Nota da Autora: Enfim, voltei a escrever a fic. Esse capitulo é tenso já que se trata do Knockout. Peço desculpas pois temos mais coisas do episódio que história propriamente dita. Mas, já vou avisando vai continuar tenso por uns dois capítulos. Angst sim, só que não irei torturar vocês no tbc de Rise. Divirtam-se!
PS.: Quero avisar que iremos mudar de terapeuta, diferentemente da série, não veremos o Dr.Burke.
Cap.40
Kate estava se sentindo bem melhor,
certa ou não, a teoria de Dana parecia realmente ter fundamento.
Na última
semana, Kate intercalou as noites entre seu apartamento e o loft. Não houve
sinais de pesadelos. Estava mais confiante com a recuperação e isso trazia um
novo quadro para sua mente. Seu relacionamento com Castle.
Ela pensou em escrever sobre o assunto
no caderninho vermelho, mas o que exatamente?
Quando se tratava de sentimentos, de
descrever sua relação com Castle, ela sentia-se muito confusa. Gostava dele, de
verdade. Ele a fazia rir, tirava parte do peso de ser uma policial quando
estava a seu lado. Castle fazia questão de agrada-la, compreende-la e Kate
sabia o quanto era difícil entender seu modo de pensar. Mais que isso, ele lhe
dava a chance de ser ela mesma. E ela? O que oferecia num relacionamento como
esse? Até onde se recordava, apenas sua companhia e a chance de correr riscos,
ameaças e acabar com um tiro no coração. O que ele ganhava estando com ela? A princípio,
era bonitinho. Vê-lo agir como escritor, cheio de curiosidades e ideias
malucas, transforma-la em sua musa, escrever aventuras sobre sua Nikki.
Não que ela estivesse reclamando disso,
pelo contrário, ela sentia-se lisonjeada por toda importância e atenção. Então,
de repente, lá estavam eles enfrentando bombas e ordens de restrição. Não era
justo com ele.
Os pensamentos preencheram as folhas do
caderno. Incomodaram Kate. Para ela, estava atrasando a vida de Castle. Ele
merecia bem mais que uma detetive complicada e cheia de traumas. O problema era
que na visão dele, a relação que tinham era excelente. Já deixara claro que não
queria se separar dela, estava disposto a insistir. Claro que havia momentos de
perfeita alegria e êxtase. E Kate não podia abrir a boca para reclamar de falta
de carinho, nem muito menos do sexo. Fazer amor com Castle era uma das coisas
mais significativas de sua vida nos últimos tempos. Eles simplesmente se
completavam. Era estranhamente incrível o fato de que ela não conseguia
explicar porque esse momento entre os dois era tão intenso e diferente de tudo
o que já experimentara até ali.
Fechou o caderno colocando-o na gaveta
ao vê-lo surgir no salão com dois copos de café nas mãos. Era o momento deles.
Aquele breve instante da manhã em que podiam desfrutar de suas bebidas
favoritas em boa companhia. O sorriso em seu rosto era imediato. Era impossível
olhar para aqueles olhos azuis e não ter vontade de abrir um sorriso.
- Bom dia, detetive. Café? – ele
estendeu o copo para ela – dormiu bem? – perguntou sentando-se em sua cadeira
cativa.
- Isso é uma pergunta retorica,
escritor? Ou você somente quer a chance de inflar um pouco mais seu ego enorme?
– vendo-o franzir a testa, ela mordiscou os lábios – você sabe a resposta –
disse virando o copo em seus lábios.
- É sempre bom checar se você está
satisfeita com os serviços prestados – ela balançou a cabeça. Rick Castle,
senhoras e senhores, ela pensou – então, temos algum presunto?
- Castle! Não fale assim. Respeito, por
favor! E respondendo sua pergunta, não. Temos longos relatórios para a 1PP se
tiver interessado.
- Não! Prefiro morrer de tédio. Ah,
droga! Agora vou ter que ligar para Gina e confirmar a reunião de hoje a tarde.
Provavelmente quer falar sobre a publicidade de Heat Rises.
- Falando em Heat Rises, esse livro sai
ou não sai? Está quase virando lenda. Quando terei minha cópia? Você está me
enrolando, Castle. Tem algo nessa história que você não quer que eu saiba?
- Claro que não. É o tempo da editora.
Pode perguntar para a Gina se quiser.
- Vou fazer isso – os olhos se
arregalaram imediatamente, ela percebeu a agonia dele – hum, algo que gostaria
de compartilhar, Castle?
- Não, estou sendo sincero sobre o livro. Você realmente
ligaria para Gina?
- Claro. Afinal, acredito que temos alguns
pontos em comum além dos seus livros. É sempre bom checar referências – vendo a
cara de pânico dele, ela gargalhou – relaxa, Rick. Não necessito de pesquisa de
opinião, sei muito bem julgar sua performance pelas minhas próprias
experiências.
- E qual seria a nota que você me daria?
- Sério que você está me perguntando isso?
- Foi você que começou falando de referência e
pesquisa de opinião.
- Minha culpa, certo. Você não consegue tirar
suas conclusões a partir dos orgasmos da última noite, por exemplo? – um
sorriso maroto apareceu no rosto dele – se quer uma nota, será B+.
- B+? Achei que estava no A+ pelo seu
comentário.
- Uma cópia do draft do seu livro podia vir a
calhar nessa avaliação... só estou dizendo...
- Vou ver o que posso fazer. Não prometo nada –
ele se levantou da cadeira já para ir embora. Quando viu Beckett fazendo o
mesmo, vestindo seu casaco, ele estranhou – você não disse que estava cheia de
relatórios para fazer?
- Sim, dividi com os meninos. E pretendo voltar
para termina-los, mas agora tenho meu compromisso semanal.
