Nota da Autora: Como expliquei anteriormente, essa história tramita entre presente e passado portanto haverá momentos em que vocês se depararão com cenários alternados ou capitulos apenas em um dos tempos... espero que gostem :)
Cap.2
Dia seguinte
Kate levantou cedo e antes das seis ela caminhava em
direção ao headquarters. O frio era duro e com luvas ela segurava um copo de café
que comprara ao sair do metrô. Era estranho tomar café sozinha, ela que sempre
fora mimada por Castle nesse ponto, agora voltara a sua rotina de cinco anos
atrás. Era o mesmo café de todos os dias apenas não tinha o jeito especial de
outrora. Ao entrar no prédio, ela foi direto para o salão onde trabalhava.
Sentada à frente do quadro, ela buscava seu foco para encontrar as possíveis
ligações ou próximas pistas. A vida de Sasha dependia disso. Em seu bloco de
anotações ela escreveu:
AMOR – POLÍTICA – DINHEIRO?
Ela estava concentrada pensando sobre qual desses três
motivos poderia ser o responsável pelo sequestro de Sasha. Não percebera quando
alguns agentes começaram a chegar e pareciam cochichar ou rir de algo. Um deles
resolveu se mostrar diante dos demais.
- Hey, Beckett! Problemas com o computador ou com o
projetor? Talvez seja melhor usar um tablet para suas anotações, o FBI tem
tecnologia do século 21. Se o problema for usar, posso te dar umas aulas. Basta
me levar para jantar e quem sabe?
Beckett mordeu o lábio inferior para controlar a
vontade que tinha de responder a esse atrevido. Respirando fundo, ela o
ignorou.
- Não vai responder? Vamos, é fácil – porém antes dele
continuar a falar um dos colegas fez sinal para ele avisando que o Diretor Assistente
estava se aproximando. Rapidamente, ele se colocou ereto de frente para a mesa
fingindo mexer em uns papéis. O DA aproximou-se dela.
- Bom dia, agente. Vejo que não perdeu os velhos
costumes...
- Sim, senhor. Velhos hábitos são difíceis de largar.
- Especialmente aqueles que nos ajudam a clarear as
ideias. Tecnologia é bom mas nada substitui a escrita e o velho quadro branco.
Stack já chegou?
- Não senhor. Eu vim mais cedo para estudar melhor o
caso. Ele deve estar chegando.
- Algum palpite sobre a tríade que você escreveu
abaixo? – ele apontou para o bloco de anotações.
- Algumas suspeitas. Ainda preciso conversar com umas
pessoas antes de escolher uma linha de investigação. Vou entrevistar a melhor
amiga de Sasha, espero conseguir respostas.
- Ótimo. Quando Stack chegar, avise para passar na
minha sala. E agente, tablet ou quadro branco, o método não importa desde que
resolva o caso. E sorriu para ela.
Kate pegou suas anotações e aproximou-se do quadro,
escrevendo a mesma sequência de palavras na coluna que designara para motivo.
Circulou o nome de Rebecca e pegou o telefone. Quando tomava sua segunda caneca
de café, Stack apareceu e ela deu o recado do Diretor Assistente. Também foi
informada ao voltar para sua mesa que Rebecca já estava a sua espera na sala de
interrogatório 2. Beckett preferiu estar sozinha para essa conversa.
- Bom dia, Rebecca. Sou a agente Beckett – estendeu a
mão para a moça e sentou-se a sua frente – você sabe por que está aqui não?
- Sasha. Nenhuma notícia dela ainda? – a menina estava
claramente aflita – não consigo entender. Estou aqui para ajudar.
- Ótimo. Rebecca, a mãe de Sasha me contou que ela e
Josh estavam bem e que de uns tempos para cá, a relação deles mudou. Você não
saberia o motivo?
- Foi Sasha quem terminou com ele mas eu sabia que ela
não queria isso. Ela o ama, ainda. Eles estavam bem, porém desde que Josh
trocou o curso de jornalismo pelo de Ciências Políticas parecia ter colocado a
namorada para segundo plano. Ela se queixou para mim. No início, disse para ter
calma, dar um tempo a ele porque estava num ambiente novo e precisava se
readaptar. O problema é que Josh furou compromissos com ela, estava bastante
interessado na carreira do pai dela e eles chegaram a brigar quando o Sr.
Wilson vetou a participação da empresa do pai dele na exploração de petróleo,
como se a Sasha tivesse algo a ver com isso. Josh mostrou um lado muito
ambicioso. Ia à convenções, encontros políticos, bem diferente da pessoa que
conhecíamos. Via Sasha ficar triste a cada dia. A única coisa que a animou foi
ter sido escolhida para o estágio em células-tronco. Ela estava animada, feliz
mesmo como a muito não a via. Chegou toda feliz para contar a ele então Josh
explodiu. Disse que ela só queria saber do estágio estúpido quando devia estar
fazendo carreira com o pai.
- Alguma vez ele teve comportamento agressivo com ela?
Você presenciou algo?
- Não! Eram discussões, vozes elevadas mas ele nunca
encostou nela. Era como se tivesse tomado por um desejo de enriquecer, uma
ganância fora do normal. Acredita que ele teve coragem de pedir para ela
questionar o pai do porque reprovara a firma do pai dele? E mais queria que ela
pedisse para ele voltar atrás.
Kate anotava tudo o que ouvia, Rebecca tinha muito a
acrescentar ao caso. Fez outra pergunta a ela.
- Você sabe qual foi o motivo real do término do
relacionamento deles?
- Sim, Sasha me contou assim que aconteceu. Na
verdade, eles tiveram uma discussão logo depois que ela aceitara o estágio.
