Nota da Autora: Então, gostaram da surpresa?! Peguei vocês direitinho no último capítulo, não? Sim, darei uma pausa no angst. Eu disse que essa semana não haveria capítulo, porém acabei escrevendo umas coisinhas. Novamente optei por mudar a ordem dos episódios e usei dois deles resumidamente. Por enquanto a maré é branda e não tem nada demais nesse capítulo, apenas cotidiano. No próximo prometo, escreverei NC. É só para não passar em branco. Enjoy!
Cap.23
Pela manhã,
Kate acordou espreguiçando-se sem abrir os olhos. As mãos tocavam o colchão à
procura dele. Sim, ela sabia exatamente onde estava. O lado frio e vazio da
cama a fez resmungar. Encontrou o travesseiro e puxou até a altura do seu
nariz. O cheiro dele estava lá. Inalou profundamente a mistura de suor e aroma
masculino abraçando-o contra o peito nu para finalmente abrir seus olhos.
A claridade do
quarto a pegou de surpresa. O sol forte indicava que não se tratava das
primeiras horas da manhã. Arrastando-se no colchão até a cabeceira, ela viu que
o relógio marcava quinze minutos para às nove. Dormira tanto assim? Agarrada ao
travesseiro, ela sorriu lembrando-se da noite maravilhosa que tiveram. Dana
tinha razão, uma vez que se admitia os sentimentos que rondavam a mente e o
coração, era possível sentir-se leve.
Admitir fazia
as palavras fluírem facilmente. Não era nenhum bicho de sete cabeças afirmar
que sentia saudades, gostava de toca-lo, beija-lo. Castle era um homem
especial. Tinha um jeito único de ser, metade moleque, metade galanteador, no
fundo um homem capaz de entender as nuances e paranoias de alguém complicada
como ela. Gostaria de ter sido acordada por ele, com beijos e carícias. Esfregando
os olhos, sentou-se na cama. Onde ele se metera?
Então,
lembrou-se que estava no loft de Castle em pleno domingo, nua em sua cama. A
família dele não poderia vê-la ali, não era correto. Decidiu que tomaria um
banho, vestiria suas roupas e sairia pela porta de fininho. Não havia
necessidade de expor a ela ou Alexis a esse momento estranho. Castle deveria
contar à mãe e filha de uma maneira mais apropriada. Afinal aparecer na casa de
um cara às altas horas da madrugada para transar com ele era um comportamento
horrível para uma mulher, especialmente para uma policial. Seus pensamentos
foram anulados pelo aroma delicioso do café.
- Hey...bom
dia, detetive – Castle estava ao pé da cama com um sorriso no rosto, segurando
duas canecas fumegantes de café. Usava o mesmo roupão de ontem. Sim, pensou
Kate, essa também era uma forma deliciosa de começar a manhã – trouxe sua dose
da manhã para acorda-la.
- Como sabia
que eu estava precisando dela? – sorriu de volta pegando a caneca com as duas
mãos ficando de joelhos na cama esquecendo-se completamente de que estava nua –
esse é o único motivo que o perdoo por não estar ao meu lado na cama quando eu
acordei – disse sorvendo o café com vontade.
- Ah, que bela
visão... – sentou-se ao lado dela beijando-lhe o estomago – dormiu bem?
- Muito bem –
Kate ajeitou-se na cama cobrindo parte do corpo com um lençol. Castle
beijava-lhe o pescoço.
- Vou pegar um
roupão para você. Termine seu café porque esse foi apenas o aperitivo da manhã.
Você tem que se alimentar direito. Não comeu grandes coisas nesses últimos
dias. Pensa que não vi? Tudo que seu estomago viu foram doses de cafeínas e donnuts.
Precisa de um café da manhã decente.
- Castle, eu
preciso de um banho e ir embora. Sua mãe e sua filha estão aqui. Não quero que
elas me vejam circulando de roupão pela sua cozinha.
- Por que não?
Minha mãe não está em casa tinha algum evento de teatro, reapresentação de
peças, drama. Alexis saiu cedo para uma caminhada no Central Park com Ashley,
se duvidar não virá almoçar em casa.
- Como você
sabe de tudo isso? Que horas acordou?
- No máximo
meia hora antes de você. Alexis deixou uma nota presa à geladeira. Sendo assim,
temos muito tempo sozinhos para fazer o que você quiser – ele inclinou-se para
beija-la. Os lábios roçavam de leve nos dela antes de iniciar um beijo bem
lento e carinhoso fazendo Kate gemer.
- Agora sim é
um bom dia – ela disse quebrando o beijo, levando seus lábios por uma trilha de
beijos até a nuca de Castle, as mãos já deslizavam pela abertura do roupão
sentindo a pele quente. Encontrando um dos mamilos, ela o apertou ouvindo os
gemidos prazerosos dele. Um rápido selinho e levantou-se da cama – eu vou tomar
um banho.
- Eu não
acredito que você fez isso! Como me atiça desse jeito e simplesmente me deixa
aqui, excitado e sozinho para tomar banho? – Kate já caminhava na direção do
banheiro completamente nua, virou-se para fita-lo com um sorriso maroto no
rosto.
- Eu preciso
de alguém para esfregar minhas costas, você consegue? – com o dedo indicador,
ela fazia sinal chamando-o para se juntar a ela no chuveiro. Castle levantou
rapidamente indo se juntar a Kate abraçando-a por trás e devorando seu pescoço
com milhares de beijos. Eles aproveitaram o tempo debaixo da ducha com água
morna para trocar carícias que evoluíram para trocas de prazeres e no outro
minuto já estavam fazendo amor contra a parede. Kate aproveitou para apalpa-lo
propriamente como não tinha conseguido ontem. Ao esfregar suas costas, ela se
demorou bastante na região do bumbum até o momento que Castle sentiu os dentes
mordendo-o.
