Nota da Autora: Faz tempo....aliás tempo é um ingrediente escasso na minha agenda hj. De qq forma consegui escrever um pouquinho mais. Espero que gostem... no proximo eu vou colocar algo que vcs vão gostar, só pra amenizar o angst.
Cap.11
Mais uma
semana se passou. Após uma visita ao hospital Kate estava no loft jantando na
companhia de Martha quando trouxe à discussão que chegara o momento de contar a
Alexis o que estava acontecendo. Por uma questão de intimidade, ela sugeriu que
a própria Martha falasse com a neta pois tornaria mais fácil a recepção da
notícia. Ela deixou-a sozinha para dar-lhe privacidade. Não sabia o resultado
da conversa mas imaginava que seria um choque para a menina. Afinal, ela é
extremamente ligada ao pai e como ela sofreria. Kate ouviu o choro de Martha,
sabia que não era fácil para a mãe passar por uma situação dessa. Martha apenas
comentou sobre o telefonema na manhã, Alexis chegaria em dois dias.
No mesmo dia,
Kate voltou ao hospital. No quarto com Castle, ela estava sentada ao lado da
cama dele e segurava sua mão. Ela olhava para Castle com carinho e adoração. Se
ele soubesse a saudade que sentia dele. Ela conversava com ele, falava de
saudades, dos enjoos, do quanto queria que ele pudesse ir a próxima consulta
juntos. Enquanto Kate falava, acariciava a pele dele. A enfermeira entrou para
checar os sinais vitais. Ao vê-la, sorriu.
- Como você
está querida?
- Estou bem.
- Sabe esse
seu marido é um homem de sorte. A sua devoção é muito bonita.
- Eu o amo
demais, tudo o que quero é que ele acorde. Poder abraça-lo de verdade, ouvir
sua voz e principalmente ver a reação dele ao saber que será pai novamente. As
teorias malucas e as frases de efeito... – os olhos logo se encheram de
lágrimas, levou a mão dele aos lábios e beijou-a – não tem como eu não ceder às
emoções, geralmente sou uma pessoa racional mas essa situação está mexendo
comigo.
- É uma
situação difícil, complicada para você e ainda tem os hormônios.
- Sim, os hormônios.
Certamente ele faria piada sobre isso e eu riria do jeito dele ou reviraria os
olhos – ao apertar a mão dele mais uma vez, Kate sentiu um movimento, como se
os dedos dele apertassem de leve a mão dela – meu Deus! – o espanto tomou conta
do semblante dela – ele a-apertou minha mão. Meu Deus! Eu senti – o coração
acelerou consideravelmente – será que ele... – não conseguia completar a frase.
Olhava apavorada para a enfermeira.
- Não,
querida. Se acalme. Isso tudo é fruto da sua vontade de vê-lo fora do coma. Ele
não se mexeu, no máximo teve um espasmo muscular involuntário. Eu sei que você
quer muito que ele acorde mas ainda não foi dessa vez.
- Não, eu sei
o que senti. Ele apertou minha mão, eu senti seu toque.
- Querida,
veja por você mesmo. Venha aqui – Kate se afastou dele e se aproximou da
enfermeira – sinais vitais normais porém nada que indique que ele está
acordando.
- Não estou
duvidando de seus conhecimentos, mas sei o que senti. Conheço o toque dele e
tenho certeza do que ele fez – sim, Kate não acreditava na enfermeira e por
causa do que presenciara, ela manteve a crença de que ele se mexera e portanto
podia acordar a qualquer momento. Ela ficou olhando um tempo para ele, sentindo
a lágrima fugir pelo seu rosto.
Era estranho o
que ouvia. As vozes pareciam tão distantes. Conhecia aquela voz. O que estava
acontecendo? Chamou por ela. “Kate... Kate... você pode me ouvir? Você estava
chorando? Kate... sua voz, tão longe. Por que não fala comigo? Espere,
Kate...volte”. Sentia-se estranho. Parecia sem forças. De repente não a via,
tudo estava confuso. Será que ela já estava esperando no aeroporto? Não, eu não
cheguei ao aeroporto, os pensamentos estavam embaralhados. “Kate olhe para mim,
estou falando com você, Kate. Com quem você conversa? De quem é a outra voz?
Eram
sensações, o som das vozes e pensamentos desconexos. Apenas sabia que ela
estava ali, não a viu. Os olhos permaneciam fechados indicando o coma profundo
mas o cerebro viajava em um emaranhado de ideias que o instigavam. Ele não entendia
o que se passava ao seu redor, nem sabia ao certo onde estava. Vazio. Tudo o
que sentia era um vazio.
Kate estava no
hospital sentada ao lado da cama de Castle quando ouviu vozes indistintas se
aproximando. Elas pareciam ficar cada vez mais altas à medida que se
aproximavam. Então, ela percebeu uma delas mais aguda e chorosa. Alexis. Ela
respirou fundo e se preparou para encarar a filha de Castle. Como detetive,
Kate sempre fora destemida e uma tigresa na sala de interrogatório, com Alexis
porém, apesar de tudo o que ela já vivera com Castle e por experiências
anteriores, ela sentia-se ainda como se pisasse em ovos. Afinal mesmo casada
com o pai dela, sabia que a relação dos dois era intima demais para deixa-la
entrar e ser parte disso. Ela se dava bem com Alexis, já dava conselhos era uma
espécie de irmã mais velha mas estava longe de cativa-la totalmente, ou assim
Kate pensava.
A porta do
quarto se abriu e Alexis entrou de supetão. A cara assustada revelava todos os
temores que antes eram apenas pensamentos para ela. A primeira visão do pai
deitado na cama, imóvel e pálido foi um choque para a menina. Automaticamente,
os olhos se encheram de lágrimas e o rosto ficou vermelho. Kate se afastou
encostando-se na parede sem falar absolutamente nada mantendo a cabeça baixa,
evitando a princípio o contato direto com a enteada, dando espaço para ela
digerir a situação que se desenhava a sua frente.
Alexis ficou
ao lado da cama do pai e tomou a mão dele na sua. Acariciou-lhe o rosto e
deixou as lágrimas verterem pelo rosto.
- Pai... fala
comigo por favor... isso não pode estar acontecendo. Sou eu, Alexis, abra os
olhos pai... – ela sabia ser em vão o que pedia ao homem deitado inerte a sua
frente. Não era boba e entendi muito bem o que estava acontecendo e as
possiveis chances do pai de recuperação. Entender, porém não é sinônimo de
aceitar. Estava triste, magoada. Não, em realidade estava irritada, com muita
raiva do que via e havia apenas uma pessoa a quem culpar. Num lampejo de raiva
beirando o ódio, Alexis se voltou na direção de Kate, contra ela. Os olhos
vermelhos demonstravam o quanto ela estava dominada por um sentimento ruim e a
imaturidade a fez profanar palavras rudes e duras contra aquela pessoa que
julgava culpada de tudo. Apontando o dedo na cara de Kate, ela gritou.
