Nota da Autora: Esse capitulo aborda a relação Kate/Alexis leiam mas vcs sabem ainda tem muita água par rolar. E adivinhem? Estamos entrando no clima de casamento.... divirtam-se!
Atenção! NC-17
Cap. 4
Castle e
Beckett encontraram com Lanie em frente ao novo restaurante de Mandy. Ao ver a
amiga entrando, Mandy deu um grito e correu para abraça-la. Quase esmagou
Beckett e fez o mesmo com Castle sem o menor constrangimento. Em seguida pegou
a mão dela onde estava o anel de noivado.
- Kate! Você
quer me cegar? Que anel é esse? Wow! – elevou a mão dela para examinar melhor o
anel - Ah, amiga estou tão feliz por você... olha a carinha dela! Mega
apaixonada. Eu sabia disso desde aquele nosso encontro, você já gostava dele.
- E ela ainda
teima comigo quando eu digo que se apaixonou primeiro.
- Castle! –
ela o repreendeu com o olhar e voltou a olhar a amiga – Mandy, você também não
ajuda! Mas sim, estou muito feliz e agora que vou me casar preciso de você.
Vamos escolher logo esse menu? Tenho pouco tempo na cidade e não quero sair
daqui sem resolver as coisas. Qual a sua proposta?
- Rápida e
decidida, gosto disso. Como te conheço, separei algo que tem tudo que você
gosta espero que agrade Castle também. Vem comigo.
Eles se
encaminharam para o escritório de Mandy enquanto ela tagarelava à vontade sobre
as opções de menu. Ela já preparara uma prova de vários pratos e caso Kate
aprovasse, ela não hesitaria em facilitar a vida da amiga e teria o maior
prazer em preparar o buffet para ela. Na verdade, ela tinha uma surpresa para
Kate. Após a degustação dos pratos e as respectivas escolhas, Mandy já sabia
com o que deveria trabalhar. Ela ficara encantada ao ver a forma como o casal
interagia. Kate provava algo e em seguida dava a mesma prova para ele, na boca.
Ou tecia comentários sobre os sabores e os temperos. Algo que chamou a atenção
dela foi vê-lo mexer com ela em relação a cerejas que enfeitavam uma das
tortas, era notório o amor e a cumplicidade dos dois. Ali a sua frente, Mandy
tinha certeza que sua amiga encontrara sua metade e aquele evento que ela
estava preparando era algo que duraria para sempre. Mandy podia chama-lo de
conto de fadas da vida real e com isso ter esperanças por saber que eles
existem e podem surgir em sua vida da maneira mais inesperada possível. Hora da
surpresa.
- Agora que
vocês já terminaram de montar o cardápio, tenho uma surpresa para os noivos.
Não Castle, você ainda vai pagar pelos meus serviços não fique tão animado –
Kate riu da amiga – a boa notícia é que não sou nenhum daqueles mercenários que
se valem da fortuna de seu cliente para fazer sua própria, porém o bolo de
casamento é por conta da casa, meu presente de casamento para vocês. Prometo
fazer algo especial – Mandy olhou para Lanie de relance e piscou.
- Ah, Mandy… -
Kate levantou-se e abraçou a amiga – obrigada.
- Já temos
tudo o que preciso para trabalhar, portanto deixem que a mágica é comigo a
partir de agora. Vejo vocês no dia 9 de maio.
Eles se
despediram e partiram para resolver outras missões de casamento, o que incluía
a aprovação e distribuição dos convites da cerimônia. A data escolhida por eles
tinha dois significados, na verdade a primeira data era 13 de maio, dia em que
ele a pediu em casamento porém por cair no meio da semana, não seria uma
escolha razoável já que a festa seria nos Hamptons e Kate poderia não conseguir
dIspensa do FBI. Sendo assim eles optaram pelo dia nove, uma sugestão de
Castle. Usar essa data era uma forma de trazer um momento feliz ao dia do
aniversário de morte de Johanna Beckett, sua intenção era transformar uma data
triste para Kate em algo bom para celebrar. Claro que Kate ficou tocada com o
gesto e a lembrança de Castle. De fato, ele a levou às lágrimas com isso.
A tarde passou
voando e após se despedirem de Lanie, Castle e Beckett voltavam para casa na
Ferrari. Flashes imperceptíveis eram lançados na direção deles. A vigilância a seguia aonde quer que fosse
sem nenhum dos dois desconfiar. Pararam em um café na região de Tribecca
próximo ao antigo apartamento de Kate, agora sublocado,para comer algo e
namorarem um pouco. Aproveitando a descontração dela ao observar o movimento da
rua de uma das mesas externas do lugar, Castle resolveu tocar no assunto sobre
Alexis.
- Kate, eu
gostaria de te perguntar uma coisa.
- Diga...
- Você
acredita que realmente é uma boa você conversar sozinha com Alexis? Quer dizer,
ela está absorvendo toda essa mudança ainda, tem ciúmes de você acho que apenas
pode piorar a situação.
- Castle
porque eu adiaria a conversa? Temos um problema e precisamos resolver. Eu
preciso. Estamos a um mês de oficializarmos as coisas entre nós e não quero
estar brigada com a sua filha no dia do nosso casamento e nem correr o risco de
ela não comparecer a festa pois sei que isso afetaria diretamente a você.
- Mas Kate e
se a situação entre vocês, entre nós apenas piorar? Ele estava com medo, ela
percebeu.
- Qual e o
problema, Castle? Não quero brigasr com Alexis, nem agredirei sua filha, no
máximo ensinarei algo a ela. Já fui jovem rebelde e Alexis nem se compara a mim
naquela época. Não precisa ter medo mas vou avisando que essa sua insegurança
de ter uma posição mais enérgica, é o que move Alexis para de certa forma te
chantagear, mexer emocionalmente com você.
- Espere um
instante, você está dizendo que não sei dar limites a minha filha? Que eu não
sei educa-la?
- Não, estou
dizendo que você é um pai amoroso que procura suprir a ausência da mãe dela
através de algumas vantagens,privilégios que ela conhece e aproveita.
- Então em
outras palavras você está criticando minha maneira de educar. Quantos filhos
você tem mesmo? - ele estava bravo - Ah, lembrei! A resposta certa é nenhum.
Então não venha me falar de como devo educar minha filha.
- Castle posso
não ter filhos mas fui filha única assim como Alexis e conheço muito bem as
nuances de como agradar um pai e como conseguir muito dele.
- Kate não vou
permitir que você queira me acusar ou a minha filha de termos um relacionamento
de pai e filha baseado em troca de intenções ou favores. Nunca! - ela segurou a
mão dele e cortou o momento tenso entre eles.
- Hey, Castle
não é nada disso. Sua relação com Alexis é uma das mais lindas que já pude ver.