- O que você
está fazendo?
- Explorando e
relembrando as coisas que havia deixado para trás.
- Você não tem
jeito mesmo! – ele a puxou contra si sorvendo os seios dela com os lábios
arrancando gritinhos e gemidos. Uma hora depois, eles conseguiram terminar o
banho. Castle deu o roupão para ela, mas Kate optou por vestir sua própria
roupa. Não estava pronta para ficar desfilando quase seminua na casa dele.
Enquanto se arrumava, ele fora para a cozinha preparar o café.
Quando Kate
chegou próximo ao balcão, viu panquecas, sour cream e mel. Ele estava no fogão
fazendo ovos e bacon. De repente, se deu conta de quanto estava com fome.
- Está
cheirando...
- Por que você
não vestiu o roupão que lhe dei?
- Não quero
correr o risco de ser pega com um roupão na sua cozinha pela sua filha. Não é
certo com Alexis.
- O que tem
demais? Você é a minha namorada e Alexis gosta de você. Não seria nada.
- Hum...
namorada? Gosto do som disso, mas não muda o fato que prefiro que comunique
antes a ela. Nem todo mundo gosta de surpresas, vou me sentir melhor assim.
Como sua namorada – ela deu bastante ênfase na palavra - posso ajudar a fazer
alguma coisa?
- Não, apenas
sente-se. Já estou terminando. A menos que queria outra caneca de café. Pode
fazer na máquina. Eu já lhe ensinei.
- Prefiro
esperar por você. Não sou tão boa nisso. Tem suco de laranja?
- Na geladeira
– ele despejou os ovos no prato, tirou os pães da torradeira e levou toda a
comida para a mesa. Kate tomava um copo de suco observando o jeito dele
dominando a cozinha. Gostava desse lado doméstico de Castle. Queria ter um
tempo a mais para simplesmente aproveitar a companhia dele – vem, Kate,
sente-se e fique à vontade – ele colocou a cafeteira para funcionar. Ela
serviu-se de ovos e bacon saboreando-os com gosto. Depois atacou as panquecas.
- Isso está
muito bom.
- Ou você está
com muita fome. Café da manhã é a minha especialidade. Falando nisso – ele
levantou-se para pegar a bebida – aqui está sua caneca – Castle enviou outro
pedaço de panqueca na boca observando-a comer com um sorriso no rosto. Aproveitando
o clima descontraído entre os dois, Kate puxou a conversa.
- Você não
falou muito ontem sobre a nossa noite. Sobre o que disse.
- O que quer
que eu fale? As visitas nas madrugadas são sempre interessantes, pelo menos
dessa vez foi positiva, valeu muito a pena.
- Castle não
estou pedindo para falar sobre nossa performance sexual. Estou falando da
conversa.
- Eu sei,
Kate. Estou feliz que tenha cedido aos seus sentimentos. Foi bem difícil ficar
longe de você todo esse tempo. Agora temos que recuperar o tempo perdido.
Adorei vê-la dizer que estava apaixonada, em especial o lance da mágica.
Confesse, você disse aquilo apenas para me agradar, não?
- Não! Eu
realmente estava sendo sincera. Quando você me beijou novamente naquele beco,
foi diferente. Tão bom quanto eu me lembrava, só que mais. Algo mudara ali, meu
coração sentiu, disparou. Parecia mágica. Tive que me segurar e me concentrar
para continuar o que fomos fazer ali. Quando o vi na ambulância ferido, pensei
em tantas coisas. Porém, foi depois que deixei o presídio que pude pensar sobre
tudo o que acontecera nessas 48 horas e decidi que não queria perder nem mais
um minuto.
- Foi tão ruim
assim com Lockwood?
- Ruim não é a
palavra correta. Percebi que se um dia eu descobrir tudo sobre o caso da minha
mãe, não será por causa dele – ela se ergueu da cadeira circulando a mesa para
ir ao encontro dele, envolvendo seus braços ao redor do pescoço de Castle,
roçou o nariz pela bochecha dele, beijou-lhe o queixo – vamos esquecer isso
agora. O que importa é que estamos aqui. O que você quer fazer no domingo? –
ele puxou-a para seu colo abraçando-a sorvendo carinhosamente seus lábios.
- Por mim,
voltávamos para cama...
- Deixa de ser
pervertido, Castle. Estou falando sério.
- Eu também –
ela beijou-o de novo – quer sair? Fazer um programinha a dois?
- Por que não?
É inicio de primavera. É uma boa estação em Nova York, não tão boa quanto o
outono, é verdade. Ainda assim ótima para passear. Alexis está certa em curtir
o Central Park.
- Tenho uma
ideia. Deixe-me checar a programação do Bryant park, talvez possamos almoçar e
ouvir uma boa orquestra. Parece bom? – perguntou acariciando o rosto dela com a
ponta dos dedos.
- Sim. Eu só
quero aproveitar ao máximo nosso tempo juntos, sem casos, sem confusões.
Sinceramente, um fim de semana nos Hamptons seria o ideal. Gostaria de voltar
até lá, retomar o que estávamos vivendo.
- Hum...
alguém está mesmo inspirada...
- Eu adorei
aquele lugar, Castle. Bom demais para passar um momento a dois. Por que? Você
não aprova a minha ideia?
- Claro que
sim. Faremos assim, se você me prometer que não estará de plantão no próximo
sábado, passaremos o final de semana nos Hamptons, que tal?
- Você sabe
que não posso prometer, os mortos não avisam quando vão aparecer. Mas se isso
acontecer – ela se levantou do colo dele, inclinando-se para sussurrar ao
ouvido - posso tentar trocar meu plantão com outro detetive – ela seguiu com os
pratos até a pia – por falar em primavera, você ainda vai para a Itália
trabalhar no lançamento do seu livro? É daqui a quatro semanas não?
