quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap. 8


Nota da autora: Acho que vão gostar desse cap mas vou avisando que o que vcs tanto esperam não vai ser assim tão fácil :( anyway prometo que vou fazer o possível para não decepcionar vcs!



Cap. 8


A campainha soou insistentemente. Martha veio até a porta atender.

- Mas quem será que pode estar tão desesperado e...

- Kate?!

- Hey, Martha. O Castle está?

- Ah, não. Ele saiu. Por pouco você o perdeu. Tentou o celular?

- Não.

Ela discou o numero em automático. Desligado.

- Desligado.

- Mas que cabeça a minha! Ele mencionou que precisava espairecer um pouco, algo sobre esse ultimo caso, saiu com Alexis foram ao cinema. Iam ver uma reprise de West Side Story.

- Ah... entendo.

- Você está bem querida?

Viu o olhar decepcionado de Beckett.

- Estou sim, Martha. Já vou indo. Não diga a ele que estive aqui, ok? Por favor? Falo com ele depois.

- Tem certeza? Richard me mataria se soubesse que veio procurá-lo e não disse nada a ele.

- Por favor, Martha.

- Está bem. Cuide-se Kate.

- Obrigada.

Beckett saiu dali um pouco decepcionada. Ela se preparara para aquilo essa noite mas não ia atrapalhar a noite de pai e filha. Resolveu ir para casa e se servir de um bom vinho, talvez fazer uma massa e não dedicar muito tempo pensando nisso.

Ao chegar em casa, ela lembrou do incidente da outra noite. Agradeceu mentalmente por ter limpado parte da bagunça pela manhã. Terminou de arrumar o resto e dedicou-se ao jantar.

Ela cozinhou uma massa e fez um molho vermelho bem temperado enquanto saboreava um vinho tinto delicioso. Serviu-se. Kate estava acostumada a fazer refeições sozinha porém hoje não lhe parecia uma boa idéia. Era muito ruim depois de tudo que ela fizera hoje. Ligou a televisão e acessou um canal de música. Jazz. Aproveitou a refeição calmamente. Não tinha pressa de fazer nada atropelado depois dos últimos dias tão tensos e corridos que vivera.

Ao terminar a massa, ela serviu-se de mais uma taça de vinho quando o celular tocou. Era ele.

- Oi!

- Oi, Kate... você me ligou. Está tudo bem?

- Sim, tudo bem.

- Estava no cinema com Alexis. Acabamos de sair. Algum caso? Algum problema?

- Não, Castle. Nada eu tinha deixado o distrito e ia comer algo pensei em te chamar.

- Vamos comer agora, não quer encontrar conosco?

- Não, esse momento é seu e da sua filha não quero atrapalhar. Além do mais, já comi.

Mas Castle percebeu pelo tom de voz que ela queria falar com ele. Tinha algo a incomodando e ela não parecia estar disposta a falar tão facilmente.

- Tudo bem, não vou insistir.

Droga, Castle por favor insista... era tudo o que ela pensava.

- Te vejo amanhã?

- Possivelmente.

- Boa noite, Kate.

- Boa noite, Castle.

Assim que desligou, Castle olhou para filha e perguntou.

- Alexis você se importa de pegarmos os hot dogs para viagem? Preciso fazer uma coisa importante.

- Tudo bem, pai. Eu já estou mais do que satisfeita pelo cinema e afinal não foi exatamente por causa dela que fizemos esse passeio? Vá fazer o que precisa, vou pra casa sozinha.

- Não mesmo. Te deixo em casa é caminho. Vamos ao Gray’s papaya.


Apartamento de Beckett


Beckett já estava de pijamas no sofá. Em vez do vinho, ela tomava água e contemplava a tela da TV sem interesse. A mente vagava lentamente pela conversa da sessão da terapia. Ela precisava agradecer a Esposito pelo apoio, sabia que não teria conseguido sem a intervenção dele. E lembrou-se da mãe. Suspirou profundamente.

- Será que você me perdoa, mãe? Coloco tantas pessoas na cadeia porque a mais importante para nós eu não consegui? Você perdoaria a mim se esquecesse esse assunto e fosse tentar viver um pouco a minha vida? – ela enxugou a lágrima que desceu pelo rosto - Sou uma besta mesmo! Falando sozinha. Se Castle me visse agora ia começar a teorizar o lance dos fantasmas de novo.