- Você! Tudo
isso é sua culpa! Desde que meu pai te conheceu ele já esteve à beira da morte
várias vezes. Essa vontade ridicula dele de achar que é um detetive e você
alimenta isso. Você me mandou para fora para tê-lo à sua disposição como um
cachorrinho que segue ao dono onde quer que ele vá. Se ele não tivesse ido te
buscar naquele aeroporto nada disso tinha acontecido. Você é a culpada por
isso! Por essa desgraça! Você...destruiu...tudo, se ele morrer vou te acusar de
homicidio.
- Alexis, se
acalme eu... eu sei que é dificil e um choque mas por favor eu não sou culpada
por nada, aconteceu. Você está em choque e com raiva, eu entendo porque também
me senti assim mas pelo seu pai, precisamos lutar juntas. Eu nunca faria nada
para machuca-lo, eu o salvei tantas vezes e ele a mim. Estou sofrendo tanto
quanto você. Eu o amo também, mais que a mim mesma.
- Amar, sofrer...besteira!
Você está é cheia de remorso! Porque tenho certeza que o que aconteceu com ele
é por sua causa. Você sabe disso e fica se passando de inocente. Você o matou!
Você é uma assassina!
O instinto
falou mais alto e Kate esbofeteou Alexis sem piedade. O rosto vermelho e a
respiração começando a faltar a deixavam em um estado mais crítico do que o
normal mas agora ela iria até o fim.
- Nunca, nunca
mais me chame disso. Não me acuse de algo que eu não fiz – ela gritava – ele
não está morto! Ele não vai morrer, ele não pode morrer. Porque se isso
acontecer, eu nunca vou me perdoar não por culpa e sim por saber que eu não
terei a oportunidade de demonstrar todos os dias o quanto ele me faz feliz, não
poderei dizer que o amo incondicionalmente. E Alexis, ele pode ser seu pai mas
ele é meu marido e ao contrário de você que sai acusando aos outros, eu vou ficar
e lutar ao lado dele porque sei que Castle vai acordar e quando isso acontecer
eu estarei aqui. Ponha uma coisa na sua cabeça, eu trocaria de lugar com ele se
pudesse e isso é a prova de quanto ele significa para mim.
Alexis a
olhava atônita ainda sem acreditar que levara uma tapa na cara. As palavras de
Kate eram fortes. Ela via as lágrimas escorrendo no rosto. A dor nos olhos.
Mesmo assim, não recuou.
- Não pense
que você me convenceu com essas palavras e não admito que você me bata, não tem
esse direito. Reze Kate para que você esteja certa e ele acorde caso contrário
vou fazer da sua vida um inferno. Ele é meu pai! E você não é nada! Nada!
Nesse exato
momento em que Alexis gritava, Martha entrou pela porta e viu os gritos da
neta, a forma acusatória que apontava o dedo para ela. Viu a dor no rosto de
Kate e as lágrimas marcando o mesmo. Antes de interromper a discussão, viu Kate
retrucar a neta.
- Alexis, pare
por favor... pare de dizer coisas que a farão se arrepender depois. Você está
chateada mas você é inteligente e não devia fazer isso. Pense no seu pai, acha
que gritar e brigar comigo resolve alguma coisa? Não, apenas piora. Castle não
precisa de vibrações negativas, Ele precisa da nossa união e dedicação. Nada
disso faz bem para ninguém. Acusações, raiva, ódio isso não leva a nada – ela
tentou se aproximar e tocar a mão da menina que recuou como um bicho acuado –
olha, vou relevar todas as acusações, os gritos e insinuações se você me
prometer que vamos enfrentar isso juntas, por Castle. Pode fazer isso? – o olha
de Kate era de súplica, um gesto talvez nunca visto por aqueles que a
conheciam. Ali, ela procurava se aproximar para dar a Alexis o conforto que
sabia ser necessário, o mesmo conforto que precisou quando a mãe se foi.
- Não, eu não
quero saber de nada que venha de você. Nada!
- Pare Alexis!
– o grito de Martha ecoou no quarto e as duas se assustaram. Kate começou a ter
dificuldades de respirar. O nervosismo e o afã da discussão a fizeram mal.
Martha correu para acudir a nora que estava sentindo falta de ar e tinha o
rosto lívido – Katherine, você está bem? Precisa se sentar, venha. Vou buscar
um copo d’água para você.
- Ha! Isso é
ótimo! Simplesmente perfeito! Até você, vovó? Por que todo mundo só liga para o
que ela pensa ou sente? E quanto aos meus sentimentos? É o meu pai que está a
beira da morte não ela! Tudo por causa dela e o que acontece? Todos paparicam
Kate! Eu – mas foi interrompida com um grito da vó.
- Basta,
Alexis! Chega de show! A atriz aqui sou eu... pare de gritar com Katherine e me
ajude.
- Vó! Não
defenda ela! Sou sua neta!
- Consegue
andar? Respire fundo... – a vó se vira para a neta e fala – ela está grávida,
Alexis! – e novamente a menina foi tomada pelo choque da noticia.
- Tudo... bem,
Martha...eu vou lá fora. E Kate saiu caminhando devagar fechando a porta atrás
de si. Martha virou-se para a neta e perguntou.
- O que você
estava pensando? O que significa tudo isso? Você não pode chegar aqui e
derrubar um caminhão de ofensas sobre Katherine. Ela não tem feito outra coisa
senão cuidar do seu pai, dia e noite. Abdicou do trabalho, da carreira e mesmo
da gravidez, de si para estar com Richard. Você não tem o direito de julga-la
ou acusa-la. Não vou admitir.
E as palavras da
avó finalmente pareceram atingir Alexis. Ela correu para os braços de Martha e
se debulhou em lágrimas.
- Oh, vó. Meu
pai... como vou viver sem meu pai? – a avó tentava acalmar a menina e somente
após uns bons minutos, ela voltava a si. Saindo dos braços da vó, ela tornou a
se debruçar sobre a cama do pai. Acariciou os cabelos dele e voltou a chorar
com a cabeça apoiada no estomago de Castle – pai? Promete que vai acordar? Por
mim? Claro que não obteve qualquer resposta. Foram longos minutos sentada ao
lado dele sob a observação de Martha até o momento que a vó se aproximou dela e
a olhou com ternura antes de perguntar.
- Está mais
calma, Alexis? Entende que não há muito o que fazer a não ser nos unirmos e
rezarmos por ele? Kiddo, eu – ela pegou a mão da neta – eu preciso que você
entenda que não há culpa aqui. Nem minha, nem sua e principalmente de
Katherine. A sua atitude foi errada. Não deveria ter acusado-a ou gritado com
ela. De todas as pessoas, ela foi sempre quem olhou pelo seu pai, ela o manteve
seguro muitas vezes e Alexis, não importa o que acontecer. Ela o ama assim como
nós e seu pai a ama também. Acho que você precisa pedir desculpas a ela pelo
modo que a tratou. Foi errado. Richard jamais aprovaria seu comportamento.