- Andou
fuçando meu website novamente, Kate? Sim, vou passar uma semana em Roma. Você podia
vir comigo. Faço o lançamento, autografo os livros de Nikki, dou entrevistas e
curtimos as noites deliciosas regadas a bons vinhos, massas e fazendo amor nas
mais belas paisagens de Roma.
- Soa
tentador. Infelizmente, não tenho dias de folga. Os últimos gastei no início do
verão. E não acredito que Montgomery deixaria eu me ausentar uma semana. E já
imaginou os jornais estampando “Rick Castle e sua Nikki namoram na noite de
Roma”?, melhor não facilitar. Além disso, tem uma outra questão. Sobre nós –
Kate enxugou as mãos, apoiou-as no balcão e tocou em um assunto delicado –
Castle, eu quero te pedir uma coisa. Gostaria de manter nossa relação em
sigilo, uma espécie de segredo somente nosso pelo menos por um tempo. Igual
como fizemos da primeira vez.
- Kate, não
temos a mesma relação de antes. Não vou esperar que me chame para sair ou para
transar.
- Não, é claro
que não. Isso é um relacionamento. Eu somente queria curtir esses primeiros
momentos entre nós. Não quero que a minha vida pessoal seja motivo de fofoca
para o distrito e perca minha privacidade. E ainda tem a minha postura
profissional no distrito. Você acha que podemos fazer isso?
- Tudo bem.
Faremos isso por um tempo. Irei respeitar sua privacidade, afinal ela é só
minha – Kate revirou os olhos - Ótimo. Vou checar a programação do parque –
Castle seguiu para o escritório, Kate para o quarto. Pegou o casaco, o celular
e a bolsa. Ajeitou os cabelos e preparou-se para deixar o loft. Quando Castle a
viu pronta a sua frente, estranhou.
- Onde pensa
que você vai? Tem um compromisso comigo. Nosso almoço – ele enlaçou a cintura
prendendo-a contra seu corpo. Acariciando os cabelos dele com os dedos trocaram
mais outros beijinhos até o instante que o celular de Kate tocou – não atende,
vai ser trabalho, não atende... por favor – mas Kate já olhava o visor, sorriu.
- Não é do
distrito. É a Dana. Tenho que atender, Castle. Estou enrolando-a a dois dias,
antes de Raglan me ligar, eu ia me encontrar com ela. Deixou vários recados
preocupada comigo. Não vou demorar – colocando o dedo indicador pedindo
silêncio para Castle, respondeu – oi, Dana.
- Finalmente
resolveu falar comigo? Poxa, Kate. Fiquei muito preocupada com você. Esse cara,
ele investigou o caso da sua mãe. Então eu pergunto, como você está?
- Está tudo
bem. Prendemos o atirador, o perigo já passou.
- E você achou
alguma pista nova? Imagino que esse foi o motivo da morte dele, não?
- É, um pouco.
Descobri alguns novos pedaços da história. Infelizmente, não conseguiram me
ajudar muito. Talvez outro dia.
- Já que você
está me dizendo que está tudo bem, como fica aquele outro assunto? Você não
desistiu ou está me enrolando por causa do Bryan Adams, certo? Eu não vou desistir
do meu exercício e nem parar de te perturbar sobre o seu escritor. Vai almoçar
comigo essa semana?
- Dana, não
sei se vai dar. Esse caso deixou o capitão com raiva de mim e ele me deu uma
punição. Não sei como será a minha semana. Não posso garantir, mas posso passar
no seu consultório.
- Nada disso,
não quero uma conversa formal. Quero um almoço com a minha amiga. Que tal no
próximo final de semana? – ela se lembrou do convite de Castle, não trocaria a
ida para os Hamptons por Dana, mas não contaria isso a ela – tudo bem, sem
falta. Qualquer oportunidade eu te comunico na semana.
- Ok, se cuida
garota!
- O que a Dana
quer com você para inventar essas bobagens sobre o capitão? – ele caminhou até
ela acariciando-lhe o ombro.
- É uma longa
história. Outra hora eu conto – ela segurou as bordas do roupão dele, beijou-o
e sorrindo completou – vou para casa. Você se comporte.
- Mas não
íamos almoçar juntos?
- Nós vamos.
Eu vou para casa trocar de roupa e você me avisa aonde iremos. Saímos,
namoramos e quem sabe, mais tarde, jantamos no meu apartamento?
- Ótima ideia,
porém não precisava ir até sua casa. Saíamos daqui.
- Castle, eu
já disse. Vamos devagar com a sua filha. Pode ficar uma hora sem me ver, não? –
de mãos dadas, ele acompanhou-a até a porta, trocando um último beijo – te vejo
depois?
- Conte com
isso, Kate.
Mais tarde,
Castle passou para apanha-la em seu apartamento. Optaram por ir de metrô. Havia
uma apresentação das óperas de Vivaldi no parque seguido de um concerto de
jazz. Ele achou a ocasião perfeita para um belo almoço em companhia de Kate.
Eles comeram, beberam um vinho excelente e curtiram uma ótima apresentação
musical, agarradinhos como um casal de namorados deve agir. Kate sentia-se tão
leve, tão feliz. Voltara a ser adolescente, estar com Castle a lembrava do
frisson do primeiro beijo, não sabia explicar o que era esse sentimento
incrível que a dominava. Sabia que era resultado da paixão, de estar apaixonada
e novamente soube que era sua primeira vez e Castle era o responsável por isso.
Ele a
acompanhou até o seu apartamento. Namoraram mais um pouco até Alexis ligar.
Castle achou melhor ir para casa. Passar a noite no apartamento dela ficara
para outra hora. Kate também achou melhor assim.