Quem sou eu para opinar e criticar isso! Não mesmo. Eu apenas quero mostrar um
outro lado da vida para ela. Quero dizer que ela não precisa me ver como uma
ameaça. Nunca o vi como um pai ausente ou negligente. Você é um exemplo para
qualquer pessoa. Uma das suas melhores qualidades. Espero um dia ver você fazer
o mesmo com um filho nosso - pegou a mão dele nas suas, as últimas palavras de
Kate quebraram um pouco a tensão entre eles - por favor, não fique com raiva de
mim... Não quero ser vista como a namorada ou a esposa odiada por todos, não
sou assim. Não quero que Alexis me veja como via a Gina. Você confia em mim,
Castle? - os olhos verdes o fitavam intensamente, ansiando por uma resposta
dele.
- Confio.
- Então não
tem com que se preocupar. Não faria nada para te magoar, eu te amo ou você já
se esqueceu? - Kate sorriu e ele retribuiu o sorriso.
- É sempre bom
lembrar disso de tempos em tempos - ela beijou-lhe os lábios, Castle se redimiu
do modo que agira com ela - Desculpe, eu exagerei. Não é sua primeira conversa
com Alexis e as anteriores foram boas, claro que o contexto é um pouco
diferente mas...
- Vai ficar
tudo bem.
- Falou sério
quando mencionou o filho? Você espera isso de mim?
- Sim, você
não disse que quer muito ter filhos comigo? Eu quero formar uma família com
você daqui a algum tempo... sei que você pode ser o pai perfeito para eles,
desde que eu seja a mãe.
- Você já
reparou que mesmo quando brigamos você arranja uma forma de me elogiar?
- Não comece a
se gabar, Castle. Vamos para casa, temos um jantar em família e quem sabe mais
tarde se o ambiente não estiver assim... – ela mordiscou a orelha dele - muito
povoado a gente não aproveite a noite de outra forma? - piscou para Castle que
sorriu.
- Queria
arranjar um jeito de expulsar aquele Pi do meu loft...
Castle pagou a
conta e de mãos dadas, eles seguiram para o carro.
No loft,
Martha já arrumara a mesa para o jantar e saboreava uma taça de vinho. Alexis
não estava na sala e a avó confirmou que estava no quarto. Pi estava remexendo
nas bebidas de Castle à procura de algumas especificas para fazer umas batidas
diferentes para a noite.
- Hey, Mr.C!
Estou separando algumas coisas para alegrar a noite, gosta de drinks Agente?
- Gosto e já
não disse para me chamar de Kate? Martha, está tudo certo? O restaurante
confirmou a entrega?
- Claro,
Katherine. Não tem com o que se preocupar. Sugiro que vá para o quarto, tome um
banho e relaxe. A entrega está programada para as 8h. Não temos muito tempo.
Como foi na rua? Conseguiram resolver o que pretendiam? Tem apenas um mês para
finalmente vocês oficializarem a relação de vez e vou dizer que achei que
Richard demorou muito para agir. Três anos para dizer o que sentia? Olha não
sei como você ainda esperou por ele...
- Oh, mãe.
Você sempre tão gentil em seus comentários, como uma porta devo dizer.
- Castle não
fale assim da sua mãe. Eu também tive uma parcela de culpa nisso tudo.
- Sim, a
teimosia. E até hoje não dá o braço a torcer para assumir que se apaixonou por
mim primeiro.
- De novo esse
assunto? – ela já olhou para ele meio debochada.
- Nossa, Mr. C
pensei que o senhor era mais rápido. Será que Alexis puxou a mãe?
Castle
arregalou os olhos e já ia dar uma resposta quando Kate apertou o braço dele o
impedindo de revidar o comentário do rapaz. Além disso, antecipou-se para
responder a pergunta de Martha e encerrar cada possível dúvida quanto ao
relacionamento deles.
- Resolvemos
algumas coisas importantes, o menu está escolhido, bolo , convites aprovados e
enviados. Temos pouco tempo agora. E se quer minha opinião, eu não faria nada
diferente do que fizemos. A espera nos ajudou a crescer e sanar algumas feridas
que eram cruciais de resolução para estarmos prontos a darmos o próximo passo.
- Richard,
cuide muito bem dela. Katherine é um diamante precioso.
- Obrigada,
Martha. Vou tomar um banho.
- É acho que
eu também – disse Pi.
Castle e
Martha continuaram na sala. Ela reparou que o filho estava um pouco calado,
algo que não era normal dele. Estava pensativo. Ela acariciou o braço dele e
sorriu. Em seguida, perguntou a ele.
- O que foi
kiddo? Tem algo te incomodando?
- Estou
pensando...Kate quer conversar com Alexis, ela quer entender o porque da
rebeldia de Alexis, ou melhor, ela diz que já sabe mas quer dar alguns
conselhos a ela e com todo esse ciúme, essa raiva que ela parece ter de Kate
agora, temo pelo pior.
- Richard,
como pode pensar assim? Alexis é uma menina inteligente e com certeza está
mexida com a situação mas se tem alguém capaz de aconselha-la, de mostrar o
outro lado, esse alguém é Katherine.
Esqueça essa preocupação, a insegurança. Aproveite o momento em família, o fim
de semana com a sua noiva e confie que você verá como o seu receio está
equivocado.
- Está certo,
ela pediu para confiar nela e eu confio. Vou fazer o que você sugeriu.
Por volta das
oito, eles estavam reunidos na sala sentados no sofá e nas cadeiras espalhadas.
A comida já chegara mas Martha como anfitriã não abrira mão de alguns petiscos
e umas rodadas de bebidas. PI se apoderou do balcão e do liquidificador para
testar drinques, serviu algumas misturas de frutas e gim para Kate que
aproveitou a abertura pra puxar assunto com o rapaz.
- Essa mistura
ficou muito boa. Você leva jeito. Já trabalhou como barman?
- Não! Sou
amador, algumas receitas, misturas e a internet. Gosto de preparar,
experimentar coisas novas por curiosidade mas preciso de cobaias porque não
provo, não tomo nada alcoólico. Sou a favor da natureza, aproveitar o que ela
tem a oferecer.
- Um
ambientalista. Quer isso como profissão? – questionou Kate querendo achar uma
linha de raciocínio para conhecê-lo melhor e buscar algo que possa ajuda-la com
Alexis.
- Não, isso é
algo que faço como cidadão. Quero ser arquiteto. Aquelas misturas de formas,
cores e nuances me atraem. A mistura de tendências modernas e velhos traços
como os dos castelos da Irlanda e da Espanha, arranha-céus, tenho muita
curiosidade ver a arquitetura européia e compara-la com a modernidade de uma
cidade como Chicago por exemplo.
