terça-feira, 18 de março de 2014

[Castle Fic] There's Always Tomorrow - Cap.11


Nota da Autora: Faz tempo....aliás tempo é um ingrediente escasso na minha agenda hj. De qq forma consegui escrever um pouquinho mais. Espero que gostem... no proximo eu vou colocar algo que vcs vão gostar, só pra amenizar o angst. 


Cap.11

Mais uma semana se passou. Após uma visita ao hospital Kate estava no loft jantando na companhia de Martha quando trouxe à discussão que chegara o momento de contar a Alexis o que estava acontecendo. Por uma questão de intimidade, ela sugeriu que a própria Martha falasse com a neta pois tornaria mais fácil a recepção da notícia. Ela deixou-a sozinha para dar-lhe privacidade. Não sabia o resultado da conversa mas imaginava que seria um choque para a menina. Afinal, ela é extremamente ligada ao pai e como ela sofreria. Kate ouviu o choro de Martha, sabia que não era fácil para a mãe passar por uma situação dessa. Martha apenas comentou sobre o telefonema na manhã, Alexis chegaria em dois dias.

No mesmo dia, Kate voltou ao hospital. No quarto com Castle, ela estava sentada ao lado da cama dele e segurava sua mão. Ela olhava para Castle com carinho e adoração. Se ele soubesse a saudade que sentia dele. Ela conversava com ele, falava de saudades, dos enjoos, do quanto queria que ele pudesse ir a próxima consulta juntos. Enquanto Kate falava, acariciava a pele dele. A enfermeira entrou para checar os sinais vitais. Ao vê-la, sorriu.

- Como você está querida?

- Estou bem.

- Sabe esse seu marido é um homem de sorte. A sua devoção é muito bonita.

- Eu o amo demais, tudo o que quero é que ele acorde. Poder abraça-lo de verdade, ouvir sua voz e principalmente ver a reação dele ao saber que será pai novamente. As teorias malucas e as frases de efeito... – os olhos logo se encheram de lágrimas, levou a mão dele aos lábios e beijou-a – não tem como eu não ceder às emoções, geralmente sou uma pessoa racional mas essa situação está mexendo comigo.

- É uma situação difícil, complicada para você e ainda tem os hormônios.

- Sim, os hormônios. Certamente ele faria piada sobre isso e eu riria do jeito dele ou reviraria os olhos – ao apertar a mão dele mais uma vez, Kate sentiu um movimento, como se os dedos dele apertassem de leve a mão dela – meu Deus! – o espanto tomou conta do semblante dela – ele a-apertou minha mão. Meu Deus! Eu senti – o coração acelerou consideravelmente – será que ele... – não conseguia completar a frase. Olhava apavorada para a enfermeira.

- Não, querida. Se acalme. Isso tudo é fruto da sua vontade de vê-lo fora do coma. Ele não se mexeu, no máximo teve um espasmo muscular involuntário. Eu sei que você quer muito que ele acorde mas ainda não foi dessa vez.

- Não, eu sei o que senti. Ele apertou minha mão, eu senti seu toque.

- Querida, veja por você mesmo. Venha aqui – Kate se afastou dele e se aproximou da enfermeira – sinais vitais normais porém nada que indique que ele está acordando.

- Não estou duvidando de seus conhecimentos, mas sei o que senti. Conheço o toque dele e tenho certeza do que ele fez – sim, Kate não acreditava na enfermeira e por causa do que presenciara, ela manteve a crença de que ele se mexera e portanto podia acordar a qualquer momento. Ela ficou olhando um tempo para ele, sentindo a lágrima fugir pelo seu rosto.  

Era estranho o que ouvia. As vozes pareciam tão distantes. Conhecia aquela voz. O que estava acontecendo? Chamou por ela. “Kate... Kate... você pode me ouvir? Você estava chorando? Kate... sua voz, tão longe. Por que não fala comigo? Espere, Kate...volte”. Sentia-se estranho. Parecia sem forças. De repente não a via, tudo estava confuso. Será que ela já estava esperando no aeroporto? Não, eu não cheguei ao aeroporto, os pensamentos estavam embaralhados. “Kate olhe para mim, estou falando com você, Kate. Com quem você conversa? De quem é a outra voz?

Eram sensações, o som das vozes e pensamentos desconexos. Apenas sabia que ela estava ali, não a viu. Os olhos permaneciam fechados indicando o coma profundo mas o cerebro viajava em um emaranhado de ideias que o instigavam. Ele não entendia o que se passava ao seu redor, nem sabia ao certo onde estava. Vazio. Tudo o que sentia era um vazio.

Kate estava no hospital sentada ao lado da cama de Castle quando ouviu vozes indistintas se aproximando. Elas pareciam ficar cada vez mais altas à medida que se aproximavam. Então, ela percebeu uma delas mais aguda e chorosa. Alexis. Ela respirou fundo e se preparou para encarar a filha de Castle. Como detetive, Kate sempre fora destemida e uma tigresa na sala de interrogatório, com Alexis porém, apesar de tudo o que ela já vivera com Castle e por experiências anteriores, ela sentia-se ainda como se pisasse em ovos. Afinal mesmo casada com o pai dela, sabia que a relação dos dois era intima demais para deixa-la entrar e ser parte disso. Ela se dava bem com Alexis, já dava conselhos era uma espécie de irmã mais velha mas estava longe de cativa-la totalmente, ou assim Kate pensava.

A porta do quarto se abriu e Alexis entrou de supetão. A cara assustada revelava todos os temores que antes eram apenas pensamentos para ela. A primeira visão do pai deitado na cama, imóvel e pálido foi um choque para a menina. Automaticamente, os olhos se encheram de lágrimas e o rosto ficou vermelho. Kate se afastou encostando-se na parede sem falar absolutamente nada mantendo a cabeça baixa, evitando a princípio o contato direto com a enteada, dando espaço para ela digerir a situação que se desenhava a sua frente.               

Alexis ficou ao lado da cama do pai e tomou a mão dele na sua. Acariciou-lhe o rosto e deixou as lágrimas verterem pelo rosto.

- Pai... fala comigo por favor... isso não pode estar acontecendo. Sou eu, Alexis, abra os olhos pai... – ela sabia ser em vão o que pedia ao homem deitado inerte a sua frente. Não era boba e entendi muito bem o que estava acontecendo e as possiveis chances do pai de recuperação. Entender, porém não é sinônimo de aceitar. Estava triste, magoada. Não, em realidade estava irritada, com muita raiva do que via e havia apenas uma pessoa a quem culpar. Num lampejo de raiva beirando o ódio, Alexis se voltou na direção de Kate, contra ela. Os olhos vermelhos demonstravam o quanto ela estava dominada por um sentimento ruim e a imaturidade a fez profanar palavras rudes e duras contra aquela pessoa que julgava culpada de tudo. Apontando o dedo na cara de Kate, ela gritou.