A semana
começou bem tranquila. Um caso simples de homicídio sem grandes enigmas
resolvido em menos de 24 horas. Castle comunica a Kate que conversou com Alexis
e conforme previra, a garota mais que aprovava o relacionamento. Também contou
que estava tudo certo para irem aos Hamptons no próximo fim de semana. Dependia
apenas dela. Ao saber das noticias, Kate ficou tão animada que convidou-o para
jantar na noite seguinte no seu apartamento com direito a dormir com ela.
- Você vai
cozinhar para mim?
- Se não fosse
isso, por que o convidaria?
- Mal posso
esperar – trocaram um sorriso e Kate desapareceu pelo corredor rumo a sua mesa.
Castle seguiu para o elevador. Na manhã seguinte, Castle recebe a ligação de
que tinham um novo caso. Um milionário ganhador de 117 milhões na loteria tinha
sido assassinato. O seu cofre estava aberto e cem mil dólares que ele mantinha
lá, roubados. Fora encontrado pelo mordomo que garantiu a eles que a suposta
arma que aparecera na cena do crime não pertencia ao seu patrão. Além disso,
Beckett sabia que não era a arma do crime. Para facilitar um pouco o trabalho
da polícia, o mordomo revelou que o dinheiro tinha um truque de rastreamento, a
uma certa distância do apartamento ele explodiria sujando o ladrão com tinta
permanente. Também informou que seu patrão iria se encontrar com a ex-mulher e
a filha.
Ao se ver
diante daquele cenário, Castle perguntou aos colegas o que fariam se ganhassem
na loteria. Obviamente, Beckett não respondeu. Isso não passou despercebido
para o escritor. Aparentemente, todos estavam tendo que lidar com problemas de
dinheiro ultimamente. Sua mãe recebera um comunicado da herança de Chet seu
ex-noivo que falecera há pouco tempo. Martha herdara um milhão de dólares. Uma
surpresa para o próprio Castle que esperava que a mãe comprasse um lugar para
si.
Conversando
com a família, Beckett percebeu o quanto muito dinheiro pode afetar as
relações. Fora o que acontecera ali, tudo mudara para os Hixtons fazendo-os
perder amigos, brigarem e levando sua filha às drogas. Era como veneno. Então,
a esposa contou que ele passou a ajudar um sopão, que encontrara naquele lugar
uma forma de retribuir pelo que recebera. Era onde eles deveriam se encontrar
na noite anterior, porém ele ligou cancelando dizendo ter uma situação para
resolver.
A caminho do
sopão, Castle começou a teorizar sobre o caso.
- Todos os
meus anos como escritor de mistérios apontam para um único final. O mordomo o
matou – Beckett entortou a boca - Qual é? Quantos casos tivemos onde o mordomo
realmente pudesse ser um suspeito em potencial? Seria um crime se não fosse
ele.
- E ele
aparece na manhã seguinte e liga para a polícia?
- Muito
esperto, certo? Falando nisso, notei que na cena do crime você não mencionou o
que faria se ganhasse na loteria.
- Não falei.
- É
vergonhoso? Escandaloso? – a curiosidade de Castle atacando como sempre.
- Realmente
não pensei sobre isso, Castle.
- Então, não
vergonhoso ou escandaloso. Apenas secreto – Beckett não disse nada, mas para
Castle aquela conversa não estava terminada.
No sopão,
ouviram só elogios ao Sr. Hixton. Ele sempre ajudava as pessoas por ali. Na
tarde do assassinato, um cara que nunca aparecera antes no local, conversou com
a vítima por volta das seis da tarde quando saíram de lá e não retornaram.
Beckett conseguiu um retrato falado do suspeito. Os resultados da balística
confirmaram que a arma achada era de Hixton, com as digitais no tambor
sugerindo que ele mesmo a carregara. Quanto ao dinheiro, Esposito encontrou o
pacote e um zelador do prédio que tinha a cara toda pintada de azul.
O zelador
jurou que não roubara o dinheiro. Confirmou que viu Hixton entrar no prédio por
volta das onze, suado e alegou que seu carro fora levado. Quando viu o pacote,
ele tinha acabado de comprar um refrigerante na venda em frente ao prédio. A
história batera. Rastreando o carro, eles chegaram ao cara do retrato falado e
possivelmente o assassino. Ao interroga-lo, além de folgado, Beckett descobriu
que Hixton havia dado o carro ao cara. Um gap na linha do tempo entre o horário
que ele ligara para a mulher falando sobre a tal situação que precisariam
resolver juntos. O que ele fizera nesse período era o grande x da questão.
Checando os cartões de credito, nada fora usado. Beckett ordenou a Ryan que
fizesse mais um cheque na vida de Hixton. Castle não perdeu a oportunidade de
perguntar a ele o que faria se ganhasse na loteria. A resposta foi uma
vinícola. Depois perguntou ao capitão e recebeu a resposta imediatamente. Um
barco.
A lista de
compras de Hixton era louca e extensa. Trinta e dois cartões de creditos da
NFL, um cavalo, uma casa para quem lhe vendeu o bilhete premiado, um mausoléu
para seu vizinho morto e três acres da lua.
- Não brinca!
Dinheiro não muda as pessoas, apenas revela quem você é.
Ryan voltou da
revista do carro com uma câmera com varias fotos. Beckett mandou-o perguntar se
alguém era familiar para os que conheciam Hixton. Fazendo uma pausa, ela seguiu
para a minicopa em busca de café. Castle foi atrás dela ainda curioso por
descobrir o que ela faria se ganhasse na loteria.
- Você
largaria seu emprego? Se ganhasse na loteria, deixaria de ser policial?
- O que eu
faria? - ela perguntou curiosa.
- Supermodelo,
neurocirurgiã, gladiadora americana.
- Me pegou
nessa, Castle. Sempre quis deixar a polícia e me tornar uma gladiadora
americana – ela disse implicando com ele.
- Por que você
não quer me contar? Sou eu!
- Porque não
há o que contar.