- Nossa, Pi.
Não imaginava que você gostasse disso. Acredito que temos mais em comum do que
pensei. Gosta de obras de arte como pinturas e esculturas?
- Claro, ainda
quero ir ao Louvre qualquer dia.
- Roma também
é linda e tem cada construção suntuosa...- disse Kate.
Eles
continuavam a conversa animada e Alexis mantinha uma certa distância observando
a forma como Kate e seu namorado interagiam, ela evitava participar da conversa
porque estava muito preocupada com o que Kate insinuara mais cedo, que gostaria
de falar com ela a sós. Não sabia exatamente o que esperar dela e no fundo
tinha consciência que o pai deveria ter comentado algo com ela, sobre seu
comportamento e o desentendimento que tiveram a alguns finais de semana. Martha
chamou a todos para sentarem-se à mesa. Por estar dando uma atenção maior a Pi,
Kate se sentiu na obrigação de retardar sua ida à mesa de jantar para trocar
algumas carícias com o noivo. Ela o abraçou e beijou-o por vários segundos.
- Agora estou
melhor. Estava achando que você ia me trocar por esse cara aí...
- Hey! Você
está com ciúmes de Pi? Por favor, Castle... – ela falava sussurrando para ele
quase o repreendendo no tom de voz mas que no fundo era apenas implicância –
venha antes que sua mãe nos repreenda. E posso dizer que se tirar um tempo para
conversar com Pi, você poderá se surpreender. Por trás da inconveniência e do
jeito meio abusado, existe alguém que aprecia cultura e arte, realmente uma boa
influência para Alexis.
- Você está do
lado dele agora? – Castle arregalou os olhos para ela quase indignado.
- Não é nada
disso! – Kate revirou os olhos – tente interagir mais e vai entender.
O jantar
estava uma delícia, Kate elogiou por várias vezes a escolha de Martha.
Começaram a conversar sobre cultura e museus, Pi realmente parecia muito interessado
no papo e até Castle trocou ideias com ele. Porém, Alexis permaneceu calada boa
parte do tempo estava preocupada com o que viria pela frente. Para ela, Kate
iria chamá-la logo após o jantar. Muitos risos e momentos descontraídos
ajudaram a passar o tempo. Na hora da sobremesa, eles voltaram para sala menos Castle
que se encarregou de fazer café. Curtindo o momento à base de sua bebida
preferida, Castle perguntou a Kate sobre a programação de domingo.
- Pretendo ver
junto com você alguns detalhes do caso, tenho certeza que vai ajudar no seu
livro. Depois estava querendo dar uma volta na cidade, passear no Central Park.
Não sei, estou aberta a convites.
- Ótimo!
- Engraçado,
pensei que os pombinhos quisessem ficar na cama,namorar bastante - disse Pi,Kate
não perdeu a oportunidade de alfinetar.
- E quem disse
que só podemos namorar na cama?
Castle morreu
de rir com a resposta de Kate, já Alexis não gostou nada resolveu se
pronunciar.
- Eca! É do
meu pai que vocês estão falando...
- Relaxa,
ruivinha. A gente muda de assunto. Então agente,algum caso de terrorismo ou
bombas e muitas mortes no FBI?
- Nada disso,
Pi. O país está bem guardado - ela olhara com o canto dos olhos para Alexis,
sentia o nervosismo dela - e você, Alexis a faculdade está te tomando muito tempo?
Você me parece cansada e está muito calada.
- Tudo bem, eu
realmente não dormi direito.
- Se quiser
descansar pode ir, eu mesma fiquei cansada dessa maratona de resolver problemas
de casamento. Prefiro correr atrás de bandido.
Alexis não
entendeu direito a colocação de Kate,ela não disse que queria conversar com
ela? Será que fora apenas uma forma de dar um recado? Tentar intimida-la? Se
era isso, ela conseguiu. Não querendo dar a oportunidade a Kate de se lembrar
da tal conversa, Alexis se levantou e após se despedir de todos e beijar Pi,
ela subiu as escadas. Castle olhou intrigado para Kate. Ele também não
entendera porque depois de toda aquela discussão com ele sobre a filha durante à
tarde, ela sequer chamara a menina para trocar algumas palavras.
- Acho que vou
aproveitar a deixa de Alexis e me retirar também. Me acompanha Castle?
- Claro.
- Boa noite a
todos - disse Kate e seguiu para o quarto de casal com Castle atrás dela. Já
sozinhos, ela ficou desfilando pelo quarto de lingerie enquanto desembaraçava os
cabelos. Não se aguentando de curiosidade, ele comentou.
- Pensei que
você fosse conversar com Alexis hoje. Era o que tinha em mente não?
- Sim, mas
mudei de ideia ao ver que ela estava tão cansada. Minha conversa com Alexis não
será um picnic e ambas precisam estar bem para que tenhamos resultados que
agradem a nós duas. Amanhã quero te mostrar o que descobri do caso, tenho algo
grande nas mãos.
- Mesmo? - ele
pareceu bem interessado - o que descobriu?
- Amanhã,
Castle... - ela tirou o soutian e vestiu uma camiseta surrada da NYPD,
sorrateiramente ela engatinhou na cama até ele, roubou-lhe um beijo e
aconchegou-se nos braços dele - estou cansada, que tal você me fazer uma
daquelas suas massagens? Estou precisando.
- Hum, então
sentiu falta das minhas mãos macias e eficientes? Tudo bem, vou levar em
consideração que você veio de longe ansiando por isso eu vou satisfazer seu
desejo.
- Mas você é
metido! E rindo, ela logo gemeu ao sentir as mãos de Castle massagearem suas
costas.
No dia
seguinte, ela acordara cedo e se preocupou em preparar o café para todos. Fez panquecas,suco
de laranja, colocou a mesa e estava começando a fritar os ovos e as fatias de
bacon quando Alexis surgiu na cozinha.
- Bom dia,
dormiu bem Alexis?
- Bom dia e
dormir.
- Que bom!
Você não quer tomar logo café? Pelo jeito o resto da casa vai demorar a acordar.
Inclusive Pi. Desde que cheguei à cozinha, ele continua dormindo feito pedra e
olha que fiz barulho.
- Ele é assim
mesmo. Pode cair o mundo que o sono dele permanece inabalado - ela olhou para o
sofá onde ele dormia e sorriu, Kate percebeu o olhar de apaixonada - acho que
vou aceitar o seu conselho, me passa a panqueca?
Kate estendeu
o prato para ela bem como o mel e a manteiga. Se serviu de uma caneca de café e
colocou suco para Alexis. Retirou os ovos da frigideira e dividiu a porção para
as duas. Kate mordiscava um pedaço de bacon enquanto Alexis devorava a
panqueca.