Sorriu. Castle. Sua mãe o aprovaria? Não tinha como saber, infelizmente.

A campainha tocou assustando-a. Quem pode ser a essa hora? Ela levantou-se, pegou o cobertor e envolveu no corpo. Ao espiar pelo olho mágico, não pode evitar o sorriso.

- Castle... não está tarde demais para uma visita?

Ele consultou o relógio sorrindo.

- São dez horas, acredito que você não dorme cedo. Você disse que tinha comido mas não disse nada com relação a sobremesa, então... aceita um sorvete?

Ele ergueu a sacola.

- Entra.

Ele colocou a sacola sobre a mesinha enquanto Kate foi pegar colheres. Sentou-se ao lado dele no sofá.

- Eu não sabia qual o seu preferido mas já que ela gosta de café não errarei tanto levando tiramisu. E se errei, bem tem sempre chocolate fudge para compensar.

- Gosto dos dois.

- Ah, quase esqueci!

Ele puxou outra sacolinha e tirou de lá um copo de café.

- Esse é o café da manhã que você não quis tomar hoje. Isso dá 101 cafés. Diga que ainda gosta de café ou vou ter que levá-la em um psicólogo.

- Sim, Castle ainda amo café. Foi só um momento inadequado.

Ela tirou a primeira colherada do sorvete e levou a boca. Uma delícia.

- Humm, isso é bom. Vai ficar olhando ou vai comer também?

Ofereceu outra colher a ele. Castle pegou um pouco do sorvete e provou.

- Porque você está aqui? Era sua noite com Alexis. Falei para você que nos veríamos amanhã.

- Beckett, você não estragou nada. Já tínhamos curtido nosso tempo. E eu sei que você não me ligou à toa. Se não temos um caso, você queria outra coisa não uma simples hora e companhia para uma refeição. Acredite, eu sei.

- Como?

- Sou seu parceiro, você é minha musa acha que não sei reconhecer o que está por trás da sua voz?

Ela tomou outra colherada de sorvete preparando-se para falar. Era tão transparente assim?

- Você quer conversar sobre o caso?

- Não. Quero conversar sobre o meu caso e da minha mãe. Quero que você seja o meu parceiro nesse momento e apenas me escute ok? Pode só escutar?

- Posso.

Com o pote de sorvete na mão, ela se recostou no sofá. Os olhos fixos nos dele.

- Tinha que contar umas coisas para alguém e sei que você é a pessoa certa para entendê-las. Desde que levei aquele tiro, eu não me sentia mais a mesma pessoa. Algo se perdera, se quebrara dentro de mim. Dizem que quando você passa por uma experiência de quase morte, passa a ver a vida com outros olhos, de outra forma. Você recebe uma segunda chance. Não me senti assim. Eu afastei todas as pessoas que se importavam comigo. Não quis falar com ninguém por três longos meses. Fui designada para uma avaliação psicológica pelo departamento de polícia de Nova York para enfim poder voltar a minha função de detetive. Passei na avaliação mas o que acabei por constatar era que não estava realmente pronta, mente e corpo, para assumir tudo aquilo de novo. Devido ao meu histórico e ao caso da minha mãe, o terapeuta achou importante, se eu quisesse, continuar o tratamento.

Ela parou e tomou mais uma colher de sorvete. Ela precisava contar a ele uma outra versão dos fatos referente ao dia do tiroteio não a versão original.

- Eu decidi continuar. Naquele momento parecia ser a coisa certa a se fazer e também eu precisava enfrentar tudo aquilo. Saber o que significava aquilo tudo. O que eu faria da minha vida a partir dali. E ele me ajudou em vários momentos. Ele fez eu perceber o quanto eu estava presa ao meu passado. Tal como você falou para mim. Eu tinha medo de enfrentar, tinha medo de ser feliz. Tinha não, ainda tenho. Isso não mudou. A diferença é que agora eu quero enfrentar esse sentimento que me fez deixar de seguir o que julgava certo, quero derrotar esse medo. Vou passar por tudo isso e vencerei. Não vou desistir.