- Você vai visitar Lockwood na prisão de novo?
Você ainda não se convenceu que isso é inútil? Ele nunca vai lhe dar qualquer
pista sobre o seu verdadeiro inimigo, Beckett. Por que continua indo até lá
toda a semana? É perda de tempo.
- Eu fiz uma promessa a mim mesma, a minha mãe,
Castle. Eu cumpro minhas promessas. Mesmo não obtendo nada dele, o fato de
estar lá mostra que não estou disposta a desistir. Sou paciente. Em algum
momento ele vai ceder ou talvez algo aconteça e me ajude a conseguir uma pista.
Vejo você a noite.
- Não adianta. Qualquer coisa que eu diga não
vai fazer você mudar de opinião. Faça o que achar melhor. Até a noite.
Sim, parecia perda de tempo. Toda semana,
Beckett tirava uma manhã para visitar um de seus maiores inimigos na prisão.
Passava exatamente uma hora apenas fitando-o sem dizer qualquer palavra. Não
conversavam. Ele agia como se ela não estivesse ali. Beckett não se importava.
Sempre que ia embora, ela dizia até a próxima semana, fazendo questão de
lembra-lo que voltaria.
Durante aquela uma hora, ela sempre pensava nas
peças faltantes do caso de assassinato da mãe. Se perguntava se chegaria o dia
em que finalmente faria a tão desejada justiça. Era difícil dizer. Ela queria
vingar a mãe. Colocar os culpados atrás das grades, porém por várias vezes ela
perdera a esperança em realizar esse feito. Como policial, isso era para ela
inadmissível. Afinal, fora por isso que entrara na academia de polícia, lutaria
até o fim. Como pessoa e vítima, ela apenas queria evitar a frustração de não
conseguir cumprir a promessa feita no leito de morte da mãe.
Mais tarde no loft, Castle perguntou a ela
durante o jantar como fora a visita. Ela respondeu aquilo que já era quase que
uma resposta automática. Do mesmo jeito. Ele apenas deu de ombros, procurando
não insistir no assunto ou expressar sua opinião. Ao ser questionado por Kate
quanto ao livro, ele revelou que o mesmo ainda não fora para a impressão, o
pessoal da editora estava lidando com registros e capas. Trabalho chato. Ele
não queria falar ainda sobre o assunto principal da reunião que tivera com
Gina, preferia esperar a confirmação do possível novo negócio que faria com a
editora para comunicar a ela. Kate resolveu não implicar com ele sobre isso.
No início da semana seguinte, Castle finalmente
recebe a confirmação de sua nova empreitada de escritor. Ele mal cabia em si de
felicidade. Queria contar logo para Beckett. Chegou no distrito eufórico
procurando por ela.
- Eu queria uma mão – mas os rapazes nem se
mexeram – vocês irão se arrepender quando não receberem uma cópia autografada
da minha história em quadrinhos.
- Você escreveu uma história em quadrinhos?
- Tecnicamente. Foi inspirada em um dos
melhores personagens já criados. Há um novo xerife nas prateleiras e seu nome é
Derrick Storm. A arte de capa de Deadly Storm.
- É bem legal.
- É épico isso sim, cadê a Beckett? Quero
mostrar isso para ela – disse ele aos rapazes.
- Hoje é o dia que ela faz a visita na prisão,
você sabe... – Castle entortou a boca diante do comentário de Ryan. De repente,
a alegria desapareceu. Ele não gostava quando ela ia aquele lugar. Sempre
voltava carregada, triste e porque não dizer frustrada. Não era algo bom estar
num ambiente daquele com um bandido como Lockwood. Ele sentou-se para
espera-la.
Toda semana era quase o mesmo ritual. Beckett
ia até a prisão, pedia para ver Lockwood. Antes de encara-lo, ela respirava
fundo, pensava na mãe e nas batalhas que travara até ali e observava seu
solitário, o anel era o símbolo de lembrança que guardava da mãe. Um sinal de
que a sua luta ainda não acabara.
Nesse dia porem, Beckett se deparou com algo
diferente. Lockwood não estava mais na solitária e sim se juntara a população
normal da cadeia. Isso era um desastre. Ela imediatamente ordenou que os
responsáveis da prisão o colocassem de volta a sua cela particular porque seu
inimigo Gary McCallister estava na prisão geral e certamente iria mata-lo. Ela
mesma se juntou ao esquadrão da prisão. Infelizmente, era tarde demais. Quando
chegaram a cela de McCallister, ele já estava morto, mas Beckett o pegou em
flagrante. Enfim, fora um bom dia na opinião dela. Claro que ela não podia
imaginar o pesadelo que isso representaria mais tarde.
De volta ao distrito, ela conta a Castle o que
acontecera. Ela tinha certeza que não tinha sido um acidente.
- Lamento.
- Pelo que?
- Lockwood matou Raglan, esfaqueou McCallister
ambos ex-policiais ligados ao assassinato de sua mãe. Está eliminando as vias
de investigação.
- Castle, ele não as está eliminando. Está me
dando novas. Tenho ido aquela prisão toda semana pelos últimos quatro meses
encarando o diabo e o diabo acabou de piscar. É isso que estava esperando. Descobrir algo sobre o empregador de Lockwood.
Tenho certeza que essa transferência não foi por acaso.
E ela tinha razão. Ryan e Esposito descobriram
que a autorização para tirá-lo da solitária foi falsificada, o que significava
que alguém de dentro da prisão recebera dinheiro para fazer isso. Era um grande
risco. Beckett ordenou que os rapazes investigassem a vida financeira de cada
integrante da prisão. Um deles aceitou a chantagem por dinheiro. Enquanto isso,
ela e Castle iriam para o julgamento de Lockwood para tentar descobrir mais
sobre o homem poderoso por trás do assassino de elite.