Saia do hospital e ele esperava por ela para jantarem num pub próximo a
universidade mas ela se atrasou meia hora por causa de um procedimento. Foi o
suficiente para que ele voltasse a brigar com ela e jogou na cara de Sasha que
se ele não podia ter a chance dele de crescer por causa do pai dela, ela
deveria largar o estágio. Josh deu o ultimato, Sasha terminou. Ela me disse que
aquela fora a gota que fizera o copo transbordar.
- Certo, e você acredita que Josh poderia estar
envolvido nisso? Nesse sequestro?
- Sinceramente não sei. Podia ser uma chance de tirar
dinheiro do pai dela, uma espécie de vingança. Mas Josh amava Sasha. Ele ficou
mal depois da separação e até pediu para voltar. Mesmo amando-o Sasha disse
não.
- E depois que se recuperou, você notou algo estranho
em Sasha? Algo mudou nesses dias?
- Ela estava bem mas a uma semana atrás notei que
estava mais tensa. Cheguei a pressiona-la para ver se me contava o que estava
havendo. Ela disse que estava tudo bem, era somente preocupação com as provas.
Eu não acreditei. Depois que ela sumiu foi que pensei nisso, ela podia estar
sendo chantageada, ameaçada, sei lá! Você nunca espera que algo assim aconteça
com alguém que você conhece. Eu só queria minha amiga de volta.
- Obrigada, Rebecca. Você ajudou muito. Se lembrar de
alguma coisa, não hesite em ligar – Beckett deu um cartão a ela – vou trazer
Sasha de volta. Beckett acariciou o ombro da jovem e fez sinal para um outro
agente cuidar dela. Ao sair da sala, encontrou Stack.
- Bem interessante essa conversa não?
- Sim, deixou claro algumas boas possibilidades.
- Eu aposto que se você procurar vai encontrar que a
empresa de petróleo ia ser dirigida por Josh e excluí-la minou o acordo que ele
deveria ter com o pai.
- Precisamos trazê-los aqui, o pai e o filho. Assim
que eu checar algumas informações.
- Na verdade, já chequei. O filho está fora da cidade
em um seminário desde segunda. O pai chega de viagem hoje. Já pedi para
enviarem um comunicado para comparecer amanhã cedo aqui.
- Se está fora pode ser que não tenha participado do
ato mas isso não o livra da lista de suspeitos. E nem o pai.
- Você acha que o filho pode ter feito isso?
- Acho. As histórias de Rebecca somente serviram para
reforçar o que já pensara antes.
- Ainda não vou discordar de você, porém temos um
assunto mais urgente para tratar nesse momento. Se quiser pedir para Jordan
verificar qualquer informação para você, faça agora. Quem quer que tenha levado
Sasha, pediu resgate. Quero que venha comigo para ver se conseguimos descobrir
quem foi.
- Certo, me dê cinco minutos.
Beckett foi ao encontro de Jordan e ficou algum tempo
com ele. Mesmo com o cheque que pediu, suas suspeitas caiam em apenas uma das
linhas de investigação. Porém, ela guardaria apenas para si o raciocínio que
estava desenvolvendo. Na sala de som, Stack já a aguardava com o técnico.
- Então, a ligação foi rastreada?
- Não, quem quer que esteja por trás disso, conhece as
regras. Pedi para o técnico isolar o som para verificarmos alguma pista. Pronta
para ouvir?
- Sim, toque.
“Preste muita atenção. Sua filha precisa de você
portanto nada de polícia. Quero usd 10 milhões de dólares em uma mochila preta
que será deixada em uma lixeira atrás do café da rua Lincoln na esquina com a
.... amanhã sem falta às 10 da noite – E minha filha, quero saber se ela está
bem! – Pai?! Pai! – é suficiente, venha sozinho. Não falhe ou você sabe o que
acontece, envolva a polícia e bem, sua filha já era.”
- O problema é que eu não conheço muito a cidade.
Parece ser um lugar movimentado. Pessoas, carros e tive a impressão de ter
ouvido um trem.
- Sim, é um lugar movimentado. Mostre o mapa para nós
– o técnico jogou a imagem na tela de led – está vendo a área circulada? É o
quarteirão de abrangência do endereço para o pagamento. Para solicitarem
resgate às 10 da noite, eles devem estar por perto. A ideia é montarmos uma
operação de vigília à paisana. Assim que o Sr. Wilson deixar o dinheiro no
local indicado, nós iremos esperar recolherem o dinheiro. Não os pegaremos
ainda, os seguiremos até o suposto cativeiro, então os renderemos. O que você
acha,Beckett?
- É um bom plano mas e se eles não entregarem Sasha? Quer
dizer, temos que estar preparados, o risco existe não?
- Existe mas é mínimo, são dez milhões em jogo não vão
arriscar tudo. Eles entregarão Sasha – disse Stack – preciso conversar com
Sr.Wilson e a esposa, orienta-los. Você se junta à equipe e coordena as táticas
para a operação amanhã, tudo bem?
- Tudo bem. Ela não concordava muito em ignorar o
risco mas ela tinha que se preocupar com o local e em fazer a operação
funcionar. Ela avisou aos colegas que se reuniriam em meia hora. Voltou para
sua mesa e reviu suas anotações da conversa com Rebecca. Cada vez mais ela
estava desconfiada de Josh e seja por inveja, paixão ou dinheiro, não faltavam
motivos para ele ser o responsável. Sua intuição dizia isso, porém ela
precisava de provas. Incrível como havia semelhanças nas histórias de Sasha e
Josh e na sua própria com Castle. Claro que no seu caso, Castle não queria
mata-la e sequer ameaça-la. Isso apenas mexera com ela ainda mais.