Ela desviou os olhos antes de continuar. Sentia as lágrimas arderem. Queria segurar o choro mas era uma tarefa quase impossível. Precisava continuar. Tornou a olhar pra ele.

- Castle, ele me ajudou. Eu me lembrei do que aconteceu.

Ele a olhava intensamente. Então ela sabia. Desde quando? Não, ele não precisava saber o quando. Apenas que ela lembrasse era suficiente.

- Esse caso, ele mexeu com as minhas lembranças. Ele me pressionou e me fez atingir meu limite de sanidade. Eu achei... eu achei que tudo estava acabado para mim, que não poderia voltar a ser a policial que tanto você aprecia, pensei que ia ser obrigada a parar minha carreira. Eu não tinha controle sobre minhas ações e pensamentos. Pânico. Medo. Eles me dominaram, Castle.

As lágrimas escorriam pelo rosto. Kate deixou cair o cobertor e Castle viu o curativo no braço dela.

- O que foi isso, Kate?

- Eu...eu me machuquei.

- Ele fez isso com você? A raiva na voz dele.

- Não, eu fiz. Por favor deixe eu terminar. Eu estava tão fora de mim...eu bebi muito, entrei em pânico, quebrei copo e me cortei. Depois de passar por tudo isso no caso, eu desabei e decidir que precisava mudar. Eu me lembrei de muitas coisas daquele dia. Foi tudo tão intenso, eu me lembro de você me segurando, das pessoas no hospital, do sangue e da dor. Não me lembro o que falavam, ainda tem muita coisa confusa em minha mente. Você falava só não conseguia ouvir. Por isso continuo a terapia, tem me ajudado muito.

A decepção o atingiu, ela ainda não se lembrara de tudo. Ela deixou o pote de sorvete de lado. As mãos geladas por segura-lo. Ainda chorava, mordeu os lábios. Limpou as lágrimas.

- Castle, para eu seguir em frente... eu tenho... eu tenho...

Mas ela desabou no choro. Não conseguia dizer as palavras que devia. Era como se tivesse pecando, se tivesse traindo a sua mãe. Ele se aproximou dela e puxou-a para perto abraçando-a. Ela encostou a cabeça no peito dele e continuou chorando. Ele acariciava os cabelos dela, a outra mão entrelaçou os dedos aos dela gelados pelo sorvete.

- Tudo bem, Kate. Pode chorar, somos apenas eu e você aqui. Chore, isso fará você se sentir melhor.

Ela nada disse. Continuava perdida em meio às lágrimas. Apoiou uma mão no peito dele brincando com os botões da blusa dele. Aos poucos, ela foi se acalmando a ponto de continuar a falar o que queria.

- Eu tenho que vencer esse medo, Castle. Tenho, porque é tão difícil dizer? Tenho que esquecer o caso da minha mãe...

As palavras dela estavam cheia de dor. Ele sabia o quanto aquilo a abalava. Ele sequer queria falar a respeito disso com ela. Não iria machucá-la ainda mais com o seu segredo. Ela levantou o rosto marcado de lágrimas para encará-lo. Castle tinha o semblante preocupado porém seus olhos demonstravam compaixão e compreensão. Nada de pena, Beckett não suportaria que ele a olhasse dessa forma.

Ele tocou-lhe o rosto no queixo, fixando seu olhar ao dela.

- Kate, esquecer o caso da sua mãe não significa tirá-la da sua vida. Não quer dizer que você apagará suas próprias lembranças, as boas lembranças.

- Eu sei mas parece tão – ela buscava as palavras – como pode algo ser tão certo e errado ao mesmo tempo, Rick? Esquecer é o certo a fazer, por mim, e ainda assim me parece errado com ela. Acho que não estou mais raciocinando, minha cabeça dói.

- Você quer se deitar? Deve ter um analgésico aqui em algum lugar. Vá se deitar que eu acho o que preciso.

Eles se levantaram e calmamente embora sem muita vontade, Kate soltou-se do abraço dele.

- O kit de remédios está no armário do banheiro.

E lentamente ela seguiu para o quarto.

Quando ele entrou, encontrou Beckett sentada na cama já sem o roupão olhando para o nada. Os olhos ainda vermelhos e as olheiras despontavam abaixo dos olhos. Ele trazia um copo d’água e o kit de primeiros socorros. Entregou o copo a ela e o comprimido.