- Sabe quando
meu pai faz panqueca significa que é uma ocasião especial,ele a enfeita fazendo
uma carinha smiley.
- Os pais
sempre tem um jeito especial para mimar os filhos. Minha mãe todo domingo fazia
um verdadeiro banquete. Ela preparava o prato preferido de cada um, comíamos
tanto que muitas vezes nem almoçávamos, minha mãe perdia a noção de quantidade
às vezes - por um momento Kate fitou o vazio e calou-se pensando na mãe, Alexis
percebeu a mudança no semblante dela e falou.
- Entendo um
pouco como se sente, eu praticamente não tenho minha mãe também, ela está viva mas
falo porque ela não convive comigo e eu sinto falta assim como você deve
sentir.
- É, tem
razão. Sua mãe é meio doidinha mas gosto dela - vendo naquela conversa uma
oportunidade de finalmente se entender com a garota, Kate faz um convite - que tal
a gente deixar esse pessoal dorminhoco aqui e dar uma volta pelo bairro? SoHo é
um lugar delicioso para passear especialmente na manhã de domingo. Vamos? De
repente me deu uma vontade de comer um bolo de canela que tem na Dean &
Deluca.
- Você quer
ter aquela conversa,Kate? Por isso está me chamando para sair?
- Estou te
convidando para passear o que não impede de continuarmos conversando. Vou me
arrumar mas antes melhor escrever um bilhetinho pra os dorminhocos. Quinze
minutos? - Kate não ia deixar Alexis escapar. E ela se viu incapaz de recusar o
convite de Kate, se era pra conversarem que fosse logo.
- Quinze
minutos.
Elas já caminhavam
juntas pelo Soho pela Prince street. Iam na direção da delicatessen que Kate
tanto gostava. As manhãs de domingo eram sempre alegres naqueles arredores.
Crianças nas bicicletas, banquinhas de flores, vitrines coloridas e luxuosas das
mais diferentes marcas e um clima de alegria no ar. Era hora de começar a mostrar
o que pretendia a Alexis.
- Quando era
mais nova, tinha dezesseis anos, eu adorava caminhar por um lugar bem parecido com
esse mas na Europa. Roma tem um lugar tão charmoso quanto o SoHo. Eu lembro que
acordava cedinho, de chapéu e óculos escuros para ir à padaria. Só que o local
ficava a quase uma hora de onde eu estava hospedada e como ganhava pouco, não
tinha muito dinheiro para transporte então caminhava, preferia gastar com doces
italianos. Era louca pelas bombas de chocolate e os minis tiramisus. Sempre
gostei de café, não foi um hábito que ganhei na polícia. Lembro quando pedi a meu
pai para morar um tempo na Europa, fazer um intercâmbio. Ele disse: Katie, se
quiser fazer essa viagem terá que juntar dinheiro para se manter e custear sua
vida lá. No máximo posso comprar sua passagem porque sua mãe e eu não temos
dinheiro para esse luxo se quisermos garantir a sua universidade. Ele achava
que eu desistiria, pelo contrário, aquilo me motivou. Arrumei um emprego de
garçonete à tarde e a noite trabalhava na bilheteria do cinema, me desdobrava
nos estudos e ainda fazia alguns trabalhos escolares no fim de semana para
alguns alunos preguiçosos. Fiquei um ano e três meses juntando grana. Verifiquei
albergues e casas de família. Queria passar uns seis meses divididos
especialmente entre França e Itália. Reservei estadia e coloquei meu dinheiro
todo num envelope, tinha exatos mil dólares, o que era muito para a época – ela
sorriu e calou-se por uns segundos tomando fôlego.
- Meu pai
quase infarta quando anunciei que ele podia comprar a passagem. Como meus pais
eram advogados e pregavam a justiça, a ética entre outros valores não podiam
dizer não ao que haviam prometido antes, deviam honrar a palavra. E fizeram.
Desde aquele momento eu tomei gosto por trabalhar e ganhar meu próprio
dinheiro. A viagem a Europa foi uma das melhores experiências que tive na vida.
Recomendo a qualquer jovem. Aprendi muito na vida, sofri baques e cresci.
Sempre gostei de um desafio. Não é fácil você ter sua vida toda planejada e de
repente um golpe do destino a vira de ponta cabeça. Perde-se o chão, o rumo.
Muda você. E de futura advogada, eu me transformei em policial. Escolhi fazer
justiça não escrever sobre ela.
Kate calou-se
por um momento como se precisasse daquela pausa para se recompor, suspirou. Alexis que até
ali mantinha-se calada, perguntou.
- Porque você
está me contando tudo isso,Kate? - ela parou na calçada e fitou a mulher a sua
frente, tinha os olhos mareados pelas lágrimas.
- Vem, estamos
quase chegando, já é a outra esquina.
- Não vai
responder a minha pergunta? - Kate permaneceu calada por uns instantes e então
falou.
- Vou
responder, sentada a frente da Dean & Deluca saboreando o meu pão de canela
e um latte.
Alexis não
disse nada e elas chegaram à padaria. Kate fez seu pedido e comprou o mesmo
bolo para Alexis. Sentaram-se uma de frente para outra. E educadamente, ela
cumpre o que prometera.
- Tive muitas
experiências valiosas na vida, briguei, prendi pessoas, escapei da morte mais
de uma vez, encarei de frente os meus problemas, os obstáculos. Sofri, fui ao
fundo do poço e me redescobri. Essa é a mulher que me tornei. Sou forte e
insegura, cheia de dúvidas e anseios. Minhas escolhas me trouxeram até aqui, a
minha profissão, ao seu pai. Foi um caminho longo que na verdade está somente
começando e estou feliz,muito. Eu vivi e continuo vivendo cada fase da minha vida.
Alexis, quero te fazer uma pergunta. A sua resposta pode mudar o rumo da nossa
conversa. O que você vê para seu futuro? O que se imagina fazendo daqui a cinco
anos?
Alexis estava
nitidamente surpresa. Que pergunta era essa e porque isso importava na conversa
delas? O mais estranho para Alexis era que por mais que pensasse não conseguia
achar uma resposta. Isso a apavorou.
- Difícil não?
- Kate via a interrogação no rosto dela - se você responder não sei, não é
problema. Você tem apenas dezoito anos, não deveria ter o fardo de decidir o que
quer fazer pelo resto de sua vida agora. Não tem experiência de viver.
- Mas essa
pergunta não pode ficar sem resposta, eu estou na faculdade em cinco anos
estarei trabalhando em um hospital como interna.
- Tem certeza?
Eu também pensava como você estaria fazendo teste para a Suprema Corte. Mas não
foi o que aconteceu,meus planos mudaram.
