia fazer era joga-lo sobre o papel e num piscar de olhos sua principal evidência sumiria da face da terra sem ninguém desconfiar nem por um segundo do que ela fizera.

Tão simples, tão fácil e rápido. Bastava um segundo e tudo sumiria diante dos seus olhos e quem sabe a justiça seria feita pelas mãos de outro atirador, outra pessoa que teve sua vida afetada pelos atos impunes de Bracken. Mas então, o que isso a tornaria? Tão baixa quanto ele. Desprezível. Egoísta. Vingativa. Como ela haveriam muitas outras vítimas que esperavam um dia vê-lo enfrentar a justiça e pagar por tudo o mal que ele causara, seja em um julgamento ou com uma bala na cabeça, de alguma forma ele pagaria. Como seria? Coração e razão travavam uma luta enquanto o palito queimava. Com um longo suspiro, ela livrou-se do fósforo.

Kate sentou-se no sofá. Fora um momento de fraqueza. O olhar perdido, os lábios entreabertos e mesmo com as mãos tremendo sobre o colo ela sabia que não poderia ser nunca igual a ele. A ética e a moral prevaleceriam em seu julgamento, pelo menos por enquanto. Encostando o corpo no sofá, ela deixou escapar um lamento.

- Sinto muito, mãe.

O celular começou a tocar sobre a mesa. Castle. Ela não podia atender, precisava de um tempo. Ele perceberia que ela não estava bem e insistiria em ajuda-la. Se isso acontecesse, Kate não saberia como encara-lo. Não saberia se resistiria ao relembrar de todos os acontecimentos daquela noite. Ainda não sabia como agiria pela manhã e preferiu não falar com ninguém. Simplesmente ignorou a ligação desabando no sofá e fechando os olhos. 

No dia seguinte, Castle chegara ao distrito com dois cafés perguntando por ela aos rapazes.     

- Oi. Vocês viram a Beckett?

- Não desde ontem à noite. Pensamos que estivessem juntos.

- Tentei ligar hoje, mas ela não atendeu.

A investigação estava num beco sem saída, nenhuma novidade parecia apontar uma pista e o próximo passo a seguir.

-Oi.

-Oi.

- Como anda a procura pelo suspeito?

- Em lugar nenhum. E Bracken falará em menos de 10 horas. Achou algo nas cartas?

- Não - ela optara por omissão nesse momento - Nada de valor. Castle percebeu que ela remoia algo.

- Você está bem?

- Preciso de um segundo.

Ela se escondeu na sala de descanso. Suspirou tentando espantar as lágrimas que queriam formar-se em seus olhos. Ela pensou que a solução daquele caso podia estar literalmente em suas mãos. Segurando o envelope, ela viu Gates confortando a irmã de Melanie. Justiça. Outra vítima. Ela olhou a carta uma vez mais. Parecia que sua decisão estava tomada.  

-Pessoal, tem algo que eu...

-A perícia acabou de ligar sobre o recibo naquela mochila.

-Conseguiram uma digital?

-Não, mas havia traços de óleo de motor e resíduo de freio.

- Nosso cara é mecânico.

- Talvez comprou a arma perto do serviço. Onde é a loja?

- Paterson, fora da estrada.

-É um começo. Mandarei os endereços quando estiverem a caminho. Farei uma lista de cada oficina em um raio de 8km e partiremos daí.

- Ia dizer algo? Perguntou Castle.

- Não. Já passamos dessa fase.

Esposito e Ryan saíram à procura do suspeito em cada oficina informada por Beckett. A busca tornara-se mais difícil do que eles imaginaram. Quando pensaram em desistir, Ryan reconheceu o boné no interior da oficina. Ao falar com o dono, ele reconheceu o retrato falado como um ex-funcionário passando as informações para os rapazes. A letra era compatível com a do suposto assassino. De volta ao distrito, Castle lia a ficha do cara para Beckett.

- Robert McManus tem histórico de esquizofrenia, várias estadias na ala psiquiátrica, episódios recentes desencadeados pela morte do filho.

- Oi.

- Como está o andamento?

- Cada policial da cidade tem uma foto dele. A SWAT está na casa dele, mas os vizinhos dizem que não o veem há um mês. Some por muito tempo.

- Estamos olhando as finanças, mas estão ultrapassadas. As contas fecharam anos atrás. Está vivendo fora do sistema. Gates apareceu com algo realmente bom.