- Tome.

Enquanto ela o obedecia, Castle apoiou a caixa sobre a mesa de cabeceira e começou a remexer a procura do que queria. Satisfeito por encontrar, ele pegou gaze, anti-séptico e um spray contra infecção. Sentou-se do lado dela.

- O que vai fazer?

- Ver esse seu curativo. Limpa-lo. Ou quer que inflame?

- Castle não...

- Nem comece.

Com cuidado ele pegou o braço direito dela e retirou o curativo. O corte era profundo. Estava sujo ainda com restos de sangue seco.

- Oh, Beckett. Porque você não deixou alguém olhar isso?

Ele começou a limpar o corte no braço dela. Kate o observava absorta em um silêncio quase mórbido. Na verdade, ela o agradecia mentalmente por ser exatamente assim como era. Se fosse outra pessoa, podia estar brigando com ela nesse momento ou arrastando-a até um hospital. Mas Castle não faria isso com ela porque sabia que o ultimo lugar que ela desejaria ir era uma sala de emergência. Quando aplicou o anti-séptico, Beckett sentiu a dor penetrar a pele e gemeu.

- Shhh...vai passar, já já.

Ele falava com ela como se fosse uma criança. Carinhosamente, ele aplicava a gaze sobre a pele e terminara o curativo. Ao olhar para ela, viu a expressão cansada misturada a um pouco de dor.

- Desculpe mas tinha que fazer isso. Ainda dói?

- Sim, um pouco.

- Promete que se você ainda estiver sentindo dores amanhã irá me dizer?

- Prometo.

- Boa menina.

Ele se levantou da cama e sorriu para ela.

- Agora, vamos hora de dormir.

Mas ao invés de deitar, ela segurou a mão dele, ainda não terminara de dizer tudo o que queria a ele.

- Castle, ainda não disse o mais importante.

- Kate, você precisa descansar. Depois a gente conversa mais.

- Não Rick. Quero dizer isso agora. Por favor.

- Está bem.

Ele se agachou perto dela, seus olhares na mesma altura.

- Para conseguir dar esse passo na minha vida, esquecer. Não posso estar sozinha. Não quero estar sozinha. Preciso de você a meu lado Rick. Preciso do amigo, do parceiro, de alguém que se importe realmente comigo. Alguém a quem eu confiaria minha vida. Você pode fazer isso? Por mim?

Foi a vez dele se surpreender e se emocionar. Era quase seu sonho tornando-se realidade. Ela precisava dele, isso para Beckett era quase a aceitação do que sentia por ele.

- É claro que eu farei isso. Estarei aqui para você. Apenas me diga como posso ajudá-la e porque. Kate, porque precisa de mim?

Um pequeno sorriso surgiu no canto da face dela.

- Porque eu quero tentar ser feliz, Castle. Quero ser mais do já sou hoje. Para esquecer o que me impede de seguir em frente. Só você pode me ajudar. E de certa forma não seria a primeira vez.

- Tudo bem, o que você quer Kate?

Ela fechou os olhos e suspirou antes de voltar a falar, o que pediria era difícil para ela.

- Quero muito dormir, estou tão cansada mas tenho medo. Os pesadelos, eles me perseguem todas as noites desde quando houve aquele assalto do banco. Neles, sempre alguém morre ou eu ou você. O sniper ele... ele mata você. É horrível, Castle sentir tanta dor...

O choro recomeçou.

- Fique comigo. Não me deixe dormir sozinha hoje à noite por favor. Assim posso saber que você está bem. Fique, Castle.

- Eu não vou a lugar nenhum,Kate. E não se preocupe, os pesadelos não irão atormentá-la esta noite. Deite-se.

Ainda chorando ela o obedeceu. Castle a cobriu com a manta e ajeitou os cabelos dela que caiam no rosto. Beijou-lhe a testa.

- Vou estar bem ali na sua sala. No sofá ok?

- Não Castle. Aqui. Deite-se aqui comigo só assim saberei que está tudo bem.

O pedido pegou-o de surpresa. E então ele compreendeu o tamanho do dano que a tinha afetado. Beckett estava machucada demais, confusa e ainda assim queria lutar. Como não amá-la ainda mais por tudo isso?

