domingo, 14 de abril de 2013

[Castle Fic] Don't Give up on Chasing Rainbows - Cap.19


Nota da Autora: Como melhorar algo perfeito? Essa foi a pergunta que me fiz antes de começar a escrever esse cap. Sem grandes influências, apenas pensei em mostrar o que a ABC não mostra e de repente vi o cap tomando proporções grandes. Duas observações importantes: o caso que Kate trabalha foi quase que eliminado da fic, vcs entendem porque; não revelei o que aconteceu na armação porque não se deve racionalizar com algo tão belo e mágico, certo? Leiam todo o cap pois ele está cheio de histórias pré episódio, pós episódio e no meio dele. Perdoem-me pela colocação de palavras em inglês mas é o impacto. E espero que apreciem as NCs... sim, plural! Só espero não ter perdido a mão. Enjoy! 

ATENÇÃO....NC-17

Cap.19

No dia seguinte, Beckett tratou de preparar o distrito para suas férias, conversou com Gates e a capitã não se opôs a saida dela daqui a duas semanas, viajariam cerca de três dias antes do aniversário dele. desde a sua ida aos Hamptons, Kate não ficava tão animada. No final dessa semana eles iriam para uma estação de esqui no Tennesse e dessa vez, nenhum crime iria atrapalha-los.

Na sexta, Kate e Castle deixaram a cidade para um final de semana que tinha tudo para ser excelente. O primeiro dia realmente foi. Aproveitaram o lugar, saboreavam um fondue e tiveram sua primeira experiência esquiando. Mas foi no segundo dia que após ela elogia-lo dizendo que ele era muito bom com os esquis que a coisa desandou. Para se exibir para a namorada, Castle foi inventar de dar um tail grab. Fora o suficiente para ele levar uma queda e torcer o joelho. A dor fora tão grande assim como o escândalo de Castle que Kate pensou que ele quebrara a perna. Depois de um rápido atendimento médico, ele foi transferido para um hospital da cidade e teve a perna enfaixada. Por recomendações médicas, como a torção fora feia, com uma ruptura da rótula e por um triz não rompera o ligamento do joelho, Castle ficaria com a perna imobilizada por pelo menos quatro semanas e na cadeira de rodas para um melhor apoio e recuperação.

- Quatro semanas? Sério? Oh, droga!

- Lá se vai Bora Bora... e nossas férias – disse Kate.

- Ah meu aniversário vai ser um fiasco! Eu já tinha imaginado tantas coisas para nós fazermos e não estou falando de apenas passeios... 
– ele a fitou com um olhar malicioso fazendo-a rir.

- Pense pelo lado positivo, como você está com sua mobilidade afetada, eu me ofereço para cuidar de você. Isso se você me quiser.

- Como uma enfermeira? Me regulando e dizendo o que devo ou não fazer? Porque sei o quanto você pode ser mandona com relação a isso.

- Isso também, mas estava pensando mais como sua namorada que cuida de você em todos os sentidos...- ela mordeu o lábio inferior.

- Hum... eu gostaria disso. Você vai ficar lá em casa?

- Sim, acho que Martha não irá se importar certo?

- Duvido! Ela não gostaria nem um pouco de assumir o papel de enfermeira.

- Tudo bem, vamos para casa então mas não pense que vai me fazer deixar de trabalhar para cuidar de você. Terei minhas regras. Vou informar a Gates que desisti das férias e irei para o distrito normalmente. Como está a dor?

- Muito ruim, estou vendo que viverei dopado por quatro semanas.

Ela riu. O drama em pessoa. E assim, Kate mudou-se para o apartamento de Castle. Da mesma maneira que era controladora no trabalho, ela passara a controlar todos os medicamentos, horas de refeição e inclusive alguns movimentos de Castle. Conhecia muito bem o namorado a ponto de saber quando ele estava ultrapassando os seus limites. Porém, ela também aproveitou esse período para mima-lo um pouco. Fazia questão de preparar-lhe as refeições, coloca-lo para dormir, distribuir carinhos. Castle passara uma primeira semana muito complicada, as dores e os fortes remédios não fizeram bem a ele, e ainda sentira-se entediado. Ela precisou deixa-lo sozinho em casa enquanto trabalhava em um caso e o número de ligações que recebera dele era suficiente para perceber o quanto ele estava chateado por estar preso em casa. Ao chegar à noite, ele pedia para Kate falar do caso que estava trabalhando e reclamava do tédio de estar “abandonado”.

Kate estava preocupada com ele. Não achava justo deixa-lo sozinho em meio a medicamentos e dor, infelizmente Alexis não podia fazer companhia a ele pois estava em semana de provas. Mais que isso, o aniversário dele se aproximava e queria fazer algo diferente para ele a fim de compensar todo o momento ruim que estava passando. Era manhã de domingo e ela acordara cedo para preparar o café e o almoço deles. Alexis chegaria por volta das 9h. Tomando sua primeira xícara de café do dia, Kate observava da janela o movimento. Viu uma placa que chamou sua atenção. Assim que Alexis entrou e a cumprimentou, ela pediu para acordar o pai. Sentaram juntos à mesa e Alexis falava da sua maratona de faculdade. Terminou a refeição, recolheu os pratos e beijou-lhe o rosto.

- Castle, você fique aí com Alexis pois preciso comprar uns ingredientes para o nosso almoço. Quer alguma coisa especial para a sobremesa?     

- Sorvete, estamos ficando sem nada. Chocolate. Estava pensando que tal você fazer aquela sobremesa com morangos, que aprendeu com sua mãe?

- Você gostaria? Ele concordou com a cabeça. Ela sorriu e beijou-lhe os lábios. Saiu.

Quando retornou uma hora depois, ela sorria e trazia dois sacos de compras. A mente fervilhava. Se isso desse certo, Castle ia adorar. Viu que ele estava jogando videogame com a filha. Consultou o relógio e levou mais um comprimido do remédio a ele. Concentrou-se em preparar o almoço e no plano em sua mente. Seria uma corrida contra o tempo mas ela estava disposta a arriscar, conhecia-o bem para saber o que considerar. Precisaria de ajuda, mais que isso, primeiro teria que usar seu poder de convencimento.

Eles almoçaram costeletas de porco ao molho barbecue e ela fez a sobremesa que ele pediu. De ressaca pelos remédios, Castle decidiu deitar-se para tirar um cochilo, ela prometeu que se juntaria a ele tão logo arrumasse a cozinha. Martha e Alexis a ajudavam e Kate decidiu que era o momento perfeito para conversar com elas.

- Eu preciso muito conversar com vocês duas.

- Você não aguenta mais o Richard?- perguntou Martha – Sei que ele pode ser um chato muitas vezes.  

- Não! Nada disso! Na verdade, estou preocupada com ele, muito. Ele está ranzinza, chateado, entediado mas não posso culpa-lo.

- É, vai ser um aniversário ruim... – disse Alexis.

- Sobre isso, bem na situação que ele está nem pode pensar em comemorar direito, ele queria muito estar em Bora Bora então eu pensei em algo – e Kate expos o que estava pensando para as duas, delineou seu plano em vários detalhes, disse prós e contras, percebeu que a ouviam sérias ao terminar a inevitável pergunta surgiu – o que vocês acham? É possível e mais importante, podemos?

- Pode contar comigo – disse Martha.

- Vai ser muito interessante. Eu nunca pensei nisso – disse Alexis sorrindo para Kate.

- Ótimo! Então podemos...

E elas seguiram conversando, as risadas surgiam de vez em quando e a tarde de domingo voou. Ela levou uma caneca de café para acorda-lo e ficou mimando-o logo que acordou. Mais tarde, ela ajudou-o a lavar-se e o colocou na cama. Foi a vez dela tomar um banho. Deitou-se ao lado dele e pegou um dos livros da série Heat, entregou a ele.

- Se importa de ler para mim? Gosto quando narra as histórias.

- Mesmo? Algum capítulo ou cena especial?

- Algum steamy... e sorriu maliciosa para ele.

- Sei exatamente a cena que você precisa – e retribuiu o sorriso a ela. Enquanto ele lia, Kate prestava atenção nos trejeitos e nas falas maliciosas e sensuais. Deitada ao lado dele, deixava sua mão acariciar o peito dele. Sorriu e encheu-o de beijos quando ele trocou o nome de Nikki e Rook pelo deles. Quando ele estava no final do capítulo, ela cuidadosamente desabotoava a camisa dele e mordiscava a pele do peito dele.

- O que você está fazendo, Kate?

- Relaxe e aproveite Castle... – ela tirou o livro das mãos dele e beijou-lhe fervorosamente os lábios.

No dia seguinte, após tomarem café juntos, ela lhe deu o remédio e foi para o distrito. Martha ficaria com ele. Kate tinha muito o que fazer. Conversou com Gates, explicou a situação para Ryan e Esposito e se concentrou nas atividades que tinha para fazer. À noite, ela o encontrou conversando com a filha.

- Hey, Alexis! Pensei que você não ia aparecer por aqui essa semana.

- Terminei minha prova mais cedo e resolvi dar uma passada aqui pra ver como o nosso doente estava.

- É, ela trouxe um presente nada inspirador. Binóculos.

- Hum, um toque de Hitchcock, eu gosto...

- Preciso ir, tenho prova cedo amanhã. Se der apareço aqui ainda durante a semana – beijou o pai e gritou – tchau Beckett!

Kate havia subido para trocar de roupa. Quando desceu para preparar o jantar, o viu olhando para o binóculo pensativo. O jeito dele a fez mudar de planos. Pegou o telefone e pediu comida chinesa. Não ia perder tempo na cozinha, ia dedicar-se a ele.

- Eu já cuidei do nosso jantar então que tal assistir um filme comigo, sua escolha. Sangue, lutas, romance, sci-fi é com você.

- Você acabou de chegar!

- Delivery...vamos de chinesa. Então, podemos sentar na frente da tv e assistir um filme, namorar...

- Adorei a ideia.

Eles sentaram lado a lado no sofá com a ajuda dela. Castle manteve sua perna estendida e de mãos dadas com ela. Kate alinhava sua cabeça no ombro dele. Por vezes, virava o rosto e beijava-lhe o rosto. Ela pensava em como Castle lembrava um menino. Tinha umas criancices que ela vira em poucos adultos. Talvez pela criatividade e influência da criação e profissão. Ele sempre viveu em um mundo diferente e isso não lhe tirou um quê de inocência na sua vida que ela mesma esquecera de cultivar. Por isso gostava tanto de ouvir as teorias malucas mesmo não concordando com todas e até o repreendendo por isso. O jeito moleque e sonhador ao contrário do que ela imaginara nos primeiros meses trabalhando com ele, a atingiram em cheio. Era uma das coisas que ela adorava nele. Tudo bem que por vezes sentia-se como uma mãe, a pessoa responsável por traze-lo de volta à realidade mas de certo modo ele proporcionava a ela o mundo da fantasia. Estavam quites. Quiproquo. Ela se aconchegou um pouco mais ao corpo dele e desviou seu rosto com as mãos. Beijou-o carinhosamente.

- O que foi isso?

- Apenas um mimo... deu vontade.

Ele a puxou pela nuca e retribuiu o gesto beijando-a apaixonadamente. 


Dois dias depois...


Castle estava fazendo o maior esforço para alcançar seu pé e coçar. Kate viu o seu drama e aproximou-se dele sentando a sua frente, ela ajudou-o coçando a área que o incomodava.

- Quase lá, Castle. Só mais duas semanas.

- Já se passaram duas semanas, é quase uma eternidade.

- Talvez da próxima vez que formos esquiar, você não tente se exibir.