- Sério, você
deve ter um sonho.
- Claro que
tenho. Resolver esse caso, ir para casa e tomar um longo e belo banho –
inclinando-se na direção dela, teve que perguntar.
- Esses planos
me incluem? Se a resposta for sim, eu paro de te questionar.
-
Infelizmente, parece que não é o que vai acontecer essa noite – ela retrucou –
encontrei algo estranho nas ligações de Hixton. A chamada da esposa veio da
Lexington – descobriu que a vítima pagou dois cheques de dez mil dólares para
uma indústria Meech, pertencente a um golpista velho conhecido de Beckett. Ao
entrevistá-lo, ela foi logo acusando-o de matar a vítima, sabia exatamente como
trabalhar com Meech. Então, ele revelou que Hixton foi lhe procurar porque
queria uma arma. Estava assustado que seu passado estava vindo lhe pegar.
Dois velhos
conhecidos de Hixton haviam sido liberados da prisão na Florida na semana
passada. Foram presos por roubar Hixton obrigando-o a delata-los, pois havia
crescido com eles e acabou testemunhando para coloca-los na cadeia. Ao serem
liberados pegaram um carro e seguiram para o norte, provavelmente para matar
Hixton ou rouba-lo novamente.
Castle estava
em casa revisando alguns livros enviados pela sua editora. Pelo jeito que o
caso andava, certamente o jantar na casa de Kate estava cancelado. Chegou a se
surpreender quando o telefone tocou. Mas ela estava chamando-o para
acompanha-lo em uma vigília. Um ótimo programa para a noite especialmente quando
sua companhia era Kate Beckett. Ao entrar no carro, ele já se inclinou para
beijar-lhe a bochecha.
- Nosso jantar
já era – disse ela – sinto muito.
- Ah, vigília
pode ser divertida – ela deixou uma das mãos repousando na coxa dele. Passou um
radio para os rapazes querendo saber se havia mudanças. Nada. Ficou calada por
algum tempo até retomar a conversa com Castle – você disse mais cedo que o
dinheiro não nos muda, apenas revela quem somos. O que o seu revelou em você?
- Minha
criança interior... no começo. Aquela que gosta de jatos particulares, tudo
cinco estrelas. Então eu percebi que o luxo que importava era a liberdade.
Liberdade para escrever, passar o tempo com Alexis. Ter aquele dinheiro só...
me permite viver a vida do meu jeito.
- Você cresceu.
- Não, não
chegou a esse ponto. Aquele terreno na lua? Comprei mês passado.
- Mesmo assim,
eu penso diferente. Amadureceu ou revelou uma parte sua que estava escondida. E
parece que você arrumou uma boa namorada – disse enroscando os dedos nos dele. Quando
o clima parecia propício para perguntar novamente sobre o sonho, alguém entrou
do local deixando a porta aberta. A chance perfeita deles descobrirem o que os
irmãos estavam fazendo. Ao subirem as escadas encontraram uma sala de gravação.
Os irmãos cantavam um rap animadamente. Após perceberem que não corriam perigo,
baixaram as armas e Castle cortou o som. Encontraram sessenta mil nas sacolas
do estúdio.
E a historia
tomou um novo rumo. Os irmãos estavam ali por pedido de Hixton que tinha
problemas com a filha. Ela voltara a usar drogas, mas o problema era o
traficante. Ela estava encantada com ele, o pai procurou o tal Oz e pediu para
ficar longe da filha. Eles dariam um jeito em Oz só que foram ameaçados. Daí
colocaram o cara no porta-malas do carro e vieram para Nova York, jogaram o
cara em algum lugar e fecharam-se no estúdio. Incrivelmente, a história checava
e Oz era a pessoa nas fotos. Uma explosão revelou que o carro dos irmãos foi
queimado.
Ao questionar
Nicole, ela confirmou a historia e confirmou que ele podia ser o assassino.
Puxando a ficha de Oz, os rapazes pesquisaram e confirmaram que a única forma
de pegá-lo era encontrando-o em boates como clientes. Sorrindo, Kate virou-se
para Castle.
- Nós vamos
precisar da sua Ferrari.
Saíram juntos
do distrito, passariam primeiro no apartamento de Beckett para que ela trocasse
de roupa, depois seguiriam para o loft para pegar a Ferrari. Castle estava um
pouco empolgado, poderia ser um momento bacana para os dois, mesmo disfarçados
nada os impedia de tratar aquela noite como um encontro, pelo menos na visão
dele. Ao chegarem no loft, Martha estava na sala e adorou o visual da detetive.
Como já sabia que estavam juntos, imaginou que tiraram a noite para se
divertir.
- Nossa! Olha só
você, está deslumbrante – disse Martha. Castle deixou-a conversando com sua mãe
enquanto se vestia – estão indo a um encontro?
- Não. Só
estamos fazendo um trabalho disfarçados. Como você está?
- Já estive
melhor.
- Castle me
contou que você decidiu devolver o dinheiro.
- Eu tentei,
mas os filhos de Chet não aceitaram. Disseram que o pai deles me amava queria
que eu ficasse com o dinheiro. Então estou tentando pensar no que fazer com
ele. Tudo o que me vem na cabeça me parece egoísta e insignificante.
- Não precisa
ser assim – disse Kate – sabe alguém um dia me disse que dinheiro não muda
você, apenas revela quem você é. Você se importava com Chet, talvez pudesse
fazer algo que honrasse sua memória de algum modo.
- Esse é um
belo pensamento – disse Martha que já reparara na presença do filho que ouvira
toda a conversa – obrigada de verdade.
- Tudo bem,
estou com as chaves.
- Ótimo. Eu
dirijo.
- Você dirige?