- Consegui algo. Olhamos perto de um restaurante que frequentava. Um recepcionista o identificou. Está lá há um mês.

E todos foram a campo. Invadindo o lugar, encontraram tudo vazio.

-Polícia!

-Polícia! Não se mexa!

-Analisem tudo. Procurem algo que nos leve a ele. Vamos olhar o resto do prédio. Perguntarei ao síndico sobre a rotina dele.

Beckett saiu pelo corredor e deu de cara com o suspeito. Ergueu a arma e destravou-a, pronta para atirar.

- NYPD. Mãos ao alto. Não se mexa. Não se mexa ou eu atiro!

Mas o cara correu e Kate Beckett debateu e titubeou antes de realmente atirar. Lutando contra sua consciência, ela não correu atrás dele deixando-o claramente escapar. Castle chegara no instante que ela decidira não perseguir o suspeito mas percebera que ela fizera uma escolha. Ele não a questionaria por isso. Se ela quisesse falar, ele sabia que Kate falaria. 

No 12th, ela remoia as consequências de seus atos. A culpa começava a pesar sobre sua mente.

- Acabei de falar com Ryan. McManus ainda está à solta, mas estão indo de porta em porta nas proximidades.

- Eu o tive em minha mira. Eu o tive.

- Você errou, e daí? Acontece com qualquer um. Mas duvidava que ela pudesse errar aquele tiro tão próximo.

- Não. Eu não errei.

- Como assim?

- Achei uma carta... no arquivo de ameaças. Era do McManus.

- Desde quando sabe disso?

- Desde ontem à noite. McManus acusava Bracken de ter matado seu filho. Eu pesquisei. O garoto tinha 24 anos, foi estagiário na campanha de reeleição do Bracken. Ele tinha uma reunião com um repórter e, no dia seguinte, foi encontrado enforcado.

-E você acha que Bracken...

- Não sei, Castle. Meu Deus. Eu quase destruí evidência. Eu ia queimar aquela carta.

- Mas não queimou.

- Eu não errei o McManus. Olhei em seus olhos e vi sua dor. E não pude atirar. E se eu quisesse que ele escapasse? Que ele seguisse com o plano? O que isso faz de mim?

Castle podia ver o conflito e a dor também nos olhos dela. Nesse momento, Gates entra na sala. Beckett perguntou.

- Alguma novidade?

- Nada sobre o McManus, mas a revista encontrou fios, detonador, vestígios de C4. Parece que estava construindo uma bomba.

- Uma bomba? – Beckett engoliu em seco, isso mudava tudo - Alguém a encontrou?

- Não, mas se ele construiu algo, ou está com ele ou já está posicionada para explodir.

- Beckett, espere.

- Ele tinha um rifle, Castle. Um rifle. Não uma bomba. Se ele detoná-la hoje na conferência e pessoas inocentes se machucarem...

- Isso não é culpa sua – ele tentava conforta-la da única maneira que podia, com palavras mas tinha medo de que isso não fosse suficiente.

- Como não? Sou policial. Eu tinha um trabalho a fazer e não o fiz. Preciso consertar isso. Preciso achar essa bomba e salvar a vida do Bracken – e naquele momento ela falava pelo distintivo que jurara defender, pelos valores morais que valorizava e pela justiça que precisava ser feita. Kate Beckett finalmente tomara sua decisão.

- Parece que você conseguiu uma ajuda. Castle apontou para o homem que era trazido pelos rapazes.  

- Nós o encontramos escondido em um telhado há três quadras.

- E quanto à bomba?

- Perguntei a ele.Também perguntei sobre Melanie. Ele não fala muito. Ele não abriu a boca desde que o pegamos.

- Levem-no para o interrogatório.

- Por que acha que ele falará com você? Perguntou Esposito.

- Porque... eu o conheço.

Kate entrou na sala de interrogatório e cumprimentou-o. - Oi, Robert. Sou a Kate. Por que você não tira essas coisas? Parecem desconfortáveis – ela estendeu a chave das algemas para ele - Sei como é perder alguém que ama. Viver com essa dor. Sentir raiva pelo responsável por isso. Pelo Bracken – ela desatou a falar precisava se conectar com ele - Ele tirou alguém próximo a mim. Ele matou minha mãe, depois foi atrás dos meus amigos. Até tentou me matar.