- Não estava me exibindo – ele pensou por um segundo - Certo, estava me exibindo um pouco. Mas te juro que posso fazer uma tail grab de olhos fechados e sem quebrar o joelho.

- Sei. Bom, estou saindo – Martha disse ao filho pegando sua mão - O celular não pega no retiro, se eu não ligar no seu aniversário, não é porque eu esqueci.

- Não pensaria que você esqueceu. Pensaria que fez outros planos.

- Espere um pouco. Você e Katherine deveriam estar celebrando em Bora Bora esta semana.

- Não, você está certa. Divirta-se em seu retiro... no aniversário do seu único filho.

- É uma viagem de relaxamento, querido. Não de culpa – Martha olhou para Kate - Ele é todo seu.

- Nos vemos em uma semana.

- Tchau – Kate se aproximou dele rindo, abraçou-o por trás colocando sua mãos ao redor do pescoço dele.

- Qual é, Castle? Pare de sentir pena de si mesmo. Faço reservas e vamos a um lugar legal em seu aniversário – ela se levantou e continuou com as mãos nos ombros dele.

- Tão legal quanto Bora Bora? – ela fez uma carinha muito fofa de quem pensava “hum será que eu consigo superar isso?”.

- Katherine, sua carona chegou – ouviu Martha gritando enquanto saia.

- Ótimo.

- Carona? Os rapazes entraram.

- É, temos um corpo. Pedi para me buscarem assim poderia preparar seu café da manhã.

- Estou perdendo outro caso? Não! Qual é! – ele não estava nada satisfeito com isso - Pessoal, levem-me com vocês.

- Não! Não até que melhore – Kate deu a ordem.

- Castle, como está o joelho? – perguntou Ryan.

- Não é o joelho que incomoda, é o tédio.

- Escritores não gostam de ficar a sós? – perguntou Espo.

- Se eu pudesse escrever. Os remédios me deixam alucinando. Ontem usei a palavra "especular" 3 vezes na mesma frase.

- Deve ser entediante – disse Ryan pegando o binóculo que estava sobre a mesa e espiando pela janela -Na verdade, você tem uma "Janela Indiscreta".

- Alexis deu-me isso como piada para me animar. Ainda não recorri ao voyeurismo.

- Então você está perdendo – disse Ryan assobiando chamando a atenção de Esposito.

- O quê? Deixe-me ver.

- Não... – mas Espo tomou o binóculo e começou a olhar - Cara, ela estava prestes a tirar a toalha.

-Tirou a toalha – afirmou Esposito.

-Mesmo?

- Sim. Kate se aproximou dos dois.

- Se não estão vendo um cadáver, sugiro que larguem os binóculos – eles obedeceram, Kate se aproximou dele e tocando-lhe a perna - Certo, Castle. Ligarei para ver como você está.

Enquanto eles iam saindo, Castle fez mais uma tentativa. 

- E se eu for consultor pelo telefone? Posso ser o Charlie e vocês, minhas Panteras.

Ryan e Esposito tiraram sarro dele antes de sair fazendo pose. Na rua rumo a cena do crime, ela desabafou.

- Por que homens são tão infantis quando ficam doentes ou machucados?

- É coisa da evolução. Homens com mulheres para cuidar deles têm mais chances de sobreviver.

- Sério, Espo? Leu na revista "Você Está Inventando"? Olá, Lanie. O que temos?

- Sinto muito, querida. É uma bem ruim. Contusões múltiplas na cabeça, evidência de fratura na base do crânio. Pelo padrão, diria que ela foi atingida várias vezes por aquele bastão.

- Sabemos quem ela é?

- Os guardas encontraram documentos de Clara Dewinter, 35 anos, mora no Queens e casada.

- O que ela fazia neste beco no meio da noite?

- Ela era agente da Receita. Trabalhava neste prédio.

- Parece que saiu mais tarde – disse Ryan - Os empregados cruzam o beco para chegar ao estacionamento.

-Temos alguma testemunha?

- Não, mas talvez algo melhor – disse Ryan. E tinham. Uma gravação do momento do crime, o único problema era que se via o ataque mas não o agressor devido a uma luz especial que ele usava. Tudo isso fazia-os concluir que o crime fora premeditado. Beckett avistou o carro do agressor e pediu para filtrar o vídeo a fim de descobrir a marca e o modelo, talvez até a placa e o rosto do agressor.

No distrito, Beckett conversava com o marido da vítima. O marido explicava que ela estava cheia de trabalho e ficava até tarde, era quando ele também fazia mais um turno na loja em que trabalhava. A ultima vez que a vira fora no jantar. Ela estava bem. Beckett descobriu que ela era investigadora. Ia atrás de sonegadores fiscais o que a fez deduzir que tinha inimigos. O marido lembrou-se de um cara em particular que gritara com ela em um restaurante e começou a descreve-lo para Beckett.  

Enquanto isso em seu apartamento para passar o tédio, Castle brincava com um helicóptero de controle remoto.

- Parece que temos belos céus claros conosco hoje. Um vento bom nos levará até lá imediatamente, pessoal. Estaremos na hora mais escura, na mais clara também. Boa, Red Five. Você está bem – ele fazia o dialogo e as vozes simulando o voo, para dar mais legitimidade ao caso, ele impôs mais manobras com o controle - Não. Tem algo errado. Isso não é bom - Escapar! Escapar! Escapar! – de repente, ele perdeu o controle e o helicóptero rodopiou estatalando-se no chão - Não! – ele gritou como um menino afilto pelo brinquedo, aproximou-se e ao recolher o helicóptero, percebeu que perdera o brinquedo – Sobreviventes – e lá se foi sua brincadeira. Chateado, ele avistou o binóculo. Tendo segundas intenções, rendeu-se. De binóculos em punho, ele começou a observar seus vizinhos. Na primeira janela, ele viu um casal. A mulher estava de frente para o computador e o cara discutia algo com ela levando Castle a uma simples conclusão - Devem ser escritores.

Movendo-se para a próxima janela, ele viu uma arrumadeira tirar dinheiro de uma gaveta - É melhor que aquilo seja para uma criança doente – movendo-se para o próximo apartamento, Castle viu uma bela moça correr em direção a porta onde um jovem a esperava, assim que ele entrou começaram a se agarrar - Ser jovem e... trabalhar meio período. Calma, pessoal. Devagar. Não é uma corrida. Talvez fechar as cortinas – o casal começou a desfazer-se das roupas, ele perdeu a camisa, ela abriu o vestido -Certo, crianças. Divirtam-se – então ele virou os binóculos para a esquerda bem na hora de ver alguém, provavelmente o dono da casa abrindo a porta do apartamento - Alguém chegou em casa cedo – ao ver a movimentação dessesperada do jovem casal em esconder-se, Castle sorriu. Um caso de traição, picante. A moça após cobrir suas pistas, vestindo-se e ajeitando os cabelos esperou pelo marido -     -  - - - Sério? Vai beijá-lo agora? – sim, como se nada tivesse acontecido pensou ao sorrir. O marido entrou no banheiro e rapidamente o amante correu com as calças entre as pernas e com a camisa na mão para deixar o apartamento ajudado pela mulher - Talvez, na próxima, pense duas vezes antes de trair – disse Castle. Checando o marido, ele percebeu que encontrara o chapéu do rapaz - Alguém tem explicações para dar.

Já era de noite e Castle estava mais uma vez entediado. Ao checar o relógio, resolveu ligar para Beckett e ver se ela já estava a caminho. O tamanho de seu tédio era tanto que ele brincava de fazer caretas com uma lupa. Beckett acabara de escutar dos rapazes qual o status do caso e dar a eles algumas ordens quando seu celular tocou.

- Oi, Castle.

- Onde você está?

- Estou no trabalho. Por quê?

- Você disse que traria jantar para casa.

- Sim, quando eu estiver indo.

- Quando você vem? – ela percebeu a frustração na voz dele.

- Em breve.

- Quando é em breve? – ele insistiu.

- Tipo em... meia hora.

- Tudo bem – mas ela sabia que não estava e sentiu-se culpada. Ao desligar o telefone, viu como os rapazes a olhavam prontos para dizer algo.

- Calem a boca – ela já avisou os rapazes antes que eles começassem a tirar gracinhas.

Ao desligar o celular, Castle suspirou. Não conseguia acreditar que a essa hora poderia estar numa num restaurante apreciando o mar e comendo lagostas com Kate em plena Bora Bora se não fosse... melhor nem pensar nisso. Sem ter o que fazer, ele deixou a lupa de lado e voltou a observar seus vizinhos. O clima entre os dois não estava nada amigável.

- Ele está na sua cola – eles preparavam o jantar mas o marido ou namorado estava em vias de começar uma briga - Aqui vai... O inevitável, o grande término – eles discutiam feio, a mulher chateada largou as verduras e a faca sobre o balcão e foi para o quarto. O cara suspirou e por alguns momentos olhou para a faca. Decidido, pegou-a - Não, não... Não pegue a faca, não – e Castle agora estava preocupado ao vê-lo sumir com a faca em punho rumo ao quarto. Sabia que brigavam ou pior ao ver um baque sobre a persiana, ele concluiu o pior. Rapidamente discou para Beckett. Ela atendeu já imaginando que ele queria fazer pressão assim respondeu antes mesmo dele dizer alô.  

- Castle, não chegarei mais rápido.

- Não, não, não, Beckett, escute – ele estava agitado- Acho que acabei de ver um assassinato.

- Calma, Castle. Fale devagar.

Mas a agitação dele quase não o permitiu explicar e Beckett anunciou que estava a caminho. Fazendo sinal para os rapazes deixaram o distrito.

No apartamento, Castle olhava apreensivo usando os binóculos para a janela enquanto Ryan e Esposito questionavam o vizinho. Ryan fez sinal para Beckett que estava calada ao lado de Castle. Ao vê-los apertar a mão do cara amigavelmente, Castle se desesperou. 

- Por que não estão prendendo-o?

Em alguns minutos, Ryan e Esposito estavam de frente para ele. Castle ainda não se conformara com a atitude dos rapazes.

- Olhem, eu sei o que vi. Ele pegou uma faca e a seguiu até o quarto.

- Olhei no quarto. Estava tudo no lugar – disse Ryan - Sem sangue, sem corpo. Juro.

- Olhou embaixo da cama? No armário?

- Castle, o cara estava relaxado e cooperando. Deixou-nos entrar sem mandado.

- Deve ter escondido o corpo. Se estava calmo, poderia ser um psicopata. Kate que até agora apenas observava sentada tomando uma caneca de café, perguntou.

- O que ele disse sobre a garota?

- Ele admitiu que brigaram, romperam e ela foi embora – disse Esposito.

- Impossível. Eu a teria visto.

- Estava observando o tempo todo? – perguntou Esposito.

- Eu... Não o tempo todo. Tive que... – ele tentou explicar mas sabia que acabara de perder a confiança deles com essa vacilada.

- Ela poderia ter saído e você não viu? – pressionou Esposito.

- É possível, mas... – droga! Mas eu sei o que vi, não? Ele se perguntava mentalmente.

- Porque ele ligou para ela. Ele me passou a ligação. Falei com ela. Ela confirmou a história. Estava no carro, indo à casa da mãe na Filadélfia – afirmou Esposito. Vendo que não tinha porque continuar essa discussão, Kate resolveu tomar as rédeas da situação aproximou-se de Castle colocando a mão no ombro dele acariciando levemente.

- Certo. Obrigada, rapazes – dispensou-os. Assim que eles saíram, Castle afirmou.

- Não estou louco.

Ela passou a mão pelo pescoço dele e sentou-se a seu lado.

- Não, mas tem uma imaginação fértil e está preso aqui há duas semanas. O que fazia olhando pela janela?

- Eu estava...