Beckett essa é uma Ferrari. Um veiculo de alta performance desenhado para
responder instantaneamente a todos os caprichos, seus movimentos, todos... –
revirando os olhos, ela puxou a chave de sua mão e tomou a frente preparando-se
para dirigir. E ela pisou fundo, adorando cada segundo da viagem. Ao estacionar
de primeira, suspirou.
- Wow! Belo
carro.
No clube, ela
seguiu direto para a pista de dança se misturando na multidão. Rebolava ao som
da música e não ia perder a oportunidade de dançar sensualmente na frente de
Castle. E nossa! Ela estava deliciosamente provocante naquele vestido com
aquele rebolado. Ela mantinha os olhos fixos aos dele enquanto dançava mexendo
o cabelo e roçando seu corpo no dele. Ao aproximar seus lábios do pescoço dele,
ela beijou a pele e deixou os dentes roçando ali até sussurrar ao pé do ouvido.
- Pegue
bebidas para nós e mantenha os olhos abertos. Tudo bem? – ela se afastou dele,
Castle ainda recuperava seu fôlego quando respondeu baixinho.
- Tudo bem –
mas antes de se afastar, ele a puxou contra seu corpo em um beijo intenso. À medida
que ela se afastava rebolando, ele não conseguia deixar de olhar para o bumbum
dela, quando Kate se virou porque sentia que ele a estava encarando, Castle
saiu do transe – bebidas, certo. Entendi – ele pegava as bebidas e Beckett
circulava pela boate procurando por Oz. Quando o avistou, ela usou seu charme
para pedir uma aproximação ao segurança. Não era difícil conseguir com toda
aquela beleza. Oz a liberou para ir até onde estava. Castle observava de longe,
lutando para chegar o mais próximo dela possível. Nunca se sabe do que esses
traficantes são capazes.
Inventando uma
conversa boba por acabar de ter chegado à cidade e estar a fim de se divertir,
Beckett ia fazendo Oz se revelar aos poucos. Flertando com ele, Beckett pediu
disfarçadamente por drogas. Vendo Castle se aproximar com as bebidas, ele
perguntou se era seu namorado. Ela concordou não muito interessada. Por esse
motivo, Oz cedeu. Sorrateiramente passou um envelope com a droga para Kate que
agarrou a mão dele e o derrubou sobre a mesa. Quando o segurança aproximou-se
para pega-la, ela chutou-o com vontade fazendo-o cair no chão. Esticou a mão
pedindo as algemas a Castle.
É, a noite de
diversão naquela boate estava encerrada, pensou Castle. Ele bem que gostaria de
curtir um pouco mais ao lado de Kate, mas isso tinha que esperar. Infelizmente,
a prisão de Oz não deu em muita coisa apenas levantou a antiga suspeita de
Castle sobre o mordomo. Um novo encontro após uma boa investigada no inglês
revelou que não matara o seu patrão e que na verdade, ele sabia que o bilhete
da loteria fora roubado por Hixton.
Remexendo tudo
o que sabiam, Castle suspeitou do vizinho. O único parente vivo era um sobrinho
que vivia em Nova York. Descobriram que Tom não era o herdeiro sozinho, o velho
tinha um filho adotivo e a data de nascimento dele batia com os três números
faltantes no bilhete. Era ninguém menos que Shaw, ele não queria apenas o carro,
queria toda a sua grana.
Caso fechado.
Noite badalada, mas Castle queria mesmo descansar. Quando se despediu de
Beckett ficou surpreso por ela parecer querer insistir em continuar a conversa
sobre seus sonhos.
- Você vai
desistir. Sem mais perguntas sobre os meus sonhos?
- Você disse
que não tinha nenhum – na verdade, ele sabia que sim, porém queria deixa-la
intrigada, um pouco de suspense era bom.
- Boa noite,
Castle – disse com um sorriso no rosto.
- Boa noite,
Beckett – ele se aproximou dela sussurrando – se quiser passar lá em casa,
fique à vontade. Não esqueci que me deve um jantar...
Castle chegou
em casa ainda pensativo sobre qual seria o sonho de Beckett. Pela conversa com
sua mãe, seria algo muito importante e significativo. Então, ele teve uma
visão. Precisava vê-la.
XXXXXX
Kate estava em
seu apartamento na companhia de uma taça de vinho tinto e um violão. Não podia
negar que adoraria estar na companhia de Castle, mas ainda não sentia-se
completamente segura rondando o loft com a mãe e a filha dele por lá. Se ele
não tivesse falado que estava cansado, ela teria o convidado para acompanha-la
até ali. Batidas na porta a fizeram largar o violão. Quem poderia ser aquela
hora? Mal abriu a porta, Castle já foi dizendo.
- Eu sei o que
faria se ganhasse na loteria – entrou sem cerimônia no apartamento.
- Qual é sua
revelação sobre a decisão financeira que jamais terei que fazer?
- Você usaria
o dinheiro para honrar o legado de sua mãe. No caminho até aqui eu liguei para
o reitor da antiga faculdade dela. Falamos sobre uma bolsa de estudos em nome
de Johanna Beckett. Uma que daria todo o suporte ao aluno que planeja dedicar
sua carreira a ajudar aqueles que não tem voz no sistema jurídico. O tipo de
pessoas que sua mãe ajudava – Kate ouvia cada palavra dele, engolia com
dificuldade tentando assimilar o que sentia naquele momento. Ele realmente
estava sugerindo isso? – e com sua benção, eu gostaria de realizar uma
arrecadação de fundos.
- Você não
consegue se afastar da minha vida, não é? – ela sorriu – obrigada – se
aproximou dele acariciando seus lábios – é muito fofo – ela beijou-o vendo o
sorriso de garoto iluminar-se após o beijo – teremos que convidar o prefeito e
também tem um cara que é muito rico, ele pode nos ajudar a... – Kate colocou o
indicador nos lábios dele fazendo-o calar-se por uns segundos.