Beckett foi para a reunião.Sob sua batuta foram
definidas, as discussões sobre as melhores táticas, divisões de tarefas,
estratégias e tipos de vestimentas, coberturas de lugares ao redor do espaço
alvo. Enfim, cada detalhe da operação fora pensado e avaliado. Três horas
depois, ela estava satisfeita. Com o plano em mãos, ela se preocupou em mostrar
para Stack e vê se atendera todo o necessário. Somente após o aval dele é que
seria realmente executado no dia seguinte. Encontrou-o saindo da sala do
Diretor-assistente e fez sinal para acompanha-la. Foi em busca de café na
pequena copa que tinham. Enquanto se servia, entregou a ele o plano tático.
Beckett bebericava o café observando as reações de
Stack. Aparentemente, ele gostava do que via. Ela sentou-se para esperar suas
considerações. Quando terminou de avaliar, olhou para ela e balançou a cabeça
em aprovação.
- Muito bom e percebi que você se colocou na linha de
frente. Você é uma das pessoas que irão coordenar essa operação, Kate. Não pode
fazer as duas coisas.
- Stack eu gosto de ficar na linha de frente,
especialmente em um caso desses. A vítima, sinto que já a conheço. Preciso
estar lá caso algo dê errado. Durante a elaboração do plano, ninguém achou ser
risco se de repente eles pegarem apenas o dinheiro e não devolverem a menina.
- Beckett, um conselho: não se apegue a vítima. Isso
aqui não é o 12th distrito. Temos uma missão a cumprir, pegar os culpados por
esse sequestro.
- E garantir que Sasha volte para casa a salvo. Essa é
a minha missão.
- Sim, isso também. Apenas mantenha o foco nos
culpados e mantenha distância.
- Sinto muito, já estou envolvida, é assim que eu
trabalho – ela olhava-o intensamente como quem desafia o outro - Alguma
informação adicional sobre quem pode estar por trás disso?
- Ainda não. Podemos ter ideia depois da conversa com
o pai do namorado. O empresário do petróleo.
- Pra mim, ainda falta algo. Estamos supondo que seja
vingança política. E se não for?
- Beckett o empresário teve sua empresa excluída de um
processo de milhões de dólares! O Sr. Wilson me confessou ter tido
desentendimentos com o Sr. Owen antes de analisar o processo de licitação.
Esses desentendimentos podem ter gerado um pouco de subjetividade nessa
avaliação. Você não acha coincidência que o contrato de serviço seja no mesmo
valor do resgate pedido?
- Isso não pode ser coincidência – ela falou – mas
ainda a história não se encaixa.
- Que história?
- Há sempre uma história. Você somente deve ligar os
fatos.
Stack olhou-a estranhamente e só então ela percebeu
que falara tal como Castle. Essa era a influência dele em seu trabalho, em sua
vida. Kate aprendera a dar valor a pequenos detalhes, fatos que se encaixam.
- Deixe pra lá. Amanhã teremos mais argumentos –
intimamente, ela não mudaria sua linha de pensamento.
- Já são sete da noite, vá pra casa. Amanhã temos um
longo dia e um longa noite. Precisaremos preparar o Sr. Wilson para entrar na
operação e entregar o dinheiro. Boa noite, Beckett.
- Boa noite, Stack.
Beckett seguiu em direção a sua mesa e recolheu
algumas informações que queria analisar sozinha. O arquivo que estava no tablet
enviou a cara um dos envolvidos e pediu a Jordan para cedo tê-lo impresso no
painel da sala de reuniões a fim de repassarem todas as instruções. Fechou o
computador, colocou o tablet na sua bolsa e vestiu o casaco. Fazia 6 graus
naquela noite.
Kate caminhava pela calçada sentindo o vento frio no
rosto. Washington é uma cidade bem diferente de New York. Não havia aquela
agitação nas ruas, o barulho, poucas pessoas andavam apressadas rumo ao metrô.
A atmosfera era outra, seca e sem cor. Desceu as escadas do metrô e comprou um
café novamente. Em vez de pegar a rota para seu apartamento, ela decidiu por
uma outra que levava a um shopping onde ela pretendia fazer uma pequena
refeição e espairecer um pouco.
Após um bom jantar a base de sushi e sashimi, ela
dedicou uma hora para olhar as vitrines. Kate nem se lembrava da última vez que
fizera um mimo para si. Ao parar na frente de uma loja de lingerie, deparou-se
com um lindo conjunto de renda preta bem delicado e um penhoir transparente,
realmente bonito. Um riso triste escapou-lhe. Antes era exatamente isso que ela
procurava para satisfazer sua vontade e brincar com Castle. Ele teria adorado
vê-la usando esse conjunto. Pra que ela iria comprar algo assim se não tinha
alguém para se exibir? Se não podia mexer com a imaginação dele?
Porque isso agora? Não é fácil desligar das coisas que
eles faziam juntos. E desde aquela entrevista na TV, ela estava com o
pensamento nele. Era como se algo despertasse uma parte de sua mente que optara
por esquecer. Era como abrir a caixa de pandora novamente e ser inundada por
tudo o que lembrava Castle. Continuou a caminhada pelos corredores e se deparou
com uma Borders e lá dentro uma Starbucks. Entrou.
Esse era um dos cheiros que Kate mais amava em todo o
mundo. A mistura de papel impresso, tinta e café. Para ela, aquilo era
revigorante. Fechava os olhos e inspirava aquele ar profundamente para encher
seus pulmões e ativar o cérebro criando uma sensação de leveza e paz. Ao abrir
os olhos, ela se deparou com o inesperado. À sua frente, um cartaz em tamanho
real de Castle anunciando o lançamento de Deadly Heat e sua noite de
autógrafos. Kate sentiu o coração saltar dentro do peito. Ele estaria ali daqui
a dois dias, logo depois da operação de Sasha. Ela ainda não sabia se isso era
uma boa notícia ou não.