Castle começava a se preocupar com todo esse
problema. Ele sabia muito bem que Beckett era um alvo para essas pessoas. A
teimosia dela era um dos pontos mais complicados para lidar diante dessa
situação. Por agora, ele decidira não questionar nada.
Ao chegarem ao tribunal, Beckett observou bem
quem estava na corte. Ela procurava por um sinal, algum movimento estranho que
pudesse confirmar suas suspeitas. A primeira vista, não percebera nada. Porém,
logo em seguida algo parecia bem estranho para as atividades naquele tribunal. Três
policiais sentaram-se na plateia para assistir o julgamento. Ela começava a
ficar mais ansiosa e alerta. Castle percebeu.
- O que foi?
- Eu não sei – ela observou os policiais
novamente, viu que eles usavam abotoaduras de cromo, as da NYPD eram pratas. No
instante que percebeu isso, Lockwood deu a ordem para os comparsas. Eles
jogaram bombas de efeito moral para atingi-la. No reflexo, ela gritou – Castle,
abaixe-se! – ela jogou seu corpo sobre o dele para protege-lo. Tudo aconteceu
muito rápido. Ela quis certificar-se de que Castle estava bem. Após a
confirmação dele, ela saiu em disparada atrás de Lockwood. Viu as correntes que
usava no corredor do tribunal. Tentando ser o mais rápido que podia, ela corria
de arma em punho. Desceu as escadas, infelizmente chegou tarde, eles decolaram
em um helicóptero. Ela ainda atirou várias vezes, mas sem chance de atingi-los.
De volta ao distrito, uma busca frenética
começou. Todo e qualquer par de olhos na NYPD procurava pelo helicóptero.
Beckett andava de um lado a outro. Impaciente e irritada. Precisava de
respostas, tinha que achar Lockwood. Felizmente, Ryan conseguiu algo. Lockwood
telefonava todas as semanas para o mesmo número e nunca era atendido até quatro
dias atrás. Segundo o jargão militar, eles falavam sobre continuar a missão.
- A missão então não era matar McCallister.
Eles podiam ter pago qualquer prisioneiro para fazer isso. Queriam Lockwood
fora, o que quer dizer que ainda há um alvo. Quem pode ser? – Esposito
perguntou.
- Eu – Beckett respondeu, mas o capitão rebateu
sua afirmação na mesma hora.
- Você não é uma ameaça, não sabe de nada.
- Acho que sei de quem ele está atrás – disse
Castle. Aproximando-se do quadro de evidencias montado pela própria Beckett,
ele repassou a informação que sabiam para concluir o obvio – ainda há um fio
solto. O terceiro policial. O homem que Joe Pulgatti viu no beco com Raglan e
McCallister na noite que Bob Armen foi morto. Quem quer que esse cara seja se
ainda estiver por aí, ele sabe quem está por trás disso tudo.
- O que o faz o alvo de Lockwood – disse Beckett
atendendo o telefone em seguida. Montgomery ordenou que colocassem uma equipe
de vigilância atrás dela. Não podiam correr riscos. Ela anunciou que
encontraram o helicóptero. Infelizmente, não havia muito o que procurar, eles
destruíram toda a possível evidencia de DNA. O dono do helicóptero estava
viajando de férias pelo caribe, muito provavelmente não tinha ideia do que
acontecia. Beckett estava intrigada. Por que agora? Lockwood estava na prisão a
quatro meses por que se mexer agora? Ela iniciara a conversa com Castle, porem
sua mente estava a mil e ela simplesmente não conseguia pensar direito. Ao
questionar se ela estava bem, a resposta foi retorica.
- Estou – o que significava que não estava.
Naquela noite, ele não insistiu para que ela
viesse até o loft. Preocupado, ele revisava novamente o caso da mãe de Beckett
a procura de algo que ajudasse a entender essa reviravolta. Não era fácil, ele
mesmo já perdera a conta de quantas vezes olhara os arquivos. Então a campainha
tocou. Um senhor distinto estava a sua porta.
- Posso ajudar? – disse Castle.
- Eu espero que sim. Sou Jim Beckett, o pai da
Kate – isso era novo. Castle o convidou para entrar. Ofereceu um café. Sentados
a mesa um de frente para o outro, eles conversavam.
- Eu sinto que já o conheço, Rick. Ouvi muitas
coisas boas sobre você de Katie.
- Sério? – Castle estava surpreso com a
revelação.
- Sério. Como ela está?
- Difícil dizer pelo jeito dela, ela não se
acovarda.
- Eu sei. Ela não gostava de luzes acesas a
noite quando era criança. Tinha medo do escuro, mas considerava questão de
honra mantê-las apagadas – Castle riu, era a cara de Kate. Então um silencio
incomodo se formou entre eles até que Jim voltasse a falar – esse homem que ela
persegue é muito perigoso?
- É um assassino profissional – o semblante de
Jim mostrou-se ainda mais preocupado diante dessa informação.
- O que acontece quando ela o encontrar? Eu já
perdi minha esposa por conta disso. Já perdi... – faltaram-lhe palavras –
demorou anos, mas consegui aceitar. Mas Katie? Ela não me escuta e não desiste.
Não até que alguém a convença que sua vida vale mais que a morte da sua mãe –
ele se levantou ficando de frente para Castle – ela gosta de você, Rick. Se
você não for mais tolo do que parece, sei que também gosta dela. Não a deixe
jogar a vida fora.
E tão depressa quanto entrou, Jim deixou o
loft. Castle precisou de alguns minutos para digerir tudo o que ouvira. Kate
falava dele para o pai. Falava bem. Do jeito que ele dissera que a filha
gostava de Castle, não pareceu que ele soubesse do real envolvimento dos dois.