Alexis
permaneceu calada apenas pensando nas coisas que dissera e no que a avó
colocara. E agora ainda tinha essa notícia inesperada. Ela não devia sentir-se
estranha, mas não podia evitar. Um irmão... seria capaz de fazer o que deveria
ser feito?
Do momento que
saiu pela porta, Kate sabia que precisava sumir daquele lugar. A atmosfera do
hospital não a ajudaria a se acalmar. Encostou sua cabeça na parede do corredor
e respirou fundo recobrando o ar que há pouco começara a faltar-lhe. Podia
sentir o gosto de biles na boca, o enjoo era angustiante. Uma enfermeira passara
por ela e vira a palidez em seu rosto. Preocupada, a arrastou até uma pequena
sala de apoio e a fez sentar por alguns instantes. Antes, Kate se agachou em um
canto da sala perto da lixeira e vomitou. Nada de alimento, apenas suco
gástrico. A enfermeira segurou os cabelos dela dando-lhe apoio. Em seguida, deu
água a ela e um pouco de suco para melhorar o açucar no sangue. Aos poucos a
cor voltava ao rosto de Kate e sentia-se melhor após a discussão com Alexis.
Ela errara ao estapear a filha de Castle mas ser acusada de provocar tudo isso
a ele, ser chamada de assassina, apenas a tirou do sério. Não tinha sangue de
barata.
Tudo o que
queria era conforta-la. Como filha, Kate sabia exatamente o que se passava na
mente de Alexis. A perda de um dos pais era algo terrivel de lidar, mesmo que a
batalha de Castle ainda não tivesse terminada, havia o medo irracional de
perde-lo, no caso de Alexis, o pai sempre fora tudo para ela. Mas a discussão
com a menina, abriu feridas antigas para Kate. Recordou-se do abismo que vivera
quando perdera a mãe, da luta que a tomara por ódio e vingança quase tirando
sua sanidade por completo. Invariavelmente, era quase impossivel não deixar a
culpa vir à tona. Remoe-la e questionar-se se realmente o que estava
acontecendo era sua responsabilidade.
Talvez Alexis
tenha razão. Se ela não tivesse ido a New York, Castle não teria sofrido o
acidente. Ela não teria descoberto da gravidez e... não! Essa não é a forma que
Kate Beckett encara as coisas, brigou consigo mesma. Há apenas duas explicações
para o ocorrido: fatalidade ou algo planejado. Porém, nesse momento ela não
estava em condições de analisar e descobrir quais dos dois se encaixava
corretamente. Kate precisava de um tempo para si.
Levantou-se
devagar e agradeceu a enfermeira. Caminhou até a recepção e deixou o hospital.
Os passos longos e suaves podiam aparentar a outros que ela não tinha um rumo
certo. Não era verdade. Ela desceu as escadas rumo a estação do metro e pegou o
trem. Desceu três estações depois e caminhou no cemitério em busca da sepultura
da mãe. Ao estar de frente para a lápide de Johanna, Kate tocou-a levemente.
Releu a frase que acabara por se tornar uma máxima em sua vida assim como o era
na da mãe “"Vincit Omnia Veritas". De pé, olhando para aquela pedra,
ela chorou.
- Mãe... eu
preciso tanto de você agora. Não apenas pelas coisas difíceis que estão
acontecendo comigo e Castle mas também as coisas boas. Estou grávida, mãe. Você
seria avó. Tudo está confuso nesse momento, eu e Castle estávamos tão felizes.
Nossa vida de casado, o trabalho, tudo. E vamos iniciar uma família, então
Castle... ele sofreu o acidente e tudo parece desmoronar a cada segundo.
Desculpe, mãe. Ando muito emotiva ultimamente. Hormônios é o que dizem. Preciso
me recompor, voltar a ser a Kate Beckett que procura por respostas. Castle
precisa de mim e eu acabo de perceber o quanto preciso dele. Tanta é a minha
vontade de abraça-la. Mas serei forte. Acredito de todo coração que ele irá
sair dessa e espero que na próxima vez que venha lhe visitar traga comigo ele e
a sua neta ou neto. Eu te amo, mãe.
E com essas
palavras, Kate deixou o cemitério. Seu destino era um lugar especial. Um local
onde todos os seus pensamentos e forças eram revigoradas. Onde as maiores
decisões de sua vida foram tomadas. Ao chegar na praça, sorriu. Lá estavam
eles, os velhos balanços. Para as crianças que corriam em volta deles, meros
brinquedos. Para ela, um símbolo de felicidade. Ali ela se abriu para ele pela
primeira vez ao falar sobre os seus muros, também ali ela tornou a questionar
sua própria vida e decidiu dar o próximo passo rumo ao que sempre quis: Castle.
Sentada em um
dos balanços, ela acariciava a corrente de metal relembrando o último momento
feliz que marcara sua vida naquele local. O pedido de casamento.
Instintivamente, ela levou a mão até o ventre acariciando-o. Seu bebê iria
brincar ali. Cedeu a emoção de estar naquele lugar e chorou. Ficou pensativa
por longos minutos quando por fim se levantou e tornou a caminhar de volta para
o hospital. Devia desculpas a ele pelo que fizera a sua filha, decepcionara
Castle. Tinha consciência disso.
De volta ao
hospital, Kate não encontrou mais ninguém. No quarto de Castle, apenas ele no
mesmo estado de antes. Ela se aproximou da cama, beijou-lhe a testa e entrelaçou
a mão dele na sua.
- Eu sinto
tanto, Castle. Muito mesmo. Eu te devo desculpas, por te decepcionar, por
deixar as emoções me dominarem em um momento como esse. Não devia ter batido em
Alexis, não tenho esse direito. Eu me excedi, me deixei levar. As vezes eu
acredito que ela pode ter razão. Que eu sou o motivo de você estar aí nessa
cama, inerte, sou culpada sim e isso me corroi por dentro, me deixa triste, um
pouco perdida e frustrada por não poder fazer nada sobre isso. Por não poder te
trazer de volta. Impotente, inútil. Cas... eu sinto tanto a sua falta, tanto -
Kate se acomodou na brecha da cama e permaneceu ali, quieta apenas respirando
ao lado dele.
Kate tomara
uma decisão. Voltaria ao seu antigo apartamento para dar uma certa privacidade
a Martha e Alexis no loft. Apenas passaria muito rapidamente lá para pegar
algumas de suas coisas. Ao chegar no loft, porém, encontrou Martha e Alexis conversando
no sofá. A primeira reação de Kate foi desviar os olhos da direção da menina
para em seguida fita-la e explicar o porque estava ali, não que devesse, não
que precisasse já que era a esposa do dono daquele lugar e tinha direito de
estar ali tanto quanto ela, mas de alguma forma sentia-se na obrigação de fazer
isso.