Sinceramente, Kate nunca pensara a respeito de seu
reencontro com Castle. Será que todo o seu sentimento afloraria ao vê-lo ou ela
travaria. Conseguiria cumprimenta-lo ou sentiria uma imensa vontade de fugir?
Não saberia até aquele momento realmente acontecer. Passara pela cabeça dele a
vontade de avisa-la que estava vindo a Washington?
Após comprar seu café e um muffin de blueberry,
sentou-se em uma das mesas de canto e pegou o tablet e a pasta do caso. Tirou a
primeira mordida do doce e checou suas anotações. Não concordava com Stack
porém ainda precisava de algumas ligações para confirmar suas suspeitas. Pegou
o nome de Josh para fazer um cheque em seus antecedentes, ligações, amigos.
Puxou os dados no sistema do FBI e teve uma surpresa. Josh tinha antecedentes
mas porque não fora indicado na ficha dele? Ele aplicara alguns pequenos golpes
no tempo do ensino médio e chegou a ficar preso por cinco dias além de prestar
serviços comunitários.
- Então, você já era chegado em um golpe quando mais
novo... será que isso teria certa ligação com o modo como o pai gerenciava seus
negócios? – Kate falava sozinha, pesquisou a história do pai – bilionário do
petróleo, herdou parte da fortuna do avo. Duplicou a fortuna e entrou para a
política indiretamente financiando a campanha do governador do Alabama. Mais
tarde, ajudou o governo do Alabama a desenvolver pesquisas e outros serviços
através da sua empresa Oilserv. Com o apoio do governador, ele abriu uma filial
em Washington e trouxe o cara para o senado. Na capital, adquiriu outras
empresas que apenas fizeram seu patrimônio crescer. Recentemente, teve uma das
suas mais novas empresas excluídas de um processo de exploração de petróleo
pelo então sub-secretário do presidente, Antonny Wilson, o que não deixou o
magnata nem um pouco satisfeito. Casado pela segunda vez a três anos com uma
beldade, tem dois filhos do primeiro casamento. Josh, o primogênito e que está
na universidade e Michael, ainda em idade escolar cursando o ensino fundamental
– petróleo, política, muito dinheiro e poder. Motivos mais do que óbvios para
sequestrar a filha do seu atual inimigo. Seria Josh parte do projeto do pai que
fora destruído? Poderia ser esse o motivo de vingança que Josh usaria para
fazer Sasha pagar? Falta algo nessa história, como Castle a escreveria? – Kate
mordeu os lábios, sempre em seus pensamentos.
- Com licença...
- Sim? – Kate viu uma moça aparentando uns vinte anos.
Ela já havia reparado na mesma pessoa observando-a.
- Você me é familiar. Tenho a sensação que te conheço.
Vou arriscar aqui, você é a detetive certo? A que deu vida a Nikki Heat? KB
como na declaração do primeiro livro. Sei que é você.
- Sou eu. Kate Beckett – ficou um pouco envergonhada.
- Você vai estar aqui para a noite de autógrafos? Isso
é tão legal! Desde que sai de New York para estudar na universidade de
Washington queria saber do próximo livro. Pode me dar seu autógrafo?
Kate ficou um pouco sem graça mas afinal esse era o
preço que uma musa pagaria sempre, independente de ainda estar com seu escritor
favorito ou não. Ela estendeu a caneta e perguntou.
- Qual seu nome?
- Maya.
Kate escreveu uma mensagem de carinho no caderno que a
moça estendeu a sua frente. Feliz, ela agradeceu e deixou Kate sozinha. Diante
do ocorrido, Kate suspirou e resolveu ir para casa. Uma coisa era clara para
ela, mesmo querendo tentar tira-lo do seu pensamento, Castle parecia se mostrar
presente a cada momento. Pegou suas coisas e desceu para a estação do metrô.
FB
Castle estava sentado em seu escritório olhando para o
nada. Em uma das mãos, um copo de whisky, na outra o anel que ela o entregara.
Desde o momento que Kate saíra pela porta, ele não fizera mais nada. O sono não
vinha, a inspiração para escrever o deixara. Para falar a verdade, havia três
dias que tudo acontecera e ele ainda esperava acordar de um pesadelo. Estava em
transe. A cena da discussão entre eles repetia-se em sua mente como um disco
furado. O impacto daquele momento fora tão forte para ele que sequer repensou
em tudo que fora dito e trocado entre eles.
Nesse momento, ele imaginava que Kate já deveria estar
em Washington, começando uma nova vida. Claro que era uma etapa importante para
ela, iria ter uma nova visão do trabalho que ela fazia como detetive, no âmbito
federal. Dedicada e perseverante, Kate iria se destacar dos demais, não havia
uma sombra de dúvida da parte dele quanto a isso. O que Castle não conseguia
entender era porque toda vez Kate fazia o mesmo jogo de sabotagem a si mesma?
Porque ela preferia se esconder em trabalho ao invés de ouvir seu coração. Ele
podia entender a vontade de crescer, querer mais porém precisava largar sua
vida aqui, seus amigos, a pessoa que ama? Tudo esquecido e deixado para trás
por uma posição federal que, ele tinha certeza, ela podia obter em New York.
Tomou o último gole da bebida e após fitar o anel uma
vez mais, ele colocou-o na gaveta. Levantou-se para pegar mais um pouco de
bebida mas sentiu a cabeça rodar. Optou portanto em fazer uma caneca de café
para si.