Não deve ser fácil para Jim vir até ali pedir que ajudasse a filha quando ele
mesmo não podia. Castle tinha uma ideia do que era para um pai se ver lutando
para dar o melhor para a sua filha. Ele não saberia como agiria se fosse com
Alexis. Somente entendia que se faria qualquer coisa por um filho, até mesmo
reconhecer que precisa da ajuda de outra pessoa para conseguir mantê-la a
salvo.
Ela gostava dele. Certo, Castle já sabia disso.
Por esse motivo, ele sentia a pressão de protege-la ser maior. Esse caso iria
mexer com sua mente, seus brios, a levaria ao limite. Até quanto Kate poderia
suportar? Seu medo era saber que ela estava disposta a arriscar a própria vida
por essa causa. Isso o aterrorizava.
Seus pensamentos não saiam de Kate. Conhecia-a
suficiente para saber que certamente não estava dormindo. Devia estar
mergulhada na papelada, procurando uma agulha no palheiro. Podia apostar que
sequer fora para casa aquela noite e dormir era a última coisa que pensava
naquele instante. Com a cabeça cheia,
ele também não conseguiu ter uma noite de sono tranquila. Cochilara por cerca
de duas horas e pronto. Melhor tomar café e seguir para o 12th.
Conforme ele imaginara, Beckett não pregara o
olho. O cansaço era suportado por várias doses de café durante a madrugada. Ela
trocara de roupa no distrito mesmo, não queria perder um segundo sequer. Ela
revisava cada página de seu arquivo pessoal. Buscava tudo o que parecia
ilógico. Precisava encontrar algo.
Quando Castle chegou ao distrito naquela manhã,
estava disposto a conversar serio com ela. Vê-la sentada em sua mesa, os olhos
alertas pelo efeito da cafeína e as marcas da noite em claro nas suas olheiras,
teve vontade de abraçá-la, pega-la no colo e sumir dali. Queria poder dar-lhe
um pouco de paz e esperança, faze-la parar por uma hora que fosse.
Infelizmente, ele entendia que Kate não queria nada disso, ela queria justiça o
que tornava a sua conversa ainda mais difícil. Como convence-la a parar? Essa
era a grande dúvida na mente do escritor.
Ele tinha dois copos de café nas mãos. Ele
perguntou para ser educado, afinal a resposta estava estampada no rosto dela.
- Como dormiu?
- Não dormi.
- É, eu também – ele entregou o café na mão
dela – estava pensado... – mas Ryan os interrompeu quando pensava em iniciar a
tal conversa com uma informação sobre o possível policial chantageado.
- Ryker. Ele recebera uma transferência de 50
mil dólares no dia que Lockwood foi transferido e adivinha quem não apareceu
para trabalhar hoje? – ela conhecia Ryker, não imaginava que ele fosse capaz de
fazer algo assim. Eles invadiram o apartamento do cara. Era tarde demais. Ryker
recebera uma bala na testa. Pelos ferimentos, fora eliminado por volta de nove
da noite no dia anterior.
Castle notou que Ryker fizera quatro ligações para
o mesmo número que Lockwood contatou. Devia estar negociando seus termos. De
volta ao distrito, ela conversou com vários companheiros de Ryker. Todos o viam
como um cara correto. Como descobriram que ele tinha problemas financeiros? Alguém
tinha que ter acesso aos dados dele. Alguém de dentro ou um ex-policial. Então,
Kate teve uma ideia.
- Esse terceiro policial não era o alvo de Lockwood,
esse terceiro policial era quem comandava. Ele é quem está por trás disso tudo.
Quero que peguem os relatórios que tenham o nome de Raglan e McCallister.
- Já fizemos isso.
- Não estou falando de investigação, estou
falando de avaliações de performance...
- Já vimos tudo. Todos os policiais que
poderiam ter trabalhado com eles – disse Esposito – nenhum deles era o nosso
cara.
- Chequem de novo – ela ordenou perdendo a
paciência – e quando terminar, chequem novamente.
- Beckett o queremos tanto quanto você.
- Claro que não! – era isso ela estava entrando
em um ciclo vicioso, estava se perdendo aos poucos, Castle notou – ninguém o
quer tanto quanto eu. Ninguém. Então, cheque novamente – ela saiu apressada.
Castle apenas baixou a cabeça. A cada minuto que passava, ela tornava-se mais
obcecada pelas respostas. Não era um bom momento para conversar. A melhor coisa
a fazer era trabalhar nos arquivos.
Ele tentou ligar várias vezes para Beckett. Não
atendia as ligações dele. Saiu feito um furacão levando as pastas consigo. Ele
estava preocupado. Esposito entregou uma cerveja para Castle e perguntou.
- Como ela está?
- Eu não sei. Ela não retornou minhas ligações.
- Ela está se perdendo. Está a centímetros do
abismo – disse Esposito.
- Ela ficará bem. Sempre fica – foi a resposta
de Castle sabendo que não convencia nem a si mesmo. Retirou a cerveja limpando
a ficha que analisava. Viu um nome. Ali estava um grande problema. Ao perguntar
quem era Napolitano, Esposito disse que era um cara que trabalhou com Raglan em
batidas de drogas, mas estava no casamento da filha quando Armen foi morto
então não era o homem que procuravam. Já era falecido.
- Por que pergunta? – Ryan quis saber.
- Ele e Raglan estão listados nesse relatório,
mas isso foi alterado.
- Como sabe disso?
- Porque eu conheço maquinas de escrever –
Castle explicou o conceito por trás da sua descoberta – alguém alterou o nome
do policial nesse papel. Fotocopiou e colocou o nome de Napolitano – eles
levaram o fato até Montgomery que pediu para descobrirem quem gerenciava os
arquivos naquela época. Aproveitando o tempo em que estava sozinho com o
capitão, Castle resolveu expor suas preocupações.