- Você! Tudo isso é sua culpa! Desde que meu pai te conheceu ele já esteve à beira da morte várias vezes. Essa vontade ridicula dele de achar que é um detetive e você alimenta isso. Você me mandou para fora para tê-lo à sua disposição como um cachorrinho que segue ao dono onde quer que ele vá. Se ele não tivesse ido te buscar naquele aeroporto nada disso tinha acontecido. Você é a culpada por isso! Por essa desgraça! Você...destruiu...tudo, se ele morrer vou te acusar de homicidio.

- Alexis, se acalme eu... eu sei que é dificil e um choque mas por favor eu não sou culpada por nada, aconteceu. Você está em choque e com raiva, eu entendo porque também me senti assim mas pelo seu pai, precisamos lutar juntas. Eu nunca faria nada para machuca-lo, eu o salvei tantas vezes e ele a mim. Estou sofrendo tanto quanto você. Eu o amo também, mais que a mim mesma.

- Amar, sofrer...besteira! Você está é cheia de remorso! Porque tenho certeza que o que aconteceu com ele é por sua causa. Você sabe disso e fica se passando de inocente. Você o matou! Você é uma assassina!

O instinto falou mais alto e Kate esbofeteou Alexis sem piedade. O rosto vermelho e a respiração começando a faltar a deixavam em um estado mais crítico do que o normal mas agora ela iria até o fim.

- Nunca, nunca mais me chame disso. Não me acuse de algo que eu não fiz – ela gritava – ele não está morto! Ele não vai morrer, ele não pode morrer. Porque se isso acontecer, eu nunca vou me perdoar não por culpa e sim por saber que eu não terei a oportunidade de demonstrar todos os dias o quanto ele me faz feliz, não poderei dizer que o amo incondicionalmente. E Alexis, ele pode ser seu pai mas ele é meu marido e ao contrário de você que sai acusando aos outros, eu vou ficar e lutar ao lado dele porque sei que Castle vai acordar e quando isso acontecer eu estarei aqui. Ponha uma coisa na sua cabeça, eu trocaria de lugar com ele se pudesse e isso é a prova de quanto ele significa para mim.

Alexis a olhava atônita ainda sem acreditar que levara uma tapa na cara. As palavras de Kate eram fortes. Ela via as lágrimas escorrendo no rosto. A dor nos olhos. Mesmo assim, não recuou.

- Não pense que você me convenceu com essas palavras e não admito que você me bata, não tem esse direito. Reze Kate para que você esteja certa e ele acorde caso contrário vou fazer da sua vida um inferno. Ele é meu pai! E você não é nada! Nada!

Nesse exato momento em que Alexis gritava, Martha entrou pela porta e viu os gritos da neta, a forma acusatória que apontava o dedo para ela. Viu a dor no rosto de Kate e as lágrimas marcando o mesmo. Antes de interromper a discussão, viu Kate retrucar a neta.

- Alexis, pare por favor... pare de dizer coisas que a farão se arrepender depois. Você está chateada mas você é inteligente e não devia fazer isso. Pense no seu pai, acha que gritar e brigar comigo resolve alguma coisa? Não, apenas piora. Castle não precisa de vibrações negativas, Ele precisa da nossa união e dedicação. Nada disso faz bem para ninguém. Acusações, raiva, ódio isso não leva a nada – ela tentou se aproximar e tocar a mão da menina que recuou como um bicho acuado – olha, vou relevar todas as acusações, os gritos e insinuações se você me prometer que vamos enfrentar isso juntas, por Castle. Pode fazer isso? – o olha de Kate era de súplica, um gesto talvez nunca visto por aqueles que a conheciam. Ali, ela procurava se aproximar para dar a Alexis o conforto que sabia ser necessário, o mesmo conforto que precisou quando a mãe se foi.

- Não, eu não quero saber de nada que venha de você. Nada!

- Pare Alexis! – o grito de Martha ecoou no quarto e as duas se assustaram. Kate começou a ter dificuldades de respirar. O nervosismo e o afã da discussão a fizeram mal. Martha correu para acudir a nora que estava sentindo falta de ar e tinha o rosto lívido – Katherine, você está bem? Precisa se sentar, venha. Vou buscar um copo d’água para você.

- Ha! Isso é ótimo! Simplesmente perfeito! Até você, vovó? Por que todo mundo só liga para o que ela pensa ou sente? E quanto aos meus sentimentos? É o meu pai que está a beira da morte não ela! Tudo por causa dela e o que acontece? Todos paparicam Kate! Eu – mas foi interrompida com um grito da vó.

- Basta, Alexis! Chega de show! A atriz aqui sou eu... pare de gritar com Katherine e me ajude.

- Vó! Não defenda ela! Sou sua neta!

- Consegue andar? Respire fundo... – a vó se vira para a neta e fala – ela está grávida, Alexis! – e novamente a menina foi tomada pelo choque da noticia.

- Tudo... bem, Martha...eu vou lá fora. E Kate saiu caminhando devagar fechando a porta atrás de si. Martha virou-se para a neta e perguntou.

- O que você estava pensando? O que significa tudo isso? Você não pode chegar aqui e derrubar um caminhão de ofensas sobre Katherine. Ela não tem feito outra coisa senão cuidar do seu pai, dia e noite. Abdicou do trabalho, da carreira e mesmo da gravidez, de si para estar com Richard. Você não tem o direito de julga-la ou acusa-la. Não vou admitir.

E as palavras da avó finalmente pareceram atingir Alexis. Ela correu para os braços de Martha e se debulhou em lágrimas.

- Oh, vó. Meu pai... como vou viver sem meu pai? – a avó tentava acalmar a menina e somente após uns bons minutos, ela voltava a si. Saindo dos braços da vó, ela tornou a se debruçar sobre a cama do pai. Acariciou os cabelos dele e voltou a chorar com a cabeça apoiada no estomago de Castle – pai? Promete que vai acordar? Por mim? Claro que não obteve qualquer resposta. Foram longos minutos sentada ao lado dele sob a observação de Martha até o momento que a vó se aproximou dela e a olhou com ternura antes de perguntar.

- Está mais calma, Alexis? Entende que não há muito o que fazer a não ser nos unirmos e rezarmos por ele? Kiddo, eu – ela pegou a mão da neta – eu preciso que você entenda que não há culpa aqui. Nem minha, nem sua e principalmente de Katherine. A sua atitude foi errada. Não deveria ter acusado-a ou gritado com ela. De todas as pessoas, ela foi sempre quem olhou pelo seu pai, ela o manteve seguro muitas vezes e Alexis, não importa o que acontecer. Ela o ama assim como nós e seu pai a ama também. Acho que você precisa pedir desculpas a ela pelo modo que a tratou. Foi errado. Richard jamais aprovaria seu comportamento.