- Entediado? Então, viu o que queria ver? – ele ficou calado por um instante - Quando tomou seu último analgésico?

- Não estava alucinando.

- Qual é, Castle. Você aqui, com a perna quebrada, binóculos, vendo a encenação de "Janela Indiscreta". Quais são as chances? Mínimas. Está bem. Farei o jantar e o colocarei na cama – levantou-se e beijou-lhe a cabeça.

E ela fez exatamente isso. Ficou sensibilizada com a vontade dele em achar qualquer coisa para se ocupar até mesmo ver um possivel assassinato. Isso não a surpreendia, conhecia-o bem a ponto de saber exatamente seu tipo de reação a algo assim. Ela o levou para o quarto depois do jantar e sugeriu um banho quente para relaxar. Castle gostou da ideia.

- Pode aguentar ficar em pé um pouco?

- Sim, posso.

Ele entrou no chuveiro, ela foi em seguida mas mantinha a roupa. Segurava-o do lado com a perna machucada para dar-lhe apoio. Kate estava concentrada quando ele derrubou o vidro de sabonete liquido. Ela entrou no box para junta-lo e ao devolve-lo para ele, Castle a molhou com o chuveirinho.

- Castle! Mas desatou a rir. O que ela tinha que inventar de ajuda-lo no banho vestida? Devia ter previsto isso. Ela se aproximou dele já com boa parte da roupa molhada e beijou-o. Ele a empurrou contra a parede do box. A água molhando os cabelos dela. Perderam-se nos beijos. Kate sentiu as mãos tocarem e acariciarem os seios. Uma sensação de deja vu.

- Castle....- o nome dele saiu em sussurro – você...

- Deja vu, Kate Beckett? Ela sorriu.

- Não devia estar forçando sua perna – mas ela se rendeu novamente aos lábios dele. Dessa vez apoiou-o na parede. Ficaram uns bons minutos no chuveiro ainda namorando. Sairam e Kate após arruma-lo, foi secar seu  cabelo. Deitou-se ao lado dele.

- Obrigado. Quando você está por perto fica mais fácil aguentar tudo isso – ela beijou-o rapidamente no rosto e deitou-se de lado com as costas para ele. Castle a envolveu com os braços e dormiram de conchinha.

No meio da madrugada porém, Castle acordou assustado com um barulho. Com o maximo de cuidado para não acorda-la, ele levantou-se da cama e na cadeira de rodas foi espiar o que estava acontecendo. Porém, o sono acabara vencendo e ele ficou por lá mesmo.

Ao acordar pela manhã, Kate estranhou ao não encontra-lo ao seu lado na cama. Assim que chegou na sala, viu Castle dormindo de boca aberta na cadeira de rodas segurando os binóculos na mão.   

- Sério? – disse Kate fazendo-o despertar e sentir-se todo errado. 

-Posso explicar.

-Por favor, não – ela preparava um café.

- Escute, ele andava de um lado ao outro do apartamento e ficava olhando para o quarto. Então, ele dormiu no sofá. Por que dormiria no sofá quando se tem uma boa cama?

- Faço a você a mesma pergunta – ela virou-se para ele parecia chateada, Castle notou por um momento mas logo voltou a insistir em seu outro pensamento.

- Vou dizer o porquê. Ele tem um corpo lá. Ryan e Esposito não acharam porque ele escondeu.

- Percebe o que está fazendo? Está obcecado com isso porque não tem mais nada com o que estar – ela virou-se com duas canecas de café na mão, ele viu que ela estava chateada - Por que não vem comigo à delegacia? Concentre-se em um caso real, ao invés de perder tempo com um imaginário.

- Na verdade, estava pensando em tentar escrever um pouco hoje – disse Castle tentando remediar um pouco da situação que criara com ela.

- Está bem. Contanto que "escrever" não signifique olhar pela janela e bisbilhotar seus vizinhos – ela deu um abraço nele e abriu um sorriso.

- Não. Isso seria imoral e intrusivo – disse Castle.

- Como se nunca tivesse feito isso antes – ela mencionou e foi se arrumar para o trabalho.

Ao chegar no distrito, cumprimentou Esposito que atualizava o quadro de evidências.

-Oi.

-Oi. Como está o Jimmy Stewart? – perguntou Espo.

- Levanta no meio da noite esperando que ele mova o corpo – ambos sorriram - Conseguiram algo sobre o carro do assassino?

- Sim. Foi identificado como modelo novo, cor clara, CLS550. Estão checando os registros de auditoria da Clara para ver se aparece na lista de alguém.

- Acabei de ligar para a segurança do escritório de Clara – disse Ryan mostrando uma foto - Há algumas semanas, este cara tentou passar à força pela segurança. Tentaram contê-lo, mas escapou e arrancou dentro de um...

- CLS550 – afirmou Esposito.

- Parece o cara que perseguia a esposa de Gavin – disse Beckett.

- Sim. Comparei a foto com os arquivos de Clara e cheguei a este cara. Dan Renner. É um esquentado, antigoverno e pró-liberdade. Fez fortuna com uma rede de lavanderias no Brooklyn e não paga impostos há uma década. Devido à auditoria de Clara, enfrenta acusações penais e a esposa pediu o divórcio.

- Devia estar prestes a explodir – disse Esposito.

- Ou usar um taco para bater – disse Beckett - Vão buscá-lo.

- Certo.

No apartamento, Castle nem pensou em tentar escrever, continuava intrigado observando seu vizinho pela janela.

- Você comprou corda e uma lona.Para que precisa de uma lona? – viu o cara se aproximando da pia da cozinha e então ele viu. As mãos estavam coberta por liquido vermelho e na visão de Castle isso somente poderia significar uma coisa.

- É sangue. Você está lavando o... Ele está lavando o... – só então lembrou que estava sozinho. Agitado, procurou desesperadamente pelo seu celular nos bolsos. A vontade de acha-lo era tanta que acabou derrubando-o no chão. Droga! Agora ia ter que fazer malabarismos para recupera-lo, precisava falar com Beckett antes que todas as pistas desse homicídio desaparecessem.

Beckett estava no meio do interrogatório com Esposito quando o seu celular começou a vibrar. A foto de Castle sorrindo apareceu. Focada no caso e na declaração do suspeito a sua frente, ela ignorou a ligação. Durante o interrogatório, ela descobriu que Clara queria um favor dele, retirava todas as acusações contra ele se ele a ajudasse a desaparecer. Ao perguntar porque, ele não sabia dizer. Quando questionado sobre seu álibi. Ele respondeu sem pestanejar onde estava.

Castle não desistiu de falar com ela. Ao ver que não atendia o celular, ligou para o número do distrito. Conseguiu falar com Ryan que se deixou convencer a chamar Beckett devido ao estado de pertubação demonstrado por ele. Talvez precisasse de ajuda ou de remédios.  

- Beckett, Castle está ligando. Disse que é uma emergência.

Ela foi atender o telefone mas Castle parecia não dizer coisa com coisa. Estava ansioso e pertubado demais para que ela o entendesse totalmente. Resolveu ir até o apartamento. Ficou com medo que ele tivesse caído ou se machucado. Ao chegar e ver a excitação dele, Kate teve que se preparar psicologicamente para o que ia ouvir e o que deveria fazer com ele. Ao pedir para ela olhar o apartamento vizinho, ela não aguentou e explodiu com ele. Castle estava realmente entediado a ponto de acreditar em si mesmo.

- Isto não é uma emergência.

- Eu o vi com a mão na massa, ou melhor, no vermelho.

- E então tem que ser sangue?

- O que mais pode ser?

- Tinta vermelha, suco de tomate, beterraba, cupcake de veludo vermelho.

- Ele comprou uma lona e uma corda. E as levou para o quarto, onde aposto que agora ele está a cortando em vários pedaços portáteis. Pegue um mandado, reviste o apto antes que não haja pistas.

- Esposito falou com a mulher. Sabemos que ela está viva.

- Como você sabe que é a mesma mulher? Ele pode ter pagado alguém para ser seu álibi.

- Ou pode estar acontecendo algo totalmente diferente. Olhe... – ela se aproximou dele, abraçando-o por trás, resolveu tentar acalma-lo de outra maneira - Sei que você está solitário e que sente minha falta. Também sinto sua falta. Não fique inventado coisas para que eu volte aqui.

- Você acha que isso é uma tática para te trazer aqui?

- Eu não estou falando... – mas ela não pode concluir o pensamento.

- Sei o que você está falando. E eu sei o que vi.

- Tenho que voltar para a delegacia – e sua tentativa de acalma-lo fora por água abaixo, agora ele parecia ainda mais zangado com ela.

- WOW! Você não acredita mesmo em mim – ele afirmou.

- Volto mais tarde – Kate que já ia rumo a porta tentava não dar muito ibope, não adiantava discutir. Virou-se mais uma vez porém Castle estava de costas para ela quando falou.

- Quer saber? Não precisa. Eu estou bem.

A reação dele a chocou. Por alguns segundos, ela permaneceu parada observando e digerindo as últimas palavras dele. Entendera corretamente? Ele a estava dispensando? Pela primeira vez desde que Castle começara a se dedicar a vida do vizinho e inventar um suposto assassinato, ele a deixara de lado, como se estivesse expulsando-a da vida dele e isso certamente não estava nos planos de Kate. Respirou fundo e deixou o apartamento. No caminho para o distrito, ela tentava compreender a cena que acabara de acontecer entre ela e Castle. Ela entendia a frustração, a necessidade de procurar algo interessante para se manter alerta, com algo a contribuir ou para comentar mas o tédio realmente subiu a cabeça dele e em um momento que era de carinho entre eles, justo quando ela disse que sentia a falta dele, Castle se virou contra ela. Ele estava chateado com tudo mas principalmente com ela. Oh, Deus! O que eu fiz?

Ao chegar no distrito, Beckett não estava muito a fim de papo furado e continuava apreensiva e se recriminando por estar aqui ao invés de estar com ele. Conhecia muito bem a teimosia de Castle para se preocupar. Assim que a viu, Esposito perguntou.   

- Qual era a emergência?

- Queria que um mandado para revistar a casa. Parece que ele está levando isso tudo bem à sério.

- Devemos nos preocupar? –tai uma pergunta que ela ainda não sabia responder.

- Só espero que ele não faça nada idiota. Onde estamos sobre Dan Renner? – enquanto os rapazes explicavam o que encontraram, ela apenas pediu para procurarem um pouco mais porque na verdade esse caso não estava muito interessante e admitia, sem Castle por perto definitivamente não era a mesma coisa e agora eles ainda estavam... brigados? Não, com certeza não fora apenas um pequeno desentendimento nada sério... ou seria? Quer dizer, ele descartara sua companhia e estava tão próximo do aniversário dele...

Ela olhava para o telefone, queria que tocasse. Precisava. Do jeito que Castle era teimoso, ele poderia fazer uma besteira. Sim, porque o único modo de convence-la era através de evidências fortes e reais. Ele era capaz de procurar por isso apenas para provar que ela estava errada. Mas se fizesse isso, ele poderia entrar numa fria ou se machucar ainda mais. Não podia voltar lá então resolveu pedir ajuda ao seu back-up. Discou o número.

- Hey!

- Alexis, oi! Preciso de um favor.

- Claro! Como está meu pai? Continua entediado e te enchendo?

- Na verdade, acho que tenho um problema. Ele me chamou para que eu pedisse um mandato para o apartamento do vizinho, disse que viu o cara lavar as mãos sujas de sangue.

- Tá mal assim?

- O pior foi que ao tentar desviar a mente dele dessa paranoia toda, ele ficou zangado. Disse que não precisava voltar que estava bem. E não me ligou mais, você sabe como ele é. Estou preocupada, com medo que ele faça alguma loucura o que não seria difícil. Você não poderia ir até lá? Eu não pediria se realmente não fosse importante.