Ele tirou os sapatos, o cinto e devagar deitou-se ao lado dela. Manteve uma certa distância e ouviu o choro continuando. Acariciou o ombro dela e toda a extensão do braço para tentar dar um pouco de conforto a ela naquele minuto. A voz de Beckett saiu como um sussurro.

- Me abrace, Castle...por favor.

Ele se esgueirou pela manta e encostou seu corpo no dela deixando o seu braço cair sobre a cintura dela tocando-lhe o abdômen. Ela podia sentir a respiração dele sobre sua nuca. A sensação de te-lo com o corpo colado ao dela trazia uma quietude que a muito ela não experimentava. Ela se aconchegou mais a ele. Deus! Como ela parecia frágil ali envolvida nos braços dele. Nem parecia de longe a detetive sagaz por quem se apaixonara. Ele faria qualquer coisa para vê-la de volta ao seu estado natural. Qualquer coisa. Ele beijou-lhe o ombro e falou.

- Ainda chora, Kate?

- Desculpe, você deve estar me achando uma fraca.

- Hey, deixe de ser boba. Admiro sua coragem por enfrentar tudo isso. Não é algo que qualquer um faria,Kate. Admiro muito você. E respeito.

Ela buscou a mão dele e entrelaçou os dedos nos dele.

- Você precisa dormir, descansar Kate.

Ela suspirou.

- Você acha que a minha mãe vai me perdoar, Castle?

- Perdoar? Não há nada o que perdoar Kate. Você não a está abandonando. Ela continua viva nas suas lembranças. O tempo que passaram juntas, sua infância, isso não foi tirado de você. Está aqui – ele tocou a cabeça dela – e aqui – ele tocou o coração – nada nem ninguém pode apagar. Ela está orgulhosa de ver a mulher que você se tornou. Ao ver a mulher linda, decidida, inteligente e sexy com um senso de justiça e paixão que você se transformou. Onde ela estiver, ela sabe o quanto você a ama e o quanto você sente sua falta. E, Kate, aposto que Johanna Beckett torce todos os dias para te ver feliz.

As palavras dele a tocaram profundamente. Como sempre. Tudo que ela queria agora era seguir seu coração. Virou-se para ele, os olhos marejados de lágrimas.

- Oh,Castle!

Ela tocou o rosto dele e encostou os lábios nos dele beijando-o carinhosamente. Ao se distanciar, ela sorriu deixando escapar uma lágrima.

- Obrigada. Mais uma vez.

Virou-se de costas para ele e puxou os braços para colarem seus corpos novamente. Agarrados em forma de conchinha, ela se despediu dele.

- Boa noite, Castle.

- Bons sonhos, Kate.

Ele ouviu quando o ritmo da respiração mudou indicando que ela adormecera. Rick Castle ainda demorou um bom tempo para dormir, velando o sono dela até que com os olhos ardendo cedeu ao cansaço.


3am


Ela corria em pleno Central Park. Os olhos atentos a cada movimento buscando uma pista de onde ele poderia estar. Perigo, sentia o cheiro dele. Tentava novamente encontrá-lo. Droga, Castle porque não atende esse celular?

O coração começava a acelerar. Olhou o relógio, falta um minuto para a hora marcada para o próximo assassinato. Então ela o viu. O rifle apontado para o norte na trilha de caminhada. O celular toca.

- Castle onde você está?

- Estou chegando Beckett. Me encontre na passagem da 72th. Vou estar lá e...

Ela ouviu o tiro. Gritou. O mundo parecia rodar. Medo.

- Não, não, não....

Ela desatou a correr chamando por ele.

- Castle....Castle!

Ela o viu estirado no chão. Ajoelhou-se ao lado dele. Tentava estancar o sangue do peito dele.

- Não, isso não está acontecendo! Castle, fale comigo...

Ela se remexia na cama, ele acordou assustado ouvindo ela murmurar seu nome.

- Castle por favor...não morra...Castle fale comigo.

Ela estava banhada de suor. Ele a abraçou e sussurrava ao seu ouvido.

- Shhh, tudo bem... eu estou aqui, do seu lado. Kate, pode me ouvir?

Ela se debatia e Castle a segurou com força para evitar de se machucar.

- Kate, está me ouvindo? Kate, abra os olhos.