Alexis permaneceu calada apenas pensando nas coisas que dissera e no que a avó colocara. E agora ainda tinha essa notícia inesperada. Ela não devia sentir-se estranha, mas não podia evitar. Um irmão... seria capaz de fazer o que deveria ser feito?

Do momento que saiu pela porta, Kate sabia que precisava sumir daquele lugar. A atmosfera do hospital não a ajudaria a se acalmar. Encostou sua cabeça na parede do corredor e respirou fundo recobrando o ar que há pouco começara a faltar-lhe. Podia sentir o gosto de biles na boca, o enjoo era angustiante. Uma enfermeira passara por ela e vira a palidez em seu rosto. Preocupada, a arrastou até uma pequena sala de apoio e a fez sentar por alguns instantes. Antes, Kate se agachou em um canto da sala perto da lixeira e vomitou. Nada de alimento, apenas suco gástrico. A enfermeira segurou os cabelos dela dando-lhe apoio. Em seguida, deu água a ela e um pouco de suco para melhorar o açucar no sangue. Aos poucos a cor voltava ao rosto de Kate e sentia-se melhor após a discussão com Alexis. Ela errara ao estapear a filha de Castle mas ser acusada de provocar tudo isso a ele, ser chamada de assassina, apenas a tirou do sério. Não tinha sangue de barata.

Tudo o que queria era conforta-la. Como filha, Kate sabia exatamente o que se passava na mente de Alexis. A perda de um dos pais era algo terrivel de lidar, mesmo que a batalha de Castle ainda não tivesse terminada, havia o medo irracional de perde-lo, no caso de Alexis, o pai sempre fora tudo para ela. Mas a discussão com a menina, abriu feridas antigas para Kate. Recordou-se do abismo que vivera quando perdera a mãe, da luta que a tomara por ódio e vingança quase tirando sua sanidade por completo. Invariavelmente, era quase impossivel não deixar a culpa vir à tona. Remoe-la e questionar-se se realmente o que estava acontecendo era sua responsabilidade. 

Talvez Alexis tenha razão. Se ela não tivesse ido a New York, Castle não teria sofrido o acidente. Ela não teria descoberto da gravidez e... não! Essa não é a forma que Kate Beckett encara as coisas, brigou consigo mesma. Há apenas duas explicações para o ocorrido: fatalidade ou algo planejado. Porém, nesse momento ela não estava em condições de analisar e descobrir quais dos dois se encaixava corretamente. Kate precisava de um tempo para si.

Levantou-se devagar e agradeceu a enfermeira. Caminhou até a recepção e deixou o hospital. Os passos longos e suaves podiam aparentar a outros que ela não tinha um rumo certo. Não era verdade. Ela desceu as escadas rumo a estação do metro e pegou o trem. Desceu três estações depois e caminhou no cemitério em busca da sepultura da mãe. Ao estar de frente para a lápide de Johanna, Kate tocou-a levemente. Releu a frase que acabara por se tornar uma máxima em sua vida assim como o era na da mãe “"Vincit Omnia Veritas". De pé, olhando para aquela pedra, ela chorou.

- Mãe... eu preciso tanto de você agora. Não apenas pelas coisas difíceis que estão acontecendo comigo e Castle mas também as coisas boas. Estou grávida, mãe. Você seria avó. Tudo está confuso nesse momento, eu e Castle estávamos tão felizes. Nossa vida de casado, o trabalho, tudo. E vamos iniciar uma família, então Castle... ele sofreu o acidente e tudo parece desmoronar a cada segundo. Desculpe, mãe. Ando muito emotiva ultimamente. Hormônios é o que dizem. Preciso me recompor, voltar a ser a Kate Beckett que procura por respostas. Castle precisa de mim e eu acabo de perceber o quanto preciso dele. Tanta é a minha vontade de abraça-la. Mas serei forte. Acredito de todo coração que ele irá sair dessa e espero que na próxima vez que venha lhe visitar traga comigo ele e a sua neta ou neto. Eu te amo, mãe.

E com essas palavras, Kate deixou o cemitério. Seu destino era um lugar especial. Um local onde todos os seus pensamentos e forças eram revigoradas. Onde as maiores decisões de sua vida foram tomadas. Ao chegar na praça, sorriu. Lá estavam eles, os velhos balanços. Para as crianças que corriam em volta deles, meros brinquedos. Para ela, um símbolo de felicidade. Ali ela se abriu para ele pela primeira vez ao falar sobre os seus muros, também ali ela tornou a questionar sua própria vida e decidiu dar o próximo passo rumo ao que sempre quis: Castle.

Sentada em um dos balanços, ela acariciava a corrente de metal relembrando o último momento feliz que marcara sua vida naquele local. O pedido de casamento. Instintivamente, ela levou a mão até o ventre acariciando-o. Seu bebê iria brincar ali. Cedeu a emoção de estar naquele lugar e chorou. Ficou pensativa por longos minutos quando por fim se levantou e tornou a caminhar de volta para o hospital. Devia desculpas a ele pelo que fizera a sua filha, decepcionara Castle. Tinha consciência disso.

De volta ao hospital, Kate não encontrou mais ninguém. No quarto de Castle, apenas ele no mesmo estado de antes. Ela se aproximou da cama, beijou-lhe a testa e entrelaçou a mão dele na sua.

- Eu sinto tanto, Castle. Muito mesmo. Eu te devo desculpas, por te decepcionar, por deixar as emoções me dominarem em um momento como esse. Não devia ter batido em Alexis, não tenho esse direito. Eu me excedi, me deixei levar. As vezes eu acredito que ela pode ter razão. Que eu sou o motivo de você estar aí nessa cama, inerte, sou culpada sim e isso me corroi por dentro, me deixa triste, um pouco perdida e frustrada por não poder fazer nada sobre isso. Por não poder te trazer de volta. Impotente, inútil. Cas... eu sinto tanto a sua falta, tanto - Kate se acomodou na brecha da cama e permaneceu ali, quieta apenas respirando ao lado dele.

Kate tomara uma decisão. Voltaria ao seu antigo apartamento para dar uma certa privacidade a Martha e Alexis no loft. Apenas passaria muito rapidamente lá para pegar algumas de suas coisas. Ao chegar no loft, porém, encontrou Martha e Alexis conversando no sofá. A primeira reação de Kate foi desviar os olhos da direção da menina para em seguida fita-la e explicar o porque estava ali, não que devesse, não que precisasse já que era a esposa do dono daquele lugar e tinha direito de estar ali tanto quanto ela, mas de alguma forma sentia-se na obrigação de fazer isso.     