- Você está certa. Melhor eu verificar o que ele anda fazendo. Qualquer sinal de loucura grave eu te aviso. Amanhã cedo estarei lá. Quem sabe não coloco um pouco de juízo naquela cabecinha birrenta.

- Boa sorte com isso e obrigada,Alexis.

Teimoso como era, Castle decidira provar que estava certo - Não estou louco,resmungava. Pegou sua câmera de vídeo e preparou-se para fazer vigília. Acabou cochilando com os binóculos na mão. Ao deixa-los cair e machuca-lo, ele despertou reclamando. Checando o horário no celular, viu tratar-se da madrugada. 3:13 da manhã. Caramba! Levou os binóculos ao rosto e o que viu despertou todos os seus sentidos de detetive. O vizinho estava movendo um tapete pelo apartamento. Quem faz isso em plena madrugada a menos... 

- Ele está se livrando do corpo – concluiu Castle pegando a filmadora e preparando para gravar a cena - Beckett terá que acreditar em mim agora. Onde... – ele estava se atrapalhando com o equipamento tamanha a ansiedade de conseguir a evidência – Prontinho – porém quando iniciou a gravação não havia mais nada para filmar, Castle se desesperou - Não. Não. Não! – chateado ele largou tudo e foi dormir.

Quando acordou encontrou Alexis na cozinha fazendo panquecas para eles. Ao perguntar como ele estava, Castle resolveu desabafar com a filha, talvez ela o entendesse e visse com olhos diferentes dos de Beckett. Contou tudo. Alexis se aproximou com a bandeja de café da manhã e perguntou.

- Se estava sumindo o corpo, por que não ligou para Beckett?

- Ela acha que estou inventando, subproduto da minha imaginação e analgésicos.

- Igual "sabia" que meu professor era um assassino.

- Qual é. Ele era igual o cara do cartaz dos "procurados".

- Já parou para pensar que, talvez, haja uma explicação inocente para tudo? – sugeriu Alexis.

- Qual a explicação inocente para enrolar um tapete e levá-lo para fora do apartamento às 3h?

- Isso é bem estranho – ela concordou olhando pela janela. Ia explorar um outro ângulo.

- Pois é. E ele só voltou às 4h30. Para onde ele foi?

- Não sei, mas ele já está acordado – ela pegou os binóculos e permaneceu observando.

- O que ele está fazendo?

- Ele...

- O quê? O que você está vendo? – Castle estava curioso.

-Ele está tirando a roupa.

-O quê? Dê-me isso.

- Ele é bonitinho.

- Muito bem – ele puxou os binóculos das mãos dela mas Alexis foi atrás de outro. Já estava ao lado dele acompanhando a cena.

-Você não deveria ver isso – disse Castle.

-Nem você.

-Mas o que... – o vizinho colocara uma mascara daquelas que se usa para detetizar ou pintar.

-Isso é medonho – disse Alexis.

No distrito, ela ainda não tivera notícias de Castle e nem Alexis. Isso poderia ser bom mas também a mantinha com a dúvida martelando na cabeça. E se ela tivesse exagerado? E se a ideia de cancelar suas férias fora ruim? Ela tinha o olhar fixo no celular.

- Ficar encarando o telefone não o fará tocar. Aprendi isso no ensino fundamental – disse Ryan.

- Talvez eu deva ir lá. O aniversário dele é amanhã...- estava se sentindo culpada.

- Ele ligará quando estiver pronto – disse Esposito - E não quer perder isto.

- Olhamos de novo todos os arquivos da Clara. Acontece que ela estava escondendo algo. Mais de US$ 500 mil em uma conta secreta.

- Fez de tudo para esconder. Nem o marido dela sabia.

Ela ganhava US$ 75 mil por ano – disse Beckett - Como conseguiu meio milhão?

- Achamos que ela estava chantageando os auditados, mas então rastreamos os depósitos – disse Ryan.

- Todos os negócios são associados a Tommy Valentino – contou Esposito.

- Tommy "O Tubarão" Valentino? – agora Beckett estava intrigada - Por que uma agente da Receita está recebendo de um criminoso?

- Não sei, mas querer desaparecer e apanhar em um beco, começa a fazer sentido – concluiu Esposito.

Enquanto isso, Alexis continua fazendo companhia ao pai. Ou melhor, estava de babá dele. Sentada ao lado dele comia pipoca e Castle não tirava os binóculos da cara.

- Já faz duas horas. O que ele está fazendo?

- Livrando-se das evidências. Manchas de sangue. Traços de DNA... Em breve, não restará nada.

Alexis pegou o par de binóculos - Aí vem ele – Castle que tinha deixado os seus de lado para comer um pouco de pipoca, apanhou-os de volta. O vizinho carregava dois sacos cheios - O que está nos sacos?

- Ele retirou o corpo dentro de um tapete. Poderiam ser roupas, roupas de cama – enquanto falava viu o rapaz pegar uma bolsa de mulher - Aquela é a bolsa dela.

- Se terminaram, a bolsa não ficaria ali – afirmou Alexis alimentando a imaginação do pai. Viram o vizinho começar a destruir os cartões e os documentos ou nas palavras de Castle, evidências.

- Ela não saiu dali, não viva, pelo menos. E agora ele está destruindo a identidade dela.

- Vamos ligar para a Beckett – sugeriu Alexis para frear um pouco a loucura dele e também dar noticias a ela.

- E dizer o quê? Que vimos um homem de luvas e máscara? Pode estar limpando o banheiro. Não. Se vou convencer Beckett de que não sou maluco, preciso de provas. De algo concreto – uma ideia surgiu na mente de Castle o fazendo sorrir. Ele afastou-se dela rumo ao escritório quando Alexis o encontrou, estava de pé separando alguns grampos e outros artifícios.

- Não pode invadir o apartamento dele - E então, Alexis resolveu alimentar a fera mesmo que sem querer.

- Há evidências naquele picador. Ele dirá quem é a vítima. Provaremos que ela sumiu.

- E se ele te pegar?

- Não pegará, não com a sua ajuda – ele pegou as muletas - Assim que ele sair, irei até lá. Você fica vigiando, para o caso de ele voltar. Entro lá, pego o que estiver naquele picador de papel e saio. Dois minutos, no máximo.

- De muletas?

- Preciso me exercitar.

- E se eu for até lá? Sou menor, rápida e jovem – ela sugeriu com medo dele se machucar ainda mais.

- Não, não, não. Se for pega, terá uma ficha criminal e não será presidente.

- Pai... – agora ela já não sabia se era uma boa ideia apoia-lo. Bem que Beckett dissera, ele estava decidido em conseguir evidências para provar que a detetive estava errada.  

- Ele vai se safar de um assassinato. Tem um plano melhor? – não tinha e por esse motivo teria que apoia-lo. Mudança de planos, pensou. Em vez de protege-lo estava colocando-o em risco mas... não tinha volta. 

No distrito, Beckett estava cara a cara com Valentino e seu advogado.

- Você tem uma lista longa de acusações, sr. Valentino. Roubo, extorsão,assassinato. E, ainda assim, nenhuma condenação.

- Sou sortudo desse jeito.

- Sua sorte vai acabar. Tenho provas de pagamentos que você fez para a vítima. Clara Dewinter.

- Meu cliente não dirá nada.

- Espere. Alguém matou a Clara?

- Parece que ele tem algo a dizer – Beckett provocou o advogado - Então admite que a conhece?

- Admito. Mas não a matei. Ela era minha consultora fiscal.

- Pagou meio milhão para uma agente do Receita para ser a sua consultora fiscal?

- Pode apostar. Ninguém dará uma de Al Capone comigo.

- Se esse era um negócio legítimo, por que Clara se esforçou tanto para esconder o dinheiro?

- Ela escondeu o dinheiro do marido. É por isso que aceitou esse emprego. Ela tinha medo dele. Precisava do dinheiro para fugir.

Beckett checou o álibi de Tommy. Estava limpo e ela sabia que não era o assassino já que falara com ela. ao perguntar o que Ryan descobrira sobre o marido, o mesmo não disse muita coisa, além de trabalhar em um supermercado havia apenas uma coisa bem suspeita.Uma apólice de seguro de vida de meio milhão da mulher dele feita há três meses. Agora parecia fazer muito sentido, planejar tudo e armar para culpar alguém. Ordenou aos rapazes para busca-lo até o distrito. 

Distante dali, Alexis supervisionava os passos do pai no prédio à frente. Munida de binóculos e um walkie-talkie, ela o acompanhava. Quando o vizinho saiu com os sacos pela escada de incêndio, ela sinalizou.

- Tudo limpo. Câmbio – Castle abriu a porta do elevador e se encaminhou para a porta começou abrir a fechadura do apartamento. Conseguiu. Sorriu em direção de Alexis e entrou fechando a porta atrás de si. De muletas, ele caminhou até o cesto de lixo onde estavam as evidências. Já ia repousar as muletas para bisbilhotar os papeis quando percebeu a porta do quarto entreaberta. A tentação era grande, afinal estava tão perto. Alexis já imaginando o que se passava pela mente dele, ralhou pelo walkie-talkie assustando-o.

- Pai, não. Só pegue os papéis e saia daí. Câmbio.

- Só levará um minuto. Câmbio – a teimosia, claro, era maior. Seguiu andando de muletas até o quarto. O local estava limpo e arrumado. 

Então Castle viu a porta do closet. Ao abri-lo deparou-se com itens estranhos.

- Alvejante e tinta. O que está tentando esconder? – deixou as muletas de lado e apoiou-se na porta, abaixou-se um pouco e então ele viu - Manchas de sangue? É isso! Aqui foi onde ele a matou. Por isso Ryan não viu sangue algum. Foi tudo aqui! – a excitação era tamanha que ao tentar se segurar na lateral da porta, Castle perdeu o equilíbrio e caiu.

Sem poder ver o que seu pai fazia, Alexis começou a se preocupar. Pior, o vizinho estava de volta.

- Pai. Pai, ele está voltando. Saia daí! Saia agora! Pai? Pai? – porque ele não responde? Ela tinha que fazer alguma coisa mas o que? Pensa, Alexis!

Castle fazia um esforço tremendo para tentar levantar-se ou alcançar as muletas. O vizinho, ele sabia, já estava no apartamento. Após mais uma tentativa, ele conseguiu derrubar as muletas em cima dele. Ouviu um celular tocar. Era do cara.   

- Sim?

- Ele está entrando. Pai, ele está vindo! – disse Alexis. Ao ver o vizinho entrar no quarto, Alexis torceu para que ele estivesse escondido. Sabia que precisava fazer algo ou seu pai podia por tudo a perder.

Mais rápido do que podia, Castle rastejou para baixo da cama ficando quieto ouvindo a conversa assim que o cara entrou no quarto.

- Não, eu resolvi, por enquanto. Mas não posso deixa-la lá para sempre. Não. Eu estava pensando no barco do Jimmy. Enquanto ele está no trabalho. Ele nunca saberá – e entrou no closet fechando a porta. Castle viu nisso a oportunidade de sair dali. Ele saiu do quarto andando com as muletas, ao vê-lo Alexis se sentiu um pouco melhor. Viu que ele parou para apanhar o lixo e finalmente sair do apartamento. Suspirou, ainda estava tudo sob controle.

Ao voltar para o apartamento, Castle desabou na cadeira de rodas. Cansara pelo esforço que fizera.

- Pai está tudo bem? Você está sentindo dor? Quer um analgésico?

- Não, vamos examnar isso aqui. Tenbo certeza que vamos encontrar evidências sólidas aqui – mas Alexis viu ele fazendo careta e tocando a perna ruim, estava com dor.