- Eu não
pretendo demorar. Vim apenas pegar algumas coisas minhas. Amanhã vou cedo para
o hospital, tenho uma consulta. Não se preocupem, vocês precisam de um tempo
sozinhas.
- Katherine
querida, ninguém está lhe expulsando. Essa casa é sua também. Fique.
- Não Martha,
você e Alexis necessitam de um tempo a sós. Vou ficar bem no meu antigo
apartamento. Com licença – ela olhou novamente para a menina com um ar de
tristeza. Odiava que as coisas estivessem assim, não era justo com nenhuma das
duas e nem com Castle. Ela seguiu para a suite master. Martha olhou para a neta
e suspirou.
- Se você é a
menina que espero que ainda seja, sabe o que deve ser feito.
- Não, ainda
não consigo.
Passados uns
vinte minutos, Kate reapareceu na sala com uma pequena valise nas mãos e sua
bolsa. Ela parou na frente das duas e falou.
- Estou indo.
Provavelmente nos veremos no hospital amanhã.
- Katherine,
tem certeza que não quer reconsiderar? Ou de repente, posso ir ao médico com
você amanhã...
- Não, Martha.
Eu agradeço sua bondade e sua preocupação. Vai ficar tudo bem – Kate virou-se
para Alexis – eu sinto muito, realmente se você está triste e com raiva. Todos
nós estamos, você não é a única Alexis. Eu sinceramente esperava poder te
ajudar nesse momento difícil, gostaria de ter tido alguém, uma mulher como
Martha por exemplo quando perdi minha mãe para me confortar, era isso que
gostaria de fazer por você. Infelizmente, minha mãe se foi para sempre mas seu
pai ainda está aqui. Por experiência própria, ninguém deve passar por isso
sozinho, ninguém deve ceder a raiva. De verdade, eu sinto muito. Apenas queria
que soubesse disso.
Ela virou as
costas para as duas e saiu pela porta.
Naquela noite,
Kate chegou em casa e após um longo banho quente, ela já de pijamas tirou da
valise uma peça de roupa e deitou-se na cama levando a mesma até o nariz. Era
uma camisa que Castle usava para dormir. Inspirou profundamente o tecido que
ainda continha o cheiro dele. Fora um dia muito difícil, torcia para que a
raiva de Alexis passasse e que ela finalmente pudesse entender que somente
queria seu bem.
No fundo
esperava outra reação vinda dela. Sempre tivera a filha de Castle em alta
conta. Admirava o jeito responsável e maduro dela especialmente considerando o
comportamento meio avoado e moleque do pai. Era uma moça inteligente e
perspicaz porém tinha apenas dezenove anos e todo o direito de ceder as emoções
, o que não significava faltar com o respeito.
Chega - ela
disse a si mesma. Devia procurar outras coisas com o que ocupar a mente. Então
levou a mão até o ventre acariciando-o com leveza. Fechou os olhos e imaginou a
cena onde Castle era a pessoa que fazia esse gesto. Passar por esse momento sem
ele era o que mais a deixava triste. Conhecia seu homem e parceiro muito bem
para saber o quanto ele aproveitaria essa fase, o quanto ele a mimaria, a paparicaria.
Ela ainda tinha tanto por fazer mas sem ele faltava-lhe ânimo. Estava adiando o
inevitável. Teria que fazer tudo sozinha novamente ou quem sabe não seria
surpreendida com uma boa notícia. A esperança era por fim o sentimento que lhe
dava forças e a fazia acreditar que Castle logo estaria a seu lado.
Por volta das
oito da manhã, ela chegou ao consultório da ginecologista. Esperou por cerca de
vinte minutos quando foi chamada. Após os procedimentos básicos de pesagem,
medição e a troca de roupa, a assistente a encaminhou para a sala de exames
onde seria examinada e faria o ultra-som.
A médica
cumprimentou-a alegremente. Mesmo conhecendo a situação de Kate, procurava
manter o alto astral perto dela pois julgava muito importante para o bebê.
Interrogou Kate sobre sua alimentação, sono, enjoos. A barriguinha de grávida
finalmente despontava estando ela agora com quinze semanas.
Kate apesar de
todo o stress que estava passando parecia bem, ganhara peso e todos os
indicativos de colesterol, anemia e triglicerideos estavam bons. A médica
espremeu o gel sobre a barriga dela e começou a fazer o ultra-som. Kate
observava a imagem que aparecia no monitor, seu bebê e de Castle crescendo
dentro dela. De acordo com a análise feita pela doutora, o tamanho do bebê
estava ótimo assim como o peso. Foi então que a médica comentou que na próxima
consulta já seria capaz de dizer o sexo do bebê. Voltaram ao consultório onde
preparou uma receita com vitaminas e entregou para Kate logo que marcou a próxima
visita. Kate agradeceu e deixou o local de volta para o hospital.
Ao se
aproximar do quarto de Castle, ouviu vozes. Após olhar pelo vidro, ela viu
Alexis conversando com o pai. Não queria interromper por isso seguiu para a
cafeteria onde comprou um lanche para si. Pegou o celular e ligou para Ryan que
atendeu no quarto toque.
- Hey,
Beckett! Como vão as coisas?
- Na mesma,
quer dizer bem eu acho. Esperava que você pudesse me ajudar. Alguma novidade
sobre o acidente de Castle? Encontrou algo?
- Ah, sobre
isso. Desculpe, Beckett as coisas estão um pouco loucas por aqui. Temos três
investigações de homicídios rolando e não tive tempo de checar com o meu colega
do departamento de trânsito, quer dizer eu pedi as informações mas não pedi o
retorno. Olha, eu sinto muito. Prometo que vou falar com ele, cobra-lo ainda
hoje. Eu te aviso quando conseguir algo ok?
- Ok, obrigada
Ryan.
- Tem certeza
que está bem, Beckett ?
- Estou, não
se preocupe. Dá um beijo na Jenny e no pequeno Patrick por mim.
- Obrigado e
se cuida, Kate.
Ela desligou o
telefone e suspirou. Por escolha, ela resolveu visitar Castle em horários que
Alexis não estivesse no hospital. Dessa forma, voltou para casa preparou uma
mochila e retornou por volta das sete da noite determinada a passar a noite ao
lado dele. Essa nova rotina durou mais duas semanas até ser surpreendida por
algumas novidades.
Quatro meses
antes....
Kate estava no
hospital mais cedo dessa vez, por volta de cinco da tarde. Acabara de sair do
celular com Martha, elas se falavam sempre e algumas vezes saiam para almoçar
juntas. A sogra por várias vezes pedira desculpas pelos modos da neta e Kate
relevava e pedia para Martha esquecer o que acontecera. Outro ponto que ela
sempre ouvia da mãe de Castle era que deveriam começar a preparar as coisas do
bebê, além de insistir que ela voltasse para o loft. Ela desconversava apesar
de estar com saudades do ambiente, do quarto que dividiam, da cama e até do
escritório onde Castle costumava passar algumas horas fazendo o que sabia de
melhor, escrevendo ou enrolando. O pensamento a fez sorrir.