- Eu não pretendo demorar. Vim apenas pegar algumas coisas minhas. Amanhã vou cedo para o hospital, tenho uma consulta. Não se preocupem, vocês precisam de um tempo sozinhas.

- Katherine querida, ninguém está lhe expulsando. Essa casa é sua também. Fique.

- Não Martha, você e Alexis necessitam de um tempo a sós. Vou ficar bem no meu antigo apartamento. Com licença – ela olhou novamente para a menina com um ar de tristeza. Odiava que as coisas estivessem assim, não era justo com nenhuma das duas e nem com Castle. Ela seguiu para a suite master. Martha olhou para a neta e suspirou.

- Se você é a menina que espero que ainda seja, sabe o que deve ser feito.

- Não, ainda não consigo.

Passados uns vinte minutos, Kate reapareceu na sala com uma pequena valise nas mãos e sua bolsa. Ela parou na frente das duas e falou.

- Estou indo. Provavelmente nos veremos no hospital amanhã.

- Katherine, tem certeza que não quer reconsiderar? Ou de repente, posso ir ao médico com você amanhã...

- Não, Martha. Eu agradeço sua bondade e sua preocupação. Vai ficar tudo bem – Kate virou-se para Alexis – eu sinto muito, realmente se você está triste e com raiva. Todos nós estamos, você não é a única Alexis. Eu sinceramente esperava poder te ajudar nesse momento difícil, gostaria de ter tido alguém, uma mulher como Martha por exemplo quando perdi minha mãe para me confortar, era isso que gostaria de fazer por você. Infelizmente, minha mãe se foi para sempre mas seu pai ainda está aqui. Por experiência própria, ninguém deve passar por isso sozinho, ninguém deve ceder a raiva. De verdade, eu sinto muito. Apenas queria que soubesse disso.

Ela virou as costas para as duas e saiu pela porta.

Naquela noite, Kate chegou em casa e após um longo banho quente, ela já de pijamas tirou da valise uma peça de roupa e deitou-se na cama levando a mesma até o nariz. Era uma camisa que Castle usava para dormir. Inspirou profundamente o tecido que ainda continha o cheiro dele. Fora um dia muito difícil, torcia para que a raiva de Alexis passasse e que ela finalmente pudesse entender que somente queria seu bem.

No fundo esperava outra reação vinda dela. Sempre tivera a filha de Castle em alta conta. Admirava o jeito responsável e maduro dela especialmente considerando o comportamento meio avoado e moleque do pai. Era uma moça inteligente e perspicaz porém tinha apenas dezenove anos e todo o direito de ceder as emoções , o que não significava faltar com o respeito.

Chega - ela disse a si mesma. Devia procurar outras coisas com o que ocupar a mente. Então levou a mão até o ventre acariciando-o com leveza. Fechou os olhos e imaginou a cena onde Castle era a pessoa que fazia esse gesto. Passar por esse momento sem ele era o que mais a deixava triste. Conhecia seu homem e parceiro muito bem para saber o quanto ele aproveitaria essa fase, o quanto ele a mimaria, a paparicaria. Ela ainda tinha tanto por fazer mas sem ele faltava-lhe ânimo. Estava adiando o inevitável. Teria que fazer tudo sozinha novamente ou quem sabe não seria surpreendida com uma boa notícia. A esperança era por fim o sentimento que lhe dava forças e a fazia acreditar que Castle logo estaria a seu lado.

Por volta das oito da manhã, ela chegou ao consultório da ginecologista. Esperou por cerca de vinte minutos quando foi chamada. Após os procedimentos básicos de pesagem, medição e a troca de roupa, a assistente a encaminhou para a sala de exames onde seria examinada e faria o ultra-som.

A médica cumprimentou-a alegremente. Mesmo conhecendo a situação de Kate, procurava manter o alto astral perto dela pois julgava muito importante para o bebê. Interrogou Kate sobre sua alimentação, sono, enjoos. A barriguinha de grávida finalmente despontava estando ela agora com quinze semanas.

Kate apesar de todo o stress que estava passando parecia bem, ganhara peso e todos os indicativos de colesterol, anemia e triglicerideos estavam bons. A médica espremeu o gel sobre a barriga dela e começou a fazer o ultra-som. Kate observava a imagem que aparecia no monitor, seu bebê e de Castle crescendo dentro dela. De acordo com a análise feita pela doutora, o tamanho do bebê estava ótimo assim como o peso. Foi então que a médica comentou que na próxima consulta já seria capaz de dizer o sexo do bebê. Voltaram ao consultório onde preparou uma receita com vitaminas e entregou para Kate logo que marcou a próxima visita. Kate agradeceu e deixou o local de volta para o hospital.

Ao se aproximar do quarto de Castle, ouviu vozes. Após olhar pelo vidro, ela viu Alexis conversando com o pai. Não queria interromper por isso seguiu para a cafeteria onde comprou um lanche para si. Pegou o celular e ligou para Ryan que atendeu no quarto toque.

- Hey, Beckett! Como vão as coisas?

- Na mesma, quer dizer bem eu acho. Esperava que você pudesse me ajudar. Alguma novidade sobre o acidente de Castle? Encontrou algo?

- Ah, sobre isso. Desculpe, Beckett as coisas estão um pouco loucas por aqui. Temos três investigações de homicídios rolando e não tive tempo de checar com o meu colega do departamento de trânsito, quer dizer eu pedi as informações mas não pedi o retorno. Olha, eu sinto muito. Prometo que vou falar com ele, cobra-lo ainda hoje. Eu te aviso quando conseguir algo ok?

- Ok, obrigada Ryan.

- Tem certeza que está bem, Beckett ?

- Estou, não se preocupe. Dá um beijo na Jenny e no pequeno Patrick por mim.

- Obrigado e se cuida, Kate.

Ela desligou o telefone e suspirou. Por escolha, ela resolveu visitar Castle em horários que Alexis não estivesse no hospital. Dessa forma, voltou para casa preparou uma mochila e retornou por volta das sete da noite determinada a passar a noite ao lado dele. Essa nova rotina durou mais duas semanas até ser surpreendida por algumas novidades.


Quatro meses antes....


Kate estava no hospital mais cedo dessa vez, por volta de cinco da tarde. Acabara de sair do celular com Martha, elas se falavam sempre e algumas vezes saiam para almoçar juntas. A sogra por várias vezes pedira desculpas pelos modos da neta e Kate relevava e pedia para Martha esquecer o que acontecera. Outro ponto que ela sempre ouvia da mãe de Castle era que deveriam começar a preparar as coisas do bebê, além de insistir que ela voltasse para o loft. Ela desconversava apesar de estar com saudades do ambiente, do quarto que dividiam, da cama e até do escritório onde Castle costumava passar algumas horas fazendo o que sabia de melhor, escrevendo ou enrolando. O pensamento a fez sorrir.