- Continuar a missão? Se Lockwood não está
atrás do terceiro policial então quem é a missão? – claro que o capitão
entendeu o que ele queria dizer.
- Eu coloquei segurança. Mandei segui-la a paisana.
Esses caras são bons.
- Bons o suficiente para deter Lockwood? Ela
não vai parar e na próxima vez que se encontrarem, um deles irá morrer. Tire-a
do caso.
- Castle, a Beckett alguma vez lhe contou como
nos conhecemos? Eu trabalhei até tarde uma noite, fui até os arquivos procurar
relatórios antigos. E lá estava ela, com uma lanterna na mão e uma caixa no
colo, estudando esse caso não resolvido. Ela era da patrulha, nem estava
autorizada a ir lá embaixo. Quando eu perguntei o que ela fazia, me disse que
era o caso da sua mãe e que tinha achado coisas que não fazia sentido. Poderia tê-la
fichado na hora.
- E por que não o fez?
- Porque eu sabia que não a impediria. Estava
nos olhos dela e eu pensei, com a tenacidade dessa garota e algum treinamento,
ela seria uma bela detetive de homicídios.
- Essa tenacidade irá matá-la – disse Castle.
- Não posso fazer Beckett recuar, Castle. Nunca
pude e do jeito que estou vendo, o único que pode é você.
Era a segunda pessoa a dizer isso a ele. O duro
era que ele não sabia se conseguiria convence-la. Estava envolvida demais.
Tentou ligar mais uma vez. Após quatro toques, a ligação caiu na caixa postal.
Era agora ou nunca, precisava expor seus pensamentos, pedir para que parasse.
Daria a cara para bater, e se tudo desse errado, ele continuaria ao seu lado
tentando ajuda-la e protege-la do seu jeito, da melhor maneira que conseguisse.
Ele foi ao apartamento dela com a desculpa de informa-la sobre a última
descoberta. Um pretexto para algo bem mais complicado que poderia colocar todo
o relacionamento deles em risco.
Ao abrir a porta, Beckett não parecia surpresa,
apesar de não querer ver ninguém.
- Posso entrar? – mas ele não esperou pelo
convite, mesmo que ela o autorizasse logo em seguida, reparou que ela tinha a arma
na mão – então, nós checamos de novo todos os relatórios de Raglan e
McCallister e você estava certa. Havia um terceiro policial que estava com eles
em várias prisões. Mas, alguém pegou esses relatórios e adulterou seu nome.
Ryan e Esposito estão investigando quem fazia os relatórios da época.
- Castle, não podia ter me ligado e contado por
telefone?
- Podia, eu tentei. Você não atendeu minhas
ligações e além disso eu pensei...
- Castle, se tem alguma coisa a dizer... diga.
- Beckett, todos relacionados com esse caso
estão mortos. Todos. Primeiro sua mãe e seus colegas, depois Raglan e
McCallister. Você sabe que a próxima é você.
- Capitão Montgomery colocou alguém me
protegendo. Não foi tão difícil de ver.
- Não é o suficiente para parar Lockwood. Você
sabe disso. Pense com quem está lutando. Assassinos profissionais? Trabalho com
você há três anos, você me conhece. Sou o cara que diz que podemos mover uma
seringueira. Mas, Beckett? Não acho que ganharemos essa.
- Castle, eles mataram minha mãe. O que quer
que eu faça?
- Recue. Eles vão matá-la, Kate – no momento
tenso e emocional que estava, Kate não acreditava no que Castle estava lhe
pedindo – se você não se importa com isso... pelo menos pense em como isso irá
afetar as pessoas que te amam. Quer mesmo colocar seu pai nisso?
- E quanto a você, Rick? – a pergunta saiu sem
pensar.
- Claro que não quero que algo aconteça a você.
Eu me importo com você. Sou seu parceiro, seu amigo.
- É isso que somos? – de repente, o assunto da
discussão mudou. Sem perceber, Kate estava cobrando algo sobre sua relação com
Castle.
- Quer saber? Eu não sei o que somos. Namorados?
Claro! Trabalhamos juntos, namoramos, fazemos amor e nos divertimos. Nós nunca
falamos sobre isso. O que nossa relação nos reserva? Nós quase morremos
congelados nos braços um do outro e nunca falamos sobre isso. Enfrentamos
crises de pânico e pesadelos, mas o que há depois para nós? Então, desculpe se
eu não sei como nos definir. Eu não sei o que somos. O que temos. Eu sei que
não quero ver você jogar sua vida fora – os brios estavam alterados. Ela
retrucou quase gritando.
- Bem, da última vez que chequei, era minha
vida. Não seu brinquedo pessoal. E pelos últimos três anos, eu andei com a
criança mais engraçada da escola. E não é suficiente – Kate certamente pegara
pesado. Ele não merecia ouvir isso após tudo o que já haviam construído, ela
estava ignorando seu relacionamento. O medo falava mais alto. Castle perdeu a
oportunidade que ela lhe dera, não percebera que Kate olhava-o ansiando por uma
resposta, algo talvez inusitado de sua parte que acabou exposto sem pressão. No
afã da discussão, ele não percebeu o que havia nas entrelinhas do comentário de
Kate. A raiva e a vontade de vê-la recuar falavam mais alto naquele momento. Se
era para dizer a verdade, ótimo! Ele diria a verdade. Ela já caminhava para a
porta prestes a manda-lo embora.
- Isso não é mais sobre o caso da sua mãe. É
sobre você precisar de um lugar para se esconder – ela virou-se para fita-lo.