De frente para máquina, foi impossível não lembrar de
quantas vezes ele preparara café para ela, foram mais de cem casos juntos e certamente
mais de 500 canecas ou copos de café. Por mais que tentasse, tudo ao seu redor
lembrava Kate. Até em seu apartamento, ele podia ver Kate Beckett, em qualquer
lugar. Olhava perdido para a caneca vazia. Um toque na campainha arrancou-o do
seu momento nostálgico. Vagarosamente, caminhou até a porta e sem ver quem
poderia estar batendo, abriu-a.
- Hey, Castle – disse Ryan. Esposito estava a seu
lado.
- O que fazem aqui rapazes?
- Oh, uma bala de menta não faria mal! – disse Espo.
- Na verdade, um bom banho seria uma ótima ideia.
Sabemos que escritores são introspectivos, curtem solidão mas não precisa
exagerar na higiene – Ryan torceu o nariz, ele realmente cheirava mal e tinha
os olhos fundos e a barba por fazer – qual foi a última vez que comeu, tomou
banho e bebeu alguma coisa além de whisky?
- Eu ia preparar um café.
- Não, você vai tomar um banho, fazer a barba e trocar
essas roupas. Depois vamos sair para comer algo e trabalhar. Precisamos da sua
ajuda em um caso.
- Olhem, rapazes é muito gentil da parte de vocês
quererem me animar, levar pra rua. Realmente agradeço. Não estou a fim de
trabalho policial, crimes, nada. Apenas me deixem curtir minha fossa.
- Castle não estamos aqui porque queremos te animar.
Somos amigos, você é um irmão para nós e não vamos deixar ficar aí curtindo
fossa, se acabando sozinho. Se é para beber, fará com conosco. Vá se cuidar,
nós esperamos.
- Vocês não deveriam estar trabalhando?
- Castle são sete horas da noite! Você perdeu a noção
do tempo também? É pior do que pensávamos, bro – disse Ryan – vai se arrumar.
Castle suspirou. Ele admirava a dedicação deles. No
fundo, eram uma família e talvez seja isso que deva ser feito nesse momento.
Como uma família, eles precisavam sofrer e remoer a perda juntos. Nossa! Agora
estava pensando como se Kate tivesse simplesmente, nem iria dizer essa
insanidade. Aceitou o conselho e fez o que fora sugerido. Meia hora depois, ele
descia as escadas e encontrara Ryan e Espo assistindo TV. Os rapazes o levaram
até uma hamburgueria que frequentavam de vez em quando. Após fazerem os
pedidos, inclusive da bebida, Ryan segurou o copo de cerveja de Castle e
perguntou.
- Antes que você comece a beber, vai nos contar como
você realmente está e como podemos ajuda-lo. E não vai colocar álcool na boca
até que coma algo. Nem sei dizer quando foi a última vez que se alimentou.
- Olha, eu agradeço o que vocês estão tentando fazer
mas não quero falar sobre isso.
- Para de besteira, Castle. Somos nós, se não se abrir
com a gente falará com quem? – disse Espo.
- Como você acha que eu estou, Ryan? Minha aparência
diz tudo não? Estou arrasado. Isso não foi nem de longe o que imaginei para
nós. Por favor não me tomem como egoísta ou incompreensível, sei o quanto Kate
merece essa oportunidade, o que me dói é vê-la mais uma vez sabotar a sua
felicidade, quer dizer, não é isso que ela vem fazendo nos últimos quinze anos?
Kate viveu em função do assassinato da mãe, ela dedicou-se a ser a melhor para
caçar quem matara sua mãe. A impressão que eu tenho é que depois de descobrir o
responsável, ela procurava uma nova sina, uma nova válvula de escape. Ao invés
de curtir a nossa relação, investir, Kate se encheu de dúvidas sobre futuro e
nós. Então veio o emprego do escritório do procurador, a entrevista. Ela
escondeu de mim! Você já escondeu algo de Jenny, Ryan? Deixou de dividir uma
decisão com ela?
- O que escondi foi passado mas percebi que não é a
melhor saída. Você sabe o que foi. Não me orgulho e depois disso prometi a mim
mesmo que não faria novamente. Mas Castle, você tem razão, eu e Jenny sempre
tomamos decisões juntos, desde o namoro.
- Está vendo? Foi isso o que mais me magoou. Ela não pensou
na nossa relação, não pensou na consequência de seus atos para nós.
- Sério bro, como você dois podem ser tão burros? –
disse Espo - Você fala que ela se sabotou mas e quanto a você? Quer dizer,
vocês se amam. Castle, essa foi a Kate por quem você se apaixonou, a policial,
a detetive destemida. Qual o problema em dar o braço a torcer e ir para
Washington encontra-la?
- Ela esteve no distrito para nos comunicar a ida a
Washington – disse Ryan – você precisava ver o estado dela, não estava muito diferente
do seu. Acho que nunca vi Kate tão abatida, nem quando levou um tiro. Não
parecia a mesma. E posso dizer que apesar da oferta de emprego, ela não estava
totalmente feliz.
- Imagino que não, nosso término não foi algo simples
ou de comum acordo. Basta olhar para mim – ele pegou o copo de cerveja que o
garçon acabara de trazer para Ryan,tomou um gole longo para criar coragem – ela
falou algo sobre a nossa separação?
- Não, apenas disse que vocês haviam terminado, eu
inclusive insisti dizendo a ela que deveria repensar porque vocês se amavam –
comentou Ryan.
Ele bebeu mais um pouco da cerveja.
- Eu a pedi em casamento.