Estava distraída quando alguém adentrou o quarto.

- Oh, pensei que não havia ninguém aqui. Olá Kate.

- Oi, Gina.

- Como ele está?

- Na mesma.

- E você? - Kate apenas deu de ombros - sabe é bom que esteja aqui. Gostaria de conversar com você, podemos ir a cafeteria?

- Tudo bem.

Devidamente sentadas e com bebidas, Gina tomou um gole do seu café e começou a falar.

- Eu devia ter vindo visita-lo mais cedo porém as coisas estão muito loucas na editora. Nem imagino o que deve estar sendo para você tudo isso, grávida, afastada do emprego e vendo-o deitado naquela cama sem qualquer reação. Rick é um homem maravilhoso, não merece isso. Também é sortudo por ter alguém como você ao seu lado. Eu o amo sabe? De uma maneira diferente de você, claro. Torço para que ele acorde logo. E Alexis, como esta?

- Sofrendo e me culpa pelo que aconteceu.

- Que besteira! Você de todas as pessoas foi quem sempre olhou por ele, o protegeu. Tenho certeza que é apenas uma coisa de momento, ela vai perceber assim que a raiva passar - ela ajeitou o cabelo antes de continuar a falar - Kate o que vou falar agora pode soar um pouco egoísta mas não é nada disso, me escute antes de julgar. Desde o acidente, a mídia fez um pequeno fuzuê sobre Rick, queriam informações, ameaçaram de plantar repórteres na porta do hospital e até invadi-lo. Consegui segura-los e evitar que a importunassem nesse momento. Por outro lado, sua base de fãs fiéis mandaram várias mensagens de solidariedade, desejando suas melhoras e mandando flores e cartões para a editora além disso, as vendas dos livros dele subiram consideravelmente em especial os da série Heat. Emails e mensagens não param de chegar a editora perguntando se não haverá mais um livro de Nikki Heat esse ano. Os fãs sabiam que ele estava escrevendo um novo romance por isso perguntam insistentemente.

- O que você está querendo saber, Gina? Se ele terminou o livro? Não, ele não finalizou porque dependia de informações minhas, de um caso que eu estava trabalhando antes de tudo isso acontecer.

- Sim, eu sei. Li alguns capítulos e Rick me contou sobre o caso que o ajudava a criar a história, por isso queria falar com você. Acha que conseguiria finalizar o livro? - Kate arregalou os olhos surpresa, que tipo de pergunta é essa?

- Eu não sou escritora, sou uma detetive ou era uma agente federal antes disso acontecer. Nem trabalhando no caso estou mais.

- Kate eu sei que você não é escritora mas é inteligente e uma fã do trabalho dele. Conhece o seu estilo de contar uma história e mesmo não trabalhando mais no caso, tenho certeza que saberia dar um desfecho apropriado para a história. Você não precisa me responder agora. Quero que pense sobre isso, consideraria uma forma de homenagea-lo.

- Por que isso agora, Gina? Por dinheiro?

- Não! Por ele, pelos fãs e inclusive por você. Sei que pode fazer isso afinal quem melhor que a própria Nikki Heat para encerrar um caso? Sério, pense a respeito. Preciso ir, me ligue quando tiver uma resposta.

Gina se levantou e saiu deixando Kate com um semblante de interrogação diante de tudo que acabará de ouvir. Uma ideia bem maluca essa que acabara de ouvir. Ela terminando um livro de Castle? Impossível! Total loucura. Ela voltava ao quarto quando seu celular tocou.

- Hey, Ryan!

- Oi, Beckett. Tenho novidades. Meu conhecido retornou com algumas informações importantes e a filmagem da área onde o acidente ocorreu. Conseguimos identificar uma possível testemunha que pode ter presenciado todo o ocorrido.

- E onde ela está? No distrito?

- Não, ela está vindo para cá pela manhã. Imaginei que quisesse acompanhar a entrevista e talvez fazer algumas perguntas. Já falei com Gates. Te espero amanhã às oito no 12th ok?

- Ótimo! Estarei aí, obrigada Ryan. Significa muito.

- Pelos velhos tempos, aliás antes de mais nada vocês são meus amigos. E Castle é um de nós de certa forma. É pra isso que servem os amigos, certo?

- Certo. Te vejo amanhã.

Com a esperança renovada, Kate esqueceu por hora a conversa com Gina e foi para casa se preparar para o dia seguinte.


12th Distrito


Às oito em ponto, as portas do elevador no quarto andar se abriam e Kate andava pelo salão da sua antiga casa. Por onde passava, recebia cumprimentos, aperto de mãos, sorrisos até chegar a mesa dos rapazes. Deu uma rápida olhada a sua antiga mesa. A cadeira de Castle ainda estava ali mas o resto estava bem mudado.

- Hey, rapazes.

- Beckett, bem-vinda de volta - disse Ryan. Esposito sorriu e a abraçou - olha, você já está de barriguinha. Quanto tempo ?

- Ryan você é tão menininha!

 - Ah, não enche Espo. Quase cinco meses.

- Logo poderá saber o sexo, o que prefere?

- Tanto faz, desde que seja saudável e tenha os olhos de Castle.

- Tenho certeza que ele prefere uma menina.

- Eu não sei, ele já tem uma filha.

- Quando as duas comadres acabarem de fofocar, podemos ir a sala de interrogatório? A testemunha está esperando - disse Esposito o que fez Kate e Ryan trocarem um olhar e revirar os olhos.

- E depois ele não sabe porque continua solteiro, Beckett. Eles seguiram para a sala. Assim que entraram, Beckett reparou que a moça estava apreensiva.

- Por que estou aqui? Eu não fiz nada errado, pago meus impostos, meu nome é limpo e...

- Tudo bem, miss Rodriguez na verdade queremos sua ajuda sobre algo que aconteceu a uns meses atrás. Um acidente de carro envolvendo uma Ferrari vermelha e uma van, você se lembra?

- Como poderia esquecer? Não é todo dia que se vê uma Ferrari como aquela tão linda ser destruída.

- Você poderia descrever como tudo ocorreu? Nos dar detalhes, qualquer coisa é importante.

- Ok. Eu estava terminando de falar ao telefone com uma amiga que deveria me encontrar na Starbucks da esquina, ela ia sé atrasar. Tinha um latte na mão e decidi me sentar numa das mesinhas externas para esperá-la. Foi quando reparei no carro, fiquei admirando o brilho dele. O motorista era bonitão também, usava óculos escuros e batucava ao volante esperando pelo sinal abrir. Ele me pareceu familiar somente depois de ver a notícia no jornal foi que a ficha caiu. Escritor famoso, sempre na listas dos solteirões disponíveis. A rua estava calma não dava para imaginar que algo tão trágico estava prestes de acontecer. Foi muito rápido. De repente, o sinal abriu e vi o cara mudar a marcha a fim de dirigir e do nada uma van avança e acerta a Ferrari bem no meio do motorista jogando o carro contra o meio-fio. Tive que me afastar ou seria atingida. Vi quando a van cantou pneus e desapareceu com a frente toda amassada.