Estava furiosa – pois você tem buscado isso por tanto tempo que você tem medo
de descobrir quem você é sem isso.
- Você não me conhece, Castle. Você acha que
sim, mas não.
- Sei que rastejou para dentro do caso da sua
mãe e não saiu mais. Sei que se esconde lá, assim como se esconde em
relacionamentos com homens que você não ama, ou crises de pânico. Você poderia
ser feliz, Kate. Você merece ser feliz, mas tem medo.
- Sabe como estamos, Castle? Terminados. Agora
vá embora – fora assim. Usando palavras que machucaram um ao outro, o medo como
escudo e a raiva como combustível que eles encerraram aquela discussão. Feridos,
frustrados. A tentativa de faze-la enxergar o perigo que corria fora desperdiçada.
Agora ela não largaria o caso e pior, ele não poderia ajuda-la. Seu
relacionamento se perdera por causa do passado que a perseguia.
Pela primeira vez em muito tempo, Rick Castle
se sentia perdido. Não sabia o que fazer para reverter essa situação. Ela iria
se expor, se atirar para o inimigo e dessa vez, ele não podia protege-la. Em
casa, ele tinha um copo de whisky nas mãos, era a sua terceira dose. Deixara a
raiva e a frustração o dominar. Jogou o copo contra a arte previa de Heat
Rises. Os pedaços de vidro espatifaram-se no chão. Martha apareceu preocupada.
- Meu Deus! O que está acontecendo aqui?
- Nada. Desculpe. Volte para cama.
- Apenas uma pessoa no planeta pode te deixar
irritado – ele acabou aceitando conversar um pouco com a mãe.
- Ela vai acabar se matando.
- Ela é uma mulher crescida. Uma detetive de Homicídios,
pelo amor de Deus. É seu trabalho, sua vida.
- Se algo acontecer com ela... – ele não
conseguia completar. A simples ideia de imagina-la ferida ou morta era difícil
demais, a mãe o encorajou.
- Continue... Richard, Richard – ela já
entendera tudo – para um homem que vive de palavras, você tem dificuldades de
acha-las quando precisa. Querido, permita-me me dar um conselho de alguém que
já passou da metade do filme. Não desperdice nem mais um minuto – ela
beijou-lhe a testa e deixou-o sozinho. Sim, Castle sabia do que ela estava
falando. Sua mãe sabia que ele amava Kate. Mas, daí a dizer o que realmente
sentia a ela? Sua mãe não conhecia todas as nuances de Kate. Não era uma tarefa
fácil. Sentimentos eram um terreno perigoso com Kate Beckett. Ele podia piorar
ainda mais a situação. Ela poderia se amedrontar ainda mais. Tinha um dilema
nas mãos.
Ele não podia deixa-la seguir sozinha,
precisava ajuda-la de alguma forma. Por outro lado, ela disse que eles estavam
terminados. Como iria falar de seu amor agora? Tudo estava muito confuso. Não
conseguia organizar suas ideias para achar o melhor caminho. Ele mesmo
precisava de ajuda. E só havia uma pessoa capaz de entender a mente de Kate
como ele. Dana. Ele precisava falar com a terapeuta.
Não pensou duas vezes. Fora o desespero que o
fizera contatar Dana na mesma hora. Ele explicou que precisava muito falar com
ela. O assunto era sério e precisaria de tempo. Dana agendou um horário para
conversar com ele no dia seguinte. Dez da manhã.
No 12th distrito, alguém estava em meio a uma
discussão com seu capitão.
- Roy, cansei de verdade. Quero que ele vá
embora – ela andava de um lado a outro na sala do capitão, claramente
impaciente.
- Tudo bem, ele irá.
- O que? – agora ela estava confusa. Como ele
poderia ter aceitado tão rápido? Não iria argumentar com ela? De repente, Kate
sentiu-se insegura. No fundo, era apenas a raiva imediata falando.
- Quer que Castle vá embora? Ele irá.
- E.… quanto ao prefeito? – ela gaguejava,
passava a mão nervosamente nos cabelos.
- Essa é minha casa, Kate. O prefeito não dá as
ordens aqui, eu dou. Já deveria saber disso – ele oferece um pouco de whisky
para ela que aceita – eu podia ter mandado Castle para a rua anos atrás, quando
quisesse. A única razão de tê-lo mantido aqui foi porque eu vi como ele era bom
para você – ela virou a bebida de novo na boca, não acreditando que estava
ouvindo sobre Castle ser bom para ela de seu próprio capitão – Kate... é a melhor
que eu já treinei, talvez a melhor que já tenha visto. Mas você não se divertia
antes da chegada dele – ela mal olhava para ele diretamente por medo de
demonstrar que ele estava certo. Montgomery usou o momento para dar um conselho
a sua detetive, talvez o melhor que ela já ouvira até ali.
- Falamos pelos mortos. Esse é o trabalho.
Somos tudo o que eles têm uma vez que o mal rouba suas vozes. Devemos isso a
eles, mas não devemos nossas vidas.
- Ele disse que não podemos ganhar essa – a voz
soou quase como um sussurro.
- Ele está certo. Passei grande parte da vida
sob esse distintivo e posso dizer isto como fato: não há vitorias. Somente a
batalha. E o melhor que você pode esperar é encontrar um lugar para deixar sua
marca. Se este é o seu lugar, estarei ao seu lado.
Cansada e confusa, Beckett voltou ao seu
apartamento. As palavras de Montgomery ecoavam na mente dela. Estava sentada
com um copo de vinho nas mãos, uma pilha de papeis espalhada pela mesa de
centro. O celular perdido entre a bagunça. Ela sentia falta de alguém para
conversar. Não, na verdade, era alguém em particular. Após ouvir que Castle
estava certo sobre não poder ganhar esse caso, ela pensou em voltar atrás,
ligar para ele. Pegou o telefone, checou os favoritos. Havia varias ligações
perdidas dele.