- O que você
quer insinuar com isso?
- Que às vezes
o destino nos prega peças e como nós reagimos a essas mudanças no meio do
caminho, define quem somos. Eu aprendi da maneira mais difícil, perdendo minha
mãe. Gostaria tanto que ela estivesse aqui comigo mas essa foi a maneira que a
vida escolheu para me ensinar a ser forte, a crescer. Eu não sou uma pessoa que
acredita no extraordinário, mágica, coincidências, normalmente essa é a função
do seu pai. Castle é quem gosta e vive um pouco de fantasia. Eu o admiro por
isso e de certa forma ele me completa por eu ser uma pessoa tão realista e
racional – ela tomou o ultimo gole do café e abriu o seu coração – Alexis, de
uma mulher para outra, eu amo seu pai. Castle é a pessoa que eu escolhi para
passar o resto da minha vida mas como mulher, eu tenho medos e inseguranças. Eu
não posso ignorar você e sua importância na vida dele. Sei que no momento, tudo
isso parece muito confuso mas quero que saiba não estou aqui para tirar seu pai
de você, substituí-la no coração dele, na vida, nunca poderia fazer isso. Você
é a filha dele. Nunca poderia competir com isso nem quero. Porém, Alexis sinto
que você está perdendo uma época maravilhosa da sua vida! O fato que você tem
dúvidas sobre como responder a pergunta que te fiz é a maior prova disso. Você
precisa viver, experimentar coisas novas, se perder um pouco. Andar com as
próprias pernas.
- Você está me
mandando embora?
- Não estou dizendo
que você deveria aproveitar a vida, fazer seu caminho com suas decisões. Você
tem dezoito anos, sempre morando com seu pai, inteligente e responsável muito
mais do que seu pai em vários momentos mas essa é a questão, Alexis. Você vem
sendo adulta por um bom tempo, será que não está na hora de se rebelar um
pouco, sair das asas do seu pai e viver. Porque não para os estudos, faz uma
viagem, sei o quanto isso pode te fazer bem. Conhecer o mundo. Aposto que Pi
adoraria fazer uma viagem como mochileiros, então porque não ganha mundo? Tenho
certeza que seu pai daria as passagens e algum dinheiro para começarem e depois
é tudo aventura, por conta de vocês.
- Como você
ousa fazer isso? Dizer isso para mim? Você quer me ver longe? – sim, Alexis
entendeu tudo errado e começou um festival de acusações para cima de Kate –
você não precisa me ter distante porque isso já acontece hoje. Você roubou meu
pai de mim! Ele não tem qualquer interesse nas minhas coisas, na minha vida.
Tudo o que interessa a ele são casos, o distrito, os livros e agora DC. Passa
mais tempo lá do que em sua própria casa. E se não bastasse tudo isso, ainda
tem a droga dos preparativos desse casamento. Tudo gira em torno de você, Kate!
Tudo! – Alexis estava vermelha e uma lágrima escorria pelo rosto alvo, os olhos
azuis estavam envoltos em lágrimas prestes a cair – você não precisa me
expulsar da cidade, ele só tem olhos para você, só pensa em você. Nenhuma vez
ele sentou para ter uma conversa civilizada ou para conhecer Pi. Ontem, por sua
causa ele conversou com o meu namorado e sabe o que ainda pior? Pi adorou você!
Como você acha que me sinto? Tudo é Kate, Kate,Kate! É o meu pai! Meu namorado!
Não pense que pode chegar e jogar charme pra conquista-los porque não vou
deixar.
Kate suspirou
fundo. Era a sua vez de mostrar o quanto Alexis estava errada justamente por
ter uma visão deturpada da situação nesse momento. Emoções a flor da pele,
hormônios e uma vontade imensa de provar que podia mais.
- Chega,
Alexis! Você estar com ciúmes, eu entendo. Você se sentir ameaçada por mim? É
ridículo! Escute o que vou dizer. Sei o que é ser uma filha única e sei todos
os truques para se conseguir o que quiser de um pai, acredite já fiz isso e
muito. Já me rebelei na vida, então gritar e me acusar não tornará as coisas
melhores para o seu lado, no máximo a deixará um pouco melhor por despejar esse
caminhão de acusações sobre mim. Você não precisa ter ciúmes e nem se sentir
ameaçada por mim. Eu amo seu pai, Alexis. Demais. Eu nunca irei substituí-la no
coração dele. Já estou sendo até repetitiva. Não sou a competição, sei que
diante das circunstâncias eu pareço a vilã da história porque as atenções deles
estão voltadas a mim. Eu quis conversar com você porque imagino como você se
sente. Não sou o inimigo, Alexis. Quero dizer que haverá momentos em que você precisará
de uma amiga, de uma figura feminina e não será sua avó. Falo por experiência
própria. É isso que quero ser para você, quero que me veja como uma amiga, uma
espécie de irmã mais velha. Entender as dúvidas, dividir os problemas, quero te
ajudar – ela viu a menina à sua frente torcer a boca em várias das suas
palavras, então Kate partiu para o cheque-mate – o amor que tenho por Castle é
imenso, faço qualquer coisa que puder para vê-lo feliz mas isso não significa
que estou disposta a abrir mão da minha felicidade. Para seu pai, você será
sempre uma garotinha de seis anos, indefesa. Para mim, você já uma mulher que
entende o que é estar apaixonada, o que é um relacionamento e se a menina
inteligente, independente, responsável e sagaz que eu aprendi a admirar ainda é
a mesma agora num corpo de mulher, então não há errado entre nós. Caso
contrario, você não é a pessoa que eu pensei que fosse, por quem eu criei
afeição e admiração.
Kate estava
séria, o olhar penetrante caia sobre Alexis. As palavras de Kate tiveram o
impacto desejado. A garota mal respirava. Sentia-se mal pelo que dissera a
Kate, ela que algumas vezes intercedeu junto ao seu pai a seu favor, essa
admiração que lhe era desconhecida. Sim, ela amava seu pai. Salvara sua vida
várias vezes, o defendia e lutava por ele. Alexis suspirou e criou coragem para
responder a ela.
- Kate, eu...
eu sinto muito. Te devo desculpas. Não devia ter dito as coisas que disse, as
acusações. Foi errado e infantil da minha parte, sei que ama meu pai e qualquer
um vê que é recíproco. Eu também o amo demais e a única coisa que espero de
você é que o proteja, impeça-o de querer bancar o herói. Ele não é você, é
apenas um escritor brincando de policial. Um nerd que pensa ser capaz de salvar
o mundo.
Kate sorriu,
agora estavam chegando a algum lugar.