Estava
distraída quando alguém adentrou o quarto.
- Oh, pensei
que não havia ninguém aqui. Olá Kate.
- Oi, Gina.
- Como ele
está?
- Na mesma.
- E você? -
Kate apenas deu de ombros - sabe é bom que esteja aqui. Gostaria de conversar
com você, podemos ir a cafeteria?
- Tudo bem.
Devidamente
sentadas e com bebidas, Gina tomou um gole do seu café e começou a falar.
- Eu devia ter
vindo visita-lo mais cedo porém as coisas estão muito loucas na editora. Nem
imagino o que deve estar sendo para você tudo isso, grávida, afastada do
emprego e vendo-o deitado naquela cama sem qualquer reação. Rick é um homem
maravilhoso, não merece isso. Também é sortudo por ter alguém como você ao seu
lado. Eu o amo sabe? De uma maneira diferente de você, claro. Torço para que ele
acorde logo. E Alexis, como esta?
- Sofrendo e
me culpa pelo que aconteceu.
- Que
besteira! Você de todas as pessoas foi quem sempre olhou por ele, o protegeu.
Tenho certeza que é apenas uma coisa de momento, ela vai perceber assim que a
raiva passar - ela ajeitou o cabelo antes de continuar a falar - Kate o que vou
falar agora pode soar um pouco egoísta mas não é nada disso, me escute antes de
julgar. Desde o acidente, a mídia fez um pequeno fuzuê sobre Rick, queriam
informações, ameaçaram de plantar repórteres na porta do hospital e até
invadi-lo. Consegui segura-los e evitar que a importunassem nesse momento. Por
outro lado, sua base de fãs fiéis mandaram várias mensagens de solidariedade,
desejando suas melhoras e mandando flores e cartões para a editora além disso,
as vendas dos livros dele subiram consideravelmente em especial os da série
Heat. Emails e mensagens não param de chegar a editora perguntando se não
haverá mais um livro de Nikki Heat esse ano. Os fãs sabiam que ele estava
escrevendo um novo romance por isso perguntam insistentemente.
- O que você
está querendo saber, Gina? Se ele terminou o livro? Não, ele não finalizou
porque dependia de informações minhas, de um caso que eu estava trabalhando antes
de tudo isso acontecer.
- Sim, eu sei.
Li alguns capítulos e Rick me contou sobre o caso que o ajudava a criar a
história, por isso queria falar com você. Acha que conseguiria finalizar o
livro? - Kate arregalou os olhos surpresa, que tipo de pergunta é essa?
- Eu não sou
escritora, sou uma detetive ou era uma agente federal antes disso acontecer.
Nem trabalhando no caso estou mais.
- Kate eu sei
que você não é escritora mas é inteligente e uma fã do trabalho dele. Conhece o
seu estilo de contar uma história e mesmo não trabalhando mais no caso, tenho
certeza que saberia dar um desfecho apropriado para a história. Você não
precisa me responder agora. Quero que pense sobre isso, consideraria uma forma
de homenagea-lo.
- Por que isso
agora, Gina? Por dinheiro?
- Não! Por
ele, pelos fãs e inclusive por você. Sei que pode fazer isso afinal quem melhor
que a própria Nikki Heat para encerrar um caso? Sério, pense a respeito.
Preciso ir, me ligue quando tiver uma resposta.
Gina se
levantou e saiu deixando Kate com um semblante de interrogação diante de tudo
que acabará de ouvir. Uma ideia bem maluca essa que acabara de ouvir. Ela
terminando um livro de Castle? Impossível! Total loucura. Ela voltava ao quarto
quando seu celular tocou.
- Hey, Ryan!
- Oi, Beckett.
Tenho novidades. Meu conhecido retornou com algumas informações importantes e a
filmagem da área onde o acidente ocorreu. Conseguimos identificar uma possível
testemunha que pode ter presenciado todo o ocorrido.
- E onde ela
está? No distrito?
- Não, ela está
vindo para cá pela manhã. Imaginei que quisesse acompanhar a entrevista e
talvez fazer algumas perguntas. Já falei com Gates. Te espero amanhã às oito no
12th ok?
- Ótimo!
Estarei aí, obrigada Ryan. Significa muito.
- Pelos velhos
tempos, aliás antes de mais nada vocês são meus amigos. E Castle é um de nós de
certa forma. É pra isso que servem os amigos, certo?
- Certo. Te
vejo amanhã.
Com a
esperança renovada, Kate esqueceu por hora a conversa com Gina e foi para casa
se preparar para o dia seguinte.
12th Distrito
Às oito em
ponto, as portas do elevador no quarto andar se abriam e Kate andava pelo salão
da sua antiga casa. Por onde passava, recebia cumprimentos, aperto de mãos,
sorrisos até chegar a mesa dos rapazes. Deu uma rápida olhada a sua antiga mesa.
A cadeira de Castle ainda estava ali mas o resto estava bem mudado.
- Hey,
rapazes.
- Beckett,
bem-vinda de volta - disse Ryan. Esposito sorriu e a abraçou - olha, você já
está de barriguinha. Quanto tempo ?
- Ryan você é
tão menininha!
- Ah, não enche Espo. Quase cinco meses.
- Logo poderá
saber o sexo, o que prefere?
- Tanto faz,
desde que seja saudável e tenha os olhos de Castle.
- Tenho
certeza que ele prefere uma menina.
- Eu não sei,
ele já tem uma filha.
- Quando as
duas comadres acabarem de fofocar, podemos ir a sala de interrogatório? A
testemunha está esperando - disse Esposito o que fez Kate e Ryan trocarem um
olhar e revirar os olhos.
- E depois ele
não sabe porque continua solteiro, Beckett. Eles seguiram para a sala. Assim
que entraram, Beckett reparou que a moça estava apreensiva.
- Por que
estou aqui? Eu não fiz nada errado, pago meus impostos, meu nome é limpo e...
- Tudo bem,
miss Rodriguez na verdade queremos sua ajuda sobre algo que aconteceu a uns
meses atrás. Um acidente de carro envolvendo uma Ferrari vermelha e uma van,
você se lembra?
- Como poderia
esquecer? Não é todo dia que se vê uma Ferrari como aquela tão linda ser
destruída.
- Você poderia
descrever como tudo ocorreu? Nos dar detalhes, qualquer coisa é importante.
- Ok. Eu estava
terminando de falar ao telefone com uma amiga que deveria me encontrar na
Starbucks da esquina, ela ia sé atrasar. Tinha um latte na mão e decidi me
sentar numa das mesinhas externas para esperá-la. Foi quando reparei no carro,
fiquei admirando o brilho dele. O motorista era bonitão também, usava óculos
escuros e batucava ao volante esperando pelo sinal abrir. Ele me pareceu
familiar somente depois de ver a notícia no jornal foi que a ficha caiu. Escritor
famoso, sempre na listas dos solteirões disponíveis. A rua estava calma não
dava para imaginar que algo tão trágico estava prestes de acontecer. Foi muito
rápido. De repente, o sinal abriu e vi o cara mudar a marcha a fim de dirigir e
do nada uma van avança e acerta a Ferrari bem no meio do motorista jogando o
carro contra o meio-fio. Tive que me afastar ou seria atingida. Vi quando a van
cantou pneus e desapareceu com a frente toda amassada.