Castle escutava Beckett abrir a ferida novamente. Gates pegou parte da conversa.

- Ela está falando do Bracken?

- Ela só está tentando conectar-se a ele de algum jeito – justificou Castle.

- Esse homem matou meu filho. Ninguém se importou.

- Eu me importo.

- Ele precisa pagar.

- Não com uma bomba, Robert. Não somos como ele. Não machucamos gente inocente. Cadê o C4?

- Você quer me confundir... ou me enganar para eu dizer algo que não devo.

- Estou tentando derrubar Bracken, igual a você. Temos que fazer isso da maneira certa. Nós estamos do mesmo lado, Robert.

- Você está do lado dele. Ele controla a todos. Vocês estão todos nas mãos dele. Cada um de vocês!

Doía ouvir aquelas palavras mas ela precisava conquista-lo. Provar que ele estava errado quanto a ela.

- Não estou, não. Sou igual a você, Robert.

- Ela o está perdendo – disse Gates.

- Você não é igual a mim. Você está inventando coisas, inventando histórias. Se tivesse passado pelo que passei, você iria quer vê-lo morto!

- Tudo que te disse é verdade. Robert, olhe para mim.

Ela se ergueu e bateu na mesa.

- Onde está o C4? Se aquilo explodir, teremos sangue em nossas mãos e não posso viver com isso e sei que você também não pode.

- Detetive, uma palavrinha.

- Senhora. Havia raiva na voz de Beckett.

- Detetive! Beckett olhou mais uma vez para ele e saiu da sala pronta para pedir mais um tempo com Robert.

- Senhora, posso fazer isso. Posso chegar...

- Acabou, detetive.

- Dê-me mais um minuto.

- Recebi uma ligação do FBI. Acharam a bomba.

Gates chamou o senador no distrito para dar a ele a noticia pessoalmente. Beckett estava ao lado dela.

- McManus alugou uma caixa postal no correio. O C4 estava lá, conectado a um colete. De algum modo, ele conseguiu credencial para a conferência.

- Obrigado, capitã, por tudo que você fez.

- Na verdade, a det. Beckett merece o crédito. Ela quem liderou a equipe – o celular dela tocou - Com licença, senador. Boa tarde, senhor prefeito. Ao deixa-los sozinhos, Beckett travou um olhar desafiador com o senador. 

- Eu soube como você liderou a equipe. Você disparou dois tiros à queima roupa e errou ambos. Todo esse papo de justiça... Acho que estava certo sobre você.

Beckett não ia discutir com ele e Bracken não pretendia passar mais tempo ali próximo a ela. 

Em casa, ela estava debruçada ainda sobre detalhes do caso quando autorizou a entrada de Castle.

- Olhe só isso. Há maneira melhor de celebrar o fim de um caso árduo do que com uma garrafa de... O que está fazendo?

- Castle, olhe este colete que McManus supostamente fez. As abraçadeiras e os fios. Eles foram feito com precisão. Você viu McManus. Ele mal conseguia abotoar a própria blusa.

- Em seu estado atual, não. Mas poderia enquanto tomava os remédios.

- E quanto ao corpo da Melanie? Queimado e com dentes arrancados para que não fosse identificado. E larga uma sacola em um carro roubado para que encontrássemos? Não faz sentido.

- Ele é doente mental. Nem tudo o que ele faz fará sentido. Castle já entendera que ela não se contentara com o final do caso. Ela vira algo mais. Seu único medo era que esse algo pudesse leva-la a perdição e ele não poderia deixa-la sucumbir uma vez mais. 

- Não, Castle. Tem algo errado. O isqueiro que ouvimos na caixa postal de Melanie... McManus não fuma. Não achamos isqueiro em nenhuma de suas coisas.

- Kate... Deixe para lá. Você não tem nada a provar. Não ao Bracken, ou a mim, ou a você mesma.

- Isso não é sobre provar nada. É sobre a evidência.

- Todas as evidências, a carta, o caderno, a bomba, tudo nos leva ao McManus.

- E se quisessem que o encontrássemos? E se armaram para ele? Para que todos pensassem que a ameaça passou, enquanto o assassino está solto? O C4 no colete. E se fosse para encontrarmos essa bomba, enquanto há outra por aí a ser usada no discurso? Há semanas que se sabe a hora e o local desse evento.