- Ok, mas assim que terminarmos com isso, vou ligar para Beckett.

- Assim que terminar com isso, farei questão de ligar para ela.  

Beckett nem imaginava o que estava acontecendo com Castle, agora estava inclinada a fazer o marido de Claire confessar o assassinato.

- Você acha que eu fiz isso? Acha que eu seria capaz de machucar minha esposa? Eu te disse, nós éramos felizes.

- Não de acordo com a sua irmã. Ela afirma que Clara estava com medo de você.

- A irmã dela? Ela pensa isso desde quando namorávamos.

- Por que Clara escondia dinheiro de você? – perguntou Beckett - E por que ela planejava sumir?

- Como eu vou saber? – diante da resistência dele, ela decidiu falar da apólice.

- Fez uma boa apólice de seguro em nome de sua esposa há três meses. Por quê? – ela percebeu a mudança no rosto dele. 

- Gostaria do meu advogado. Agora.

- O supermercado confirmou sua presença na noite do crime. Entrou às 22h, saiu às 3h – disse Ryan - Não pode ser ele.

-Certo, vá à loja e fale com todos que estavam lá. Veja suas finanças e registros telefônicos. Se ele contratou alguém – o celular tocava - Temos que descobrir quem foi.

- Beckett – atendeu sem saber quem ligara mas ao ouvir a voz de Alexis, ficou mais calma. Finalmente notícias. Escutou o que a menina tinha para dizer e avisou que estava a caminho. Na frente da porta do apartamento, ela respirou fundo. Precisava estar preparada para o que iria enfrentar. Ao abrir a porta, Alexis trocou um olhar rápido com ela e Beckett anuiu.  

- Ah, Beckett! Está preparada para pedir desculpas ao ver o que consegui de evidência? Então, eu... – mas Beckett interrompeu-o.

- Evidências? Como...

- Sim! No apartamento dele, eu fui até lá e peguei um saco de... – não completou a frase no momento que viu o olhar fuminante dela em sua direção.

- Espere. Você fez o quê? – ela olhou pra Alexis - E você o ajudou?

- Eu fiz... Certo. Isto não é sobre o que fizemos – disse Castle - Isto é sobre o que ele fez – ele caminhou de muletas até a mesa - E... veja isso. Não fui capaz de... remontar os cartões de crédito, mas... achei isto no lixo – ele estendeu o papel todo amassado a ela que a pegou ainda visivelmente chateada.

- Uma fatura de um armazém. Então?

- Não apenas um armazém qualquer. Este fica aberto 24 horas – disse Castle

- Veja a hora em que ele alugou o espaço – apontou Alexis na fatura tentando ajudar o pai.

-3h43 – disse Beckett.

- Na noite passada, às 3h, eu o vi carregar um tapete para fora de seu apto. Sabe o que cabe em um tapete?

- Um corpo – novamente Alexis tentava limpar a barra do pai.

- E ele o armazenou até descobrir o que fazer – concluiu Castle.

- Ou o tapete pertence à namorada, que lhe pediu para guardá-lo até que ela esteja pronta para buscá-lo – disse Beckett. Revirando os olhos, Alexis se afastou para dar mais uma olhada na janela com os binóculos.

- Tudo bem. Então, explique as manchas de sangue, a pintura. E eu o ouvir dizer: "Eu não posso deixa-la lá para sempre".

- Pai, olhe. Alguém está vindo – Castle foi até ela e tomou os binóculos emprestados, ao ver o amante apertando a mão do vizinho, ele falou.

- É ele. É o cara que tinha um caso com ela – Beckett se aproxima e com o outro par de binóculos, observa a cena - Ele procura por ela. Ele quer saber onde ela está – eles viram o vizinho empurrar o amante porta afora e fecha-la, Castle tirou os binosculos do rosto e olhou para ela - Se você sair agora, pode alcançá-lo.E perguntar onde ela está.

- Castle – mas ele a interrompeu.

- Veja, se ela realmente está visitando a mãe, não seria o cara que ela tem um caso,quem os separou,o primeiro a saber? – e então Beckett cedeu a ele disposta a provar que ele estava errado. Beckett desceu e ao ver o suposto amante deixando o prédio apressou o passo e chamou por ele, mostrando o distintivo. 

- Desculpe-me. Com licença. NYPD. Você tem um minuto?

Castle e Alexis observavam a conversa. Viu Beckett gesticular e depois entregar um cartão a ele. O rapaz falou algo mais e apertou a mão dela indo embora em seguida. Beckett passou as mãos pelos cabelos, sinal que Castle  conhecia como de preocupação, ela olhou para cima e ele pareceu finalmente contente por te-la convencido.  

- Então, seu nome é Brent Lansky. Ele e Emily estudam juntos em Pace. E ele lhe enviou mensagens nos últimos dois dias. Mas, até agora,não obteve resposta.

- E os pais dela? – perguntou Alexis.

- Ryan os contatou,mas não ouviram dela também.

- Então, não estou louco ou drogado?

- Eu sei que soa suspeito, mas sem um corpo ou uma queixa de desaparecido.Eu não posso continuar – disse Beckett.

- Enquanto espera por algo para prosseguir, ele já sumiu com as evidências. Mas, felizmente, eu sei onde ele as pôs – ele procurava no seu casaco a fatura. Alexis entregou a ele - Obrigado. Com o corpo. Em uma instalação de armazenamento.

- Você está falando de uma busca ilegal – disse Beckett.

- Quando você faz, é uma busca ilegal. Quando eu faço,é apenas ilegal. Sem ter como discutir e sabendo que ele não deixaria o assunto de lado enquanto não visse com seus próprios olhos o que havia naquele galpão alugado, ela decidiu ir com ele até lá para por um ponto final à historia de uma vez por todas. Foram lá cedo pela manhã. Caminhando pelo local, Beckett continuava a expor sua opinião.

- Castle, esta é uma péssima ideia.

- Esta ideia é brilhante. Invado a unidade, encontro o corpo, e ligo para a recepção avisando que o cadeado foi arrombado. Quando subirem para ver se está tudo bem, encontrarão o corpo,ligarão para a polícia,e você terá o motivo. E por estar no corredor,não estará violando os direitos de ninguém – ele quebrou o cadeado com um alicate grande e abriu o compartimento encontrando o tapete que vira e ainda os sacos - Aí está – ele cutucou o tapete com uma das muletas só então percebendo que não poderia mexer no tapete. Voltou até ela que tranquilamente brincava com suas unhas.

- Eu não pensei direito nessa parte. Se você puder...

- Certo, Castle. Mas nunca estive aqui.

- Apenas desenrole-o – e com um empurrão, Kate o fez. O tapete era apenas um tapete.

- Cadê o corpo? – Castle estava surpreso. Kate se levantou e colocou as mãos na cintura encarando-o. Então, ele se lembrou. 

- Está nas sacolas – suspirando contrariada, Kate se agachou e abriu um dos sacos. O cabelo de uma mulher surgiu - Meu Deus, é ela – exlamou Castle. Ela puxou o tal cabelo e falou.

- Castle, é uma peruca. E tem roupas aqui – ela os colocou de lado e se levantou - Agora podemos sair daqui antes que alguém... – ao virar-se ouviu o clique de uma arma dando de cara com um segurança - nos veja.

Castle arregalou os olhos. Beckett ergueu as mãos sem discutit. Não tinha se preparado para uma situação dessas e agora, ele comprometera Beckett também. O segurança os escoltou e mesmo tentando se explicar, demorou muito para o rapaz acreditar nela. Infelizmente, foi preciso ele ligar para Gates que confirmou a informação e exigiu a presença dos dois imediatamente em sua sala.

Assim que chegaram no distrito, eles foram direto a sala de Gates. Beckett mal olhava para ele, tinha o rosto sério e ele sabia que enfrentar Gates não seria nada engraçado ou mesmo fácil. A Capitã fechou a porta atrás de si e começou o sermão.

- Busca ilegal, invasão de propriedade.Sorte sua eu não tomar seu distintivo – virou-se para Castle - E você. O que raios pensa que estava fazendo?

- Mas todas as evidências. O tapete, o depósito.

- Evidências? Acabei de falar com seu suposto assassino,sr. Castle. Ele alugou o depósito a pedido da ex-namorada.Ele estava colocando seus pertences lá,incluindo seu tapete.

- Como sabe que ele diz a verdade? – oh, Castle porque você ainda insiste, pensou Beckett - Ninguém tem notícias dela.

-Nós a contatamos – disse Gates - Ela está bem.

- E a tinta e o alvejante?

- Ele encontrou mofo e quis livrar-se dele. Mais alguma coisa?

- Só... – Beckett estava boquiaberta diante da teimosia dele mas não deixou-o prosseguir.

- Sra., Castle está apenas...

- Envergonhando a mim? E ao departamento? E, sr. Castle, seu vizinho disse que,se incomodá-lo novamente,ele prestará queixa.E ficarei feliz em te tomar sob custódia pessoalmente – e apontou para a porta.

Castle saiu cabisbaixo. Tinha se metido em encrenca e levado Beckett com ele. Sabia que ela estava chateada com razão. 

- Oi, Castle.É difícil equilibrar-se nas muletas quando acabou de levar umas palmadas? – implicou Esposito. Castle não se deu ao trabalho de responder, olhou para Beckett e avisou. Os rapazes riam.

- Estarei no carro.

- Os comediantes encontraram algo de novo sobre o marido? – pela primeira vez ela não gostara da brincadeira. Eles perceberam e apenas trataram de dar o update a ela. Pelo que contaram, o marido estava produzindo um álibi.

-Esse cara está envolvido – disse ela.

- Ótima teoria,mas há um problema.Não temos provas – retrucou Esposito.

- Ainda – ela disse já saindo rumo ao elevador.

Os acontecimentos do dia foram tão intensos que apenas agora ela percebera que não dera parabéns a ele. Suspirou. Ia esquecer isso tudo e se preparar para ter uma noite agradável com ele. Entrou no carro e já sabendo que ele permaneceria calado, Kate acariciou a perna dele e falou.

- Está na hora de esquecer isso tudo. Vamos para casa, nos arrumar e ter uma noite a dois. Um bom jantar e uma celebração digna de aniversário, ok?

Ele suspirou e concordou.

- Ok. 


Apartamento de Castle


Ele já estava devidamente vestido esperando por ela. Ainda olhando o apartamento do vizinho, ele sentiu o perfume feminino no ar. Então, decidiu que precisava admitir algo a ela. 

- Não digo isso com frequência,mas...desculpe.Desculpe por te deixar encrencada, desculpe por perder a cabeça.

- Quer saber, Castle? Tudo bem. Sua imaginação hiperativa já trouxe muitas pessoas à justiça. Na verdade, é uma das coisas que amo em você.

Ao ouvir a declaração dela, ele virou e encontrou-a linda a sua frente.

- Nossa. E... nossa! Feliz aniversário para mim – ela deu uma viradinha exibindo o vestido - Se esse é meu presente, mal posso esperar para abri-lo.

- Depois. Agora vamos esquecer do assassinato, jantar, celebrar sua vida,voltar e celebrar um pouco mais – ela disse maliciosa.

-Parece perfeito.

- Certo, o carro chegará em 15 minutos. Você quer beber algo da geladeira?

Pronto. E tão rápido como um raio, ele teve um insight. 

- A geladeira.

- O quê?

- Ele pegou um refrigerante do armário.

- E?

- E por que pegar do armário e não da geladeira? Por que não...pegar gelo?

- Oh, não – suspirou Kate.

- Ela está na geladeira.As bandejas de plástico no armário eram prateleiras de geladeira.