- Você pode
ver o motorista da van? Pode descreve-lo?
- Infelizmente
não. A única coisa que notei foi que usava óculos escuros e um boné dos
yankees. Mas e quanto a placa da van? Tenho certeza que podem encontrar o carro
não?
- Poderíamos
mas a placa era fria.
- Sinto muito.
O cara sangrava muito foi uma verdadeira loucura, nunca vi tanto sangue. Como
ele está, ele não morreu certo? Beckett não conseguiu responder mas Ryan
intercedeu.
- Ele está em
coma.
- Miss
Rodriguez você não lembra de mais nada? Tem certeza? - Beckett perguntou.
- Não,
desculpe - Beckett suspirou frustrada, era inútil mas então a moça arregalou os
olhos e tornou a falar - Mas espere, na verdade teve uma coisa que me intrigou.
A rua estava vazia apesar de ter
passagem livre e tenho quase certeza que vi a mesma van azul marinho
estacionada na rua. É como se ela estivesse esperando algo talvez por isso
avançara tão rapidamente no outro carro. Vocês tem um vídeo, câmera sei lá,
devem ter afinal vocês são da polícia não?
Ryan e
Esposito trocaram um olhar e balançaram a cabeça em concordância. Beckett
insistiu mais um pouco com a testemunha.
- Viu algo mais?
Alguém suspeito, estranho no local?
- Não, depois
que o acidente ocorreu eu apenas prestei atenção nos paramédicos, eles foram
muito rápidos.
- Sabe quem
ligou para a emergência ?
- Uma das
atendentes da Starbucks.
- Certo, acho
que é isso. Caso lembre de algo mais, não hesite em ligar para esse número - e
Beckett estendeu o seu cartão.
- Oh! Agente
federal? Isso é grande não?
- Para mim
sim, a vítima é meu marido.
- Oh, Deus! Eu
sinto muito mesmo. Espero que ele melhore logo - e foi quando ela percebeu a
barriga de Beckett e não pode evitar o olhar de tristeza. Beckett esperou ela
sair da sala e virou-se para os rapazes. Antes de falar porém, foi Esposito
quem se pronunciou.
- Olha Beckett
nós vamos checar a informação dela sobre a van na filmagem que recebemos mas
você não poderá vir conosco. Não está em condições de ver aquele acidente, é
forte demais até mesmo para mim e será para você também.
- Para com
isso, Esposito. Já vi muitos corpos de mortos em condições de fazer muito homem
vomitar, sou uma detetive de homicídios acima de tudo. Não me tratem como uma
amadora.
- Desculpe,
Beckett mas Javi tem razão. Você hoje não é uma policial, você é parte
interessada da investigação, a esposa da vítima e não poderemos abrir uma
exceção dessa vez, além do mais tem a gravidez, seria um impacto muito grande.
- Se não
concordar com nossos termos pode ir falar com Gates mas tenho certeza que ela
tomará a mesma decisão que nós.
- Isso não é
justo, vocês estão me tratando como uma estranha, uma amadora.
- É para seu
próprio bem, Beckett - disse Ryan - espere aqui.
Eles saíram da
sala deixando Beckett com muita raiva, esmurrou a mesa e bufou. Ela não ia
aceitar tão facilmente o que queriam. Se levantou e saiu da sala. Mal colocou
os pés no salão, Esposito a olhou com reprovação.
- Será que
posso ao menos ir a copa beber água? Obrigada! - ela saiu pisando forte
tentando mostrar que ainda tinha pose e domínio do território. Com um copo nas
mãos, Beckett observava através do vidro os movimentos dos rapazes em busca da
oportunidade perfeita para escapar de suas vistas e poder ir até a sala onde a
técnica de informática estava e ver a filmagem do acidente de Castle. Cerca de
quinze minutos se passaram e Beckett percebeu que os detetives estavam ocupados
ao telefone e de frente para o computador fazendo deste o momento ideal para
agir. Ela saiu sorrateiramente da copa e logo adentrava a sala desejada. A
técnica estava lá fazendo uma análise de imagens pertencentes a outra
investigação. Beckett agiu como uma velha amiga.
- Olá, tudo
bem?
- Detetive
Beckett que bom vê-la, visitando os antigos amigos?
- Isso também.
Mas na verdade, estamos trabalhando numa parceria do FBI com a NYPD e preciso
que você me ajude com algo. Preciso ver a filmagem das câmeras do acidente com
a Ferrari, o caso da escapada sem socorro a vítima. Pode me mostrar por favor?
Estou sem acesso a internet e ao sistema da delegacia.
- Claro!
Sente-se aqui ao meu lado. O vídeo tem cerca de 12 horas mas a parte que
interessa dura cerca de quinze minutos considerando o resgate. Vou adiantar
para o ponto ideal.
- Antes de
você apertar Play poderia me dizer se viu algo estranho nesse vídeo?
- Além da
testemunha identificada e da van de placa fria nada mais exceto pelo fato da
batida ser realmente chocante - a moça fez uma pausa para olhar para Beckett -
eu realmente sinto muito por tudo o que aconteceu, espero que ele se recupere
logo.
- Obrigada. Vá
em frente.
Quando a
técnica deu início a reprodução do vídeo, o corpo de Beckett se retesou.
O video
começava mostrando um movimento tranquilo na esquina coberta pelo raio da
câmera. O transito parecia fluir bem. O sinal estava fechado quando a Ferrari
de Castle parou na esquina. Ele estava tranquilo ao volante, usava oculos
escuros e batucava tal qual a testemunha informou. Beckett viu miss Rodriguez
parada proximo ao carro. Seus olhos procuravam agora pela van. Avistou-a parada
na rua perpendicular a que Castle estava. Beckett começava a procurar por algo
anormal ou estranho, foi surpreendida pelo choque da van com o carro de Castle.
Tomou um susto. Mais que isso, a imagem que se desenhou na sua frente fora
muito pior do que ela imaginara. Percebeu quando a van sumiu desembestada
deixando Castle preso às ferragens da carro em meio a um mundo de sangue.
Beckett
procurou respirar fundo porém a intensidade do que presenciara era maior do que
podia suportar. Sentiu o enjoo se manisfestar, ver Castle coberto de sangie
indefeso e sozinho mostrou a ela o quão grave foi o acidente dele. Os
paramédicos agiram rápido. Serraram as ferragens e tiveram o maximo de cuidado
ao retira-lo do carro. Ela deixou escapar uma lágrima limpando-a logo em
seguida para que não reparassem. As mãos tremiam. Tentando escapar da emoção,
ela procurou forçar seus olhos a analisar a cena, procurar se existia algo que
pudesse ajuda-la a desvendar de quem ou como chegar a tal van. Miss Rodriguez
estava na calçada, parecia muito nervosa e agoniada.