Ela deu um sobressalto e gritou.

- Não!

Abriu os olhos e sentiu a mão dele a segurando. O coração a ponto de sair pela boca. A blusa do pijama empapada de suor. Ofegava e por instinto apertou a mão dele e encarou-o.

- Você...estava...morto.

- Shhh não estou bem aqui. Foi um pesadelo, já passou.

Ela o abraçou.

- O medo me domina quando sonho. Eu não consigo evitar que as pessoas morram, Castle.

- Foi só um sonho. Não é assim que acontece na vida real.

Ele limpou o rosto dela do suor, ajeitou os cabelos.

- Espere aqui.

Ele se levantou e voltou com um copo d’água para ela.

- Beba.

Ela obedeceu. Ele voltou a sentar-se na cama ao lado dela.

- Quer trocar essa roupa, lavar o rosto? Está encharcada de suor.

- Vou ao banheiro.

Ela se levantou da cama e entrou no outro cômodo. Olhou-se no espelho e viu o estado em que se encontrava. Estava horrível. Lavou o rosto, arrumou os cabelos prendendo-os num rabo de cavalo e trocou a blusa do pijama. Dez minutos depois, ela voltava ao quarto. A aparência um pouco melhor apesar do cansaço visível no seu rosto. Encontrou Castle sentado na cama esperando.

- Sente-se melhor?

- Um pouco.

- Quer um chá?

- Não, estou bem.

- Vem cá. Você precisa relaxar.

Ela sentou-se ao lado dele. Pegou a mão dele na sua.

- Significa muito tê-lo aqui comigo. Castle, eu quero que saiba que vou me esforçar para superar tudo isso. Deixar tudo pra trás. E quero que esteja exatamente aqui quando eu finalmente conseguir. Com uma condição.

- Qual?

- Ninguém pode saber disso. E você não vai me tratar como alguém fraca ou digna de pena. Tenho sua palavra?

- Kate, você é a pessoa mais corajosa que já conheci na vida não poderia ter outra imagem de você. Eu concordo com o que você pediu.

- Ok.

- Vamos dormir, Kate.

- Não sei se consigo.

- Consegue, quer que eu te conte uma história?

- Não sou criança, Castle...

- E quem disse que adultos não gostam de histórias para dormir? Ou você não costuma ler à noite na cama?

Ela riu. Castle começou a contar uma aventura das suas aventuras de Derrick Storm para ela. Kate ria do tom de voz da narrativa dele. Permaneciam abraçados aconchegados na cama. Ao falar das peripécias de Derrick, ela não agüentou e soltou um comentário.

- Derrick é tudo que você queria ser não, Castle?

- Até uns anos atrás, diria que sim. Mas então, uma bela noite estava eu, um homem charmoso e escritor de Best-sellers autografando livros quando uma bela detetive apareceu na minha frente mostrando o distintivo bem na minha cara. Desde então, sou mais que feliz em ser o escritor de mistérios.

Ela sorriu e não disse nada. Quando Castle retornou a sua história, percebeu que ela já adormecera.


8:30 am


Beckett mexia-se na cama, o sono já estava no estágio leve de quem quer despertar. Ela virou-se na cama e suas pernas ficaram sobre o corpo de Castle. Um braço se acomodava pelo peito dele como se fosse algo muito natural. A respiração dela estava calma, o semblante sereno. Ela finalmente abriu os olhos e sorriu ao ver que ele continuava ali com ela. Dormia. Ela tocou o rosto dele de leve. Castle abriu os olhos.

- Bom dia...

Ele percebeu o jeito dela meio que atracado com ele.

- Bom dia. Você dormiu bem? Depois de...

- Sim, acho que apaguei.

- É eu percebi. Não quer dormir um pouco mais?

- Não, temos que trabalhar.

Finalmente, ela afastou-se um pouco dele e Castle sentou-se na cama. Olhando para ela disse:

- Faremos assim: você liga para o distrito e avisa que vai chegar tarde hoje. Fique um pouco na cama, aproveite. Eu vou ao banheiro e depois vou fazer um café para nós. Você toma um banho, comemos e então vamos para o trabalho.

- E ninguém vai reparar que chegamos juntos?