- Essas
palavras combinam mais com a Alexis que conheço. Ele não vai bancar o herói,
não ao meu lado. Irei protegê-lo sempre Alexis, mesmo que tenha que pagar com a
minha vida. É quanto eu o amo, sou capaz de dar minha vida por ele. Prometo que
cuidarei dele.
- Obrigada, me
sinto meio idiota por tudo que falei – Alexis sorriu pela primeira desde que
começaram a conversar – Kate, porque você estava insistindo na viagem? Era
apenas um pretexto para essa conversa?
- Não é
pretexto, acredito que essa viagem é uma excelente oportunidade para você. Ainda
é tão nova, pode viajar, conhecer e explorar culturas. Acho que Pi adoraria te
acompanhar nisso. Não sabia que ele queria ser arquiteto. Meio que me
surpreendi.
- É ele fica
horas admirando curvas de prédios, cores, lâmpadas. Se deixar ele te explica o
que significa cada pedaço de um prédio – Kate reparou na carinha dela, de
apaixonada – New York é um paraíso para ele admirar.
- Conheço essa
cara, Alexis. Esse brilho no olhar. Você gosta dele – Alexis ia falar mas Kate
a impediu – não adianta disfarçar, reconheço tudo isso porque me sinto assim,
está apaixonada. O que vejo no seu rosto é o mesmo que vejo no meu sempre que
Castle faz ou diz aquelas coisas bobas que somente ele sabe fazer. É uma
sensação maravilhosa. Se dê uma chance, uma nova vida.
- Você fala
como se fosse algo muito fácil. Já estive apaixonada antes, pelo menos acho que
estive mas é diferente com Pi. Me sinto dependente dele, espero sua opinião,
conto com ela. Sempre espero ansiosa pelo momento de encontrar com ele. Agora
tudo parece ser mais intenso que antes.
- Como eu
disse, está apaixonada. Sei disso pelo seu meio sorriso, a forma como fala de
Pi. É como eu me sinto só que no meu caso já estou em outro nível, o que sinto
pelo seu pai é amor e desejo. Você já ouviu canções e pensou isso é tão eu e
Pi? – Alexis assentiu – então, essa é outra prova de que está apaixonada, todas
as músicas fazem sentido. Porém, dessa vez é um pouco diferente. As coisas
estão amplificadas, hormônios, você está em um outro momento. Não é mais uma
adolescente. Você e Pi já? – Alexis fica vermelha e nega balançando a cabeça
por várias vezes – certo, não precisa ter pressa. Quando acontecer faça com que
seja com alguém especial.
- Como Pi?
- Talvez, como
Pi. Apesar do jeito meio estranho e desencanado, de ser bagunceiro, ele gosta
de você. Pode ser a pessoa que tope fazer algo diferente ao seu lado. Não
apresse as coisas e sim, ouça seu coração – Kate checou o relógio, já estavam a
mais de uma hora ali – acho melhor voltarmos, aposto que tem alguém bem nervoso
com nossa ausência.
- Mas seu
celular nem tocou... – Kate mostra a tela do iphone, três chamadas perdidas de
Rick Castle e um what’s app. Alexis riu. Elas se levantaram e começaram a
caminhar no rumo de casa. Trocavam ideias sobre coisas menores e comentavam o
que viam na rua. Na esquina do loft, Alexis a segurou pelo braço.
- Só queria te
agradecer novamente e pedir para esquecer aquele showzinho que fiz. Não vai
acontecer de novo.
- Já esqueci e
quando quiser conversar sabe como me encontrar.
- Kate, você
acha que o meu pai aceitaria se eu trancasse a faculdade e fosse para a Europa
como mochileira com Pi?
- Não sem
antes fazer um drama bem ao estilo de Castle, mas posso dar uma ajudinha nesse
assunto – e piscou para ela.
Quando
entraram em casa, Castle as esperava no sofá. Com um pouco de drama, ele tentou
arrancar qualquer informação delas mas Kate o cortou. Mais tarde, na hora do
almoço, eles voltaram a falar de viagens e como prometera, Kate deu um empurrão
no assunto com Castle que agira exatamente como ela previra. Nada ia ser
resolvido assim, de uma hora pra outra mas Kate deixou a opção de Alexis viajar
depois do casamento. Isso encerrou o assunto por enquanto. Alexis e Pi saíram
no meio da tarde de volta ao campus, deixando o loft apenas para eles já que
Martha saiu junto com eles com destino aos Hamptons. A sós, ele podia
finalmente desfrutar de algumas horas com a sua fiancé.
- Estou vendo
que você conseguiu dobrar Alexis. Fiquei receoso que vocês brigassem, se desentendessem
feio mesmo.
- Não foi tão
simples mas eu esperava por isso. Tudo ficou bem depois e você não pode querer
jogar areia nos planos dela, Castle. Deixe-a fazer seu próprio destino.
- Eu não sei,
Kate. Isso pode dar errado e esse cara...
- Hey, eu sei.
Não vai dar errado – ela acariciava o rosto dele – e mesmo que isso aconteça,
Alexis aprenderá como resolver. Você precisa dar um crédito a ela. Quantas
vezes, ela o surpreendeu de uma forma boa?
- Várias.
- Então é
isso. Agora estava pensando em fazermos outra coisa – ela se aproxima dele,
envolve seus braços ao redor do pescoço dele, roça o nariz na pele do pescoço
inalando o cheiro da loção pós-barba – sabe, hoje pela manhã quando preparava o
café, escutava uma música tão gostosa, um jazz. Pensei que nós quase nunca
dançamos assim juntinhos, quer dizer faz tempo. Estou com vontade de fazer isso
antes do nosso casamento. Que tal agora?
- Se é isso
que deseja, me dá só um instante... – Castle se distanciou dela e foi até o
som. Pegou o ipod e procurou a música desejada e os acordes de “I can give you
anything but Love” começaram a tocar, voltou a te-la em seus braços – era algo
assim que você tinha em mente? – ela respondeu mordiscando o lóbulo da orelha
dele – ótimo. Lembra do caso que trabalhamos, o da borboleta azul? Essa era a
música deles, Vera e Joe. Eu não imaginei um final como aquele. Por se tratar
de uma época de gangster, dinheiro e morte, realmente acreditei que a joia
fosse verdadeira.
- É, você
adorou aquilo não? Você até imaginou que éramos os dois e nem estávamos juntos
naquela época – ela acariciava as costas dele com as mãos e beijava a mandíbula
enquanto mantinha o ritmo da dança - o mais interessante é ver que o casal não
se importava com a borboleta azul. Eles já viam através de nós, sabiam do nosso
sentimento e nos chamaram de cegos. Hoje entendo o que Vera quis dizer quando a
joia não importava, apenas o amor dos dois. Me sinto assim.
- Como?
- Me sinto
amada, leve. Aqui dançando com você, não há outro lugar onde gostaria de estar.