Esposito se engasgou com a cerveja e quase cuspiu
longe. Pegando o guardanapo para limpar a boca e a sujeira na mesa ele
exclamou.
- Você o que?
- Isso, eu a pedi em casamento. Tenho o anel comigo
para provar. Ela chegou a pensar que eu fizera isso apenas porque ela estava
indo embora, como uma maneira de fazê-la ficar. Ainda bem que voltou atrás
porém, ela deixou o medo a dominar. Kate teve uma atitude egoísta diante da
situação e em nenhum momento pensou em mim, em como me sentia com tudo o que
estava acontecendo. Foi então que percebi. Por mais que a amasse, eu não podia
força-la a algo que ainda não podia aceitar. Kate não está pronta para viver a
dois, pensar como um casal de verdade. Ela precisa de tempo para entender o que
“nós” significa.
- Do jeito que você fala, parece que apenas ela tem
culpa em tudo isso – disse Espo.
- Não, acho que ambos precisamos aprender a dividir as
dificuldades e somar as alegrias.
- Castle a quem vocês querem enganar? Vocês se
completam! Você a ama, estava disposto a morrer com ela naquele apartamento
sobre a
ameaça de uma bomba e olhe pra você agora, todo cabisbaixo, abatido e
sofrendo por amor. Deixa de ser orgulhoso e vai atrás dela. Nem todos tem a
chance de encontrar sua alma gêmea.
- Eu concordo com o Ryan, tirando toda essa parte
melosa e romântica que ele falou. Você deveria pensar seriamente sobre
procura-la. É da Beckett que estamos falando, ela tem traumas, dúvidas.
Conheço-a a bem mais tempo que você e até hoje, posso afirmar Castle, você foi
o único a penetrar o muro ao redor dela.
- Engraçado você falar isso, Esposito. Eu cheguei a
pensar assim. Talvez eu apenas tenha rachado a superfície e esqueci das tantas
camadas que ainda a protegem e a impedem de se entregar completamente.
- Você tem dúvidas do amor dela? – perguntou Ryan.
- Não, nenhuma.
- Cara, vocês são dois perturbados e sofredores. Vamos
brindar a isso – disse Esposito.
Brindaram e beberam ainda por mais uma hora, quando o
deixaram em casa, Castle voltou a agradecer o apoio e Ryan a insistir para que
ele a procurasse. Despediram-se e Castle seguiu direto para cama. A conversa
com os rapazes o fizera sentir-se um pouco melhor. Infelizmente, estava longe
de recuperar seu astral natural. Machucado e triste. A dor no peito ainda iria
persistir por um longo tempo.
No dia seguinte por volta das nove da manhã, a
campainha tocava insistentemente no apartamento de Castle. Desceu as escadas
vestindo seu roupão para atender. Deu de cara com Ryan.
- O que você ainda faz de pijama Castle? Eu não estava
brincando quando falei que precisava da sua ajuda no caso. Vá se vestir para
irmos ao distrito. Eu espero.
Castle não teve como contestar. Resignado, subiu as
escadas e trocou de roupa. Quinze minutos depois, eles deixavam o apartamento.
Durante a viagem para o distrito, Ryan fazia um pequeno resumo do caso. Parecia
um caso comum e por isso Castle não entendia porque precisavam da sua ajuda.
Porém, ao chegar ao distrito a atmosfera mudou. Castle
sentiu um clima pesado no ar. Ele cumprimentou as pessoas à medida que passava
mas os olhares da maioria eram de pena ou de acusação. Alguns desviavam os
olhos com receio de encara-lo. Ele respirou fundo e de frente para Esposito
apertou-lhe a mão e começaram a discutir o caso. Ele opinou sobre uns pontos e
colocou uma das pistas como prioritária em seu ponto de vista. De repente, ele
percebeu que não fora um comentário pertinente. Olhou ao redor.
Foi então que a dura verdade o atingiu.
Por mais que tentasse abstrair, tudo naquele lugar
lembrava Kate. Se ela estivesse ali, certamente estaria questionando sua falta
de lógica com o seu realismo estridente. Era impossível olhar para aquele lugar
e não vê-la em toda parte. As lembranças afloravam.
A primeira vez que o interrogara, era a mesma que ele
a provocara e elogiara. A máquina de café, responsável por tantos momentos
agradáveis e sorrisos roubados. As noites que trabalharam até tarde e dividiram
comidas chinesas chegando a brigar pelos biscoitos da sorte.
O corredor onde ela salvara sua vida levando à morte,
contra sua vontade e em legitima defesa, o único suspeito do assassinato de sua
mãe em mais de dez anos capaz de abrir uma nova pista na solução do caso da
vida dela. Naquele dia, ele a viu sucumbir às lágrimas frustrada. Teve ainda
mais orgulho da detetive e do ser humano que era Kate Beckett.
E o que dizer dos interrogatórios? Ao entrar numa sala
para enfrentar suspeitos, ninguém a superava. Uma tigresa,agarrava a presa em
meio às mentiras que lhe contavam. Um dos momentos mais emocionais que Castle
presenciara fora quando Kate perdera a compostura avançando em um dos chefes da
máfia que a provocou falando de sua mãe. Ele se lembrava do susto que levara ao
vê-la empurrar o homem contra o espelho quebrando-o em mil pedaços.
Castle distanciou-se dos rapazes e caminhou em direção
à mesa dela. O quadro branco, quase uma personagem principal de tantas
investigações cheio de fotos e informações, estava agora limpo, esquecido.
Ali, Kate Beckett declarara sua parceria a ele,
indiretamente seu amor e lutara ao seu lado ou para salvá-lo, sempre.