- E quem disse que chegaremos? Apareço primeiro pergunto por você, vão me contar que você vai se atrasar, planto a semente referenciando o caso e depois você aparece. Ou você pode chegar primeiro.

- Não sei, Castle. Tenho que fazer a papelada do caso.

- Pensando bem, ligue para o Esposito. Peça para ele ir fazendo a papelada e segurar as pontas, diga que você vai apenas na parte da tarde.

Ela olhou para ele séria. Não seria bom para ela, seria? A idéia de Castle não era má.

- Vamos, Kate. Esposito pode driblar Gates. Dê um tempo a você.

- Está bem.

Ela sorriu e pegou o telefone. Castle foi ao banheiro.

Quando já rumava para a cozinha, viu que ela permanecia deitada, abraçada ao travesseiro. Ele começou a remexer nos armários dela a procura de material para o café da manhã. Fez o mesmo com a geladeira e iniciou os trabalhos.


O cheirinho vindo da cozinha despertou a fome de Beckett que finalmente resolveu levantar-se da cama. Vinte minutos depois ela apareceu na cozinha já vestindo uma calça jeans e camiseta branca.

- O cheiro está maravilhoso.

- As panquecas estão prontas, estou terminando os ovos com bacon mas o café está quentinho. Sei que você quer ele primeiro.

Ela sorriu e serviu-se de uma xícara de café. Castle colocou os ovos no prato dela.

- Agora coma. Precisa se alimentar.

Castle reparou no ferimento do braço dela. melhorara mas ainda precisava de curativo.

- Falou com o Esposito ?

- Falei. Disse que volto depois do almoço.

- Ótimo! Depois que você comer, vou fazer o curativo no seu braço.

Ele se sentou de frente para ela e começou a comer. Ela já tinha terminado todo o bacon do seu prato então roubou um pedaço do dele e levou à boca.

- Hey, esse era meu!

Ela riu.

- Não é mais.

Ele sorriu para ela. Terminaram o café e Castle a puxou pela mão para a sala e sentou-a no sofá. Foi até o quarto e trouxe o kit de primeiros socorros. Beckett não objetou-se contra a idéia dele fazer aquilo. Quando terminou, ela estava olhando para ele com um olhar observador e tranqüilo. Ela decidira que ia pedir algo importante a ele mais uma vez. Algo que poderia ajudá-la a superar as coisas do passado.

- Castle, posso te pedir uma coisa?

- Claro!

- Eu quero aproveitar que não estou trabalhando e... como parte da minha superação, queria visitar o túmulo da minha mãe. Você pode vir comigo?

- Nem precisava pedir. Onde fica?

- No NY state, William St.

- Ok, vá se arrumar.

Trinta minutos depois eles chegavam ao cemitério. Beckett levava um buquê de tulipas brancas que Castle comprara numa floricultura próxima a estação de metrô. Ela respirou profundamente à porta do cemitério para criar a coragem e a confiança que precisava. Seu olhar encontrou o de Castle e ele assentiu com a cabeça. Eles caminhavam lado a lado até o lugar onde a mãe dela estava enterrada.

Ao ver a lápide, Beckett congelou. Castle que avançara, parou e voltou ao encontro dela. Tocando-lhe o braço com carinho, ele perguntou.

- Tudo bem? Precisa de um minuto a sós com ela?

Kate olhou para ele, os olhos já cheios de lágrimas.

- Sim, só um pouco.

- Vai em frente. Estarei aqui.

Beckett andou lentamente até o túmulo. Agachou-se e depositou as flores sobre ele. Um pequeno sorriso formou-se nos lábios dela.

- Oi, mãe... já faz algum tempo.

Ela tocou as letras do nome. Johanna Beckett. Mordeu os lábios e sentiu as lágrimas queimarem a pele.

- Sinto tanto sua falta. Precisei tanto de você. Minha vida está uma bagunça, não sei como consegui isso. Quase morri. E agora preciso fazer uma escolha, mãe. Preciso mudar a minha vida. É tão difícil tentar ser feliz, jogar tudo pro alto e esquecer algumas feridas. Eu tentei fazer justiça mãe, tentei pegar seu assassino.

Ela engoliu em seco e as lágrimas não a deixaram, insistiam em marcar-lhe o rosto.