- Castle, por
que você está fazendo tudo isso? Eu não sei o que dizer, você não tem
obrigação. Eu estou adorando e muito honrada, mas você me disse que estava
cansado. Precisamos fazer isso agora?
- Por pensar
em fazer algo para sua mãe, para você, me deu mais energia, fiquei realmente
animado em poder realizar esse sonho para você, Kate.
- E eu adoro
isso. De verdade. Só que... pensei que quisesse... – Castle segurou em sua
cintura beijando-a mais uma vez. Kate engajou no momento já sentindo o corpo
reagir ao toque dele - acho que essa energia seria bem melhor utilizada se fossemos
para o quarto – ela começava a beijar-lhe o pescoço, as mãos deslizavam pelo
peito – você consegue guardar um pouco dela para mais tarde?
- Claro que
sim. Temos trabalho a fazer. Organizamos isso e depois podemos namorar.
Primeiro a obrigação, detetive... foi o que você fez comigo naquela boate, não?
Aprendo rápido, Kate – rindo ela beliscou o estomago dele.
- É,
impressionante. Provando do meu próprio veneno. Tudo bem, o que precisamos
fazer? – eles ficaram uma hora ainda decidindo as coisas. Quando terminaram,
ambos estavam cansados. Kate o arrastou para cama e acabaram dormindo um nos
braços do outro. Antes de saírem para o distrito, ela prometeu que iriam ter
seu jantar naquela noite. Castle deu um beijo de despedida nela dizendo que a
encontraria no distrito. Estava em casa quando ela o telefonou informando para
encontra-la no endereço de uma cena de crime, um estúdio de TV onde se filmava “Temptation
Lane”, uma novela famosa que até sua mãe atuara.
A vítima era
Sara Cutler, a escritora responsável por alavancar a trama. Morta com um
machado nas costas, provavelmente por alguém de seu próprio convívio, qualquer
pessoa naquele estúdio era um possível suspeito. A morte foi simbólica, pois o
primeiro roteiro que escreveu ela matou uma personagem com o machado, o que
salvou a novela reafirmando a audiência e salvando o programa, mas irritando
fãs. De repente, eles se viram no mundo do drama das telenovelas. Beckett
descobriu mais um dos muitos conhecimentos de Castle, ele acompanhava detalhes
desse universo, estava prestes a saber que Beckett também estava familiarizada
com o ambiente.
O marido de Sara
era diretor ali, contou que se falaram no dia anterior logo após o encerramento
do dia. Estava acostumado a não ter a mulher em casa devido ao trabalho. Todos
adoravam a Sara ali dentro, não podia pensar em ninguém que quisesse mata-la. Quando
questionado sobre alguém de fora, ele se recordou de alguém.
- A admiradora
Fox Can. Uma semana atrás Sara teve que tirar uma fã obcecada do estúdio. Ela
escreve um blog extraoficial sobre a série. É uma shipper que atende pelo nome
Admiradora de FoxCan.
- Uma shipper?
– perguntou Castle um pouco perdido.
- É uma pessoa
que torce pelos relacionamentos do programa. Nesse caso seria Joseph Fox e Angela
Cannon, por isso FoxCan.
- Ah! – ele não
falou mais nada além disso. Estava intrigado com o conhecimento de Beckett
sobre esse pequeno universo de telenovelas, shippers e afins. Esperaria por um
momento a sós para questiona-la. Quando aconteceu, ele aproveitou.
- Então,
FoxCan. Joseph Fox e Angela Cannon. Como sabia o nome deles?
- Um dos
policiais me informou.
- Ah –
obviamente não acreditando – e os fãs de relacionamentos, shippers?
- Castle, eu
leio, sabia?
- Legal – mas
não iria encerrar o assunto ali.
Embora a tal
fã shipper parecesse a suspeita perfeita, não tinha matado Sarah. Era apenas
uma fã apaixonada por um casal e descontente com o rumo que a história estava
tomando nas mãos daquela escritora. Nós vemos isso em vários momentos com
muitos fãs de séries e novelas. Tudo bem, ela parecia obcecada demais na visão
de Beckett e a detetive estava inclinada em cavar um pouco mais fundo. Durante
uma pausa para o café, ela reafirma isso revelando um pouco mais do que
gostaria.
- Não vejo
aquela garota balançando um machado, muito menos saindo de casa.
- Qual o
problema fã homicida não é fantasioso o bastante? – brincou Beckett.
- Quando você
diz fantasioso, fantasio coisas.
- Castle,
concentre-se. Estamos trabalhando.
- Eu estou...
– claramente formando uma imagem em sua mente.
- Na nossa
suspeita. Viu como ela é obsessiva? Ela investe nessas relações fictícias, se
preocupa se Angela voltará para Alfonso, se Marguerite irá sobreviver ao
câncer...
- Meu Deus! –
ele estava surpreso.
- O que?
- Você assiste
Temptation Lane!
- O que? Não –
ela disse já se preparando para sair de fininho. Castle a interceptou na porta
da minicopa.
- Ninguém
disse nada sobre o câncer de Marguerite. Você sabe muito sobre shippers, sabe
sobre FoxCan, você é uma grande fã de Temptation Lane.
- Certo,
talvez tenha assistido uma ou duas vezes – admitiu para ver se ele a deixava em
paz.
- Isso é tão
deliciosamente “não você”.
- Assim diz o
cara que recitou o enredo de General Hospital – retrucou.
- É totalmente
diferente. Foi pesquisa e meio que algo esperado da minha pessoa.
A discussão
estava a ponto de ficar acalorada quando Esposito os interrompeu para confirmar
o álibi da blogueira. A investigação continuou e peça por peça, ela e Castle
foram eliminando potenciais suspeitos entre verdades omitidas, mentiras
escondidas, eles foram descobrindo a realidade deturpada do ambiente do
showbiz. Possíveis mortes de personagens, aspiradores a escritores, mães falsas
e caçadoras de dinheiro, possíveis chantagens, tudo aparecera nesse caso.