Tomado pela emoção, sentia o coração apertado dentro
do peito. Sufocado pelas lembranças, Castle entendeu que precisava sair
imediatamente dali.
Apressado, ele foi ao encontro dos rapazes.
- Sinto muito, eu pensei que conseguiria ficar aqui e
ajudar vocês, não posso. Ela está aqui, presente. Dói, eu... apenas, sinto
muito...
Castle virou-se de costas para eles e caminhava rumo
ao elevador quando a figura de Gates, que observava-o atenta de longe, o
chamou.
- Sr. Castle... Não esperava vê-lo aqui no meu
distrito.
- Não se preocupe, já estou de saída. Não me verá
novamente.
Gates pode perceber a tristeza no rosto dele. Assim,
falou.
- Pode vir a minha sala? Estranhando, ele obedeceu. Ao
fechar a porta atrás de si, Gates indicou a cadeira para ele sentar. De frente
para ele, finalmente falou.
- Sr. Castle sabe muito bem que desde minha chegada
nesse distrito, não aprovava sua presença e seu envolvimento com a polícia. Por questões maiores, tive que acatar a decisão
de meus superiores e aceitá-lo deixando você trabalhar ao lado da minha melhor
detetive. Quando percebi que a parceria de trabalho evoluíra para algo íntimo,
optei por me fazer de cega. Isso pareceu funcionar muito bem e os fez manter a
discrição e o decoro no ambiente de trabalho. Mas Kate Beckett não faz mais
parte do quadro deste distrito, portanto o mesmo se aplica a você.
- Como eu disse antes, a senhora não tem com o que se
preocupar. Não voltarei aqui.
- Eu não estou expulsando você do 12th. Na verdade, o
chamei aqui para dizer duas coisas importantes que uma vez pensei nunca sairiam
da minha boca. A primeira é que você é bem-vindo nesse local quantas vezes
quiser. Do seu modo torto, você não somente ajudou a solucionar crimes como
arriscou sua vida algumas vezes pela sua parceira e pela cidade de New York. A
segunda, bem, você não é o único que está sofrendo. Sabe o quanto ela merece
estar na atividade federal tanto quanto eu. Vi a forma como ela saiu daqui
desta sala. Estava destruída por dentro. Eu apenas gostaria que você pensasse a
respeito. Você está liberado, Sr. Castle.
Ele se levantou e antes de sair. Olhou mais uma vez
para Gates e viu a sinceridade em seu olhar. Chegando em casa, serviu-se de um
copo de whisky, após termina-lo, ele jogou-se na cama e desligou-se do mundo ao
seu redor.
Quântico
Logo após apresentar-se no headquarters do FBI, o
procurador geral cumprimentou-a e pediu logo que Stack providenciasse a ida de
Kate a Quântico. Ali, ela passaria por um treinamento duro o que Kate
considerou excelente. Tudo o que ela queria era mergulhar de cabeça no trabalho
para então esquecer qualquer outro assunto que pudesse dominar-lhe a mente.
Kate não tinha idéia da tensão que viveria durante seu
treinamento em Quântico. Além de cursos
táticos como análise de cenas de crime, lógica, seleção de evidências, perfis
psicológicos entre outros, a parte física era bem complicada. O nível dos
exercícios era pesado e mesmo com toda a malhação que Kate estava acostumada,
ela ainda ficava cansada. Entrava seis da manhã e saia às cinco da tarde das
salas de aula, porém muitas vezes era obrigada a ficar na academia até mais
tarde para terminar uma pesquisa ou estudar alguma lei ou caso especifico para
o dia seguinte.
Essa maratona deveria durar um mês. O treinamento era
mandatório. Somente depois ela poderia efetivamente trabalhar como agente
federal.
À noite, ela chegava em casa quebrada fisicamente, o
que era bom já que emocionalmente era exatamente assim que Kate se sentia.
Estar cansada era um excelente pretexto para não pensar em Castle.
Uma semana depois...
Martha chegara da viagem com as amigas mais falante do
que nunca. Assim que entrou pela porta, ela passou a contar as peripécias
cometidas por ela nessas duas semanas que estivera fora. Percebera que o filho
estava de roupão estirado no sofá, zapeando os canais em busca de nada. Afinal,
nenhum programa de TV era satisfatório nesse momento. Por fim, parou em um
canal onde passava uma maratona sci-fi.
Sem ligar ou dar importância à situação, ela continuou
tagarelando até perceber que não só Castle não prestava atenção ao que dizia
como também não ligava para o seu celular que tocava repetidamente.
- Richard, você não vai atender esse telefone? Deve
ser Katherine com algum caso novo. Aliás, o que você está fazendo tamanha dez
horas em casa? Não devia estar no distrito com ela? – diante do silêncio dele,
Martha o encarou embora ele não tirasse os olhos da tela de TV – oh, pelo amor
de Deus! Esse celular vai me deixar maluca! – fez menção de atender mas Castle
a impediu.
- É Gina, não atenda. Estou atrasado no final do meu
livro.
- A quanto tempo ela está ligando?
- Deve ser a quinta ligação dessa manhã...
Ela sentou-se na frente dele, pegou o controle remoto
e desligou a TV.
- Richard, o que está acontecendo? Você ainda está
brigado com Katherine? Quando vai perceber que isso é besteira?
- Mãe, Kate se mudou para D.C. ela aceitou o emprego
no FBI.
- Oh... isso explica muito – ela sentou-se a frente
dele - Como você está, kiddo? Ok, pergunta idiota. Então, ela se mudou para
D.C. mas o relacionamento de vocês acabou? É isso que você está me dizendo? Richard,
pelo amor de Deus! Nada do que disse a você antes não serviu? Continuam nesse
joguinho de birra? Filho você não é mais tão jovem e se está disposto a ter
algo realmente sério com Katherine, não vai ser ficando sem falar um com outro
ou acreditando que por causa de uma escolha, tudo está resolvido. Não consigo
entender vocês.