- Eu falhei. Te decepcionei? Você teria orgulho de mim se eu abrisse mão dessa caçada? Se eu apenas vivesse com as boas lembranças como Castle disse? Você não sabe quem é Castle... – ela sorriu – ele é o meu parceiro, meu amigo e eu quero que ele seja mais que isso, mãe. Por isso preciso tomar essa decisão de não olhar para trás.

- Ele está aqui. Acho que você teria gostado dele. Só espero que me perdoe, mãe. I Love you.

Ela enxugou as lágrimas do rosto e virou-se procurando por Castle. Fez sinal para ele se aproximar. Ela sussurrou para a lápide.

- Esse é Castle.

Ele agachou-se ao lado dela. Sorriu.

- Você lembra ela. Tudo bem?

- Sim. Deve estar louco pra fazer algum comentário sobre fantasmas não?

- Não, só tenho um comentário a dizer para sua mãe. Posso?

Ela deu de ombros.

- Quero que saiba Johanna que sua filha é uma mulher extraordinária. Ela se tornou uma pessoa maravilhosa embora algumas vezes ela seja teimosa e até se diminua. Tenho certeza de onde estiver que se sente orgulhosa de Kate.

Ele sorria e Beckett segurou a mão dele apertando-a em sinal de agradecimento. Levantaram-se e Beckett olhou para a lápide mais um vez.

- Bye, mom.

Ele limpou o rosto dela das lágrimas e começaram a andar para deixar o cemitério. Por instinto, ela deu a mão para ele. Castle não reclamou, apenas sorriu. Ao chegarem na estação do metrô eram quase meio dia. Só então ela largou da mão dele.

- Acho melhor eu ir para o distrito.

- Sem almoçar?

- Não tenho fome depois daquele café que você preparou.

- Eu vou pra casa, trocar de roupa, ver Alexis e depois vou para o distrito, ok?

- OK.

- Te vejo daqui a pouco.

- Obrigada, Castle.

Ela se inclinou e deu um selinho nos lábios dele. Sorrindo, ele saiu caminhando pela rua para pegar um taxi quando ouviu ela gritar.

- Hey, Castle!

Ele virou para fitá-la.

- Vou precisar de café mais tarde.

E Kate sorria, e o mundo de Castle se iluminava.


Continua........

5 comentários:

Bristow disse...

Msm sendo noite de PCA não podia ir dormir sem ler....
Cada capitulo é melhor que o anterior.
Amei, vc realmente devia pensar em um livro, nem que fosse de coletâneas.
Parabéns boa noite

Juliana Alves disse...

Ameii esse capítulo, fiquei emocionada com a cumplicidade deles. Você está de parabéns a história esta cada vez mais envolvente!!

Eliane Lucélia disse...

Aiiii, que coisa linda, fiquei sem fôlego quando a Beckett estava desabafando com Castle, parece que ela estava sentindo um peso tão grande, aquilo foi saindo e ela ficando leve, não e eles dormindo juntos uma cumplicidade tão gostosa de pessoas quem tem sentimentos puros para com o outro, "eu ierei até onde vc me permita que eu vá" isso é tão raro e tão bonito de se ver, adorei que vc "enterrou" a mãe de Kate, assim vc pode proporcionar aquele momento íntimo e belo a Kate falando com a mãe e melhor ainda apresentando o seu quem sabe futuro genro, adorei, adorei, ADOREI, no aguardo do próximo, bjossss toda #osa kkkkkk

val disse...

Muito bom mesmo... adoro o cuidado q vc tomou em relação a Beckett e o momento pelo qual ela passa.
vc me acreditar no impossivel, kkkk pq k entre nós e meio q impossivel deitar em uma cama e ainda abraçadinhos tipo conchinha com o castle...oh Deus eu não sei não mas para mim é quase q torturante.
resumindo foi explendido o capitulo bjin e até o próximo.

Débora Teixeira disse...

Aiinn Karen sou sua fã, sério =)
Beckett podia ser assim, mais "aberta" conversar mais com o Castle, ser mais próxima dele, as coias seriam bem mais fáceis assim. Mas quem disse que Marlowe quer facilitar as nossas vidas não é?!.

Parabéns, vc é a unica que consegue me fazer parar pra ler um capítulo de fanfic ;)