Enquanto ela falava, ele analisava a situação. Da mesma maneira que ele fizera várias vezes questionando o julgamento dela. Castle não podia ignorar a lógica que ela usava porém não queria entrega-la de bandeja ao senador. Ele tentava argumentar com ela apenas para evitar o pior. 

- Se uma bomba explodir durante o discurso do Bracken, poderiam dizer que McManus a colocou lá antes de ser preso.

- Bracken sobe ao palco às 20h. Isso é daqui 20 minutos. Sei que não tenho provas, sei que parece loucura...

- E sabe o quanto Bracken estava determinado em fazer o discurso. Se impedi-lo e estiver errada, sua carreira acabou.

- E se estiver certa? – eles se entreolharam, Castle já tinha sua resposta e restava apenas apoia-la - Aqui é a detetive Beckett, distintivo número 41319. Estou ligando para pedir a evacuação do hotel Widmark.

Tão logo eles pisaram na rua em frente ao hotel, Bracken a chamou querendo respostas.

- Detetive Beckett.

- Castle, veja se consegue notícias do esquadrão antibomba.

- Certo.

- O que está acontecendo? Quem chamou o antibomba?

- Havia uma ameaça confiável.

- Confiável segundo quem?

- Acho que devemos conversar a sós. E os demais assessores deixaram-nos sozinhos.

- Acreditamos que alguém que você conhece está tentando te matar.

- O quê? Vocês já têm o homem sob custódia.

- Acreditamos que armaram para McManus devido às cartas ameaçadoras que te mandou, o que significa que o envolvido tem acesso ao seu escritório.

- E você tem provas disso? Você não tem provas?

- Eu não faria uma acusação assim levianamente.

- Então você deu um alerta de bomba baseada em um palpite?

- Beckett – Castle a chamou.

- Terminamos a busca na área principal, detetive. Não encontramos explosivos.

- E o palco? Checaram o palanque?

- Fizemos a varredura em um raio de 15m de onde ele estaria.

- Certo, isso é ridículo. Levem todos para dentro de novo.

- Lamento, mas ainda devemos fazer a varredura detalhada do prédio. Receio que ainda levará mais algumas horas.

- Acha que não sei o que está fazendo? Deixou McManus fugir para que ele me pegasse e, quando isso não deu certo, resolveu destruir o momento mais importante de minha carreira. Agora Bracken estava realmente com ódio.

- Não é isso...

- Poupe para o Conselho de Avaliação. Você exagerou em sua jogada, agora vou acabar com você.

- Meu Deus. Castle, não entendo. Como erramos tão feio?

- Sabíamos que era arriscado.

- Não. Deve haver um motivo de armarem para McManus. Só podiam estar planejando isso para hoje, bem aqui. É a única coisa que faz sentido.

- Ou não foi armado para ele.

- Talvez não puseram a bomba no prédio. Como aumentou a segurança quando McManus estava solto, talvez precisaram mudar o plano. Pôr a bomba em um lugar mais acessível.

- Kate...acabou.

E então ela ouviu. O mesmo barulho na mensagem da Melanie. Um isqueiro. Abrindo e fechando, como o tick tack de um relógio. Ela se virou em busca da origem do som e viu. O motorista. O carro. Bracken caminhava na direção do carro. Bastaram segundos para ela compreender o que aconteceria em seguida. Ao vê-lo colocar o isqueiro no bolso, ela correu. Castle correu atrás. O detonador foi disparado e Beckett jogou-se contra o senador quando o carro explodiu levando-o ao chão. Castle parou no meio do caminho vendo as chamas tomarem conta de tudo.

Desespero.

Onde estava ela?  

- Kate!

Ele a viu ainda no chão protegendo o senador.

- Castle. O motorista.

Ele correu e conseguiu derruba-lo no chão. Os policiais se encarregaram de prendê-lo. Beckett ergueu o senador do chão que ainda parecia perdido diante de que ocorrera. Surpreso por encontra-la ao seu lado. No distrito, ela interrogava o motorista sendo observada por Castle e Bracken.

- O nome dele é Noah Charles. É meu motorista há 5 anos.

- Algum motivo para, de repente, ele te querer morto?

- Presumo que alguém pagou a ele uma grande quantia de dinheiro.

- Você não parece chocado.

- Há outro mundo lá fora, Sr. Castle, um que a maioria das pessoas não vê, e que se baseia em dinheiro, influência, poder... As pessoas nele farão de tudo para ficar no topo. Mas creio que você já saiba disso.