- Você pode ver o motorista da van? Pode descreve-lo?

- Infelizmente não. A única coisa que notei foi que usava óculos escuros e um boné dos yankees. Mas e quanto a placa da van? Tenho certeza que podem encontrar o carro não?

- Poderíamos mas a placa era fria.

- Sinto muito. O cara sangrava muito foi uma verdadeira loucura, nunca vi tanto sangue. Como ele está, ele não morreu certo? Beckett não conseguiu responder mas Ryan intercedeu.

- Ele está em coma.

- Miss Rodriguez você não lembra de mais nada? Tem certeza? - Beckett perguntou.

- Não, desculpe - Beckett suspirou frustrada, era inútil mas então a moça arregalou os olhos e tornou a falar - Mas espere, na verdade teve uma coisa que me intrigou. A rua estava vazia  apesar de ter passagem livre e tenho quase certeza que vi a mesma van azul marinho estacionada na rua. É como se ela estivesse esperando algo talvez por isso avançara tão rapidamente no outro carro. Vocês tem um vídeo, câmera sei lá, devem ter afinal vocês são da polícia não?

Ryan e Esposito trocaram um olhar e balançaram a cabeça em concordância. Beckett insistiu mais um pouco com a testemunha.

- Viu algo mais? Alguém suspeito, estranho no local?

- Não, depois que o acidente ocorreu eu apenas prestei atenção nos paramédicos, eles foram muito rápidos.

- Sabe quem ligou para a emergência ?

- Uma das atendentes da Starbucks.

- Certo, acho que é isso. Caso lembre de algo mais, não hesite em ligar para esse número - e Beckett estendeu o seu cartão.

- Oh! Agente federal? Isso é grande não?

- Para mim sim, a vítima é meu marido.

- Oh, Deus! Eu sinto muito mesmo. Espero que ele melhore logo - e foi quando ela percebeu a barriga de Beckett e não pode evitar o olhar de tristeza. Beckett esperou ela sair da sala e virou-se para os rapazes. Antes de falar porém, foi Esposito quem se pronunciou.

- Olha Beckett nós vamos checar a informação dela sobre a van na filmagem que recebemos mas você não poderá vir conosco. Não está em condições de ver aquele acidente, é forte demais até mesmo para mim e será para você também.

- Para com isso, Esposito. Já vi muitos corpos de mortos em condições de fazer muito homem vomitar, sou uma detetive de homicídios acima de tudo. Não me tratem como uma amadora.

- Desculpe, Beckett mas Javi tem razão. Você hoje não é uma policial, você é parte interessada da investigação, a esposa da vítima e não poderemos abrir uma exceção dessa vez, além do mais tem a gravidez, seria um impacto muito grande.

- Se não concordar com nossos termos pode ir falar com Gates mas tenho certeza que ela tomará a mesma decisão que nós.

- Isso não é justo, vocês estão me tratando como uma estranha, uma amadora.

- É para seu próprio bem, Beckett - disse Ryan - espere aqui.

Eles saíram da sala deixando Beckett com muita raiva, esmurrou a mesa e bufou. Ela não ia aceitar tão facilmente o que queriam. Se levantou e saiu da sala. Mal colocou os pés no salão, Esposito a olhou com reprovação.

- Será que posso ao menos ir a copa beber água? Obrigada! - ela saiu pisando forte tentando mostrar que ainda tinha pose e domínio do território. Com um copo nas mãos, Beckett observava através do vidro os movimentos dos rapazes em busca da oportunidade perfeita para escapar de suas vistas e poder ir até a sala onde a técnica de informática estava e ver a filmagem do acidente de Castle. Cerca de quinze minutos se passaram e Beckett percebeu que os detetives estavam ocupados ao telefone e de frente para o computador fazendo deste o momento ideal para agir. Ela saiu sorrateiramente da copa e logo adentrava a sala desejada. A técnica estava lá fazendo uma análise de imagens pertencentes a outra investigação. Beckett agiu como uma velha amiga.

- Olá, tudo bem?

- Detetive Beckett que bom vê-la, visitando os antigos amigos?

- Isso também. Mas na verdade, estamos trabalhando numa parceria do FBI com a NYPD e preciso que você me ajude com algo. Preciso ver a filmagem das câmeras do acidente com a Ferrari, o caso da escapada sem socorro a vítima. Pode me mostrar por favor? Estou sem acesso a internet e ao sistema da delegacia.

- Claro! Sente-se aqui ao meu lado. O vídeo tem cerca de 12 horas mas a parte que interessa dura cerca de quinze minutos considerando o resgate. Vou adiantar para o ponto ideal.

- Antes de você apertar Play poderia me dizer se viu algo estranho nesse vídeo?

- Além da testemunha identificada e da van de placa fria nada mais exceto pelo fato da batida ser realmente chocante - a moça fez uma pausa para olhar para Beckett - eu realmente sinto muito por tudo o que aconteceu, espero que ele se recupere logo.

- Obrigada. Vá em frente.

Quando a técnica deu início a reprodução do vídeo, o corpo de Beckett se retesou.

O video começava mostrando um movimento tranquilo na esquina coberta pelo raio da câmera. O transito parecia fluir bem. O sinal estava fechado quando a Ferrari de Castle parou na esquina. Ele estava tranquilo ao volante, usava oculos escuros e batucava tal qual a testemunha informou. Beckett viu miss Rodriguez parada proximo ao carro. Seus olhos procuravam agora pela van. Avistou-a parada na rua perpendicular a que Castle estava. Beckett começava a procurar por algo anormal ou estranho, foi surpreendida pelo choque da van com o carro de Castle. Tomou um susto. Mais que isso, a imagem que se desenhou na sua frente fora muito pior do que ela imaginara. Percebeu quando a van sumiu desembestada deixando Castle preso às ferragens da carro em meio a um mundo de sangue.   

Beckett procurou respirar fundo porém a intensidade do que presenciara era maior do que podia suportar. Sentiu o enjoo se manisfestar, ver Castle coberto de sangie indefeso e sozinho mostrou a ela o quão grave foi o acidente dele. Os paramédicos agiram rápido. Serraram as ferragens e tiveram o maximo de cuidado ao retira-lo do carro. Ela deixou escapar uma lágrima limpando-a logo em seguida para que não reparassem. As mãos tremiam. Tentando escapar da emoção, ela procurou forçar seus olhos a analisar a cena, procurar se existia algo que pudesse ajuda-la a desvendar de quem ou como chegar a tal van. Miss Rodriguez estava na calçada, parecia muito nervosa e agoniada.