Era tarde da
noite, Castle e Beckett ainda trabalhavam. Voltaram ao estúdio para verificar
se a história de Lance tinha fundamento. Se encontrassem o contrato assinado
permitindo a saída dele para fazer um filme, era mais um suspeito fora da
lista.
- Certo,
encontrei o acordo que Sarah assinou para liberar Lance para o filme.
- Ele não
mentiu.
- Quando Lance
veio aqui, Sarah lhe disse que alguém não era quem ela pensava que fosse. O que
você acha que era isso?
- A mulher que
faz minha mãe parecer uma santa?
- Mas Sarah já
havia cortado Gloria da sua vida, talvez fosse o marido traidor.
- Exceto que
Lance se encontrou com Sarah depois de Mandy Bronson. No momento que Mandy
apareceu, Sarah já havia decidido o que fazer com o casamento – disse Castle.
- Mesmo que
Sarah tivesse decidido voltar com o marido, não significa que não tivesse
duvidas – reafirmou Beckett.
- Não. Não.
Tem razão. Exceto que ele tem um álibi. Todos tem álibis.
- Alguém não
tem e nós vamos encontra-lo.
- Talvez
devêssemos dormir – o olhar provocante de Beckett, o deixou feliz e intrigado –
separadamente. Katherine Beckett, nunca pensei... – ele deixou o estúdio e Kate
tinha um risinho bobo no rosto.
Bastaram dez
minutos em casa para Castle perceber quem era o assassino. Ao invés de
simplesmente pegar o telefone e contar sua descoberta a Beckett, ele resolveu
criar um espetáculo originalmente seu. Conversou com o pessoal da direção de
Temptation Lane, vendeu sua ideia e conseguiu o apoio deles para encenar uma
armadilha para desmascarar o verdadeiro culpado no melhor estilo de telenovela.
Assim que tinha tudo arquitetado, pediu à detetive para encontra-lo no estúdio.
Certamente, Castle não negava ser filho de uma diva. A preparação e a cena
escrita por ele mesmo, levou-os direto ao culpado. Ou melhor, culpada. A
assistente pessoal. O motivo? Reese usara um script de outra pessoa como seu.
Plagio para obter sucesso, porém Sarah descobriu e a questionou. Iria ser
demitida.
De volta ao
distrito, após resolver todos os pormenores da prisão, restava a Beckett o
relatório do caso. Castle tinha uma pequena surpresa para a detetive. Como quem
não quer nada, se aproximou da mesa dela com um envelope pardo em mãos, puxando
conversa, ele atraiu a atenção dela para longe da papelada.
- Então,
parece que o nosso jantar em seu apartamento está virando lenda. Quantas vezes
já combinamos?
- Não existe
lenda ou explicação mitológica para isso, Castle. Apenas trabalho.
- Falando em
trabalho, tenho uma noticia desagradável para você. Nosso fim de semana nos
Hamptons terá que ser adiado por uma semana. Gina não para de me chatear com os
prazos estourados do meu livro.
- Eu pensei
que estava tudo bem. Faltava tão pouco para terminar da ultima vez que me
comentou sobre ele, cinco capítulos, não? O que houve?
- Casos,
decepções, muito perigo e arranjei uma namorada... – ela sorriu.
- Nem pense em
me culpar por isso!
- Não estou te
culpando, Kate. Mas estou devendo, portanto preciso desse final de semana para
escrever. Quero tirar Gina do meu pé. Se finalizar até quarta, prometo que
serei todo seu nos Hamptons.
- Melhor não
aparecer por aqui amanhã, Castle. Se aparecer, eu mesma te expulso porque não
vou admitir perder outro período nos Hamptons por causa da Gina.
- Entendi o
recado – ele começou a balançar o envelope nas mãos até que Beckett se
pronunciasse.
- O que foi? –
ela perguntou.
- Tenho um
presente – disse entregando o envelope nas mãos dela. Kate abriu curiosa e se
deparou com uma surpresa.
- Foto
autografada do elenco de “Temptation Lane” – o sorriso maravilhoso apareceu no
rosto – como você conseguiu isso?
- Conheço
pessoas que conhecem pessoas – ele disse se gabando. Pelo olhar trocado, ela
sabia que teria que contar a verdade para saciar a curiosidade do escritor.
- Certo – ela
riu – eu tinha nove anos, tiraram minhas amídalas e eu estava triste. Então,
minha mãe deu um tempo no trabalho e ficou comigo. Nos aninhamos em frente a
TV, no sofá e assistimos os episódios de “Temptation Lane”. Então todas as
vezes que vejo agora, me faz me sentir em casa... – o olhar dela era saudosista
e feliz - e segura. É isso. Julgue.
- Meu DVR
faria o seu parecer “Masterpiece Theater”. Mas estou feliz em saber isso sobre
você – ele esticou a mão para toca-la. Sorriu – bem, o dever me chama – o
celular de Beckett começou a tocar, ele viu que era Dana – vou deixa-la
atender. Nos falamos mais tarde?
- Sim, com
certeza – Beckett pegou o celular, se Castle tinha que escrever, essa seria uma
ótima hora para conversar com sua amiga sobre os últimos acontecimentos – oi,
Dana! Estava pronta para ligar para você.
- Mentirosa!
Você está me evitando.
- Deixa de
besteira. Que tal almoçarmos juntas amanhã e acabar logo com essa tarefa
ridícula?
- Estou
dentro. Onde?
- Remy’s. Uma
da tarde. Vejo você amanhã.
- Não vai
liberar nem uma dica da nossa conversa?
- Não, nada de
spoilers. Até amanhã, Dana – desligou o telefone rindo. A amiga nem imaginava o
que iria escutar no almoço.
Continua........