- Eu não teria feito o que ela fez – Castle confessou - Teria ficado parado e só assistido.

- Ele não quer abrir a boca. Mas a busca no apartamento dele revelou um par de luvas com traços de sangue de Melanie Rogers.Também acharam uma barba falsa e um boné como o de McManus.

- Para que "McManus" fosse visto na conferência. Tudo parte da armação.

- Melanie viu Noah várias vezes. Provavelmente, ela o reconheceu, ficou intrigada com suas ações e o seguiu.

- Se ela descobrisse, a única escolha seria matá-la.

- É uma pena – disse o senador - Ela era uma boa garota.

-Tem um segundo? Ryan interrompeu.

- Claro.

- Investigamos seu motorista. Ele não trabalhava só para você, senador.

- Analisamos as finanças dele. Há vários depósitos grandes feitos para a conta dele.

- Já sei. Transferências não rastreáveis feitas entre contas fantasmas na Suíça e no Oriente Médio.

- Exatamente como você faria. Castle soltou. Beckett olhou para ele sem ter o que dizer agradeceu os rapazes e acompanhou o senador.

- Você sabe quem está por trás disso, não é?

-Tenho minhas suspeitas.

- Quem?

- Alguém que enriqueceu fazendo promessas a pessoas poderosas, promessas que eu cumpria.

- O que um fazedor de reis faz quando o rei não segue mais ordens?

- Preciso de um nome.

- Já fez o bastante, detetive.

- Senador, essa pessoa está à solta e não tenho como chegar à ela. Você não está em segurança.

- Estou emocionado com sua preocupação, mas talvez tenha esquecido com quem está falando – o sarcasmo evidente nas palavras.

- Senhor, precisamos ir. Já está 30 minutos atrás na programação.

- Detetive Beckett, acompanha-me até a saída? – ela o fez, do lado de fora, Bracken voltou a falar - Você salvou minha vida.

- Bom, não se pode vencer todas.

- Creio que isso signifique que estou te devendo.

- Nada entre nós mudou, senador.

- Mesmo assim. O mundo lá fora é perigoso, detetive. Nunca se sabe quando precisará de um amigo.

Aquelas palavras de Bracken a faziam sentir-se enjoada. Enojada era a palavra certa. Antes de deixa-lo, ela perguntou.

- O filho de McManus... Foi você?

- Se eu disser que não, acreditaria em mim?

Um bando de repórteres esperava e gritava o nome do senador. Queriam saber o que acontecera. Bracken se aproveitando da publicidade decidiu falar e elogiou o serviço da NYPD. Ao ouvir a baboseira, ela se retirou.

À noite no apartamento de Beckett, eles ouviam juntos a declaração de Bracken no noticiário.

- Quero agradecer especialmente aos corajosos homens e mulheres do Departamento de Polícia de Nova Iorque, que frustraram essa trama.

“Em um progresso chocante, agentes federais prenderam Benjamin Moss, criador do poderoso Super PAC Americano, após ligá-lo a pagamentos feitos ao suposto assassino do senador. Moss, um antigo presidente...” ela desligou a tv.

- Meu Deus. Foi Ben Moss – disse Castle.

- O maior "fazedor de reis".

- Mas Bracken só o prendeu. Do jeito que ele falou, eu esperava que o cara morresse em uma "queda" de avião, ou em um misterioso "acidente" de carro.

- Não. Assim é muito melhor – disse Kate - Agora Bracken é um herói popular. O político raro, disposto a se manter firme e lutar pelo o que é certo, mesmo se isso custar sua vida.

- Tem razão. É uma história melhor. O tipo de história que poderia torná-lo presidente.

- Ele irá escorregar e, quando o fizer, estarei pronta.

Castle sorriu.

- Eu sei que sim. Vem aqui – ele estendeu a mão para ela que aceitou. Colocou-a sentada ao seu lado – você está bem?

- Estou, de verdade. Mas ele via o olhar triste em seu rosto.

- Se quiser falar... estou aqui.

Ela suspirou. Em nenhum momento ele a pressionara para contar o que estava acontecendo ou o que ela pensava a respeito do assunto. Ele deu-lhe espaço, tempo mas agora ela também precisava falar.