- Mesmo? Ouvi
direito? Kate Beckett se declarando e agindo romanticamente? Gosto de saber
disso – eles continuaram dançando no compasso lento. Kate fechou os olhos. Sorriu.
Pela janela do prédio vizinho, uma lente de longo alcance filmava e fotografava
os dois. Constantemente vigiados sem se darem conta em um momento íntimo. A
canção acabara e Castle a tomou em um beijo demorado – acredito que podemos ir
para o quarto não? Fazer um outro tipo de dança... hum?
- Uma outra
dança? Porque não? Vem... – ela o puxou pela mão rumo ao quarto, mas ela não
queria fazer amor de um jeito tradicional. Ela queria algo mais sedutor.
Colocou-o sentado na cama de frente para ela. Calmamente, foi tirando as peças
de roupas que vestia, uma a uma, até ficar completamente nua. Aproximou-se dele
e ergueu a camiseta jogando-a no chão. Colando seu corpo no dele, ela sorveu a
boca com vontade fazendo Castle gemer enquanto a pele de ambos se tocavam. Ela
quebrou o beijo e subiu na cama abraçando-o por trás e deixando as mãos vagarem
no peito nu dele. Roçava os dentes na nuca dele ao mesmo tempo que os dedos
apertavam um dos mamilos. Distribuía beijos ao longo do ombro dele. As mãos
chegaram até o elástico da cueca boxer, provocando Kate afastou o elástico para
introduzir ambas as mãos a procura do membro dele. Estava excitado. Ela
segurou-o nas mãos e brincou com ele enquanto mordiscava o lóbulo da orelha
dele. Os gemidos agora chamavam por ela.
- Kate....o
que...
Ela tirou as
mãos de dentro do boxer e se afastou dele. Levantou-se da cama e tornou a ficar
na frente dele. Com ambas as mãos, ela segurou o boxer e puxou até que a peça
estivesse ao chão. Olhou para ele e sorriu. Deslizou as mãos pelas coxas dele e
tomou o membro dele novamente nas mãos, acariciou a cabeça do pênis dele e
provou-o arrancando um gemido automaticamente dele. Por algum tempo ela ficou
ajoelhada apenas dando prazer a ele. Quando percebeu que ele estava no limite,
ela tirou-o da boca e ergueu-se do chão. Beijou-o nos lábios sensualmente e
quando Castle pensou que ela o empurraria na cama, ela o surpreendeu ficando de
costas para ele e sentando sobre ele. Castle agarrou a cintura dela
penetrando-a. Foi a vez dela gemer ao senti-lo dentro de si. Ele beijava o
pescoço dela e as mãos envolveram os seios dela. Apertava os mamilos dela e
Kate virou os lábios para encontrar os dele envolvendo-o em um beijo ardente e
sufocante, cheio de desejo.
Em questão de
minutos, ela foi tomada por uma explosão capaz de fazer seu corpo todo tremer
apenas com os braços de Castle para lhe segurar porém, ele não somente a
segurava como a provocava. Ele a virou inclinando o corpo dela um pouco de lado
a fim de ter livre acesso para inclinar a cabeça e sugar-lhe um dos seios com
os lábios, tudo isso sem deixar de mover-se dentro dela. Kate gemeu alto ao
sentir a ponta da língua provando seu mamilo. Ele a segurou pela cintura e
afastou-a de seu corpo deixando um vazio incomodo.
Castle a fez
virar-se para ele e ela decidiu subir na cama novamente apoiando se no joelho e
dessa vez com ele entre suas pernas o empurrou contra o colchão subindo nele e
se entregando ao prazer novamente. Minutos depois, o orgasmo a atingiu e eles
se enroscaram um no outro esquecendo de tudo lá fora.
Na manhã de
segunda, Kate remarcou sua passagem para a noite e sentados na sala, ela
mostrou a ele o que descobrira sobre as contas e onde tinham-na levado, o
Capitólio indicava a grandeza do caso que naquele momento era ignorado pelo
próprio FBI. Kate sabia que seu próximo passo era checar os locais
identificados através do código que Castle descobrira. Ele estava intrigado e
não conseguia esconder o fato de também estar preocupado.
- Kate, o fato
dessas transações levarem a um IP do Capitólio, eu não sei, me parece...
somente vejo duas explicações para isso. Seu técnico errou na identificação do
IP ou você está mexendo em algo bem maior do que imaginava.
- Eu já
desconfiava que esse caso poderia ser mais do que pretendem que ele seja mas
não pensei que me depararia com uma possível fraude americana tão grande,
envolvendo políticos americanos. Alguns agentes e chefes corruptos eu posso
entender mas quando existe uma ligação entre a máfia chinesa e alguém do alto
escalão do governo, é sinal que a ética já foi esquecida a um bom tempo.
- Honey, será
que você deveria continuar investigando esse caso, quer dizer, e se isso se
voltar contra você? Não gosto de pensar na possibilidade de você estar sozinha
em DC investigando algo que não conhecemos a dimensão.
- Castle, eu
sei me cuidar. Já me virava sozinha muito antes de você entrar na minha vida e
se tornar meu parceiro.
- Ainda assim,
não estou gostando disso. Acredito que seria melhor você relatar ao seu
superior o que descobriu e pedir ajuda para continuar com esse caso.
- Não posso
simplesmente chegar com uma investigação pela metade e dizer ao meu superior
que temos um caso grande se não há evidências maiores da ligação da máfia com
alguém que nem sei quem é no Capitólio. Eu preciso ter mais evidências para ir
até ele e convencê-lo da importância do caso.
- Só estou
dizendo que ficaria mais tranquilo se soubesse que você não estava se
arriscando no escuro – ela viu a ruga de preocupação formada na sua testa,
inclinou o corpo e quase encostou o nariz com o dele, beijou-o e sorriu ao vê-lo
demonstrar esse carinho.
- De onde veio
tudo isso?
- Eu não sei
ao certo, um palpite, um sentimento...ou como você diz...
- Instinto –
ela passou o polegar nos lábios dele - Você fica ainda mais bonito preocupado
comigo... mas nada vai acontecer. De qualquer forma, eu ainda durmo com uma
arma, Castle. Velhos hábitos não mudam – ela brincou com os dedos no rosto dele
e sugeriu - Que tal irmos nos arrumar, saímos para almoçar, passeamos no
Central Park e você me deixa depois no aeroporto.
- Parece um
bom plano.
Eles saíram e
aproveitaram o resto da tarde juntos. No saguão do La Guardia, após um milhão
de recomendações de Castle e vários beijos de despedidas que não pareciam ter
fim, ela finalmente entrou na área de embarque não sem antes dizer “Eu te amo”
para ele. A espera do voo decolar, ela recebeu uma mensagem dele dizendo “miss
u” a qual respondeu com uma leve lembrança para ele “não por tanto tempo, você
não vai me escapar dia 09, te vejo no altar, Cas!”.