Então ela viu.
Quase ao lado da miss Rodriguez, Beckett percebeu um homem parado e atento a
tudo o que se passara. Não tinha percebido antes talvez por estar envolvida com
a cena do choque com Castle coberto em sangue. Aquele rosto lhe era familiar.
- Você pode
retroceder um pouco? Preciso checar uma coisa.
- Claro. Ao
voltar a filmagem, Beckett pode notar que eles estava ali a um bom tempo. A
forma como olhava a rua parecia estar esperando que algo acontecesse.
- Congele a
imagem – a tecnica obedeceu – agora você pode ampliar apenas o quadrante
superior esquerdo. Quero que você foque no homem de jaqueta de couro preta – a
tecnica fez o que ela pedira e deixou a imagem ampliada na tela. Sim, não
restava dúvidas, Beckett já vira esse rosto antes. Pegou o celular e discou um
numero. Alguém atendeu do outro lado.
- McQuinn, é a
Beckett.
- Olá, agente.
Como você está?
- Sem grandes
mudanças. Preciso que cheque algo para mim. A técnica do 12th distrito vai te
mandar uma imagem de um homem. Tenho certeza que ele é um dos Quinze e preciso
que você me confirme o nome dele e sua ligação com o caso da máfia. O rosto
dele me é familiar, quero me lembrar porque. Quando consegue me confirmar isso?
- Beckett
estou no meio de uma análise, vou precisar de pelo menos duas horas para
terminar o que estou fazendo e depois avaliar o que você me enviar. Gostaria
que você me desse pelo menos mais duas horas além das que já se passam
normalmente. Eu te ligo assim que tiver algo ok?
- Combinado.
- Beckett, o
que você está fazendo aqui? – era Ryan – disse que era para você ficar na copa
quieta. Ela fez sinal para ele indicando que estava ao telefone. Ao desligar, ela olhou para o detetive que já
percebera o que ela fizera e o efeito que isso causara nela.
- Eu não falei
para evitar isso? Por que você tem que ser tão teimosa? Está na sua cara que
isso não fez bem a você – ele virou-se para a técnica – desligue isso, ela não
deveria ver esse video!
- Não, Ryan.
Espere! Envie essa imagem para meu celular, tenho que mandar para o meu
contato.
- Beckett você
é parte interessada disso. Está envoivida, você não é a responsavel do caso e
nem a detetive. Vamos para outra sala antes que eu chame a Gates.
- Para, Ryan!
Você me conhece o suficiente para saber que nesse momento, apesar de tudo,
estou falando de algo sério, uma pista. Esse homem que aparece na filmagem, eu
ja o vi antes. Tenho certeza. Por isso preciso mandar para o meu contato no
FBI, ele vai identifica-lo e se realmente for alguém do grupo que estou
pensando, então o que aconteceu com Castle não foi um acidente. Foi planejado.
Ryan olhou
para o rosto dela, Beckett mantinha a pose mas seus olhos eram de súplica. Nesse
instante, Esposito se junta a eles.
- O que ela
está... – mas Ryan não deixou ele continuar.
- Ok, mande a
imagem para o contato dela. Beckett escreva o email dele. Vamos fazer um
contato formal – Beckett começou a escrever em um pedaço de papel o endereço
enquanto Ryan contava a situação a Esposito – a teimosa aqui escapou da copa
propositalmente porque não consegue ficar sem saber de tudo. Ela assistiu o
video do acidente. Não percebe? É só olhar para ela, está arrasada. Conhecemos
você muito bem para saber o que te afeta, Beckett.
- Pronto. Já
enviei.
- Ótimo –
disse Ryan – agora vem com a gente Beckett, tenho certeza que você precisa de
um café. Eles deixaram a sala e voltaram para a copa. Ryan serviu café para
eles e leite para ela sentaram-se para conversar.
- Como você
está? E não venha com o vulgo “estou bem” porque não adianta, não irá nos
convencer.
- Foi...foi
horrivel... Castle, ele... – Beckett colocou a mão no rosto para tentar
disfarçar e se controlar a fim de não ceder às emoções – e pode ser minha
culpa, tudo por minha culpa. Deus!
- Explique
melhor, por que seria sua culpa? – Esposito perguntou.
- Aquele cara
que observava durante o acidente, ele me é familiar, sei que já o vi. Só não me
recordo bem onde, acredito que seja da lista dos Quinze, o caso que estava
trabalhando antes de... McQuinn pode me ajudar.
- Nós sentimos
muito.
- Ele sofreu,
muito, eu sei – passou as mãos rapidamente pelos olhos livrando-se das teimosas
lágrimas e em seguida pelos cabelos como um disfarce mas os rapazes sabiam que
ela estava afetada com isso. Sentiu uma ânsia de enjoo a dominar e pediu
licença correndo para o banheiro. Dez minutos depois, ela reapareceu.
- Preciso ir
para casa. Não estou me sentindo bem. Vou ao hospital mais tarde.
- A gente te
leva.
- Não é
preciso. Ligo para vocês quando tiver noticias de McQuinn. Obrigada por tudo.
De cabeça
baixa, ela entrou no elevador.
Washington –
FBI HQ
McQuinn
acabara de sair de uma sala de reunião com os demais agentes de um outro caso
que estava trabalhando. Passou na copa e serviu-se de uma caneca de café e um
muffin. Já eram três da tarde e ele sequer almoçara. Não satisfeito pegou mais
um muffin mas estava desejando um bom hamburguer que infelizmente teria que
esperar até a noite. Precisava terminar um relatório até às cinco e ainda tinha
uma pesquisa para fazer. Ele não esquecera do pedido de Beckett mas quando
prometera retornar em duas horas não contava com essa reunião extraordinária.
Ao sentar em
sua mesa, viu que tinha vários emails não lidos mas concentrou-se no relatório.
Foi apenas por volta das seis da tarde que ele pode checar as mensagens. Não
havia um email de Beckett porém reconheceu o dominio da policia de New York. Ao
abrir o email, viu a recomendação da técnica no corpo do email. Sendo assim,
ele baixou o anexo. Quando a imagem se formou na tela, McQuinn arregalou os
olhos.
- Não
acredito! – ele pegou o telefone e discou – Catherine?
- Hey,
McQuinn. Tudo bem?
- Ótimo! Você
tem um tempinho para vir aqui? Preciso de sua ajuda numa coisa, um tanto quanto
delicada.
- Eu estou no
prédio, 3º andar. Vim entregar um relatório para a divisão de narcóticos. Já
subo ai. Me dê uns minutos, ok?
Dez minutos
depois, Catherine surge na mesa dele.
- Então, o que
está acontecendo? Descobriu algo mais do senador?