- Eu quase coloquei tudo a perder Castle. Por um único ato, eu poderia ter acabado com a minha carreira, minha reputação, meus valores. Tudo por quase queimar uma carta, uma evidência crítica. Você tem ideia do que eu tive que enfrentar esses últimos dias? Ver minha chance de vingar minha mãe, fazer justiça escapar por entre meus dedos? Tive que defender meu maior inimigo, salvei a vida dele mesmo sabendo que ele não pensou duas vezes ao mandar matar minha mãe naquele beco. Dói, Castle. E desde que o salvei, não há um minuto sequer que não pense porque corri para ajuda-lo, um minuto não passa sem eu me questionar se decepcionei minha mãe novamente.

- Não, Kate... olhe pra mim. Ela obedeceu. Seus olhos estavam vermelhos, cheios de lágrimas que lutavam para cair.

- Sua mãe, Johanna, não está decepcionada.

- Porque o salvei Castle? Porque? Devia tê-lo deixado morrer. Ele não fez bem a ninguém, matou muitos, destruiu famílias. Como fui estúpida! E ainda tive que ouvi-lo dizer que me deve, que posso precisar de um amigo. Burra!

- Não, você não é burra. Você o salvou porque isso é você. Não se arrependa de seus atos. Como eu disse, Johanna ficaria orgulhosa. Você é um exemplo de justiça. Manteve sua moral, seus princípios. Exatamente como sua mãe lhe ensinou. Estou orgulhoso de você, Kate. E tenho que te confessar algo. Eu sou muito pior que você. Eu teria ficado parado apenas observando ele se acabar. Ao vê-la correr e salvá-lo, ver o modo como você lidou com ele durante todo o caso, não teria esse sangue frio. Sei que não foi fácil, imagino que você se culpou, julgou suas atitudes e teve que se controlar para não meter uma bala no meio da testa dele. Por isso você é Kate Beckett. A melhor e mais justa detetive que já conheci. Não me canso de ser surpreendido pelas suas atitudes. Excepcional, como disse tantas outras vezes.

Ele viu um sorriso se formar nos lábios dela. Kate brincou com a gola da camisa dele antes de tornar a olha-lo.

- Obrigada por estar ao meu lado. Por não duvidar de mim e mais importante por acreditar em mim. Se arriscar comigo. Você é um parceiro maravilhoso.

- Eu sei.

Ela riu do convencimento dele. Beijou-o apaixonadamente. E ele perdeu seus dedos nos cabelos sedosos.

- Acho que você precisa de um bom descanso, que tal um bom banho de espuma enquanto arrumo algo para você jantar?

- Dorme comigo hoje? E quando digo dormir, estou me referindo ao ato de fechar os olhos antes que você faça outros planos nessa sua mente prodigiosa. Eu realmente preciso de companhia hoje.

- Serei um perfeito cavalheiro, você apenas dormira em meus braços hoje, tudo o que precisa é de uma boa noite de sono, o amanhã será promissor Kate...  

Ela beijou-o novamente e seguiu rumo ao quarto. Ela repetia para si mesma.

“Um dia de cada vez, Kate. Um dia de cada vez.” 


Continua......

3 comentários:

Marlene Brandão disse...

epi. complicado este,para Kate. Eu não lugar dela teria tido outro tipo de atitude,queimaria a carta. Mas é da nossa detetive que estamos falando,rezo para que ela faça logo justiça para sua mãe.ter o apoio do Castle foi fundamental mesmo quando ela quis afasta-lo. E teremos mais angust a caminho.
Esperando pelo proximo cap.

Gabi Pavani disse...

Karen, adorei o capítulo!
Excelente a forma como vc abordou os conflitos da Becks e essa última conversa dos dois... super legal!
To doida pra ver o epi de semana passada pq pelos comentários deve ter sido muito legal! Provavelmente vc vai publicar o capítulo da fic antes de eu assistir o epi. Ai ai! Bjao...

larynhapaulista disse...

Realmente esse episódio não tinha muita coisa para acrescentar, ele foi ótimo. Mas os pensamentos de Kate quanto a queimar ou não a carta e a conversa final entre Castle e ela foram ótimas sequências.
Gostaria muito que Braken voltasse em algum outro episódio, sempre os episódio que é relacionado ao assassinato da Johanna são ótimos.

Como estou super atrasada com as fics vou ficar por aqui, quero ler o próximo capítulo hoje ainda.

Beijos.