- Castle. Mas ele não ouvia a ela.

- Não sei com quem Gates falou ao telefone,mas não foi Emily.Ela está na geladeira.

- Ela não está no apartamento, nem na geladeira. Não há corpo algum – Kate estava a seu lado.

- Há, sim.

- Castle, você acabou de se desculpar.

- Retiro as desculpas,volto atrás.Ela está na geladeira – ele olhava sério para Kate.

- Quer saber? Vamos descer e esperar lá pelo motorista – Kate irritou-se, segurou as guias da cadeira de rodas e fez menção de move-la quando ele falou.

- Não sairei daqui até ver o que há na geladeira.

- O quê? – ela não acreditava no que estava presenciando - Você vai ficar aqui esperando que ele a abra?

- Se for preciso.

- Certo. Muito bem – ela se encaminhou para a porta sabendo exatamente o que deveria fazer.

- Aonde vai? – ele perguntou caindo em si. Ela virou-se para ele e despejou.

- Castle, fiz planos para você. Eu me arrumei para você. E não deixarei que você estrague esta noite.

- O que irá fazer?

- Vou até lá, vou abrir a maldita geladeira – Kate se inclinou na direção dele e apoiou-se nos braços da cadeira - você e eu iremos jantar e nunca mais falar sobre isso.

- Não faça isso,é muito perigoso.

- Não tanto quanto eu serei se estragar meus planos – e ele viu o olhar que sempre o fazia teme-la.

- E se ele não te deixar entrar?

- Olhe para mim.Ele me deixará entrar.

- Não se tiver um corpo lá.

- Não tem um corpo lá!

Ele virou-se para a janela e esperou com os binóculos em punho. Viu quando ela saiu do elevador e tocou a campainha. Kate virou-se na direção do apartamento de Castle e deu língua para ele. O vizinho abriu a porta e ela foi logo entrando falando sabe-se lá o que. O cara parecia incomodado com o descaramento dela. Ela falou algo para ele e quando fez menção de ir na direção da geladeira, ele se colocou na frente dela.

- Não, não, Beckett – mas Kate não se deu por vencida, insistiu e se desvencilhou dele rumo a geladeira quando ele agarrou seu braço, ela escapou de novo e quando ia abrir a porta da geladeira, ele a agarrou - Não.Não. – ela lutava tentado se soltar e Castle assistia a tudo agora realmente apreensivo e então o cara pegou a faca - Beckett, não! – Castle se desesperou. Ele vai mata-la! Oh não o que foi que eu fiz? – de repente as luzes se apagaram e Castle gritou - Não!

Ele pegou o celular e discou para Ryan. Como um louco pegou as muletas e atravessou a rua numa velocidade inexplicável movido pela adrenalina e pelo medo de te-la perdido, medo de ser o culpado se ela... – não conseguia completar a frase. No momento que chegou ao outro lado, os rapazes já saltavam dos carros perguntando por ela.

- Onde ela está?

- Lá em cima, no apartamento.Esperem por mim! – Castle fazia um esforço supremo e os alcançou tomando o elevador. Na porta do apartamento, Esposito e Ryan gritaram.

- Polícia de Nova Iorque! Abra! Abra, agora!

- Chutem a porta, chutem! – ele estava desesperado. Esposito e Ryan fizeram o que ele pedira arrombando a porta. Castle entrou gritando por ela no apartamento às escuras. 

-Beckett!

-Beckett! – os rapazes fizeram o mesmo.

-Beckett! Beckett, está aí?

-Beckett! Beckett, cadê você?- Castle gritou à beira do desespero. Então, as luzes se acenderam e os gritos invadiram o lugar.

- Surpresa!

- Feliz Aniversário! Kate gritou para ele e virou-se para pegar uma taça de champagne. Castle estava estático. Via seus amigos, sua mãe, a filha e...o vizinho, o amante e a moça! Ele voltou a olhar para Kate.

- Era tudo falso? Nada foi verdade. Você me deixou pensar que eu estava louco? Você me fez pensar que ia morrer? – ao olhar para ele, Kate sentiu um aperto no coração será que exagerara? Ela decidiu se explicar.

- Você estava tão entediado nas últimas semanas, preso em casa,sem casos para solucionar. Vi que este apartamento estava para alugar e pensei... – mas as palavras fugiram e ela engasgou.

- Richard... – Martha ao ver a expressão no rosto do filho já se preparava para defender Kate e brigar com ele. Alexis baixou o olhar, não queria pensar no que aconteceria se o pai brigasse com Kate.

- Não. Não. Isto é... – ele se aproximou dela,o nervosismo visível no olhar dela e a seriedade e uma severidade no dele - sem dúvidas... – ainda vendo a apreensão no rosto dela, ele gritou - o melhor presente de aniversário da minha vida!

O alívio trouxe de volta o sorriso ao rosto de Kate e ela abraçou Martha em meio aos gritos dos presentes. Alexis sorria e Kate levou a mão ao coração, os olhos encheram-se de lágrimas emocionada ao vê-lo levar a mão a boca ainda deslumbrado diante de tudo.  

- Como fez isso?

- Tive muita ajuda. Realmente.

- Todos vocês estavam nisso?

-  Michael, Brent, Emily,meus alunos de atuação – apresentou Martha - Eu, claro, fui a diretora.

- E os rapazes? – Castle olhou para eles.

- Pois é. Eles foram ótimos.Não precisava derrubar a porta – disse Kate.

- Foi o momento – disse Esposito.

- Para ser convincente – concordou Ryan. Castle olhou para a filha. 

- Alexis, você também?

- Por isso te trouxe os binóculos.

- Até a capitã Gates?

- Sim. Ela adorou poder te repreender por alguma razão – disse Ryan.

- Onde ela está? – Castle perguntou.

- Não pôde vir – disse Esposito sorrindo.

- Que bom – ele olhou para a mulher a sua frente. O sorriso perfeito. A felicidade no olhar – wow! – ele exclamou e Kate não esperou mais um segundo sequer. Tomou o rosto dele em suas mãos e o beijo com vontade.

- Isso aí – os outros gritavam. Ao quebrar o beijo, ele ainda estava meio zonzo.

- Você realmente me surpreendeu.

- Bom, a parte mais complicada foi te enganar e manter uma cara séria.

- Você ganha o Oscar por fingimento de homicídio – ele foi até a mesa pegar champagne - Não acredito que foi tudo encenação.

Kate não conseguia parar de sorrir sabendo que tudo dera certo e que ele estava feliz. De repente, a última palavra dita por Castle chamou sua atenção.

- Encenação?

- O que foi?

- Acho que acabei de solucionar meu caso – virou-se para ele.

- Então, precisará ir prender alguém?

- Não – ela pegou a taça da mão dele - Neste momento, tenho outros planos - beijou-o novamente - Feliz aniversário – e brindou com ele. A felicidade dela era tamanha que por ela não parava de beija-lo e sorrir.

Depois de beija-lo mais uma vez, Kate abriu espaço para os demais cumprimentarem Castle. A filha o encheu de beijos, depois Martha e um a um dos amigos vinham até ele. Recebendo abraços e beijos dos presentes, ele ainda a procurava com o olhar. Alguns tiram sarro da cara dele pela enganação mas nada disso importava, o sorriso de felicidade no rosto dele não tinha preço. Observando de canto ele se vangloriar de seu momento policial quando invadiu o apartamento, ela sorria e deliciava-se com o champagne. Alexis se aproximou comendo um cupcake e entregou outro a ela.

- Está tudo delicioso – ela disse mordendo o bolinho - Fico feliz que tudo deu certo. Ele amou, basta olhar pra ele.

- É – Alexis reparou no sorriso bobo no rosto de Kate – você realmente conhece meu pai. Sabia exatamente todas as reações dele. É bom vê-lo assim.

- Eu tive uma ótima parceira – piscou para ela - Confesso que fiquei meio preocupada em dois momentos: quando ele mandou eu ir embora do apartamento e quando você não me deu notícias logo pela loucura dele, porque eu sabia que ele ia aprontar. Você improvisou bem.

- Quem improvisou? – Castle chegou abraçando Kate pela cintura.

- Alexis. Você invadir o apartamento até imaginei mas daí a levar uma queda, bem o resto foi improviso comandado por ela, até a ideia do diálogo ao telefone com o ator. Inventar histórias realmente faz parte do DNA de vocês.

- Meu orgulho. Só queria saber como sabiam o que eu faria? Quer dizer, o tapete na madrugada, as aparições na janela no momento certo. Como fizeram isso?

- Pense desssa forma: um mágico nunca revela os seus truques.

- Ah, Kate... por favor! Conte... – ela balançava a cabeça negativamente, ele olhou para a filha – Alexis, sou seu pai você deve me obedecer, conte.

- Eu? E sofrer na mão da detetive? Não obrigada. Se entenda com ela, use seu charme. E saiu de perto deles rindo. Castle tornou a envolve-la em seus braços e esforçando-se para convence-la com o olhar pidão, ele insistiu.

- Kate, por favor... considere um extra de aniversário – ela mordia o lábio rindo, adorava vê-lo intrigado – foi telefone? Via mensagem tipo whatsapp? Já sei! Câmeras no apartamento! Eu era espionado! Hum boa! – Kate beijou-o mais uma vez e riu – você não vai mesmo me dizer?

- E perder a oportunidade de te ver agoniado querendo adivinhar? Não mesmo. estou adorando.

- Você é má, Kate Beckett, muito má.

- Mesmo? É isso que você pensa de mim? Depois de tudo isso?

- Não.... você entendeu o que quis dizer.

- Castle, aproveite a festa e não arruíne minha história com sua lógica.

Ao reconhecer as suas palavras, ele sorriu. Beberam, conversaram com os amigos, riram. Foram quase três horas de muita alegria. Infelizmente, ainda tinha trabalho no dia seguinte e um caso para fechar. Os amigos foram se despedindo aos poucos. Kate ficou satisfeita ao ver que Lanie e Espo estava aparentemente se entendendo. Quando estavam apenas os dois, Martha e Alexis, Kate lembrou-se que precisava fechar a limpeza e evacuação do apartamento logo cedo. Martha a tranquilizou dizendo que já providenciara tudo que era necessário e que não devia se preocupar. Assim, Kate resolveu voltar ao apartamento de Castle.

Lá chegando, foram direto para o quarto. Ela queria muito continuar a noite com ele, celebrar mas tinha que se livrar daquele caso de uma vez por todas aí sim poderia se dedicar a ele e somente a ele quando voltasse. Castle já tirara o paletó, a gravata e desabotoava parte da camisa. Ela o fitou e odiava ter que deixa-lo mesmo que por umas duas horas. Apoiando-se no braço da cadeira de rodas onde ele estava, ela falou.

- Você deixa eu voltar ao distrito? Não queria mas se eu fechar esse caso posso me dedicar exclusivamente a você. Tudo bem?

- Então não vou desembrulhar meu presente?

- Eu não disse isso... – Kate desfez o sorriso.

- Tá vai lá, eu vou te esperar apenas não demore – ela beijou-lhe os lábios.

- Prometo que serei rápida que nem foguete.

E numa velocidade impressionante, ela trocou de roupa e saiu rumo ao distrito. No caminho, já pediu ao policial de plantão para chamar a suspeita pó melhor sua cúmplice. Também ligou para os rapazes e disse exatamente o que precisava. Quando chegou, a pessoa já estava a sua espera. Sem muita demora, Beckett expos o que descobrira. Pressionou e acabou fazendo a vigilante cooperar levando-a ao verdadeiro culpado. Caso encerrado. Certificando-se que a prisão fora feita, ela deixaria o relatório para a manhã seguinte.