- Mãe, muito aconteceu desde aquela conversa que
tivemos. Você me questionou sobre meus sentimentos, pois eu lhe afirmo. Amo
Kate, ela é a mulher da minha vida. Porém, nós temos um problema, ela não está
pronta. Kate precisa de um tempo para refletir e perceber que não consegue ser
feliz porque vive se sabotando.
- É isso mesmo? Somente Kate precisa amadurecer?
- Não, eu tenho meus erros mas eu estava disposto a
continuar, dei o próximo passo, mostrei que queria mais. Diante do que vi e
ouvi, soube que ela não estava pronta para seguir em frente.
- E olhe para você! Está em casa, largado. Se isso é
depressão meu conselho é que você resolva sua situação com Kate antes que perca
até o seu emprego porque precisa escrever.
- Mãe, não há o que resolver. Está acabado, pelo menos
por agora.
- Não me meto mais, você é quem sabe – ela sai
caminhando até a cozinha – não consigo entender vocês, onde já se viu trabalho
atrapalhar a vida de alguém quando se ama?
O celular dele volta a tocar e já aborrecido, ele
desliga o aparelho. Joga-o sobre a mesa e vai até a cozinha preparar um café.
Toma bem depressa. Foi novamente para o escritório. Era inútil querer escrever.
Faltando apenas três capítulos, ele não conseguia achar um final ideal para
Nikki e Rook. Deveria transferir o que aconteceu na vida deles para as
personagens? Ah, Castle faça-me o favor! Ele mesmo se repreendia. Somente
porque em outros livros havia mesclado um pouco da história dos dois na ficção,
isso não se tornara uma regra. Insatisfeito por não se decidir, ele fechou o
notebook.
Instintivamente, abriu a gaveta e viu a caixa do anel
que comprara para Kate. Segurou-o entre seus dedos e admirou os brilhantes. Ao
fita-lo, os momentos tensos entre eles voltaram à mente. Kate o surpreendera
dizendo “sim”? Nah, ela o amava. Parecia ter sido tão fácil até Kate revelar
sua condição. Porque ela afirmava tão ferrenhamente que ele podia aceitar a
mudança e ir para Washington? Pelo simples fato de ser escritor? E suas raízes,
família, não contava?
- Posso escrever em qualquer lugar... – ele falava em
voz alta meio debochado – minha carreira, o que eu sou, como se apenas ela
importasse – ele esfregou o rosto, a quem ele queria enganar com todo esse
momento infantil? A realidade era clara e dura. Desde que ele rompeu o
relacionamento com Kate, sua vida estagnara, perdera o sentido, era consumido
por uma tristeza no peito, uma saudade imensa e sem controle que o dominava
completamente. Sua atitude diante de tudo fora a correta.
- “Escreve em qualquer lugar”, ela disse. Sim a você e
ao emprego, ela disse – Castle remoia enquanto andava de uma lado para o outro
no escritório - Gates afirmou que ela
estava triste. E em meio a tudo isso, eu acabei com um relacionamento. Eu
recuei. Eu... minha atitude foi definida por raiva. A dela pela razão. Onde foi
que a decisão por amor se perdeu?
Suspirando, ele fitou o anel mais uma vez. Precisava
dar um destino a isso.
Washington D.C.
Kate estava exausta.
O dia na academia fora bem puxado. Além do treinamento
físico de uma situação com reféns, a discussão do caso que analisavam demandou
muita discordância entre os seus colegas, tudo isso a consumira. O cansaço
mental também a vencera. A maratona na academia a desafiava a cada instante,
horas e horas a fio. Independente disso, ela estava gostando.
Como não almoçara, ela chegou ao seu prédio com um
copo de café em uma das mãos e uma sacola com comida chinesa na outra. O
porteiro a cumprimentou e pediu um minuto da sua atenção. Explicou que mais
cedo alguém estava procurando por ela, duas vezes naquele dia. O homem porém,
não quis se identificar apenas falara que a conhecia. Kate agradeceu e pediu
para ele ficar atento. Subiu.
A poucos metros da porta de seu apartamento, Kate o
viu.
Estava sentado no chão, apoiando a cabeça na porta. O
semblante pálido,tinha os olhos fechados e a aparência abatida. Parecia mais
magro. O coração de Kate começou a bater descontroladamente. Ela deu mais dois
passos em direção a ele. A voz embargada quase não a deixara falar e o nome
saiu como um sussurro e o copo de café escapou-lhe às mãos.
- Castle...
Continua....
4 comentários:
muuuuito boa fic....quero proximo capitulo *__*
Amando suas fics em um nivel que olho todo dia se tem ccapítulo novo!!!
AI VC PARA NA MELHOR PARTE!!!!
Nada mais me assusta quando o assunto é Karen e Caskett,fiquei com dó do Cas serio tô quase dando meu
colinho a ele e o Ryan e Espo super amigos,Kate tá sofrendo e EU também :"(
Aguardando o proximo cap. bjs
Os agentes não entendem que Kate trabalha bem melhor com o quadro branco do que todas aquelas tecnologias do FBI. Essa é Kate Beckett, não precisa de tecnologia para mostrar quem ela é e como trabalha.
Ryan e Esposito tentando animar Castle, mas só pioraram as coisas quando levaram ele para a delegacia. Quem diria que Gates iria dar conselhos daquele jeito com Castle.
E como você para o capítulo na melhor parte, que sacanagem.
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