Suspirou. O olhar perdido pensando no que fazer
em seguida. Queria ligar. Mas e depois? O que faria? Não iria pedir desculpas,
não tinha motivo para isso. Estava chateada, magoada por ele ter pedido para
ela recuar. Será que Castle não a conhece como pensou? Não sabe o quanto o caso
da sua mãe é importante? Não, definitivamente não queria se desculpar. Nada de
ligar para ele. Já tomara sua decisão no momento em que o mandara para fora de
seu apartamento. Aparentemente, ela o mandara para fora de sua vida.
Esse último pensamento a fez relutar. Engoliu
em seco e sentiu um arrepio percorrer todo o corpo. Balançando a cabeça para
tentar esquecer o assunto Castle, ela voltou a se concentrar no caso.
Montgomery recebe uma visita nada agradável em
sua própria casa. Lockwood viera cobrar sua dívida do passado. Sim, o capitão
cometera seus erros quando mais novo na força. Algo que não se orgulhava e pelo
qual trabalhava para manter escondido e recompensar a cada dia que usava seu
distintivo pela NYPD. Fora por isso que acolhera Beckett, que a treinara e a
mantivera sob suas asas.
Tinha uma dívida para com ela. Com sua mãe. Sua
melhor detetive estava em perigo. Ele tinha que escolher entre ela e sua
própria família. Mas Montgomery aprendera a não desistir sem lutar. Se tinha
que colocar a vida de Beckett em perigo, atira-la aos leões e talvez até a si
mesmo, ele precisava resolver algumas coisas antes.
Não cederia tão facilmente aos caprichos de
Lockwood e do homem por trás dele. Amanhã seria o dia de sua batalha final. E
ele precisaria de reforços para garantir que cumpriria sua promessa até o fim.
XXXXX
Castle chegara meia hora antes do combinado. Estava
ansioso para colocar o que sentia para fora. Queria respostas. Queria encontrar
uma maneira de garantir que Kate não fizesse uma loucura e acabasse... ele
sequer conseguia dizer a palavra. Estava completamente afetado por toda aquela
situação.
Quando a porta do consultório se abriu, Dana
veio ao seu encontro.
- Bom dia, Castle. Você chegou cedo, o que
significa que o assunto é realmente sério. É Kate? Ela teve outro episódio de
pânico? Uma recaída? Você não explicou ao telefone... e como ela não apareceu
na última sessão da terapia, eu achei...
- Sim, tem a ver com Kate, mas não se trata da
crise de pânico. Espera, ela não apareceu para a terapia? Quando foi isso?
- Tínhamos uma sessão ontem. Achei que ela
pudesse estar em algum caso e me ligaria se desculpando, já aconteceu antes.
Mas quando você ligou, eu entendi que talvez não tivesse uma explicação tão
simples. O que está acontecendo, Castle?
- A crise de pânico parece bem ridícula agora.
Trata-se de algo bem maior. Kate está prestes a voltar a toca do coelho, Dana.
E eu não sei o que fazer para impedi-la de cometer uma besteira.
O semblante de Dana mudou. Castle pode perceber
claramente a preocupação.
- Venha, conversamos no meu consultório.
Castle se sentou no divã enquanto Dana
preparava café para eles. Seria uma conversa difícil. Sentou-se de frente para
o escritor. Estava intrigada, pois nunca o vira tão preocupado, havia um ar
cansado em seu semblante. Talvez ao conversar com ele, algumas coisas
começassem a fazer sentido.
- Sou toda ouvidos. Só depende de você.
- Bem, eu não sei como começar. Irônico, um
escritor sem saber como contar uma historia. Até minha mãe zombou de mim.
- Por que não começa do principio? O que
aconteceu a ponto de afetar Kate tanto assim?
- Você deve se lembrar de Lockwood. O cara que
ela prendeu alguns meses atrás? Que matou um dos policiais envolvidos na
investigação da morte da mãe dela. Assim como ela deve ter mencionado as
visitas semanais que faz a ele regularmente na cadeia na esperança que ele
revelasse alguma pista para que ela pudesse reativar o caso de Johanna.
- Sim, ela mencionou o caso. O que tem ele?
- Há dois dias atrás, ele escapou da prisão
após matar o outro policial envolvido no esquema descoberto por Johanna. Na
verdade, foi tudo arquitetado. A saída da solitária, a morte do outro preso,
arranjado para ele estar no tribunal a fim de ser raptado pelos seus comparsas.
Ele está numa missão. Provavelmente atrás de um terceiro policial que fecharia
o grupo corrupto e que sabe a verdade.
- Isso explica porque ela não apareceu aqui
ontem para a nossa sessão de terapia...
- Kate está obcecada por ele, também quer
encontrar o terceiro policial, tanto que não percebeu que tornou-se um alvo.
Ela já está enfiada nesse caso até o pescoço. Se ela e Lockwood se encontrarem,
ficarem frente a frente, um deles morrerá. Talvez os dois – ele respirou, tomou
mais um pouco do café e continuou – ontem eu fui procura-la. Ela tinha saído
irritada do distrito com um monte de pastas e evidencias do caso, sem falar com
ninguém. Perdi as contas de quantas ligações fiz tentando falar com ela, saber
como estava. Por fim, eu arrisquei. Não ter notícias dela estava me matando. Eu
posei de despreocupado para os rapazes, mas conversei com Montgomery a respeito
do que poderia acontecer. Pedi para que ele a tirasse do caso, como superior
ele poderia fazer isso.
- Ele aceitou fazer isso?