Washington
Kate estava
ávida para retomar o caso da máfia. Sua cabeça fervilhava de teorias depois que
discutiu a situação do caso até ali com Castle. Existia sim a possibilidade de
seu técnico ter se enganado quanto ao IP, assim como existia a chance de alguém
estar querendo incriminar uma pessoa poderosa do governo além de outras tantas
pensadas por eles no dia anterior. Independente do que seria a verdade, Kate
tinha o dever de descobri-la pois não importava o resultado final, aquele era
um crime contra o patrimônio americano.
Ela caminhava
pensativa pelos corredores do escritório rumo a sua mesa com um copo de café
nas mãos quando o agente que sentava a seu lado informou que seu superior
estava à sua procura. Agradecendo, Kate deu meia volta e seguiu para o gabinete
de seu chefe. Dependendo do que ele quisesse dela, Beckett estava disposta a
informar que tinha uma investigação trabalhosa e importante pela frente.
Infelizmente,
Beckett sequer teve a oportunidade para argumentar qualquer coisa. Havia um
problema bem maior para ser resolvido, uma ameaça de invasão e quebra de sigilo
na embaixada russa em Washington que fazia o FBI suspeitar ser obra de um
ex-funcionário do serviço secreto americano. Para essa investigação, foram
selecionados apenas três agentes do bureau para trabalhar em conjunto com a CIA
e o critério foi a sagacidade e o raciocínio lógico e prático. Beckett ficou
impressionada com a sua escolha para integrar o time levando em consideração o
pouco tempo de casa que tinha. Diante da confiança e da oportunidade que lhe foi
apresentada, Beckett não teve escolha senão entrar de cabeça na investigação
proposta. O caso da máfia teria que ser colocado de lado um pouco mais.
Como era de se
esperar, a investigação tomava todo o tempo possível do seu dia muitas vezes
entrando pela noite. Em duas semanas, ela conseguiu falar com seu noivo três
vezes e por facetime muito rapidamente por conta do cansaço. Por causa da
proximidade do casamento, ela precisava trabalhar o máximo que pudesse para
encerrar sua participação no caso o quanto antes e por esse motivo, Castle
desconsiderou sair de New York para ficar com Kate em DC.
Ela negociara
com o seu superior a ausência do bureau a partir do dia 06 de maio e mais os
cinco dias que tinha direito por lei devido ao casamento porém nada de lua de
mel por enquanto. Na semana que antecedia a data, Beckett começava a sentir os
efeitos que qualquer noiva estava sujeita. Para piorar sua situação, o caso
estava entrando em um momento critico e a pressão sobre ela estava muito pesada
mesmo para Kate Beckett. Acordava no meio da noite em meio a pesadelos diante
do altar, ou com seu vestido rasgado, o Buffet estragado e até mesmo sonhou com
uma ameaça terrorista em pleno Hamptons. Em uma dessas madrugadas, ela ficou
tão nervosa que ligou para Castle chorosa.
- Yes...
- Castle, eu
não posso... – ao ouvir a voz chorosa dela do outro lado da linha, um alerta
acendeu em sua mente e ele despertou da letargia do sono preocupado com ela e
já pensando que algo realmente ruim havia acontecido.
- Kate, está
tudo bem? Você está ferida?
- Não,
Castle... eu tive pesadelos, eu...oh, Castle eu estou tão cansada. Como está
andado o Buffet, houve comida estragada será que Mandy está fazendo tudo certo?
– havia pânico na voz dela - E a hospedagem, todos tem onde dormir?
- Kate, por
favor. Você pode parar com isso, está tudo sob controle. Mandy sabe o que está
fazendo. Gorgeous, você está apenas envolvida demais com todo o casamento. É
natural ficar nervosa.Se não ficasse aí eu me preocuparia, você está sendo uma
noiva.
- Mas Castle
eu não posso, esse caso, o casamento e se eu não estiver disponível? E se
perdermos a data e tudo e....
- Shhh, Kate
vai ficar tudo bem. Você virá na próxima semana para New York e casaremos na
data que escolhemos. Não vou fugir de você, porque fugiria de mim? Você precisa
desacelerar honey. Para o seu próprio bem – ele a ouviu suspirar fundo do outro
lado da linha, sorriu – melhor?
- Sim,
desculpa. Normalmente não me deixo levar pela emoção ou pressão.
- Essa não é
uma situação normal. É o nosso casamento. Ficar nervosa faz parte do pacote. Agora,
relaxe e volte a dormir. Você verá que logo estará aqui em New York, ao meu
lado pronta para dizer sim.
- Como pode
ficar tão calmo? Esquece! Não é sua primeira vez.
- Tem razão,
não é minha primeira vez, na verdade estou disfarçando para que você se
mantenha calma. Casar com você é a coisa mais importante que farei na minha
vida. Vá dormir, Kate. Você tem um caso para encerrar. Boa noite.
- Tomorrow?
- Always. Um
beijo.
Desligando o
celular, ela fechou os olhos por uns instantes e pensou como gostaria de poder
abraça-lo nesse momento. Mas Castle tinha razão. Ela precisava se recompor,
fechar sua participação no caso e voar para New York onde estava prestes a se
tornar a Mrs. Castle. Com a nesga de um sorriso nos lábios, ela tornou a
adormecer.
Uma semana
depois...
O caso estava
nas mãos da CIA. Todo o trabalho requisitado pelo serviço americano fora feito
e acabado. Ela recebeu juntamente com os colegas o reconhecimento pelo árduo
trabalho. Dispensada em seguida pelo seu superior, Beckett tinha algo muito
importante pela frente. Ela precisava pegar um avião e selar de uma vez os
votos do matrimônio com Rick Castle. O que a lembrara, ainda não escrevera seus
votos.
Assim que
alcançou o desembarque no aeroporto, ela o viu esperando com um olhar ansioso à
procura dela entre as milhares de pessoas que pareciam multiplicar-se naquele
saguão. Ao vê-la caminhando com a classe e a postura de sempre, ele perdeu o
semblante sério que usava e abriu o sorriso mais lindo que ela podia receber.
Como ela sentiu falta daquele rosto e de todas as sensações que ele era capaz
de proporciona-la. Frente a frente com ele, Kate rendeu-se e jogou-se em seus
braços apertando-o com força contra seu corpo. Ao cruzarem os olhares
novamente, Castle entrelaçou seus dedos aos dela e perguntou.
- Pronta para
se juntar a mais nova aventura e excitante aventura das nossas vidas?
- Mal posso
esperar.
Continua....