- Na verdade,
tem a ver com isso mas de outra maneira. Vamos para uma sala – ele pegou o
notebook e seguiu para a sala mais próxima, ligou seu computador ao projetor.
Antes de mostrar o que tinha, contou a ela – hoje mais cedo eu recebi um
telefonema da Beckett dizendo que precisava que eu visse uma foto de alguém e
tentasse identifica-lo. Ela disse ter quase certeza de que ele era um dos
quinze do caso da máfia chinesa. Estive enrolado em outras investigações e
somente agora pude olhar a foto que a técnica de New York me enviou. A imagem
foi tirada de uma câmera de segurança de rua. Para ser mais exato da cena do
acidente de Castle.
- E então? É
alguém que conhecemos?
- Veja você mesma.
E projetou a imagem na parede.
- Mas esse
é....
- O suposto
comparsa do senador, seu braço direito e assassino de Damien. Se Beckett o
reconheceu não foi por causa da lista dos Quinze, ela deve tê-lo visto em outra
ocasião. Isso não é o mais preocupante.
- Claro que
não, isso significa que o nosso suspeito numero 1 armou tudo para Castle ser
ferido, na verdade acredito que o objetivo era matar mas não obteve sucesso
total. Castle ainda vive, mesmo em coma.
- Se ele fez
isso foi com um único propósito. Afastar Beckett das investigações, isso foi a
mando do senador.
- É tentativa
de assassinato. Beckett vai querer caça-lo.
- E esse é o
problema. Se contarmos tudo o que já sabemos sobre o cara, ela vai sair numa
caçada sangrenta à procura dele. Vai colocar sua vida em risco.
- Eu não a
culparia. Seu marido está em coma a meses por causa dele. Ela sendo uma
policial, uma agente, você escolhe nada mais justo. O risco existe de qualquer
maneira mas pelo menos ela se afastou do caso, poderia ter sido pior.
Precisamos contar a ela.
- Concordo,
mas não tudo. O melhor a fazer para sua própria proteção é revelar apenas o
nome dele. Depois ela pode usar os recursos da policia de New York para
acha-lo. Em algum momento, ela ligará as histórias.
- E vai querer
te devorar vivo quando souber que você escondeu o resto da história dela.
- Ou não,
afinal ele não está na lista dos Quinze como ela supunha. E então, será uma
decisão conjunta. O que você acha? – ela suspirou.
- Tudo bem,
revele o nome e confirme que ele não é um dos Quinze. É uma forma de
protege-la. Quando ela descobrir, virá falar conosco. Responda o email dela.
- Acho melhor
ligar.
- Tem certeza?
Ela pode te encher de perguntas. E não pode revelar que ele é o assassino de
Damien.
- É você tem
razão. Mas se ela me ligar não tenho escapatória.
- É um risco
que terá que correr.
Ele abriu o
email e respondeu para a técnica de informática o que poderia liberar e enviou.
McQuinn ficou olhando para a tela com um olhar perdido, Catherine entendia o
que aquele olhar significava.
- Vamos, liga
pra ela. Sei que é isso que você quer fazer. Aliás, concordo que é o certo pois
ela ligou pedindo sua ajuda. Eu espero para te ajudar se precisar.
- Tudo bem,
obrigado.
Beckett estava
sentada ao lado da cama de Castle. Quando saiu do 12th, ela foi em casa e se
deitou por um bom tempo. As imagens do acidente não saiam da sua mente.
Adormeceu depois de chorar. Acordou duas horas depois e se arrumou para voltar
ao hospital. Sentiu o telefone vibrar. Ao olhar o visor, reconheceu o nome de
McQuinn.
- Oi, McQuinn.
Alguma novidade?
- Hey,
Beckett. Acabei de responder o email da NYPD. Identifiquei o cara. Chama-se
Andrew Chow Smith. Americano, filho de mãe chinesa que casou-se com um
americano. Tem alguns antecedentes e ao contrario do que você pensou, ele não
está na lista dos Quinze.
- Mas eu sei
que já vi aquele homem. Ele não trabalha para o senador? Eu o vi antes. Preciso
me lembrar onde. Os rapazes vão investiga-lo mas gostaria de pedir a você que
também fuçasse um pouco mais a vida dele. Tem algo muito estranho nisso tudo.
Você e Catherine ainda estão trabalhando no caso?
- Estamos mas
em paralelo com os demais. Estamos buscando alternativas para incriminar o
senador. Prometo que quando tivermos algo concreto informamos você. E se cuida,
você precisa estar bem para dar apoio a Castle, deixe que a gente lide com as
investigações.
- Obrigada,
McQuinn. Manda um beijo pra Catherine.
Ao desligar o
telefone, ele respirou aliviado. Pelo menos ela não insistira muito em saber
detalhes. Do outro lado da linha, Kate suspirou e fez uma nova ligação.
- Ryan.
- Hey, acabo
de sair do telefone com McQuinn. Ele me disse que enviou a resposta para a
técnica via email. Ryan eu preciso que vocês vasculhem a vida desse cara de
ponta cabeça, tudo o que ele fez ou deixou de fazer. Peçam ajuda a polícia de
Washington, ao FBI eu não sei o que vocês vão fazer apenas descubram o que esse
cara fazia ali.
- Nós iremos
fazer isso, Beckett. Assim que tivermos alguma notícia te informamos.
Kate desligou o celular. Por alguns minutos ela
fitou o nada. A mente maquinava como um equipamento cheio de engrenagens a mil.
Ela ainda não se conformava por não lembrar quando ou onde vira aquele homem.
Não desistiria. O fato dele ser descendente de chineses era algo que fazia as
suspeitas de Kate aumentar. As informações passadas por McQuinn serviram apenas
para confirmar o que ela já sabia. Isso fora um atentado contra a vida de
Castle e tinha um propósito: mandar um recado a ela. Kate não tinha dúvidas de
que o senador Denver estava por atrás disso. Só havia um problema, não sabia
como provar.
Continua....
3 comentários:
Uau! Que tensão entre Alexis e Kate. Tabefe merecido. Ai! tadinha da Beckett está sofrendo tanto.
mortaaa!!! tadinha da kate…quase fiquei sem ar tmb depois da briga com a Alexis! aii não demora pra postar o próximo pf kk
ARMARIA!!!!!!
GENTEEEEEE ELA METEU A MÃO NA ALEXIS,KAREN ME REPRESENTOU!!!!
Confesso que...teria feito algo pior colocaria ordem na casa e farie essa aprendiz de bitch a me respeita,pq fía né só ela que esta sofrendo a Kbex ta grávida tem que aguentar firme.Chorei com ela no cemiterio falando com a vó Joh,eu quis abraça-la e a teimosia dela as vezes me assusta pq assistir o video?pq acrescentar mais sofrimento? ñ ha necessidade disso!O.o
e tudo esta se encaixando esses filho duma égua aproveitem enquanto podem pq a tigresa vem com tudo!!!!
Aguardando o proximo cap.
Sorry a demora!
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