Então ela viu. Quase ao lado da miss Rodriguez, Beckett percebeu um homem parado e atento a tudo o que se passara. Não tinha percebido antes talvez por estar envolvida com a cena do choque com Castle coberto em sangue. Aquele rosto lhe era familiar.

- Você pode retroceder um pouco? Preciso checar uma coisa.

- Claro. Ao voltar a filmagem, Beckett pode notar que eles estava ali a um bom tempo. A forma como olhava a rua parecia estar esperando que algo acontecesse.

- Congele a imagem – a tecnica obedeceu – agora você pode ampliar apenas o quadrante superior esquerdo. Quero que você foque no homem de jaqueta de couro preta – a tecnica fez o que ela pedira e deixou a imagem ampliada na tela. Sim, não restava dúvidas, Beckett já vira esse rosto antes. Pegou o celular e discou um numero. Alguém atendeu do outro lado.

- McQuinn, é a Beckett.

- Olá, agente. Como você está?

- Sem grandes mudanças. Preciso que cheque algo para mim. A técnica do 12th distrito vai te mandar uma imagem de um homem. Tenho certeza que ele é um dos Quinze e preciso que você me confirme o nome dele e sua ligação com o caso da máfia. O rosto dele me é familiar, quero me lembrar porque. Quando consegue me confirmar isso?

- Beckett estou no meio de uma análise, vou precisar de pelo menos duas horas para terminar o que estou fazendo e depois avaliar o que você me enviar. Gostaria que você me desse pelo menos mais duas horas além das que já se passam normalmente. Eu te ligo assim que tiver algo ok?

- Combinado.

- Beckett, o que você está fazendo aqui? – era Ryan – disse que era para você ficar na copa quieta. Ela fez sinal para ele indicando que estava ao telefone.  Ao desligar, ela olhou para o detetive que já percebera o que ela fizera e o efeito que isso causara nela.

- Eu não falei para evitar isso? Por que você tem que ser tão teimosa? Está na sua cara que isso não fez bem a você – ele virou-se para a técnica – desligue isso, ela não deveria ver esse video!

- Não, Ryan. Espere! Envie essa imagem para meu celular, tenho que mandar para o meu contato.

- Beckett você é parte interessada disso. Está envoivida, você não é a responsavel do caso e nem a detetive. Vamos para outra sala antes que eu chame a Gates.

- Para, Ryan! Você me conhece o suficiente para saber que nesse momento, apesar de tudo, estou falando de algo sério, uma pista. Esse homem que aparece na filmagem, eu ja o vi antes. Tenho certeza. Por isso preciso mandar para o meu contato no FBI, ele vai identifica-lo e se realmente for alguém do grupo que estou pensando, então o que aconteceu com Castle não foi um acidente. Foi planejado.

Ryan olhou para o rosto dela, Beckett mantinha a pose mas seus olhos eram de súplica. Nesse instante, Esposito se junta a eles.

- O que ela está... – mas Ryan não deixou ele continuar.

- Ok, mande a imagem para o contato dela. Beckett escreva o email dele. Vamos fazer um contato formal – Beckett começou a escrever em um pedaço de papel o endereço enquanto Ryan contava a situação a Esposito – a teimosa aqui escapou da copa propositalmente porque não consegue ficar sem saber de tudo. Ela assistiu o video do acidente. Não percebe? É só olhar para ela, está arrasada. Conhecemos você muito bem para saber o que te afeta, Beckett.

- Pronto. Já enviei.

- Ótimo – disse Ryan – agora vem com a gente Beckett, tenho certeza que você precisa de um café. Eles deixaram a sala e voltaram para a copa. Ryan serviu café para eles e leite para ela sentaram-se para conversar.

- Como você está? E não venha com o vulgo “estou bem” porque não adianta, não irá nos convencer.

- Foi...foi horrivel... Castle, ele... – Beckett colocou a mão no rosto para tentar disfarçar e se controlar a fim de não ceder às emoções – e pode ser minha culpa, tudo por minha culpa. Deus!

- Explique melhor, por que seria sua culpa? – Esposito perguntou.

- Aquele cara que observava durante o acidente, ele me é familiar, sei que já o vi. Só não me recordo bem onde, acredito que seja da lista dos Quinze, o caso que estava trabalhando antes de... McQuinn pode me ajudar.

- Nós sentimos muito.

- Ele sofreu, muito, eu sei – passou as mãos rapidamente pelos olhos livrando-se das teimosas lágrimas e em seguida pelos cabelos como um disfarce mas os rapazes sabiam que ela estava afetada com isso. Sentiu uma ânsia de enjoo a dominar e pediu licença correndo para o banheiro. Dez minutos depois, ela reapareceu.

- Preciso ir para casa. Não estou me sentindo bem. Vou ao hospital mais tarde.

- A gente te leva.

- Não é preciso. Ligo para vocês quando tiver noticias de McQuinn. Obrigada por tudo.

De cabeça baixa, ela entrou no elevador.


Washington – FBI HQ


McQuinn acabara de sair de uma sala de reunião com os demais agentes de um outro caso que estava trabalhando. Passou na copa e serviu-se de uma caneca de café e um muffin. Já eram três da tarde e ele sequer almoçara. Não satisfeito pegou mais um muffin mas estava desejando um bom hamburguer que infelizmente teria que esperar até a noite. Precisava terminar um relatório até às cinco e ainda tinha uma pesquisa para fazer. Ele não esquecera do pedido de Beckett mas quando prometera retornar em duas horas não contava com essa reunião extraordinária.

Ao sentar em sua mesa, viu que tinha vários emails não lidos mas concentrou-se no relatório. Foi apenas por volta das seis da tarde que ele pode checar as mensagens. Não havia um email de Beckett porém reconheceu o dominio da policia de New York. Ao abrir o email, viu a recomendação da técnica no corpo do email. Sendo assim, ele baixou o anexo. Quando a imagem se formou na tela, McQuinn arregalou os olhos.

- Não acredito! – ele pegou o telefone e discou – Catherine?

- Hey, McQuinn. Tudo bem?

- Ótimo! Você tem um tempinho para vir aqui? Preciso de sua ajuda numa coisa, um tanto quanto delicada.

- Eu estou no prédio, 3º andar. Vim entregar um relatório para a divisão de narcóticos. Já subo ai. Me dê uns minutos, ok?

Dez minutos depois, Catherine surge na mesa dele.

- Então, o que está acontecendo? Descobriu algo mais do senador?