- Eles se conheceram há um ano, no último turno,e começaram um romance. Então Gavin notou que precisava se livrar da mulher e, ao invés de ter um divórcio complicado, decidiram matá-la.

- Que casamento! Não é surpresa Clara querer sumir.

- Ela não foi rápida o bastante.

- Onde, realmente, foi o assassinato?

- Na garagem dos Dewinters. Após o jantar, ele a espancou até a morte com o taco que deixou no beco,e depois a vestiu com as roupas que Rigas usou na gravação. Então, logo antes de jogar o corpo na lixeira,Rigas rodou a gravação falsa.

- Crime perfeito – disse Esposito.

- Pois é.Quase foi.

Ela se despediu deles. Queria mesmo era voltar para casa, para Castle. Ao entrar na sala encontrou-o fitando pensativo a janela com os binóculos em mãos.

- Ainda tentando desvendar o mistério, Castle?

- Já de volta? Foi rápido não?

- Quando se tem a dica certa... – ela sorriu pra ele e o abraçou envolvendo os braços no pescoço dele, beijando-o nos cabelos – que tal esquecer essa janela e voltarmos a nossa festa, de onde paramos? Vou pegar vinho para nós.
Enquanto ela fazia isso, Castle quis saber como o caso se resolveu.

- E então, como você resolveu o caso com a minha dica? Ela sorriu. Entregou a taça de vinho a ele.

- Fico feliz por ter ajudado com o caso,mesmo que por acidente. Quantos acha que solucionamos desde que nos conhecemos?

- Sei lá. Acho que uns 100.

- 100? – ele ergueu a taça e brindou com ela - A mais 100!

- Sabe...o que você fez por mim... – ele tirou a taça da mão dela,tentou conter a emoção - Ninguém, nunca,fez isso por mim. Aquilo foi...- pensou na palavra certa – épico – ele a pegou pela mão e sorrindo, ela sentou-se no colo dele - Mas agora precisarei retribuir.

- Sério? – ela passou a mão em volta do pescoço dele - Acha que consegue superar aquilo?

- Espere e verá – e Castle seguiu com ela no seu colo empurrando a cadeira de rodas. Chegando a porta do quarto, ela se levantou da cadeira e estendeu a mão para ajuda-lo. Ela jogou o moleton dele no chão do quarto e o fez sentar na cama.

- Castle, sei que você merece uma celebração especial no seu aniversário e por isso hoje não me vestirei para isso. Vamos comemorar sim, mas quando você estiver realmente recuperado. Entao, sairemos para jantar de verdade e aí sim você poderá desembrulhar seu presente desde que me garanta que já está bem para digamos, fazer exercício. Não quero ser responsável por mais uma semana de perna enfaixada na sua vida.

- Eu estou ótimo. Mas adoraria uma comemoração dupla.

Kate então tirou a camisa, a calça e aproximou-se dele apenas de lingerie. Castle já foi tirando a calça de moleton. Ela por sua vez, puxou a camisa dele e Castle já foi deitando-se no colchão ao sentir as mãos dela empurrando seu peito. Com um certo cuidado, ela acomodou a perna na cama e voltou sua atenção a ele. Beijou-o apaixonadamente. Os lábios deixaram dos dele e rumaram em busca do prazer vagando pelos ombros, peito, abdômen. Tirou o boxer dele e percebeu o quanto ele já estava excitado. Brincou com o membro dele por uns instantes em sua mão apenas para atiça-lo ainda mais. Voltando a deitar-se sobre o corpo dele, Kate sussurrou ao pé do ouvido ainda mordiscando a orelha de Castle.

- Você acha que pode aguentar, Castle? Está pronto para esquentar as coisas? Hum... o que vai ser?

- Está duvidando de minhas habilidades, Detetive Beckett? – ele estendeu as mãos, abriu o soutian dela e esticando-se mais um pouco, apertou o bumbum dela – sentiu? Que tal você se livrar dessa calcinha e ficar deitadinha aqui ao meu lado?

Captando a ideia dele, ela sorriu e fez o que ele pediu. Deitou-se de lado mantendo as costas para ele. Sentiu o braço envolver sua cintura e a mão subir vagarosamente encontrando e apertando seu seio, moldando-se perfeitamente em torno dele. O polegar e o indicador, seguraram o mamilo pressionando entre as pontas dos dedos, instigando. Dava pequenos puxões nele já provocando sensações automaticas no seu centro. A boca de Castle passeava pelo rosto dela e na nuca, roçando os dentes na pele. Ela percebeu quando ele apertou forte a sua cintura e com uma ligeira pressão penetrou-a.

- Hum... – foi o som que saiu dos lábios de Kate.  

Colando seu corpo ao dela, Castle começou a se mover. Kate segurou na mão dele e também entrou no movimento. Sincronizados. Ela virou o rosto na direção dele para sugar-lhe os lábios, A intensidade aumentava e ela já sentia arrepios na pele. Queria mais. Ele a puxava contra seu corpo e moviam-se juntos num frenesi intenso. Kate começou a tremer já sentindo o corpo ceder ao orgasmo. Com um gemido alto, ela deixou-se levar. Castle continuou provocando apertando novamente os seios dela, ele também já estava no limite. Após uma última estocada, ele gemeu e juntou-se a ela na explosão de prazer.

Passado alguns minutos, ele sentiu o ritmo do coração diminuir voltando ao estado normal. Deslizou uma das mãos pelo corpo dela até alcançar os seios. Brincou com um deles massageando-o no contorno de sua mão e apertando de leve o mamilo. Ouviu-a gemer. Em seguida retirou os cabelos teimosos que cairam entre o rosto e o ombro de Kate afastando-os e deixando a pele à amostra. Beijou-lhe o pescoço e a omoplata para virar por fim o rosto dela e sorver seus lábios. Depois de um beijo preguiçoso e sensual, ela abriu o sorriso.

- Tudo bem?

- Melhor agora... feliz aniversário para mim.

- Sim, feliz aniversário Castle. Como está a perna? Não se machucou certo? – ela perguntou preocupada.

- Não, já estou praticamente curado – ele sorriu.

Virando-se totalmente de frente para ele, Kate acariciou o rosto dele com a ponta dos dedos. Deu-lhe um beijo e deslizou a mão até o peito dele. Deu vários beijinhos no local e voltou a olhar para Castle.

- Acho que apenas para ter certeza você poderia ir ao médico amanhã. É claro que eu também posso fazer um diagnóstico mas o médico vai dar um parecer oficial. Só assim poderemos comemorar em grande estilo...

- Hum, o que você está aprontando?

- Estou com umas idéias...

- Se é assim, amanhã cedo estou no médico porque sei que não vou me arrepender – ele acariciou os cabelos dela enquando a via se inclinar para beija-lo.

- Não vejo a hora de contar sobre meu presente para os rapazes no pôquer. Eles nunca terão algo assim.

- Quer se exibir?

- Um pouco. Também quem pode culpa-los? Eles não namoram a melhor detetive de New York.

- Que tal mais uma rodada? Você garante Castle?

Ele a puxou para cima de si, o membro já excitado novamente pressionado a coxa dela.  

- Isso te diz alguma coisa?

No dia seguinte, Kate demorou para sair. Preparou um café da manhã especial para ele e tomaram na cama. Certificiou-se antes de ir para o trabalho que ele iria ao médico e deixou o apartamento com uma sacola de roupas, estava tanto tempo ali que precisava renovar suas roupas, também levou o vestido preto. Foi para o distrito. Lá terminou o relatório do último caso e passou as informações para a capitã. Quando saia da sua sala, Gates perguntou.

- Como está Mr.Castle? Ele gostou da festa?

- Melhorando e sim, gostou. Ele perguntou pela senhora.

- Sei, tenho certeza que ele realmente sentiu minha falta no seu aniversário.

Beckett sorriu e saiu. Após organizar algumas coisas, saiu para um almoço rápido. Ao retornar para o distrito, ela estava mexendo no computador quando o celular tocou. Castle.

- Hey...

- Apenas para avisa-la que já voltei do médico e aparentemente a adrenalina que você me passar ajudou na minha recuperação. Ele pediu para eu voltar daqui a três dias para retirar esse treco.

- Ótimas notícias! Nos vemos à noite.

Três dias depois, Kate estava trabalhando no distrito mas assim como no dia do aniversario de Castle, estava ansiosa por uma notícia. Fitava o celular esperando que o mesmo tocasse. Milagrosamente isso aconteceu cinco minutos depois. 

- Adivinhe só? Não estou mais om a perna imobilizada o que significa que você poderá comemorar hoje comigo oficialmente, ou deveria dizer extra-oficialmente meu aniversário? Está pronta, Kate?

- Claro que sim!

- Quer que eu faça as reservas? – ele perguntou.  

- Não, deixe comigo. Passo para te pegar as 7h.

- Esse papel não deveria ser meu?

- Não, você é o aniversariante. Te vejo à noite.

- Mal posso esperar, Kate.

O restante do dia passou sem grandes novidades, ela saira na hora do almoço pois tinha muita coisa para resolver. As reservas já estavam feitas desde o dia que ele a informou que voltaria ao médico. De volta ao distrito, após resolver os últimos detalhes, ela checava o relógio quase de minuto em minuto, o tempo demorava para passar. Na verdade  quase se arrastara.

Ela se pegou pensando em tudo o que acontecera entte eles nesse último mês. Ela ainda guardava na memória o olhar impressionado dele ao descobrir o que ela aprontara. A convivência de anos, a fizera conhece-lo bem. Sabia a forma de deixa-lo sem fôlego. Talvez não soubesse exatamente tudo como ele pensara, talvez ainda pudesse se surpreender no futuro com algumas atitudes de Castle. Agora pelo menos, ela sabia que o deixara sem chão. Ponto para mim, Meredith – pensou. Nesse instante ela se sentia muito feliz por proporcionar momentos assim, marcantes e porque não dizer inesquecíveis?  

Ao fim do expediente, Kate seguiu para o seu apartamento para se arrumar. Iria vestir a mesma roupa para comemorar apropriadamente com ele. Depois de dar o ultimo retoque na maquiagem e ter certeza que tudo estava adequado ela saiu. Passou por volta das sete e quinze no apartamento dele. Quando ele perguntou onde iriam, ficou surpreso ao saber que Kate fizera reservas no Le Cirque, um dos melhores restaurantes de Manhattan e bem difícil de se conseguir uma mesa. Assim que chegaram ao local, foram muito bem recebidos e levados à parte reservada.

- Aproveite a noite, Mr.Castle – disse o maitre e saiu. Castle olhou para ela sorrindo.  

- Estou impressionado. Como conseguiu uma mesa aqui e tão rápido?

- Ah, o nome de um certo escritor parece operar milagres algumas vezes nessa cidade.

- Com licença – era o garçon – Srta. Beckett posso trazer o vinho e as entradas?

- Claro. Por favor.

- Aparentemente o nome de uma certa detetive também – disse Castle acariciando a mão dela sobre a mesa – pelo que vejo vou apenas apreciar tudo hoje não? Não tenho que decidir nada?

- Não, você apenas aproveite o seu aniversário – ela buscou os lábios dele e perderam-se por uns segundos nos lábios um do outro. O champagne chegou e eles brindaram novamente.

- Ao melhor aniversário que já tive e a melhor namorada por tornar tudo isso possível – ele bateu a taça na dela sorrindo. Após o primeiro gole, ele a puxou pela nuca e beijou-a apaixonadamente. O resto do jantar seguiu de maneira tranquila, eles riam, conversavam e degustavam de boa comida e excelente companhia. Terminado o jantar, Castle se apresentou para pagar mas fora surpreendido novamente. Já estava pago. Ele olhou para ela e suspirou apertando a mão dela. Deixaram o restaurante e Kate dirigiu até seu apartamento. Quando entraram na sala, ele tirou o blazer e comentou.