- Não. Ele me disse que era impossível. Ele
conhecia Kate Beckett o suficiente para entender que tira-la do caso era o mesmo
que incentiva-la a se jogar de cabeça na linha de fogo. Esse caso é a vida
dela, ele disse. Na minha opinião, poderá se tornar sua morte. Montgomery disse
que somente eu posso fazê-la parar.
- Eu diria que ele está certo. E ele sequer
sabe de toda a história de vocês.
- Fui ao apartamento dela. Ela quase não me
recebeu. Eu disse umas verdades a ela. Eu admito que nos ofendemos mutuamente.
Pedi para que ela recuasse, todos dizem que sou o único capaz de para-la, mas
ela simplesmente não quer me ouvir. Ela me expulsou, disse que estávamos
terminados. Não sei como fazer isso! Não quero vê-la se perder, ou até... – ele
passou a mão em seus cabelos, frustrado com a situação – diga-me o que fazer,
Dana. Porque, honestamente? Não tenho ideia.
Dana parou de escrever em seu caderno, suspirou
longamente. Podia imaginar o quanto ele estava sofrendo com essa situação, sem
poder tomar a decisão ou convence-la a fazer o que ele sugeria. Ele a amava era
obvio, estar de mãos atadas, sentir-se impotente diante de tudo não iria ajudá-lo
a fazer Kate enxergar a loucura na qual estava envolvida. Precisava primeiro
recuperar a confiança de Castle.
- Sabe, antes de você a vida de Kate era como
uma rotina tediosa. E isso diz muito de alguém que é uma detetive de
homicídios. Ela vivia para o trabalho, solucionando assassinatos por longas
horas do dia ou da noite. Quando não havia casos, ela focava no da mãe. Foi
assim que se perdeu a primeira vez. Basicamente, não tinha vida. Então, você
entrou na vida dela. Implicando, instigando, mexendo nos casos dela, colocando
sua opinião e fazendo dela sua musa. Isso a incomodou, tirou-a de sua zona de
conforto. Pela primeira vez em anos, havia algo novo com que se ocupar e aos
poucos você a conquistou. Ela cedeu e se apaixonou. Castle, você conseguiu que
ela quebrasse algumas resistências que ninguém conseguira antes. Então, sim.
Você é a única pessoa capaz de faze-la mudar de ideia.
- Como?
- Você disse que a ama? – a pergunta de Dana o
pegou de surpresa.
- Não, mas... – ele não completou o pensamento
por alguns instantes – eu pensei sobre isso. Ontem, durante a briga, ela
parecia querer ouvir algo mais. Minha mãe sugeriu isso. Até o pai dela deu a
entender que ela realmente gosta de mim.
- Ah, por favor, Castle! Kate ama você! Ela talvez
não consiga entender o sentimento como um todo, tenha medo de admitir estar
mais que apaixonada por você ou mesmo ter dificuldade em se expressar quanto a
isso. Mas depois de tudo que já viveram juntos, das tantas vezes que salvaram
um ao outro? Não resta dúvida sobre o sentimento verdadeiro que existe entre
vocês. A iniciativa nesse caso, tem que partir de você.
- O problema é como ela receberá a notícia. Não
seria pior? Será que ela não interpretaria como uma jogada para persuadi-la a
esquecer o caso? Eu realmente tenho medo da reação dela.
- Tudo depende de como você colocará a
informação para ela. Agora que estão brigados, se torna um pouco mais difícil. Não
impossível. Aliás, essa palavra não existe no meu vocabulário. Muito menos no
seu. Ambos sabemos que Kate tem dificuldades de se expor por isso cabe a você a
responsabilidade de encontrar uma maneira de revelar o que sente a fim de
faze-la compreender o que está em jogo. O perigo é real, não se trata de
suposição. Convence-la do quanto ela é importante pode salva-la. Já está mais
do que na hora de Kate viver sua felicidade. Ninguém merece tanto quanto ela.
- Vida ou morte. É disso que estamos falando.
Tenho medo de não conseguir, de perde-la.
- Castle, você vai conseguir. Você é um
escritor, sabe usar as palavras e mais importante. Você a ama. Responda: você
arriscaria sua vida por ela?
- Sem pestanejar. Sim!
- Então, no momento certo você fará o que tem
que ser feito – ela sorriu para ele. Castle estava um pouco menos tenso, mas a
preocupação ainda rondava os olhos azuis. Seu celular tocou fazendo o coração
disparar. Seria Kate? Ao checar o visor viu o nome de Montgomery.
- Capitão – do outro lado do telefone, a voz
grave e tensa soou aos ouvidos de Castle explicando o motivo da ligação. Montgomery
tinha um arquivo em suas mãos, olhava para a pasta enquanto falava.
- Castle, eu preciso que escute muito bem o que
tenho a dizer. Esse assunto é sigiloso, ninguém além de mim e você deve saber
disso. A vida de Kate depende da nossa discrição.
Continua....
5 comentários:
Que tensão! Vai lá Castle, agora é contigo. Pega ela e diz: "Te amo bixiga taboca"! kkkkkk
já quero o próximo!!! rsrs
Capítulo 41 pleaseee.. esperando ansiosamente..
Capítulo 41 pleaseee.. esperando ansiosamente..
É isso mermo?Mais um tiro 😩
Às vezes tenho raiva da Kate,as coisas só devem partir de Castle e ela nada.Eu sei,eu sei de tudo que ela viveu,de toda a sua dor,mais e Castle?Ele sempre está lá pra ela,mesmo quando ela manda ele ir embora. Ela NÃOOOO corre atrás dele nunca 😒Isso enche o saco.Têm mesmo que ficar atrás da morte o tempo todo???Não pode se dar ao menos uma chance de SER FELIZ crl? 😓 Mais uma vez "Vai lá Castle segura essa marimba que é tua"!!!!
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