- Na verdade, tem a ver com isso mas de outra maneira. Vamos para uma sala – ele pegou o notebook e seguiu para a sala mais próxima, ligou seu computador ao projetor. Antes de mostrar o que tinha, contou a ela – hoje mais cedo eu recebi um telefonema da Beckett dizendo que precisava que eu visse uma foto de alguém e tentasse identifica-lo. Ela disse ter quase certeza de que ele era um dos quinze do caso da máfia chinesa. Estive enrolado em outras investigações e somente agora pude olhar a foto que a técnica de New York me enviou. A imagem foi tirada de uma câmera de segurança de rua. Para ser mais exato da cena do acidente de Castle.

- E então? É alguém que conhecemos?

- Veja você mesma. E projetou a imagem na parede.

- Mas esse é....

- O suposto comparsa do senador, seu braço direito e assassino de Damien. Se Beckett o reconheceu não foi por causa da lista dos Quinze, ela deve tê-lo visto em outra ocasião. Isso não é o mais preocupante.

- Claro que não, isso significa que o nosso suspeito numero 1 armou tudo para Castle ser ferido, na verdade acredito que o objetivo era matar mas não obteve sucesso total. Castle ainda vive, mesmo em coma.

- Se ele fez isso foi com um único propósito. Afastar Beckett das investigações, isso foi a mando do senador.

- É tentativa de assassinato. Beckett vai querer caça-lo.

- E esse é o problema. Se contarmos tudo o que já sabemos sobre o cara, ela vai sair numa caçada sangrenta à procura dele. Vai colocar sua vida em risco.

- Eu não a culparia. Seu marido está em coma a meses por causa dele. Ela sendo uma policial, uma agente, você escolhe nada mais justo. O risco existe de qualquer maneira mas pelo menos ela se afastou do caso, poderia ter sido pior. Precisamos contar a ela.

- Concordo, mas não tudo. O melhor a fazer para sua própria proteção é revelar apenas o nome dele. Depois ela pode usar os recursos da policia de New York para acha-lo. Em algum momento, ela ligará as histórias.

- E vai querer te devorar vivo quando souber que você escondeu o resto da história dela.

- Ou não, afinal ele não está na lista dos Quinze como ela supunha. E então, será uma decisão conjunta. O que você acha? – ela suspirou.

- Tudo bem, revele o nome e confirme que ele não é um dos Quinze. É uma forma de protege-la. Quando ela descobrir, virá falar conosco. Responda o email dela.

- Acho melhor ligar.

- Tem certeza? Ela pode te encher de perguntas. E não pode revelar que ele é o assassino de Damien.

- É você tem razão. Mas se ela me ligar não tenho escapatória.

- É um risco que terá que correr.

Ele abriu o email e respondeu para a técnica de informática o que poderia liberar e enviou. McQuinn ficou olhando para a tela com um olhar perdido, Catherine entendia o que aquele olhar significava.

- Vamos, liga pra ela. Sei que é isso que você quer fazer. Aliás, concordo que é o certo pois ela ligou pedindo sua ajuda. Eu espero para te ajudar se precisar.

- Tudo bem, obrigado.

Beckett estava sentada ao lado da cama de Castle. Quando saiu do 12th, ela foi em casa e se deitou por um bom tempo. As imagens do acidente não saiam da sua mente. Adormeceu depois de chorar. Acordou duas horas depois e se arrumou para voltar ao hospital. Sentiu o telefone vibrar. Ao olhar o visor, reconheceu o nome de McQuinn.

- Oi, McQuinn. Alguma novidade?

- Hey, Beckett. Acabei de responder o email da NYPD. Identifiquei o cara. Chama-se Andrew Chow Smith. Americano, filho de mãe chinesa que casou-se com um americano. Tem alguns antecedentes e ao contrario do que você pensou, ele não está na lista dos Quinze.

- Mas eu sei que já vi aquele homem. Ele não trabalha para o senador? Eu o vi antes. Preciso me lembrar onde. Os rapazes vão investiga-lo mas gostaria de pedir a você que também fuçasse um pouco mais a vida dele. Tem algo muito estranho nisso tudo. Você e Catherine ainda estão trabalhando no caso?

- Estamos mas em paralelo com os demais. Estamos buscando alternativas para incriminar o senador. Prometo que quando tivermos algo concreto informamos você. E se cuida, você precisa estar bem para dar apoio a Castle, deixe que a gente lide com as investigações.

- Obrigada, McQuinn. Manda um beijo pra Catherine.

Ao desligar o telefone, ele respirou aliviado. Pelo menos ela não insistira muito em saber detalhes. Do outro lado da linha, Kate suspirou e fez uma nova ligação.

- Ryan.

- Hey, acabo de sair do telefone com McQuinn. Ele me disse que enviou a resposta para a técnica via email. Ryan eu preciso que vocês vasculhem a vida desse cara de ponta cabeça, tudo o que ele fez ou deixou de fazer. Peçam ajuda a polícia de Washington, ao FBI eu não sei o que vocês vão fazer apenas descubram o que esse cara fazia ali.

- Nós iremos fazer isso, Beckett. Assim que tivermos alguma notícia te informamos.


Kate desligou o celular. Por alguns minutos ela fitou o nada. A mente maquinava como um equipamento cheio de engrenagens a mil. Ela ainda não se conformava por não lembrar quando ou onde vira aquele homem. Não desistiria. O fato dele ser descendente de chineses era algo que fazia as suspeitas de Kate aumentar. As informações passadas por McQuinn serviram apenas para confirmar o que ela já sabia. Isso fora um atentado contra a vida de Castle e tinha um propósito: mandar um recado a ela. Kate não tinha dúvidas de que o senador Denver estava por atrás disso. Só havia um problema, não sabia como provar. 

Continua....

3 comentários:

cleotavares disse...

Uau! Que tensão entre Alexis e Kate. Tabefe merecido. Ai! tadinha da Beckett está sofrendo tanto.

Unknown disse...

mortaaa!!! tadinha da kate…quase fiquei sem ar tmb depois da briga com a Alexis! aii não demora pra postar o próximo pf kk

Unknown disse...

ARMARIA!!!!!!
GENTEEEEEE ELA METEU A MÃO NA ALEXIS,KAREN ME REPRESENTOU!!!!
Confesso que...teria feito algo pior colocaria ordem na casa e farie essa aprendiz de bitch a me respeita,pq fía né só ela que esta sofrendo a Kbex ta grávida tem que aguentar firme.Chorei com ela no cemiterio falando com a vó Joh,eu quis abraça-la e a teimosia dela as vezes me assusta pq assistir o video?pq acrescentar mais sofrimento? ñ ha necessidade disso!O.o
e tudo esta se encaixando esses filho duma égua aproveitem enquanto podem pq a tigresa vem com tudo!!!!
Aguardando o proximo cap.
Sorry a demora!