- Pensei que íamos para o meu apartamento continuar de onde paramos ontem...

- Não, aqui é mais seguro. Não corremos o risco de sermos interrompidos – ela se aproximou dele, mexeu com a gola da camisa como sempre gostava de fazer e segurando o rosto dele com as duas mãos, beijou-o novamente – você não disse que gostaria de desembrulhar seu presente? Então, Rick Castle o que está esperando? – sorriu. Aquele sorriso que tirava seu fôlego e o fazia perguntar-se como ele era sortudo por ter alguém como ela na sua vida.

Castle primeiro passou as mãos delicadamente pelos ombros dela descendo-as pela lateral do corpo dela até chegar ao ponto das costas onde puxou o fecho da roupa. Sorriu ao tocar a pele nua das costas exposta pelo gesto. Com uma das mãos, ele empurrou uma alça para longe do ombro dela. Repetiu o gesto e puxou vagarosamente o vestido até a cintura dela deixando-a com o colo nu a sua frente. Então a tomou em um novo beijo dessa vez sensual para distrai-la enquando uma das mãos acariciava seu seio brincando com ele. Gemendo entre seus lábios, Kate falou.

- Castle... você ...tem muitas roupas...tire... – ela desfez o nó e puxou a gravata, jogou-a no chão. Começou a desabotoar a camisa e se afastou um pouco dele. Com as mãos na cintura, ela levou o resto do vestido ao chão. Castle tirou a camisa e em seguida as calças, ela estendeu a mão para ele – vem aqui... – puxou-o até o quarto e Castle viu o cenário preparado com esmero.
Pétalas de rosas vermelhas faziam um caminho até o pé da cama e continuavam espalhadas pelo colchão. As luzes do abajur eram a única iluminação do ambiente combinadas com algumas velas acesas e espalhadas em pontos estratégicos do quarto. Um aroma de incenso tomava o ar, um toque adocicado que ele reconheceria em qualquer lugar.

- Cerejas... – abriu o sorriso e se aproximou dela. Kate envolveu os braços nas cintura dele e manteve o olhar fixo nele. Deslizando as mãos pelas costas dele até chegar aos ombros e por fim o peito. Deu-lhe mais um beijo e disse.

- Você vai ficar quietinho sentado na cama. Pode se inclinar-se no encosto da cama porque eu tenho algo a fazer.

Ela afastou-se dele em busca de um palito para acender outras velas. Castle a acompanhou com o olhar, nunca cansava de admirar aquele corpo perfeito. Viu quando ela acendeu duas velas pequenas, pareciam incenso ao olhar dele. A silhueta iluminada pela cor alaranjada, quase âmbar. Kate se aproximou da cama segurando as velas que colocou na cabeceira da cama onde só então ele notou um balde de gelo e uma garrafa de champagne. Ela pode ver o membro dele já animado sob o tecido do boxer. Ela subiu na cama e ao lado dele com destreza puxou o boxer pelo elástico livrando-se da última peça de roupa dele. Em seguida ela se colocou entre as pernas dele, acariciou-lhe o peito com as mãos delicadas. Ele a tocou na cintura mas Kate bateu na mão dele e com o olhar ele entendeu que não podia toca-la. Ela deixou os dedos entremearem no cabelo dele e encostou os lábios suavemente no rosto dele até sussurrar ao seu ouvido.

- Você está pronto para um momento digno de Nikki Heat? Realmente “heat”?

Castle sentiu uma fisgada em seu membro e gemeu. Não tinha ideia do que ela pretendia e sim estava pronto para ver o que sua musa o reservara exceto por um detalhe. Ele esticou o braço até o cabelo dela e soltou o coque. Os cabelos longos se espalharam pelos ombros dela, Kate balançou-os para se ajeitarem.

- Agora estou... pronto para ser surpreendido...

- Só peço que confie em mim ok?

- Ok.

Ela esticou-se sobre ele para pegar uma das velas da cabeceira da cama. Sentada sobre as pernas dele, Kate mostrou a vela para ele, a chama acesa em contraste com os olhos dela proporcionavam a Castle uma visão privilegiada de beleza. Vendo que ele estava perdido olhando para ela, Kate virou a vela deixando a cera escorrer fazendo com que o primeiro pingo caísse sobre o peito dele. Ele tensionou o corpo diante do movimento.

- Relaxe...não vou queimar você... veja – e ela fez o mesmo movimento sobre seu próprio colo. Castle estava boquiaberto. Kate repetiu o movimento deixando a cera cair sobre o peito dele em várias gotículas, abaixou-se e seguiu a trilha que criou com a língua. Ele gemeu. Ela continuou a brincadeira até chegar próximo ao membro dele. Ela reparou que não apenas estava excitado como a respiração de Castle começava a ficar difícil. A pele quente pela cera e pelo calor do desejo que o tomava, Kate pegou a outra vela na cabeceira e algo mais. Dessa vez, ela se concentrou em respingar o líquido quente quase em cima do mamilo dele, assim que o fez, ela o tocou e ouviu o sussurro sair dos lábios dele.

- Oh, Deus...

A reação de Castle foi por causa do toque dela, Kate tinha entre os dedos que apertaram o mamilo dele uma pedra de gelo. O contraste entre o quente e o frio era quase de tirar o fôlego. Ela continuou repetindo o gesto por todo o peito dele, a água que derretia escorria pela pele dele. Kate tocou o membro dele com a mão gelada e sorriu. Pode reparar nas pupilas dilatadas cobrindo quase que completamente o azul lindo de seus olhos. Apagou a chama com os dedos e jogou a vela longe. Segurando o rosto dele com as duas mãos, ela o beijou intensamente. Colou o seu corpo ao dele e sentiu as mãos dele a apertando e deixou por fim isso acontecer, também ansiava pelo toque. Ela sugava a língua dele com vontade e Castle respondia tocando o centro da calcinha, pressionando-o.

 Quando finalmente quebrou o beijo sem fôlego, foi surpreendida por ele. Castle puxou a calcinha dela e a ergueu provando-a. Kate apenas teve tempo de segurar no encosto de madeira da cama e gritou. Ele a provou lentamente enquanto suas mãos pressionavam o bumbum dela. Não tinha pressa, se era intenção dela deixa-lo louco, conseguiu mas não ia se safar tão facilmente. Ele permaneceu provocando-a até sentir os primeiros sinais do orgasmo domina-la.

Ergueu-a com as mãos pela cintura e a colocou deitada em diagonal na cama. A boca percorria a pele dela já arrepiada pelo desejo que sentia. Ela estava experimentando ainda as sensações do orgasmo anterior quando ele a penetrou. Os cabelos espalhados pela cama se misturavam as pétalas vermelhas, ele impulsionava seu corpo contra ela em um ritmo acelerado. Ela cravou as unhas no braço dele e Castle mordiscou o queixo dela. Kate podia sentir seu corpo enfraquecendo ao tremor de um novo orgasmo que a tomava, antes de ceder totalmente, ela virou-se na cama ficando por cima dele. Castle aumentou o ritmo, ele estava no limite, ela fazia movimentos de contração no membro dele que o tirara do sério, não podia mais controlar e erguendo o corpo do colchão com ela no seu colo, gozou. Ela se deixou experimentar o momento e o acompanhou jogando a cabeça para trás. Castle a segurava pela cintura e roçava os dentes na garganta dela buscando em meio ao êxtase encontrar os lábios sem sucesso. Kate envolveu seus braços no pescoço dele procurando por apoio. Muito lentamente a respiração deles voltava ao normal. Ela mordiscou o lóbulo da orelha dele enquanto os dedos ágeis apertavam e brincavam com o mamilo dele. Mordiscando cada pedacinho do ombro de Castle, ela finalmente se decidiu por voltar a beija-lo.

Agora, os beijos eram mais calmos apesar de ainda conterem um que de desejo e sedução. Kate pegou as taças com champagne. Sentados na cama com as pernas entrelaçadas, as carícias continuavam intercalando-se com goles da bebida. Castle ajeitou um parte do cabelo dela para trás da orelha e tirou uma pétala de rosa que grudara no pescoço dela. Suspirou.

- Eu não tenho palavras, Kate...primeiro o meu presente, meu próprio mistério e agora isso... Nikki heat ao vivo e deliciosamente steamy... como posso competir com isso?

- Apenas para você saber, eu também estou sem fôlego. Você sabe fazer isso também.

Ele tirou a taça da mão dela e colocou de volta na cabeceira.  

- É sério,Kate. Não estava brincando quando disse que nunca ninguém fizera algo assim por mim. De verdade. Você não foi ao limite, você ultrapassou qualquer expectativa que eu tinha. Posso até dizer que consigo tudo que quero na minha vida mas no fundo, eu sou o homem mais sortudo do universo por ter você. Isso só me faz amá-la ainda mais. Thank you.

- Always... e com lágrimas nos olhos ela o beijou mais uma vez. Castle a puxou em seus braços e aconchegaram-se entre os travesseiros. Ela brincava com uma pétala de rosa esfregando-a vagarosamente no peito dele e depois no rosto, tornou a olhar para ele e beijou a pele dele. Fechou os olhos porém antes de cair no sono o ouviu repetir as palavras.

- I Love you, Kate...

Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios e num sussurro deixou escapar.

- Eu sei...


Continua....

4 comentários:

Unknown disse...

Posso dizer literalmente que esse foi o MELHORRRRRRRRRRRRR capítulo dessa fic!!! Perfeitoooooooo, romântico, lindo! É muito amorrrrrrrr!!!
Nota 10000000000!!!! :)

Jaque Sebastiao disse...

Uau, uau e mil vezes uau... Um capitulo perfeito pra um episódio perfeito!!!! Vc relatou com maestria o episódio, amei o inicio, o desenvolver a história e esse final? Sem comentárioa né.. Hot demais, até passei mal aqui e que venham mais 100 epis e mais 100 fics, vc se supera a cada dia!!! Parabéns!!!!

Marlene Brandão disse...

nAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAahhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!
Além de episodio digno a fic ficou perfeita,não esperava menos de você.Confesso que esperava a antes mesmo de ter visto o epi em meus pensamentos algo grita"MARLENE ESPERE ALGO MUUUUUUUUUUUUUITO,MUUUUUUUUUUUUUUUUUUITO PERFEITO DA KÁ!" E ai estamos nois,nem vou comentar toda a fic por que a net esta,praticando bullying comigo.Fazem 3 dias que estou tentando postar coments e não carrega =(
PARABÉNS FICOU MAIS QIE DEMAIS!!!!
PS:Já li umas 3 vezes....

larynhapaulista disse...

Nesse episódio A.M. se superou e você não ficou nada atrás com o capítulo. Sou daquelas pessoas que adora ler os spoiler e ver os vídeos de sneak peek antes do episódio, mas nesse em especial eu não fiz, no máximo vi a promo e vi algumas fotos promocionais. E posso dizer que fui surpreendida ao saber que o assassinato que Castle estava vendo era de mentira.
Acho que você escreveu sobre isso na fic, mas Meredith estava errada. Kate apesar de não conhecer muito do passado do Castle, conhece muito bem o escritor e namorado para saber o que vai surpreende-lo. E posso dizer que em questão de surpresa Kate está ganhando de pelo menos 3x0 de Castle. Largar sua tradição de Natal para comemorar a data com ele, A gaveta de presente do dias dos namorados e essa festa surpresa de aniversário com direito a um assassinato de mentira.
Duas NC na mesma fic me deixaram totalmente sem ar. Amei o complemento do episódio.

Episódio e Capitulo mais que PERFEITOS...

beijos